Zeinal Bava quer deixar liderança da PT Portugal e concentrar-se na PT/Oi
Novo presidente executivo do negócio de telecomunicações em Portugal será Armando Almeida, ex-Nokia Siemens. (...)

Zeinal Bava quer deixar liderança da PT Portugal e concentrar-se na PT/Oi
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2014-08-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Novo presidente executivo do negócio de telecomunicações em Portugal será Armando Almeida, ex-Nokia Siemens.
TEXTO: O presidente executivo da Oi, Zeinal Bava, propôs ao conselho de administração do grupo brasileiro uma reorganização da gestão executiva da PT Portugal que passará pela sua saída do cargo de presidente executivo desta sub-holding, de modo a desligar-se do dia-a-dia do negócio em Portugal e dedicar-se em exclusivo à nova PT/Oi, que deve ser gerida “como uma multinacional”. É na PT Portugal que se concentram os negócios de telecomunicações da PT no mercado português, que entretanto já foram transferidos para a Oi, por via de um aumento de capital. Os activos de telecomunicações no mercado africano (como a participação na angolana Unitel) também já passaram para a Oi, mas são acompanhados directamente pelo conselho de administração da Oi, apurou o PÚBLICO. A mudança na gestão executiva da PT Portugal passará ainda pela saída do actual administrador financeiro, Bayard Gontijo (também administrador financeiro da Oi), que substituiu Luís Pacheco de Melo quando este deixou as funções executivas, na sequência da crise provocada pela aplicação de 900 milhões de euros em dívida da Rioforte, que entretanto pediu a insolvência. O antigo vice-presidente para a Europa e África da Nokia Siemens Networks, Armando Almeida, será o substituto de Zeinal Bava e, para o lugar de Gontijo, entrará Marco Schroeder, que será ainda acompanhado por outros dois directores da área financeira da Oi, Eduardo Michalski e Flávio Nicolay. Estes três administradores brasileiros passarão a encabeçar as áreas financeira e de compras da PT Portugal, com reporte directo a Bayard Gontijo. Em declarações à Reuters, Zeinal Bava explicou que esta reorganização dos pelouros financeiros visa uma “harmonização dos processos” entre a PT Portugal e a Oi. Já a área operacional, onde se mantêm Manuel Rosa da Silva, Carlos Alves Duarte, Pedro Leitão (que também são administradores executivos da PT SGPS) e Nuno Cetra, reportará directamente a Zeinal Bava, que sobre Armando Almeida diz tratar-se de um profissional "com larga experiência na área tecnológica, em várias geografias e com grande capacidade de liderança de equipas". Esta proposta de reorganização antecipa o processo de unificação das empresas, que estava previsto que acontecesse após a fusão, em Outubro, e "visa colocar o foco da equipa no turnaround da Oi” e na “cristalização das sinergias operacionais e financeiras da integração” das duas empresas (que estão estimadas em 5500 milhões de reais), de acordo com as declarações de Bava à Reuters. O reforço da flexibilidade financeira da companhia e a concretização da fusão e adesão ao Novo Mercado são outras razões apontadas para a mudança. Bava disse ainda que o novo grupo de telecomunicações "terá de ser gerido como uma verdadeira multinacional que tem projectos desafiantes no futuro e a ambição de se afirmar como uma referência sectorial".
REFERÊNCIAS:
Entidades OI
O magnífico travestismo rock de Marc Ribot no Jazz em Agosto
Dois impressionantes concertos do trio de Marc Ribot e do duo Matthew Shipp & Evan Parker abrem da melhor forma a 31.ª edição do Jazz em Agosto na Fundação Calouste Gulbenkian. (...)

O magnífico travestismo rock de Marc Ribot no Jazz em Agosto
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 1.0
DATA: 2014-08-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Dois impressionantes concertos do trio de Marc Ribot e do duo Matthew Shipp & Evan Parker abrem da melhor forma a 31.ª edição do Jazz em Agosto na Fundação Calouste Gulbenkian.
TEXTO: Precisamente há um ano, a bordo da comitiva trazida por John Zorn para uma histórica dose tripla no Jazz em Agosto, Marc Ribot seria um dos principais municiadores de momentos de génio acontecidos aos comandos do saxofonista. Quando as restantes peças do dominó se moviam então numa queda em cadeia, a sua guitarra era muitas vezes uma sublime linha de fuga, abrindo caminhos por entre a miríade de linguagens mais ou menos radicais ditadas por um Zorn dividido entre o saxofone e o papel de maestro. Este domingo, apresentando-se com o seu trio Ceramic Dog, Ribot assinou uma experiência não menos intensa. Mas dentro de um universo marcadamente rock. Só que um rock, digamos, deformado a rigor. Essa deformação é evidente em palco, mais do que em disco. Partindo de padrões de guitarra com ADN que dispensa análises laboratoriais para se atribuir ao universo rock, via blues, a associação a Shahzad Ismaily e Ches Smith não poderia ser mais adequada. Enquanto Smith constrói muralhas na bateria que sustentam todo e qualquer desvario de Ribot, Ismaily é a peça volante que tudo permite: ora assegura as linhas mestras numa circularidade perfeita no baixo, ora surpreende pelos motivos melódicos que oferece para que a guitarra entre em diálogos menos ácidos, ora se vira para o teclado Moog em busca de melodias picarescas, ora se serve de um pequeno kit de bateria para estimular pequenos sobressaltos rítmicos que tornam a música dos Ceramic Dog uma matéria incandescente. A prova do carácter inspirado e único de Ribot está precisamente na edificação de uma música cheia de nervo a partir de uma colecção de riffs de guitarra que assumem a filiação no rock sem reclamar novidade. E não o faz, igualmente, a partir de um ângulo irónico ou caricatural. Mas a sua natural propensão para a falta de ortodoxia traz um repetido atropelo desses padrões, por mais rock que Ribot queira ser, autorizado por um balanço arrevesado de funk, por memórias difusas da música africana, por deflagrações punk (magnificamente arábicas em Masters of the Internet), tudo isto resultando em magníficas manobras evasivas em relação à normalidade. Ao ver Ribot em palco, é fácil perceber o fascínio gerado em Elvis Costello, Alain Bashung ou Tom Waits, fundamental nessa acção de permitir que a canção clássica assim pode continuar a sê-lo sem cair na mera repetição. E ele próprio, em oposição ao divertimento sobre a vida downtown nova-iorquina nos anos 1980 de Girlfriend em canção de guitarra sacudida, assume esse classicismo cançonetista numa versão de Serge Gainsbourg, La Noyeé, que o coloca ao lado de Mark Linkous no lado de uma fragilidade tocante. Só que todo este exercício rock é, na verdade, um espectáculo de travestismo, em que Ribot joga com as certezas e as ilusões. O frémito permanente do concerto de Marc Ribot é de tal ordem que a atenção nunca se perde, assim como o potencial de revelação do que acontece em palco, fazendo da guitarra um instrumento sem limites e em que não é preciso desmontar o seu papel para esbugalhar os olhos de quem ouve – tudo o que é inacreditável nas suas mãos, é porque Ribot faz da guitarra um brinquedo. Uma aparente ligeireza que permite também provocações correspondentes nos seus companheiros de palco, como o accionamento de uma sequenciação rítmica que é disparada simplesmente para matar o tema passados dez segundos. Este frémito não esteve presente no outro concerto liderado por um guitarrista (a aposta desta edição do Jazz em Agosto) e que se afastou igualmente da matriz vanguardista habitual do festival nestes primeiros dias. James “Blood” Ulmer e a sua trupe, com particular relevo para o segundo guitarrista Vernon Reid (conhecido do grupo funk-metal Living Colour, cujo pico de popularidade se deu na década de 1990), só de relance evocou seu o passado entrincheirado entre Jimi Hendrix e Bobby Womack (dos tempos do colossal There’s a Riot Going On, com Sly Stone). O que quer dizer que a passagem do histórico guitarrista adorado por Ornette Coleman se fez pelo lado dos blues mais convencionais, um passo à frente de John Lee Hooker. Ou seja, aquilo que lhe ouvimos foi uma eficaz demonstração clássica de blues eléctricos – ligeiramente corrompida aqui e ali, em solos ou temas excepcionalmente mais incendiários –, descarnada, no entanto, dos elementos funk, free ou psicadélicos que ajudaram a fazer de Black Rock (1982) um disco obrigatório. Em linha, portanto, com o mergulho acentuado que Ulmer tem descrito nas duas últimas décadas, aproximando-se das raízes e dispensando tudo o que sejam movimentos expansivos. Aclamado perante um anfiteatro ao ar livre esgotado, talvez o guitarrista não tivesse perdido em levar mais à letra temas como The Blues Had a Baby and Called it Rock’n’Roll. Sem guitarrasNa notável excepção ao domínio da guitarra nesta edição do Jazz em Agosto, Matthew Shipp e Evan Parker, dois músicos com uma longa e profícua relação com o festival da Gulbenkian, facilmente provaram que a sua presença jamais será redundante. Ultrapassados os minutos iniciais em que era óbvia a procura por um encaixe entre o piano de Shipp e o saxofone de Parker, aquilo que se seguiu foi uma sessão de marcar a brasa na memória. A riqueza discursiva de Shipp, cujas mãos parecem estar sistematicamente a roubar sons ao piano, é algo de estarrecedor: tanto assegurando uma forte toada rítmica, percussiva, exigindo a Parker travões nas suas torrenciais e inebriantes sequências (em que o saxofone parece fixar um arpejo inicial e em seguida entrar num modo de remoinho que vai sugando novas frases para o interior sem largar o motivo base), como metamorfoseando-se no espaço de segundos, saltando de resquícios de Beethoven a trote para lirismos que, sem darmos conta, descambam em picos de tensão. E, de facto, toda a abordagem ao piano de Shipp, ainda que fragmentária na linha da descendência de Cecil Taylor, parece uma sessão de prestidigitação: a constante transformação da linguagem utilizada parece um fio contínuo que liga pontos inconciliáveis sem que disso resulte um espectáculo artificioso. A gestão de dinâmicas cabe-lhe por inteiro, mas a forma como Parker responde a estas guinadas sucessivas sem falhar a integração de cada uma num sopro que, na verdade, parece impassível é coisa de espanto. Nos próximos dias, o Jazz em Agosto entrega-se por completo ao reino das guitarras.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Mulher detida a bordo de avião com destino a Lisboa
Passageiros queixaram-se de linguagem e comportamento de mulher, que foi forçada a sair do avião da US Airways. (...)

Mulher detida a bordo de avião com destino a Lisboa
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passageiros queixaram-se de linguagem e comportamento de mulher, que foi forçada a sair do avião da US Airways.
TEXTO: Uma mulher foi detida a bordo de um avião que fazia a ligação entre Filadélfia, nos Estados Unidos, e Lisboa, depois de alguns passageiros se terem queixado da sua linguagem e comportamento. Um dos passageiros filmou a detenção e o vídeo tornou-se viral na Internet. No vídeo filmado por Mike Irving e publicado na segunda-feira na sua página no YouTube, quando já estava em Lisboa, não são visíveis os momentos anteriores à detenção a bordo do voo 738 da US Airways. Mas, segundo conta o passageiro norte-americano, o voo já tinha 45 minutos de atraso em relação à hora de partida, quando a mulher começou a gritar que o avião não ia para o Brasil mas para Portugal, após ouvir as assistentes de bordo a falar em português. Os gritos foram acompanhados por palavrões e terá sido nessa altura que alguns dos passageiros se terão queixado do comportamento da mulher, argumentando que iam crianças a bordo. Não se sabe o que motivou a mulher, cuja identidade não é conhecida, a manifestar-se daquela forma. “Pouco depois há um agente de polícia ao meu lado no meu banco [onde estou a filmar] e a mulher começa a levantar a voz cada vez mais, enquanto uma assistente de bordo diz para ela se acalmar”, escreve Mike Irving no YouTube. Em seguida é iniciada uma troca acesa de palavras entre a passageira e a polícia, que acaba por algemá-la e forçar a sua saída do avião. Ainda a gritar, a mulher acusa as autoridades de “perseguição” e “racismo”. Das janelas do avião, os passageiros viram a mulher a ser levada num carro da polícia. “Ficámos atrasados por mais uma hora, coloquei-o [vídeo ] no [fórum] Reddit sem esperar nada vindo dele, e agora tornou-se viral”, comenta o norte-americano. Desde a sua publicação no YouTube, o vídeo já teve perto de 400 mil visualizações e cerca de 400 comentários.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulher racismo perseguição
Trabalhadores dos aeroportos preocupados com ébola e sem formação para lidar com doentes
Funcionários dizem não ter orientações para lidar com infectados.TAP alega que formação não é por agora necessária. Direcção-Geral de Saúde que acreditava que aeroportos estavam a dar instruções aos trabalhadores. (...)

Trabalhadores dos aeroportos preocupados com ébola e sem formação para lidar com doentes
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-16 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140816170320/http://www.publico.pt/1666627
SUMÁRIO: Funcionários dizem não ter orientações para lidar com infectados.TAP alega que formação não é por agora necessária. Direcção-Geral de Saúde que acreditava que aeroportos estavam a dar instruções aos trabalhadores.
TEXTO: Os trabalhadores dos aeroportos estão preocupados, dizem os seus representantes sindicais. Não têm formação para lidar com passageiros infectados com o vírus do ébola e a Direcção-Geral de Saúde (DGS) garante que não a irá ministrar se não for chamada a fazê-lo. “Não nos compete dar formação a esses trabalhadores. Os aeroportos têm gabinetes e sistemas próprios de saúde para esse efeito. Só o iremos fazer se pedirem a nossa colaboração”, diz a subdirectora-geral de Saúde, Graça Freitas. A mesma responsável mostra-se surpreendida por estes funcionários não receberem formação quando “existem briefings periódicos da DGS com as estruturas aeroportuárias responsáveis pela sua formação”. Para Graça Freitas, “os últimos dados davam conta de que tinham”. Aliás, o ministro da Saúde Paulo Macedo garantiu quinta-feira, num simulacro no aeródromo municipal de Cascais que visava testar a capacidade de resposta a situações em que fosse detectado um infectado com o vírus, que Portugal está preparado para lidar com este tipo de problemas. O certo é que o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) sublinha a preocupação dos milhares de trabalhadores do sector, especialmente nas áreas de acolhimento de voos provenientes de países mais expostos ao vírus. O ébola já fez 1145 mortos na África Ocidental em 2127 casos identificados, segundo as mais recentes informações da Organização Mundial de Saúde. O surto da doença surgiu no início de Março na Guiné Conacri. A doença continua a alastrar e esta sexta-feira foi anunciada a morte na Nigéria de uma das enfermeiras que esteve em contacto com a primeira vítima de ébola naquele país africano, um norte-americano proveniente da Libéria. “Desconhecemos se a bordo desses aviões há realmente precauções que tenham sido tomadas. Os passageiros circulam depois nos aeroportos sem que o pessoal de terra saiba minimamente como lidar com essas situações, nem precaver-se delas”, escreveu o Sitava numa carta dirigida ao presidente do Instituto Nacional de Aviação Civil, citada pela agência Lusa. No documento, enviado com conhecimento do Ministério da Saúde e da DGS, os trabalhadores alertam ainda para a ausência "quase total" de protecção dos trabalhadores. A DGS garantiu recentemente, contudo, que os funcionários do embarque e desembarque fazem o “controlo” dos passageiros e “accionam o protocolo” se detectarem sinais da doença. Já a TAP diz que não deu nem prevê por ora vir a dar formação aos seus funcionários e remete para a DGS. “A DGS é que autoridade nesse ponto. São milhares de trabalhadores e não há qualquer necessidade. Nós não voamos de e para os destinos de risco. Existe informação nos aeroportos sobre o vírus ”, refere o porta-voz da companhia, António Monteiro. No terreno, contudo, os trabalhadores dizem que a realidade é outra. Armando Costa, do Sitava, assegura não existirem orientações. A companhia aérea portuguesa admite vir a dar “acções de formação” através dos seus “serviços de saúde próprios” se a situação se alterar e “justificar”. “Percebemos que é possível avaliar um sintoma a uma distância curta, mas é importante que os trabalhadores tenham informação sobre os perigos que correm e como agir”, acrescenta o sindicalista. Para a DGS não parecem existir razões para alarmismo. “Quem está doente não tem condições para voar e quem está sem sintomas não transmite a doença”, aponta Graça Freitas. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar o Instituto Nacional de Aviação Civil e a ANA – Aeroportos de Portugal.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Morte de jovem negro por polícia expõe desigualdades raciais no Missouri
Polícia da cidade de Ferguson acusada de discriminação sistemática e de comportamento violento. (...)

Morte de jovem negro por polícia expõe desigualdades raciais no Missouri
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2014-08-16 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140816170320/http://www.publico.pt/1666430
SUMÁRIO: Polícia da cidade de Ferguson acusada de discriminação sistemática e de comportamento violento.
TEXTO: A morte de um jovem negro por um polícia em Ferguson, no estado do Missouri, pode ter sido a chama que pegou fogo a um rastilho de tensão que expôs o desequilíbrio entre as forças policiais, esmagadoramente brancas, e a população, de maioria negra. Enquanto a cidade viveu um quarto dia de protestos marcados por violência e uso de gás lacrimogéneo, o desequilíbrio racial entre a população e a polícia era cada vez mais apontado. Os negros são 67% da população de Ferguson e 94% dos polícias são brancos. Isso reflecte-se no tratamento de uns pelos outros: a polícia de Ferguson pára no trânsito duas vezes mais afro-americanos do que brancos, por exemplo. Até há um nome para isso: “Toda a gente nesta cidade já foi vítima de DWB [Driving While Black, conduzir sendo negro]”, disse Anthony Ross, 26 anos, ao Washington Post. “É muito hostil. ”Questionado sobre as disparidades numa conferência de imprensa, o chefe da polícia de Fergunson, Thomas Jackson, reconheceu que há “uma comunidade que está antagonizada connosco”. Mas disse que tem mantido “uma luta constante” para aumentar a diversidade na força policial, apontando a promoção de oficiais afro-americanos. Até há 20 anos, a cidade de Ferguson era predominantemente branca mas o declínio económico levou os brancos mais ricos para os subúrbios (22% dos habitantes do Missouri vivem abaixo da linha de pobreza). Mas nos cargos importantes e nas posições de poder, estes continuam a grande maioria. O presidente da câmara e quatro dos cinco membros do executivo com perfis no site da Câmara são brancos, nota o diário britânico The Guardian. Os juízes são brancos, os procuradores são brancos. “Numa sessão do tribunal de tráfego, há um juiz branco, um procurador branco, e uma fila de negros à espera de pagar as multas”, conta Patricia Bynes, democrata (e negra) da Assembleia Municipal. “Isto fomenta o ressentimento. ”Nas ruas, há quem diga que a morte de Brown e a onda de protestos podem levar a uma mudança. “Podemos usar isto como uma oportunidade”, dizia um dos manifestantes, Charles Jolley, ao Guardian. “Podemos tomar as rédeas da nossa comunidade. Isto é uma guerra, e nós somos soldados na linha da frente. ”Força excessiva?A ira dos manifestantes está a crescer também porque as autoridades se têm recusado a dar algumas informações sobre o caso da morte de Michael Brown, um jovem de 18 anos que estava desarmado no momento em que recebeu os disparos do polícia. Não revelaram o nome do agente que disparou, dizendo que as vantagens trazidas pela revelação seriam menores do que o perigo para a segurança do polícia. O agente está suspenso e o caso a ser investigado pela polícia federal. Também não foi ainda revelado com quantos tiros foi Brown atingido. A rádio NPR dizia que os protestos de quarta-feira começaram pacíficos com o slogan que se tornou habitual – “No justice, no peace” – e que escalaram depois da chegada de três blindados da polícia. A multidão começou a ficar inquieta, e voaram cocktails Molotov de um lado, gás lacrimogéneo do outro. Relatos da detenção de dois jornalistas vieram sublinhar a actuação musculada – ou exagerada – da polícia. Wesley Lowery, do Washington Post, e Ryan Reilly, do Huffington Post, estavam a trabalhar num McDonalds quando a polícia entrou e mandou as pessoas sair. Os dois começaram a gravar o que estava a acontecer e, tendo demorado tempo demais a arrumar as coisas, foram detidos por agentes de capacete e coletes à prova de bala – um polícia empurrou Lowery contra uma máquina de bebidas, outro pegou na cabeça de Reilly e lançou-a contra a vitrina. Foram acusados de resistir à prisão, algemados, e levados para uma cela. Pouco depois de um jornalista do Los Angeles Times ter telefonado a pedir um comentário ao chefe da polícia, foram libertados. A prisão dos dois repórteres tem, para além da agressão, um catálogo de irregularidades: os jornalistas receberam ordens ilegais (para pararem de filmar), foram acusados de resistir à detenção ao demorar um pouco, não tiveram direito a relatório nem a informação sobre os agentes que os detiveram. "Foi assustador embora soubesse que ia ficar tudo bem", disse Lowery. “Mas há muita gente aqui em Ferguson que não tem tantos seguidores no Twitter como eu e não tem ninguém que ligue à polícia e os tire da prisão. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra violência tribunal prisão negro comunidade pobreza negra
Já mais de 1200 pessoas morreram com ébola
Há um milhão de pessoas em quarentena em vários locais da África Ocidental, que a OMS tem de conseguir alimentar. (...)

Já mais de 1200 pessoas morreram com ébola
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2014-08-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há um milhão de pessoas em quarentena em vários locais da África Ocidental, que a OMS tem de conseguir alimentar.
TEXTO: Há já 1229 mortos devido ao surto de ébola na África Ocidental, e o número de pessoas infectadas conhecidas é de 2240, o que confirma a mortalidade de cerca de 50%, segundo o mais recente balanço feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas há cerca de um milhão de pessoas de quarentena na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa que é preciso alimentar. A OMS diz estar a trabalhar com o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas para canalizar alimentos para todas estas pessoas, que vivem em aldeias que foram fechadas para tentar conter o vírus – um método que poderá parecer primitivo mas é o mais eficaz para conter uma infecção para a qual não existe outro tratamento disponível. “Garantir o fornecimento regular de alimentos é um argumento poderoso para limitar os movimentos da população”, explica a OMS em comunicado. As áreas de quarentena incluem cidades seriamente afectadas como Gueckedou na Guiné-Conacri, Kenema e Kailahun na Serra Leoa e Foya na Libéria. A Nigéria, o país mais populoso de África, parece estar a conseguir conter o surto, mas a Serra Leoa e a Libéria estão a ter grandes dificuldades. Foi na Libéria, aliás, que houve mais mortes entre 14 e 16 de Agosto – 53 mortos e 48 novos casos (num total de 834 casos e 466 mortos). Os 17 suspeitos de estarem infectados com vírus ébola que fugiram de um centro de quarentena em Monróvia, a capital liberiana, no fim-de-semana, foram entretanto encontrados nesta terça-feira, depois de as autoridades os terem dado como desaparecidos na segunda-feira. As autoridades não indicaram, no entanto, o local em que estavam. O governo tencionava pôr de quarentena uma comunidade de 75 mil pessoas, por ser o local para onde supunha que estas pessoas teriam fugido.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
O que está a acontecer no Missouri?
Confrontos, disparos, cocktails Molotov. Um cenário de guerra numa cidade pacata. (...)

O que está a acontecer no Missouri?
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-19 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140819170306/http://www.publico.pt/1666870
SUMÁRIO: Confrontos, disparos, cocktails Molotov. Um cenário de guerra numa cidade pacata.
TEXTO: Michael Brown, 18 anos, e o seu amigo Dorian Johnson estavam há uma semana a andar no meio da rua, na pacata cidade de Ferguson, distinguida como “Playful City USA”, por as crianças poderem brincar na rua em segurança. Quando os dois jovens afro-americanos caminhavam no meio da rua, foram abordados um polícia, Darren Wilson, que terá pedido a ambos, não se sabe em que termos (e aqui começam as versões contraditórias), para saírem da estrada e irem para o passeio. A partir daqui, a polícia conta uma versão (que Michael Brown tentou tirar a arma ao agente) e Dorian Johnson, a família de Brown e algumas testemunhas contam outra (que ele estava desarmado e que se rendeu ao polícia). Nas duas versões, a história termina da mesma forma: Michael Brown é baleado por pelo menos seis disparos, dois dos quais na cabeça. O atraso em libertar informação sobre o caso, o facto de já estar prevista uma terceira autópsia ao corpo de Brown, ou o facto de o governador já ter chamado reservistas da Guarda Nacional sem o conhecimento da Casa Branca mostram que as autoridades estão a ter alguns problemas em enfrentar uma situação explosiva e que está longe de estar controlada. Até Ban Ki-moon já se pronunciou sobre o caso. Por detrás dos confrontos está uma cidade segregada racialmente e onde, apesar de 70% dos habitantes serem negros, quase todos os cargos de responsabilidade municipais estão nas mãos de uma minoria branca. Mesmo entre os 58 que integram a força policial local, apenas três são negros. E à medida que os dias passam, os manifestantes já não se limitam a queixar-se da morte de Michael Brown. O que está a acontecer no Missouri é o explodir de uma parte da América onde o racismo e a segregação continuam a ser tolerados.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte racismo minoria corpo
Reportagem: "O meu partido é São Vicente"
A capital cultural de Cabo Verde, a cosmopolita Mindelo, parece viver entre as queixas de abandono pelo poder central e a nostalgia dos tempos de glória. Já há quem fale em regionalização. (...)

Reportagem: "O meu partido é São Vicente"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.25
DATA: 2011-02-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A capital cultural de Cabo Verde, a cosmopolita Mindelo, parece viver entre as queixas de abandono pelo poder central e a nostalgia dos tempos de glória. Já há quem fale em regionalização.
TEXTO: Flávio, que para quem ouve a Rádio Morabeza é antes "Pittbull", o "catchor mas uvid no Mindel", como, em crioulo, se apresenta há mais de oito anos aos microfones da pequena estação privada, diz que não tem opção partidária. "O meu partido é São Vicente, o líder do meu partido é o monte Cara. "Mas essa afirmação de amor à ilha - e à montanha de origem vulcânica a que a erosão deu uma forma que lembra um rosto humano a olhar o céu - não afasta "o cachorro mais ouvido do Mindelo" da ideia, presente em muitas conversas, de que São Vicente é relegada para segundo plano nas opções do Governo, instalado na Praia, em Santiago. "Sei que se estivesse em Santiago a minha vida seria totalmente diferente, acho que há mais oportunidades porque o mercado é muito maior e porque em termos culturais, comparativamente a São Vicente, faz-se muito pouco", afirma Flávio Fernandes, de 32 anos, homem de sete ofícios (na foto em baixo). Animador e realizador de rádio, na condição de "Pittbull", Flávio é também angariador e redactor de publicidade, manager de um grupo hip-hop e voluntário no Centro de Juventude de São Vicente, onde organizou um grupo de declamadores de poesia, outra paixão que cultiva. E está entre os que pensam que "foi feito muito pouco" por São Vicente. "Mesmo as pessoas do PAI que não são fanáticas têm a ideia de que o Governo não fez grandes coisas", afirma. PAI é, está bom de ver, o diminutivo para PAICV, o histórico Partido Africano da Independência de Cabo Verde, no poder. O adiamento do Cesaria Resort, um projecto turístico de investidores do Dubai para a praia de Palha Carga e Calheta Grande, e os atrasos no arranque do previsto porto de águas profundas e do entreposto frigorífico do Porto Grande - empreendimentos que criariam emprego e dariam outra competitividade à ilha - são argumentos dos que defendem que São Vicente está a ficar para trás. "Se tivesse tido investimentos, hoje estaria no top. Não há investimentos, o comércio está fraco, a população está sem trabalho", desabafa um comerciante local. Mas o peso da história e uma certa nostalgia da influência perdida parecem marcar também o Mindelo de hoje. A cidade tem ainda presente a memória de finais do século XIX, quando se desenvolveu e ganhou a marca cosmopolita e cultural que a define. Foram os tempos de glória do seu porto - demandado por navios que a escalavam para se reabastecerem de carvão antes de continuarem a sulcar o Atlântico - e de um decreto que chegou a determinar a nunca concretizada mudança da capital da Praia para o Mindelo. Uma das vozes do descontentamento pela perda de importância, e de reivindicação de mais atenção a São Vicente é, no plano político, a de Onésimo Silveira, ex-presidente da Câmara de São Vicente e antigo embaixador em Lisboa. "Este tipo de República da Praia, que nos está a colonizar em banho-maria, não vai dar bom resultado", disse já na actual campanha eleitoral o agora cabeça-de-lista do PTS, Partido do Trabalho e da Solidariedade, uma das pequenas forças concorrentes às eleições do próximo domingo. Eternamente insatisfeitaO partido, que na legislatura que agora acaba teve o seu actual líder, João do Rosário, como deputado independente nas listas do PAICV, reclama uma "regionalização política" para combater os "efeitos perniciosos" da centralização e um modelo de organização do Estado com um senado, onde cada ilha teria um representante. O PAICV prefere falar em "descentralização administrativa" que reforce o poder de decisão local. Um conhecedor da realidade política cabo-verdiana, que pediu o anonimato, caracteriza os apelos ao regionalismo como uma forma de "bairrismo perverso". "Existe um bairrismo de ambos os lados e esse bairrismo prejudica São Vicente", contrapõe "Pittbull", pseudónimo que Flávio escolheu para responder à ideia de um antigo administrador da rádio de criar "nomes de guerra" para os animadores e assim atrair audiência. O problema de São Vicente, ilha de cerca de 72 mil pessoas, será também de dimensão, admite o radialista. "É a ilha da mesmice, as mesmas pessoas, as mesmas coisas, os mesmos lugares. É um meio pequeno, em que mesmo pessoas com talento não têm chance. " Domingo vai perceber-se até que ponto as opiniões que se ouvem sobre o abandono a que o Governo central teria votado São Vicente são um sentimento real dos mindelenses, a que os partidos oposicionistas dão voz, ou é algo por eles amplificado com fins eleitorais. Lugar de dinâmica cultural, terra onde Amílcar Cabral estudou, ilha com tradição de oposição, único círculo que já elegeu deputados não pertencentes aos dois maiores partidos, São Vicente "vai ser eternamente insatisfeita". "Se calhar, se o MpD [Movimento para a Democracia, maior partido da oposição] for Governo perde a câmara", arrisca Flávio Fernandes, perdão, "Pittbull", o "catchor mas uvid no Mindel". O homem para quem o "monte Cara está para o mindelense como a Estátua da Liberdade está para os americanos e a Torre Eiffel para os franceses, com a diferença que essas são capricho dos homens e o monte Cara é vontade de Deus".
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Descoberto novo australopiteco mais parecido connosco do que os outros
Imaginamos se seriam mãe e filho. Ou como foram parar ao lago que existia no fundo de uma gruta. Ou se morreram ao mesmo tempo. Tudo mistérios em torno de uma mulher e de um rapaz que viveram há quase dois milhões de anos, cujos ossos foram encontrados na África do Sul há cerca de um ano e meio e que hoje estão na capa da revista “Science” como uma das descobertas mais importantes nos últimos tempos relativas a um antepassado humano. (...)

Descoberto novo australopiteco mais parecido connosco do que os outros
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.318
DATA: 2010-04-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Imaginamos se seriam mãe e filho. Ou como foram parar ao lago que existia no fundo de uma gruta. Ou se morreram ao mesmo tempo. Tudo mistérios em torno de uma mulher e de um rapaz que viveram há quase dois milhões de anos, cujos ossos foram encontrados na África do Sul há cerca de um ano e meio e que hoje estão na capa da revista “Science” como uma das descobertas mais importantes nos últimos tempos relativas a um antepassado humano.
TEXTO: Eis o “Australopithecus sediba”, a nova estrela da paleoantropologia, que tem mais características em comum com os primeiros representantes do nosso próprio género (o Homo) do que qualquer outro australopiteco conhecido até agora. Portanto, pode ajudar a desvendar quem foi o antepassado que deu origem ao género humano. Entre as muitas grutas no território que agora é a África do Sul, existia uma que não tinha tecto há cerca de 1, 9 milhões de anos e era funda. A mulher e o rapaz terão caído nessa gruta e ali permaneceram durante dias ou semanas. Os corpos foram depois arrastados até a um lago subterrâneo, talvez por uma chuvada, e aí acabaram por ser cobertos por sedimentos. Ao longo de dois milhões de anos, os sedimentos foram por sua vez sendo arrastados até que os fósseis ficaram expostos. Em Março de 2008, Lee Berger, paleoantropólogo da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, iniciou uma prospecção minuciosa de um local, a 40 quilómetros desta cidade sul-africana, conhecido como o Berço da Humanidade e que a UNESCO classificou como património mundial devido à riqueza de depósitos com fósseis. Em conjunto com o geólogo Paul Dirks, que entretanto se mudou para a Universidade James Cook, na Austrália, Berger descobriu imensas grutas. Em várias havia fósseis. E, numa delas, em Agosto de 2008, a equipa encontrou os restos de um antepassado dos humanos. Era parte dos ossos de um rapaz que teria entre nove e 13 anos. No mês seguinte, continuaram as explorações do sítio, conhecido por Malapa. Numa pequena cova, o paleoantropólogo reparou num osso que saía de uma rocha. Atrás desse osso vieram outros, e a equipa estava na presença de um segundo indivíduo — uma mulher, com 20 e tal a 30 e poucos anos. Mulher e rapaz parecem ter sido arrastados para o interior da gruta por um único fluxo de detritos, o que sugere que as suas mortes ocorreram em momentos muito próximos. Por isso, é provável que se conheçam ou até que tivessem algum grau de parentesco. Esses sedimentos foram datados como tendo entre 1, 7 e 1, 9 milhões de anos, pelo que os fósseis devem ter essa idade. (Além de vários ossos dos dois australopitecos, havia na gruta ossos de hienas, antílopes ou felinos com dentes de sabre). Uma nova espécieO que têm de especial é um conjunto de características morfológicas que levaram a equipa de cientistas a classificá-los como uma nova espécie de australopiteco. Conheciam-se já pelo menos cinco espécies, todas em África, mas estes dois indivíduos eram diferentes de todas elas em muitos aspectos. Além disso, algumas das suas características verificam-se nos membros do género “Homo” e não nos australopitecos. Antes de mais, diga-se que os australopitecos eram pré-humanos e que os humanos apareceram precisamente com o género “Homo”. A espécie de australopiteco mais antiga que se conhece viveu há 4, 2 milhões de anos e a que agora é anunciada foi a mais recente, com o crânio do jovem a servir para definir a nova espécie e a preencher a capa da “Science” (pelo meio, viveu a famosa Lucy, uma fêmea de “Australopithecus afarensis”, com 3, 2 milhões de anos). O que tinham então aquele rapaz e aquela mulher quer de australopiteco, quer de humano? Tal como os australopitecos, tinham corpos pequenos (ambos com cerca de 1, 27 metros de altura e 30 quilos), cérebros também pequenos, braços longos e mãos fortes. Pensa-se que podiam trepar às árvores, mas eram bípedes. Por outro lado, alguns traços do crânio e da bacia e as pernas longas, capazes de andar em passada ou até correr, existem no género humano. Ora a origem do género “Homo” é alvo de grande debate científico: como seu antepassado, têm sido propostas várias espécies entre os australopitecos (mas não só). O facto de o “Australopithecus sediba” partilhar traços comuns com os humanos pode tornar mais claro este quebra-cabeças evolutivo. Para baralhar mais as coisas, os primeiros membros do género “Homo” foram datados com 2, 4 milhões de anos. Mas o “Australopithecus sediba” foi datado como sendo mais recente, com os tais quase dois milhões de anos, pelo que assim não poderia ter dado origem aos primeiros humanos. Pode então não ter sido ele a fazer a transição directa para o nosso género, mas uma outra espécie que existiu antes dele. “Esta nova espécie é um candidato a antepassado do género ‘Homo’ ou de um grupo irmão, com um antepassado próximo, que persistiu no tempo depois do aparecimento dos primeiros ‘Homo’”, escreveu a equipa de Lee Berger na “Science”. “‘Sediba’, que significa ‘fonte natural’ em sotho, uma das 11 línguas oficiais da África do Sul, pareceu o nome apropriado para uma espécie que pode ser o ponto a partir do qual surgiu o género Homo”, conta Berger, na nota de imprensa. Agora a equipa desafiou as crianças da África do Sul a escolherem um nome comum para o novo rapaz australopiteco. Sugestões? Versão integral na edição do PÚBLICO de amanhã
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
"Spínola foi sempre muito perseguido pelo seu passado"
Nos 100 anos do nascimento de António de Spínola, chega às livrarias a biografia do primeiro chefe de Estado do regime democrático feita por um historiador. Spínola, da autoria de Luís Nuno Rodrigues, demonstra que o antigo governador da Guiné mantém-se no pódio das figuras mais controversas da História portuguesa do século XX. (...)

"Spínola foi sempre muito perseguido pelo seu passado"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.22
DATA: 2010-04-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nos 100 anos do nascimento de António de Spínola, chega às livrarias a biografia do primeiro chefe de Estado do regime democrático feita por um historiador. Spínola, da autoria de Luís Nuno Rodrigues, demonstra que o antigo governador da Guiné mantém-se no pódio das figuras mais controversas da História portuguesa do século XX.
TEXTO: Luvas de pelica, pingalim na mão, monóculo no olho direito, António de Spínola (Estremoz, 11 de Abril de 1910, Lisboa, 13 de Agosto de 1996) permanece na memória nacional como uma figura algo trágica. Foi um militar admirado e um político controverso, que, até à sua morte, viveu perseguido por um passado de mágoas e ressentimentos. No ano de comemoração do 100º aniversário do seu nascimento, surge a primeira biografia de Spínola, primeiro Presidente da República após o 25 de Abril, da autoria de um historiador. A investigação demorou a Luís Nuno Rodrigues dois anos, durante os quais teve acesso a arquivos nacionais e internacionais e ao arquivo pessoal de Spínola, na posse da família Campos Coelho. Spínola (Esfera dos Livros) acompanha os trajectos militar e político do antigo governador-geral da Guiné, desde os anos no Colégio Militar até ao Palácio de Belém, passando ainda pelo 11 de Março e pelo exílio no Brasil. O autor, investigador no Centro de Estudos de História Contemporânea do ISCTE e doutorado em História Americana pela Universidade do Wisconsin (EUA), revela nesta obra os momentos que mais marcaram a vida política de Spínola, nomeadamente os esforços para aplicar o seu modelo de descolonização - "deparou-se com um conjunto de impossibilidades históricas que impediam a sua concretização" -, as acções justificadas pelo receio da implantação de uma didatura comunista no país e as várias tentativas frustradas para regressar ao poder. Começando pelo fim: do seu trabalho de investigação, qual a imagem de António de Spínola que prevalece?A do militar. Independentemente dos cargos políticos que desempenhou - foi o primeiro Presidente da República após o 25 de Abril, num momento charneira da vida política nacional -, foi estruturalmente um militar. Pensava e agia como um militar. Quando esteve na Guiné, foi comandante-chefe das Forças Armadas e governador-geral, o que indiciava já aí uma acção governativa. Mas o militar prevaleceu sobre o político. E isso terá condicionado algumas das suas decisões políticas. . . Eventualmente. Era um militar habituado a dar ordens. Foi condicionado pela sua formação militar, mas também pela sua personalidade. Nesse sentido, a comparação com a biografia do marechal Costa Gomes é interessante: enquanto Costa Gomes era uma pessoa racional, contida, mais fria, Spínola era mais espontâneo, mais emocional. Escreve que as feridas abertas após o 25 de Abril, e ainda não saradas, alimentam opiniões bastante divergentes sobre Spínola. Mas o antigo chefe de Estado, após o seu regresso do exílio, em 76, acabou por ser gradualmente reabilitado, tanto no campo político como militar. Onde é que é mais notória essa falta de consenso?Nos meios políticos e militares, sobretudo entre as pessoas que viveram os acontecimentos imediatamente antes e após o 25 de Abril. Obviamente que aqueles que, na altura, foram adversários políticos de Spínola ainda hoje têm dele uma imagem negativa. Essas marcas ainda permanecem. E este é um dos problemas de escrever História contemporânea. Muitas vezes, a avaliação é transposta para o plano do debate político. O historiador não se pode deixar contaminar por esse debate acerca das personagens. Esta é a primeira biografia de Spínola feita por um historiador. As divergências a que alude estão também presentes na narração historiográfica mais recente?Não há muita historiografia sobre a figura do marechal. Não temos muitos elementos para fazer essa avaliação. Há ainda muita relutância em escrever a História deste período, relativamente ao qual existem muitas pessoas que viveram os acontecimentos. É um plano onde memória e História se podem confundir. Na historiografia sobre este período, a geração mais nova de historiadores está a fazer uma análise mais distanciada, menos envolvida e menos emotiva. Claro que a História não é uma ciência objectiva. Há sempre uma componente subjectiva, mas tudo isso tem de ser ancorado pelo rigor do método histórico. Em vários momentos, escreve que Spínola nunca se reconciliou totalmente com o país. Foi a forma como foi feita a descolonização que mais contribuiu para essa mágoa?Foi uma das grandes feridas que ficaram abertas e não sararam. Foi também uma derrota pessoal. E política. A descolonização não teve o desfecho que ele defendeu naqueles primeiros meses após o 25 de Abril. Mas essa sensação de frustração é muito visível numa entrevista que ele deu 12 anos antes de falecer, ao Expresso, na qual ele deixava antever que era um homem muito perseguido pelo seu passado. Continuava a não perdoar as hesitações e o medo de Marcello Caetano, a penalizar-se por não ter assumido o poder quando Caetano lho quis transmitir, pouco antes do 25 de Abril, e continuava a não perdoar aquilo que considerava ser a traição de Costa Gomes e de outros oficiais que ele diz que à ultima hora lhe falharam com apoio no 11 de Março. Há questões que ficaram abertas, e nessa entrevista transparece alguma amargura com o que se passou depois de Abril, sobretudo no período em que ele ocupou a Presidência da República. A descolonização foi, sem dúvida, uma das suas mágoas maiores. Porque o modelo que ele queria implementar era um modelo que deparava com um conjunto de impossibilidades históricas que impediam a sua concretização. Era como se esbarrasse contra uma série de muros. Nomeadamente os projectos do MFA. Saliento quatro impossibilidades históricas da descolonização spinolista. A sua primeira ideia era fazer com que os movimentos de libertação aceitassem um cessar-fogo incondicional que permitiria acabar com as hostilidades militares e iniciar um período, que não era especificado, em que os movimentos se iriam converter em partidos e em que se iria preparar o exercício da autodeterminação dos povos das colónias. Este modelo tinha quatro obstáculos: em primeiro lugar, a posição dos próprios movimentos nacionalistas, que não estavam dispostos a aceitar o cessar-fogo sem garantias por parte do poder político de que o fim dos combates conduziria ao reconhecimento da independência e à transferência do poder. Spínola não estava disposto a dar essas garantias e a guerra continuou. Chegou a ser acusado, sobretudo pelos socialistas, de não dar qualquer atenção aos boicotes ao embarque de soldados para as colónias e de não querer ouvir os ultimatos das Forças Armadas (FA), que ameaçavam que não combateriam mais e que queriam regressar a casa. São essas as outras impossibilidades históricas. As FA que estavam nas colónias convenceram-se de que o 25 de Abril tinha sido feito para acabar com a guerra colonial e não estavam dispostas a continuar a combater. Depois, a tese de Spínola estava longe de reunir consenso interno. Até poderemos considerá-la minoritária, pelo menos no que diz respeito às forças políticas e militares. O líder do PS, Mário Soares, que veio a ocupar o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, tinha a consciência de que era preciso avançar mais rapidamente com as conversações com o PAIGC - a Guiné tinha um lugar especial no coração de Spínola. O mesmo era defendido pelo PCP. E destacava-se ainda a pressão internacional, que era muito forte: a ONU e a OUA [Organização de Unidade Africana] incitavam os movimentos a não aceitarem o cessar-fogo sem garantias de independência; e Soares, no MNE, ouvia dos chefes de governos dos principais países da Europa Ocidental que Portugal precisava de descolonizar rapidamente, que o mundo estava à espera dessa acção. Spínola mostrava-se coerente com a solução federativa que preconizara em Portugal e o Futuro e que também já tinha sido defendida, muitos anos antes, por Venâncio Deslandes [governador-geral e comandante-chefe de Angola] e pelo próprio Marcello Caetano, em 1962. Não se poderá afirmar que apanhou o MFA desprevenido. Porque, quando falou ao país, na madrugada de 26 de Abril, sublinhou que pretendia "garantir a sobrevivência da nação soberana no seu todo pluricontinental". E o MFA percebeu isso. Na noite de 25 para 26 de Abril, Spínola reuniu com o MFA para elaborar a versão final do programa do Movimento. A aparição televisiva foi um pequeno intervalo nesta reunião. Na discussão houve uma cedência clara do MFA relativamente ao discurso de Spínola. Foi um compromisso que se conseguiu obter. Desde o início que o MFA tinha a ideia de que, uma vez conquistado o poder pelos capitães, seria necessário entregá-lo a alguém hierarquicamente superior. Os dois generais que se impõem são Costa Gomes e Spínola. Costa Gomes não aceitou a Presidência. Manteve-se à margem do processo e não apareceu no próprio 25 de Abril. Podiam já antever-se as dissensões entre Belém e o MFA. O conflito é anterior. Desde cedo que no MFA existiam duas correntes distintas: uma ala mais spinolista e outra mais à esquerda, que quis evitar que o MFA fosse apenas visto como um movimento de apoio a Spínola. Isso mesmo foi visível na tentativa falhada do 16 de Março, uma arrancada precipitada protagonizada por alguns oficiais da linha spinolista. O próprio percurso de Spínola, antes do 25 de Abril, revela o seu comprometimento com o regime estado-novista: ainda em 31, defendeu a ditadura militar; em 37, fez escolta aos comboios alimentares para as tropas franquistas; em 41, integrou uma missão de estudo das unidades militares alemãs e chegou mesmo a visitar a frente de guerra germano-russa, em Leninegrado; em 47, foi agraciado por Franco. Em 68, Salazar convidou-o para governador-geral e comandante-chefe da Guiné. . . Enquanto militar, manifestou discordâncias sobre a forma como a política colonial era conduzida. Mas nunca passou para a oposição, nunca fez a ruptura com o regime. Até às vésperas do 25 de Abril, procurou que a transição fosse feita sem uma revolução. Chegou a dizer a Caetano, em Março de 74, que não colaboraria em revoluções e que não era "um homem de golpes de Estado". Pela sua formação, tornou-se rapidamente um adepto da nova ordem. Até pelo próprio enquadramento familiar: o pai chegou a ser do gabinete de Salazar quando este ocupou a pasta das Finanças; e o sogro [general Monteiro de Barros] foi uma das figuras militares mais importantes do regime. Na famosa "Abrilada" de 61 [tentativa fracassada de derrubar Salazar, liderada pelo então ministro da Defesa Nacional, Júlio Botelho Moniz], Spínola esteve ao lado do presidente do Conselho. Ele não fez uma ruptura com o regime. Mas apercebeu-se de que a questão colonial teria de ser resolvida não apenas pela força das armas. Isto nem sequer era uma originalidade de Spínola: os estrategos das FA pensavam nesta solução desde finais dos anos 50, inspirados na experiência francesa na Argélia. Quando esteve em Angola, entre 61 e 64, apercebeu-se de que a guerra também necessitava de uma acção psicossocial, que permitia retirar o apoio da população ao inimigo. Nada disto se traduzia numa oposição ao regime. Numa dimensão pessoal, a ruptura deu-se com Caetano. A chegada de Caetano ao poder foi uma boa nova para Spínola, que conhecia a sua tese para a questão colonial (a autonomia progressiva das colónias) e com a qual se identificava plenamente. Mas Spínola ficou impaciente com a forma como Caetano conduzia a política colonial. E procurou explorar no terreno (Guiné) várias soluções políticas e negociadas. Daí os encontros dele com guerrilheiros do PAIGC, o encontro com o Presidente Leopold Senghor (do Senegal), a estratégia gizada quer pelos spinolistas, do ponto de vista militar, quer pela Ala Liberal, para promover sua candidatura presidencial, em 72. Esta ruptura deve-se menos aos pedidos de Spínola para avançar com as negociações com o PAIGC do que à intenção de se candidatar à Presidência da República?O mais importante da ruptura foi o facto de Spínola ter sentido que Caetano não estava disposto a aceitar a intermediação de Senghor. Caetano disse-lhe que não podia aceitar que Spínola se sentasse à mesa com Amílcar Cabral, que isso seria perder a face e que provocaria um efeito de dominó nas restantes colónias. Spínola veio, mais tarde, a admitir ter cometido um "erro histórico" quando convenceu Caetano a não abandonar as suas funções, na sequência da publicação de Portugal e o Futuro. Poderia ter liderado a mudança sem acesso à via revolucionária, acreditava. Esta hipótese seria exequível, numa altura em que processo revolucionário já estava em andamento?Seria muito difícil. Nessa altura, existiam outros actores com muita importância: o Presidente da República [Américo Tomás] e os ultras que estavam em conspiração permanente, desde meados de 73; como é que eles reagiriam? O próprio MFA, por outro lado, já tinha o movimento em marcha. Não sabemos como é que estes sectores reagiriam a um pacto Spínola/Marcello. Spínola e Costa Gomes convenceram Caetano a não se demitir porque não estavam dispostos a atravessar o Rubicão da legalidade. Não eram revolucionários. Procuravam dar uma retaguarda suficiente para Caetano avançar com reformas e novas políticas. Era muito difícil para estes homens, que foram formados nos anos 20 e 30, assumirem uma postura de ruptura com o regime. Com a chegada ao poder de Vasco Gonçalves, Spínola concentra-se totalmente no objectivo de evitar que o país se transformasse num bastião comunista apoiado pela União Soviética. Manifesta essas mesmas preocupações ao então Presidente dos EUA, Nixon [num encontro na ilha Terceira, Açores], e as suas acções têm sempre em conta esses receios. É sempre esse o argumento que usa. Mas acha que ele não acreditava piamente nisso?Estava genuinamente convencido da tentativa de tomada de poder pelo PCP e pelos seus sectores no MFA. As acções de Spínola no 28 de Setembro e no 11 de Março podem ser lidas sob essa crença?São coisas diferentes. O problema é que, ao longo dos meses, após o 25 de Abril, os apoios que ele recebe começam a chegar de sectores cada vez mais à direita do espectro político. E ele deixa-se encostar a esses sectores. Isso não é favorável à sua imagem. São eles que promovem a manifestação da "maioria silenciosa" do 28 de Setembro. Sem uma forte base política e militar, procura apoio na extrema-direita?Na luta política que se trava de 27 para 28 de Setembro, Spínola e os spinolistas procuraram a realização da manifestação, que daria uma prova de legitimidade do poder do Presidente. A rua era então um palco privilegiado da disputa política. Mas havia uma trama paralela a esta iniciativa: Spínola queria aproveitar a conjuntura para demitir Vasco Gonçalves e fazer uma espécie de golpe de Estado. Tentou fazer isso nessa noite. Porque não o fez? Porque sobreavaliou a sua capacidade. E depois recuou, não quis provocar uma guerra civil. E demitiu-se. Mesmo depois da demissão, não desistiu dos seus intentos. Até ao 11 de Março, multiplicou contactos para regressar ao poder. Tinha uma espécie de dupla estratégia. Os militares têm sempre um plano de contingência. Entre o 28 de Setembro e o 11 de Março, existiam duas hipóteses paralelas: aquela que era defendida pelos sectores mais puramente spinolistas, e que consistia num plano de recuperação política do General e no estabelecimento de uma rede de contactos com PS, PSD e CDS para que estes partidos apoiassem Spínola nas futuras eleições presidenciais; e a que era planeada por sectores com ligações ao Exército de Libertação Português e ao general Kaúlza de Arriaga e que pretendia convencer Spínola a embarcar numa aventura golpista. São estes que o convencem a embarcar no 11 de Março, alegando a "matança da Páscoa". Foi empurrado para essa manobra. Mas foi empurrado convictamente. Não se tratou, portanto, de uma participação resultante de alguma ingenuidade. Aderiu convictamente ao golpe para regressar ao poder e libertar o país de uma eventual ditadura comunista. A história da "matança da Páscoa" foi uma espécie de gota de água que fez transbordar o copo e que o convenceu. Há quem defenda que a lista foi uma armadilha feita por sectores afectos ao PCP, que sabiam que Spínola iria reagir e seria mais fácil reforçar o poder. O 11 de Março foi uma acção mal planeada e desastrada - ainda hoje, ninguém compreende como é que Spínola se deixou arrastar para aquela operação. Já no exílio, no Brasil, continuou muito activo em termos políticos. Viajou, apadrinhou a criação do Movimento Democrático para a Libertação de Portugal (MDLP), angariou fundos para as acções do movimento. Não desistiu de acalentar o sonho de recuperar o poder em Portugal. Há aqui uma dimensão de drama pessoal. Chegou à Presidência da República com 64 anos e em menos de um ano estava no exílio a conspirar para invadir o seu próprio país. Regressou em 76 e, sendo um dos heróis da transição para a democracia, foi-lhe dada ordem de prisão no aeroporto. O exílio foi uma realidade difícil, mas ele acalentou essas esperanças. Mas mesmo o MDLP dividia-se em duas tendências: a que estava ligada ao ELP e que defendia a criação de um exército para libertar o país do jugo comunista; e uma vertente mais realista, promovida por Sanches Osório, que defendia que o MDLP devia trabalhar com grupos de resistência que já estavam no terreno. Spínola inclina-se para qual?Oscila entre as duas. Não recusa nem uma nem outra. Tanto recebe Alpoim Calvão, como fala com Sanches Osório. O que é que funciona contra Spínola ao longo do Verão de 75? Quanto mais a situação portuguesa se vai normalizando, mais difícil se torna o discurso de Spínola e menos sentido faz apoiar um movimento como o MDLP. A história de Spínola tem algo de trágico e de irónico. Já nos anos 80, depois de ter sido reintegrado nas FA e de ter sido ilibado do caso do 11 de Março, tem uma presença política discreta. Embora regresse, de facto, a Belém, pela mão de Mário Soares, que o nomeia chanceler das Antigas Ordens Militares. Tratou-se da reabilitação do marechal e de uma tentativa política de Soares para alargar o espectro de eventuais apoiantes. De certa maneira, foi também uma preocupação para sarar feridas do passado.
REFERÊNCIAS: