Avenida Hollywood
Não é Os Sopranos nem Sete Palmos de Terra, mas a telenovela da Globo Avenida Brasil recorre com estilo e gosto às convenções e às histórias do cinema, incluindo as que a época dourada de Hollywood nos deixou. E isso faz dela a melhor série que nos últimos tempos se viu na televisão generalista. Agora que caminha para o fim (faltam duas ou três semanas), a telenovela da Globo Avenida Brasil merece, sem reservas, o elogio: foi a melhor série de ficção que este ano passou na televisão portuguesa. Não há ironia nesta frase. Não é boutade. Admita-se: talvez diga alguma coisa sobre a programação dos canais generalista... (etc.)

Avenida Hollywood
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
TEXTO: Não é Os Sopranos nem Sete Palmos de Terra, mas a telenovela da Globo Avenida Brasil recorre com estilo e gosto às convenções e às histórias do cinema, incluindo as que a época dourada de Hollywood nos deixou. E isso faz dela a melhor série que nos últimos tempos se viu na televisão generalista. Agora que caminha para o fim (faltam duas ou três semanas), a telenovela da Globo Avenida Brasil merece, sem reservas, o elogio: foi a melhor série de ficção que este ano passou na televisão portuguesa. Não há ironia nesta frase. Não é boutade. Admita-se: talvez diga alguma coisa sobre a programação dos canais generalistas. Talvez seja precipitada. Não disfarça, todavia, qualquer duplo sentido. Já tem 40 anos a relação das telenovelas brasileiras com os espectadores portugueses. Marcaram o imaginário de várias gerações com muitos clichés, escapismo (poucas ousaram representar o trabalho), incongruências em termos de narrativa. Mas também com aforismos certeiros, expressões e diálogos delirantes e, em particular nas últimas décadas, com uma abordagem a temas delicados que enerva, quando cede a uma representação fantasiosa do outro, e que comove, quando resiste à tentação do maniqueísmo e ousa caminhos mais difíceis, mais complexos. Ainda se lembram da defesa que Eduardo Prado Coelho fez de Laços da Família nas páginas deste jornal?Em Avenida Brasil, o enredo principal anda à volta de uma vingança. Abandonada aos 11 anos pela madrasta (Carminha) numa grande lixeira, Nina regressa ao Rio de Janeiro e não hesitará em tornar o mundo um lugar mais odioso para fazer justiça. Como em todas as telenovelas, a trama alonga-se, sucedem-se as habituais voltas e reviravoltas e, no fim, os bons vencem os maus. Até aqui nada de novo. O que distingue Avenida Brasil é o modo como esta história, envolvida num formato repetido, por isso familiar, é filmada, posta em imagens. António Pinto Ribeiro, em Dezembro do ano passado, sublinhava neste suplemento a apropriação da linguagem do cinema pela telenovela; o fotógrafo Daniel Curval no seu blogue (numfilmedegodard. blogspot. com), escrevia que "toda a gramática da linguagem cinematográfica está nesta excelente telenovela". Tinham toda a razão. Mas as afinidades não são exclusivamente formais. No Brasil, decorridos vários meses, os espectadores já se divertiam a identificar planos, sequências e cenas inspiradas em Little Miss Sunshine, Kill Bill 2, Cisne Negro, Dogville ou Carrie. Houve quem falasse em plágio, oportunismo, pastiche em série. Em telenovela pós-moderna. Outras referências mais subtis deslizam da trama principal para os sub-enredos. E não são apenas técnicas ou imagens associadas ao film noir ou ao thriller (porventura as mais utilizadas em Avenida Brasil). Para iniciar e concluir o seu plano de vingança, Nina infiltra-se, disfarçada de empregada, na casa de Tufão, o marido de Carminha (que esta engana e rouba há anos), e aí reencontra o amor de infância (Jorginho). Exceptuando as represálias da antiga madrasta (as duas travam um combate violento), só um obstáculo se colocará entre o par agora reunido: a relação da falsa empregada com o próprio Tufão, ex-jogador de futebol que, depois de uma carreira de sucesso, se tornou um milionário do subúrbio. No seu voluntarismo bondoso, Nina quer ajudar o antigo astro da bola a ser um homem culto, educado; aconselha-lhe livros (O Idiota e O Primo Basílio), filmes (As Noites de Cabíria, de Federico Fellini, que tem direito a uma cena deliciosa com a família do antigo futebolista), outros hábitos, outros modos. Sobretudo, procura libertá-lo da bonomia boçal que o domina e ele apaixona-se. Ora, os diálogos e as cenas que antecedem a declaração de amor do honesto marido da vilã (um dos momentos mais altos da telenovela) à jovem justiceira lembram momentos de Gigi, de Vincente Minnelli, ou podiam pertencer a uma versão sexualmente invertida de My Fair Lady, de George Cukor, enquanto a caracterização física de Nina (cabelo curto, silhueta esguia, baixa estatura) não será estranha ao imaginário cinéfilo. Se a comédia romântica é aflorada, a screwball comedy tem direito aos momentos mais intensos nas peripécias de Cadinho (o dono falido de uma empresa de investimentos) com as suas três mulheres, ou nas aventuras de um trio amoroso (Sueli, Roni e Leandro) que, para se manter junto, abdica do sucesso e do dinheiro. Será ridículo evocar o neo-realismo a propósito de Avenida Brasil, curiosamente uma telenovela que se esforça por parecer "autêntica", com uma profusão de exteriores e cenas de rua, planos da lixeira ou diálogos cheios de calão (nunca se ouviu tantas vezes "merda", "vaca", "cabra", "filha da mãe" na televisão portuguesa). Afinal de contas, telenovela é espectáculo. Ainda assim não faltam apontamentos de um realismo que, se não desmente, pelo menos questiona a imagem orgulhosa do novo Brasil. Amigos de Nina e do Jorginho desde os tempos do "lixão", Betânia e Valdo não tiveram a sorte de ser adoptados (em Avenida Brasil, o ambiente determina os indivíduos). Trabalham num posto de gasolina e vivem numa casa pobre, modesta. Um dia, Valdo revolta-se contra as humilhações do patrão e dos clientes, não aguenta viver com o parco dinheiro que recebe e aceita os subornos de Carminha. Não é malandro, não é mau carácter, tem as suas razões. Pelo menos é isso que o seu rosto, duro e amargurado, parece exprimir antes de desaparecer (numa actuação seca e curta de João Henrique Gago). Também o casal de vilões tem os seus motivos. Assim que Avenida Brasil arranca, sabemos o que espera Carminha (Adriana Esteves) e o seu eterno amante, Max (Marcelo Novaes): a prisão, o castigo. Vão provavelmente morrer, ainda que sem o glamour de Bonnie & Clyde ou a sensualidade furiosa dos amantes de Duelo ao Sol, de King Vidor. Vivem marcados pela tragédia das suas famílias, pela miséria e pela fome do "lixão" (onde também cresceram) e só o dinheiro, a riqueza, o consumo, conquistados pelo crime e pelo engano, apagarão as memórias desse passado. Carminha encarna fielmente o papel da mulher fatal: desfiando promessas, montando ardis vários, ludibria e tenta sacrificar o amante. Mas os dois não simbolizam um mal absoluto, inexplicável. São pessoas que para se vingarem da vida não olham a meios (é Carminha que diz: "A vida é uma guerra: é você ou ela"). E quando se separam não o fazem sem luta (corpo a corpo), suor, saliva e lágrimas (será por isso que Avenida Brasil começa sempre às 23h ou as telenovelas brasileiras já exigem demasiado ao telespectador português?). Mencione-se o excelente trabalho da dupla que ajuda a humanizar as personagens, sem recear as convenções do melodrama. Em Avenida Brasil, a telenovela brasileira não só não perdeu uma das suas melhores características como tomou para si códigos, referências visuais, recursos estilísticos e narrativos que lhe eram exteriores. Ou seja: continuou a confrontar-nos com comportamentos, visões do mundo e representações da vida, mas agora recorrendo a um arquivo muito especial: aquele que o cinema clássico lhe deixou. Eis o que explica o prazer que Avenida Brasil trouxe a quem a viu. Um prazer antigo, quase extinto.
REFERÊNCIAS:
Ainda os rastreios em saúde
O rastreio em saúde mais conhecido do público em geral, nos últimos tempos, é, ao menos supostamente, o do cancro da mama através do teste genético de determinação de anomalia no gene designado por BRCA1. Foi a positividade deste teste que levou a actriz Angeline Jolie a submeter-se à dupla mastectomia. A remoção dos dois seios é uma intervenção radical que escapa à lógica usual da intervenção médica: pratica-se uma cirurgia mutilante, removem-se dois órgãos sãos, por haver uma indicação laboratorial de que as probabilidades daquela mulher vir a ter cancro mamário são mais elevadas do que as da população feminina... (etc.)

Ainda os rastreios em saúde
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-07-31 | Jornal Público
TEXTO: O rastreio em saúde mais conhecido do público em geral, nos últimos tempos, é, ao menos supostamente, o do cancro da mama através do teste genético de determinação de anomalia no gene designado por BRCA1. Foi a positividade deste teste que levou a actriz Angeline Jolie a submeter-se à dupla mastectomia. A remoção dos dois seios é uma intervenção radical que escapa à lógica usual da intervenção médica: pratica-se uma cirurgia mutilante, removem-se dois órgãos sãos, por haver uma indicação laboratorial de que as probabilidades daquela mulher vir a ter cancro mamário são mais elevadas do que as da população feminina em geral. Hoje já não se aceita uma espécie de determinismo genético, reconhecendo os cientistas que os genes não governam tudo no nosso organismo nem comandam o destino individual. No caso particular do gene BRCA1 (e do seu parente próximo, o BRCA2), estamos longe de assistir a consenso entre os especialistas, no que respeita ao real significado da detecção do seu malfuncionamento. Muito maior é a diversidade de opiniões em relação à atitude recomendada às mulheres com teste positivo: vigilância regular, mastectomia dupla, remoção dos ovários (o quase sempre fatal cancro ovárico está, ao que parece, relacionado com o BRCA1 defeituoso)? Deve expor-se a situação e aceitar sem mais a decisão da mulher? Deve esclarecer-se que o teste pode fornecer resultados falsos?E a estas questões, relacionadas com cada mulher, juntam-se outras, de natureza bem mais vasta. Se o teste permite identificar mulheres com maior probabilidade de virem a ter cancro da mama, não é imperioso disponibilizá-lo para toda a população feminina, no intuito de virmos a reduzir a respectiva incidência (lembramos que se trata da doença maligna mais frequente na mulher)?A esta questão ética não é possível dar resposta sem termos em conta o problema das prioridades em saúde, dado que os meios são reconhecidamente escassos para que possam ser implementadas todas as medidas, comprovada ou eventualmente úteis para a saúde pública. Um rastreio de toda a população feminina adulta acarretaria custos elevadíssimos (o teste custa actualmente cerca de 1000 – 1500 euros; embora a sua larga utilização conduzisse, provavelmente a uma substancial redução do preço, nunca seria um teste barato, dada a sua complexidade): no nosso país, seriam cerca de três milhões as candidatas à realização do teste. Depois, teríamos de equacionar o percurso ulterior das mulheres em que o teste fosse “positivo”: aconselhamento em consulta médica/psicológica, cirurgias especializadas, meios complementares de diagnóstico, selecção dos casos com indicação clínica (neste caso, duvidosa), acompanhamento; tudo isto com custos adicionais incalculáveis (no sentido de elevados e de não calculáveis). Atendendo ao conjunto de circunstâncias, parece poder concluir-se que não há lugar para um rastreio por meio do teste genético. O que sabemos é que o programa em vigor na medicina actual (auto-exame, mamografia, ecografia, ressonância nos casos de dúvida ou suspeita) é eficaz e exequível; e que as mulheres cujas parentes próximas (mãe, irmãs, filhas) tenham tido cancro da mama estão em maior risco do que as que não tiveram familiares com a doença. É preciso que a comunidade não entre em pânico ou excessiva inquietação quando notícias destas circulam nos meios de comunicação e nas redes sociais – apesar das suas debilidades e erros, a medicina está atenta e continua a ser a melhor guardiã da saúde pública. Walter Osswald é professor do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa, no Porto
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher comunidade doença espécie mulheres feminina pânico
Itália suspensa do "dia do juízo" de Silvio Berlusconi
A sentença do Supremo Tribunal cai no pior momento para o Governo e a estabilidade política italiana. O Supremo Tribunal italiano adiou para hoje à tarde a leitura do acórdão relativo ao recurso de Silvio Berlusconi da sentença que o condenou a quatro anos de prisão e cinco de interdição do exercício de cargos públicos sob a acusação de fraude fiscal, no processo Mediaset. A confirmação da sentença implicará a sua retirada da cena política. O tribunal está sob pressão porque o processo foi transformado num "assunto de Estado" e o seu desfecho pode abrir uma crise política. Ao longo de 24 anos, o Cavaliere foi alv... (etc.)

Itália suspensa do "dia do juízo" de Silvio Berlusconi
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-01 | Jornal Público
TEXTO: A sentença do Supremo Tribunal cai no pior momento para o Governo e a estabilidade política italiana. O Supremo Tribunal italiano adiou para hoje à tarde a leitura do acórdão relativo ao recurso de Silvio Berlusconi da sentença que o condenou a quatro anos de prisão e cinco de interdição do exercício de cargos públicos sob a acusação de fraude fiscal, no processo Mediaset. A confirmação da sentença implicará a sua retirada da cena política. O tribunal está sob pressão porque o processo foi transformado num "assunto de Estado" e o seu desfecho pode abrir uma crise política. Ao longo de 24 anos, o Cavaliere foi alvo de 18 processos mas nunca condenado definitivamente, graças à prescrição dos delitos, a amnistias e indultos, tendo sido absolvido noutros casos. Neste momento, além do caso Mediaset, em que foi condenado em primeira e segunda instâncias, está condenado em primeira instância a sete anos de prisão no "caso Ruby" (prostituição de menores) e no caso Nastri Unipol. Decorre ainda a instrução de um processo de corrupção por "compra e venda de senadores". A sua entrada na política, em 1994, está aliás relacionada com a alegada "perseguição judicial" que denuncia. Desta vez, o jogo é diferente. O seu novo advogado, Franco Coppi, um jurista prestigiado que defendeu Giulio Andreotti no processo em que foi acusado de colaboração com a Máfia, recusou o recurso a expedientes dilatórios e põe em causa os "preconceitos" e o rigor jurídico dos dois tribunais de Milão, apostando na absolvição. Convenceu o Cavaliere a moderar as suas palavras e a assumir um "perfil responsável". A dramatizaçãoBerlusconi tem nas suas mãos a "estabilidade política", ou seja, dispõe de um direito de vida ou morte sobre a coligação governamental. Esta situação deu lugar a uma extrema dramatização. Uma parte dos seus adeptos traça cenários apocalípticos em caso de condenação. Por sua vez, o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) com quem está coligado, mostra algum pânico e "reza pela absolvição". Dificilmente poderá manter a coligação com um condenado por fraude fiscal, o que ameaça fazer cair o Governo e dilacerar o próprio PD, onde se trava uma azeda disputa pelo poder. Seria tido como responsável por lançar o país em nova crise política. Por isso Berlusconi tem dito que não será ele a fazer cair o Governo. Resta saber o que dirá amanhã. Há três cenários: a condenação, a absolvição ou a devolução do processo à Corte d"Appello (relação) de Milão para correcção da sentença, uma solução de compromisso que pode levar a nova prescrição. Na terça-feira, o Ministério Público pediu a redução da pena de interdição de cinco para três anos, alegando um erro dos tribunais de Milão. Fervem as apostas. Na terça-feira, os bookmakers apostavam na absolvição. Ontem, apostavam na condenação. A incógnita, com qualquer desfecho, é o "dia seguinte".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte tribunal prisão prostituição perseguição pânico
Em Portugal poderia ocorrer um acidente igual ao da Galiza?
Portugal tem um dos melhores sistemas de segurança ferroviários do mundo. E também um dos mais obsoletos. Mas um acidente como o de há dez dias em Espanha seria quase impossível de acontecerCerca de 1300 quilómetros da rede ferroviária de passageiros portuguesa têm um sistema de segurança superior ao ASFA espanhol, instalado no troço onde se deu o acidente a 24 de Julho junto a Santiago de Compostela, na Galiza. Mas há 630 quilómetros - um terço da rede - que dependem exclusivamente de meios humanos, num sistema praticamente igual ao que existia no séc. XIX e no qual só se substituiu o telégrafo pelo telefone. Em... (etc.)

Em Portugal poderia ocorrer um acidente igual ao da Galiza?
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-03 | Jornal Público
TEXTO: Portugal tem um dos melhores sistemas de segurança ferroviários do mundo. E também um dos mais obsoletos. Mas um acidente como o de há dez dias em Espanha seria quase impossível de acontecerCerca de 1300 quilómetros da rede ferroviária de passageiros portuguesa têm um sistema de segurança superior ao ASFA espanhol, instalado no troço onde se deu o acidente a 24 de Julho junto a Santiago de Compostela, na Galiza. Mas há 630 quilómetros - um terço da rede - que dependem exclusivamente de meios humanos, num sistema praticamente igual ao que existia no séc. XIX e no qual só se substituiu o telégrafo pelo telefone. Em todo o caso, um acidente como o de Santiago é muito improvável em Portugal. Em primeiro lugar porque a CP não dispõe de muitos comboios que atinjam os 190km/hora - só os pendulares e os Intercidades é que circulam nesse patamar de velocidade. E, em segundo lugar, porque existe o sistema Convel (Controlo de Velocidade), que monitoriza o andamento da composição, impedindo-a de circular a uma velocidade superior à permitida em cada momento. Nas vias férreas portuguesas há imensos locais onde, em pouco tempo, o maquinista também é obrigado a reduzir a velocidade de 200 para 80 km/hora, tal como na curva da Linha Ourense-Santiago onde há dez dias ocorreu um dos piores desastres ferroviários das últimas décadas em Espanha. Basta dizer que a Linha do Norte, como não foi totalmente modernizada, alterna troços que são um luxo em termos de características da via com outros mais desgastados, em que se tem de circular mais devagar. E isso faz de uma viagem entre Lisboa e Porto um autêntico rally ferroviário, pois há pontos em que se circula abaixo de 100 km/hora e outros onde a velocidade é de 220 km/hora. Só que, ao contrário do ASFA espanhol, o Convel português "segura" o comboio e obriga-o a respeitar a curva de frenagem, se o maquinista for distraído. No limite, o Convel substitui-se ao condutor do comboio e faz parar a composição em plena via numa frenagem de emergência, se este não reduzir a velocidade por forma a entrar na secção seguinte de acordo com o limite estabelecido. Este sistema luso é considerado um topo de gama em termos de segurança no tráfego ferroviário, ombreando com o que há de melhor a nível mundial. E deve-se ao facto de Portugal só ter começado a modernizar as suas linhas nos anos 90, assimilando assim a tecnologia mais importante da época e que ainda hoje é mais avançado do que o sistema alemão, inglês, espanhol ou suíço. Por exemplo, o choque frontal entre dois comboios na Suíça que ocorreu na semana passada não teria sido possível naquelas condições em Portugal, porque o Convel não deixaria que um dos comboios saísse da estação sem o outro chegar. O Convel permite ainda a condução em "piloto automático", na qual o maquinista dá indicações ao computador de bordo sobre a velocidade a que se pode circular naquele troço e o próprio comboio acelera ou frena - os comboios não travam porque não têm travões, mas sim freios - consoante esteja a subir ou a descer, de maneira a manter-se dentro do limite imposto. O que falta modernizarMas há uma outra geografia ferroviária portuguesa que vive ainda a um ritmo não muito diferente do século XIX. São as linhas que ainda não foram modernizadas e cuja exploração continua dependente do cantonamento telefónico - um sistema no qual o chefe da estação telefona para a estação seguinte a pedir o avanço do comboio. Neste caso, a circulação ferroviária está inteiramente dependente de meios humanos. A segurança é reforçada com um conjunto de procedimentos redundantes que os agentes da Refer têm de cumprir e que se destinam a evitar erros. Há ainda a supervisão de um posto regulador em Lisboa ou no Porto, mas, na prática, o cantonamento telefónico é um mero upgrade do tempo em que a marcha dos comboios era assinalada pelo telégrafo entre estações. Na história recente, só dois acidentes ferroviários foram provocados por uma falha humana - Alcafache, em 1985, e Lousã, em 2002 -, em que duas composições chocaram de frente em via única. Ao contrário do ambiente tecnológico em que o posto regulador sabe sempre onde se encontra o comboio, os maquinistas portugueses trabalham, por outro lado, em linhas onde, por vezes, estão isolados. Em certas horas do dia, um comboio que saia de Meleças (Cacém) para as Caldas da Rainha percorre 84 quilómetros sem que o posto regulador saiba onde ele se encontra. O mesmo acontece entre o Pocinho e a Régua, em que o cantão (distância entre estações guarnecidas com pessoal) é de 68 quilómetros. À margem da modernização permanecem assim as linhas do Minho, do Douro, do Oeste e parte das do Algarve e do Alentejo. A Refer tenciona concorrer a fundos comunitários para electrificar e dotar de sinalização automática algumas delas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos rainha
Segredos da vida sexual de Gustav Mahler
Uma extensa carta recentemente descoberta em Viena vem trazer novos dados à atribulada vida afectiva do compositor austríaco. A autora foi uma amiga, amante e confidente do autor d"A Canção da TerraJá se sabia que a vida afectiva de Gustav Mahler (1860-1911) fora bastante atribulada, mesmo antes do seu casamento com Alma Schindler em 1902. E que essa vida tormentosa teve reflexos na sua criação musical, nomeadamente logo nas suas primeiras obras marcantes da década de 1880, desde a cantata Das klagende Lied até à 1. ª Sinfonia. Agora vamos poder saber mais em pormenor as circunstâncias dessa biografia mais íntima... (etc.)

Segredos da vida sexual de Gustav Mahler
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-03 | Jornal Público
TEXTO: Uma extensa carta recentemente descoberta em Viena vem trazer novos dados à atribulada vida afectiva do compositor austríaco. A autora foi uma amiga, amante e confidente do autor d"A Canção da TerraJá se sabia que a vida afectiva de Gustav Mahler (1860-1911) fora bastante atribulada, mesmo antes do seu casamento com Alma Schindler em 1902. E que essa vida tormentosa teve reflexos na sua criação musical, nomeadamente logo nas suas primeiras obras marcantes da década de 1880, desde a cantata Das klagende Lied até à 1. ª Sinfonia. Agora vamos poder saber mais em pormenor as circunstâncias dessa biografia mais íntima, descoberta que foi uma longa carta de uma das principais amigas e confidente do compositor, Natalie Bauer-Lechner (1858-1921), que esta não tinha incluído no seu diário Memórias de Gustav Mahler, editado em Leipzig em 1923. A notícia foi dada pelo The New York Times, que no fim-de-semana passado revelou a existência desse testemunho, sobre o qual estão agora a trabalhar dois investigadores e especialistas na vida e obra do autor d"A Canção da Terra, o norte-americano Stephen E. Hefling e o norueguês Morten Solvik. O documento, com 59 páginas, tem por título Carta sobre os amores de Mahler (Brief über Mahlers Lieben), e foi adquirido, por cerca de 3 mil euros, pelos Arquivos Nacionais da Áustria num discreto leilão realizado em Viena, em 2011. Hefling e Solvik foram alertados para a sua existência por um assistente da Sociedade Internacional Gustav Mahler sediada na capital austríaca, e foi quando tiveram acesso ao documento que se aperceberam da sua relevância para uma melhor compreensão da biografia do compositor. E para se ultrapassar em definitivo a ideia de um personagem "casto e asceta" (título do artigo do The New York Times), que a dada altura lhe foi colado. "Se eu tivesse tido conhecimento do leilão, eu próprio teria arranjado o dinheiro para comprar a carta", comentou para o The New York Times Stephen E. Hefling, professor de Música na Cave Western Reserve University em Cleveland, referindo-se ao carácter praticamente anónimo de uma venda para a qual os musicólogos não foram alertados. "Natalie Bauer-Lechner é uma das fontes directas mais importantes [para conhecer a vida] de Mahler, principalmente no que diz respeito aos anos anteriores ao seu casamento com Alma", disse ao jornal nova-iorquino Steve Burns, vice-reitor do Departamento de Música da Universidade do Colorado, e um dos organizadores do Festival Mahler nesta cidade americana. E acrescentou que "os seus diários são valiosos para quem quer que se interesse por Mahler, e não apenas os especialistas". Por maioria de razão, a carta agora redescoberta, de que este especialista conhece apenas excertos, adquire uma importância redobrada. "O seu estilo e talento impressionaram-me realmente, bem como o sentido da música que [Natalie Bauer-Lechner] tinha. É essa certamente a razão que levou Mahler a levá-la a sério", comentou Burns. Paixões múltiplasA carta foi enviada em Fevereiro de 1917 - seis anos após a morte do compositor - a Hans Riehl, um herdeiro de Natalie - os investigadores não sabem se haveria também algum parentesco entre ambos. A autora, violinista e amiga de Mahler desde os tempos da escola, faz "uma narrativa bastante detalhada das paixões [do compositor] por um largo número de mulheres, a começar pelo seu envolvimento com Josephine Poisl, filha do carteiro de Jihlava", a cidade da Boémia onde Mahler viveu a sua infância e juventude, nota Hefling. Na missiva é também descrita a relação - aparentemente não consumada - de Mahler com Marion von Weber, mulher do neto do compositor Carl Maria von Weber (1786-1826), um nome dos primeiros tempos do romantismo. Então sediado em Leipzig, no final da década de 1880, Mahler colaborou com o neto de Von Weber na finalização da ópera Os Três Pintos (Die Drei Pintos), que o compositor tinha deixado inacabada. Durante esse trabalho, Mahler ter-se-á perdido de amores por Marion von Weber. "Foi uma relação muito apaixonada, e Mahler parece ter sido muito ingénuo. Ele e Marion disseram ao marido desta que estavam apaixonados, e acreditaram que ele seria sensível à situação. Mas Von Weber pôs termo a essa relação", contou ao The New York Times Henry-Louis La Grange, um conhecido biógrafo de Mahler. Stephen E. Hefling vê neste episódio uma explicação para o facto de Mahler ter demorado tanto tempo a terminar a 2. ª Sinfonia (1888-1894), cujo primeiro andamento foi composto em pleno envolvimento passional com Marion von Weber, e depois esteve interrompida cerca de cinco anos. "O que Natalie nos conta é que ele ficou muito deprimido e perdeu a sua capacidade criativa. E, de certo modo, atribui-se a si próprio o ter-lhe feito recuperar a confiança. Ela acreditava no seu génio", nota este investigador. A franqueza dos relatos de Natalie inclui mesmo a descrição das suas próprias aventuras amorosas com Mahler, numa prosa verdadeiramente arrebatada: "Quando nos fechávamos no nosso pequeno quarto isolado do mundo e fervilhante de contos das Mil e Uma Noites até ao romper da aurora, abríamos as nossas vidas um ao outro. Sem qualquer declaração, pergunta ou promessa, as nossas mentes e os nossos corpos fundiam-se num só". Nas inúmeras páginas da carta há também referências à relação do compositor com várias cantoras, como as sopranos Rita Michaleck, Selma Kurz ou Anna von Mildenburg. E à relação de Mahler com a sua irmã Justine, que acolheu após a morte dos pais, e a cujos "ciúmes e carácter possessivo" se deveu, segundo Natalie, a ruptura de muitas das suas ligações afectivas. Natalie Bauer-Lechner - cujo testemunho não chega aos anos da relação de Mahler com Alma, que constituiriam um capítulo novo e absolutamente marcante na vida do compositor - terá considerado incluir estes relatos mais íntimos nos diários (Memórias de Gustav Mahler) que deixou para publicação póstuma, até porque achava que esta informação seria relevante para a compreensão futura da vida e obra do compositor seu amigo. Mas acabou por não querer ir tão longe no desvendar dos seus segredos, e deixou essa responsabilidade nas mãos de Hans Riehl, ao enviar-lhe a carta. Mas este manteve o documento inédito, até ele surgir no leilão de Viena em 2011, e depois chegar ao conhecimento dos estudiosos e biógrafos de Mahler. Stephen E. Hefling e Morten Solvik estão agora a trabalhar numa nova edição dos diários de Natalie Bauer-Lechner sobre Mahler, que incluirá passagens da carta entretanto redescoberta. Notícia alterada às 17h05: corrigida a nacionalidade de Mahler
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha escola mulher mulheres casamento
Despiste de carro dos bombeiros faz quatro feridos em Alcobaça
Uma viatura dos bombeiros de Alcobaça despistou-se nesta quarta-feira, no centro da cidade, provocando ferimentos ligeiros em quatro ocupantes, informou o Comando de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria. “O despiste aconteceu numa das ruas do centro de Alcobaça quando a viatura se dirigia para um incêndio urbano em Moleanos”, disse à agência Lusa José Conde, segundo comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcobaça. Segundo a mesma fonte, “não foram ainda apuradas as causas do despiste “ mas a viatura, que se virou, “acabou por embater num veículo ligeiro”. Do acidente resultaram ferimentos ligeiros em quatro pes... (etc.)

Despiste de carro dos bombeiros faz quatro feridos em Alcobaça
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-07 | Jornal Público
TEXTO: Uma viatura dos bombeiros de Alcobaça despistou-se nesta quarta-feira, no centro da cidade, provocando ferimentos ligeiros em quatro ocupantes, informou o Comando de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria. “O despiste aconteceu numa das ruas do centro de Alcobaça quando a viatura se dirigia para um incêndio urbano em Moleanos”, disse à agência Lusa José Conde, segundo comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcobaça. Segundo a mesma fonte, “não foram ainda apuradas as causas do despiste “ mas a viatura, que se virou, “acabou por embater num veículo ligeiro”. Do acidente resultaram ferimentos ligeiros em quatro pessoas que, de acordo com José Conde, “foram encaminhados para o hospital das Caldas da Rainha mais por precaução e para serem radiografados”. O alerta foi dado às 11h27 e no local estiveram quatro viaturas e oito operacionais dos bombeiros de Alcobaça.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave rainha
Desemprego: dados surpreendentes, qb
São já conhecidos os dados do desemprego relativos ao segundo trimestre deste ano. A taxa de desemprego foi agora medida, pelo INE, em 16, 4%, quando no trimestre anterior estava em 17, 7%. Os dados são assim surpreendentes, em parte. Não pela descida face ao primeiro trimestre, mas sobretudo pela sua dimensão. É sabido que o Banco de Portugal, o próprio Governo e os organismos que compõem a troika atualizaram, recentemente, em ambiente mais negro, as estimativas para o mercado de trabalho português em 2013. A troika e o Governo projetaram, após a sétima avaliação, uma taxa de desemprego de 18, 2%, contra os 16, ... (etc.)

Desemprego: dados surpreendentes, qb
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.7
DATA: 2013-08-08 | Jornal Público
TEXTO: São já conhecidos os dados do desemprego relativos ao segundo trimestre deste ano. A taxa de desemprego foi agora medida, pelo INE, em 16, 4%, quando no trimestre anterior estava em 17, 7%. Os dados são assim surpreendentes, em parte. Não pela descida face ao primeiro trimestre, mas sobretudo pela sua dimensão. É sabido que o Banco de Portugal, o próprio Governo e os organismos que compõem a troika atualizaram, recentemente, em ambiente mais negro, as estimativas para o mercado de trabalho português em 2013. A troika e o Governo projetaram, após a sétima avaliação, uma taxa de desemprego de 18, 2%, contra os 16, 4% anteriores. Este último, no OE Retificativo, estimou a redução do emprego, em 2013, de 3, 9%, quando no OE inicial previa -1, 7%. O Banco de Portugal, por sua vez, há uma semana atrás, previu a mesma descida em 4, 8%, quando em 2012 ela foi de 4, 2%. Esta tendência, para pior, das projeções entende-se, face à evolução extremamente negativa do PIB. Por isso, há, agora, uma relativa surpresa face à descida de 1, 3 pp da taxa de desemprego entre os dois primeiros trimestres de 2013, embora, analisados os números com mais pormenor, a surpresa diminua. Importa referir, porém, que, com estes dados, o desemprego nacional não desceu, mas sim aumentou. A situação está pior. As comparações fazem-se, sabe-se, homologamente, de forma a expurgar a sazonalidade. Face há um ano, há mais 59 mil pessoas desempregadas e a taxa de desemprego subiu 1, 4 pp. Quando se compara a destruição do emprego (-182, 6 mil postos de trabalho), no último ano, com a diminuição do desemprego, verifica-se que aquela é três vezes superior. A destruição duma parte da economia nacional prossegue a um ritmo elevado e assustador. A explicação da diferença, entre aquelas duas variáveis, o emprego e o desemprego, está certamente na migração. Assim, prever a taxa de desemprego para 2013 não depende, sobretudo, da evolução da economia nacional, mas incorpora necessariamente os fenómenos emigratórios. O que os dados comprovam agora, então, é somente que a sazonalidade do Verão regressou de novo, com mais 72, 4 mil empregos face ao trimestre anterior. A redução da inatividade nas mulheres e nos trabalhadores mais idosos, assim como a redução do desemprego no Algarve, provam-na. O IEFP, por sua vez, já apontava, desde Fevereiro, uma sazonalidade mensal igual à de 2011. Esta não se tinha verificado em 2012, em termos líquidos, no contexto dos efeitos imediatos dos contornos da austeridade implementada então, mas regressou em 2013, contudo com níveis de emprego significativamente mais baixos. Juntar a esta análise, contudo, a evolução das ofertas e das colocações do IEFP, como fez o Sr. Primeiro Ministro, para demonstrar a inversão de ciclo, é precipitado, como diria o Sr. Ministro da Economia, já que houve alterações metodológica na sua contabilização, logo os dados ainda não são comparáveis. Em síntese, será sempre estranho o dia em que houver crescimento não sazonal do emprego, numa economia que reduza o crescimento. Mais estranho ainda se tornaria este paradoxo quando se sabe que há um lag, não inferior a dois trimestres, pelo menos, entre o crescimento do PIB e a descida do desemprego. A situação social é essa sim ténue e frágil, e a precisar de acompanhamento e monitorização fortes, enquanto a economia não colocar o crescimento em níveis consolidados e recuperadoras da riqueza nacional antes existente. Pouca euforia precisa-se, portanto, neste contexto macroeconómico. Economista/ISCTE Business School. Ex-presidente do IEFP
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA IEFP
Poema inédito de Manuel Alegre no dia da morte de Urbano Tavares Rodrigues
O poeta Manuel Alegre escreveu um poema dedicado ao escritor Urbano Tavares Rodrigues, que morreu sexta-feira em Lisboa aos 89 anos. Na Morte de Urbano Tavares RodriguesNo dia 9 de Agosto de 2013houve uma vaga de calor. De certo modoele morreu dentro de um seu romance-Não foi notícia de abertura. Os telejornaismostraram mulheres gordas em Carcavelose um sujeito pequenino (parece que ministro)a falar de “cultura política nova. ”Mais tarde este dia será lembradocomo a data em que morreuUrbano Tavares Rodrigues. Manuel AlegreLisboa, 9/8/2013... (etc.)

Poema inédito de Manuel Alegre no dia da morte de Urbano Tavares Rodrigues
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-10 | Jornal Público
TEXTO: O poeta Manuel Alegre escreveu um poema dedicado ao escritor Urbano Tavares Rodrigues, que morreu sexta-feira em Lisboa aos 89 anos. Na Morte de Urbano Tavares RodriguesNo dia 9 de Agosto de 2013houve uma vaga de calor. De certo modoele morreu dentro de um seu romance-Não foi notícia de abertura. Os telejornaismostraram mulheres gordas em Carcavelose um sujeito pequenino (parece que ministro)a falar de “cultura política nova. ”Mais tarde este dia será lembradocomo a data em que morreuUrbano Tavares Rodrigues. Manuel AlegreLisboa, 9/8/2013
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte cultura mulheres
Sexo oral e cancro: estudo mostra novas provas
Estudo analisa evolução dos casos de cancro na faringe e na base da língua, e a sua relação com o vírus do papiloma humano. Os cancros na região da base da língua e da faringe causados pelo vírus do papiloma humano (HPV, sigla em inglês) são poucos, mas já foram menos. Um estudo no Canadá, que analisou 160 pessoas que tiveram este tipo de cancros entre 1993 e 2011, mostra que o HPV passou a ser a causa mais importante para o desenvolvimento destes tumores, superior ao tabaco ou ao álcool. O estudo foi agora publicado na revista Current Oncology. Ainda em Junho, o actor Michael Douglas deu voz ao problema no mundo... (etc.)

Sexo oral e cancro: estudo mostra novas provas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-08-16 | Jornal Público
TEXTO: Estudo analisa evolução dos casos de cancro na faringe e na base da língua, e a sua relação com o vírus do papiloma humano. Os cancros na região da base da língua e da faringe causados pelo vírus do papiloma humano (HPV, sigla em inglês) são poucos, mas já foram menos. Um estudo no Canadá, que analisou 160 pessoas que tiveram este tipo de cancros entre 1993 e 2011, mostra que o HPV passou a ser a causa mais importante para o desenvolvimento destes tumores, superior ao tabaco ou ao álcool. O estudo foi agora publicado na revista Current Oncology. Ainda em Junho, o actor Michael Douglas deu voz ao problema no mundo inteiro, quando admitiu que o cancro da garganta que teve foi causado pela infecção do HPV durante a prática de sexo oral. O seu caso parece fazer parte de uma tendência que atinge vários países e que este artigo vem corroborar. A equipa do Instituto de Investigação para o Cancro do Ontário, no Canadá, utilizou a base de dados de patologias do Centro de Ciências de Saúde de Londres, também no Ontário, para aceder às biópsias feitas em 160 doentes que tiveram cancro na base da língua, na garganta e nas amígdalas. Depois, a equipa procurou nas amostras a presença do HPV 16 e do HPV 18 - duas das estirpes do vírus que mais provocam o aparecimento de cancro. Os cientistas não identificaram nenhum caso de HPV 18. Mas o HPV 16 foi detectado na biópsia de 91 doentes, o que representa 57% da população estudada. A maioria dos casos era de homens com menos de 60 anos que não fumavam. Até há uns anos, os cancros desta zona do corpo surgiam maioritariamente na população consumidora de tabaco e álcool, mas isso está agora a mudar. Os cientistas dividiram os 160 doentes em três grupos: os que foram diagnosticados entre 1993 e 1999, entre 2000 e 2005 e entre 2006 e 2011. A proporção de doentes com HPV foi de 25% no primeiro grupo, passando para 68, 3 e 61, 76% no segundo e terceiro grupos, mostrando uma maior prevalência do HPV, além de um aumento no número de cancros. A única boa notícia do estudo é que, nos últimos anos, a sobrevivência também tem sido maior. Além disso, os cancros causados pelo HPV mostraram ter, em geral, melhor prognóstico. "Devido às mudanças das práticas sexuais, a frequência das infecções transmitidas tem aumentado constantemente ao longo das últimas décadas", explica o artigo assinado por quase três dezenas de autores, encabeçado por Anthony Nichols, do Instituto de Investigação para o Cancro do Ontário. "O cancro na orofaringe tem estado especificamente ligado a um aumento do número de parceiros de sexo oral, especialmente nos homens", lê-se ainda no artigo. A mudança está representada na transição da década de 1990 para a de 2000, em que a maior parte dos doentes passa de homens com mais de 60 anos, com uma história de vida associada ao consumo de tabaco, para homens com menos de 60 anos que não são fumadores. Esta mudança é um reflexo, por um lado, das fortes campanhas contra o consumo de tabaco das décadas anteriores e, por outro, da primeira geração pós-revolução sexual que foi infectada pelo HPV quando tinha pouco mais de 20 anos. Sabe-se que o vírus demora três a quatro décadas a provocar cancros na garganta. Como fazer a prevençãoTransmitido sexualmente, o HPV reproduz-se nas células da epiderme. É amplamente conhecido por ser um dos principais responsáveis pelo cancro do colo do útero. Existem 200 estirpes deste vírus, mas o HPV 16, o mais frequente em Portugal, e o HPV 18, o mais agressivo de todos, são os principais responsáveis pelo aparecimento dos cancros, que podem também atingir o pénis, a vagina e o ânus. O vírus integra-se no ADN das células hospedeiras e, dessa forma, altera o funcionamento de genes que estão ligados ao controlo da divisão celular. Devido à fisiologia do útero, o HPV causa mais frequentemente cancro nesta zona. Ainda assim, só uma baixa percentagem da população que é infectada pelo HPV 16 é que desenvolverá cancro. Isso relaciona-se com o tempo que o organismo leva a debelar o vírus. Quanto mais tempo demorar, maior é a probabilidade de o vírus se integrar no ADN das células e provocar um cancro. Em Portugal, 70% das mulheres já tiveram contacto com o HPV e 12, 7% estima-se que estejam infectadas (não há dados para os homens, por ser mais difícil detectar o vírus). A vacina contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação para as raparigas que fazem 13 anos. É dada numa altura em que a grande maioria das adolescentes nunca teve relações sexuais e, por isso, nunca esteve em contacto com o vírus. As duas vacinas existentes criam imunidade ao HPV 16 e o HPV 18 e evitam, assim, que provoquem cancro no colo do útero e ainda nas outras regiões. Mas no caso do cancro da garganta causado pelo HPV é o sexo masculino que é o mais afectado. No novo estudo, há 75 homens com cancro devido ao HPV e apenas 16 mulheres. "Há uma maior transmissão do HPV da mulher para o homem do que o inverso", diz ao PÚBLICO Nuno Verdasca, justificando a causa desta desproporção. O biólogo responsável pelo Laboratório de HPV e Herpes Genital do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, explica que o vírus se multiplica dentro das células da epiderme. Mas só se liberta lá de dentro quando as células morrem e saem da pele, escamando. Como isso ocorre a um ritmo muito maior na região da vagina do que no pénis, "os homens são mais susceptíveis de serem infectados durante o sexo oral", diz o cientista. Nuno Verdasca concorda que este é mais um argumento para a vacinação se estender aos homens. A Gardasil, uma das marcas de vacinas aplicadas às mulheres, já foi testada em homens até aos 26 anos e teve sucesso. Outra forma de tentar evitar a infecção passa pela prevenção, que "é sempre uma atitude comportamental", lembra o cientista, acrescentando que o preservativo não é 100% eficaz neste caso. Em Portugal, um estudo, de 2013, mostra que 9623 pessoas tiveram cancro na região oral entre 1998 e 2007. Mais de dois terços eram homens, apesar de haver cada vez mais casos em mulheres. Até ao final deste ano, vai iniciar-se o programa nacional de rastreio do cancro oral. Esta é uma forma de o detectar e tratar cedo, quando há mais hipóteses de o vencer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher homem consumo sexo estudo sexual mulheres corpo vagina pénis
Bastaram 24 horas para morrerem nove pessoas no mesmo troço de estrada
Automobilistas voltam ao IC1 para escaparem às portagens. Cinco das vítimas do acidente de sábado eram jovens. Uma colisão frontal entre dois ligeiros de passageiros, ocorrida ontem à tarde no IC1, junto a Ourique, matou sete pessoas, cinco das quais jovens. No mesmo troço de estrada tinha tido lugar há menos de 24 horas outro acidente do qual haviam resultado também duas vítimas mortais. Há já alguns anos que Ourique, um concelho marcado pela sinistralidade rodoviária antes da construção da A2, não assistia a um fim-de-semana tão negro, revelador da quantidade de automobilistas que passaram a circular pelo IC1 e... (etc.)

Bastaram 24 horas para morrerem nove pessoas no mesmo troço de estrada
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-18 | Jornal Público
TEXTO: Automobilistas voltam ao IC1 para escaparem às portagens. Cinco das vítimas do acidente de sábado eram jovens. Uma colisão frontal entre dois ligeiros de passageiros, ocorrida ontem à tarde no IC1, junto a Ourique, matou sete pessoas, cinco das quais jovens. No mesmo troço de estrada tinha tido lugar há menos de 24 horas outro acidente do qual haviam resultado também duas vítimas mortais. Há já alguns anos que Ourique, um concelho marcado pela sinistralidade rodoviária antes da construção da A2, não assistia a um fim-de-semana tão negro, revelador da quantidade de automobilistas que passaram a circular pelo IC1 em vez de usarem a auto-estrada para pouparem o dinheiro das portagens. Do acidente de ontem, resultou ainda um ferido grave, uma mulher de 48 anos, que sofreu um traumatismo abdominal, tendo ficado internada na unidade de Cuidados Intensivos Polivalente do Hospital de Beja. Seguia de Setúbal para o Algarve num Seat Alhambra e levava com ela os pais, que perdeu. O embate deu-se junto à Aldeia de Palheiros, numa recta bem sinalizada e com boa visibilidade, pelo que as autoridades admitem que tenha resultado de uma manobra de ultrapassagem sobre um traço contínuo. Segundo o porta-voz do Comando Distrital de Operações de Socorro de Beja, alertado para o sucedido às 13h48, não havia marcas visíveis de travagem no asfalto. Nenhum dos cinco jovens que viajavam no outro veículo, um Peugeot 306 que seguia do Algarve para Espinho e Vila Real de Trás-os-Montes, escapou com vida. Os dois rapazes e as três raparigas tinham entre os 20 e os 25 anos. Uma das jovens foi retirada ainda viva dos destroços da viatura, mas acabou por falecer no local do acidente, por não ter resistido aos ferimentos, apesar das manobras de reanimação dos socorristas do Instituto Nacional de Emergência Médica. Outro dos feridos acabou também por morrer na ambulância que o transportava para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. As operações de socorro foram apoiadas por dois helicópteros. Só ao fim de três horas este troço de estrada foi reaberto ao trânsito. Sete quilómetros adiante, no mesmo troço do IC1, tinham morrido, menos de 24 horas antes, na sexta-feira à tarde, um homem de 38 anos e uma mulher de 37. Tratou-se, também aqui, de um choque frontal com outro veículo, em que viajava um casal. Ela ficou em estado grave, tendo sido transportada de helicóptero para o Hospital de Faro, enquanto ele apenas sofreu ferimentos ligeiros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher negro homem