Militares americanos manifestaram interesse em Beja
Delegação passou pela cidade alentejana no final do ano passado para aferir da possibilidade de transferir unidade actualmente estacionada em Espanha. (...)

Militares americanos manifestaram interesse em Beja
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2014-05-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Delegação passou pela cidade alentejana no final do ano passado para aferir da possibilidade de transferir unidade actualmente estacionada em Espanha.
TEXTO: Enquanto os representantes do Estado português geriam o delicado dossier da redução do efectivo norte-americano na base açoriana das Lajes, chegava aos seus gabinetes uma promissora e, ao mesmo tempo, arriscada proposta do outro lado do Atlântico. Há cerca de oito meses, os militares da super-potência mundial sinalizaram o interesse de transferir para Beja a Força de Reacção Rápida sedeada na base aérea espanhola de Moron. Os responsáveis norte-americanos não estão satisfeitos com as condições em Espanha e estavam a equacionar alternativas. Ao que o PÚBLICO apurou, uma delegação chegou mesmo a visitar a base aérea localizada na cidade alentejana para aferir da possibilidade da deslocalização. A base foi construída nos anos 60 do século passado ao abrigo de uma acordo bilateral com a Alemanha para aí instalar unidades de instrução da Força Aérea Alemã. Uma das maiores do mundo em termos de área ocupada, sofreu com a saída do efectivo germânico em 1993. Desde então se tem procurado encontrar soluções alternativas para a infra-estrutura. Nomeadamente o uso civil, sem grande sucesso, desde 2011. As démarches foram confirmadas ao PÚBLICO por um alto dirigente no Ministério dos Negócios Estrangeiros. E secundadas depois por um responsável do governo regional açoriano, a quem a matéria interessa embora de forma indirecta. É que a possibilidade da instalação de 500 fuzileiros navais norte-americanos e respectiva logística é uma das peças com que se joga o complicado tabuleiro da redução de efectivos americanos na ilha Terceira. No passado mês de Abril, um grupo de 40 congressistas avançaram com uma proposta legislativa para fazer recuar o AFRICOM – comando militar das Forças Armadas americanas responsável pelas missões em África – da Alemanha para os Estados Unidos. Transformando depois a Base das Lajes na base avançada dessa estrutura. E uma das unidades propostas para se instalar na ilha Terceira era precisamente a Força de Reacção Rápida. O Governo português reagiu com cautela aos contactos. Sem fechar totalmente a porta, Portugal também não colocou todo o seu impulso na concretização dessa mudança. Isto porque Lisboa tem a convicção que a colocação da força militar no Alentejo iria contender com uma possível alternativa para a resolução do problema açoriano. No Palácio das Necessidades, a presente posição é a de que a possibilidade não tem de ser resolvida para já. Tanto a manutenção dos marines em Moron como a sua mudança para Beja implicam avultados investimentos na reconversão das instalações. O que significa que os norte-americanos não irão tomar uma decisão nos próximos tempos. Do lado dos Açores foi dito ao PÚBLICO que a posição portuguesa era de “abertura” para essa situação, desde que isso “não fosse encarada pelos EUA como uma questão de troca”. Um problema para os AçoresÉ perceptível que a auscultação dos militares da super-potência mundial sobre Beja cria um problema aos Açores. Confirma, por exemplo, uma das desvantagens técnicas da localização das Lajes. Está, apesar de tudo, demasiado longe do continente africano. As Força de Reacção Rápida foram constituídas e espalhadas pelo mundo, depois do assassinato do embaixador norte-americano em Benghazi, Líbia. Uma das condições era que essa força estivesse a não mais de duas horas de distância de locais potencialmente perigosos onde estejam colocados cidadãos americanos. A Base das Lajes fica fora desse radar horário. Beja já cumpriria esse requisito. Mas essa imposição aplica-se à Força de Reacção Rápida e não a outras estruturas do AFRICOM. Nomeadamente os “activos permanentes, incluindo activos aéreos, terrestres, operações especiais e logísticos” desse comando militar. Fazendo assim da base açoriana a “base avançada e plataforma logística” do AFRICOM, conforme a proposta entregue pelos 40 congressistas em Washington. Embora o Governo português tenha assumido uma posição oficial cautelosa sobre a iniciativa, a realidade é que encara positivamente o esforço desses congressistas ligados ao “caucus” luso-descendente. E não deixa de admitir algumas vantagens da mudança de unidades actualmente espalhadas pela Europa (Alemanha, Espanha e Itália). Nomeadamente o facto de em alguns desses locais existirem problemas relacionados com o sobrecarregamento do espaço aéreo ou com restrições ao sobrevoo. Em contrapartida, na Ilha Terceira o espaço aéreo é mais livre, não há problemas de sobrevoo, além de que a muitas das áreas de risco africanas poderiam ser atingidas, por mar, a partir dos Açores sem ter de haver a preocupação com o sobrevoo de países africanos.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Na Irlanda do Norte a História ainda pode ser uma ameaça à paz
Projecto que visava recolher as memórias dos envolvidos nos Troubles não sobreviveu à detenção de Gerry Adams. (...)

Na Irlanda do Norte a História ainda pode ser uma ameaça à paz
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Projecto que visava recolher as memórias dos envolvidos nos Troubles não sobreviveu à detenção de Gerry Adams.
TEXTO: Dezasseis anos depois dos acordos de Sexta-feira Santa, a Irlanda do Norte é ainda um terreno de conflitos por resolver – um dos maiores é aquele que opõe os que exigem justiça para os seus mortos aos que insistem que reabrir velhas feridas apenas serve para ameaçar a paz conquistada. A detenção de Gerry Adams, líder do Sinn Féin e um dos artífices da paz, por suspeita de envolvimento num sequestro e homicídio ocorrido há 32 anos, voltou a provar o potencial desestabilizador deste passado mal resolvido, que um controverso projecto de recolha histórica veio acirrar. Adams foi libertado no último domingo, após quatro dias de interrogatórios, e cabe ao Ministério Público decidir se existem provas para o acusar pelo “desaparecimento” de Jean McConville – uma viúva de 37 anos que foi arrastada para fora de casa por um comando do IRA (Exército Republicano Irlandês), sob o olhar aterrorizado dos seus dez filhos, interrogada, executada a tiro e enterrada em segredo por suspeita de ser informadora da polícia. Mas aqueles quatro dias desenterraram ameaças antigas: o Sinn Féin, principal partido republicano que partilha com os unionistas o poder na Irlanda do Norte, denunciou motivações políticas ocultas, admitindo deixar de apoiar a polícia da região (um dos principais pilares dos acordos de 1998) se o caso não fosse “resolvido de maneira satisfatória”; o primeiro-ministro unionista, Peter Robinson, admitiu depois que esteve a um passo de exigir a saída do Sinn Féin do governo se os republicanos não recuassem na ameaça, o que teria levado ao colapso das instituições autónomas. Antes e depois de ser detido, Adams negou qualquer ligação à morte de McConville, um dos crimes arquivados mais célebres dos Troubles (eufemismo pelo qual ficaram conhecidos os 39 anos de guerra) e apontou baterias àquela que é a principal peça da acusação – um conjunto de entrevistas a antigos membros do IRA, gravadas em segredo e fechadas num cofre do Boston College, universidade americana com ligações históricas à Irlanda. O Belfast Project, como se tornou conhecido, nasceu de uma ideia de Paul Bew, um dos mais reputados historiadores da Irlanda do Norte, quando em 2000 esteve como convidado no Boston College, onde existe uma das maiores colecções de História e literatura irlandesa, mas à qual faltava um registo do recente conflito. “Bew sentia que seria necessária uma comissão de verdade e reconciliação ao estilo sul-africano para cimentar o processo de paz, mas sabia que seriam necessários vários anos até que a situação política fosse estável” e era necessário assegurar que a memória dos protagonistas não desaparecia com a sua morte, escreveu o jornal The Telegraph. Bew sugeriu que o projecto fosse liderado por Ed Moloney, um jornalista que passou décadas a cobrir o conflito. E este, convicto de que só alguém que conhecia por dentro o IRA poderia convencer os paramilitares a quebrar o silêncio, escolheu para a tarefa Anthony McIntryre, um antigo militante do IRA que se doutorou em História após sair da prisão, recorda uma investigação da revista universitária americana The Chronicle. "Um crime punível com a morte"Entre 2001 e 2006, McIntryre gravou centenas de horas de entrevistas com 26 antigos membros do IRA, na mesma altura um outro investigador recolheu os testemunhos de 20 ex-paramilitares unionistas. Tudo no mais absoluto sigilo – apenas duas pessoas do Boston College estavam a par do projecto e todas as gravações foram feitas em segredo. Aos entrevistados, era garantido que as suas palavras ficariam seladas até à sua morte. A confidencialidade, explicou mais tarde Moloney, era essencial: “É um crime punível com a morte se algum antigo ou actual membro revelar detalhes sobre os assuntos do IRA a estranhos”. Após cada encontro, McIntryre transcrevia as entrevistas e enviava-as, por email email encriptado para Moloney, que residia nos EUA e se encarregava de guardá-las na biblioteca do Boston College. Mas o segredo durou menos do que esperava. Em 2010, Moloney publicou o best-seller Voices from the Grave, uma espécie de testamento póstumo de Brendan Hughes, comandante da brigada de Belfast e líder dos presos do IRA durante a greve de fome de 1980, que morrera dois anos antes. E o que Hughes tinha para contar não poderia ser mais incómodo para o líder do Sinn Féin, de quem se tornara muito crítico. Assegurava que Adams foi comandante do IRA (algo que este sempre negou) e que foi dele a ideia de criar um grupo especial para identificar e matar supostos informadores da polícia, enterrando-os em locais secretos. Jean McConville, uma protestante viúva de um católico, foi incluída nesta lista em 1972. “Um único homem deu a ordem para que ela fosse executada e esse homem era o líder do Sinn Féin”, afirmou Hughes. Quebrando o sigilo que prometera a McIntryre, Dolours Price, uma das mais célebres operacionais do IRA, confirmou a acusação, dizendo que foi Adams quem lhe deu a ordem para que conduzisse o carro em que McConville foi levada.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Angola está a fazer o primeiro censo desde que é independente
Até ao fim do mês, o país vai contar os seus cidadãos e procurar saber em que condições vivem, pela primeira vez em 44 anos. (...)

Angola está a fazer o primeiro censo desde que é independente
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.125
DATA: 2014-05-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Até ao fim do mês, o país vai contar os seus cidadãos e procurar saber em que condições vivem, pela primeira vez em 44 anos.
TEXTO: Pela primeira vez desde 1970, Angola vai contar os seus cidadãos. Durante as próximas duas semanas, 80 mil jovens angolanos vão bater à porta de todas as casas para obter dados sobre as condições de vida dos habitantes, por exemplo sobre se têm acesso a água canalizada e electricidade, ou se têm emprego. Estima-se que a população actual seja de 21 milhões de pessoas, mas este é o primeiro censo em Angola desde que o país obteve a independência de Portugal, em 1975, e depois viveu uma longa guerra civil de 27 anos. Se Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África desde 1979, a pobreza afecta pelo menos 36% da população, segundo os números oficiais. Num discurso transmitido na televisão, o Presidente José Eduardo dos Santos disse que o censo permitirá coordenar a luta contra a pobreza. “O caminho a percorrer ainda é longo até alcançarmos o bem-estar e prosperidade para todos. Precisamos também de saber quantos somos e onde estamos, como primeiro passo para organizarmos melhor a nossa sociedade”. Os resultados finais, tratados pelo Instituto Nacional de Estatística angolano, só devem estar prontos dentro de 18 meses. Mas haverá dados provisórios sobre a dimensão da população por sexo e por província dentro de três a quatro meses, disse o director do instituto, Camilo Ceita, citado pela agência Reuters. “A participação da população é crucial para o sucesso do censo”, afirmou Kourtoum Nacro, representante do Fundo das Nações Unidas para a População em Angola, numa conferência de imprensa que assinalou o início do censo. “Há muito a fazer para informar os habitantes, que não estão habituados a esta prática, e uma grande parte é analfabeta e não compreende qual é o interesse desta operação”, afirmou a especialista da ONU, citada pela AFP. Em 1970, quando foi realizado o último censo, ainda Angola estava sob administração portuguesa, viviam 5, 6 milhões de pessoas no território que é hoje o sétimo maior país africano, com 1250 milhões de quilómetros quadrados.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Landon Donovan fora dos convocados dos EUA
Adversários de Portugal já revelaram as escolhas. (...)

Landon Donovan fora dos convocados dos EUA
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Adversários de Portugal já revelaram as escolhas.
TEXTO: O seleccionador dos EUA, Jurgen Klinsmann, anunciou na quinta-feira a lista dos 23 convocados para o Campeonato do Mundo. A exclusão do avançado Landon Donovan é a grande surpresa da convocatória. A presença de Donovan no Brasil seria a quarta seguida para o norte-americano em fases finais de Mundiais, mas Klinsmann preferiu apostar em caras novas. Aos 32 anos, o jogador dos LA Galaxy estava longe da melhor forma física e fez apenas cinco jogos na fase de qualificação. — U. S. Soccer (@ussoccer) May 22, 2014“Esperava jogar no Brasil e, como imaginam, estou muito desapontado com a decisão”, escreveu o jogador na sua conta de Facebook. A exclusão do experiente jogador, que conta com 154 internacionalizações, foi criticada por colunistas como Grant Wahl, da Sporsts Illustrated. “Donovan pode já não ter qualidade para ser titular nos EUA, mas ele pode ser um jogador útil pelo menos para sair do banco, por causa da sua visão e experiência”, escreveu Wahl. Para o seleccionador dos Estados Unidos – adversário de Portugal na fase de grupos do Mundial – a escolha dos 23 jogadores foi um momento “entusiasmante”. “Agora podemos concentrar-nos em aspectos mais específicos da abordagem técnica e sobre os adversários. Para os jogadores é muito importante saber que fazem agora parte disto e podem relaxar e saber que estão na lista para o Brasil”, disse Klinsmann, citado pela ESPN. Entre os convocados da selecção norte-americana estão jogadores como Aron Johansson, que marcou 17 golos na época passada ao serviço do AZ Alkmaar, ou Chris Wondolowski, autor de cinco golos em apenas dois jogos na Gold Cup 2013. Antes de rumar ao Brasil, os EUA jogam três amigáveis, contra o Azerbaijão (27 Maio), a Turquia (1 Junho) e a Nigéria (7 Junho). A estreia na competição é a 16 de Junho, frente ao Gana. O encontro com Portugal é a 22 de Junho, em Manaus, e o último jogo é a 26, contra a Alemanha. Eis os 23 que Klinsmann leva ao Mundial:Guarda-redes: Brad Guzan (Aston Villa/Inglaterra), Tim Howard (Everton/Inglaterra), Nick Rimando (Real Salt Lake);Defesas: DaMarcus Beasley (Puebla/México), Matt Besler (Sporting Kansas City), John Brooks (Hertha Berlin/Alemanha), Geoff Cameron (Stoke City/Inglaterra), Timmy Chandler (Nurnberg/Alemanha), Omar Gonzalez (LA Galaxy), Fabian Johnson (Borussia Mönchengladbach/Alemanha), DeAndre Yedlin (Seattle Sounders FC);Avançados: Jozy Altidore (Sunderland/Inglaterra), Clint Dempsey (Seattle Sounders FC), Aron Johannsson (AZ Alkmaar/Holanda), Chris Wondolowski (San Jose Earthquakes).
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
As nossas escolhas para a próxima temporada da Gulbenkian
A nossa crítica de música erudita Cristina Fernandes olhou para a temporada anunciada pela fundação e escolheu os espectáculos a ver. (...)

As nossas escolhas para a próxima temporada da Gulbenkian
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: A nossa crítica de música erudita Cristina Fernandes olhou para a temporada anunciada pela fundação e escolheu os espectáculos a ver.
TEXTO: Coro e Orquestra GulbenkianCoro da Academia de Santa CecíliaTatiana Pavlovskaya, John Mark Ainsley, Hanno Müller-Brachmann (cantores solistas), Paul McCreesh (direcção)2 e 3 de OutubroNum ano em que o Coro Gulbenkian estará em primeiro plano devido à comemoração do seu 50º aniversário, destaca-se no início da temporada a interpretação do “War Requiem”, de Britten. Estreado em 1962 e considerado o mais comovente manifesto pacifista da música ocidental, denuncia o horror absurdo da guerra através da combinação do texto da “Missa pro Defunctis” com poemas de uma das vítimas, o jovem Wilfred Owen, falecido nas trincheiras da I Guerra Mundial. C. F. “Macbeth”, de Verdi/Frabrizio CassolThird World Bunfight, Brett Bailey (encenação e direcção), Premil Petrovic (maestro), No Borders Orchestra22 e 23 de Outubro (Teatro Maria Matos)O habitual ciclo Teatro/Música, organizado em colaboração com o Maria Matos é reduzido a quatro propostas, das quais merece destaque a leitura que o sul-africano Brett Bailey faz de “Macbeth”, a ópera de Verdi, adaptada por Fabrizio Cassol, habitual colaborador de Alain Platel. Remontagem de um espectáculo de 2002 estreado em Bruxelas há um mês, observa, como sempre em Bailey, as extensões da perversidade humana e as relações entre África e a Europa num contexto pós-colonial. Agora, a guerra no Congo serve para que, numa inversão de poder, as vítimas sejam os torturadores, recusando aquilo a que Bailey chama apagamento da “memória decrépita de um tempo passado”. O ciclo inclui ainda o regresso de Jonathan Burrows e Matteo Fargion que já passaram por vários teatros e festivais em Portugal com os seus duetos entre a coreografia e filosofia. T. B. C. Sonia Wieder-Atherton (violoncelo)Charlotte Rampling (narradora)24 e 26 de Outubro. Conhecida pelas suas tentativas de renovação do ritual do concerto, recorrendo à encenação e ao diálogo com outras artes, a violoncelista francesa Sonia Wieder-Atherton traz à Gulbenkian dois concertos encenados: “The Night Dances”, que combina poemas de Sylvia Plath com Suites para Violoncelo de Britten, e “Odisseia para violoncelo e coro imaginário”, no qual evoca a representação de uma mulher solitária que que fala, grita e sussurra com a voz do seu violoncelo através da música de Aperghis, J. S. Bach, Granados, Prokofiev, Bellini e Schumann. C. F. Alina Ibragimova (violino)Sonatas e Partitas de J. S. Bach10 de DezembroDetentora de numerosos prémios e de uma diversificada discografia, a jovem russa Alina Ibragimova é uma das actuais estrelas internacionais do violino. A sua gravação das Sonatas e Partitas, de J. S. Bach, na Hyperion, foi amplamente aclamada pela crítica, mostrando uma artista sensível às questões de estilo, mas ao mesmo tempo dotada de grande carisma e espontaneidade expressiva. C. F. András Schiff (piano)Cappella Andrea BarcaÚltimas Sonatas e música de câmara4, 21 e 22 de Jan. , 8 de Fev. e 24 de MarçoAo longo de seis concertos será possível acompanhar a arte de András Schiff em diversas vertentes que contemplam repertórios centrais na sua carreira, nomeadamente as obras do Classicismo e do período inicial do Romantismo. Pianista de técnica límpida e notável depuração estilística, Schiff dedica três recitais a solo às últimas Sonatas de Haydn, Mozart, Beethoven e Schubert, programa ambicioso mas decerto à altura da maturidade deste grande intérprete húngaro. Apresenta-se ainda com o agrupamento Cappella Andrea Barca, que fundou em 1999 em obras de câmara de Mozart, Schubert e Dvorák e na interpretação de Concertos para Piano de Mozart (nº 22) e de Beethoven (nº1). C. F. Daniil Trifonov (piano)Obras de Liszt e Beethoven4 de FevereiroVencedor do prestigiado Concurso Tchaikovsky de Moscovo, em 2011, o jovem pianista russo Daniil Trifonov (n. 1991) tem feito sensação na cena musical internacional. Nesta sua primeira actuação na Gulbenkian apresenta um programa de enorme exigência que porá em destaque o seu estonteante virtuosismo e que inclui a Sonata op. 111, de Beethoven, e os “Estudos de Execução Transcendental”, de Liszt. Mas o ciclo de piano da Gulbenkian, o mais forte da temporada, inclui outros pianistas de primeiro nível a ter em conta como é o caso de Pierre-Laurent Aimard, Mitsuko Uchida, Grigory Sokolov, Radu Lupu e Murray Perahia. C. F.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Presidente do Malawi anula eleições por antever derrota
A votação foi caótica, com as urnas e os boletins de voto a não chegarem a horas a todo o país. (...)

Presidente do Malawi anula eleições por antever derrota
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A votação foi caótica, com as urnas e os boletins de voto a não chegarem a horas a todo o país.
TEXTO: A Presidente do Malawi, Joyce Banda, anulou esta sexta-feira as eleições gerais que se realizaram esta semana no país quando os primeiros resultados divulgados mostraram que iria perder. A chefe de Estado justificou o acto com "irregularidades" durante a votação. "Anulo as eleições com base nos poderes que a Constituição me confere", disse a Presidente, que marcou novas eleições para dentro de 90 dias. Os jornalistas que seguem a política deste país africano questionavam, porém, se a chefe de Estado tem de facto poder para tomar esta decisão. "Quero dar à população a oportunidade de escolher os candidatos de forma livre. Quando se realizarem novas eleições, eu afasto-me. " Não ficou claro o que queria dizer com esta frase — se não concorre dentro de 90 dias ou nas seguintes. Na sexta-feira à noite, e com 30% dos votos contados, a Comissão Eleitoral começou a divulgar o resultado do escrutínio e Peter Mutharika estava à frente de Bada, com 42% dos votos — a Presidente estava com 23%. A derrota de Joyce Banda era esperada. A meio da semana, a Presidente acusou um partido, que não nomeou, de se ter "infiltrado" na Comissão Eleitoral, o que este organismo negou. A votação foi caótica, relata o jornalista da BBC no Malawi, que diz que houve quem tivesse votado fora do prazo das eleições pois houve grandes atrasos na entrega do material eleitoral às mesas de voto. Eleitores frustrados incendiaram uma mesa de voto e, noutra, destruíram o material. Em alguns lugares, prossegue a BBC, as urnas não chegaram a tempo e os comissários usaram baldes tapados com plástico como depósito para os votos. No Malawi há 7, 5 milhões de eleitores e estas foram as quintas eleições desde o fim do sistema de partido único, há 20 anos. Foi a primeira vez que as presidenciais e as legislativas se realizaram em simultâneo.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Candidato derrotado aceita resultado das presidenciais na Guiné-Bissau
Nuno Nabiam afirmou que tomou decisão em nome da "paz e da estabilidade". Novo Presidente é José Mário Vaz, do PAIGC. (...)

Candidato derrotado aceita resultado das presidenciais na Guiné-Bissau
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nuno Nabiam afirmou que tomou decisão em nome da "paz e da estabilidade". Novo Presidente é José Mário Vaz, do PAIGC.
TEXTO: O candidato derrotado na segunda volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, aceitou os resultados oficiais, que inicialmente tinha rejeitado. O novo Presidente é José Mário Vaz, que obteve 61, 9% no escrutínio de domingo passado. A declaração aliviou a tensão no país, ainda que Nabiam não tenha reconhecido explicitamente o desaire. “Desejamos boa sorte a quem foi declarado vencedor [mas] insistimos que os resultados proclamados não correspondem aos que nós temos”, disse, citado pela AFP, numa curta declaração à imprensa, quinta-feira à noite. “Para o bem da paz e da estabilidade, aceito os resultados divulgados pela comissão eleitoral”, afirmou, segundo a Reuters. Logo que os resultados oficiais foram divulgados, Nuno Nabiam contestou-os, alegando que a sua campanha tinha dados diferentes dos anunciados em quatro de oito regiões do país. Os resultados provisórios divulgados na terça-feira atribuem 38, 1% a Nabiam. O candidato concorreu como independente e teve o apoio do ex-Presidente Kumba Ialá, que morreu em Abril. Favorito da chefia militar que protagonizou o último golpe de Estado no país, em 2012, teve na segunda volta o apoio do PRS (Partido da Renovação Social, segunda força política do país) e de pequenos partidos extra-parlamentares. O novo Presidente, ministro das Finanças do Governo derrubado há dois anos, foi eleito com o apoio do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), vencedor das eleições legislativas de Abril, e dos três pequenos partidos parlamentares. Horas antes da declaração de Nabiam, o PAIGC e o PRS anunciaram, num comunicado conjunto, a intenção de procurarem entendimentos para “garantir a estabilidade”. Os dois principais partidos guineenses não se pronunciaram directamente sobre o passado de violência político-militar mas declararam que não haverá “perseguições” nem “ameaças”. Na terça-feira, José Mário Vaz e Nuno Nabiam foram recebidos pelo Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, num encontro em que também participou o chefe das Forças Armadas, António Indjai, líder do golpe que afastou o governo de Gomes Júnior. Um comunicado das Forças Armadas divulgado no mesmo dia afirmava que os militares “respeitarão o veredicto proveniente das urnas”. Depois do anúncio oficial de vitória, José Mário Vaz, 57 anos, disse que “chegou a hora de virar a página e optar por uma política de inclusão na Guiné-Bissau, sem discriminação religiosa ou tribal”. Após a proclamação oficial dos resultados será marcada a posse do novo Presidente e do Governo do PAIGC liderado por Domingos Simões Pereira, antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O partido elegeu 57 dos 102 deputados da Assembleia Nacional contra 41 do PRS.
REFERÊNCIAS:
Entidades CPLP
“É estúpido que a UE tenha entrado numa guerra fria com Putin”, disse Marine Le Pen
A Frente Nacional é um dos partidos de extrema-direita europeus que procuram as boas graças do Presidente russo. (...)

“É estúpido que a UE tenha entrado numa guerra fria com Putin”, disse Marine Le Pen
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.7
DATA: 2014-05-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140529221225/http://www.publico.pt/1637923
SUMÁRIO: A Frente Nacional é um dos partidos de extrema-direita europeus que procuram as boas graças do Presidente russo.
TEXTO: Na primeira conferência de imprensa que deu em Bruxelas, depois da vitória eleitoral da Frente Nacional nas europeias, Marine Le Pen não perdeu tempo a demonstrar de novo o seu apoio ao Presidente russo, Vladimir Putin, que classificou como “um patriota”. “É estúpido da parte da União Europeia ter entrado numa guerra fria com a Rússia. Nada o justifica”, afirmou Le Pen. Nem mesmo a possibilidade da desintegração da Ucrânia. As tensões entre a UE e a Rússia no contexto da crise ucraniana constituem “um enorme erro geopolítico e geoestratégico”, até porque assim a Europa mais não faz do que “atirar a Rússia para os braços da China”. Exemplo disso é a recente assinatura de um contrato “gigantesco, histórico”, de venda de gás a Pequim. A líder da Frente Nacional (FN) sublinhou a necessidade de a Europa “manter relações equilibradas com todos os grandes países”. A França, em particular, “tem todo o interesse em desenvolver relações comerciais e estratégicas com a Rússia”, que é, “incontestavelmente, um grande país”. Não é de estranhar que Marine Le Pen critique “a estupidez da UE ao ter uma posição hostil à Rússia”, e que diga que Vladimir Putin e as grandes nações da União Europeia defendem “valores comuns”, que ela diz serem “a nossa herança comum da civilização cristã europeia”. A líder da FN tem boas relações com a Rússia Unida, o partido que apoia Vladimir Putin – a prová-lo estão as frequentes deslocações a Moscovo de líderes do partido de Marine Le Pen, noticiou o Le Monde. A Frente Nacional é um dos partidos mais envolvidos com a Rússia – a própria Marine Le Pen foi já recebida este ano na Duma, a câmara baixa do Parlamento russoMas Marine Le Pen não está sozinha entre os novos dirigentes dos partidos de extrema-direita europeia a procurarem as boas graças russas. Acontece com o Jobbik húngaro, o Aurora Dourada grego e as várias formações nacionalistas de extrema-direita e racistas que surgiram nos países que formavam o Bloco de Leste. Mas Moscovo está também a investir na Europa Ocidental e nos partidos de extrema-direita que entraram no Parlamento Europeu nas eleições de 25 de Maio. O Partido da Liberdade do holandês Geert Wilders, a Liga Norte italiana e o Vlaams Belang, na Bélgica, vêem com simpatia o discurso neoconservador e soberanista do Kremlin, que se vê como guardião dos valores em decadência no Ocidente. Se a Frente Nacional chegar a formar de facto um grupo no Parlamento Europeu, essa poderá ser uma forma de a Rússia ver os seus interesses representados neste órgão da União Europeia, arriscam alguns analistas. O apoio russo a estes partidos não tem sido tanto em termos financeiros, mas sim organizacional e de estratégia, e também ao nível dos media, diz um estudo do instituto de investigação húngaro Political Capital, divulgado em Março.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
O Prémio Camões 2014 é o brasileiro Alberto da Costa e Silva
Poeta e historiador foi distinguido por unanimidade com o prémio mais importante da criação literária em língua portuguesa. O escritor Mia Couto, o último premiado, diz que o brasileiro faz o trabalho de resgatar a memória de África "com arte e elegância". Ao PÚBLICO o escritor disse ter ficado perplexo e nunca ter cogitado recebê-lo (...)

O Prémio Camões 2014 é o brasileiro Alberto da Costa e Silva
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Poeta e historiador foi distinguido por unanimidade com o prémio mais importante da criação literária em língua portuguesa. O escritor Mia Couto, o último premiado, diz que o brasileiro faz o trabalho de resgatar a memória de África "com arte e elegância". Ao PÚBLICO o escritor disse ter ficado perplexo e nunca ter cogitado recebê-lo
TEXTO: Uma distinção justa a um nome que merece um reconhecimento maior. O poeta brasileiro, memorialista, ensaísta e historiador especialista em África Alberto da Costa e Silva foi o escolhido do júri, é ele o Prémio Camões 2014, a distinção mais importante da criação literária em língua portuguesa. A escolha pode constituir uma supresa para alguns ( e foi-o para o próprio) mas a decisão foi tomada em unanimidade, anunciou o júri esta sexta-feira. Alberto da Costa e Silva, de 83 anos, sucede assim ao moçambicano Mia Couto, vencedor do Prémio Camões 2013. "Mantendo a mesma elevada qualidade literária em todos os géneros que praticou, a sua refinada escrita costurou uma obra marcada pela transversalidade", começou por dizer Affonso Romano de Sant’Anna, presidente do júri, que leu a acta da decisão do prémio aos jornalistas. "A obra de Alberto da Costa e Silva é também uma contribuição notável na construção de pontes entre países e povos de língua portuguesa", continuou o brasileiro. Questionado pelo PÚBLICO sobre a escolha do historiador, Affonso Romano de Sant’Anna explicou que para se chegar ao premiado foram vários os nomes falados, o processo de escolha "passou de alguma maneira em revista o que nós sabemos da cultura brasileira, portuguesa e africana mas fixou por unanimidade no nome de Alberto Passos Silva, um exemplar dessa cultura". Para o académico e escritor brasileiro Antonio Carlos Secchin, que integrou o júri deste ano, Alberto da Costa e Silva "é um escritor que estuda a História". "Quando se pensa num discurso do historiador muitas vezes não se atenta também para a qualidade literária desse discurso e o Alberto da Costa e Silva consegue ser um escritor antes de tudo", defendeu Secchin, destacando ainda "as qualidades superiores" do premiado. "Espero que a esta distinção corresponda uma projecção do nome dele", acrescentou ainda o jurado para quem Alberto da Costa e Silva "merece ser reconhecido como um dos maiores intelectuais vivos" do Brasil. "O desejo do júri foi expandir o conhecimento da sua obra para um universo lusófono bem maior do que aquele em que ele é actualmente conhecido. "Numa breve conversa telefónica a partir Brasil, com algumas interferências na ligação por não se encontrar em casa e estar ao telemóvel num sítio sem as melhores condições acústicas, o historiador disse ao PÚBLICO que “foi com grande surpresa” que recebeu a notícia de que lhe tinha sido "outorgado" o Prémio Camões 2014 já que não estava nas suas "cogitações". “Um prémio que tem sido instituído aos maiores escritores de língua portuguesa”, acrescentou. “De maneira que foi com grande surpresa, com perplexidade mesmo, só depois é que me dei conta que devia ter manifestado minha alegria e meu grande orgulho por essa alta distinção que me foi agora dada. "Além de Affonso Romano de Sant’Anna e Antonio Carlos Secchin, integraram o júri desta 26ª edição o premiado do ano passado, Mia Couto, em representação de Moçambique, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, Rita Marnoto, professora associada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e José Carlos Vasconcelos, director do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias. Alberto Costa e Silva, nascido em São Paulo em 1931, foi embaixador do Brasil em Portugal. Papel destacado pelo director do Jornal de Letras. "Nos seus dois volumes de memória, até agora publicados, o segundo tem uma parte que é exactamente passada em Portugal", lembrou José Carlos Vasconcelos. "É um excelente testemunho sobre um período da história de Portugal. "O brasileiro, africano e portuguêsO escritor angolano José Eduardo Agualusa afirma que este "é um prémio também para África". "Para um africano não é possível passar ao lado de Alberto", disse Agualusa, acrescentando depressa: "É um brasileiro que é também africano". "E português", soma ainda José Carlos Vasconcelos. Agualusa destacou ainda a poesia deste historiador. "É uma poesia que me acompanha desde há muito tempo e que tem também a ver com África", explicou. "Alberto da Costa e Silva nunca deixou de ser um poeta mesmo quando foi um historiador. "A poesia de Costa e Silva não é uma poesia extensa, defendeu a académica Rita Marnoto, "mas por si poderá ser considerada enquanto momento simbólico de todas as facetas" deste escritor brasileiro. É uma "poesia fundamental, essencial", destacou ainda a jurada. Já o escritor moçambicano Mia Couto diz que Alberto da Costa e Silva faz o trabalho de resgatar a memória de África "com arte e elegância". "É um poeta que está a escrever" reagiu o anterior premiado, acrescentando que o que "se está a premiar aqui não é só o trabalho de alguém que caminha pela história e pela reconstituição do passado mas que faz isso com qualidade literária". Mia Couto mostrou-se ainda "grato", como escritor africano, pelo trabalho que Alberto da Costa tem vindo a desenvolver.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Ex-autarca socialista encontrado morto juntamente com a ex-mulher
Aires Ferreira foi presidente da câmara de Torre de Moncorvo durante sete mandatos consecutivos. (...)

Ex-autarca socialista encontrado morto juntamente com a ex-mulher
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.2
DATA: 2014-06-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aires Ferreira foi presidente da câmara de Torre de Moncorvo durante sete mandatos consecutivos.
TEXTO: Aires Ferreira, antigo presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, foi encontrado morto, baleado, ao final desta manhã, juntamente com a ex-mulher, em casa desta, naquela vila do distrito de Bragança. Suspeita-se de uma situação de homicídio seguida de suicídio. Fernando António Aires Ferreira, que também foi adjunto de Ricardo Magalhães quando este era Secretário de Estado do Ambiente do Governo de António Guterres, tinha deixado os destinos da Câmara de Moncorvo em Setembro, depois de sete mandatos consecutivos. Presidente da concelhia socialista moncorvense, foi eleito, nas últimas autárquicas, para a Assembleia Municipal. Teria 58 anos. Os dois corpos foram descobertos por volta das 12h, pela empregada de limpeza. As autoridades encontraram uma carta de despedida alegadamente assinada pelo ex-autarca. A Polícia Judiciária está já a investigar as circunstâncias em que terão ocorrido estas duas mortes. Jorge Gomes, presidente da Distrital Socialista, diz que se vive “um momento de consternação” pelo sucedido. Ao PÚBLICO, amigos de Aires Ferreira admitem que o sentiam “estranho” nos últimos tempos, havendo mesmo quem temesse “um desfecho infeliz” para o histórico socialista. Aires Ferreira e a ex-mulher, que tinha sido sua assessora na autarquia moncorvense, tinham-se reaproximado há relativamente pouco tempo. Uma tragédia anunciada?Uma relação complicada com a ex-mulher, de quem se tinha voltado a aproximar recentemente, e o vazio sentido com a perda de protagonismo no dia a dia de Torre de Moncorvo poderão estar na base deste desfecho. Pelo menos esta é a convicção de diversas personalidades que com ele conviviam há décadas e que estranhavam o comportamento dos últimos tempos. “Ele vivia para a política. Só pode ter havido um vazio e alguma desilusão”, frisa José Mário Leite, director adjunto do Instituto Gulbenkian de Ciência, que em Setembro venceu o duelo com o ex-autarca pela presidência da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo. Depois de sete mandatos consecutivos como presidente da Câmara, com um interregno pelo meio para ser adjunto do secretário de Estado do Ambiente, Ricardo Magalhães, no primeiro Governo de António Guterres, Aires Ferreira sentiu alguma dificuldade em fazer a transição. A desavença, mais ou menos pública, mas nunca publicamente assumida, com o seu primo, José Aires, que acabou por indicar como candidato à sua sucessão nas listas do Partido Socialista, fragmentou a concelhia local e o ambiente nunca mais lhe foi favorável, sobretudo depois da derrota eleitoral. Uma derrota especialmente sentida pelo próprio Aires Ferreira que, como candidato à Assembleia Municipal, recolheu menos votos do que o primo, candidato à presidência da autarquia. “Algumas pessoas passaram a falar-lhe menos”, admite Berta Nunes, a socialista que preside à Câmara de Alfândega da Fé e com quem partilhou uma amizade de vários anos. “Houve algum ostracismo. É de lamentar”, sublinha a autarca, destacando, no entanto, que “deu muito ao concelho, ao distrito e ao partido”. Os vizinhos ouviram uma discussão no último domingo e esta manhã foi encontrado em casa do autarca, na vila, uma nota pedindo para alguém se dirigir a casa da ex-mulher e para ser avisada a GNR. Alguns amigos e companheiros de partido explicam que a relação sempre foi conflituosa. Apesar do namoro dos últimos tempos, “ela não quereria assumir publicamente a relação”, explicou ao PÚBLICO um amigo de Aires Ferreira. Os corpos do casal permanecem ainda na cozinha. Ela, no chão, alvejada. Ele, sentado numa cadeira.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR