Boko Haram diz ter casado as 200 raparigas raptadas com combatentes islamistas
Um homem que diz ser o líder do grupo diz em vídeo desconhecer o acordo de cessar-fogo que permitiria a libertação das estudantes. (...)

Boko Haram diz ter casado as 200 raparigas raptadas com combatentes islamistas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Mulheres Pontuação: 9 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501210010/http://www.publico.pt/1674904
SUMÁRIO: Um homem que diz ser o líder do grupo diz em vídeo desconhecer o acordo de cessar-fogo que permitiria a libertação das estudantes.
TEXTO: As raparigas que foram sequestradas em Abril de uma escola no nordeste da Nigéria já terão sido casadas com combatentes do Boko Haram, disse sábado num vídeo um homem que alega ser o líder do grupo islamista, Abubakar Shekau. A alegação contradiz assim o Governo nigeriano, que em meados de Outubro anunciou um acordo de cessar-fogo com o Boko Haram que incluiria a libertação das mais de 200 jovens raptadas pelo grupo. O mesmo homem fala ainda de um refém, um “homem branco”. O Exército nigeriano tinha anunciado, há um ano, que tinha morto Abubakar Shekau, bem como um impostor que aparecia em vídeos divulgados pelo grupo islamista fazendo-se passar pelo seu líder. A agência Reuters relata que o vídeo mais recente não permite identificar claramente o homem que faz as alegações sobre o destino das meninas sequestradas (foi filmado à distância), e sobre o acordo de tréguas que facilitaria a sua libertação e que decorreria de um mês de negociações secretas mediadas pelo Chade, país vizinho da Nigéria. “Casámo-las e estão todas nas casas dos seus maridos”, garantiu o homem que diz ser o líder do grupo, citado pela agência noticiosa. O mesmo homem alega que as raparigas se “converteram ao Islão, que confessam ser a melhor religião. Ou os seus pais o aceitam e também se convertem ou podem morrer”. A maioria das 200 raparigas raptadas em Abril de uma escola secundária em Chibok, no nordeste do país, era cristã. O mesmo homem que diz ser Abubakar Shekau nega a existência do acordo de cessar-fogo e denuncia o seu alegado interlocutor, um representante do Boko Haram no Chade. “Quem é que diz que estamos a dialogar ou a discutir com alguém? Estão a falar sozinhos?” Vincando a imagem do Boko Haram, responsável por uma campanha de terror que desde 2010 terá já causado cerca de duas mil mortes na Nigéria, o homem no vídeo garante: “Tudo o que estamos a fazer é chacinar pessoas com facas de mato e a atingir pessoas com armas… o que queremos é guerra”. Sobre a situação dos reféns, o indivíduo frisa ter na sua posse “um homem branco”. Não é indicado, no entanto, se se trata de um professor alemão raptado por homens armados de uma universidade na cidade de Gombe em Julho. O sequestro nunca foi reivindicado mas pensa-se que esteja associado ao Boko Haram. Nas últimas semanas, os combatentes do Boko Haram têm perpetrado ataques quase diários e na semana passada passaram a controlar a cidade de Mubi, indica a Reuters, de onde é originário o marechal Alex Badeh, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas nigerianas que anunciou o cessar-fogo em conjunto com o secretário da presidência nigeriana, Hassan Tukur. Esse ataque resultou na morte de dezenas de pessoas e em assaltos a bancos, além do hastear da sua bandeira negra no palácio do Emir, segundo relataram testemunhas citadas pela Reuters. Já na sexta-feira de manhã explodiu um carro armadilhado em Gombe junto a uma paragem de autocarro repleta de pessoas – pelo menos dez delas morreram. O grupo fundamentalista diz estar a lutar pela instauração de um Estado Islâmico no Norte da Nigéria e pela rigorosa interpretação da lei islâmica, a sharia – em língua haussa, Boko Haram significa “a educação ocidental é pecado”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens guerra lei escola educação ataque homem morto negra
Exército nigeriano liberta 200 raparigas, mas não são as de Chibok
Foram destruídos três campos dos extremistas na ofensiva contra o último bastião do Boko Haram, mas as raparigas de Chibok ainda não foram encontradas. (...)

Exército nigeriano liberta 200 raparigas, mas não são as de Chibok
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Foram destruídos três campos dos extremistas na ofensiva contra o último bastião do Boko Haram, mas as raparigas de Chibok ainda não foram encontradas.
TEXTO: O exército nigeriano libertou na terça-feira 200 raparigas e 93 mulheres de campos controlados pelo Boko Haram na floresta de Sambisa, o último bastião do grupo. Inicialmente, o exército disse que estava ainda a identificar as raparigas e mulheres, de maneira a confirmar se estas faziam parte do grupo de 276 estudantes do liceu de Chibok, raptadas pelos islamistas em 2014. Horas depois, um porta-voz do exército acabou por confirmar à Associated Press que não eram: "não são as raparigas de Chibok", afirmou o coronel nigeriano Sani Usman. Com o apoio dos exércitos dos vizinhos Chade e Camarões, as forças aliadas contra o Boko Haram têm conseguido vitórias importantes contra os islamistas. Desde Fevereiro que o Boko Haram, que dominava vastas áreas do Nordeste da Nigéria, tem vindo a perder território frente à coligação de países africanos que se uniu para o combater. O grupo perdeu todas as bases em áreas urbanas e foi recuando para a floresta de Sambisa. Há informações que surgem do terreno que dizem que o Boko Haram está a ficar sem armas e munições. “Os soldados tomaram e destruíram esta tarde três campos de terroristas na floresta de Sambisa”, disse na terça-feira um porta-voz do exército, Chris Olukolade, num comunicado citado pelas agências noticiosas. A 14 de Abril de 2014, os islamistas raptaram 276 estudantes do liceu de Chibok. De entre elas, 57 conseguiram fugir nas horas seguintes mas desconhece-se o paradeiro das outras 219. Em diferentes países realizaram-se acções reclamando a sua libertação. Diplomatas e serviços de informações ouvidos pela Reuters disseram acreditar que pelo menos algumas das raparigas salvas esta terça-feira pertençam ao grupo de Chibok. Aliás, desde que se deu o rapto das estudantes que se tem olhado para a floresta de Sambisa como o local onde será mais provável encontrá-las. Em todo o caso, foram realizados vários voos de vigilância sobre a floresta e não foi possível confirmar a sua presença em Sambisa. Depois do rapto das estudantes de Chibok, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, anunciou num vídeo que pretendia casá-las com combatentes e vendê-las como escravas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres rapto
Mais de 600 mulheres e crianças resgatadas ao Boko Haram na última semana
A ofensiva do Exército nigeriano sobre a floresta que serve de esconderijo aos militantes islamistas permitiu a libertação de 13 campos e o salvamento de 677 mulheres e crianças. Mas as meninas raptadas da escola de Chibok há um ano permanecem desaparecidas. (...)

Mais de 600 mulheres e crianças resgatadas ao Boko Haram na última semana
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Mulheres Pontuação: 12 | Sentimento 0.25
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A ofensiva do Exército nigeriano sobre a floresta que serve de esconderijo aos militantes islamistas permitiu a libertação de 13 campos e o salvamento de 677 mulheres e crianças. Mas as meninas raptadas da escola de Chibok há um ano permanecem desaparecidas.
TEXTO: As autoridades nigerianas estavam a proceder a exames médicos e psicológicos e a confirmar a identidade de 234 mulheres e crianças que viveram sob cativeiro do grupo islamista Boko Haram na floresta de Sambisa por um período indeterminado. Segundo as primeiras informações, no grupo, que foi resgatado pelo Exército nacional na passada quinta-feira não se encontra nenhuma das meninas raptadas da escola de Chibok há um ano: oficialmente, o paradeiro das estudantes continua a ser desconhecido. Tal como o desaparecimento das alunas de Chibok continua um mistério, também o que se passou com estas outras mulheres e crianças, alegadamente sequestradas pelos extremistas, está ainda por explicar. "Ninguém sabe os horrores que terão presenciado ou vivido nos campos de Kawuri e Kondunga", dois dos mantidos pelos islamistas na densa floresta que faz fronteira com uma reserva natural do estado de Borno, e que serve de esconderijo ao Boko Haram no Nordeste do país. Numa fotografia difundida pelo Exército, as mulheres, jovens e crianças aparecem de cabeça tapada, com ar calmo e resignado. Não aparentam ter problemas de saúde, embora algumas crianças estejam magras. Na imagem não constam mulheres grávidas, mas um dos membros de um grupo de milícias locais que combatem o Boko Haram, Muhammad Gavi, disse à Associated Press que várias das mulheres resgatadas, incluindo algumas extremamente jovens, estavam em avançado estado de gravidez. Sem nenhuma outra informação oficial, não se sabia se as mulheres tinham sido raptadas ou se tinham voluntariamente aderido à organização islamista; se pertenciam à família ou eram vítimas de casamentos forçados com combatentes do Boko Haram. Uma fonte militar disse à agência norte-americana que as mulheres inicialmente dispararam para afastar os soldados que participaram na operação de resgate do acampamento – o oficial, citado sob anonimato, não quis arriscar uma interpretação para esse comportamento. É possível que os militantes tenham usado as reféns como escudos humanos. Dois dias antes deste salvamento – que só foi divulgado este sábado, através de uma mensagem do Ministério da Defesa publicado no Twitter – o Exército tinha libertado um outro acampamento do Boko Haram na floresta de Sambisa, onde se deparou com 93 mulheres e 200 meninas, que segundo a estação nigeriana TV 360 foram raptadas da aldeia de Bumsiri. O porta-voz do Ministério da Defesa, major general Chris Olukolade, disse que as forças governamentais estavam envolvidas numa ofensiva terrestre, depois de semanas de raides aéreos terem diminuído significativamente a capacidade de defesa dos militantes. "A nossa operação de assalto à floresta desenrola-se em várias frentes. Os nossos esforços concentram-se no resgate e salvamento de reféns e na destruição de todos os acampamentos e outros redutos dos terroristas dispersos pela floresta", informou. Nos últimos dias o Exército investiu sobre 13 acampamentos do Boko Haram na floresta, nove dos quais foram destruídos. Segundo o porta-voz do Governo, durante a semana, foram resgatadas 677 mulheres e crianças (não se sabe se os soldados não conseguiram capturar homens ou se estes já tinham abandonado os locais antecipando-se à chegada dos militares). As autoridades confirmaram a morte de um soldado e de uma mulher em tiroteios. O Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, que no final de Março falhou a reeleição para um segundo mandato, prometeu entregar ao seu sucessor um "país totalmente livre de terroristas". O vencedor das eleições, o antigo general Muhammadu Buhari, que liderou um governo militar na década de 90, é empossado no próximo dia 29 de Maio. Em seis anos de insurreição, o Boko Haram fez mais de 15 mil vítimas e forçou cerca de 1, 5 milhões de pessoas a abandonar as suas casas. Este ano, o grupo declarou a sua lealdade ao Estado Islâmico, que domina parte do território do Iraque e da Síria. No início do ano, o Governo nigeriano montou uma coligação militar com os seus vizinhos do Níger, Camarões e Chade para recuperar o território dominado pelos extremistas. Mas mesmo sob pressão, o Boko Haram não tem deixado de atacar, sobretudo em locais isolados: esta semana, o Governo do Chade evacuou uma série de povoações próximas do Lago Chade, depois de um ataque dos islamistas ter matado 46 soldados e 28 civis.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
UKIP promete um país que deixe de se parecer com "o estrangeiro"
Nigel Farage faz as suas promessas eleitorais: referendo sobre a UE, redução substancial dos impostos, limitar a entrada de imigrantes não qualificados, proibir práticas culturais diferentes das britânicas. (...)

UKIP promete um país que deixe de se parecer com "o estrangeiro"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Migrantes Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nigel Farage faz as suas promessas eleitorais: referendo sobre a UE, redução substancial dos impostos, limitar a entrada de imigrantes não qualificados, proibir práticas culturais diferentes das britânicas.
TEXTO: O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) apresentou nesta quarta-feira o seu programa de governo, mas nas horas que se seguiram à cerimónia pouco se falou dele. Nos títulos dos jornais e nos comentários nas televisões o assunto foi o assédio ao jornalista do Daily Telegraph que fez uma pergunta que incomodou os líderes e os apoiantes. O jornalista, Chris Hope, questionou Farage sobre a política de integração racial do partido. Porque é que a única pessoa negra que aparece no programa — uma mulher com roupa tradicional africana — está num anúncio sobre a ajuda ao combate à pobreza nos países menos desenvolvidos?A plateia de apoiantes do UKIP que se reuniu num hotel de Thurrock apupou o jornalista e Farage juntou-se ao grupo quando este começou a aplaudir a liderança do partido. De tal forma a plateia se mostrava agressiva que os colegas de Hope formaram um círculo à sua volta, para protegê-lo. Mais tarde, o jornalista agradeceu a solidariedade dos colegas e desabafou: "Ao ponto a que chegámos neste país". O episódio, diz o jornal The Independent, relembrou outro, de 2013, quando um membro do UKIP, perante uma pergunta semelhante, atirou com o programa eleitoral à cara de um jornalista do Chanel 4. O UKIP argumenta que não há racismo nas suas propostas, por exemplo a de limitar ou proibir a entrada de imigrantes de determinados países. "Os imigrantes não são o problema, o problema é a política de imigração", disse Farage. Porém, numa sondagem recente junto dos eleitores do partido, 42% deles disseram ter "algum preconceito" em relação a pessoas de outras raça e 48% responderam ser "totalmente preconceituosos". Quando o ambiente serenou, Farage não quis responder à pergunta sobre racismo. Mas o programa eleitoral do UKIP é muito claro sobre a participação financeira do Reino Unidos nos programas de desenvolvimento no estrangeiro — é para cortar, pelo menos em três quartos. Há outros cortes propostos no documento de 76 páginas. Farage propõe tolerância zero para práticas culturais que choquem com os valores britânicos, quer que se acabe com a educação sexual na escola primária, quer mudar a tal política de imigração com uma moratória de cinco anos na entrada de imigrantes não qualificados e a criação de mecanismos de controlo da entrada dos outros. As suas propostas, disse, são o caminho para que o Reino Unido "volte às mãos" dos britânicos e são o caminho para "acabar com os disparates" que, na sua opinião, têm vindo a ser feitos pelos governos do país. Do núcleo mais duro do programa faz ainda parte a promessa de realização, em dois anos, de um referendo sobre a presença do reino na União Europeia, e uma "revolução" nos impostos. Farage quer reduzir substancialmente os impostos das classes mais baixas, cortar com o dispendioso imposto sobre as heranças e baixar os pagamentos dos pequenos empresários. No campo das despesas, o UKIP promete manter um gasto mínimo de 2% na Defesa. Apresentado o programa, Farage centrou o seu discurso na mensagem genérica com que tenta conquistar eleitores a três semanas das legislativas (a votação é a 7 de Maio) e num momento em que as sondagens dão conta do afastamento de alguns apoiantes. O UKIP está neste momento com 14% das intenções de voto, podendo eleger entre um e cinco deputados. No ano passado — disse Farage — e por causa da presença maciça de imigrantes, partes do Reino Unido ficaram a parecer-se com "o estrangeiro". "Num curto espaço de tempo as nossas cidades, os mercados das nossas cidades, tornaram-se irreconhecíveis". Há que reverter este cenário, disse, defendendo que o UKIP é o "único partido com autoconfiança e que acredita no país".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola imigração campo educação mulher ajuda racismo sexual pobreza negra raça assédio
Portuguesa condenada a cinco anos de prisão por pertencer a grupo neonazi
Claudia Patatas é mãe de uma criança de pouco mais de 12 meses, a quem deu Adolf como segundo nome, devido à admiração por Hitler. (...)

Portuguesa condenada a cinco anos de prisão por pertencer a grupo neonazi
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Claudia Patatas é mãe de uma criança de pouco mais de 12 meses, a quem deu Adolf como segundo nome, devido à admiração por Hitler.
TEXTO: Uma portuguesa de 38 anos foi condenada nesta terça-feira a cinco anos de prisão por um juiz de Birmingham por pertencer a uma organização neonazi proibida no Reino Unido. Claudia Patatas, até agora em liberdade condicional, mas com pulseira electrónica, vai ter a sentença reduzida em metade dos 166 dias que esteve sob aquela medida de coacção, informou fonte do tribunal à agência Lusa. O companheiro britânico, Adam Thomas, foi condenado a seis anos e meio de prisão pelo crime de pertencer ao grupo Acção Nacional, e mais dois anos e meio pela posse de um documento com instruções para construir explosivos, sentenças que serão cumpridas em simultâneo. No total, seis pessoas foram condenadas a penas de prisão por pertencer a este grupo, ilegalizado em 2016 - foi a primeira formação de extrema-direita proibida no Reino Unido desde a II Guerra Mundial. O que levou o Estado britânico a tomar esta medida foi o facto de, logo a seguir ao homicídio da deputada Jo Cox, em 2016, ter surgido numa conta oficial do Twitter da Acção Nacional um post que dizia: "Só faltam 649 deputados. #WhiteJihad". O Governo britânico considerou que o grupo estava "envolvido em terrorismo". O assassino, Thomas Mair, gritou pelo menos duas vezes “Britain First!” (ou “Grã-Bretanha primeiro!”), antes de atacar a deputada trabalhista. Além de um slogan político repetido na campanha do referendo sobre o "Brexit", Britain First é também o nome de uma organização política de extrema-direita – e que num comunicado se demarcou das acções de Mair. Ao ler a sentença, o juiz Melbourne Inman referiu a "longa história de convicções racistas violentas" de ambos e, dirigindo-se à portuguesa em particular, disse: "Você foi tão radical quanto Thomas, tanto nas suas opiniões como nas suas acções". O casal é pai de uma criança de pouco mais de 12 meses, ao qual deram "Adolf" como segundo nome devido à admiração por Hitler, demonstrada pela abundância de referências ao partido nazi alemão, desde almofadas no sofá com suásticas a um cortador de massa de biscoitos em forma de suástica. "Vocês agiram em conjunto em tudo o que pensaram, diziam e fizeram, desde o nome dado ao vosso filho até às fotos perturbadoras do seu filho cercado de símbolos do nazismo e do Ku Klux Klan", acrescentou o magistrado. A sentença é o culminar de um processo com perto de um ano, que começou com a detenção de Patatas em Janeiro, juntamente com os outros cinco cinco homens britânicos da Acção Nacional. O procurador público, Barnaby Jameson, descreveu o casal como sendo membros activos do grupo, que chegaram a ser expulsos de pelo menos uma conversa com outros elementos da extrema-direita numa aplicação de telemóvel encriptada, devido à violência da sua linguagem. "Ela advogou a morte de todos os judeus e afirmou-se, juntamente com Thomas, como alguém que seria capaz de matar uma criança de raça mista", descreveu o procurador, numa audiência para preparar a sentença, na semana passada. A portuguesa é considerada uma simpatizante de ideologia neonazi há muito tempo, incluindo quando ainda vivia em Portugal, onde fazia parte de um grupo que celebrava o aniversário de Adolf Hitler, admitiu durante o julgamento. O procurador acusou Patatas de ter "deixado a casa tornar-se num arsenal" para o companheiro Adam Thomas guardar armas como bestas, facas e punhais, alguns dos quais encontravam-se no quarto onde dormiam com o filho recém-nascido. Patatas deu à luz em meados de Novembro de 2017 e foi fotografada poucas semanas mais tarde a segurar o bebé ao lado de Thomas enquanto este segurava uma bandeira com a suástica nazi. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Noutra fotografia, que Patatas terá tirado, Thomas, vestido com trajes iguais aos do Ku Klux Klan, segura o filho ao colo. Esta terça-feira foram também lidas as sentenças de Darren Fletcher, de 28 anos Nathan Pryke, 27, Joel Wilmore, 24, e Daniel Bogunovic, 27, que foram condenados a penas entre cinco e seis anos e cinco meses de prisão por serem membros proeminentes do grupo neonazi. O grupo Acção nacional, disse o juiz, tinha como objectivos "derrubar a democracia" no país recorrendo à violência e ao homicídio, "e à imposição de um estado de estilo nazi que erradicaria sectores inteiros da sociedade com violência e homicídio em massa".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte homens guerra homicídio violência filho tribunal prisão criança raça
Frases nas paredes ameaçam de morte ciganos de Moura
Alto Comissariado para as Migrações apresentou queixa ao Ministério Público. (...)

Frases nas paredes ameaçam de morte ciganos de Moura
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Ciganos Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Alto Comissariado para as Migrações apresentou queixa ao Ministério Público.
TEXTO: A comunidade de etnia cigana de Santo Aleixo da Restauração, no concelho de Moura, voltou a ser vítima de ameaças de morte. Em Setembro já tinha sido alvo de ataques incendiários, que não pouparam casas, viaturas automóveis e até o edifício da igreja onde as famílias realizavam o seu culto religioso. Nos últimos dias, e em crescendo, foram surgindo nas paredes de casas e muros da freguesia frases escritas exigindo a expulsão da comunidade ou a “morte aos ciganos”. São acompanhadas de cruzes e de caixões pintados a negro. O alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, disse ao PÚBLICO que tem “acompanhado a situação” e que na segunda-feira esta entidade apresentou queixa-crime ao Ministério Público. Os conflitos com a comunidade cigana de Santo Aleixo da Restauração “atingiram um nível que nos preocupa”, nota. À intranquilidade provocada pela “violência racista que veiculam ódio e ameaças xenófobas”, descreve José Falcão, dirigente da organização SOS Racismo, veio juntar-se o “pânico” gerado na noite de 23 de Fevereiro com “o lançamento de petardos para o interior dos quintais das casas onde vivem as famílias ciganas”. Se a comunidade já vivia sobressaltada, “passou a viver em pânico”, conta ao PÚBLICO Prudêncio Canhoto, presidente da Associação de Mediadores Ciganos. A dimensão que “a afronta” tomou, suscita-lhe um alerta: “ Se não param com as provocações, ainda vamos assistir a uma tragédia. ”Os membros da etnia cigana contam que evitam agora circular pelas ruas, onde estão inscritas as frases a ameaçá-los de morte. “Dá-lhes pânico”, diz o mediador, dando conta que “nem as paredes do cemitério escaparam” às frases ameaçadoras. “É um crime” acentua Prudêncio Canhoto que tem acompanhado o desenrolar dos conflitos desde que começaram, no passado mês de Setembro. Depois de uma certa acalmia que se verificava desde Dezembro, "as famílias ciganas voltaram a ser vítimas de situações que mais lembram a actuação do Ku Klux Klan” um gesto que “pode estar a ser encorajado pela ausência de medidas das instituições, pela inoperância das autoridades policiais, pela impunidade das práticas racistas e xenófobas”, sublinha José Falcão. O conteúdo das frases, comenta ainda, desconforta quem as lê, "tem um impacto fortíssimo”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Manuel Caixinha, porta-voz das famílias ciganas, confirma ao PÚBLICO que nos últimos cinco dias “puseram escritos nas paredes, e na do cemitério também. “Depois mandaram duas bombas para o quintal do meu mano. Estamos todos com medo de mandar os nossos filhos à escola com receio que os levem. ” Não sabe quem lhes quer fazer mal, diz apenas que “há um pouco de racismo nas ofensas” que são feitas. O porta-voz do Comando Territorial de Beja da GNR, capitão Pedro Ribeiro, faz saber que a corporação não recebeu “qualquer denuncia” sobre a existência de “conflitos” em Santo Aleixo da Restauração. “Nada de oficial nos chegou nas últimas semanas”, acrescentou o militar, frisando que a situação “tem estado calma”, depois do pico de conflitos registado em Setembro e Outubro do ano passado. Para o presidente da Câmara de Moura, Santiago Macias, os conflitos que envolvem a comunidade cigana de Santo Aleixo da Restauração revelam, essencialmente, “um problema de segurança pública”.
REFERÊNCIAS:
Deputadas do PS pedem explicações ao autarca que recusou enterro de cidadão cigano
Presidente da junta de Cabeça Gorda recusou enterro alegando que o indivíduo não era natural nem residia na freguesia. (...)

Deputadas do PS pedem explicações ao autarca que recusou enterro de cidadão cigano
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Ciganos Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente da junta de Cabeça Gorda recusou enterro alegando que o indivíduo não era natural nem residia na freguesia.
TEXTO: As deputadas socialistas Idália Serrão, Sandra Pontedeira e Wanda Guimarães pretendem saber em que critérios se baseou Álvaro Nobre (CDU), presidente da Junta de Freguesia da Cabeça Gorda no concelho de Beja, para recusar o enterro de um cidadão de etnia cigana no cemitério da freguesia a que preside. A família do cidadão, que morreu de doença cardiovascular no Centro de Saúde Moura na quinta-feira da semana passada, tinha pedido ao autarca autorização para que o corpo fosse inumado no cemitério da Cabeça Gorda, pedido que o presidente da junta recusou, alegando que a pessoa em causa não era natural nem residia nesta freguesia. As três deputadas referem no seu pedido de esclarecimento, que enviaram ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que consideram “incompreensível a alegada recusa declarada pelo presidente da Junta de Freguesia e pelos serviços da mesma Junta de Freguesia”. A decisão do autarca, a confirmar-se, “configura um acto injustificável e incompreensível, de manifesta exclusão social, que viola a Constituição da República Portuguesa”, assinalam. Por considerarem de “absoluta importância” o esclarecimento da situação, as deputadas solicitam que o autarca Álvaro Nobre confirme se “recusou acolher nos equipamentos públicos da freguesia, casa mortuária e cemitério, os restos mortais de um cidadão português de etnia cigano. Em caso afirmativo, pretendem saber em que se baseou para ter feito a recusa. Se a primeira questão for confirmada pelo autarca, as deputadas socialistas perguntam-lhe se reconhece na decisão tomada “um acto xenófobo e racista” e se em “ocasiões futuras” que posição tomará a Junta de Freguesia da Cabeça Gorda sempre que lhe seja solicitada autorização para o enterro de cidadãos portugueses de etnia cigana.
REFERÊNCIAS:
Étnia Cigano
Para que diabo é preciso referir a etnia?
O uso do condicional — ou de expressões como “supostamente”, “alegadamente”, “presumivelmente” — não é um capricho. É um compromisso ético entre o dever de informar e o dever de respeitar o princípio da presunção de inocência que está consagrado na Constituição. (...)

Para que diabo é preciso referir a etnia?
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Ciganos Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: O uso do condicional — ou de expressões como “supostamente”, “alegadamente”, “presumivelmente” — não é um capricho. É um compromisso ético entre o dever de informar e o dever de respeitar o princípio da presunção de inocência que está consagrado na Constituição.
TEXTO: Não era um caso tratado com tempo. Era aquilo a que na gíria jornalística se chama um “caso do dia”. A primeira informação viera da PSP, via agência Lusa. Tudo teria começado às 16h56. Quatro familiares de um aluno teriam invadido a Escola Básica do Lagarteiro, um bairro social situado no extremo oriente do Porto, e agredido ao soco e ao pontapé uma professora de Educação Física que o teria repreendido. Não dava para ir lá. Já passava das 19h. Os intervenientes já lá não estavam. Já não dava para falar com a professora, nem com os familiares do aluno de oito anos. Aproximava-se a hora do fecho da edição de papel. Era preciso arranjar o número do director do agrupamento, da coordenadora da escola, da associação de pais, de quem quer que pudesse ajudar a esclarecer o que acontecera. Já só consegui falar com o oficial de dia da PSP, o presidente da junta e alguns moradores. Fiz uma pequena notícia. Qualquer jornalista que queira preservar a sua sanidade mental sabe que não deve ler comentários aos seus textos. “Há um motivo para tipicamente ficarem na parte de baixo da página”, como alguém escreveu numa conta do Twitter que se chama Don’t read the comments. “Ninguém se esconde ali a não ser almas furiosas e inquietas. ” Só que nem sempre resisto. Aquela pequena notícia deu origem a um chorrilho de comentários preconceituosos. Havia uns quantos reparos sobre os tempos verbais que eu escolhera, muitíssimas suposições sobre os suspeitos e uma grande dose de ódio. Que fazer? Ignorar, como era suposto? Recolhê-los e fazer uma espécie de estudo-de-caso? Podia ser útil para uma oficina sobre diversidade nos media ou sobre literacia mediática — ou para uma crónica. 1. “O que eu acho ‘estrondoso’ nesta notícia é o uso da expressão ‘terão agredido’, como que a pôr em causa a agressão presenciada e testemunhada por populares e confirmada pela autoridade”, escreve um leitor na caixa de comentários do PÚBLICO. “Concordo plenamente e obrigada pelo comentário. Desejo à professora agredida uma recuperação rápida e sem sequelas”, escreve outro leitor. O uso do condicional — ou de expressões como “supostamente”, “alegadamente”, “presumivelmente” — não é um capricho. É um compromisso ético entre o dever de informar e o dever de respeitar o princípio da presunção de inocência que está consagrado na Constituição. O artigo 32. º estabelece que “todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da sentença de condenação”. Merece menos cuidado quem ainda nem sequer é arguido?O capítulo sobre deveres do Estatuto dos Jornalistas é claro: compete ao jornalista "abster-se de formular acusações sem provas e respeitar a presunção de inocência". O Livro de Estilo do Público também: "O direito ao bom nome e a presunção da inocência até condenação em tribunal — ou, no caso de uma investigação própria do jornal, até prova absolutamente indiscutível — são escrupulosamente garantidos nas páginas do PÚBLICO. "2. “Por que motivo não dizem que foram ciganos? Têm medo?”, pergunta um leitor na página do PÚBLICO no Facebook. “É pena é ninguém dar cabo dessa ciganada toda”, comenta outro. E logo outro: “Notícia politicamente correcta para não ofender os coitadinhos. ” E logo outro: “Ora, se me permitem extravasar a minha veia preconceituosa. . . Os agressores eram ciganos (etnia, claro) não eram? Então a notícia acaba assim? Os jornalistas não acabaram de fazer a cobertura total do acontecimento?” Mais um exemplo: “Porquê que o jornalixo não diz se são ciganos? Proteger essa gente para que continuem a receber casas e subsídios de borla?” E outro: “Para a notícia não fugir à verdade deviam esclarecer que são todos de etnia cigana e que mais uma vez provam que não respeitam nada nem ninguém, é que se acham com direito a tudo. ” Ainda outro: “Os mesmos de sempre e ninguém faz nada e com esta cambada de jornaleiros que não têm a coragem de dizer qual a etnia dos atacantes e ainda os defende. Estamos feitos. O jornalixo ataca de novo. Será que o SOS Racismo vai dar a cara agora?”A não referência a características étnico-raciais também não é um capricho. É outro compromisso ético. “Ninguém deve ser qualificado pela sua origem étnica, naturalidade, confissão religiosa, situação social, orientação ou preferências sexuais, deficiências físicas ou mentais — excepto quando essa qualificação for indispensável à própria informação, isto é, se não é relevante, não se menciona; se se menciona, tem de se justificar”, dita, por exemplo, o Livro de Estilo do PÚBLICO. Naquele caso concreto, que importava se os quatro suspeitos faziam ou não parte de um grupo minoritário? Nada. Havia alguma motivação étnico-racial? Não. Quanto muito descontrolo emocional, crueldade, contexto explosivo. Se a etnia fosse relevante para entender o sucedido, seria necessário fazer o enquadramento, isto é, deixar claro o motivo pelo qual tal referência estava a ser feita. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. 3. O que acabo de apontar são dois princípios muito básicos do jornalismo, mas às vezes parece que temos de lembrar o óbvio para não nos perdermos do essencial. Ao leitor não familiarizado com os códigos da profissão bastará pensar na razão pela qual algumas pessoas assumiram de imediato que aqueles quatro adultos eram de etnia cigana. Todas as agressões a professores são atribuíveis a ciganos? Não. A população cigana portuguesa não chega a constituir 1% da população total do país. Padece de grande invisibilidade na sociedade em geral, algo por certo inseparável da pobreza e da exclusão em que vive a esmagadora maioria. Tem, contudo, uma grande visibilidade nas notícias. As notícias que a envolvem tendem a incidir sobre pobreza, absentismo e abandono escolar, casamento precoce e, nalguns media que insistem em referir a etnia quando não é relevante, tráfico de droga, roubos, rixas. Há mais ciganos do que não ciganos a traficar, a roubar ou a andar à pancada? Não. Se nuns casos é repetidamente referida a etnia e noutro não, que ideia fica?Não quero desvalorizar o espírito crítico de cada um. Quero, apenas, recordar que grande parte daquilo em que cada um de nós acredita sobre realidades alheias ao nosso quotidiano vem da informação produzida pelos órgãos de comunicação social e, cada vez mais, de outros conteúdos difundidos pelas redes sociais. Devem os jornalistas, de forma deliberada, reproduzir preconceitos e estereótipos e fomentar discriminação? Não me parece. Já basta o que reproduzimos sem querer — por ignorância e falta de tempo para pensar.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Palavras, expressões e algumas irritações: Mediterrâneo
Nos últimos anos, este mar azul, de águas muito salinas e temperaturas amenas, tem sido notícia não pela geografia física, mas pela geografia humana. Em rigor, desumana. (...)

Palavras, expressões e algumas irritações: Mediterrâneo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Asiáticos Pontuação: 6 Migrantes Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nos últimos anos, este mar azul, de águas muito salinas e temperaturas amenas, tem sido notícia não pela geografia física, mas pela geografia humana. Em rigor, desumana.
TEXTO: Escreve um dicionário comum sobre “Mediterrâneo”: “Mar que banha a Europa e os continentes africano e asiático. ” Descreve ainda: “Que se situa entre terras, continentes. ”A enciclopédia geográfica é mais rigorosa, como se esperaria: “Mar intercontinental, situado entre a Europa meridional o Norte de África e o Sudoeste da Ásia. Pelo Ocidente comunica com o Atlântico, através do estreito de Gibraltar, e por Este, através do canal do Suez, com o Índico. A sua extensão (2. 505. 000km2), o seu tráfego e a sua história tornaram-no um dos mares mais importantes do globo. ”Nos últimos anos, este mar azul, de águas muito salinas e temperaturas amenas, tem sido notícia não pela geografia física, mas pela geografia humana. Em rigor, desumana. De tal modo que nasceu uma organização de nome SOS Mediterrâneo. As mais recentes envolvem as 629 pessoas a bordo do Aquarius, que ficarão a salvo (do mar). Mas não faltam histórias dramáticas, que transformaram o Mediterrâneo num imenso cemitério. E assim vai continuar, como alertou a directora-geral da SOS Mediterrâneo, Sophie Beau: “É a ausência de meios cruciais para salvar vidas e são novas vítimas que acontecem debaixo dos nossos olhos, são mortes anunciadas. ” E questionava: “Enquanto o Aquarius vai fazer 1500 quilómetros para desembarcar os migrantes em Valência, o que se passa na zona de naufrágio?”Dizia recear “um grande vazio ao largo da costa líbia, onde todos os dias dezenas de pessoas tentam atravessar em embarcações improvisadas”. Na terça-feira, 41 náufragos foram socorridos e pelo menos 12 pessoas morreram. Notícia de dia 3 de Junho: “De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde o início de 2018 e até 30 de Maio chegaram à Europa 32 mil migrantes por via marítima. Cerca de 660 morreram ao tentar atravessar o Mediterrâneo. Em 2017, chegaram 70. 870 pessoas por mar e 1724 morreram na travessia. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Título no mesmo dia: “Ilhas de sonho no Mediterrâneo para ir de férias aqui ao lado. ”Como bem reflectiu Jorge Almeida Fernandes, no artigo “Quando faltam as ‘boas notícias’”, “vivemos uma época em que domina a incerteza, bem resumida na expressão ‘já não entendo este mundo’”. É exactamente isso. A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano Asiático
ERSE quer evitar que Galp exija aos consumidores devolução de 150 milhões
Regulador defende descida dos preços do gás natural e quer criar solução que impeça Galp de recuperar nas tarifas o montante da contribuição extraordinária. (...)

ERSE quer evitar que Galp exija aos consumidores devolução de 150 milhões
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 7 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.2
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Regulador defende descida dos preços do gás natural e quer criar solução que impeça Galp de recuperar nas tarifas o montante da contribuição extraordinária.
TEXTO: A Entidade Reguladora para os Serviços Energéticos (ERSE) quer garantir que mesmo que a Galp conteste em tribunal a taxa extraordinária de 150 milhões de euros aplicada aos seus contratos de importação de gás natural, e ganhe, os consumidores não vão ser obrigados a devolver futuramente esta quantia nas suas facturas mensais. A contribuição extraordinária de 50 milhões de euros anuais a aplicar à Galp até 2017 foi anunciada pelo Governo em Janeiro e aprovada na Assembleia da República na semana passada. Com ela, o ministro da Energia quer que as tarifas de gás natural desçam entre 3% a 5% para os consumidores domésticos e industriais (que concentram a fatia de leão do consumo de gás) já a partir de Abril, quando a ERSE efectuar a próxima revisão tarifária. “Certamente que nós, no dia 15 de Abril, iremos apresentar a nossa proposta de tarifas e, nesse momento, iremos também explicitar a metodologia que iremos adoptar para que essa possibilidade, a de que haja desvios associados à aplicação dessa lei, não possa existir”, disse Vitor Santos esta quinta-feira, à margem de um encontro com a imprensa para apresentar novas iniciativas no âmbito da defesa dos consumidores. “Vamos apresentar uma solução que blinde essa situação e que não crie ónus para mais tarde”, garantiu o regulador a propósito da possibilidade de a Galp recorrer a tribunal para ser ressarcida e ser-lhe dada razão. Escusou-se, no entanto, a adiantar mais detalhes. “Faz todo o sentido que haja partilha de benefícios relativamente à venda dos excedentes desses contratos”, disse Vítor Santos, lembrando que essa já tinha sido a posição defendida pela entidade reguladora em 2006, quando o mercado do gás foi reestruturado e a actividade de transporte passou para a REN, ficando a Galp com a distribuição e a comercialização. Nessa ocasião, a empresa conseguiu manter na sua esfera os contratos de aprovisionamento de longo prazo com a Argélia e a Nigéria, os chamados contratos take or pay. “Em 2006, chegámos a publicar regulamentos que defendiam esse perspectiva, depois houve a publicação de um decreto-lei e a modificação de um contrato de concessão que contrariou essa posição”, lembrou Vítor Santos. Face aos diplomas publicados pelo então ministro da Economia, Manuel Pinho, a ERSE (à data presidida por Jorge Vasconcelos) foi forçada a alterar os seus regulamentos, mas a posição actual "mantém-se a mesma que em 2006", assegurou o actual presidente. Esta posição foi, aliás, defendida num parecer enviado pela ERSE à Assembleia da República no processo de aprovação da proposta do Governo. Sobre o montante em cima da mesa (50 milhões por ano, a pagar em três anos, até 30 de Maio) o presidente da ERSE reconheceu que “são valores que assentam em estimativas e é sempre possível chegar a diferentes cenários para essas situações”. Mas o que “é importante para esta matéria é que, tendo havido de facto venda de excedentes e não tendo os consumidores beneficiados dessa situação, que de alguma maneira o possam ser”. Daí que a ERSE considere que os 150 milhões de euros são “um valor de referência que parece aceitável”. “Estamos absolutamente de acordo com o processo de partilha de benefícios”, reafirmou o regulador. Os contratos take or pay implicam que a Galp compre as quantidades pré-estabelecidas aos seus fornecedores, mesmo que não tenha procura. Quando o consumo de gás em Portugal começou a diminuir, a empresa liderada por Ferreira de Oliveira desviou estes excedentes para os mercados asiáticos, onde a procura aumentava, enquanto os preços subiam nos mercados internacionais. É nas mais-valias geradas neste processo que o Governo (e o regulador) vêem os benefícios que a Galp não partilhou com os consumidores, pelos contratos que assinou enquanto ainda era a incumbente. No diploma que incluiu estes contratos de longo prazo na lista de activos sob os quais incide a contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE), refere-se que a Galp só será compensada com os chamados ajustamentos tarifários positivos (os montantes que a empresa tem direito a receber a cada revisão trimestral das tarifas para acautelar desvios de mercado) se pagar a CESE. O direito de receber, através das tarifas de gás natural, o montante dos ajustamentos tarifários referentes a anos anteriores, definidos para efeitos de sustentabilidade de mercados e dos encargos financeiros associados devidos à entidade titular da licença de comercialização de último recurso grossista de gás natural […] fica condicionado ao pagamento integral” da CESE, diz o documento. Na sua proposta de lei, o Governo recordava que a extensão da CESE aos contratos de gás reconhecia "as condições vantajosas inerentes à atribuição, pelo Estado, do título que habilita [à Galp] o exercício da actividade em causa e, logo, da detenção dos mencionados contratos e os benefícios daí decorrentes”.
REFERÊNCIAS: