Empresário chinês detido por rapto fica em prisão preventiva
O empresário chinês anteontem detido pela Policia Judiciária (PJ) do Porto, na sequência do rapto e sequestro de uma concidadã, vai ficar em prisão preventiva. A decisão do juiz e instrução criminal de Vila do Conde foi conhecida a meio da tarde, altura em que a PJ dava a conhecer ter detido os dois indivíduos, igualmente de nacionalidade chinesa, envolvidos no caso. (...)

Empresário chinês detido por rapto fica em prisão preventiva
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: O empresário chinês anteontem detido pela Policia Judiciária (PJ) do Porto, na sequência do rapto e sequestro de uma concidadã, vai ficar em prisão preventiva. A decisão do juiz e instrução criminal de Vila do Conde foi conhecida a meio da tarde, altura em que a PJ dava a conhecer ter detido os dois indivíduos, igualmente de nacionalidade chinesa, envolvidos no caso.
TEXTO: O rapto foi concretizado no dia 25 de Janeiro, quando a vítima se dirigia para a sua residência, na zona de Vila do Conde. Antes de ter sido encarcerada num apartamento em vila Nova de Famalicão, foi amordaçada e atada a um árvore em lugar ermo, onde terá igualmente sido ameaçada de morte, caso o seu marido não procedesse ao pagamento de uma alegada dívida ao raptor. Depois de uma denúncia da família, a PJ conseguiu localizar anteontem a mulher, tendo na altura procedido à detenção principal suspeito. Os dois homens ontem detidos, um com 17 e outro com 41 anos, terão colaborado no rapto. O mais novo é filho do empresário, que agora fica em prisão preventiva, e terá desempenhado a tarefa de vigia à sequestrada ao longo dos nove dias de cativeiro. Ambos serão amanhã apresentados ao juiz, para que lhes sejam fixadas as medidas de coação. Ao que apuraram as autoridades policiais, a quantia exigida pelo raptor ao marido da vítima, também ele chinês, resultava de dívidas de jogo clandestino, actividade normalmente conotada com a actuação das famosas máfias orientais. A PJ procura apurar agora se este é um episódio isolado ou se enquadra na actividade daquele tipo de organizações. Este será também o primeiro caso em que as autoridades portuguesas deslindam um caso de criminalidade grave no seio da comunidade chinesa em Portugal. Sinal de que algo de muito grave se estaria a passar, foi o facto de o caso ter sido denunciado pelos familiares da vítima à polícia portuguesa, uma atitude praticamente inédita numa comunidade que se rege por rigorosos códigos de ética e que sempre procura resolver internamente todos os diferendos.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Dívidas de jogo na origem de rapto e sequestro de comerciante chinesa
É a primeira detenção por suspeita de actos criminosos graves praticados entre a comunidade chinesa em Portugal, mas para as autoridades policiais não é ainda seguro tratar-se de actividades enquadradas na actuação de alguma das famosas máfias orientais ou apenas de um acto isolado e de contornos particulares. (...)

Dívidas de jogo na origem de rapto e sequestro de comerciante chinesa
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: É a primeira detenção por suspeita de actos criminosos graves praticados entre a comunidade chinesa em Portugal, mas para as autoridades policiais não é ainda seguro tratar-se de actividades enquadradas na actuação de alguma das famosas máfias orientais ou apenas de um acto isolado e de contornos particulares.
TEXTO: Ontem, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a "detenção de um cidadão estrangeiro" como presumível autor de crimes de rapto e sequestro. Trata-se de um homem de 43 anos, de nacionalidade chinesa, tal como a vítima, uma mulher com 41 anos que tinha sido raptada na noite de 25 de Janeiro "quando regressava apeada à sua residência", na zona de Vila do Conde. Segundo o comunicado da PJ, a mulher foi "violentamente introduzida" na viatura do suspeito e, depois de aproximadamente uma hora de viagem, "foi ameaçada de morte, amordaçada e amarrada a uma árvore" em lugar ermo. Foi depois levada para Vila Nova de Famalicão, onde o suspeito "a colocou sob sequestro num apartamento", tendo anteontem sido libertada por elementos da Judiciária do Porto. Na altura foi também detido o suspeito, que só hoje será levado à presença do juiz de instrução criminal de Famalicão para a competente fixação de medidas de coacção. Ao que o PÚBLICO apurou, por detrás de tudo está a tentativa de cobrança de dívidas de jogo, actividades que tocam no mais profundo dos códigos de conduta dos cidadãos daquela comunidade oriental. O caso assume contornos inéditos para a polícia portuguesa, sendo a primeira vez que a Judiciária deslinda um situação que diz respeito às relações entre chineses residentes no nosso país. Numa comunidade marcada pelo silêncio, pelo secretismo e por severos códigos de conduta que a levam a encontrar resolução para os problemas apenas no plano interno, os investigadores procuram agora perceber se este é apenas um caso isolado ou se trata antes de uma manifestação da actuação das famosas máfias orientais. É que, apesar de os envolvidos se dedicarem oficialmente a actividades comerciais, a violência e a severidade da actuação do suspeito estão apenas ligadas a dívidas de jogo, actividade que é normalmente explorada pelas organizações mafiosas. E se as dívidas de jogo são questões de absoluta honra entre os chineses, muito mais grave será o facto de alguém procurar as autoridades para a resolução deste tipo de problemas. Foi isso que aconteceu neste caso, com o alerta a ter sido dado pelos familiares da vítima, facto que, para os investigadores, foi indicativo de que algo de muito grave se passaria. O PÚBLICO falou com o líder da Associação dos Comerciantes Chineses, Y Ping Show, que começou por dizer que este é um caso de "explicação difícil". Afirmando tratar-se de pessoas "amigas e conhecidas" que mantinham negócios entre si, deixou entender tratar-se de empréstimos ligados ao jogo. "Quando uma pessoa empresta dinheiro, a outra é obrigada a pagar", disse. Quanto ao rapto e sequestro, parece ver a situação mais como uma garantia de pagamento ou, como disse, "guarda de reserva". O habitual porta-voz dos chineses residentes em Portugal disse ainda que, nestes casos, "não fica bem meter a polícia". Porque pode "dar a entender que se trata de organizações mafiosas", coisa que, dá a indicar, não passa de uma espécie de mito.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Governo quer libertar linces até Junho mas admite recuar se não houver condições
Proprietários rurais e ambientalistas temem fracasso desta primeira tentativa e pedem mais tempo até à reintrodução dos linces-ibéricos no território português. (...)

Governo quer libertar linces até Junho mas admite recuar se não houver condições
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.014
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195028/http://www.publico.pt/1629887
SUMÁRIO: Proprietários rurais e ambientalistas temem fracasso desta primeira tentativa e pedem mais tempo até à reintrodução dos linces-ibéricos no território português.
TEXTO: O secretário de Estado do Ordenamento do Território, Miguel de Castro Neto, reafirmou nesta quarta-feira que acredita na possibilidade de reintroduzir oito linces-ibéricos no Vale do Guadiana até Junho, como foi decidido na semana passada pelos parceiros do projecto europeu LIFE+ Iberlince. Ainda assim, depois de ouvir as preocupações de proprietários rurais e ambientalistas, admitiu que a libertação não avançará se não estiverem reunidas as condições necessárias. “É verdade que temos alguns desafios que não controlamos e que estamos a monitorizar”, disse o governante, depois de uma ronda de reuniões com os parceiros do Plano de Acção para a Conservação do Lince-ibérico em Portugal (PACLIP). No topo da lista de “desafios” está a dieta do lince-ibérico (Lynx pardinus), constituída em 90% por coelho-bravo. Esta espécie foi praticamente dizimada nas últimas décadas pela doença hemorrágica viral (DHV), o que contribuiu largamente para a quase extinção daquele que é o felino mais ameaçado do mundo. A Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (Anpc), que representa a maioria das zonas de caça e dos proprietários rurais do Vale do Guadiana no Baixo Alentejo, alerta que não existem coelhos suficientes para garantir a sobrevivência e conservação dos oito linces criados em cativeiro, que o Governo prevê libertar (três numa primeira fase, depois mais três e finalmente mais dois). São necessários quatro coelhos-bravos por hectare para cumprir aquele objectivo mas a monitorização feita pela Anpc aponta para a existência de apenas 0, 5 coelhos por hectare. "A necessidade de redefinir o calendário para a reintrodução, tal como defendido pela Anpc, parece-nos fundamental, desde logo pela impossibilidade de até ao final da Primavera ter no terreno densidades de coelho adequadas", sublinha a associação em comunicado. Declínio "brutal" do coelho-bravoDepois de um forte surto no final da década de 1980, a população de coelhos-bravos ganhou resistências e recuperou. Porém, em 2011 surgiu uma nova variante do vírus, mais letal, que arrasou a população, particularmente os juvenis. E tudo aponta para um novo surto este ano. “Houve um declínio brutal [na ordem dos 80% em 2013] e ainda não sabemos ao certo se as populações estão a recuperar ou não”, diz Pedro Esteves, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio) da Universidade do Porto. Este investigador tem estudado a nova estirpe do vírus e defende a necessidade de um estudo exaustivo da população actual de coelho-bravo, para saber se a espécie está ou não a ganhar defesas contra o vírus e traçar uma estratégia para a sua conservação. “Apresentámos uma proposta ao Governo e ao ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e Florestas] mas não obtivemos resposta”, lamenta. E mesmo que a resposta chegue entretanto, “até Junho é impossível fazer seja o que for”, considera. O secretário de Estado do Ordenamento do Território diz ter informações que apontam para a existência de coelho-bravo em quantidades suficientes na natureza para garantir o sucesso da reintegração dos linces-ibéricos. “No Vale do Guadiana, temos indicação de que num determinado transecto [parcela de terreno] as populações variam entre dois e 3, 7 coelhos”, explica, para depois sublinhar: “Não temos razão nenhuma para duvidar dos dados que estão em cima da mesa”. Ainda assim, “em última análise, o que pode acontecer é não reintroduzirmos o lince-ibérico em local nenhum se não tivermos condições”, admite. Mas não é esse o cenário previsto. “O nosso objectivo é tornar 2014 não apenas o ano em que foi reintroduzido o lince-ibérico em liberdade, mas o ano do lince-ibérico em Portugal”, afirmou, acrescentando que está a ser definido “um conjunto de acções”, que irá ser apresentado em Abril aos parceiros do PNACLIP, com vista a reforçar, nos próximos meses, o trabalho que tem sido feito nos últimos anos por diversas entidades no domínio da conservação da espécie. A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) é uma das organizações com trabalho feito no Alentejo. Depois do projecto LIFE Lince, a associação desenvolve actualmente o LIFE Habitat Lince Abutre, cujo objectivo é a promoção do habitat destas duas espécies ameaçadas no sudeste do país. Também a LPN ficou preocupada com o anúncio da libertação dos linces. Depois da reunião desta quarta-feira com Castro Neto, as preocupações mantêm-se. “Não há tempo para pôr em prática todas as acções necessárias”, insiste Eduardo Santos, coordenador do LIFE Habitat Lince Abutre. Por um lado, há a questão do coelho-bravo: “A quebra foi drástica e a dinâmica ecológica da espécie não se restabelece em semanas”, afirma, sublinhando que a tendência actual da população é de queda. “É necessário um mínimo de dois coelhos por hectare para assegurar a reprodução das fêmeas, mas são precisos quatro coelhos por hectare para criar um novo núcleo da espécie”, que é o objectivo do plano, acrescenta. E identifica outros problemas: “É preciso saber qual a aceitação do lince-ibérico por parte da sociedade e isso não está a ser devidamente estudado”. Além disso, é preciso conhecer os riscos de mortalidade por atropelamento e tomar medidas para evitá-los. Segundo os dados mais recentes do projecto LIFE+Iberlince, em Espanha, na Andaluzia, 40% dos linces reintroduzidos na natureza morreram, muitos por atropelamento.
REFERÊNCIAS:
O ataque das enguias eléctricas a cavalos relatado por Humboldt há mais de 200 anos é mesmo possível
Na sua viagem à Venezuela, o famoso naturalista Alexander von Humboldt viu enguias eléctricas a saltarem da água para atacar cavalos com descargas eléctricas poderosas. Apesar de muito citada, havia dúvidas sobre a veracidade desta descrição. Agora, um cientista observou este tipo de comportamento. (...)

O ataque das enguias eléctricas a cavalos relatado por Humboldt há mais de 200 anos é mesmo possível
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.25
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na sua viagem à Venezuela, o famoso naturalista Alexander von Humboldt viu enguias eléctricas a saltarem da água para atacar cavalos com descargas eléctricas poderosas. Apesar de muito citada, havia dúvidas sobre a veracidade desta descrição. Agora, um cientista observou este tipo de comportamento.
TEXTO: Seriam mais de 30 cavalos num lago repleto de enguias eléctricas, no início de 1800, na Venezuela. Segundo as descrições do naturalista alemão Alexander von Humboldt (1769-1859), as enguias nadaram em direcção aos cavalos, saltaram para cima deles e atacaram-nos com descargas eléctricas. O lago estava rodeado de homens que impediram os cavalos de fugir. Podemos imaginar a agitação nas águas. Houve cavalos que tombaram com as descargas eléctricas e foram pisados pelos outros. Dois morreram. Mas Humboldt conseguiu retirar do lago cinco enguias para fazer experiências, o grande objectivo de todo o aparato. Publicada em 1807, a descrição do sucedido foi suficientemente forte para ter direito a uma ilustração. Mas, apesar de o episódio ter sido recuperado várias vezes por outros cientistas, o relato foi ganhando a aura de lenda. Não houve outras descrições de comportamentos das enguias eléctricas semelhantes ao da história de Humboldt. Os cientistas foram duvidando da veracidade das palavras “poeticamente transfiguradas” do naturalista, como se escreve num artigo de 1947. “O comportamento agressivo das enguias, tomando a ofensiva contra os cavalos, parece a parte mais questionável e fantástica da história”, refere o biólogo Kenneth Catania, da Universidade Vanderbilt, em Nashville, nos Estados Unidos, num artigo publicado nesta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, que reaviva este episódio, dando-lhe novos contornos científicos. É que Kenneth Catania observou pela primeira vez em laboratório este comportamento das enguias eléctricas a saltarem contra objectos aplicando-lhes descargas eléctricas. E quanto mais alto o salto, mais forte era a descarga, descreve o cientista no artigo. Só podemos adivinhar o sofrimento daqueles cavalos, há mais de 200 anos. A viagem histórica de Alexander von Humboldt, em que recolheu inúmeros animais e plantas, iria levá-lo mais tarde a cerca de 400 metros do topo do Chimborazo, um vulcão extinto no Equador, que faz parte da cordilheira dos Andes e atinge a respeitável altitude de 6310 metros. A escalada e todas as observações anteriores tiveram uma profunda influência na visão de Humboldt da natureza, levando-o à formulação do conceito de zonas de vegetação do globo, diferentes entre si de acordo com a latitude e a altitude onde se encontram. Esta relação nunca tinha sido feita e obrigou a uma nova abordagem holística da natureza, que lançou as raízes da ecologia e da conservação da natureza. Em 1800, então com 31 anos, Humboldt ainda estava longe de ter o reconhecimento mundial que iria receber mais tarde, influenciando disciplinas como a Biologia e a Geografia, áreas como a literatura e as artes plásticas, e nomes como o evolucionista britânico Charles Darwin, o escritor americano Henry David Thoreau, o biólogo alemão Ernst Haeckel e Johann Wolfgang von Goethe (muito amigo de Humboldt, diz-se que o escritor alemão se inspirou nele e na sua sede de conhecimento para criar o académico Heinrich Faust, a personagem central de Fausto). Mas foi o espírito desde sempre curioso de Humboldt que desencadeou o episódio das enguias eléctricas, na povoação comercial de Calabozo, na Venezuela. “Quando os habitantes locais contaram a Humboldt que muitos dos lagos pouco profundos da área estavam repletos de enguias eléctricas, mal conseguia acreditar na sua sorte. Desde as suas experiências com a electricidade animal na Alemanha, Humboldt sempre quisera examinar um desses extraordinários peixes. Ouvira estranhas histórias acerca de criaturas de metro e meio que podiam descarregar choques eléctricos de mais de 600 volts”, conta-se em A Invenção da Natureza – As Aventuras de Alexander von Humboldt, o Herói Esquecido da Ciência, da escritora Andrea Wulf, editado recentemente em Portugal pelo Círculo de Leitores. A obra de Andrea Wulf, de 2015, é uma biografia que resgata as memórias do alemão, cartografando não só a sua vida e as suas viagens, mas também as suas relações e a influência que teve noutras personagens importantes do século XIX. O caso das enguias eléctricas situa-se na secção da viagem do naturalista pelas Américas entre 1799 e 1804. Na altura, a dificuldade de apanhar as enguias, conhecidas pelos seus choques eléctricos, levou os habitantes a recorrerem aos cavalos para esgotar a energia das enguias. “A intensidade dos choques eléctricos ia diminuindo e as enguias enfraquecidas fugiam para a lama, de onde Humboldt as retirava com paus”, conta-se no livro. “História bizarra”“A primeira vez que li a história de Humboldt pensei que era completamente bizarra”, diz Kenneth Catania, citado num comunicado da Universidade Vanderbilt. “Por que é que as enguias iriam atacar os cavalos, em vez de nadarem em fuga?” O investigador trabalha com estes peixes, conhecidos por terem no ventre órgãos que lançam descargas eléctricas. Normalmente, estas descargas são usadas para imobilizar as presas dentro de água como se tratasse de uma arma Taser. Mas o ataque aos cavalos é um comportamento de defesa. A curiosidade do investigador foi aguçada quando observou a reacção das enguias eléctricas, da espécie Electrophorus electricus, quando as apanhava num tanque. O cientista usava uma rede com aro e cabo de metal, capaz de conduzir electricidade, e calçava luvas de borracha para se proteger de possíveis choques eléctricos. “De vez em quando, a enguia deixava de tentar fugir e atacava a rede saltando para fora de água enquanto pressionava o ‘queixo’ no cabo da rede, ao mesmo tempo que gerava uma série de choques eléctricos de alta voltagem”, explica o comunicado. Perante este fenómeno, Kenneth Catania tentou compreender o que estava a acontecer. Para isso, usou vários objectos que submergia nos tanques e mediu as descargas eléctricas. O investigador descobriu que as enguias só costumavam reagir a objectos que conduzem electricidade – uma vantagem adaptativa, já que na natureza os animais conduzem electricidade – e observou que quanto menos água havia no tanque, menos hipótese as enguias tinham de fugir e mais atacavam. Além disso, o ataque seguia um comportamento exacto. O objecto tinha de estar submerso. A enguia erguia-se da água e ia tocando no objecto a alturas cada vez maiores. Ao medir a descarga, o cientista verificou que quanto mais alto a enguia tocava no objecto, mais distante estava da superfície da água, e por isso mais forte era a descarga. “Isto permite às enguias darem um choque com uma quantidade máxima de energia a animais terrestres parcialmente submersos que invadem o seu território”, explica o cientista. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos objectos usados foi uma cara artificial de crocodilo, na qual foi instalada uma rede eléctrica de luzes LED à sua superfície. Sempre que a enguia dava uma descarga eléctrica, as luzes acendiam-se. “Quando se vê as luzes LED a acenderem-se, pode-se pensar nelas como as terminações de nervos da dor a serem estimulados. Isto dá uma ideia de quão efectivos os ataques podem ser”, refere Kenneth Catania. “Muito provavelmente as enguias eléctricas usam um ataque agressivo para se defenderem, porque não podem fugir”, lê-se no artigo. Para o investigador, esta descoberta corrobora as observações feitas por Alexander von Humboldt. “Os eventos ocorreram para o final da época seca, e as enguias estavam presas numa bacia lamacenta”, explica o artigo. “Parece razoável sugerir que Humboldt observou um comportamento semelhante. ”Com as enguias nas mãos, Humboldt e o seu parceiro de viagem, o botânico francês Aimé Bonpland (1773-1858), testaram os choques eléctricos dados por estes peixes das mais variadas formas, sendo eles próprios alvo dos ataques. Como tudo o que era alvo de atenção do naturalista, também este episódio foi integrado na sua visão sobre a natureza. “Ao observar o encontro medonho entre as enguias e os cavalos, Humboldt reflectiu nas forças que, de formas diversas, criavam um relâmpago, ligavam o metal ao metal e moviam as agulhas das bússolas”, lê-se na obra de Andrea Wulf. “Como acontecia tantas vezes, começava por um pormenor ou uma observação e, em seguida, voltava-se para um contexto mais alargado. Tudo ‘flui a partir de uma fonte’, escreveu, ‘e tudo se funde num poder eterno e omnipresente’. ”
REFERÊNCIAS:
Biólogos surpreendidos com animal selvagem de difícil classificação
Um animal semelhante a um lobo foi abatido por um agricultor no estado norte-americano do Montana. As primeiras análises não permitem, porém, identificá-lo como tal. (...)

Biólogos surpreendidos com animal selvagem de difícil classificação
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.09
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um animal semelhante a um lobo foi abatido por um agricultor no estado norte-americano do Montana. As primeiras análises não permitem, porém, identificá-lo como tal.
TEXTO: Há mais de uma semana que especialistas em biodiversidade andam a tentar classificar um animal que foi abatido no estado norte-americano do Montana (noroeste dos EUA). Não é bem um lobo nem um cão, e as dúvidas dos cientistas deram lugar a uma torrente de teorias da conspiração. A 16 de Maio, um agricultor abateu um animal que se aproximava do gado na sua propriedade perto da cidade de Denton. O abate de animais selvagens que representem um perigo para as pessoas, animais domésticos ou de pecuária, é legal de acordo com a legislação estadual. Depois de terem feito as primeiras análises, os biólogos e especialistas em conservação animal não conseguem afirmar com certeza a que espécie pertence o animal abatido. Aquilo que se sabe é que se trata de “uma fêmea jovem e não lactante, e um canídeo”, mas várias características físicas impedem que seja classificado como um lobo. “Os dentes caninos eram muito curtos, as patas da frente muito pequenas e as garras da frente demasiado longas”, notaram os especialistas, de acordo com um comunicado do Departamento de Pescas, Vida Selvagem e Parques (FWP, nas sigla original) do Montana. A ausência de uma classificação óbvia levou, previsivelmente, muitas pessoas a publicarem várias teorias alternativas para explicar a situação, geralmente com poucas bases científicas. Uma das explicações clássicas foi a de que se tratava do “Bigfoot”, uma criatura mitológica muito popular no imaginário norte-americano mas cuja existência nunca foi comprovada. Outros utilizadores das redes sociais sugeriram poder tratar-se de um “homem-cão”. E uma pessoa citada pelo site Great Falls Tribune diz que são criaturas “encontradas todos os dias" e que "o governo abafa todas as notícias”, avançando uma teoria conspirativa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há também quem proponha tratar-se de uma espécie pré-histórica que, afinal, não terá sido totalmente extinta há mais dez mil anos. Para além de tentarem identificar o animal, os responsáveis locais têm também esclarecido a população. Bruce Auchly, do FWP, diz ter ouvido “muitas vezes” a especulação sobre os lobos pré-históricos. “É um animal pré-histórico, tal como os mastodontes ou os tigres de dentes-de-sabre, portanto já não existe”, explica. O departamento reconhece que “as redes sociais foram rápidas a identificar o animal como tudo, desde um lobo a um lobo híbrido, até qualquer coisa mitológica”. “Em vez de tentarem adivinhar”, os especialistas locais enviaram amostras para um laboratório para que o ADN seja analisado, algo que deve ajudar a classificar o animal.
REFERÊNCIAS:
A pintora daqueles animais aristocratas que lhe enchem o Instagram (e os cafés)
Num cruzamento entre a crise e o Largo do Rato, Catarina Rosa reencontrou a pintura. Anos depois nascia o Tail to Tail, projecto de pinturas hiperrealistas que juntam animais à tradição do retrato burguês e nobre, que o acaso levou aos cafés Nicolau e Amélia, mas também à La Paparrucha, para delícia do director de campanha de Trump, e às casas de particulares. (...)

A pintora daqueles animais aristocratas que lhe enchem o Instagram (e os cafés)
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Num cruzamento entre a crise e o Largo do Rato, Catarina Rosa reencontrou a pintura. Anos depois nascia o Tail to Tail, projecto de pinturas hiperrealistas que juntam animais à tradição do retrato burguês e nobre, que o acaso levou aos cafés Nicolau e Amélia, mas também à La Paparrucha, para delícia do director de campanha de Trump, e às casas de particulares.
TEXTO: Sabe aquelas pinturas de um cão vestido como um lorde do século XVIII que começaram a aparecer nos cafés da moda de Lisboa? Ou de alguns dos restaurantes históricos da cidade? E que lhe surgem no feed do Instagram, como aquela cadela de cabelo de cor de unicórnio? Que rivalizam com os néones que dizem “Amélia”, com as panquecas coloridas do Nicolau ou com os clientes célebres de La Paparrucha? São fruto do projecto Tail to Tail, que a designer e pintora Catarina Rosa começou num cruzamento entre o sonho de adolescente, a crise da troika e o Largo do Rato. Dois dos cafés mais trendy de Lisboa, tão visitados por portugueses quanto por turistas, tão fotografados quanto elogiados quanto aos seus lanches e brunches, têm a sua identidade cruzada com a do Tail do Tail. Mas poucos o sabem. Nicolau, um salsicha reluzente da Baixa, e Amélia, uma poodle elegante e vaidosa recém-chegada a Campo de Ourique, moram desde sempre nestes espaços que fazem parte de um lifestyle em que se come mesmo com os olhos. Puseram nas redes sociais de clientes e influencers o trabalho de Catarina Rosa, quadros hiperrealistas, antropomórficos e “um pouco surrealistas” em que os animais ganham uma dignidade desconcertante com as suas roupagens e pose tão nobres e a que chama economicamente “tails”. O acaso, depois a necessidade e uma paixão antiga criaram o Tail to Tail, projecto que começou com encomendas de particulares, amigos e amigos de amigos e que dessa rede informal de passa-palavra a começou a colocar no circuito mais empresarial. “Queria ter seguido Pintura mas os meus pais acharam que eu teria de ter um patrono para ter um ordenado”, recorda no seu atelier na zona da Lapa. Acabou a estudar design no IADE. “Nunca mais pintei. Estava há dez anos a trabalhar em design gráfico, já tinha trabalhado em agências e na altura estava numa consultora onde era directora de marketing. Um dia, passei no Rato e vi o anúncio para aulas de pintura. ” Foi aí que encontrou o mestre Vítor, de 80 anos, e foi devolvida à pintura. O cão de um amigo, perfeito e amado nas suas imperfeições, e os exercícios do mestre Vítor seriam o passo seguinte. “Dava-me sempre umas paisagens, umas naturezas mortas, umas senhoras a passear à beira da água. Perguntei-lhe se podia escolher um tema - uma amiga de infância tinha uma pintura gigante à entrada de casa que era um cão vestido de senhora. Quando estava à espera dela, para irmos sair à noite, por exemplo, ficava ali horas a pensar ‘é só um cão’ e achava graça ao protagonismo do cão naquela casa tão linda. ” O tema surgiu a par do aniversário do amigo que tinha um Boston Terrier hermafrodita, sem um olho e com insuficiência cardíaca. Pintou-o “vestido à Camões”. Pouco depois um amigo viu aquele que seria o primeiro "tail" e encomendou um do “seu Boris". "Outro amigo pediu outro da sua cadela Sancha. " Entretanto, surgiu a crise, entrou a troika e foi despedida. Criou uma imagem, um logo, no Instagram começaram a subir os seguidores, e num curso do Centro de Emprego uma amiga fê-la chegar às comemorações do 40. º aniversário do restaurante Laurentina – O Rei do Bacalhau. Pintou um bacalhau de manto, ceptro, coroa e ar sobranceiro. Outra amiga ligou-a ao dono do argentino La Paparrucha e a sua vaca homónima está nas paredes a chamar a atenção de futebolistas ou do director de campanha digital de Donald Trump, Brad Parscale, que se fotografou orgulhosamente com a Paparrucha de Catarina Rosa. Quando a Fugas a visitou no seu atelier, terminava um de vários leões que já pintou a pedido de particulares, prendas de amigos ou familiares - alguns com inevitável temática sportinguista. A meio da conversa, entra em cena Olívia, a sua Boston Terrier de um ano, que simboliza agora aquilo de que mais gosta no seu trabalho. E que vem sobretudo do que faz para particulares, quando há um referente real, um amigo com patas, asas ou cascos. “O que acho mais interessante é a relação com os animais. Que é uma coisa que eu não tinha”, admite. “Aconteceu muitas vezes ir entregar quadros e as pessoas começarem a chorar. Tinha curiosidade de conhecer esta relação e acho que só comecei a honrar o que faço quando percebi o que sou capaz de dar às pessoas. Achava que o que eu fazia não era arte, não é nada de inovador. Isto é técnica e paciência”, diz sobre a minúcia milimétrica de cada pelo, escama ou brilho de jóia destes retratos de família alargada. Há outras pessoas que fazem este tipo de trabalho, recorda, nomeadamente o belga Thierry Poncelet, “que faz restauro e que compra pinturas antigas e lhes põe cabeças de cães - a da casa da minha amiga era dele”. Mas o que “é importante é a reacção das pessoas ao recebê-las. As pessoas vêm o animal retratado e honrado”. Os clientes como a Elements Jewelry procuram-na também para ir procurar emoções - no Dia da Mãe, criou mães-patas, mães-galinhas, mães-corujas ou mães-leoas com jóias de estimação. Outros procuram o insólito - como o programa de Herman José, Nelo & Idália, que pôs vários no cenário há dois anos. O “gingão” Nicolau e a Amélia surgiram através da agência de design que trabalhou as suas identidades, a Obvius Design. A Amélia tinha um perfil claro: “Altiva, espampanante e um bocadinho mais senhora, umas orelhas rosa”. Um terceiro membro da família, o primo Basílio, vai morar em breve no Campo das Cebolas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Tail to Tail é um projecto jovem, com cerca de ano e meio, e as suas criações, que contam a sua própria história, são infinitamente mais famosas do que a sua autoria e que tem seguido um caminho traçado pela circunstância. As perguntas chegam de todo o lado, as encomendas só se concretizam depois de discutido o preço destas pinturas, todas diferentes nos seus tamanhos, pesquisa e detalhe, todas iguais na tinta acrílica e junção de bichos e traje histórico. Com preços a partir dos 900 euros e uma execução média de três semanas, tem pinturas em casas do Chiado ou de São Paulo, no Brasil. Os seus “tails” têm uma dignidade inerente, mas nunca têm mãos. Só luvas. “Não posso pôr mãos de pessoas, o que é demasiado surreal, nem de animal, porque faz-me sempre lembrar o E. T. misturado com os peluches - parece que o animal está mascarado. ” E não está, porque o vestido azul de Amélia com as suas pérolas e camafeu ao pescoço não é uma máscara, é mesmo a roupa da nova coqueluche dos cafés de Lisboa. Qual é o animal que mais lhe pedem para pintar? O cão, de várias raças. E o leão. Já me pediram de tudo, de pinguins a alces. Há imensa gente que pede avestruzes. E tenho três tipos de clientes: os donos de animais que querem o seu animal pintado; pessoas que adoram um dado animal; e pessoas que se querem ver retratadas como animais. Esses dão algum trabalho porque tem muita pesquisa… e as pessoas têm mesmo de ter algum sentido de humor. Qual é o animal mais difícil de retratar e combinar com o corpo humano? O leão é complicado pela juba, que não é certa. É como um cabelo espigado, também como a Amélia. Aquelas orelhas não foram fáceis. Acho mais graça aos animais da quinta. Quanto maior for o contraste mais engraçado acho – uma galinha, uma porca, uma vaca, todas arranjadas… o leão já é apoteótico, vaidoso por ele próprio e não merece tanto como uma porca. O que é que estas criações acrescentam a estes espaços comerciais? Quando ponho os quadros acabados no Instagram ponho sempre uma história que me contam dos animais, é uma coisa que fiz naturalmente porque acho que devo apresentar as personagens. O que acho que aconteceu na Amélia e no Nicolau é que as pessoas adoram histórias. Estão a gostar de brincar com este namoro. E todo este meu projecto tem a ver com isto – com a brincadeira.
REFERÊNCIAS:
Jovens patrulham a cavalo serras de Valongo para prevenir incêndios
Projecto “Vigia a cavalo” é uma parceria entre o Centro Hípico de Valongo, a câmara local e o Instituto Português do Desporto e da Juventude. Até Setembro, 30 adolescentes vão fazer três patrulhas diárias. (...)

Jovens patrulham a cavalo serras de Valongo para prevenir incêndios
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.1
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Projecto “Vigia a cavalo” é uma parceria entre o Centro Hípico de Valongo, a câmara local e o Instituto Português do Desporto e da Juventude. Até Setembro, 30 adolescentes vão fazer três patrulhas diárias.
TEXTO: Trinta adolescentes trocam uma parte das férias, entre Julho e Setembro, por três patrulhas diárias, a cavalo, munidos de binóculos, telemóvel e cartas militares nas serras de Valongo, a fazer a prevenção de incêndios. O projecto “Vigia a cavalo” resulta de uma parceria entre o Centro Hípico de Valongo e a câmara local, com a colaboração do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e reúne cerca de três dezenas de jovens numa actividade que, da prevenção à limpeza da serra, tem estimulado o reforço dos apoios. Abrangendo uma área de 4300 hectares, o território de Valongo tem cerca de 800 hectares que integram a rede Natura 2000, um património que a autarquia diz-se empenhada em proteger, materializando-o, mais um ano, através do protocolo celebrado na semana passada. Desde 2018 apoiado financeiramente pela autarquia, este ano foram protocolizados 4500 euros de apoio, para além da necessária aprendizagem de montar a cavalo, os jovens recebem formações da Protecção Civil e dos bombeiros locais ao nível das coordenadas e sinalização das serras antes de avançarem serra cima, em grupos distintos, três vezes por dias. A explicação é dada por Miguel Brandão, presidente do centro hípico, enfatizando que essa formação prévia os prepara para “interpretar as coordenadas e os pontos das serras das Pias e de Santa Justa para, caso haja um incêndio, serem capazes de transmitir a informação”. Numa conversa serra acima a acompanhar a marcha dos cavalos, parecendo estes indiferentes quer às mudanças no relevo quer ao facto de terem jovens na sela, Miguel Brandão disse à Lusa que desta vigilância “infelizmente, já foram detectados vários fogos”. Do projecto resultou outro problema que o centro hípico transformou em solução, explicou o responsável, referindo-se ao “lixo que os jovens detectam nas serras e que, depois de marcado nas cartas militares e comunicado, é recolhido e encaminhado para os locais próprios pela câmara”. No alto da serra de Pias, no ponto 2 de observação das patrulhas, a Lusa falou com os jovens cavaleiros, tendo Beatriz Pereira — de 18 anos e “no projecto desde os 11” — revelado que em 2019 “ainda não foi detectado nenhum incêndio”, nas serras que vigiam. “No ano passado [2018] detectámos cerca de cinco ignições”, disse a jovem cavaleira, explicando que algumas detecções acontecem quando já há bombeiros a caminho dos fogos, nada que minimize o entusiasmo, pois, explicou, “não estão em patrulha o dia todo”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Único rapaz da patrulha acompanhada pela Lusa, Tomás Rodrigues, de 16 anos, é um “veterano” da vigilância e garante não imaginar a sua vida “sem os cavalos”, agradecendo pelas competências adquiridas nas “duas formações anuais” promovidos pelos bombeiros e a Protecção Civil. “Em caso de detecção de fogo, o contacto é feito imediatamente para a Protecção Civil ou Bombeiros de Valongo, mas também recolhemos lixo. Caso o encontremos, o local é marcado nas cartas militares que possuímos e comunicados à nossa sede no centro hípico”, sintetizou o jovem do modo de actuação da patrulha. O presidente da câmara, José Manuel Ribeiro, destacou a importância da parceria para a autarquia, que a partir de 2018 “reforçou o apoio financeiro”, ao mesmo tempo que se mostrou grato às “dezenas de jovens que passam aqui as suas férias com um comportamento cívico (. . . ) defendendo o bem comum”. “Precisamos que todos colaborem na vigilância, desde a pessoa que passa no carro, até ao agricultor, todos têm de perceber que a vigilância é um comportamento de todos nós”, apelou o autarca.
REFERÊNCIAS:
Eles querem proteger a vaca-loura, mas precisam da tua ajuda
O VACALOURA.pt, projecto de ciência cidadã 100% voluntário, lançou uma campanha de crowdfunding. Pedem 7500 euros para continuarem a conservar e a estudar este escaravelho. (...)

Eles querem proteger a vaca-loura, mas precisam da tua ajuda
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.13
DATA: 2018-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O VACALOURA.pt, projecto de ciência cidadã 100% voluntário, lançou uma campanha de crowdfunding. Pedem 7500 euros para continuarem a conservar e a estudar este escaravelho.
TEXTO: João Gonçalo Soutinho começou a semana a distribuir madeira morta pela mata de Vilar, em Lousada. Ou, como o coordenador do projecto VACALOURA. pt gosta de dizer: “Estivemos, basicamente, a criar abrigos para escaravelhos. ”O biólogo, de 23 anos, anda a fazer o levantamento das árvores de grandes dimensões com raízes naquele concelho do distrito do Porto. Não lhe interessa apenas inventariar os milhares de Gigantes Verdes, como chamou ao projecto premiado e apoiado pela autarquia que está a desenvolver no âmbito do mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Quer também saber se aquelas árvores gigantes podem servir de habitat natural para uma outra espécie bem mais pequena, mas que lhe ocupa grande parte da agenda: a vaca-loura (Lucanus cervus). Em 2016, o jovem biólogo — com um gosto particular por escaravelhos — começava a reunir a equipa de voluntários que, até hoje, “compila e organiza a informação” enviada por pessoas que avistaram o lucanídeo em território português. Arrancava assim o projecto de ciência cidadã, coordenado pela BioLiving, associação da qual o biólogo faz parte. Dois anos depois, querem “dar o próximo passo”. “Chegamos a um ponto em que achamos que o que conseguimos fazer de forma voluntária já estamos fazer. E queremos continuar a crescer de forma mais sustentável. ” Para já, isto significa angariarem 7500 euros através de uma campanha de crowdfunding promovida no portal de financiamento colaborativo PPL. “A vaca-loura é uma espécie emblemática com um elevado valor iconográfico que, devido à sua morfologia e dimensão singulares, se torna facilmente identificável”, lê-se, no site da campanha de angariação de fundos. O macho (cerca de 8 centímetros) “é inconfundível”, culpa das mandíbulas em forma de pinça muito maiores que as das fêmeas. A espécie depende de árvores de grande porte, de folha caduca. Os avistamentos estão maioritariamente concentrados no Norte Litoral do país. Aqui pode ser consultado um guia para ajudar a identificar os diferentes lucanídeos em Portugal. As doações colectadas vão ser empregues em “estudos genéticos das populações nacionais da vaca-loura” pioneiros em Portugal; na “avaliação da resposta da espécie aos futuros cenários de alterações globais”; no melhoramento das “plataformas de registos de avistamentos” e no desenvolvimento de “material didáctico e científico relativo à vaca-loura”. Uma parte significativa do valor vai ainda ser usada para “ressarcir todos os custos relacionados com a campanha”. Se, até 20 de Dezembro, alcançarem o financiamento pretendido — a PPL devolve todas as doações aos apoiantes caso o objectivo não seja atingido — o projecto pode respirar por “pelo menos mais dois anos”. Com a ajuda dos registos de “centenas de cidadãos”, o projecto de ciência cidadã 100% voluntário já conseguiu “compilar informação que permitiu duplicar a área de distribuição conhecida da espécie em Portugal”. Em três anos, já foram avistadas “cerca de 1600” vacas-louras. “Todos os registos que temos são pessoas que vêem uma vaca-loura no seu dia-a-dia, tiram uma fotografia e enviam-na”, conta o biólogo. Para tal, basta preencher o formulário disponibilizado no site oficial do projecto. A espécie que ajudam a conservar está “quase ameaçada” em vários países europeus. Em Portugal, o estado de conservação do lucanídeo, que é “um símbolo das florestas nativas nacionais”, ainda é “definido como desconhecido” — classificação que gostavam também de clarificar. Além da associação BioLiving — que ainda este mês pôs estudantes e voluntários a apanharem três mil beatas no campus da U. Aveiro — o VACALOURA. pt tem como parceiros a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, a Sociedade Portuguesa de Entomologia (SPEN) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). João fundou o projecto depois de ter participado num congresso europeu sobre escaravelhos que decompõem madeira morta (grupo no qual a vaca-loura se enquadra), que em 2016 decorreu na Bélgica. Este ano, quando voltou ao encontro, desta vez na Alemanha, o biólogo já apresentou alguns resultados da iniciativa nacional. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quando entrou para a licenciatura na Universidade do Porto, o jovem até pensava que se iria focar na biologia marinha — até que mergulhou no mundo dos invertebrados. À procura de projectos dentro da área encontrou um na mata do Bussaco, sob a orientação de Milene Matos, a presidente da BioLiving. Mais recentemente fez um estágio em pleno parque nacional alemão, um "dos parques pioneiros que fazem gestão florestal a pensar mesmo na biodiversidade". Por lá, estudou formas de manter a floresta "o mais natural e o mais segura possível, ao mesmo tempo". "Comecei a gostar de insectos", ri-se. "Nos escaravelhos fui-me focando mais nos que estão ligados à madeira morta — e a vaca-loura acaba por ser o símbolo deste grupo, um grupo bastante grande que representa cerca de 30% do que existe em todas as florestas. "Apesar disso, ninguém "lhes dá muito valor". A vaca-loura, por ser facilmente identificável, "acaba por ser um símbolo que podemos usar para chamar a atenção das pessoas". Este escaravelho, descansa, "é completamente inofensivo". "A não ser que lhe metas o dedo no meio dos cornos. Aí elas mordem. " Calma: é uma dor completamente mecânica. "Como se fosse um alicate", ri-se.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda espécie vaca morta
Do Alentejo chegam fardos de palha para cabras e ovelhas não morrerem à fome
Veterinários estimam que morreram 50% dos animais de produção na região. Problemas para a saúde pública estão afastados. Clínica ajuda cães e gatos em dificuldades. (...)

Do Alentejo chegam fardos de palha para cabras e ovelhas não morrerem à fome
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Veterinários estimam que morreram 50% dos animais de produção na região. Problemas para a saúde pública estão afastados. Clínica ajuda cães e gatos em dificuldades.
TEXTO: Houve quintas nas quais não sobreviveu um único animal. Outras houve em que sobreviveram algumas cabras ou ovelhas feridas. Das cerca de 4000 cabeças de gado registadas nos três concelhos mais atingidos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, os veterinários já contabilizaram entre 1000 e 1500 animais mortos. A recolha e enterramento de animais está a ser feita por veterinários que não param desde domingo. As situações mais graves foram detectadas nas “aldeias da Graça, Vila Facaia e Castanheira de Pêra”, onde muitas produções ficaram completamente destruídas, conta ao PÚBLICO Elisabete Martins, Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Médicos Veterinários do Centro, coordenadora da equipa de médicos que tem actuado na região. Os veterinários têm andado de terra em terra a ajudar a enterrar os cadáveres (em profundidade, tapados com cal e longe de cursos de água), para evitar problemas para a saúde pública. Para já, “a recolha de cadáveres está controlada” nestes concelhos, mas só agora vai começar em Góis. Porém, não há um plano de contingência para ajudar nestas situações de crise. Margarida Ventura, engenheira agrícola na cooperativa FICAPE, em Figueiró dos Vinhos, diz que tem sido pedido o apoio do SIRCA (Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração), mas que este tem falhado. Por isso, as pessoas têm enterrado os animais por si, para evitar problemas piores com a decomposição dos cadáveres, acelerada pelo calor intenso. Elisabete admite que “falhou um bocadinho o apoio do SIRCA”, apesar de, nestas circunstâncias, ser difícil a acção normal desta entidade. “Sugeria um sítio, mais que não fosse, onde se pudesse recolher para um camião os cadáveres e que estes fossem depois transladados para um camião do SIRCA”. Além dos veterinários municipais, chegaram outros voluntários para recolher os corpos dos animais mortos e tratar daqueles que estão feridos e que precisam de cuidados médicos e de alimentos no longo prazo: “Estes animais subsistem de pastagens, essencialmente, e não vão ter pastagens, a não ser na próxima Primavera. O problema não é só alimentá-los hoje e amanhã”, explica a veterinária. Para isso, foram montados três pontos de recolha e de entrega de alimentos. “Está prevista a chegada de um camião com palha que vem do Alentejo”, conta Margarida Ventura. A empresa Rações do Zêzere tem fornecido rações gratuitas a ovelhas e cabras, mas as aves ainda não têm alimento. O Gentil tem um pêlo branco tisnado. É um cão simpático e fica todo contente quando alguém lhe vai fazer festas. Teve água, comida e sombra no quartel da GNR de Pampilhosa da Serra, onde passou a noite. Gentil é um cão grande, arraçado de labrador, que pertence a António e Rosa, os únicos moradores de Vale de Carvalho, uma das nove aldeias de Pampilhosa que foram evacuadas de emergência por causa do incêndio de Góis, que ontem não dava tréguas aos bombeiros. António e Rosa foram algumas das 83 pessoas evacuadas no concelho e, tal como outros habitantes que têm saído de suas casas para deixar passar o fogo, levaram os animais de estimação consigo para os centros de acolhimento. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para ajudar estes animais, mas sobretudo para tratar dos que têm sido resgatados feridos, mas com vida nos últimos dias, a clínica Vet Figueiró abriu as portas e tratou vários cães e gatos destes três concelhos. Hélder Valente, um dos veterinários, conta que têm estado “a tratar dos animais em estado mais grave”. No internamento, têm quatro cães e um gato, com queimaduras e problemas por causa da inalação de fumo. Todos já têm dono. Já, porque um dos cães, que tem queimaduras graves, era de um senhor que morreu no fogo, mas foi entretanto adoptado. Esta ajuda, conta o veterinário, tem chegado de “todo o país”, mas também de fora. Por enquanto, têm comida e medicamentos para ajudar os animais de companhia.
REFERÊNCIAS:
Pesca ilegal e desflorestação da Amazónia associados a paraísos fiscais
Num estudo, vários cientistas revelam que empresas envolvidas na pesca ilegal usam paraísos fiscais para registar embarcações. (...)

Pesca ilegal e desflorestação da Amazónia associados a paraísos fiscais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 12 | Sentimento -0.5
DATA: 2018-09-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Num estudo, vários cientistas revelam que empresas envolvidas na pesca ilegal usam paraísos fiscais para registar embarcações.
TEXTO: Um grupo de cientistas pediu nesta segunda-feira uma maior transparência no uso de paraísos fiscais por empresas envolvidas em actividades que prejudicaram os oceanos e a floresta tropical da Amazónia. Num estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution, a equipa revelou que várias empresas envolvidas na pesca ilegal em todo o mundo usaram paraísos fiscais para registar as suas embarcações. Ao mesmo tempo, os investimentos na agricultura que têm danificado a floresta tropical surgem normalmente associados a contas offshore. O estudo vem no encalço da publicação, em 2016, dos Panama Papers, que mostram como indivíduos e empresas usaram esquemas offshore para reduzir o valor dos impostos a pagar. No artigo, os cientistas escrevem que 70% das embarcações de pesca implicadas na pesca ilegal, não reportada e não regulamentada, foram registadas num paraíso fiscal, como o Belize ou o Panamá. Por contraste, acrescentam, apenas 4% de todas as embarcações registadas no mundo inteiro têm bandeiras de paraísos fiscais. Os cientistas também citaram documentos do banco central brasileiro que mostram que quase 70% – ou 18, 4 mil milhões de dólares, de um total de 26, 9 mil milhões – do capital estrangeiro investido pelas grandes empresas de soja e carne no Brasil, entre 2000 e 2011, seguiram para paraísos fiscais. As autorizações para a utilização de terras para agro-pecuária e cultivo de soja têm sido “desencadeadores de desflorestação”, especialmente nos primeiros anos do período, afirmam os cientistas. A maioria dos fundos aplicados na agro-pecuária e no cultivo de soja foram enviados a partir das ilhas Caimão, Bahamas e Holanda. “No caso da indústria da pesca há exemplos de uso ilegal de paraísos fiscais. Falamos de evasão fiscal”, disse à Reuters o autor principal do estudo, Victor Galaz da Universidade de Estocolmo, na Suécia. Galaz diz que não há nada de ilegal em usar um paraíso fiscal para canalizar dinheiro para as quintas no Brasil, mas acrescentou que podia funcionar, às vezes, como um subsídio indirecto a práticas nefastas para o ambiente. O relatório não nomeou empresas pesqueiras envolvidas nestas práticas, mas os cientistas escreveram às empresas listadas nos documentos do banco central brasileiro, que mostraram que as empresas Cargill e Bunge tinham o maior número de empréstimos ou dinheiro proveniente de paraísos fiscais. Ambas as empresas disseram que estavam comprometidas na protecção do ambiente e apoiaram a moratória brasileira de 2006 sobre a soja, que bane a compra de áreas desflorestadas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Não ‘escondemos’ lucros ou dinheiro em paraísos fiscais”, respondeu um representante da Cargill aos autores do estudo. “A nossa empresa dá ao Governo norte-americano autorização para aceder às actividades e contas bancarias, associadas a empresas holding fora dos Estados Unidos. ”A empresa disse à Reuters que não tinha nada a acrescentar ao comunicado. “O nosso objectivo é construir redes de fornecimento livres da desflorestação, disse uma porta-voz da Bunge, num e-mail à Reuters, ecoando as afirmações da empresa aos investigadores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave carne estudo ilegal