Príncipe Carlos comparou Putin a Hitler? Moscovo quer explicações
O herdeiro da coroa britânica comparou as acções de Putin na Ucrânia às do ditador nazi. (...)

Príncipe Carlos comparou Putin a Hitler? Moscovo quer explicações
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2014-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O herdeiro da coroa britânica comparou as acções de Putin na Ucrânia às do ditador nazi.
TEXTO: Um diplomata russo vai esta quinta-feira ao Foreign Office de Londres pedir explicações sobre um comentário atribuído ao príncipe Carlos, que numa conversa privada terá comparado as acções de Vladimir Putin na Ucrânia a Hitler. “O adjunto do embaixador deve vir cá hoje”, confirmou à AFP uma fonte dos Negócios Estrangeiros britânicos, mas sem dar mais pormenores. A frase do herdeiro da coroa britânica, que foi publicada pelo jornal Daily Mail, foi proferida por Carlos numa visita ao museu da imigração de Halifax, no Canadá, onde começou uma visita oficial de quatro dias. A conversa foi relatada por Marienne Ferguson, de 78 anos, que explicou que estava a explicar ao príncipe as condições em que a sua família fugiu depois da invasão nazi da Polónia, quando Carlos lhe respondeu: “E agora Putin está à beira de fazer a mesma coisa que Hitler. ” Referia-se à crise na Ucrânia. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que, a ser verdadeira, a declaração do príncipe Carlos “não faz honra a um futuro monarca” e que comparar Putin a Hitler é “inaceitável e ultrajante”. O Daily Telegraph avança na edição desta quinta-feira que os diplomatas russos em Londres pediram a reunião no Foreign Office, porque querem saber se a declaração corresponde a uma “posição oficial”. As relações entre o Reino Unido e a Rússia não estão no seu melhor devido à Crimeia, anexada pela Rússia, e à crise no Leste da Ucrânia. O príncipe Carlos, de 65 anos, é conhecido por assumir publicamente as suas posições, ao contrário da mãe, a rainha Isabel II, que cumpre a sua regra de nunca se referir a questões políticas. Mas este não foi um desses casos. Por isso, Clarence House — a residência oficial do príncipe — recusou tecer qualquer comentário, considerando que se tratou de “uma conversa privada” e não “de uma declaração política pública”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o número dois do Governo, Nick Clegg, defenderam na quarta-feira o direito de Carlos exprimir as suas opiniões, apesar de ser o futuro rei. O chefe da oposição, o trabalhista Ed Miliband, também apoiou o príncipe, ao dizer que “muita gente deste país partilha a inquietação do príncipe quanto às acções do Presidente Putin na Ucrânia”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave imigração rainha
Portugal “perdeu” quase um milhão de crianças em 30 anos
Entre 1981 e 2011, o país “perdeu” cerca de 936 mil crianças até aos 14 anos de idade. Quase metade das crianças (45,6%) vive em famílias sem outras crianças, segundo Instituto Nacional de Estatística. (...)

Portugal “perdeu” quase um milhão de crianças em 30 anos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Entre 1981 e 2011, o país “perdeu” cerca de 936 mil crianças até aos 14 anos de idade. Quase metade das crianças (45,6%) vive em famílias sem outras crianças, segundo Instituto Nacional de Estatística.
TEXTO: O diagnóstico está há muito traçado e até já se sabia que 2013 marcou um novo recorde negativo em termos de natalidade, com apenas 82. 787 nados-vivos de mães residentes em Portugal. O Instituto Nacional de Estatística (INE) foi agora mais longe nas contas, a propósito do Dia Mundial da Criança que se assinala este domingo, e concluiu que em 50 anos a percentagem de crianças na população residente passou de 29, 2% em 1960 para apenas 14, 9% em 2011. Nos 30 anos que mediaram entre 1981 e 2011, o país “perdeu” cerca de 936 mil crianças até aos 14 anos de idade, o que correspondeu a uma redução de 37, 3% no peso deste grupo etário no total da população. Nas próximas décadas, e segundo os cenários traçados pelo INE, a tendência vai agravar-se, podendo o número de crianças em Portugal sofrer uma quebra que variará entre os 25% e os 62%, consoante sejamos mais ou menos optimistas. Entre 10 municípios onde nascem mais crianças, cinco pertencem às regiões autónomas; no conjunto de municípios com menos crianças, Oleiros, no distrito de Castelo Branco, surge à frente, seguido de Pampilhosa da Serra e Penamacor. Ao contrário, Mafra, Arruda e Alcochete, registam o maior crescimento do número de crianças. Globalmente, 250 municípios perderam população no grupo etário dos 0-14 anos, ou seja, 81, 2% do total. Em 2011, como é habitual, nasceram mais rapazes do que raparigas (51, 1% e 48, 9%, respectivamente), embora estas continuem a ter uma esperança de vida maior. E, de acordo com os Censos 2011, havia naquele ano 49. 994 crianças estrangeiras residentes em Portugal, o que representa 3, 2% do total. Eram maioritariamente de origem brasileira e ucraniana, mas também cabo-verdiana e romena. Daquelas quase 50 mil crianças, 28% nasceram em Portugal, o que atesta o peso que os imigrantes tiveram na sustentação dos níveis de natalidade em Portugal nos últimos anos. Os últimos Censos mostraram também que 46, 5% das crianças viviam em famílias sem outras crianças e 42, 1% viviam na companhia de apenas outra criança. A maior parte (78, 9%) vivia com os respectivos pais. Na ausência de um dos progenitores, 13, 5% das crianças viviam em núcleos monoparentais de mãe e apenas 1, 4% com o pai. Numa escala até mais aguda do que a verificada na restante população, a taxa de risco de pobreza para os menores de 18 anos foi de 24, 4% em 2012, superior em 2, 6 pontos percentuais ao valor registado no ano anterior.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave criança pobreza
Sou de onde escrevo
Não pertencer a nenhum lugar e poder ser de todos com uma liberdade só imaginável em Babel. Americana de origem indiana, natural de Londres mas a viver em Roma, Jhumpa Lahiri, outra das presenças desta FLIP, tem feito da sua biografia um lugar de muitas personagens. Em A Planície volta ao tema com uma saga de irmãos afastados pelas ideias e pela geografia. E agora? Tudo será em italiano. (...)

Sou de onde escrevo
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-26 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140726170206/http://www.publico.pt/1663306
SUMÁRIO: Não pertencer a nenhum lugar e poder ser de todos com uma liberdade só imaginável em Babel. Americana de origem indiana, natural de Londres mas a viver em Roma, Jhumpa Lahiri, outra das presenças desta FLIP, tem feito da sua biografia um lugar de muitas personagens. Em A Planície volta ao tema com uma saga de irmãos afastados pelas ideias e pela geografia. E agora? Tudo será em italiano.
TEXTO: O seu nome não é Jhumpa. E se lhe perguntarem pela identidade faz uma pausa. “Talvez seja americana”, responde. Tom de voz baixo, frases curtas que intercala com um you know: “Nasci em Londres, aos dois anos fui para os Estados Unidos, os meus pais são de Calcutá e agora vivo em Roma”, e é como se nisto estivesse subentendido tudo o que tem sido a sua vida enquanto escritora. A geografia importa para a história porque tudo na escrita desta mulher de 47 anos parte desta identidade fragmentada e ainda em construção. Roma, onde vive há dois anos com o marido, o jornalista Alberto Vourvoulias-Bush, e os dois filhos, Octavio e Noor, de 12 e nove anos, pode não ser a última paisagem; a América foi aquela onde aprendeu a ler e a escrever numa língua diferente daquela em que aprendeu a ouvir e a falar, o bengali em que o avô materno lhe contou as primeiras histórias. “Sim, a língua é determinante para formar uma identidade”, continua, voz clara, neste momento de pausa na ficção em que questiona, num ensaio, a possibilidade de ter outra vida sempre que se ganha outra língua. “Agora tenho o italiano”, diz Nilanjana Sudeshna Lahiri, a rapariga com nome quase impossível de pronunciar pelas outras crianças do infantário onde andou, em Rhode Island. A professora chamou-lhe Jhumpa, para simplificar. A filha mais velha de um bibliotecário e de uma amadora de poesia seria sempre alguém “sem habilidade para pertencer a um sítio” e esse lado autobiográfico tem sido o seu material de escrita, com personagens que inventa para paisagens muito reais. De uma forma simplificada, pode-se afirmar que na escrita de Jhumpa Lahiri quase tudo persiste e o que muda são os nomes das personagens. Tem sido assim até agora. E tem sido um sucesso, ainda que apenas com quatro livros e alguns ensaios, mais uma ou outra entrevista a autores onde tenta perceber cada universo de escrita. “Não tenho uma rotina, mas tento manter uma ligação diária com o trabalho. Sejam os 15 minutos em que penso na história ou as três a quatro horas em que não levanto a cabeça do papel”, conta numa conversa com medo de repetições. “Parece que estamos sempre a dizer as mesmas coisas…” Não será assim. Contará de Pessoa e de Tabucchi, de como a escrita pode ser a aprendizagem de outra identidade ou de muitas. Na mesma língua ou numa língua que deixou de ser estranha. “É como sair de uma prisão”, acrescenta. Ao primeiro livro, Intérprete de Enfermidades, publicado em 1999 (em Portugal saiu dois anos depois pela D. Quixote), Jhumpa Lahiri ganhou o Pulitzer para ficção e não mais deixou de estar na lista dos premiados, dos que mais vendem, dos mais aguardados entre os escritores da América. É uma norte-americana de origem indiana que escolheu falar da imigração ou emigração; da quebra de elos, familiares, políticos, culturais; da perda; de como é ser indiano na América, em narrativas realistas, com uma escrita sem experimentalismos ou jogos de palavras em que a estranheza e o toque de exotismo vêm da sensação do sentimento de se ser um intruso no mundo onde se vive. No caso, ser-se indiano na América. Pertencer ou não pertencerParace fatalismo, mas o universo criativo não se separa do seu atlas real. Tem sido assim desde o início, quando, em criança tímida, começou a escrever para socializar. A solidão do acto viria mais tarde, mas a grande questão manteve-se. Como dizer a diferença e ser aceite? Começou em contos que saíram em revistas como a New Yorker ou a Harvard Review depois de anos a ser rejeitada. Nove foram reunidos no tal volume Intérprete de Enfermidades, que, além do Pulitzer, ganhou também o PEN/Hemingway. “O que liga as personagens, o que as magoa, o que as faz viver com alguém ou deixar de viver com alguém. O que as leva a sair. Interessam-me as conexões, as alianças. O que une duas pessoas apesar de haver um oceano a separá-las. Explorar as motivações mais subtis”, conta ao Ípsilon. E no último livro, como no primeiro, a primeira página, as primeiras linhas vão para o cenário, como se ele ditasse o que se segue. “A leste do Tolly Club, depois de a Deshapran Sasmal Road bifurcar, há uma pequena mesquita. Uma curva leva a um enclave sossegado. Um enxame de vielas estreitas e casas modestas de classe média. ” Estamos n’A Planície, o seu último romance agora editado em Portugal e o espaço que vai determinar o destino dos irmãos quase gémeos, Shubash e Udayan. É como olhar para um postal onde se percebem contágios e a relação entre paisagem, linguagem e acção. A ordem pouco importa… É do lugar onde está que avista, como se tudo acontecesse outra vez, a saga de dois irmãos de Calcutá, a cidade natal dos seus pais – dois rapazes que crescem com uma existência quase gémea, mas que acabam a separar-se. Um vai para Rhode Island seguir a sua ambição pelo saber científico, o outro fica em Calcutá envolvido no movimento revoltoso naxalita, de inspiração maoísta, que pretendia mudar a sociedade indiana no início da década de 70. Publicado em 2013, A Planície foi finalista do Booker Prize mas perdeu para The Luminaries, da neo-zelandesa Eleanor Catton. As duas vão agora encontrar-se na FLIP, o lugar onde Jhumpa irá contar, numa conversa marcada para o dia 2 de Agosto, como tudo está a mudar para si. Para onde ainda não sabe. “Foi um livro que me levou tempo. Uns dez anos. Parte de um acontecimento que fui ouvindo contar desde pequena e que aconteceu no bairro dos meus pais. Contava-se que alguns rapazes estavam envolvidos naquele movimento e um dia a polícia rodeou o bairro e eles foram encontrados mortos. Dizia-se que foram colocados perante a família, como foram feitos reféns. Ouvi muitos detalhes. Muitos foram preservados no meu romance. E não fazia sentido colocá-los noutro lugar. Construí a paisagem a partir da minha memória, do que vi depois, e tentei dar-lhe um sentido a partir de um incidente inicial que condiciona o resto da história. O que tive de inventar foram as personagens, porque eu não conhecia aquelas pessoas, não conhecia as vítimas daquela execução, nem a família. ”A crítica não foi unânime na recepção. O aplauso andou a par de quem considerou que a capacidade inventiva de Jhumpa se tinha esgotado. Com o romance anterior, Namesake (2003), também ele uma saga de imigrantes indianos na América, como já o havia sido Numa Terra Estranha (2008), outra colectânea de contos. “Neste livro penso mais profundamente sobre a memória, sobre como o tempo nos muda ou abandona, ou como se esvai, o que representa enquanto trauma devido a qualquer tipo de perda: a morte de alguém, o deixar o país, ficar sem referências, sem orientação em relação ao mundo. Quem sofre perdas muito profundas tem uma relação mais dependente com o tempo, o passado torna-se muito significativo por ser a dimensão que contém o bem perdido. Este livro é sobre isso. ”Todos foram, pode-se acrescentar, só que neste isso perde o carácter de novidade. Saberá Jhumpa Laihiri escrever sobre a mesma coisa parecendo que está a escrever um novo livro? Ela está em fase de procura de resposta. “Passados dois meses de chegar a Roma surgiu-me a ideia de uma história e, quando fui escrever, ela apareceu-me em italiano. Estava a tomar notas e a história ganhou corpo, evoluiu de forma tão estranha e poderosa que me deixou meio atónita. Pus-me, então, uma série de questões sobre a língua e a minha relação com o inglês e com o bengali, e agora com o italiano; sobre o que tudo isso significava para mim enquanto pessoa e enquanto escritora. ”Disso, e com a ajuda de referências como Fernando Pessoa, Antonio Tabucchi ou Cesare Pavese, fez um ensaio. Será o seu próximo livro. Uma série de reflexões sobre identidades criativas. O que é ser-se uma multiplicidade ou, como ela diz, ter a tal inabilidade para pertencer. É dessa forma que se diagnostica. Foge à questão do que é ser indo-americana. “Não é o mais importante. O que importa é o que isso faz de nós. ” Numa família, num país, num universo criativo. Shubash, Udayin ou Gauri, a mulher com que ambos acabam por casar, estão presos à tragédia da ligação ao lugar.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte filha imigração mulher prisão ajuda criança medo corpo rapariga
Dois empreendedores portugueses querem tornar a saúde acessível
A Facultatempo, plataforma online de venda de consultas a preço reduzido, já tem cerca de 20 mil pessoas registadas. (...)

Dois empreendedores portugueses querem tornar a saúde acessível
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.375
DATA: 2014-07-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Facultatempo, plataforma online de venda de consultas a preço reduzido, já tem cerca de 20 mil pessoas registadas.
TEXTO: Há cerca de um ano, quando bateram à porta do Centro Médico Girassol, na Amadora, Frederico Baptista e Tiago Mendonça quiseram sintetizar numa frase a ideia em que andavam a matutar há meses: “Explicámos que o objectivo era criar o primeiro cartão de saúde sem mensalidades”. Foi o contacto inaugural com um potencial parceiro. No início, sentiram “alguma resistência”, porque não havia nada do género, mas também perceberam que, para as clínicas, “o conceito era interessante para contrariar a queda de consultas” do sector privado devido à crise. “A principal barreira era o facto de ainda não termos o site”, conta Frederico Baptista. Porque, na realidade, o cartão de saúde de Frederico e Tiago não é um cartão, é um site, a plataforma Facultatempo, em que as pessoas se registam (e já lá estão cerca de 20 mil) para poderem comprar consultas, a preços reduzidos, com os mais de quatro mil profissionais de saúde com que estabeleceram acordos. Depois de desenvolverem o site, “tudo se tornou mais fácil”. Hoje, sete meses depois de ter feito as primeiras vendas, a empresa já é contactada por clínicas interessadas em aderir à rede, garante o fundador. “Além de sermos uma alternativa para quem não tem seguros ou cartões, somos um complemento para quem os tem, porque oferecemos outras especialidades”, diz Frederico Baptista. A rede inclui especialidades que os seguros de saúde não abrangem, como a psicologia, a fisioterapia ou a terapia da fala (cada consulta custa 25 euros), e também não exclui a franja etária dos idosos, que habitualmente é rejeitada pelas seguradoras. Cerca de 80% dos inscritos são mulheres. “Mas é uma inscrição que vale por três ou quatro, porque marcam consultas, para elas, para os maridos, para os pais…”, conta o gestor. As consultas de medicina dentária (20 euros), a ginecologia, a pediatria, a dermatologia e a psiquiatria estão entre as mais procuradas (para todas as especialidades o preço é de 38 euros). A Facultatempo já tem parcerias nos distritos de Lisboa, Porto, Aveiro, Braga, Coimbra e Setúbal e em Agosto vai estrear-se em Santarém e Évora. Mergulhar de cabeçaA ideia nasceu em Londres, para onde Tiago e Frederico emigraram em busca de oportunidades de trabalho e fizeram “um bocado de tudo, porque o mercado de trabalho é muito dinâmico”. Entre outras coisas, Tiago trabalhou na banca e Frederico em marketing e turismo. A ideia foi sempre regressar e, havendo a consciência de que seria “difícil encontrar emprego”, começou a ganhar forma a ideia de desenvolverem o seu próprio negócio. “A dificuldade estava em encontrar um modelo de negócio que fizesse sentido para a época que vivemos”. Porque em Portugal tinham pessoas próximas “a atravessar problemas de saúde” e abundavam as notícias de dificuldades financeiras, de tempos de espera inconcebíveis no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos preços elevados dos seguros de saúde, as perguntas começaram a ganhar forma. Será possível baixar as mensalidades e os valores cobrados às pessoas para acederem a cuidados médicos? Será possível eliminar mensalidades e oferecer consultas mais baratas?Ambos concordaram que a resposta era sim. E quando regressaram a Portugal, no final de 2012, já vinham com a convicção de que a ideia poderia dar um negócio. Em Janeiro, puseram mãos à obra. O investimento de “dezenas de milhares de euros” conseguiu-se entre o recurso às economias de ambos e a um crédito bancário. “Foi juntar tudo e atirarmo-nos de cabeça”, conta Frederico. Era necessário desenvolver o conceito e a plataforma, mas também ter certezas jurídicas. “Se é possível, se é legal, porque é que ainda ninguém se lembrou disto?”, era a questão que colocavam. Desfeitas as dúvidas quanto à legalidade, foi tempo de começar “a visitar clínicas e consultórios” e a testar o site. As primeiras vendas vieram em Janeiro de 2014. Nesse mês, venderam-se 30 consultas, neste último venderam-se “mais de 800”. À procura de investimentoApesar da tendência crescente, nenhum dos dois vive exclusivamente da Facultatempo, que está instalada no edifício da incubadora de empresas do Taguspark. “Cobramos margens muito pequenas e não temos escala suficiente”, diz o gestor. A negociação faz-se clínica a clínica, especialidade a especialidade, porque nem todos os médicos aceitam o protocolo e as mesmas condições. “A nossa comissão pode ser de 4, 6, 8 euros, depende, mas daí ainda temos de tirar o IVA e a taxa da SIBS [do pagamento electrónico]”, explica. Têm a consciência de que poderiam “chegar a mais pessoas” se pudessem fazer “uma comunicação mais alargada do projecto”. Mas não há capital. E nas reuniões com potenciais investidores (como business angels) têm esbarrado naquilo que Frederico define como “preconceito contra o alvo”. “Em todas as reuniões dizem-nos que o projecto está bem estruturado e a ideia é boa, mas não se identificam com o target, porque vêem o serviço como sendo para a classe média baixa”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave género mulheres
“O desafio é transformar isto numa mensagem que as pessoas possam usar à mesa do café”
Desemprego é mais baixo entre os diplomados e um trabalhador com curso superior pode esperar ter um salário 70% maior do que o colega que tenha apenas o secundário. (...)

“O desafio é transformar isto numa mensagem que as pessoas possam usar à mesa do café”
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-10 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140810170304/http://www.publico.pt/1665965
SUMÁRIO: Desemprego é mais baixo entre os diplomados e um trabalhador com curso superior pode esperar ter um salário 70% maior do que o colega que tenha apenas o secundário.
TEXTO: As histórias de jovens empreendedores que lançaram ideias de negócio de sucesso sem terem concluído uma formação superior entram todos os dias pelas casas dos portugueses dentro. Na família ou na vizinhança, todos parecem conhecer histórias de exemplos que ajudam a insuflar o desemprego jovem para números recorde. A isto juntam-se os discursos políticos de apelo à emigração e valorização do chamado ensino vocacional. Todos são ingredientes de um caldo cultural que parece contribuir para uma desvalorização social da formação superior. É assim que dois especialistas olham para a quebra da procura das licenciaturas nos últimos anos, dizendo que é preciso encontrar argumentos que possam ser usados nas conversas quotidianas para desmontar estes discursos. “Os dados e as estatísticas desmentem estas ideias superficiais”, defende a socióloga da Educação da Universidade do Minho (UM), Fátima Antunes, lembrando, por exemplo, que apesar de o país ser o terceiro país da OCDE com mais desemprego entre os jovens, atingindo 35, 4% da população entre os 15 e 34 anos, de acordo com a Direcção-Geral do Ensino Superior, a taxa de desempregados com licenciatura ou mestrado integrado registadas no IEFP é de 8%, uma valor significativamente menor. Os relatórios da OCDE também têm continuado a demonstrar que estudar no ensino superior compensa. No seu último relatório anual sobre Educação, Education at a Glance 2013 aquele organismo internacional mostra que continua a valer a pena ter um curso superior em Portugal do ponto de vista da remuneração futura. O prémio já foi maior (desceu 8% entre 2004 e 2010), mas, mesmo assim, este continua a ser um dos países onde mais se valorizam os estudos: um trabalhador com curso superior pode esperar ter um salário 70% maior do que o colega que tenha apenas o secundário. Portugal destaca-se também por ser aquele onde o benefício económico bruto é mais elevado no caso das mulheres, que podem aspirar a receber mais 134 mil euros ao longo da sua vida de trabalho do que as que têm apenas o secundário. “Precisamos de ter uma capacidade de comunicação que pelo menos confronte essa ideia superficial e de marketing”, defende a especialista, reconhecendo que é difícil combater ideias feitas “quando há casos concretos do vizinho do lado” a serem apresentados para rebater os dados apresentados. “O desafio é transformar isto numa mensagem que as pessoas possam usar à mesa do café”, sustenta Fátima Antunes. Outra alteração dos últimos anos que parece ter contribuído para uma alteração do valor social das licenciaturas foi a maior aposta no ensino profissional. No ano passado, Paulo Peixoto, do Observatório de Políticas de Educação e Formação da Universidade de Coimbra fez uma avaliação dos estágios no estrangeiro dos estudantes de cursos profissionais e percebeu que o ensino superior e percebeu que o discurso em torno do sector e as políticas aplicadas nos últimos anos “retiraram um pouco do estigma que pesava sobre o ensino profissional”. Só que essa realidade acabou por ter efeitos sobre o ensino superior. Tirar uma licenciatura imediatamente a seguir à conclusão do 12º ano “deixou de ser uma inevitabilidade num ciclo de formação”. “Os jovens continuam a reconhecer o valor da formação superior”, afirma Peixoto, mas este deixou de ser “um destino imediato”. “Será algo que tentarão um dia mais tarde, depois de uma primeira passagem pelo mercado de trabalho”.
REFERÊNCIAS:
Entidades IEFP OCDE
Quatro em cada dez vítimas de tráfico humano são de origem brasileira
Primeiro relatório anual do Observatório do Tráfico de Seres Humanos é apresentado esta manhã no MAI, em Lisboa (...)

Quatro em cada dez vítimas de tráfico humano são de origem brasileira
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Primeiro relatório anual do Observatório do Tráfico de Seres Humanos é apresentado esta manhã no MAI, em Lisboa
TEXTO: Oitenta e cinco pessoas foram no ano passado sinalizadas como eventuais vítimas de tráfico de seres humanos às autoridades policiais portuguesas ou organizações não governamentais. A origem, apesar de diversa, é marcada: 33 de nacionalidade brasileira, 18 portuguesa, 12 romena. O perfil sociográfico deve tornar-se mais claro hoje, que é divulgado o primeiro relatório anual do Observatório do Tráfico de Seres Humanos, no Ministério da Administração Interna (MAI). Pode, desde já, adiantar-se alguns dos traços: predominam mulheres, estrangeiras, solteiras, traficadas para exploração sexual; os homens são mais traficados para exploração laboral ou coacção à prática de crimes. Há uma grande diferença entre o número de vítimas sinalizadas e o número de vítimas confirmadas. Até Fevereiro de 2010, tinham sido confirmadas sete das sinalizadas no ano anterior. Estranho? "A sinalização pode ser feita por qualquer cidadão. Depois, há um processo para averiguar se é tráfico ou não", esclarece Manuel Albano, coordenador nacional do Plano de Acção 2007/2010 contra o Tráfico de Seres Humanos. E esse processo leva o seu tempo. O relatório hoje divulgado resulta de um aperfeiçoamento do Sistema de Monitorização criado pelo MAI. Pensado para a recolha de dados quantitativos e qualitativos, esse sistema está a funcionar desde Janeiro de 2008 e apoia-se num procedimento único de registo - comum a todas as forças e serviços de segurança e suportado por tecnologias informáticas - que permite conhecer o perfil das supostas vítimas. No ano passado, ainda não houve relatório. Apenas uma análise estatística: a embaixada dos Estados Unidos da América em Lisboa pedira-a para constar no Trafficking in Persons Report, o relatório anual da responsabilidade do Departamento de Estado norte-americano que analisa e classifica os países face aos seus esforços antitráfico. O relatório norte-americano deste ano, divulgado no passado dia 12, elogia os "esforços notáveis" feitos por Portugal em matéria de tráfico de pessoas - no plano da legislação, da formação, da recolha de informação, do apoio às vítimas. Critica, no entanto, o país por não disponibilizar dados sobre traficantes condenados. E, por isso mesmo, coloca Portugal no segmento dois - o dos que até fazem um esforço considerável, mas não cumprem ainda requisitos mínimos. Manuel Albano não perdeu o sono: "Até 2006, não tínhamos estratégia nacional, estávamos no segmento um. Criámos uma estratégia, alterámos o Código Penal, abrimos um centro de acolhimento e protecção para vítimas de tráfico e um observatório. Isto não são balelas. São coisas que estão a funcionar, que estão a ser consolidadas. Estamos no segmento dois por não termos as estatísticas da justiça disponíveis no momento que eles queriam!"Os tempos da Direcção-Geral de Política de Justiça (DGPJ) são diferentes dos tempos de quem nos Estados Unidos produz o Trafficking in Persons Report. Só em Setembro a DGPJ disponibiliza os dados anuais sobre condenações em processos-crime na fase de julgamento findos nos tribunais judiciais de 1. ª instância - mais perto do Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos. Esses números ainda não constarão no relatório a divulgar hoje. Mas mesmo sem os totais anuais, podem apurar-se algumas tendências relevantes. Como esta: no primeiro semestre de 2007 houve 53 condenações por tráfico de pessoas e lenocínio; 88 no de 2008; 172 no de 2009. No ano passado, de resto, houve um relevante julgamento de um grupo de origem romena que se dedicava à exploração sexual de mulheres e crianças nalgumas ruas de Lisboa. Há uma subida de casos que chegam aos tribunais e resultam em condenação. E a lei que define os objectivos, prioridades e orientações de política criminal para o biénio 2009/2011 considera de prevenção a investigação aos crimes de auxílio à imigração ilegal, associação criminosa dedicada ao tráfico de pessoas, a falsificação ou contrafacção de documentos e o casamento por conveniência. "Acho que estamos a trabalhar no bom sentido", advoga Manuel Albano. Com base no último relatório de Segurança Interna, pode adiantar-se alguns aspectos básicos sobre suspeitos: têm, sobretudo, nacionalidade portuguesa, nacionalidades romena, brasileira, ucraniana e eslovaca. Como aliciam as vítimas? Através de aventura e relacionamento (três), proposta de trabalho (44), conclusão de estudos (um). Como as subjugam? Através de ameaças, controlo de movimentos, ofensas corporais, físicas e sexuais, sonegação de documentos e de rendimento, isolamento, ameaça de deportação, privação da liberdade.
REFERÊNCIAS:
Entidades MAI
Julgamento do processo Passerelle chega hoje ao fim com a leitura do acórdão
O julgamento do processo Passerelle, que envolve 24 arguidos (15 pessoas e nove sociedades) pronunciados por cerca de 1200 crimes, chega hoje ao fim no Tribunal Judicial de Leiria com a leitura do acórdão, às 14h00. (...)

Julgamento do processo Passerelle chega hoje ao fim com a leitura do acórdão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O julgamento do processo Passerelle, que envolve 24 arguidos (15 pessoas e nove sociedades) pronunciados por cerca de 1200 crimes, chega hoje ao fim no Tribunal Judicial de Leiria com a leitura do acórdão, às 14h00.
TEXTO: O caso, que envolve crimes de fraude fiscal, tráfico de pessoas, angariação de mão-de-obra ilegal, associação criminosa e auxílio à imigração ilegal, começou a ser julgado em Maio do ano passado e termina após a realização de 46 sessões. A investigação do processo Passerelle, nome de uma cadeia de casas de striptease, culminou em Janeiro de 2006 com a detenção do patrão da rede de estabelecimentos, Vítor Trindade, e um antigo agente da PSP, Alfredo Morais. No despacho de acusação, que foi praticamente reproduzido pelo juiz de instrução criminal, o Ministério Público (MP) sustenta que Vítor Trindade e Alfredo Morais formularam um plano para criar estruturas comerciais que se dedicavam a fugir aos impostos, tendo a investigação estimado aquele valor em 25 milhões de euros. O MP refere ainda que o grupo tinha como finalidade “a exploração de actividades relacionadas com o sexo a realizar por mulheres, sobretudo estrangeiras, em estabelecimentos espalhados pelo país” e propriedade de sociedades dos dois arguidos ou “de pessoas singulares ou colectivas de confiança dos mesmos”. A Alfredo Morais cabia também a responsabilidade de colocar à disposição dos mesmos estabelecimentos um serviço de segurança, lê-se na decisão do MP. Nas alegações finais, o MP considerou provados os crimes de associação criminosa, tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal e pediu a condenação, a pena de prisão efectiva, dos dois arguidos e dos irmãos Rui e Paulo Batista, este último ainda por localizar. Para outros cinco arguidos, o procurador da República exigiu ainda a condenação igualmente a pena de prisão, mas suspensa na sua execução. Já os advogados criticaram a investigação e o facto de ter sido o mesmo procurador a investigar e a estar no julgamento. Os causídicos colocaram ainda em causa a forma como foram apurados os montantes monetários que sustentam os crimes fiscais.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Jornadas do BE terminam hoje com “alternativas” ao OE em cima da mesa
O BE termina hoje as suas jornadas parlamentares em Viseu com o voto contra a proposta de Orçamento do Estado para 2011 já anunciado e onde tem vincado que a austeridade “não é uma inevitabilidade” na resposta à crise. (...)

Jornadas do BE terminam hoje com “alternativas” ao OE em cima da mesa
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: O BE termina hoje as suas jornadas parlamentares em Viseu com o voto contra a proposta de Orçamento do Estado para 2011 já anunciado e onde tem vincado que a austeridade “não é uma inevitabilidade” na resposta à crise.
TEXTO: Hoje de manhã, o grupo parlamentar bloquista reúne-se à porta fechada e termina as jornadas com uma intervenção do presidente da bancada, José Manuel Pureza, onde deverão ser apresentadas novas propostas no âmbito do Orçamento do Estado para 2011. Ontem à noite, num jantar no centro de Viseu, o coordenador do BE, Francisco Louçã, anunciou que o partido votará contra a proposta apresentada pelo Governo, uma posição que já era esperada. Nas duas intervenções que teve no primeiro dia de jornadas parlamentares, Louçã insurgiu-se contra os que apontam as medidas de austeridade como único caminho para que Portugal responda à pressão dos mercados financeiros. Louçã defendeu a taxação em 0, 0001 por cento das transacções bolsistas ou a criação de um imposto progressivo sobre o património mobiliário e imobiliário como medidas para angariar receita. O coordenador bloquista lançou ainda um apelo à mobilização na greve geral marcada para 24 de Novembro. “Dentro de um mês haverá uma greve geral, que traz em Portugal, como noutros lugares da Europa se tem sentido, aquele sentimento imenso do 25 de Abril que é preciso fazer, da mobilização democrática, da capacidade de resposta por quem está desempregado, por quem não tem voz, por mulheres que ainda têm salário inferior nas mesmas categorias dos homens das suas profissões, pelos jovens sem trabalho, pelos que têm de emigrar, pelos que têm trabalho temporário, pela grande maioria dos pobres”, referiu. Já o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, destacou a escolha do distrito de Viseu para a realização das jornadas, dizendo que os bloquistas querem “falar ao país deste país do interior”. Pureza assinalou que muitas vezes os deputados da Assembleia da República abordam as dificuldades vividas no país como “abstracções” e salientou a importância do contacto com os cidadãos de concelhos distantes dos centros de decisão, especialmente num momento de maiores dificuldades. Depois de uma manhã dedicada à agricultura e após a sessão de abertura das jornadas, os deputados do BE espalharam-se por vários concelhos de Viseu, reunindo com profissionais das mais diversas áreas, e alguns visitaram também o centro histórico da capital de distrito. No passeio pelas ruas de Viseu, os deputados confrontaram-se com uma cidade que vive a desertificação dos centros históricos e a ocupação das periferias, uma questão recorrente em várias cidades médias do país. Os deputados foram ainda confrontados com a taxação das Scut - a A24 (que liga Viseu a Chaves) e a A25 (de Vilar Formoso a Aveiro) vão passar a ter portagens em Abril de 2011 - e com o alargamento dos horários das grandes superfícies (e consequentemente dos dois grandes centros comerciais que existem em Viseu), duas questões que marcam actualmente este distrito.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Alegre diz que Cavaco usou pobreza para campanha eleitoral
Manuel Alegre acusou hoje Cavaco Silva de utilizar a pobreza para “fazer campanha eleitoral”, afirmando que não é um problema “para ser tratado no Casino do Estoril” mas sim “resolvendo os problemas estruturais do país”. (...)

Alegre diz que Cavaco usou pobreza para campanha eleitoral
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Manuel Alegre acusou hoje Cavaco Silva de utilizar a pobreza para “fazer campanha eleitoral”, afirmando que não é um problema “para ser tratado no Casino do Estoril” mas sim “resolvendo os problemas estruturais do país”.
TEXTO: Discursando no lançamento do “Movimento Já”, o movimento de jovens apoiantes da sua campanha, o candidato apoiado pelo PS e pelo BE centrou o seu discurso no adversário Cavaco Silva, tecendo duras críticas ao actual Presidente da República, que acusou de utilizar o cargo para fazer campanha eleitoral sem entrar nela. “[A campanha] É uma luta muito difícil, muito desigual, muito desigual, porque há quem não queira que haja campanha e há quem esteja a fazer campanha sem a fazer, aparecendo todos os dias na televisão como Presidente da República. Mas eu estou habituado a combates desiguais, eu sou um resistente e um combatente de sempre e por isso tenho confiança de que com o vosso apoio, das mulheres, dos trabalhadores, dos jovens empresários, daqueles que querem mudar o nosso país e construir o futuro e, sobretudo, com o apoio da juventude, vai ser possível”, disse. Na sua intervenção, Manuel Alegre manifestou-se “chocado” com as palavras do Presidente da República, que na sexta-feira considerou que os portugueses têm de se sentir “envergonhados” por existirem em Portugal pessoas com fome, um “flagelo” que se tem propagado pelos mais desfavorecidos de forma “envergonhada e silenciosa”. “Nós somos um país que tem um problema estrutural, que é o problema da pobreza, apesar da nova geração de políticas sociais deste Governo, a pobreza estrutural é ainda muito forte, temos 18 por cento de portugueses que vivem no limiar da pobreza, e se destruíssem as prestações sociais poderiam passar a ser 40 ou mais, esse é um problema muito grave, mas não é um problema para poder ser aproveitado para campanha eleitoral”, afirmou. O candidato presidencial acrescentou ainda que este “não é um problema para ser tratado no Casino do Estoril”, local onde Cavaco Silva esteve e fez aquela declaração. “Não é um problema que se resolva com restos de restaurantes, essas são imagens que me chocaram, o problema da pobreza resolve-se resolvendo os problemas estruturais do país e esse é um problema que não é susceptível de poder ser aproveitado por um Presidente da República para fazer a sua campanha eleitoral”, acusou. Manuel Alegre disse ainda não estar “a lutar por um segundo lugar” mas “pela segunda volta” para aí ganhar a eleição para Belém e dirigiu críticas a quem diz que não há mobilização na sua campanha. “Levem esta mensagem, eu já dei a volta a todo o país, estive em todos os distritos, nas regiões autónomas, na emigração, em Paris e em Bordéus, e em todos os lados eu estive muito bem acompanhado, em todos os lados tive centenas de pessoas, salas cheias, já falei a milhares de portugueses, por muito que isso desagrade aos fazedores de opinião, as pessoas estão mobilizadas à volta da minha candidatura, não vem nas notícias mas estão no terreno, estão aqui, em todo o país, e no dia 23 de Janeiro vão estar lá, vão estar lá!”, garantiu.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS BE
Antigo Presidente de Israel condenado por violação
O antigo Presidente israelita Moshe Katsav foi considerado culpado de violação por um tribunal de Telavive. (...)

Antigo Presidente de Israel condenado por violação
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O antigo Presidente israelita Moshe Katsav foi considerado culpado de violação por um tribunal de Telavive.
TEXTO: “Nunca antes um Presidente no mundo democrático foi considerado culpado de tais acções”, escrevia o diário israelita “Ha’aretz” na sua edição on-line, considerando que o responsável "manchou a democracia israelita com vergonha". O caso apreciado pelo tribunal diz respeito a duas queixas de uma funcionária do seu gabinete quando era ministro do Turismo, nos anos 1990. Mais tarde, surgiram outras alegações de crimes sexuais de Katsav. Os juízes consideraram credíveis as provas apresentadas pela funcionária, descrita como “mulher A. ”, que descreveu uma primeira violação no gabinete no ministério do Turismo em Abril de 1998 e uma segunda, mais tarde, num hotel em Jerusalém, segundo a emissora britânica BBC. Outras duas mulheres fizeram queixa de Katsav por assédio sexual já quando este era Presidente, em 2003 e 2005. Ainda segundo o tribunal, os factos alegados pelas vítimas foram corroborados por vários testemunhos (em relação à relação de trabalho e ao modo como Katsav começou por elogiar as mulheres e depois humilhá-las quando estas não responderam aos seus avanços) e o testemunho de Katsav "estava cheio de incoerências e mentiras". Foi aliás por causa de uma destas queixas que rebentou o escândalo que acabou por levar à demissão do Presidente, que sempre clamou inocência. Em 2007, após sete anos na Presidência, a pressão pública acabou por forçar Katsav a demitir-se. Foi formalmente acusado em 2009. Segundo o diário israelita “Ha’aretz”, o tribunal considerou o antigo Presidente culpado de violar e atacar sexualmente uma antiga funcionária do Ministério do Turismo, assediar sexualmente uma funcionária da residência presidencial, abusar sexualmente e assediar outra funcionária da residência e de obstrução à justiça. Foi declarado inocente de apenas uma das acusações, de que teria assediado uma testemunha. Katsav tinha antes rejeitado um acordo proposto pelo tribunal em que confessando uma acção inapropriada poderia evitar uma acusação de violação. O político sempre apresentou o seu caso como o de uma “caça à bruxas” com motivos étnicos. Teve uma ascensão rápida na política – foi o mais jovem presidente da câmara de Israel com 24 anos e em 2000 venceu a Presidência contra Shimon Peres, um prémio Nobel da paz que acabou por entretanto ocupar este cargo. Nascido no Irão, Katsav era um caso de sucesso entre os normalmente menos favorecidos judeus que imigraram do Médio Oriente e Norte de África. O veredicto representa uma condenação de uma gravidade sem precedentes para um chefe de Estado de Israel. Ainda não é conhecida a pena, mas é certo que Katsav, 63 anos, casado e com cinco filhos, irá passar algum tempo preso, pelo menos quatro anos. O crime de violação acarreta uma pena de até 16 anos de prisão e os castigos pelos crimes menos graves deverão ainda juntar-se a esta pena. O veredicto está a ser descrito como um dia negro para Israel já que expõe uma conduta criminosa do chefe de Estado, que supostamente é a autoridade moral da nação. Mas está também a ser saudado pelo modo como as acusações de crimes sexuais foram levadas a sério num país onde activistas se queixam que estas queixas continuam a ser tratadas com alguma leveza, e elogiado também por mostrar a igualdade da justiça perante uma figura poderosa. Notícia actualizada às 10h15
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime tribunal mulher prisão negro violação igualdade sexual mulheres vergonha assédio