Testemunhas de Jeová acusadas de incentivar mulheres a suportar violência
Revista da organização alude a pessoas que se mantiveram casadas mesmo com “a saúde e a vida” em perigo e cujo sacrifício valeu a pena. Associação diz que é “repulsiva” qualquer forma de violência. (...)

Testemunhas de Jeová acusadas de incentivar mulheres a suportar violência
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-09-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Revista da organização alude a pessoas que se mantiveram casadas mesmo com “a saúde e a vida” em perigo e cujo sacrifício valeu a pena. Associação diz que é “repulsiva” qualquer forma de violência.
TEXTO: A indignação espalhou-se com a rapidez de um rastilho de pólvora entre muitas ex-Testemunhas de Jeová (TJ) por causa do último número da revista Sentinela, que, em Dezembro próximo, há-de servir de base ao “estudo” dos membros deste grupo religioso: nas páginas 10 a 14 daquela publicação, sob o título “Respeite ‘O que Deus pôs sob o mesmo jugo”, os autores da revista peroram sobre o casamento e o divórcio e apontam, num português abrasileirado, situações em que “talvez ele [o marido] costume bater nela, colocando a saúde e a vida dela em perigo” para lembrarem os cristãos que “passaram por situações parecidas e decidiram não se separar”, isto é, “preferiram perseverar e se esforçar para melhorar o casamento”. Num cenário em que um marido “descrente” agride a mulher que acredita em Jeová, o texto garante que os que optaram por continuar casados “dizem que esse sacrifício valeu a pena, principalmente depois que o marido ou a esposa se tornou [sic] adorador de Jeová”. Trata-se, sustenta Ana Cláudia Sousa, expulsa da congregação há 16 anos depois de se ter divorciado sem “base bíblica”, de um claro incentivo a que as mulheres permaneçam casadas mesmo quando são violentadas. “Num país em que, como em Portugal, todos os meses morrem mulheres vítimas de violência doméstica, eles continuam a insistir que ela se deve manter no casamento?! Não acho isto admissível”, declarou ao PÚBLICO, fazendo eco da indignação que grassa dentro e fora dos fóruns da Internet onde os “dissociados” (membros que se desligaram desta denominação religiosa) e os “desassociados” (que foram expulsos) se reúnem. Questionado pelo PÚBLICO, Pedro Candeias, ancião e porta-voz da organização no país, recusa que se possa ler na publicação qualquer incentivo à aceitação da violência. “As Testemunhas de Jeová […] consideram repulsiva toda e qualquer forma de violência, incluindo a violência doméstica, seja na forma física, verbal ou psicológica”, garantiu por email, para explicar de seguida: “As publicações das Testemunhas de Jeová explicam a informação da Bíblia, no entanto, é da responsabilidade de cada pessoa tomar as suas próprias decisões”. “A mensagem é subliminar mas as pessoas ‘lá de dentro’ percebem-na: uma mulher que se mantenha com um marido violento é digna de elogio porque pode salvá-lo”, interpreta outro ex-membro das TJ que durante dez anos foi ancião (equivalente a um padre na Igreja Católica), para explicar que estas edições de “estudo” da Sentinela são lidas e discutidas parágrafo a parágrafo nas reuniões semanais entre anciãos e membros das TJ. “A mensagem é claríssima: deixem-se estar porque Deus odeia o divórcio e há esperança que o marido se torne Testemunha de Jeová mesmo que para isso tenham de passar anos a levar porrada”, indigna-se, por seu turno, uma advogada que foi formalmente expulsa das TJ no início deste ano por, em 2017, ter integrado uma lista candidata a uma junta de freguesia. A relação dos que se afastaram das Testemunhas de Jeová (TJ) com o seu passado está longe de ser pacífica. Enquanto membros, tendem a viver fechados sobre si mesmos e debaixo de um apertado controlo social, com interdições que muitos consideram atentatórias de direitos fundamentais, e, quando saem, muitos ex-TJ queixam-se do ostracismo a que se dizem votados pela Associação das Testemunhas de Jeová (ATJ). Este ano, e num intervalo temporal de apenas três meses, foram conhecidas duas petições reclamando a extinção da ATJ. A primeira, apresentada e discutida em Janeiro no Parlamento, pedia que o culto fosse banido por incutir o ódio e o medo nos seus seguidores e por atentar contra o direito constitucional à liberdade e segurança, mas foi “liminarmente indeferida” pela Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais sob a alegação de que violava a liberdade religiosa. Em Março, surgiu uma nova petição a reclamar a extinção da ATJ e o cancelamento do seu assento no registo de pessoas colectivas religiosas. No documento, que deverá ainda ser dirigido ao Parlamento e à Comissão da Liberdade Religiosa, sobravam referências ao ostracismo a que são votados os seus ex-membros. Onde os ex-membros lêem incentivos à manutenção do casamento custe o que custar, a socióloga Helena Vilaça, que estuda há anos a paisagem religiosa em Portugal, vislumbra outra abertura, nomeadamente nos parágrafos que apontam a “imoralidade sexual” como base bíblica para o divórcio. “Toda aquela interpretação não está distante da concepção que a Igreja Católica tem relativamente ao casamento”, relativiza. “E as Testemunhas de Jeová até vão mais longe quando põem a hipótese de a mulher deixar o marido em situação de imoralidade sexual deixando-a livre para casar novamente”, acrescenta a investigadora da Universidade do Porto, para lembrar que, tanto quanto saiba, os padres católicos também não andam propriamente a aconselhar as mulheres a divorciarem-se. “Mesmo os psiquiatras, onde quem não é religioso pode ir buscar alguma orientação, colocam a bola do lado da pessoa”, conclui. Segundo o ex-ancião que falou ao PÚBLICO, o denominador comum às diferentes congregações das TJ – e serão cerca de 600 em Portugal - é o desincentivo da denúncia às autoridades civis: “Isto passa-se sobretudo quando quem violenta é Testemunha de Jeová. Eles tentam preservar uma imagem de superioridade e qualquer coisa que lance vitupério sobre o nome de Jeová, é fortemente desaconselhada. ”Irina Pires, de 32 anos, divorciada desde 2008 depois de um casamento com um homem que era das TJ e de quem se separou ao fim de dois anos e de muitas agressões, recorda o enleio inicial. “Ele tinha sido testemunha a vida toda, porque os pais eram e os avós também. Aos 19 anos e filha de pais separados, casei-me e deixei-me levar naquela conversa da família feliz, da mulher enquanto esposa ideal, discreta, escrava”. As agressões terão começado logo na primeira semana do casamento. “Quando os anciãos com quem estudava a bíblia iam lá a casa, viam as coisas partidas e ouviam-no assumir que me batia, diziam-me que tinha que me manter fiel e discreta para não dar mau nome a Jeová. Até me diziam que aquilo era Satanás a tentar desviar-me da verdade. ”Quando os vizinhos começaram a chamar a polícia, "a preocupação dos anciãos era que não apresentasse queixa porque isso iria difamar a religião”. Quando Irina decidiu que não queria a filha numa casa onde imperava a violência e pediu aos anciãos que testemunhassem a seu favor em tribunal, a resposta foi negativa. “Infelizmente não podiam porque eu era ‘mundana’ – tinha estudado a bíblia mas recusara baptizar-me – e jamais iriam a um tribunal dizer que um irmão batia numa mundana como eu”, alega, para garantir que, nos anos em que manteve proximidade com as TJ, conheceu “muitas mulheres que levavam porrada e sofriam violência psicológica e continuavam porque eles as ensinavam que tinham de ser ‘escravas fiéis e discretas’”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A socióloga Helena Vilaça, que no final da década de 90 passou um ano a estudar uma congregação de Testemunhas de Jeová, recusa que esta seja a regra. “Não me parece que possamos concluir que as Testemunhas de Jeová são piores do que os outros ou que fazem a apologia da violência doméstica. É verdade que valorizam o casamento e a estabilidade dentro do casamento, o que contrasta com a dita ‘modernidade líquida’ em que vivemos e que não valoriza o que é sólido e o que é estável”, situa. Mas, em termos de doutrina, “e concretamente em relação ao casamento, até conseguem ser mais flexíveis quando admitem que o divórcio pode ter base bíblica quando haja adultério”, insiste a investigadora. Não significa, porém, que as TJ não tendam - “como, de resto, nalgumas paróquias católicas”, lembra a investigadora - para a rigidez e para o controlo social dos seus membros. “O facto de não serem um grupo em simbiose com a sociedade torna-os mais fechados sobre si mesmos e propicia esse controlo da vivência quotidiana das pessoas. Daí que haja muita gente que sai em ruptura, num processo que pode ser muito doloroso e que requer muita coragem”, descreve. Por outro lado, aponta casos em que esse controlo, e as interdições que o acompanham, teve resultados felizes: “Num contexto periurbano de uma família operária, a mulher era convertida mas o marido não. Quando este se converteu, deixou os vícios, como fumar e beber e, por vezes algum jogo, passou a entregar o salário em casa e a família passou a ser funcional”.
REFERÊNCIAS:
Religiões Testemunhas de Jeová
Francisca Van Dunem, a primeira mulher negra a chegar a ministra
Procuradora há mais de 30 anos, conhece a Justiça como poucos no país. Os seus pares elogiam-lhe o profissionalismo e a honestidade. (...)

Francisca Van Dunem, a primeira mulher negra a chegar a ministra
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 13 | Sentimento 0.041
DATA: 2015-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Procuradora há mais de 30 anos, conhece a Justiça como poucos no país. Os seus pares elogiam-lhe o profissionalismo e a honestidade.
TEXTO: Francisca Van Dunem nasceu em Luanda há 60 anos e é a primeira mulher negra a assumir um cargo de ministra em Portugal. Conhece a Justiça por dentro. Procuradora há mais de 30 anos, ocupou nos últimos oito anos um dos cargos mais importantes do Ministério Público, como procuradora-geral distrital de Lisboa, responsável pelo maior dos quatro distritos judiciais do país. Acreditando que a Justiça deve ser transparente e prestar contas, foi pioneira ao criar um site onde se reporta diariamente a actividade do Ministério Público. Dirigiu igualmente o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, onde antecedeu Maria José Morgado, e esteve, nos anos oitenta, na Alta Autoridade contra a Corrupção. É casada com o professor catedrático da Universidade de Lisboa Eduardo Paz Ferreira, especialista em Direito Fiscal e Finanças Públicas, e antigo sócio do ministro socialista Sousa Franco, com quem fundou um escritório de advogados. “É uma magistrada altamente qualificada e de uma honestidade a toda a prova”, resume Alberto Pinto Nogueira, antigo procurador-geral distrital do Porto, que trabalhou com Francisca Van Dunem na Alta Autoridade contra a Corrupção e no Conselho Superior do Ministério Público. A violência contra os idosos e a violência doméstica são dois temas que lhe são caros. Apesar das funções de relevo que tem vindo a ocupar nos últimos anos, Van Dunem tem primado sempre pela discrição. Veio para Portugal aos 18 anos, para tirar o curso de Direito. No ano passado, concorreu aos lugares existentes no Supremo Tribunal de Justiça para procuradores e ficou em terceiro lugar, podendo ainda vir a ocupar um lugar de juíza conselheira se entretanto abrirem vagas. Um dos poucos perfis sobre Francisca Van Dunem, feito pela revista Visão em 2007, dá conta de que a magistrada coordenou megaprocessos relacionados com o tráfico de armas na PSP e a corrupção na Marinha. Gosta de cozinhar, de arte — cinema incluído — e de música clássica, mas nem todos lhe apreciam a distância que mantém para com os subordinados. Foi representante de Portugal no Comité Europeu para os Problemas Criminais no Conselho da Europa. A procuradora-geral distrital de Lisboa chegou a ser representante do Governo português junto do conselho de administração do Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia no início dos anos 2000. Em 2012, em entrevista ao PÚBLICO, dizia: "No discurso político, a questão racial continua a ser tabu, manifestamente. Percebo que a abordagem não é fácil. Construiu-se a ideia de que os portugueses eram propensos à miscigenação, misturavam-se culturalmente e que, portanto, isso era um indicador de que não discriminavam racialmente. Eu digo 'não'. "Apesar de, na altura, confessar que nunca tinha sentido discriminação no local de trabalho, e que não achava que a justiça portuguesa discrimine, não tinha dúvidas quanto ao facto de existir racismo em Portugal. "Falta a abordagem franca da questão. Era importante encararmos isso como um problema que, se calhar, nem é assim tão difícil de resolver. Há uma componente educacional, mas é preciso investir nela. ” com Joana Gorjão HenriquesVeja aqui os perfis de todos os novos ministros
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Música para curar picadas de tarântula e honrar as mulheres guerreiras
O Festival Med, em Loulé, foi agitado pelas belíssimas actuações de Canzoniere Grecanico Salentino, Lura e Throes + the Shine. E lembrou-nos que a música nasce sempre num lugar e num tempo específicos. (...)

Música para curar picadas de tarântula e honrar as mulheres guerreiras
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Festival Med, em Loulé, foi agitado pelas belíssimas actuações de Canzoniere Grecanico Salentino, Lura e Throes + the Shine. E lembrou-nos que a música nasce sempre num lugar e num tempo específicos.
TEXTO: Nunca é só a música. E é bom que assim se mantenha. Não é que as canções não se bastem a si mesmas e não galguem fronteiras sem a ajuda de um empurrão suplementar, mas num festival ou num concerto dedicado às chamadas músicas do mundo calha bem quando o embrulho musical ou festivo desvenda histórias e tradições que enquadram a música no espaço e no tempo. Quando Mauro Durante, aos comandos do maravilhoso Canzoniere Grecanico Salentino, conta em palco que aquela música é filha da receita salentina para curar as picadas das tarântulas da região e sobretudo o comportamento desvairado das “vítimas”, torna-se muito mais claro o tom hipnótico e delirante, como se aqueles sons percutidos e alucinados fossem uma viagem permanente entre a consciência e um estado de alteridade. Assim como quando Lura fala da força das mulheres guerreiras africanas e de Gorée como um entreposto da escravatura ao largo do Senegal, é a História de Cabo Verde que se explica e é implicada. Mesmo que, logo a seguir, o embrulho seja de celebração, a verdade é que as canções não nascem solitárias nem desligadas do seu lugar de origem. São dois exemplos extraídos da noite de sexta-feira no Festival Med, em Loulé, dois dos concertos mais marcantes na segunda data desta 14. ª edição de um dos acontecimentos capitais para a descoberta de outras latitudes musicais em território português. (Da noite anterior, lamenta-se por aqui o cancelamento do instável renovador do raï Rachid Taha, assim como se gaba com generosidade a fogosa passagem pela cidade algarvia do soul/funk inflamado Marta Ren os seus Groovelvets). Aquilo que Canzoniere Grecanico Salentino e Lura nos dizem e fazem com as suas actuações é partilhar e falar das suas culturas, permitindo entrever um pouco mais do que uma articulação de sons singular e sedutora. Lura homenageia Cesária Évora com Moda bô, tema que cantou em dueto com a diva maior da música cabo-verdiana e que desfia, a cada verso, a sua admiração pela voz de Sôdade, terminando com um curto solo de assobio. Uma pequena liberdade que Lura se permite, contando em seguida que a mãe a admoestava, em criança, alegando que assobiar não era coisa bonita porque em Santo Antão se diz que “as meninas que assobiam andam à procura de namorado”. E é sintomático que Lura recupere este episódio: porque aquilo que a vemos e ouvimos fazer é tornar-se uma extraordinária contadora de histórias, ao mesmo tempo que, de forma respeitosa e conhecedora, prefere saltar por cima das proibições e dos interditos culturais, aliviando a tradição dos costumes que a tornam pesada até a transformar em canções leves e desempoeiradas, graças a uma banda mestiça dirigida por Toy Vieira que lhe confere um travo único. Depois da esperada passagem por Na ri na, havia de terminar com o irresistível funaná M’bem di fora. No caso do Canzoniere Grecanico Salentino, possivelmente o grande concerto de sexta-feira, tudo concorre para um crescendo de êxtase: a repetição imparável do ritmo impelido pelos tamburellos (pandeiretas), pelo jogo de vozes em alternâncias ou sobrepondo-se em polifonias propositadamente rudes, por uma bailarina que rodopia como única dança possível para espantar demónios e pelo bouzouki que coloca a música num permanente espaço mediterrânico indeciso entre rumar a Itália, Grécia ou ao Magrebe. Não é por acaso, aliás, que Mauro Durante assume um discurso sobre “o mar não como barreira, mas como meio de comunicação”, como rota para trocas culturais, numa alusão clara aos fenómenos migratórios e às condições precárias em que continuam a dar-se hoje em dia. De resto, é disso que o Canzoniere hoje nos fala – agora que as mordidas das tarântulas já não motivam rituais deste género, servem a música (pizzica) e a dança para espantar males contemporâneos, através de canções tão embriagantes quanto Nu te fermare. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sem surpresa, nem tudo foi tão entusiasmante assim na noite de sexta-feira. Sobretudo no que toca à representação do hip-hop de matriz sul-americana. Depois de, em 2016, termos assistido em Loulé à extraordinária Ana Tijoux, rapper com tudo no sítio – um flow tão incisivo quanto as suas letras de alvos claros (a igualdade de género, a política chilena, as tácticas capitalistas, a demasiado pronunciada diferença de classes…) –, até o rap musculado num ginásio hardcore do brasileiro BNegão parece coisa mole e flácida. Tal como acontecera já com o mexicano Boogát no Palco Matriz, tanto um como outro, adoptando um hip-hop mesclado com referências locais, parecem não conseguir casar os dois mundos com o equilíbrio justo. BNegão acerta na mouche com a excelente Essa é pra tocar no baile, mas de resto o ex-Planet Hemp parece seguir sempre uma música desenhada a traço grosso, redundando num reportório esborratado. Boogát, por seu lado, parece ter misturado a música urbana com as sonoridades campesinas sem se ter lembrado de comprar a cola para as juntar adequadamente. Tendo deixado recentemente o Canadá, onde nasceu, para se aproximar das suas raízes mexicanas, talvez seja isso que esteja ainda a faltar à música de Boogát: deixar de responder a uma ideia longínqua de como se ligar à sua herança musical e passar a assumi-la de forma mais orgânica e menos estereotipada. Pelo contrário, se há coisa em que a parceria luso-angolana Throes + the Shine é mestre é a mais escorreita e conseguida união entre o desembestado kuduro que lhes dá voz e a energia rockeira que lhes anima os instrumentos. Enquanto os Buraka Som Sistema deram ao kuduro uma demão planetária, tornando uma sonoridade periférica de Luanda tão digna e influente quanto qualquer outra música provinda das margens das grandes metrópoles do mundo – em mais um capítulo da ascensão da contra-cultura a espelho real das linguagens emergidas fora do bem-comportado penteadinho mainstream –, os Throes + the Shine prosseguem numa senda de marginalidade, em que ao rock é dada a oportunidade de voltar a experimentar o nervo de ser uma música proscrita, em desalinho e, no máximo, destinada a numerosas minorias. No palco desta gente, as vozes de Diron e Mob a cuspirem rimas num frenesim incandescente – tanto assim que haviam de agradecer, no final, confessando que “valeu a pena queimar os lábios” – partilham as atenções com teclados, guitarra e bateria em permanente desassossego. Chegados ao álbum Wanga, há agora menos guitarras e mais electrónica, mas nem por isso diminui esta agitação que resulta em canções à beira da explosão. Também mais expansivo do que o habitual, Rodrigo Leão apresentou no Med um concerto em que a sua vertente mais etérea teve direito a descanso e aquilo a que se assistiu foi um assomo das suas abordagens a uma canção de câmara que tanto traz à baila o tango mais lascivo quanto as canções elegantes e cinemáticas de Edith Piaf ou Ornella Vanoni. Uma lição de como adaptar o reportório às condições especiais de um festival que, na sexta-feira, começou por fazer o silêncio possível para escutar o fado sem tempo de Helder Moutinho, patrocinado pelas impagáveis criações de Linhares Barbosa, Fontes Rocha ou Alfredo Marceneiro. De Alfredo Duarte, marceneiro de profissão e habilíssimo a mexer nas palavras, havia Helder de cantar fados de muitas Marias e um Fado bailado em que se diz que “há quem leve a vida inteira a bailar com a própria vida”. Por aqui, em Loulé, continuar-se-á a bailar no sábado, madrugada fora.
REFERÊNCIAS:
Morreu Aretha Franklin, a rainha da soul
Conhecida por sucessos como Respect e (You make me feel like) a natural woman, era considerada uma das melhores cantoras de todos os tempos. (...)

Morreu Aretha Franklin, a rainha da soul
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conhecida por sucessos como Respect e (You make me feel like) a natural woman, era considerada uma das melhores cantoras de todos os tempos.
TEXTO: É frequente a imprensa entusiasmar-se e chamar a esta ou àquela estrela em ascensão no espaço mediático, seja no top de vendas seja fora dele, princesa disto e rei daquilo. Mas, quando de trata de alguém com o talento de Aretha Franklin, não há exagero algum em usar a expressão “rainha da soul”. Escreva-se, por isso, que esta quinta-feira morreu a rainha da soul. Tinha 76 anos. A notícia foi avançada pela Associated Press, citando a agente da cantora. Na segunda-feira, a agência de notícias Associated Press tinha já garantido que Aretha Franklin estava “seriamente doente”, citando uma fonte próxima e sem avançar quaisquer pormenores. Desde 2010, ano em que lhe foi diagnosticado um cancro no pâncreas, que o estado de saúde de Franklin enfrentava altos e baixos, escrevia o diário britânico The Guardian. Depois de uma operação, a cantora foi sujeita a uma série de tratamentos que a fizeram perder muitos quilos, mas continuou a dar concertos. No ano passado, mais debilitada, Franklin anunciou que se retirava dos palcos, embora mantivesse o seu trabalho de estúdios e estivesse disponível para uma ou outra actuação em eventos especiais. Foi o que aconteceu em Novembro, numa gala em que se celebravam os 25 anos da fundação de Elton John de luta contra a sida. Franklin fechou a noite em Nova Iorque com uma colecção de canções que incluiu I say a little prayer e Freeway. No mesmo mês lançou aquele que é, à data, o seu último álbum — A Brand New Me. Ficar em casa sem fazer nada, dizia, não estava nos seus planos. Já este ano, e por ordem médica, cancelara duas destas actuações especiais: em Março, em Newark, na festa do seu 76. º aniversário; e em Abril, no New Orleans Jazz and Heritage Festival. Com uma carreira com seis décadas que inclui 18 Grammys e sucessos como Respect, (You make me feel like) a natural woman, I say a little prayer, Think e Chain of fools, Aretha Franklin ficou também conhecida pelo seu activismo na defesa dos direitos civis. Em 1968 cantou no funeral de Martin Luther King, ícone da luta pela igualdade racial nos Estados Unidos, e em 2009 na tomada de posse de Barack Obama, o primeiro afro-americano a chegar a Presidente dos EUA. Obama dizia-se, aliás, um dos seus maiores fãs, e em 2015 foi dos que mais se comoveram com a actuação surpresa da cantora na gala anual do Kennedy Center. Intérprete de excepção do gospel, do R&B e da soul, Franklin foi, em 1987, a primeira mulher a entrar no Rock & Roll Hall of Fame. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Não creio que tenha conhecido alguém que possua um instrumento como o dela e que tenha um background tão rigoroso no gospel, no blues e no vocabulário essencial da música negra”, disse sobre Aretha Franklin Ahmet Ertegun, co-fundador da Atlantic Records, editora em que gravou muitas das suas melhores canções. “Ela foi abençoada com uma extraordinária combinação de uma sofisticação urbana notável com aquele feeling profundo do blues… O resultado é, talvez, a melhor cantora dos nossos tempos. ”Em 2008, a Rolling Stone, uma das revistas mais respeitadas na área da música, publicou a lista das 50 melhores vocalistas de sempre – Aretha Franklin ocupava o primeiro lugar, resultado da votação de um painel composto por 180 especialistas. Na entrada que sobre ela se escreveu nesse número dedicado às melhores cantoras de todos os tempos podia ler-se: “Aretha é um presente de Deus. Quando se trata de dizer alguma coisa através de uma canção, não há ninguém como ela. Ela é a razão que leva as mulheres a querem cantar. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Militares do Sudão violaram 221 mulheres em 36 horas
Em três operações, militares sudaneses entraram numa localidade no Darfur, assaltaram casas, bateram e violaram mulheres e raparigas, denuncia relatório da Human Rights Watch. Residentes foram torturados por denunciarem atrocidades. (...)

Militares do Sudão violaram 221 mulheres em 36 horas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501212133/http://www.publico.pt/1685758
SUMÁRIO: Em três operações, militares sudaneses entraram numa localidade no Darfur, assaltaram casas, bateram e violaram mulheres e raparigas, denuncia relatório da Human Rights Watch. Residentes foram torturados por denunciarem atrocidades.
TEXTO: Pelo menos 221 mulheres e raparigas foram violadas ao longo de 36 horas pelas forças armadas sudanesas em Tabit, localidade no Darfur do Norte, denuncia a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) num relatório publicado esta quarta-feira. A violação em massa começou a 30 de Outubro de 2014, e dois militares, em separado, disseram à organização que os seus superiores lhes deram mesmo ordens para violar mulheres. Ao todo, a HRW tem documentados 27 casos de violação e obteve “informação credível” sobre outros 194 incidentes. “Imediatamente a seguir a entrarem, eles disseram: 'Mataste o nosso homem. Vamos mostrar-te o inferno'”, contou uma mulher com uns 40 anos, descrevendo o ataque a si própria e às suas três filhas, duas delas com menos de 11 anos. “Depois começaram a bater-nos. Violaram-me e às minhas três filhas. Uns seguravam na rapariga enquanto outro a violava. Fizeram isso a uma de cada vez. ”Em três operações militares, as forças armadas sudanesas “entraram em casas de pessoas e roubaram-nas, prenderam homens, bateram-lhes e violaram as mulheres e raparigas dentro das suas próprias casas”, relata a HRW. “Os soldados bateram nos mais novos e violaram as minhas [três] filhas mais velhas, [todas com menos de 15 anos]. Taparam a boca com roupa para que não se ouvisse elas a gritarem”, disse outra mulher. Esta contou que os soldados lhe bateram e arrastaram-na para fora de casa. Há ainda relatos de, em duas noites, os soldados terem forçado grupos de homens, a quem bateram e ameaçaram, a saírem para os subúrbios de Tabit, de forma a deixarem as mulheres e crianças sozinhas e vulneráveis aos ataques. Desde estes acontecimentos que os residentes têm vivido “numa prisão a céu aberto” com a sua liberdade de movimentos controlada pelos militares, disse um dos habitantes de Tabit à HRW. Segundo esta organização, o Governo impediu o acesso das Nações Unidas a Tabit e várias testemunhas disseram que foram ameaçadas de prisão e morte se falassem dos ataques. Há também denúncias de quem tivesse sido mesmo preso e torturado por falar. “Eles disseram que se eu falasse sobre o que tinha acontecido em Tabit estava acabado… Eles pontapearam-me. Agarraram-me e viraram-me de cabeça para baixo. Bateram-me com chicotes e fios eléctricos”, contou um homem que diz ter sido levado para uma prisão militar depois de o terem ouvido falar com um familiar. “O ataque a Tabit e a violação em massa de mulheres e raparigas representa uma nova escalada no catálogo de atrocidades no Darfur”, disse Daniel Bekele, o director para África da HRW. As primeiras notícias a denunciar estes casos foram dadas a 2 de Novembro por uma estação baseada na Holanda, a Radio Dabanga, especifica a HRW. As autoridades do Sudão rejeitaram as acusações e impediram o acesso a Tabit aos observadores internacionais. Mais tarde, a 9 de Novembro, a HRW diz que foi dado às forças da paz “um breve acesso” à localidade, mas que estas “foram impedidas de levar a cabo uma investigação credível”. Apesar das restrições de acesso ao local, em Novembro e Dezembro a HRW conseguiu falar por telefone com 50 residentes e antigos residentes, entrevistar membros do Governo, pessoas da missão humanitária das Nações Unidas/União Africana (UNAMID – formada em 2007 para proteger civis, entre outras coisas) e pessoal local que monitoriza os direitos humanos. Como sublinham, a violência sexual tem estado presente nos recentes ataques a civis em várias partes do Sudão, algo que a própria HRW denunciou em Novembro de 2014 – são ataques sobretudo perpetrados pela força militar criada recentemente pelo Governo, a Rapid Support Forces (RSF), contra “comunidades com ligações aparentes aos rebeldes do estado Nilo Azul”, dizem. É a partir deste estado no Sul do país que actuam os rebeldes da Frente Revolucionária Sudanesa, inimigos jurados do Presidente Omar al-Bashir. Os ataques do Governo a civis são constantes, acrescenta o relatório da HRW, lembrando que um painel de peritos das Nações Unidas denunciou que mais de três mil localidades foram incendiadas em 2014 no Darfur, na maioria em ataques liderados pelo Governo. Quase meio milhão de pessoas foi deslocado por causa de ataques em 2014, e 70 mil nas primeiras semanas de 2015, acrescentam ainda, citando dados da ONU. O Tribunal Penal Internacional (TPI) tem várias queixas pendentes contra Omar al-Bashir por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, lembra ainda. A HRW apela às Nações Unidas e à União Africana para tomar medidas urgentes de protecção aos residentes e fazer uma investigação.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Sete em cada 100 raparigas fumam, alerta OMS
O consumo de tabaco está a crescer entre as adolescentes, alertou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um estudo realizado em 151 países indica que sete em cada cem raparigas fumam, contra 12 por cento dos rapazes. (...)

Sete em cada 100 raparigas fumam, alerta OMS
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: O consumo de tabaco está a crescer entre as adolescentes, alertou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um estudo realizado em 151 países indica que sete em cada cem raparigas fumam, contra 12 por cento dos rapazes.
TEXTO: “É particularmente inquietante a crescente prevalência do consumo de tabaco entre as jovens”, afirma a OMS nas vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de Maio), que alerta este ano para as estratégias utilizadas pela indústria do tabaco, ao longo de várias décadas, no sentido de aumentar o consumo entre as mulheres. Segundo a OMS, em metade dos 151 países estudados, é quase aproximado o número de raparigas e rapazes que fumam tabaco. No entanto, na Bulgária, Chile, Colômbia, Croácia, República Checa, México, Nova Zelândia, Nigéria e Uruguai a percentagem de raparigas fumadoras já ultrapassa a dos rapazes. Adolescentes e mulheres jovens fumam mais em PortugalEm Portugal, segundo a Direcção-Geral da Saúde, o consumo de tabaco tem registado, nos últimos anos, um ligeiro decréscimo nos jovens e um aumento nas adolescentes e mulheres jovens. A iniciação do consumo tem lugar, habitualmente, na adolescência ou no início da idade adulta, após um período de aquisição de crenças e expectativas positivas relativamente ao tabaco. “Após um período de experimentação irregular, muitos jovens tornam-se dependentes da nicotina, passando a consumidores regulares”, adianta a DGS. O relatório ”Mulheres e Saúde”, divulgado pela OMS, indica que cerca de sete por cento das adolescentes fumam, contra 12 por cento dos rapazes da mesma idade. “Os dados sobre Portugal confirmam que as adolescentes estão a fumar cada vez mais. Se as famílias não tiverem consciência disso, se as escolas não trabalharem e os cuidados primários de saúde não colaborarem e se não houver um ambiente propício à informação positiva, vamos ter problemas como aconteceu noutros países”, alertou à Lusa o presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo. Para Luís Rebelo, esta situação deve-se ao facto de os “estímulos externos aos jovens serem mais poderosos que a informação banal e generalista que existe”. “Os namorados fumam e elas querem parecer iguais, nos grupos de amigos também se fuma muito e as jovens não querem ser rejeitadas e começam a fumar”, exemplificou à Lusa Luís Rebelo. Por outro lado, disse, há pais que também são “pouco presentes e dão mesadas exageradas aos filhos” e as discotecas e os bares também propiciam os jovens a fumar. Ivone Pascoal, da Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, considera “preocupante” a aumento do consumo entre as jovens, alertando que este hábito “não compromete só a saúde delas, mas das gerações futuras”. “Além do tabagismo, do prejuízo no feto, há a questão de os filhos de pais fumadores terem mais probabilidade de vir a ser fumadores”, salientou, acrescentando: “é uma espiral de consequências complicadas”. Ivone Pascoal defende que tem de haver “um ambiente propício a informar e apoiar as mulheres e os jovens a deixar de fumar”.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
Sida: Gel vaginal reduz risco de contágio nas mulheres
Um gel vaginal contendo uma pequena percentagem do anti-retroviral tenofovir pode reduzir em 54 por cento o risco de contaminação com o vírus da sida nas mulheres, revela um estudo divulgado em Viena, Áustria. (...)

Sida: Gel vaginal reduz risco de contágio nas mulheres
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um gel vaginal contendo uma pequena percentagem do anti-retroviral tenofovir pode reduzir em 54 por cento o risco de contaminação com o vírus da sida nas mulheres, revela um estudo divulgado em Viena, Áustria.
TEXTO: O estudo, iniciado em Fevereiro de 2007 por uma equipa de investigadores sul-africanos, pretende aferir a eficácia de um gel vaginal contendo um por cento de tenofovir enquanto método de prevenção de contágio com o VIH em mulheres com parceiros sexuais seropositivos. A pesquisa, divulgada no congresso internacional sobre sida que decorre em Viena até sexta-feira e publicada na revista Science, abrangeu 898 mulheres sul-africanas seronegativas entre os 18 e os 40 anos, tendo 445 experimentado o gel com tenofovir 12 horas antes da relação sexual. Os resultados revelaram que a incidência do VIH diminuiu em 54 por cento entre as mulheres que usaram escrupulosamente, durante um ano, o gel microbicida. Para os autores do estudo, este gel pode ser "importante na prevenção" da infecção com o vírus da sida, especialmente entre as mulheres com parceiros sexuais que se recusam a usar preservativos ou sejam poligâmicos. A médica Maria José Campos, da associação Abraço, sustentou que o gel microbicida pode ser um método de prevenção "eficaz", atendendo a que, pela primeira vez, foi testado com sucesso com um medicamento activo contra o VIH. Contudo, ressalvou, terão de ser feitos mais testes para se comprovarem os resultados, antes de ser feito o pedido de comercialização. As mulheres representam 60 por cento das pessoas contaminadas com o VIH em África, onde se registam 70 por cento dos casos de contágio contabilizados em todo o mundo. Notícia alterada às 14h53
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo sexual mulheres
Mulheres e homens violados ao serem expulsos de Angola para a República Democrática do Congo
Mais de 700 mulheres, homens e crianças foram violados nos últimos meses ao serem expulsos de Angola para a República Democrática do Congo (RDC), comunicaram ontem as Nações Unidas. (...)

Mulheres e homens violados ao serem expulsos de Angola para a República Democrática do Congo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais de 700 mulheres, homens e crianças foram violados nos últimos meses ao serem expulsos de Angola para a República Democrática do Congo (RDC), comunicaram ontem as Nações Unidas.
TEXTO: Uma mulher morreu no hospital devido aos ferimentos sofridos na altura da violação, segundo a organização não governamental italiana Comissão Internacional para o Desenvolvimento dos Povos (CISP), citada pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários, da ONU (OCHA). Cerca de 7. 000 pessoas chegaram nos últimos dois meses à RDC (ex-Zaire), depois de terem sido expulsas de Angola, que as acusava de entrada ilegal num país que hoje completa 35 anos de independência, proclamada em clima de guerra civil, que opunha o MPLA a outras duas formações políticas, a UNITA e a FNLA. Margot Wallström, representante especial do secretário-geral Ban Ki-moon para a violência sexual durante conflitos, pediu esta semana às autoridades angolanas e congolesas que investiguem as notícias das mulheres que, em grande número, têm sido violadas ao serem expulsas de um país que se considera em franca expansão económica mas que não as quer. “Espero que as autoridades de Angola e da RDC respeitem os direitos humanos e façam tudo o que estiver ao seu alcance para evitar os abusos de toda a espécie durante quaisquer outras expulsões que venham a ocorrer”, declarou a política e diplomata sueca, antiga comissária europeia das Relações Institutionais, que chegou a ser o primeiro dos cinco vice-presidentes da Comissão Barroso. Mesmo sem haver indícios claros de onde é que os abusos se verificaram e de quem é que os cometeu, Wallström considerou ser da maior importância que o assunto continue a ser devidamente investigado e os responsáveis apresentados à justiça pelas autoridades deaqueles países africanos. Já depois de ela ter falado, outras fontes, nomeadamente organizações não governamentais, vieram especificar não terem sido exclusivamente mulheres, mas também homens e crianças, as vítimas de abusos sexuais na altura da expulsão de Angola para províncias congolesas como o Kassai Ocidental e Bandudu, que ficam acima da região diamantífera das Lundas. Um grupo de inquérito constituído tanto por funcionários das Nações Unidas como das ONGs encontra-se de visita àquelas zonas da RDC, um dos dois países do mundo com o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDC), sendo o outro o Zimbabwe. “Estas acusações de abusos devem ser urgentemente esclarecidas”, afirmou a baronesa britânica Valerie Amos, subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários e coordenadora das ajudas de emergência a prestar pela organização. Já em Outubro do ano passado, Angola e a RDC tinham expulso dezenas de milhares de pessoas, nos dois sentidos; e muitas delas ficaram perdidas nas regiões fronteiriças, sem alimentação nem abrigo.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU ONGs
Sporting acusa Federação de Rugby de “comportamentos misóginos”
O organismo não atribuiu medalhas às campeãs nacionais femininas, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”. (...)

Sporting acusa Federação de Rugby de “comportamentos misóginos”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O organismo não atribuiu medalhas às campeãs nacionais femininas, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”.
TEXTO: O Sporting apresentou uma queixa ao Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) e à Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) contra a Federação Portuguesa de Rugby (FPR) depois de, no passado sábado, o organismo ter atribuído medalhas apenas aos campeões nacionais na variante masculina, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”. A queixa foi enviada por email ao início da tarde de ontem e a posição do Sporting é clara: o clube “leonino”, que no passado sábado se sagrou tricampeão nacional de râguebi feminino, quer que o IPDJ e a CIG sejam “exigentes” e não se fiquem “apenas por recomendações”, depois de a FPR ter tido um “comportamento misógino” que deve ser “erradicado do desporto português”. No email a que o PÚBLICO teve acesso, os “leões” recordam que a “Constituição é clara” ao referir que “ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual” e que, “embora, o regime jurídico das federações desportivas não preveja a suspensão por incumprimento ao nível da igualdade de género”, o “estatuto de utilidade pública desportiva pode ser suspenso por despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área do desporto” no caso do “não cumprimento da legislação contra a dopagem no desporto, bem como da relativa ao combate à violência, à corrupção, ao racismo e à xenofobia. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em declarações ao PÚBLICO, Rafael Lucas Pereira, responsável pela secção de râguebi do Sporting, acrescentou que a “denúncia é em nome de todas as mulheres e raparigas portuguesas que praticam desporto. Este comportamento é inaceitável nos tempos que correm. Aguardo com expectativa a opinião sobre este assunto dos patrocinadores da federação”. Do lado da FPR, João Pereira de Faria lembrou que direcção actual foi eleita “há muito pouco tempo” e que “uma das situações” com que se deparou “foi com a não atribuição de medalhas no único escalão competitivo feminino”. “A situação até é caricata, porque estávamos a preparar a atribuição das medalhas às equipas, convidando-as para estar nos [torneios de] sevens do Algarve ou de Lisboa. Entrámos agora e estamos a assumir uma série de coisas que já se estavam a desenrolar. A comissão de gestão tinha dado indicações para não serem feitas as atribuições das medalhas invocando razões que não interessam agora. Não nos revemos nisso”, afirmou o vice-presidente federativo, que tomou posse a 11 de Abril. Contactada pelo PÚBLICO, a CIG confirmou que a queixa deu entrada nos serviços e que a mesma será objecto de análise pela divisão jurídica. “Só após o apuramento de toda a informação, a CIG estará em condições de se pronunciar”, acrescentou uma fonte.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência mulher racismo social sexo igualdade género sexual mulheres raça xenofobia
Objectivos do Milénio em exame: derrotas e conquistas
Muito foi conseguido, muito ficou por cumprir dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, aprovados em Setembro de 2000. Eram oito, inspirados em diversos acordos internacionais alcançados ao longo dos anos 90. Àqueles compromissos corresponderam 22 metas, com 48 indicadores quantitativos e prazos precisos. Sobram críticas sobre diversos aspectos, incluindo sobre a qualidade do processo. Fátima Proença, da Associação para a Cooperação entre os Povos, dá o exemplo das vacinas. “Num momento, diz-se: 'As crianças estão todas vacinadas. ' Como? Há trabalho de continuidade ou foi uma campanha internacional?”Apesar d... (etc.)

Objectivos do Milénio em exame: derrotas e conquistas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 11 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: Muito foi conseguido, muito ficou por cumprir dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, aprovados em Setembro de 2000. Eram oito, inspirados em diversos acordos internacionais alcançados ao longo dos anos 90. Àqueles compromissos corresponderam 22 metas, com 48 indicadores quantitativos e prazos precisos. Sobram críticas sobre diversos aspectos, incluindo sobre a qualidade do processo. Fátima Proença, da Associação para a Cooperação entre os Povos, dá o exemplo das vacinas. “Num momento, diz-se: 'As crianças estão todas vacinadas. ' Como? Há trabalho de continuidade ou foi uma campanha internacional?”Apesar de tudo, Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), está convencido de que os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio “fizeram uma enorme diferença”. Di-lo no arranque do relatório que serve de balanço dos compromissos assumidos por 191 países, que abaixo se cita. Menos pobreza extremaCaiu para metade a pobreza mais extrema desde 1990. Nesse ano, quase metade da população das regiões em vias de desenvolvimento vivia com 1, 25 dólares por dia. Em 2010, 22%. A maior parte dessas 1, 2 mil milhões de pessoas morava no Sul da Ásia ou na África Subsariana. A Índia acolhia um terço. Nessa lista, seguiam-se a China (13%), a Nigéria (9%), o Bangladesh (5%) e a República Democrática do Congo (5%). O panorama ainda é intolerável. A fome crónica diminuiu, mas continua a afectar uma em cada oito pessoas no Mundo. E em 2013 o planeta atingiu um máximo histórico de 51 milhões de pessoas deslocadas, por força dos conflitos armados, com destaque para a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, o Mali, a Síria, a fronteira entre Sudão do Sul e Sudão. Educação primária mais universalApregoam-se progressos: os países em desenvolvimento na Ásia Oriental, no Sudoeste Asiático, no Cáucaso e na Ásia Central, na América Latina e nas Caraíbas aproximaram-se da educação primária universal. A taxa de matrícula líquida ajustada passou de 83 para 90% entre 2000 e 2012. Metade das crianças privadas de ensino primário vive em zonas de conflito. A África Subsariana concentra 44% delas. Igualdade de género mais efectivaA desigualdade de género aumenta à medida que se sobe de nível de ensino. Os rácios de matrícula de raparigas já não são tão distintos dos rácios de matrículas de rapazes no ensino primário, mas ainda são bem inferiores no ensino superior na África Subsariana e no Sul da Ásia. Persiste a disparidade no mercado de trabalho, embora tenha diminuído ao longo dos anos. Além de ganharem menos, as mulheres têm menos probabilidades de emprego. Temos mais hipóteses de as encontrar a trabalhar a tempo parcial ou numa situação de subemprego. “As diferenças são particularmente notáveis no Norte de África e no Sul da Ásia”, lê-se no relatório. Apesar de continuarem a assumir o grosso das tarefas relacionadas com a família e a casa, o que coloca problemas de conciliação com outras esferas da vida, é cada vez maior a participação política das mulheres. Em Janeiro de 2014, preenchiam 21, 8% dos lugares parlamentares. Em 46 países representavam mais de 30%. Havia, porém, cinco países sem qualquer mulher no parlamento. Baixou a mortalidade infantilA taxa de mortalidade dos menores de cinco anos está a descer mais depressa do que antes. Caiu 1, 2% entre 1990 e 1995 e 3, 9% entre 2005 e 2012. Menos seis milhões de crianças morreram em 2012, em comparação com 1990. Mas a Oceânia, a África Subsariana, o Cáucaso, a Ásia Central e o Sul da Ásia não conseguiram reduzir em dois terços a taxa de 1990, como tinha sido acordado. Morrem, amiúde, de males curáveis. A maior parte das mortes foi provocada por doenças infecciosas, com destaque para a pneumonia, a diarreia e a malária. A mais elevada taxa do mundo é a da África Subsariana – “16 vezes a média das regiões desenvolvidas”. Uma em cada dez crianças ali nascidas não chegava a completar cinco anos em 2012. Serviço de saúde reprodutiva longe de ser universalOs factos são crus: “Quase 300 mil mulheres morreram em todo o mundo em 2013 por causas relacionadas com gravidez e parto”; “a proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde qualificado aumentou de 56 para 68% entre 1990 e 2012”, mas em 2012 ainda houve 40 milhões de nascimentos sem assistência. A maior parte das grávidas têm apenas uma consulta. Não chega. Para garantir o bem-estar da mulher e da criança, a Organização Mundial de Saúde recomenda um mínimo de quatro. Em 2012, só 52% das grávidas tiveram quatro ou mais consultas de cuidados pré-natal. O problema perdura, em particular, no Sul da Ásia e na África Subsariana.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU