Obama e Hillary Clinton são os mais admirados de 2010
Pelo terceiro ano consecutivo, o Presidente Barack Obama foi escolhido como personalidade “mais admirada” pelas pessoas a viver nos Estados Unidos em 2010, segundo a sondagem anual do instituto Gallup. (...)

Obama e Hillary Clinton são os mais admirados de 2010
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2010-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pelo terceiro ano consecutivo, o Presidente Barack Obama foi escolhido como personalidade “mais admirada” pelas pessoas a viver nos Estados Unidos em 2010, segundo a sondagem anual do instituto Gallup.
TEXTO: Obama obteve a preferência na categoria “homens”, com 22 por cento das escolhas, bem à frente dos seus antecessores na Casa Branca, George W. Bush, com 5 por cento, e Bill Clinton, com quatro por cento. Mas o actual chefe de Estado norte-americano baixou consideravelmente em relação ao número de pessoas que o tinham escolhido nos anos anteriores: em 2008, liderou a lista com 32 por cento; em 2009, reunira as preferências de 30 por cento dos inquiridos. A seguir aos presidentes dos EUA, surgem o antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela e o fundador da Microsoft Bill Gates. Em segundo lugar no inquérito da Gallup aparece a secretária de Estado Hillary Clinton, a mais votada entre as mulheres, com 17 por cento. Em seguida surge a republicana Sarah Palin, com 12 por cento, mais um ponto do que Oprah Winfrey. Só depois surge a primeira-dama, Michelle Obama, com 5 por cento das escolhas.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Sudão entre o receio da guerra e o momento do nascimento de um país
Os sudaneses do Sul decidem a partir de hoje o seu futuro. Os desafios após a previsível vitória da secessão com Cartum são enormes. A paz é o maior de todos. (...)

Sudão entre o receio da guerra e o momento do nascimento de um país
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os sudaneses do Sul decidem a partir de hoje o seu futuro. Os desafios após a previsível vitória da secessão com Cartum são enormes. A paz é o maior de todos.
TEXTO: Quando chegou a Juba, na terça-feira, o Presidente sudanês, Omar al-Bashir, tinha à espera tapete vermelho, fanfarra e guarda de honra. Tudo como é da praxe. Só que a verdadeira mensagem que os anfitriões pretendiam transmitir-lhe não estava nas palavras de boas-vindas, mas no exterior do aeroporto. “Não à unidade”, gritaram em ambiente de festa meio milhar de manifestantes, bandeiras sulistas nas mãos, impacientes pela chegada do dia de hoje, que pode ser o momento zero do nascimento de um país. Frases escritas em cartazes, e registadas por um repórter da AFP, só reforçavam a ideia de que o referendo que hoje começa e se prolonga até dia 15 deve ditar a divisão do maior país africano: “Estamos orgulhosos por te voltar a receber para celebrar a independência do Sudão-Sul” e “Bemvindo ao 193. º Estado [do mundo]”. Um estudo de opinião feito para um grupo de organizações não-governamentais da região, divulgado no último dia de Dezembro, indica que 97 por cento dos sudaneses do Sul são favoráveis à secessão. Já no ano passado, uma sondagem do National Democratic Institute norte-americano dava conta do apoio de mais de 90 por cento da população a uma independência que poderá chegar em Julho, consagrando a divisão de um Estado onde Arábia e África, raças, culturas e religiões diferentes se encontram. À impaciência pelo referendo juntam- se expectativas. “Estamos confiantes no futuro. A independência permitirá ao nosso país desenvolverse”, disse Betty, 29 anos, ao site francês rue89. Mas será mesmo assim? A independência é muito mais do que secessão e se, como tudo indica, os quase quatro milhões de sudaneses do Sul recenseados escolherem separarse do Norte, à previsível festa seguirse- ão os desafi os – enormes num território onde décadas de guerra que provocaram mais de dois milhões de mortos e subdesenvolvimento deixaram quase tudo por fazer. O entusiasmo “lembra as imensas expectativas que acompanharam a vaga de independências africanas de há 50 anos”, escreveu na revista Politique Africaine Anne Walraet, do Departamento de Estudos do Terceiro Mundo da universidade belga de Ghent. Violência mais longínqua O receio de uma reacção violenta do Norte, muçulmano e em grande medida árabe, a um cenário de separação do Sul, negro e maioritariamente cristão e animista, parece, por estes dias, mais longínquo do que, até há pouco, se temia. “Celebrarei a vossa decisão, mesmo se escolherem a secessão”, disse terça-feira Bashir. Mas, como afirma o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, se é verdade que “os principais actores políticos estão comprometidos com o processo de paz”, a posição do próprio Bashir “não é fácil, porque há gente dentro do partido dele que não concorda” com uma independência do Sul. Riscos de guerra? “Não diria que há uma probabilidade, mas uma possibilidade”, disse ao PÚBLICO o governante, que em Dezembro visitou o Sudão, no quadro da preparação da presença de Portugal no Conselho de Segurança da ONU. Mesmo no cenário de uma separação pacífica, os indicadores mostram a dimensão dos desafios. O Sudão está na posição 154, em 169 países, no Índice de Desenvolvimento Humano. Mas no Sul a situação é ainda pior: mais de 90 por cento dos quase dez milhões de habitantes vivem com menos de um dólar por dia, para cima de quatro milhões necessitam de ajuda alimentar de emergência, há um único hospital razoável num território com área equivalente à da Península Ibérica. Uma em cada sete mulheres que engravidam morre de problemas de gestação ou parto, a mortalidade infantil é de 170 por mil nascimentos e mais de metade d apopulação não tem acesso a água potável. Tudo somado, a esperança de vida fica-se pelos 42 anos. O território quase não tem indústria e as estradas asfaltadas contam-se por algumas dezenas de quilómetros.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Angola 1961: o terror maciço e cru
Os massacres que marcaram o início da guerra em Angola começaram há 50 anos. Havia indícios de que se preparava um levantamento, mas ninguém esperava tamanha violência. Os relatos de uma sublevação de cariz tribal dão conta de barbaridades indescritíveis. A revolta bacongo não poupa negros de outras origens. Os mortos são aos milhares, centenas deles brancos. O "15 de Março" prolonga-se até Outubro, já depois do "rapidamente e em força" proclamado por Salazar. (...)

Angola 1961: o terror maciço e cru
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.11
DATA: 2011-03-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os massacres que marcaram o início da guerra em Angola começaram há 50 anos. Havia indícios de que se preparava um levantamento, mas ninguém esperava tamanha violência. Os relatos de uma sublevação de cariz tribal dão conta de barbaridades indescritíveis. A revolta bacongo não poupa negros de outras origens. Os mortos são aos milhares, centenas deles brancos. O "15 de Março" prolonga-se até Outubro, já depois do "rapidamente e em força" proclamado por Salazar.
TEXTO: Só em Setembro, seis meses depois, José Rocha Dinis conseguiu ir a S. José do Encoje, Nova Caipemba, a uns cem quilómetros de Carmona, no Norte de Angola. O que ele e 15 a 20 voluntários viram foram esqueletos que sobravam da decomposição de cadáveres acelerada pelo calor e humidade. Certeza de quem era quem, só a teve sobre um capataz e a mulher: os restos mortais ainda estavam sobre o colchão apodrecido no chão da casa em que dormiam. Na fazenda do distrito do Uíge estavam por enterrar mais de meia centena de trabalhadores - negros, mestiços e dois brancos, homens, mulheres e crianças. Meio século depois, José, hoje com 89 anos, tem bem presente essa viagem de reconhecimento a uma boa dúzia de propriedades da região feita a partir de Carmona, com voluntários idos de Luanda. Mas não quer falar de tudo o que viveu naquele ano em que a violência bárbara irrompeu no Norte de Angola, com incidência muito forte na zona dos Dembos. "Vimos ossadas em todas as fazendas", diz apenas. Os ataques dos meses anteriores, a insegurança, a falta de homens armados para uma expedição, a incerteza sobre o que iriam encontrar e os maus acessos tinham deixado aquela e outras regiões fora do controlo das autoridades coloniais nos seis meses passados sobre o 15 de Março de 1961. Naquele dia, há exactamente 50 anos, ao alvorecer, sob a bandeira da União das Populações de Angola (UPA), a violência irrompeu de modo bárbaro. "Mata! Mata! UPA! UPA!", ecoou no Norte de Angola. O número de mortos está longe de ser consensual, mas as estimativas mais referidas apontam para cerca de 800 brancos, em muitos casos gente pobre e humilde, e milhares de trabalhadores africanos recrutados noutras regiões da colónia. Munidos de "catanas e armas de fogo rudimentares", revoltosos "assaltam povoações e fazendas", em regiões de acesso difícil. Sto. António do Zaire, S. Salvador do Congo e Maquela do Zombo, próximo da fronteira com o ex-Congo belga, mas também Ambrizete, Negaje, Mucaba, Sanza-Pombo são alvo de ataques. "Toda a baixa do Cassange está em alvoroço" e os assaltantes estão às portas de Carmona. "São claros para as autoridades os propósitos de implantar o terror", escreveuFranco Nogueira, o diplomata que, em Maio seguinte, se tornaria ministro dos Negócios Estrangeiros. "Em menos de 48 horas, pelos distritos do Zaire e do Uíge é a devastação maldita. Plantações e casas solitárias são saqueadas e incendiadas; aldeias são arrasadas; é posto cerco a vilas e pequenas povoações, cortando-se-lhes os abastecimentos; vias e meios de comunicação ficam destruídos", diz o relato de Franco Nogueira no livro Salazar volume V - A Resistência (ed. Civilização). "Não se faz distinção de etnias, nem de sexo, nem de idades tão-pouco. É o terror, maciço e cru", refere Franco Nogueira na sua descrição, considerada "uma boa síntese" dos acontecimentos por Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, autores do recém-editado Angola 61: Guerra Colonial, Causas e Consequências, o 4 de Fevereiro e o 15 de Março (Texto Editora). "Como nos tempos remotos das grandes barbáries, são assassinados homens, mulheres, velhos e crianças, autoridades administrativas, agentes da ordem, brancos, negros e mestiços; ou fuzilados; ou queimados dentro de casas e cubatas: ou esquartejados, e degolados; ou serrados vivos", escreveu o embaixador. Os relatos do horror abundam. "Ao longo do caminho vimos enorme morticínio de pessoas brancas e pretas, sem braços, sem pernas, sem olhos", contou a angolana Ana Inglês, filha de um pastor protestante e depois presa política, a Dalila Mateus, investigadora do Instituro Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), no livro Memórias do Colonialismo e da Guerra(ed. Asa). Os ataques, o medo e a insegurança imperam numa área equivalente à de Portugal Continental.
REFERÊNCIAS:
Mais de um milhão de nados-mortos podiam ser salvos todos os anos
Quase metade dos 2,6 milhões de nados-mortos registados anualmente em todo o mundo poderiam ser salvos com a aplicação de programas já existentes, revelam os estudos divulgados hoje pela revista The Lancet. (...)

Mais de um milhão de nados-mortos podiam ser salvos todos os anos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quase metade dos 2,6 milhões de nados-mortos registados anualmente em todo o mundo poderiam ser salvos com a aplicação de programas já existentes, revelam os estudos divulgados hoje pela revista The Lancet.
TEXTO: Todos os dias morrem cerca de 7200 recém-nascidos em todo o mundo. Segundo as primeiras estimativas divulgadas hoje na série The Lancet Natimorto, registaram-se 2, 6 milhões de óbitos fetais em 2009. Os investigadores acreditam que a aplicação de alguns procedimentos poderia evitar até 1, 1 milhões de nados-mortos: a existência de cuidados obstétricos de emergência, por exemplo, poderia poupar 696 mil mortes. Já a detecção e tratamento da sífilis seria suficiente para garantir a vida a 136 mil recém-nascidos. Os especialistas estimam ainda que a detecção e tratamento de retardo do crescimento intra-uterino poderia poupar 107 mil vidas e a detecção e tratamento da hipertensão na gravidez seria responsável pela vida de 57 mil. Na lista de medidas a adoptar surge ainda o acompanhamento e informação para as mães com mais de 41 semanas de gestação (que poderia salvar 52 mil nados-mortos), a prevenção da malária, incluindo mosquiteiros e medicamentos (35 mil nados-mortos), a suplementação com ácido fólico antes da concepção (27 mil) e a detecção e tratamento de diabetes durante a gravidez (24 mil). Os investigadores acreditam que reforçar os serviços de planeamento familiar também pode ajudar a minorar este drama, já que iria reduzir o número de gravidezes indesejadas, especialmente entre as mulheres de alto risco. "Se todas as mulheres tivessem acesso a parteira qualificada - e, se necessário, um médico - para receber os cuidados essenciais, iríamos registar um declínio dramático no número ", defendeu Carole Presern, directora da Parceria para a Saúde Materna, Neonatal e Infantil. Apesar dos elevados números, esta situação continua a ser “relativamente negligenciada”, lê-se no resumo do estudo, que alerta para o facto de este problema “não estar incluído nos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio”. 7200 nados-mortos por diaPor dia, estes dados significam que se registam cerca de 7200 nados-mortos em todo o mundo. A cada hora que passa, há 300 bebés que morrem dentro do útero ou no momento do parto. A grande maioria destes dramas (98 por cento) acontece nos países pobres. No entanto, revela o estudo agora publicado, os países ricos também não são poupados: em cada 320 nascimentos há um nado-morto. Quase metade das mortes (1, 2 milhões) ocorre durante o parto e habitualmente está associada à falta de cuidados especializados naquele momento crítico para a mãe e a criança. É nas áreas rurais que o problema tem mais impacto: dois terços das mortes ocorrem em zonas onde "nem sempre há pessoal qualificado de obstetrícia - especialmente parteiras e médicos - para prestar os cuidados essenciais durante o parto e emergências obstétricas". Complicações durante o parto, infecções da mãe durante a gravidez, doenças como hipertensão ou diabetes, crescimento tardio intra-uterino e malformações congénitas são as cinco principais causas de morte fetal apontadas pelo estudo, publicado agora numa série especial da revista médica. Para os investigadores, os números agora revelados denunciam que esta taxa "pouco mudou ao longo da última década”. As estimativas mostram que o número de nados-mortos diminuiu apenas 1, 1 por cento por ano, passando de três milhões em 1995 para 2, 6 milhões em 2009. “Esta diminuição é ainda mais lenta do que a redução da mortalidade materna e infantil durante o mesmo período”, refere um resumo do estudo. Portugal, um caso de sucessoSe existisse um ranking, Finlândia e Singapura surgiriam no topo da lista como os países mais bem sucedidos, com apenas duas mortes por cada 1000 nascimentos, seguidas da Dinamarca e Noruega (2, 2). No fim da lista estariam países como Paquistão (47 mortes por mil nascimentos), seguido da Nigéria (42), Bangladesh (36) e Senegal (34).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte criança estudo mulheres morto infantil
Bento XVI proclamou João Paulo II como novo beato
O Papa Bento XVI acaba de proclamar beato, o primeiro passo no caminho da canonização, o seu antecessor João Paulo II. Eram 10h38 em Roma, menos uma hora em Lisboa. O aplauso na Praça de São Pedro e nas outras oito praças de Roma onde se concentram centenas de milhares de pessoas – a presença de polacos é esmagadora – foi imenso, prolongando-se por vários minutos. A multidão já tinha aplaudido diversas vezes durante as referências à sua biografia, nomeadamente o seu nascimento em 1920, a sua eleição como Papa, em 1978, e a alusão ao momento da sua morte em 2005. (...)

Bento XVI proclamou João Paulo II como novo beato
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2011-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Papa Bento XVI acaba de proclamar beato, o primeiro passo no caminho da canonização, o seu antecessor João Paulo II. Eram 10h38 em Roma, menos uma hora em Lisboa. O aplauso na Praça de São Pedro e nas outras oito praças de Roma onde se concentram centenas de milhares de pessoas – a presença de polacos é esmagadora – foi imenso, prolongando-se por vários minutos. A multidão já tinha aplaudido diversas vezes durante as referências à sua biografia, nomeadamente o seu nascimento em 1920, a sua eleição como Papa, em 1978, e a alusão ao momento da sua morte em 2005.
TEXTO: Depois da leitura da biografia do novo beato João Paulo II, que iniciou o rito de beatificação e que foi feita pelo cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para a diocese de Roma, Bento XVI pronunciou a fórmula de beatificação: “Acolhendo o desejo do nosso irmão cardeal Agostino Vallini, de muitos outros irmãos no episcopado e de muitos fiéis, depois do parecer da Congregação para a Causa dos Santos, com a nossa autoridade apostólica concedemos que o venerável servo de Deus João Paulo II, papa, de agora em diante seja chamado beato e que possa celebrar-se a sua festa nos lugares e segundo as regras estabelecidas pelo direito, cada ano a 22 de Outubro. ”O dia escolhido para a festa do novo beato é o dia do início solene do pontificado, no já longínquo ano de 1978. João Paulo II era o primeiro Papa polaco da história e o primeiro não italiano em 450 anos. Durante os 26 anos de pontificado, até Abril de 2005, foi o Papa que mais viajou, que mais santos e beatos proclamou, que mais textos e documentos produziu, que mais multidões reuniu. Nas suas 104 viagens fora de Itália (quatro das quais a Portugal), que foram uma das marcas do pontificado, João Paulo II percorreu mais de um milhão de quilómetros, visitou 133 países e territórios. A sua popularidade e os seus dotes de comunicador, sobretudo com os mais jovens, não evitou que ele fosse também o Papa de muitas polémicas. João Paulo II fechou qualquer possibilidade de abertura na moral sexual católica, manifestou-se contra o fim do celibato obrigatório e a possibilidade de ordenação de mulheres. Com a ajuda da Congregação para a Doutrina da Fé, presidida pelo cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, João Paulo II chamou à ordem mais de uma centena de teólogos, bispos e religiosos, naquela que é uma das notas destacadas pelos críticos desta beatificação. Que também acusam o Papa Wojtyla de ter ignorado denúncias graves de abusos sexuais – sobretudo as referidas ao padre Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, que o Vaticano considerou culpado de pederastia, adultério com pelo menos duas mulheres e consumidor de droga. Apesar dessas e de outras polémicas, a popularidade de João Paulo II media-se pelos milhares de pessoas que ele juntava em Roma ou nas suas viagens, pelos seus apelos à paz, pelos seus gestos de aproximação entre as religiões. Foi ele que viajou 16 vezes ao continente africano, visitando 42 países, com a preocupação de que o mundo não esquecesse o continente mais pobre. Foi ele que pediu perdão aos judeus para aproximar as duas religiões desavindas e inimigas de séculos. É essa mesma popularidade que hoje traz a Roma centenas de milhares de pessoas para a missa de beatificação, presidia pelo Papa Bento XVI. A proclamação do novo beato sucede apenas seis anos depois da sua morte, depois de o Papa ter autorizado a abertura do processo muito tempo antes do previsto pelas regras – pelo menos cinco anos após a morte do visado. E depois de ter sido dada como inexplicada cientificamente a cura da irmã Marie Simon-Pierre Normand, uma freira francesa a quem tinha sido diagnosticada a doença de Parkinson, em 2001, tinha ela 40 anos. Karol Wojtyla, nascido em 18 de Maio de 1920, morreu a 2 de Abril de 2005, protagoniza assim mais um recorde: pela primeira vez, um Papa é beatificado pelo seu sucessor imediato. A proclamação de Wojtyla como santo tinha sido pedida por muitos fiéis na altura das suas exéquias. “Santo súbito” (santo, já) foi o grito de muitos, que queriam assim retomar a mais antiga tradição da Igreja, em que os santos eram proclamados a pedido do povo. Só há poucos séculos a Igreja passou a exigir um processo canónico e a existência de uma cura inexplicada para beatificar ou canonizar alguém, assim evitando proclamar santos pessoas que, por vezes, pouco mais eram que lendas populares.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Realizador Lars Von Trier choca Cannes ao autoproclamar-se nazi
O realizador dinamarquês Lars von Trier, que apresentou esta quarta-feira no Festival de Cannes o filme “Melancholia”, em competição pela Palma de Ouro, chocou os presentes na conferência de imprensa ao revelar que é um simpatizante de Hitler. (...)

Realizador Lars Von Trier choca Cannes ao autoproclamar-se nazi
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-05-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: O realizador dinamarquês Lars von Trier, que apresentou esta quarta-feira no Festival de Cannes o filme “Melancholia”, em competição pela Palma de Ouro, chocou os presentes na conferência de imprensa ao revelar que é um simpatizante de Hitler.
TEXTO: Lars von Trier já é conhecido pelo seu jeito provocador mas desta vez ultrapassou os limites aceitáveis pela imprensa que não percebeu os comentários e piadas anti-semitas do dinamarquês. “Eu achava que era judeu e era muito feliz por isso. Mas depois descobri que na verdade era nazi”, contou o realizador na conferencia de imprensa depois de ter sido questionado sobre as suas raízes germânicas, descobertas depois da morte da sua mãe em 1989. “Como sabem, a minha família era alemã. . . O que também me deu algum prazer. ”Como se não bastassem estas declarações para levantarem a consternação em Cannes, Lars von Trier continuou, afirmando compreender Hitler. “O que posso dizer? Eu compreendo o Hitler. É claro que ele fez algumas coisas erradas mas eu consigo imaginá-lo no fim sentado no seu abrigo. . . Eu simpatizo com ele, um bocadinho. ”Segundo o britânico “The Guardian”, depois de ter percebido que as suas declarações estavam a chocar os jornalistas presentes e mesmo Charlotte Gainsbourg e Kirsten Dunst, as actrizes protagonistas no seu recente trabalho, Lars von Trier tentou rapidamente remediar a situação, explicando que o facto de compreender Hitler não significaria que era a favor da Segunda Guerra Mundial. “Nem sequer sou contra os judeus. Na verdade, sou muito a favor deles. Todos os judeus”, acrescentou o realizador, deitando por terra a sua defesa em relação aos judeus quando decide mencionar Israel como “uma pedra no sapato, mas. . ”Sempre num tom irónico e humorístico, o realizador de “Ondas de Paixão” (Grande Prémio do Júri em Cannes, 1996), “Dancer in the Dark” (Palma de Ouro, 2000) e “Dogville” não conseguiu emendar as polémicas declarações e acabou por chocar ainda mais, desviando a conversa para Gainsbourg e Dunst e as suas actuações em “Melancholia”. As actrizes, que já estavam com ar incrédulo, não esconderam a admiração quando von Trier as referenciou num tom machista, afirmando que Kirsten Dunst insistiu para ser filmada nua, posição apoiada por Charlotte Gainsbourg. “É assim que as mulheres são, e a Charlotte está por trás disto. Elas agora quem um filme hardcore e estou a fazer o meu melhor. Eu disse para termos muito diálogo e elas disseram que não queria saber das conversas e que só queriam muito muito sexo. É o que estou a escrever agora”, contou o dinamarquês. A organização da 64ª edição do Festival de Cannes não aprovou as declarações e exigiu uma explicação ao realizador de 55 anos, que imediatamente pediu desculpa. “Se ofendi alguém esta manhã com as palavras que disse na conferência de imprensa, eu peço as mais sinceras desculpas”, escreveu Lars Von Trier em comunicado. “Eu não sou anti-semita nem preconceituoso ou racista em nada, nem sequer sou nazi. ”Apesar do pedido de desculpas, as declarações do realizador foram o centro das atenções do dia de hoje em Cannes. A imprensa internacional reproduziu estas afirmações em todo o mundo e as manifestações contra Von Trier têm sido muitas. Há quem defenda que o realizador devia ser retirado da competição oficial de Cannes. A Associação Americana das Vítimas do Holocausto e dos seus Descendentes já tornou pública a sua posição em relação caso, condenando veemente a postura de Lars Von Trier. “É uma exploração do sofrimento das vítimas para se auto promover e publicitar”, acusa a organização. “Não podemos avaliar o seu filme, mas como pessoa Von Trier é um fracassado moral. ”Notícia actualizada às 19h12
REFERÊNCIAS:
Étnia Judeu
Convidados monarcas de regimes repressores de protestos pró-democracia
O rei da Suazilândia, Mswati III, e o príncipe herdeiro do Bahrein, Salman bin Hamad al Khalifa, dois regimes que recentemente reprimiram protestos anti-democracia, fazem parte da lista de convidados do casamento do príncipe William. (...)

Convidados monarcas de regimes repressores de protestos pró-democracia
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O rei da Suazilândia, Mswati III, e o príncipe herdeiro do Bahrein, Salman bin Hamad al Khalifa, dois regimes que recentemente reprimiram protestos anti-democracia, fazem parte da lista de convidados do casamento do príncipe William.
TEXTO: Os dois fazem parte da lista hoje divulgada de cerca de 40 membros da realeza estrangeira convidados para a cerimónia que terá lugar na Abadia de Westminster na sexta-feira em Londres. A presença do dirigente do país africano, considerado o único chefe de Estado absolutista, já levou à convocação de uma manifestação na terça-feira à tarde em frente ao hotel Dorchester, um dos mais luxuosos da capital britânica. “É surpreendente que o palácio [de Buckingham], provavelmente por conselho do Governo britânico, tenha convidado o rei da Suazilândia”, afirmou Tony Dykes, diretor do movimento Acção pela África do Sul. Admitindo que o convite tenha sido feito por uma questão de protocolo, acusou as autoridades britânicas de colocarem o “protocolo acima dos direitos humanos”. A polícia e exército suazi impediram protestos na semana passada, detendo manifestantes e agredindo alguns daqueles que se arriscaram a sair à rua, sobretudo estudantes e professores. Também no Bahrein, as autoridades têm reprimido as manifestações que duram já há vários meses e que pedem reformas políticas no país mas sem exigir a partida da família real. Um relatório da Amnistia Internacional divulgado na quinta-feira alertou para a situação no país, estimando que mais de 500 pessoas foram detidas no último mês por causa dos protestos públicos. A organização pediu “acção firme” dos EUA e governos europeus para pressionarem as autoridades a pararem com a repressão aos protestos. O príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico, casa na sexta-feira com Catherine Middleton, numa cerimónia religiosa, seguindo-se uma recepção no palácio de Buckingham oferecida pela avó, a rainha Isabel II. Ao todo, terão confirmado presença seis reis e cinco rainhas estrangeiros, incluindo a rainha da Dinamarca, o rei da Espanha, do Tonga e os reis da Bulgária e da Noruega, bem como membros das famílias reais do Luxemburgo, Mónaco, Lesoto ou Marrocos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Boko Haram propõe libertar alunas em troca de islamistas detidos
O líder do grupo islamista Boko Haram divulgou um novo vídeo em que surge ao lado de uma centena de raparigas que diz fazerem parte do grupo de quase 300 raptadas em Abril, na Nigéria, e se propõe trocá-las pelos membros da organização detidos.... (etc.)

Boko Haram propõe libertar alunas em troca de islamistas detidos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
TEXTO: O líder do grupo islamista Boko Haram divulgou um novo vídeo em que surge ao lado de uma centena de raparigas que diz fazerem parte do grupo de quase 300 raptadas em Abril, na Nigéria, e se propõe trocá-las pelos membros da organização detidos.
REFERÊNCIAS:
Tempo Abril
As palavras de Malala Yousufzai
Antes do ataque taliban que a deixou gravemente ferida e em perigo de morte em 2012, a menina paquistanesa Malala Yousufzai já contava ao mundo as dificuldades que as crianças tinham no seu país no acesso à educação e aos direitos mais básicos. Malala sobreviveu e a sua voz fez-se ouvir ainda mais alto. No Paquistão, nas Nações Unidas ou junto a algumas das personalidades mais importantes da política internacional, a paquistanesa aproveitou todos os momentos para alertar para uma realidade que quer que pertença ao passado. Aqui ficam algumas das frases mais emblemáticas de Malala Yousafzai, Prémio Nobel da Paz. “... (etc.)

As palavras de Malala Yousufzai
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-30 | Jornal Público
TEXTO: Antes do ataque taliban que a deixou gravemente ferida e em perigo de morte em 2012, a menina paquistanesa Malala Yousufzai já contava ao mundo as dificuldades que as crianças tinham no seu país no acesso à educação e aos direitos mais básicos. Malala sobreviveu e a sua voz fez-se ouvir ainda mais alto. No Paquistão, nas Nações Unidas ou junto a algumas das personalidades mais importantes da política internacional, a paquistanesa aproveitou todos os momentos para alertar para uma realidade que quer que pertença ao passado. Aqui ficam algumas das frases mais emblemáticas de Malala Yousafzai, Prémio Nobel da Paz. “Hoje podem ver que estou viva. Posso falar, posso ver-vos, posso ver-vos a todos. Estou a melhorar a cada dia. Isso é por causa das orações das pessoas. Porque todos, homens, mulheres, crianças, todos eles rezaram por mim”. “Quero servir, quero servir o povo. Quero que todas as raparigas, todas as crianças, sejam educadas”. Primeira declaração pública durante o internamento no Reino Unido. 04/02/2013“Anunciar a primeira doação do Fundo Malala é o momento mais feliz da minha vida”. “Permitam-nos que passemos da educação de 40 para 40 milhões de meninas. ”Anúncio oficial da criação do Fundo Malala. 05/04/2013“Os terroristas pensaram que iam mudar os meus objectivos e impedir as minhas ambições, mas nada mudou na minha vida a não ser isto: a fraqueza, o medo e a desesperança morreram. A força, o poder e a coragem nasceram”. Fundo Malala. 10/2013“Não sei por que as pessoas têm dividido o mundo inteiro em dois grupos, Ocidente e Oriente. A educação não é nem oriental nem ocidental. A educação é a educação e é o direito de cada ser humano”. Entrevista ao programa Panorama da BBC. 07/10/2013“Há muito mais gente que merece o Prémio Nobel”. “Penso que ainda preciso de trabalhar muito. Na minha opinião, ainda não fiz assim tanto para ganhar o Prémio Nobel da Paz”. Declarações à rádio paquistanesa City89 FM, sobre possível nomeação para o Nobel da Paz. 09/10/2013"Penso que é o momento mais importante, este meu regresso à escola. É o que eu sonhei, que todas as crianças devem poder ir à escola, que é o seu direito básico". Entrada no colégio feminino Edgbaston High School, em Inglaterra, BBC 11/10/2013“Manifestei a minha preocupação por os ataques com drones estarem a fomentar o terrorismo. Vítimas inocentes são mortas nestes ataques que provocam também grande ressentimento entre o povo paquistanês. ” “[Se os EUA concentrarem os seus] esforços na educação isso terá um impacto muito maior do que o recurso a intervenções armadas”. Após um encontro com o Presidente Barack Obama, na Casa Branca, a 12/10/2013“Os taliban pensavam que uma bala nos reduziria ao silêncio mas falharam”, e “do silêncio saíram milhares de vozes”. “Hoje não é o dia de Malala, é o dia de todas as mulheres, de todos os rapazes e de todas as raparigas que levantaram a voz para defender os seus direitos”. “Não estou aqui para falar de vingança pessoal contra os taliban, (. . . ) estou aqui para defender o direito à educação para todas as crianças”, disse. “Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação primeiro. ” “Os extremistas fazem um mau uso do islão (. . . ) para seu benefício pessoal, quando o islão é uma religião de paz e de fraternidade”. “Os nossos livros e os nossos lápis são as nossas [das crianças] melhores armas”. Dia em que celebrou 16. º aniversário e discursou numa Assembleia de Jovens na sede das Nações Unidas. 12/07/2013"Eles não utilizam correctamente o nome do islão porque esqueceram que a palavra significa 'paz'". "Quando soube que estas meninas tinham sido sequestradas na Nigéria senti-me muito triste, pensei que as minhas irmãs estavam na prisão e que deveria falar em seu favor". "Como podem prender as suas próprias irmãs e tratá-las tão mal?". "Eles ainda não estudaram o Alcorão". Sobre sequestro de mais de 200 jovens na Nigéria pelo grupo extremista Boko Haram. 08/05/2014“Quando estava no Vale de Swat [onde Malala viveu no Paquistão], naquela época, havia mais de 400 escolas destruídas. E as mulheres eram agredidas, porque não estávamos autorizadas a ir para a escola. E, naquela altura, eu tinha realmente duas opções. Uma era de permanecer em silêncio e esperar para ser morta. E a segunda era falar e, em seguida, ser morta. Escolhi a segunda, porque não queria enfrentar o terrorismo para sempre. Queria sair daquela terrível situação. Queria ir para a escola. Foi o meu amor pela educação que me incentivou a continuar a campanha. Acho que, em tempos difíceis, precisamos levantar a nossa voz”. Resposta a estudantes de jornalismo na Philip’s Academy Charter School, em Nova Jersey, EUA. 17/09/2014
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
A idade maior
"Life Is a Second of Love" é a passagem para a idade adulta de Rita Redshoes. A meninice pop de outrora é abandonada em favor de uma autora de canções de linhagem clássica. Agora compõe como se pertencesse a um outro tempo e não como se vivesse a sonhar com ele“Consegui que ela soasse a uma miúda rija”, disse ele. Quando Lee Hazlewood foi apanhado de surpresa pela “encomenda” de inventar uma nova identidade musical para a filha de Frank Sinatra, o molde que construiu na sua cabeça era tudo menos cerimonioso. Não o formulou desta maneira ao pai da jovem Nancy, mas ao baixar a voz da cantora em dois tons, limpando ... (etc.)

A idade maior
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.166
DATA: 2014-05-09 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140509170255/http://ipsilon.publico.pt/Musica/texto.aspx?id=334171
TEXTO: "Life Is a Second of Love" é a passagem para a idade adulta de Rita Redshoes. A meninice pop de outrora é abandonada em favor de uma autora de canções de linhagem clássica. Agora compõe como se pertencesse a um outro tempo e não como se vivesse a sonhar com ele“Consegui que ela soasse a uma miúda rija”, disse ele. Quando Lee Hazlewood foi apanhado de surpresa pela “encomenda” de inventar uma nova identidade musical para a filha de Frank Sinatra, o molde que construiu na sua cabeça era tudo menos cerimonioso. Não o formulou desta maneira ao pai da jovem Nancy, mas ao baixar a voz da cantora em dois tons, limpando um registo agudo de criança em estado de exaltação, aquilo a que Hazlewood alegadamente queria responder era à imagem de uma Nancy que cantasse como uma rapariga de 16 anos que ia para a cama com camionistas. A descrição recapitulada pelo compositor ao Telegraph em 2004 não terá encantado a senhorita Sinatra, mas não deixou de ser a motivação secreta para o génio de Lee Hazlewood lhe colocar a voz em canções tão curvilíneas e insinuantes quanto These Boots Are Made for Walking, Bang Bang (My Baby Shot Me Down) ou o dueto Some Velvet Morning. Em sentido aparentemente contrário, Rita Redshoes fala de Hazlewood como o homem que “fez a Nancy Sinatra parecer cantar música de mulher”. “É curioso ela ter encontrado a voz dela através dele”, comenta. Aquilo que pode parecer contraditório – uma certa masculinização da cantora vs. uma feminização do autor –, são, no fundo, duas perspectivas coerentes sobre o mesmo assunto. A transformação foi de uma cantora desprotegida, vinda de um inocente mundo de pré-púbere, numa mulher impositiva, sem necessidade de sombras protectoras, autónoma e dona das suas acções. O espelho relativamente a Rita Redshoes é, neste caso, duplo. Não se trata apenas daquele tom pop/country/easy listening lustroso de Hazlewood/Sinatra a emergir magnificamente de No Matter What, canção arrepiante de tão perfeita, elegante e fora deste tempo, mas também o facto de Life Is a Second of Love, o seu terceiro álbum a solo, varrer quase em absoluto tudo aquilo que eram migalhas de infância e de um imaginário fantasioso e feérico que povoavam as suas canções até aqui – e herdado já dos tempos adolescentes dos Atomic Bees. Essa raspagem de um catálogo sonoro infantil – marcado por um excesso que, nos momentos mais perigosos, poderia eventualmente degenerar num certo histerismo sonoro –, faz-se notar com especial deslumbramento quando No Matter What suspende a proximidade do tom maravilhosamente fake de Hazlewood (do cowboy sueco ao bigode, tudo parecia uma patranha da melhor espécie) e surpreende com um refrão feito de uma beleza crua, sem artifícios – algo atribuível, talvez, a uma audição maciça de Joni Mitchell –, como se a canção avançasse sempre num movimento pendular, alternando entre a encenação de uma postura firme e sólida, e o desabamento dessa imagem para dar lugar à mais tocante e desamparada exibição emocional. No Matter What é a grande obra-prima de Life Is a Second of Love e uma canção desarmante como poucas, levando a cravar as mãos na cadeira não vão faltar as forças de cada vez que o refrão, delicadamente, pede licença para entrar. Nos estúdios da Valentim de Carvalho, acompanhada pelos produtores Gui Amabis e Nelson Carvalho (assistente), esse trabalho de refinamento é notório. Amabis ajuda Rita Redshoes a encontrar o tom certo, polindo a frase do refrão até ficar mais curta, menos volteada, com a intensidade certa. A cada nova volta, o efeito cresce, à medida que a frase se torna cada vez mais límpida e simples. “Queres beleza na voz?”, pergunta Nelson Carvalho, sendo que a palavra “beleza” funciona como código para carregar ligeiramente no reverb. Rita diz que sim, mas, na verdade, já não era preciso. Febres africanasLonge, muito longe de Paço d’Arcos, Life Is a Second of Love começou, em parte, a definir-se numas férias no Senegal. Não pelo contacto estimulante e deslumbrado com uma cultura diferente ou por ter descoberto uma porta de entrada para as rumbas africanas ou sequer por se ter apaixonado perdidamente pela Orchestra Baobab ou por Cheik Lô. Mas antes porque, ao ser invadida por uma bactéria incógnita, Rita viu-se assaltada por uma febre altíssima, um estado de desidratação quase a atingir os 80% e a resvalar para uma zona turva em que os raros momentos de lucidez tinham de abrir caminho à força entre persistentes delírios febris. Num local remoto, afastada da capital Dakar, chegou ainda a receber a visita de “uma espécie de curandeiro senegalês que foi ao quarto de hotel, mas já não conseguia fazer grande coisa com os meios que tinha”. Foi nessa altura que foi enviada de urgência para uma clínica, à espera de ganhar forças suficientes para poder embarcar para Portugal, onde esteve depois mais dez dias hospitalizada. Mas não regressou sem trazer consigo um esboço de canção. “Lembro-me de entre o acordar e o não acordar da febre, cheia de dores, me virem à cabeça as palavras e a melodia Woman, Snake e pensar que não me podia esquecer daquilo. A única coisa que consegui foi escrever o refrão no telemóvel quando a febre baixou um bocadinho, mas não tinha sequer forças para gravar a melodia, estava KO. ”Sem surpresa, Woman, Snake é a canção mais enviesada do álbum de Rita Redshoes. Tem um peso misterioso e ritualístico, faz pensar o que seria de Fiona Apple a braços com a tarefa de cozinhar um tema à medida de James Bond. A sinuosidade sugerida pela cobra do título, parece activar a lembrança da noite passada em Rita Redshoes. De volta ao estúdio de Paço d’Arcos, avança para a gravação da composição, dizendo para a régie: “Ontem sonhei que o Nelson tinha posto umas paredes em curva até ao microfone – dizia que o som ia ficar melhor”. A experiência assustadora vivida no Senegal, e cuja convalescença foi demorada, resultou, no entanto, em muito mais do que uma canção enleada numa estranheza tentadora chamada Woman, Snake. Após uma “crise de ansiedade terrível” que se seguiu à saída do hospital, Rita Redshoes refez a sua relação com a linha temporal, rindo-se da forma como a sua história parece formatada pelo cliché de que episódios que encurtam a distância para a morte produzem alterações obrigatórias em quem sobrevive. “Vivia muito noutro sítio, sempre”, admite. “Vivia muito num futuro ou num passado, tinha muita dificuldade em estar, tinha muita dificuldade em aceitar que as coisas mudam, era mais infantil. ” Voltamos atrás, portanto, à eliminação consciente de pistas que a levavam para o conforto do passado mas também para um certo dramatismo no choque com um presente que lhe fugia ao controlo e ao desajuste entre o arquitectado na sua cabeça e o verificado à sua frente. “Esse meu lado sonhador era uma espécie de escudo, devido à minha incapacidade de aceitar a realidade. Apercebi-me que isso me fazia extremamente infeliz em muitas coisas e acabava por não viver profundamente. Agora não questiono tanto. Em vez de pensar demasiado, sinto mais”. É aí que radica o nome da introdução que abre o álbum e de onde Rita retirou igualmente o título oficial para o disco. Life Is a Second of Love é, antes de mais, uma pacificação com a transitoriedade e a conquista de uma generosidade em causa própria. “Comecei a aceitar que vou bater com a cabeça muitas vezes, sei que vai ser assim, e que no entanto a vida vale a pena – às vezes tinha dúvidas disso”. Amainou a severidade que dirigia contra si e deixou de ser tão castigadora, de rotular de forma taxativa como insucessos (artísticos, por exemplo) quaisquer resultados que simplesmente não tivesse previsto. Como se qualquer desvio num cenário idealizado correspondesse a um falhanço. Por isso, para a gravação de Life Is a Second of Love tornou-se essencial delegar a produção em quem não pudesse controlar. Teve de se entregar e saber lidar com um produtor com o qual não tinha a mínima intimidade, e que ia estar a mexer sem luvas nas vísceras das canções daquele que Rita Redshoes diz ser, claramente, o seu álbum mais pessoal até hoje. Vindo de CéuRita Redshoes não procurou um produtor em quem depositasse o controlo total sobre as suas canções. Não partiu à procura de um mentor que a moldasse a seu bel-prazer, como Nancy Sinatra nas mãos de Lee Hazlewood. “Como com os bons psiquiatras, acabamos por transferir os nossos sentimentos”, disse Nancy há dez anos ao site Nerve sobre a sua relação com Hazlewood. Não era exactamente essa a ideia da cantora portuguesa. “Achei que deveria ser uma pessoa virgem, no sentido de não saber o que eu tinha feito para trás, o espaço que ocupo ou não, alguém que se preocupasse com aquilo que queria dizer e transmitir”, desenha o perfil. “Embora não tivesse tanta noção na altura, instintivamente precisava de alguém que não fizesse parte da minha história para trás. ” A par dessa relação impoluta com as canções que lhe fossem apresentadas, Rita Redshoes procurava também um produtor que soubesse gerir o silêncio – “algo que tenho dificuldade em fazer, apetece-me sempre pôr mais coisas”. No fundo, quanto menos instrumentos atrapalhassem as melodias vocais, mais descansada ficaria. E as canções tinham já tanto da sua autora enfiada lá dentro, em cada verso, em cada acorde, em cada melodia, que Rita receou estrafegá-las se continuasse a cercar as músicas com as suas ideias de arranjos e de produção. O nome de Gui Amabis caiu-lhe então de Céu. Não do céu, das nuvens, de uma qualquer delegação do paraíso, mas da cantora brasileira Céu, que Amabis produzira e que Rita ouviu casualmente na rádio com a atenção de quem descobria uma pista essencial para o desfecho de um disco que não passava ainda de uma ideia vaga. Após um rápido levantamento do cadastro musical de Amabis, decidiu arriscar, ciente de que caso errasse na escolha o disco poderia ficar comprometido ou, pelo menos, ser irremediavelmente adiado. Um par de emails e o acordo foi fácil de alcançar: em Lisboa, Rita gravava o chão das canções, as harmonias de base e as melodias vocais; em São Paulo, Gui acrescentava guitarras, baixos e samples, e juntamente com os seus músicos ia montando uma paisagem sonora de acordo com coordenadas enviadas pela cantora. “Ouvi só duas músicas dos discos anteriores, ela não queria que me influenciasse por aquilo – foi uma semi-ordem”, conta o produtor. “A partir das coisas que ela gostava de ouvir e até um pouco da imagem dela isso inspirou-me a buscar este som. ”Daí que o primeiro passo tenha sido a partilha de uma playlist organizada por Rita na plafatorma Spotify para balizar as linhas-mestras que orientassem produtor e músicos do outro lado do Atlântico. “Tudo coisas mais antigas, desde a Laurie Anderson a Henry Mancini, passando por Nancy Sinatra e muitas referências dos anos 50 e 60”, explica a cantora, especialmente compatíveis com um produtor cujo gosto vive no intervalo 1940-1970 e só compra discos de vinil antigo. “O que tinham sempre em comum era o tipo de produção, os silêncios, os ritmos quebrados, coisas partidas que se consertam mais à frente e se quebram novamente, um lado de orquestra clássico, antigo, sem ser demasiado pomposo e tão arranjadinho como fizera no meu primeiro disco, em que tinha referências mais clássicas, séculos XVIII e XIX. Ouvindo a playlist acho que fazia sentido. ” E terá feito sentido, certamente, porque apesar dos diferentes ambientes explorados, Life Is a Second of Love não cede nunca ao atafulhamento das canções, deixa-se tombar para os lados de Laurie Anderson (ritmo quebradiço, sopros indecisos) numa pérola chamada In This White Room e inventa um papel para a guitarra no universo de Rita Redshoes que a cantora nunca tinha imaginado até hoje. A guitarra, aliás, seria a responsável pela única circunstância em que as visões de Gui e Rita pareceram chocar. No primeiro single, Broken Bond, o segundo refrão cala-se e entra em cena um solo que se diria tirado de uma pauta de Brian May (Queen). É um momento de sobressalto, de pequeno terramoto no mundo de uma pop que há quatro ou cinco parecia sempre perfeita, polida, quase celestial, pouco permeável a ser destabilizada por um detrito de hard rock. “Esse provavelmente foi o momento mais crítico do processo, em que entrei em estúdio com dúvidas se aquilo ia ficar ou não, depois habituei-me e foi uma chatice”, ri-se. Mas foi uma questão simbólica em todo o processo. Tendo encontrado uma outra família musical, com quem a comunicação era fácil e pacífica – ainda que à distância –, foi no solo de Broken Bondque Rita Redshoes teve de aceitar que recorrer à criatividade de alguém exterior passa, nalgumas ocasiões, por ter de encaixar primeiro e perceber depois como pode integrar essa “ingerência” na sua vida. Rita Redshoes vai ainda mais longe e canta mesmo uma composição de Gui Amabis, Curve Dance Dreams, depois de ele lha mostrar e ela perceber que “era capaz de escrever uma canção tão triste” quanto aquela. Mas Life Is a Second of Love peneira e deixa mesmo de fora algumas das canções mais dramáticas que lhe saíram durante estes quatro anos desde Golden Era. Nalguns casos, foi o produtor brasileiro a responder-lhe ao tom sombrio do outro lado do computador – “Rita, não podes estar tão triste”. A limpeza foi tal que, durante um jantar já em Portugal, quando a autora lhe disse que havia uma letra a fazer-lhe “comichão”, escrita durante “um momento aflito” entretanto aplacado, o produtor soube logo que se tratava da fatalista Lord, Have Mercy on Me. Não vale a pena procurá-la no alinhamento do novo disco. Transformou-se em Broken Bond e agora até tem um solo de guitarra. Isto, deixar os dramas de lado e integrar as incertezas, no dicionário de Lee Hazlewood era bem capaz de signicar “uma miúda rija”.
REFERÊNCIAS: