A história da amizade entre uma marmota e uma ave
No Inverno, uma hiberna, a outra supõe-se que parte em migração. Na Primavera e no Verão encontram-se e partilham o mesmo condomínio. Segunda e última parte de uma expedição científica por Xinjiang. (...)

A história da amizade entre uma marmota e uma ave
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-07-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: No Inverno, uma hiberna, a outra supõe-se que parte em migração. Na Primavera e no Verão encontram-se e partilham o mesmo condomínio. Segunda e última parte de uma expedição científica por Xinjiang.
TEXTO: O relato que ouviu de um cientista estrangeiro, de visita a Portugal no ano passado, encantou-o tanto que quis ver se era verdade — e foi assim que Nuno Monteiro acabou numa pradaria na China, 2500 metros acima do nível do mar. A história é esta: na pradaria de Bayanbulak, que fica num planalto da cordilheira Tianshan, na região chinesa de Xinjiang, existe uma espécie de marmota que partilha a casa com uma ave durante a Primavera e o Verão. É por essa altura que ambas cuidam dos filhos que acabaram de nascer. Com a aproximação do Inverno e da neve que cobre o planalto, a marmota hiberna na sua toca e a ave pensa-se que parte para terras mais quentes. Talvez até África. Há agora uma planície de gramíneas, um rio que corre em meandros, cada vez mais fortalecido pelo degelo da neve, uma montanha em redor que continua branca nos picos, o sol que desponta pela manhã fria, a brisa que se sente no rosto, um casal de cisnes que pousa na água, uma única casa nesta parte da pradaria, com vista desafogada, onde vive um guardador de lobos — e no chão muitos buracos, as tocas das marmotas, que são roedores. Nunca tal associação surgiu descrita num artigo científico, mas foi esse o relato que Nuno Monteiro ouviu a Ablimit Abdukadir, quando este investigador do Instituto de Ecologia e Geografia de Xinjiang visitou, em meados de 2009, o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio) da Universidade do Porto. “Relações tão próximas entre espécies tão distintas são raras. Envolvendo mamíferos, creio que não foram ainda descritas”, diz o biólogo do Cibio e docente de Parasitologia na Universidade Fernando Pessoa, no Porto. “Achei a história apaixonante”, continua Nuno Monteiro. “Cresci a ver os documentários da BBC, invejando intensamente o David Attenborough pela sua capacidade de surgir entre a câmara e o mais exótico dos animais. Ouvia-o imediatamente a narrar a história desta amizade improvável, e achei que íamos para a frente com o projecto. ” Foram mesmo para a frente, ele e Albano Beja Pereira, zootécnico também do Cibio, e assim incluíram nos objectivos de uma expedição por Xinjiang, no coração da famosa Rota da Seda, o estudo da convivência invulgar entre uma marmota e uma ave. À espreita no planalto “Professor, isto são ‘caganitas’ de marmota?”, pergunta o biólogo português, perto de uma toca na planície de tufos rasteiros, a Ablimit Abdukadir. “Oh, sim. ” “Vou recolhê-las. ” Pela planície vagueiam outros olhos atentos ao chão. Enquanto Ablimit Abdukadir, da etnia uigur, muçulmana e minoritária na China mas dominante na região de Xinjiang, se ocupa a identificar excrementos, Albano Beja Pereira traz mais tubos para guardar amostras destinadas a estudos de ADN. Com eles está Chen Shanyuan, estudante chinês de pós-doutoramento de Beja Pereira no Cibio há alguns anos, e que já conhecia Abdukadir. E Adil Tohti, outro uigur, o contacto local, que conduz os recém-chegados pelo território das marmotas. Adil Tohti vive na única casa de tijolos nesta parte da pradaria, sozinho com os 14 lobos que apanhou e gosta de manter em jaulas no quintal, com vista para os meandros do rio Kaidu. E já tem uma marmota enjaulada à espera da equipa. Diz ser proprietário de mil ovelhas, uma gota de água entre os 200 mil animais (vacas, iaques e cavalos, além de ovelhas) que pastam no imenso planalto habitado por 30 mil pessoas. Ao fundo, a poucos minutos de jipe, avista-se a cidadezinha de Bayanbulak. A rua principal, de terra batida, é uma sucessão inesperada de hotéis e restaurantes, ao fim da travessia de algumas horas pelo planalto salpicado de manadas de iaques e de vacas e rebanhos de ovelhas brancas de cabeça preta. Muitas vezes atrás do gado seguem pastores a cavalo. As iurtes, tendas circulares dos mongóis, povo nómada que partilha o vale com uigures e cazaques, deslumbram. As suas chaminés em forma de tubo fumegam, principalmente de manhã, e ao lado das tendas encontram-se sinais dos avanços tecnológicos. Estão munidas de painéis solares dispostos no chão. A cidade congrega dez mil habitantes, muitos dos quais mineiros na região, e à noite o ar está impregnado de um cheiro a carvão vindo das lareiras de casas modestas, nas ruas mais recuadas. Os hotéis albergam os turistas que nos meses de Verão procuram estas paragens, afinal esta pradaria, uma das maiores da China, tem uma famosa reserva natural de cisnes, constituída por inúmeros pequenos lagos. Concentram-se aqui mais de um milhão de cisnes, mas as aves de diversas espécies podem chegar aos dez milhões. Numa rua lateral, há um cinema e à sua frente dispuseram-se mesas de bilhar. Cibercafés também existem; e se pesquisarmos no Google a palavra “Xinjiang” o resultado na Wikipédia, em inglês, menciona os confrontos étnicos entre os uigures e os chineses hans, a etnia dominante na China, há um ano na capital da região, de que resultaram oficialmente quase 200 mortos e mais de mil feridos. Esses confrontos foram a manifestação mais violenta do clima de tensão étnica latente em Xinjiang. O Facebook ou o YouTube encontram-se, no entanto, bloqueados. Passeando o olhar por cima do terreno com as tocas, avistam-se duas iurtes. Como serão por dentro? E, zás, as marmotas aparecem e desaparecem — confundindo-se na paisagem ou entrando numa das várias aberturas das tocas. Percebe-se que têm o pêlo amarelado, com laivos negros. É a Marmota baibacina, o nome científico da sua espécie. O que dá ela exactamente à ave, uma espécie de chasco? “Um T0”, brinca Nuno Monteiro. “Os chascos fazem os ninhos em buracos. Mas esta paisagem não tem grande diversidade para fazerem o ninho. Os chascos já têm um apartamento nos buracos das marmotas. ” E a ave, o que dá à marmota em troca? “Sendo herbívora, quanto mais a marmota sobe em altitude, menos alimento tem disponível. Se vivesse sozinha, não adiantaria subir muito, porque o esforço para procurar alimentos seria tanto que suplantaria os benefícios e em grande parte do tempo estaria preocupada com os predadores. Associada com um pássaro, pode ocupar novos territórios”, explica Nuno Monteiro. A ave põe-se em guarda e avisa as marmotas de potenciais predadores. “Mas ainda não vimos ave nenhuma”, lamenta o biólogo a Beja Pereira, ao fim de algum tempo. Tivesse dito isto mais cedo e o seu desejo ter-se-ia já cumprido. Ali está uma. Contente? “Não, ainda não a vi entrar na toca. Mas está a emitir chamamentos. ” São os humanos que representam perigo. O biólogo caminha na direcção da ave, observando-a: ela voa rente ao chão para aqui, para ali, e vai pousando. “Segue um padrão: tem uma série de sítios de pouso. ” Embora sem certezas ainda, deve ser um chasco da espécie Oenanthe isabellina, meio esbranquiçado por baixo, acastanhado no dorso e com pontas pretas na cauda. Come insectos. Ave e marmota protagonizam as conversas. “Uma família de marmotas pode ter quatro ou cinco buracos”, diz Ablimit Abdukadir. “Quantos filhos têm?”, pergunta-lhe Beja Pereira. “Quatro a seis. ” As dúvidas surgem. “Não tenho a certeza de que a ave e a marmota vivam tão próximas como eu penso, porque as aves que vimos emitiam sons de alarme para muitos buracos”, questiona-se o biólogo. As dúvidas logo se desfazem, quando uma ave aprece junto a um buraco. “Olha, entrou! Saiu e voltou a entrar. ” Timidamente, ela assoma-se e esconde-se ainda algumas vezes. Outras duas aves, um casal, prendem a atenção de Nuno Monteiro e Beja Pereira, especados no meio da planície, de costas voltadas para o resto da equipa, com casacos até aos joelhos. Afinal, a história da amizade entre uma marmota e uma ave é mesmo a sério. “Uma coisa é ouvir [um relato], outra é ver com os próprios olhos. Fico satisfeito”, diz Monteiro. Se um ninho estiver perto da entrada da toca, será fácil esticar o braço e apanhar um ovo para tirar ADN. Mas nenhum está. Já da marmota, além dos excrementos, os cientistas não tardariam a ter um tipo de amostras algo inesperado. Tudo porque, no seu carro, Adil Tohti avança pela planície a grande velocidade, guinando para aqui, para ali, enquanto se dirige às duas iurtes que despertaram tanta curiosidade. Pelo caminho as marmotas que andam na pradaria assustam-se, desatam em correria, e uma acaba debaixo dos pneus — Chen Shanyuan e Ablimit Abdukadir aproveitam então para cortar pedaço das orelhas para recolher ADN e tirar as medidas ao bicho. “Que idade tem o animal?”, pergunta Beja Pereira. “Quase três anos”, diz-lhe Abdukadir ao inspeccionar os dentes. “E viveria quanto tempo?” “Cinco a sete anos. ” (Dentro de uma das tendas mongóis, ocupada por uma família nómada, dispõem-se duas camas, roupas meticulosamente dobradas, alguidares, fotografias emolduradas, uma lâmpada eléctrica pendurada do tecto ou uma salamandra no centro que aquece o espaço). Um D. Juan da montanha Interessado nas questões de evolução e nos laços de parentesco entre indivíduos de uma espécie, para Nuno Monteiro esta amizade improvável entre uma marmota e uma ave representa um sem-fim de especulações científicas. Por exemplo, os descendentes da família da marmota e a da ave continuam a viver juntos de ano para ano ou os seus laços são mais efémeros? Espera-se que o ADN de ambas dê algumas respostas. “Com esse ADN, obtemos um perfil, uma espécie de impressão digital única para cada indivíduo. Quando amostrarmos as crias, saberemos quem são os pais e as mães. Teremos uma indicação do sistema reprodutivo das duas espécies”, explica o cientista português. “Serão os agregados familiares bem comportados (monogâmicos), ou existirão facadinhas no matrimónio? De uma época reprodutiva para a seguinte, os casais mantêm os laços ou escolhem-se novos parceiros? Quem é o ‘D. Juan’ da montanha? Em resumo, poderemos compreender em detalhe a biologia destas populações de aves e marmotas, e a intensidade da sua relação. ” Será que estas populações co-evoluíram? “Se a ligação for realmente profunda, poderá já estar escrita nos genes. Interessa-nos saber quão dependentes estão uma da outra, neste habitat específico. ” Muito antes de terem uma resposta, os cientistas portugueses ainda têm pela frente uma certa tarefa mais premente, no final da viagem que os levou a percorrer quase cinco mil quilómetros por Xinjiang, atrás de marmotas e aves (e dos burros selvagens da Ásia, como contámos na primeira parte do relato desta expedição, a 24 de Junho). Sempre atrás de excrementos, tudo pelo ADN. Pelo que é já longe de Bayanbulak, de regresso a Ürümqi, a capital de Xinjiang, após quase duas semanas na estrada, que a expedição tem o desfecho oficial. Nas escadas de um hotel, à noite, Nuno Monteiro e Beja Pereira retiram de uma geleira os excrementos guardados em tubos e embrulhados em papel de alumínio, para estudos de genética e de parasitas. Destapam o que recolheram ao longo da expedição, preparando e dividindo amostras, que vão seguir para Portugal de avião. “Os da marmota estão podres, eia, que bedum. . . ”O P2 foi convidado a acompanhar a equipa do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto. No Ano Internacional da Biodiversidade, vamos publicar quinzenalmente, e até Novembro, reportagens sobre os trabalhos que investigadores portugueses desenvolvem em Portugal e no estrangeiro na conservação da Natureza. Os conteúdos são da inteira responsabilidade do P2.
REFERÊNCIAS:
Palau dá o exemplo e cria primeiro santuário de tubarões com área da Península Ibérica
São 600 mil quilómetros de mar no Oceano Pacífico, um pouco mais do que Portugal e Espanha juntos, que vão tornar-se num local seguro para várias espécies de tubarão. Palau, um país com 200 ilhas a Norte da Indonésia, não hesitou. “Palau vai declarar as suas águas territoriais e estender a zona económica para ser o primeiro santuário oficial reconhecido para os tubarões”, disse à AP o Presidente do país, Johnson Toribiong. Algumas nações já tinham implementado limites na pesca e medidas de restrição na procura de barbatanas, mas este é um passo importante saudado pelos conservacionistas. “Há um efeito de demonstr... (etc.)

Palau dá o exemplo e cria primeiro santuário de tubarões com área da Península Ibérica
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2009-09-26 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20090926091624/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1402453
TEXTO: São 600 mil quilómetros de mar no Oceano Pacífico, um pouco mais do que Portugal e Espanha juntos, que vão tornar-se num local seguro para várias espécies de tubarão. Palau, um país com 200 ilhas a Norte da Indonésia, não hesitou. “Palau vai declarar as suas águas territoriais e estender a zona económica para ser o primeiro santuário oficial reconhecido para os tubarões”, disse à AP o Presidente do país, Johnson Toribiong. Algumas nações já tinham implementado limites na pesca e medidas de restrição na procura de barbatanas, mas este é um passo importante saudado pelos conservacionistas. “Há um efeito de demonstração, de começo e isso é particularmente importante”, disse ao PÚBLICO por telefone Francisco Ferreira, dirigente da Quercus, acrescentando que a decisão “serve de exemplo para outros [países] tomarem medidas. ”Para Francisco Ferreira o novo santuário ocupa “uma área bastante grande”. Um estudo de 2006 mostra que todos os anos são mortos 73 milhões de tubarões para o corte das barbatanas, utilizadas para fazer sopa de barbatana de tubarão, uma iguaria da gastronomia chinesa. Os pescadores apanham os tubarões, cortam as barbatanas e largam-os no mar, onde acabam por morrer. “Estas criaturas estão a ser massacradas e podem estar à beira da extinção a não ser que tomemos acções positivas para protegê-las”, disse o Presidente Toribiong à BBC News. Palau só tem um navio para controlar toda a área, recentemente foi reportado que 70 navios ilegais pescavam na região. “Vamos fazer o melhor que pudermos, dado os nossos recursos”, disse Toribiong. Existem naquele local do Pacífico 130 espécies de tubarões e raias ameaçados. A nível mundial 21 por cento dos tubarões estão ameaçados, 18 estão quase ameaçados e desconhece-se o que se passa com 35 por cento. As espécies em maior perigo são as que vivem nas águas à superfície, mais sujeitas à caça. Uma das dificuldades da recuperação das populações é o tempo de vida longo dos tubarões e a sua lenta capacidade de reprodução. Carl-Gustaf Lundin, que está à frente do programa marinho da União Internacional para a Conservação da Natureza, defende que existem outras medidas que podem ajudar a combater a pesca ilegal. “Não é necessário apanhar as pessoas no oceano. Todos necessitam de aportar os seus navios por isso, desde que a maioria das nações se juntem para se opor a pesca ilegal, as hipóteses de apanhá-los são bastante boas”, disse à BBC News. Apesar deste activismo, Palau não é contra a caça à baleia. O Presidente disse que ao contrário do tubarão, ainda não encontrou fundamentos científicos para a protecção, apesar de haver mais estudos. Preferindo também não falar das relações com o vizinho Japão, onde a carne de baleia é comum na alimentação. Mas com o tubarão, a gastronomia não é argumento: “Sentimos que a necessidade de proteger os tubarões é maior do que a de comer um prato de sopa. ”
REFERÊNCIAS:
“A maior parte dos chineses está ainda a tentar perceber onde fica Portugal”
Como é que um país como Portugal entra num mercado gigantesco como o asiático? Debra Meiburg, uma profunda conhecedora deste mercado complexo, veio a Portugal para o Must – Fermenting Ideas e deixou algumas conselhos. Para começar: manter um discurso simples e esquecer as harmonizações. (...)

“A maior parte dos chineses está ainda a tentar perceber onde fica Portugal”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 16 | Sentimento 0.25
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Como é que um país como Portugal entra num mercado gigantesco como o asiático? Debra Meiburg, uma profunda conhecedora deste mercado complexo, veio a Portugal para o Must – Fermenting Ideas e deixou algumas conselhos. Para começar: manter um discurso simples e esquecer as harmonizações.
TEXTO: Trinta anos a viver em Hong Kong e a viajar por toda a Ásia dão à jornalista, autora de livros, consultora e Master of Wine norte-americana Debra Meiburg uma segurança rara ao falar de um mercado complexo, variado – mas cada vez mais atraente para os produtores de vinho – como é o da Ásia. Na wine summit Must – Fermenting Ideas, uma iniciativa do crítico de vinhos Rui Falcão e do jornalista Paulo Salvador, que aconteceu entre os dias 20 e 22 no Centro de Congressos do Estoril, reunindo vários oradores nacionais e internacionais, Debra Meiburg fez uma excelente apresentação, durante a qual descreveu o estado do mercado do vinho em vários países asiáticos. Se, por um lado, chamou a atenção para as oportunidades que existem e aconselhou estratégias, por outro alertou contra os mais comuns erros de abordagem de um mercado culturalmente tão diferente dos outros. No final, conversou com a Fugas sobre o que pode fazer um país como Portugal perante um desafio tão complexo como é o de entrar neste universo com milhões de consumidores, na sua maior parte ainda pouco familiarizados com o vinho. Na sua conferência, disse que no caso da China, o melhor é uma abordagem província a província. Sendo Portugal um país pequeno, com um problema de escala de produção, o que é que aconselha?No mercado chinês há poucos importadores que consigam distribuir por todo o país. Os que o conseguem querem trabalhar com as grandes marcas, por isso só as maiores marcas portuguesas deveriam abordar estes importadores. Os produtores mais pequenos precisam de encontrar pessoas que tenham o coração com Portugal. E, nesse caso, seria muito importante convidá-los a visitar a adega, a conhecer o que Portugal tem para oferecer. A boa notícia é que na China ninguém tem nenhuma ideia sobre o que é Portugal e não sabem nada sobre vinho português, o que também é um desafio. Não há primeira impressão do vinho português, por isso os produtores podem tornar a história sua. É como ter uma tela branca para começar a pintar. O vinho português é muito de blends, com muitas castas diferentes e nomes difíceis. Isso complica a comunicação?Infelizmente, os países com blending complicado têm mais dificuldades. É o que acontece também com Itália, por isso a minha sugestão é manter as coisas simples. Os produtores têm sempre a tentação de mostrar toda a sua gama mas eu sugiro que procurem algumas garrafas de que se orgulhem particularmente, com nomes simples de pronunciar e concentrarem-se aí. Não tentem convencer os importadores a ficar com a gama toda. Será um fracasso. É demasiado confuso. É preciso não esquecer que a maior parte das pessoas na China está ainda a tentar perceber onde fica Portugal. A educação deles não inclui grande conhecimento geográfico da Europa, por isso o primeiro passo é garantir que eles ficam a saber onde é que fica Portugal, o que é Portugal, que elementos culturais podem contar a história. O que é maravilhoso em Portugal é ser um país de mar, que é algo com que as pessoas na Ásia se relacionam muito. Uma das vantagens de Portugal é a sua história na Ásia, poderiam jogar com isso, nunca conquistaram um país mas estiveram sempre na Ásia. É preciso uma história. A minha empresa trabalha com diferentes regiões. No caso da Geórgia, por exemplo, o trunfo são 8000 anos de história, para Portugal pode-se falar dessa longa relação de amizade com a Ásia e do comércio marítimo. O marisco, por exemplo, é algo que as pessoas compreendem bem nas regiões da China que são compradoras de vinho. Para os jovens, temos que pensar no que torna o estilo português cool. Mas essa é uma resposta que eu ainda não tenho. [Neste momento, o produtor de vinho Luís Pato aproxima-se e interrompe para pedir um conselho sobre se na Ásia será melhor apresentar brancos, tintos ou espumantes. Debra Meiburg explica que "a Ásia sempre foi um mercado de tintos, onde as pessoas acham que o tinto dá sorte e saúde e vêem-no como mais sofisticado; na China, em particular, 68% do mercado é tinto". Luís Pato argumenta que o branco combina melhor com a cozinha chinesa, mas Debra esclarece que os chineses "não fazem harmonização entre comida e vinho". O produtor português conta que uma vez esteve no Japão num "jantar fantástico" com comida local e os seus vinhos e que os brancos e os espumantes funcionaram muito bem, mas o tinto nem por isso. "A doçura e o salgado da comida conjugam-se muito melhor com os brancos e com vinhos com boa acidez e por vezes alguma doçura", diz. Debra sugere o vinho tinto "iria bem com bife Kobe" e lembra, por outro lado, que "no Japão têm uma longa história de saké, pelo que estão mais habituados a bebidas brancas e frias". Terminada a conversa, seguimos com a entrevista]. Disse também que era muito importante fazer a ligação com o turismo. Como?Há muitas facetas diferentes ligadas do turismo. Um bom exemplo é o grupo de produtores portugueses Douro Boys. Vieram para a Ásia com energia, apoiando-se uns aos outros. A primeira coisa que é importante é a capacidade de trabalharem juntos. Chegaram ao nosso mercado com excitação e energia e quando eu provava um dos vinhos o produtor dizia, se gostou prove o do meu amigo. Apoiaram-se e essa energia fê-los conquistar fãs na Ásia. Trabalhar em conjunto funciona, seja para uma região, seja apenas para um grupo de produtores que queiram convidar alguém para vir a Portugal e começar a história. Mas é importante que os responsáveis do Turismo o tornem friendly para os chineses, criando actividades que eles adoram, como comer marisco, por exemplo. O Brasil fez uma campanha na China apostando no sol e na praia e as pessoas não reagiram com interesse. Qual é a explicação?Os chineses não gostam de estar ao sol. Ainda há um preconceito contra isso. A pele mais escura é para classes mais baixas, está relacionada com pessoas que trabalham no campo, com o trabalho manual. Por outro lado, os chineses preocupam-se muito em parecer jovens e bonitos e em proteger a pele. Muitas das minhas amigas chinesas se vão para o sol, usam luvas e chapéus para tapar tudo, excepto os olhos. Por isso, promover a praia não é bom, mas promover marisco fresco, é. Jantar fora, historicamente, é para pessoas mais pobres. As pessoas bem sucedidas comiam em casa, com ar condicionado. Agora começam a ir mais jantar fora para tentar perceber o amor dos europeus por isso. Já trabalhou com regiões portuguesas?Fiz algumas coisas para a região do Tejo, no Sul da China. Foi muito interessante porque fomos para cidades não muito conhecidas, mas grandes. Mas foi apenas uma apresentação, não uma estratégia completa. O meu principal conselho é: tragam duas garrafas, mantenham a mensagem simples, tragam materiais didácticos mas muito simples, encontrem formas de ajudar as pessoas a memorizar os vinhos. Por exemplo, trabalho com a Geórgia, que foi uma enorme história de sucesso na China. Em quatro anos passámos de 700 mil garrafas para dez milhões. Uma das coisas que fizemos foram vídeos para ajudar as pessoas a memorizar os nomes das castas. Um dos nomes é Rkatsiteli – eu fiz um vídeo com o meu gato, contei que tinha quatro e que um deles gosta de ver televisão – A cat see teli – e tenho uma imagem do meu gato com o controlo remoto a ver televisão e assim agora toda a gente aprendeu o nome. Se for um blend, o que eles precisam de identificar é apenas a região. E quanto à imagem dos vinhos? É preciso fazer adaptações para o mercado chinês? Usar mais o vermelho, por exemplo?O vermelho já foi mais importante do que é hoje, as pessoas compravam muito vinho para oferecer e embrulhavam-no, com vermelho e dourado, para se perceber que era algo de festivo. Hoje bebem cada vez mais vinho como um estilo de vida, por isso o importante é garantirem que a garrafa tem um ar sofisticado. Não precisa de ser pesada mas o rótulo tem que ser sofisticado. Acho que a maior parte dos rótulos portugueses adequam-se bem, mas deixe-me comparar com a Austrália: adoram fazer rótulos engraçados, com piadas ou animais, porque querem tornar o vinho divertido. Mas os chineses bebem-no porque o acham sofisticado. Por isso, aconselho que olhem para os rótulos e pensem: se fossem propor casamento a alguém, qual seria o rótulo que gostariam de ter na foto quando colocassem o anel no dedo?Referiu a importância na Ásia dos chamados KOL’s ou Key Opinion Leaders. Até que ponto é que são conhecedores de vinho?Alguns deles têm conhecimentos de vinho mas muitos dos mais influentes não são pessoas do mundo do vinho, são mais do lifestyle, são influencers. Para eles, é importante que o vinho seja sofisticado mas divertido. Não precisa de ser fine wine, mas é bom que tenha alguma história, que tenha sido bebido por alguém importante ou que alguma pop star goste dele. Disse que outros países, como o Vietname, podem ser boas oportunidades. Para Portugal também?Adorava ter tempo para pensar numa estratégia para Portugal, mas, francamente, acho preferível uma estratégia regional. Portugal tem muitas regiões diferentes, é demasiado complexo. Adorava que Portugal apresentasse algumas regiões que definissem a imagem do país. Muitas instituições de promoção de vinho cometem erros porque têm que ser justos para todos, mas eu preferia que durante três anos Portugal seleccionasse três regiões e pusesse o seu esforço aí. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A tendência, geralmente, é para pensar que o melhor é apresentar primeiro o país e depois entrar no detalhe das regiões. Sim, mas pense nos Estados Unidos, Nappa Valley foi um sucesso. A África do Sul criou um sub-grupo chamado PWSA (Premium Wines of South Africa), produtores de diferentes regiões escolhidos para dizer: estes são alguns dos nossos melhores vinhos, isto é a África do Sul. Eu não trabalho directamente com eles mas costumava dizer: mandem as estrelas primeiro, não deixem que sejam os vinhos mais baratos a criar a imagem do vosso país. O Chile entrou no mercado com volume e isso é uma armadilha. França fez o contrário – apesar de nem sequer ter sido uma estratégia pensada, começou com Bordéus e a seguir veio a Borgonha. Os produtores mais pequenos acabaram por beneficiar porque os grandes, Lafite, Latour, Margaux, chegaram primeiro e definiram a imagem.
REFERÊNCIAS:
Cientistas chineses obtêm proteína albumina a partir do arroz
Cientistas de uma universidade chinesa anunciaram que conseguiram obter a partir do arroz a proteína albumina, encontrada no sangue humano e que é frequentemente usada para tratar queimaduras e doenças de fígado, entre outras. (...)

Cientistas chineses obtêm proteína albumina a partir do arroz
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-11-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cientistas de uma universidade chinesa anunciaram que conseguiram obter a partir do arroz a proteína albumina, encontrada no sangue humano e que é frequentemente usada para tratar queimaduras e doenças de fígado, entre outras.
TEXTO: Quando extraída de sementes de arroz, esta proteína é “fisicamente e quimicamente equivalente a albumina derivada do soro sanguíneo humano (HSA)”, concluíram os responsáveis, que publicaram o seu estudo na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”. Esta descoberta poderá levar a uma revolução da produção de HSA, que tipicamente só é possível de obter com doações humanas. A necessidade de albumina é de cerca de 500 toneladas por ano em todo o mundo e a China já viveu, no passado, alturas em que não conseguia obter a quantidade necessária desta proteína. Este novo método foi desenvolvido por cientistas da universidade de Wuhan, na China, em parceria com colegas do National Research Council do Canadá e do Center for Functional Genomics da Universidade de Albany, em Nova Iorque. Inicialmente, os cientistas modificaram, geneticamente, as sementes de arroz a fim de que estas produzissem altos níveis de HSA. Depois os cientistas descobriram um método de purificarem as sementes da proteína, conseguindo obter cerca de 2, 75 gramas de proteínas por quilo de arroz. Quando os cientistas testaram a proteína obtida a partir do arroz em ratos com cirrose hepática - uma doença em que é normalmente usado o soro sanguíneo humano - descobriram que os resultados terapêuticos eram idênticos aos levados a cabo em humanos, usando desta feita o HSA obtido a partir do arroz. “Os nosso resultados sugerem que o biorreator de uma semente de arroz produz HSA recombinante com custo-benefício que é seguro e capaz de satisfazer a crescente necessidade de albumina humana", destacou o estudo. Esta proteína é frequentemente usada na manufactura de vacinas e medicamentos e é dado a doentes que sofreram queimaduras, em choque hemorrágico ou com doenças de fígado, indicam os cientistas. Em 2007 houve falta desta proteína na China, o que fez com os preços disparassem. Esta descoberta poderá ainda servir para limitar as potenciais transmissões de doenças como a sida e a hepatite. Os cientistas ressalvam, porém, que é necessário avaliar a segurança deste novo método em animais e humanos antes de esta descoberta estar pronta para ser comercializada. Notícia actualizada às 10h50
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos doença estudo
Bo Xilai nega ter aceitado subornos milionários
Antigo dirigente chinês começou a ser julgado nesta quinta-feira. (...)

Bo Xilai nega ter aceitado subornos milionários
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antigo dirigente chinês começou a ser julgado nesta quinta-feira.
TEXTO: O julgamento mais mediático na China e politicamente relevante nas últimas décadas começou nesta quinta-feira. No banco dos réus, um antigo dirigente chinês, Bo Xilai, caído em desgraça por suspeitas de corrupção e abuso de poder. , negou as acusações e disse que a confissão que teria feito na fase de inquérito foi produzida "contra a vontade". Bo Xilai foi formalmente acusado, em Julho último, de ter aceitado "uma soma elevadíssima" em dinheiro e propriedades e de desviar fundos públicos. Segundo a revista Caijing, uma das publicações mais respeitadas na China, entre outros crimes de que é suspeito Bo vai responder pelo desvio de 25 milhões de yuans (cerca de três milhões de euros) quando na década de 90 dirigia a cidade de Dalian, nordeste da China. "Espero que este julgamento seja justo, de acordo com as leis do país", disse Bo no tribunal de Jinan, onde começou a ser ouvido. O tribunal está a divulgar os momentos principais das audiências através do seu blogue. Depois de negar que tenha recebido dinheiro de dois empresários, Xu Ming e Tang Xaolin, Bo classificou este último como "mentiroso", segundo diz a AFP, acrescentando. "Ele disse o que disse simplesmente para reduzir a pena dele. E isso é porque ele morde em todas as direcções, como um cão enraivecido. "O julgamento teve início sob fortes medidas de segurança, com muita polícia dentro e fora do tribunal, onde houve também protestos de apoiantes de Bo Xilai. O julgamento é visto por estes como uma mera encenação, considerando que o facto de o PC Chinês o ter expulsado significa que os principais responsáveis políticos do país já o julgaram e condenaram. Além das acusações de corrupção, Bo enfrenta uma acusação de abuso de poder por alegadamente ter tentado evitar uma investigação judicial de um caso que envolvia a própria esposa. Bo foi em tempos uma das principais figuras do aparelho político chinês, mas caiu em desgraça no último ano e meio, acabando por ser expulso do partido na sequência do homicídio do empresário britânico Neil Heywood. A sua mulher, Gu Kailai, foi acusada e condenada em Agosto de 2012 a pena de morte suspensa pelo homicídio do empresário (a pena capital será comutada para prisão perpétua em 2014, mas Gu deverá poder sair em liberdade condicional ao fim de nove anos de prisão). Em Novembro de 2012, o Comité Central do Partido Comunista Chinês anunciou a expulsão do antigo governador da província de Chongqing e em tempos figura promissora do aparelho político do país. A expulsão de Bo Xilai do PCC e do Politburo (o segundo mais importante centro de decisões da política chinesa, a seguir à Comissão Permanente) foi vista como um escândalo quase sem precedentes na história política da China e como a maior crise que o partido no Governo enfrentou desde o massacre na Praça Tiananmen, em 1989. Antes da expulsão do PCC, Bo Xilai já tinha sido afastado da liderança do secretariado do partido na província de Chongqing, no dia 14 de Março.
REFERÊNCIAS:
Nem a tristeza sul-africana pára a festa no Gugulethu
São eles e uma bola num cemitério. Indiferentes à pobreza que os rodeia, aos cheiros intensos e aos jazigos ali ao lado, os miúdos do Gugulethu jogam à bola. (...)

Nem a tristeza sul-africana pára a festa no Gugulethu
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: São eles e uma bola num cemitério. Indiferentes à pobreza que os rodeia, aos cheiros intensos e aos jazigos ali ao lado, os miúdos do Gugulethu jogam à bola.
TEXTO: Não querem saber dos jogos Inglaterra-Eslovénia e Estados Unidos-Argélia, que decorrem àquela hora. "Prefiro jogar a ver os jogos", diz ao PÚBLICO Yanga, de 17 anos, o porta-voz dos rapazes que neste fim de tarde jogam no caminho lateral do enorme cemitério de Gugulethu, uma township (bairro pobre), a 20 quilómetros da Cidade do Cabo. Durante o regime do apartheid, os negros não podiam viver na cidade e foram confinados a townships, onde hoje se acumulam barracas de lata, casas modestas, lixo e muitas bancas de venda de fruta. No Gugulethu (que significa "o nosso orgulho", em xhosa), há água e electricidade. As portas entreabertas de algumas casas deixam perceber que há televisões sintonizadas nos jogos de futebol. Não é, pois, por falta de TV que os miúdos preferem estar a jogar do que a ver o Mundial. É mesmo por puro gozo, embora saibam muito bem o que se tem passado no campeonato. "Os 'Bafana bafana' foram eliminados e agora torço pela Argentina", diz Yanga, que gosta de Messi e Tévez, dois jogadores que também já foram meninos num bairro pobre da Argentina. Ao lado da pobreza e dos miúdos, o Gugulethu também tem sítios para turista ver. Como um bar transformado em atracção turística. As grades separam a rua do espaço da clientela. Os seguranças estão à porta e lá dentro há mais estrangeiros do que sul-africanos, embora todos concentrados nas mesmas coisas: a cerveja, o churrasco e os modernos ecrãs de televisão em que passam os jogos. Mbyelo, Xolisa e Themz são três amigos sul-africanos. Estão sentados com um pack de cervejas à frente e já decidiram quem apoiam, agora que a África do Sul foi eliminada. Mbyelo, de 22 anos, prefere o Brasil. "Foram campeões cinco vezes e têm os melhores jogadores do mundo", diz este funcionário do aeroporto, que ontem trocou a camisola dos "Bafana bafana" pela dos Orlando Pirates, o clube do coração. Xolisa, um estudante de 30 anos, vai torcer pela Argentina e Themz, de 38, apoia o Gana, enquanto a equipa africana estiver em prova, e depois vira-se para a Espanha, porque joga "bonito". Os sul-africanos ainda estão a digerir a eliminação dos "Bafana bafana", embora se sintam orgulhosos da sua equipa. "Caíram com dignidade", diz Xolisa, repetindo as manchetes dos jornais sul-africanos de ontem. Mas nem só a África do Sul está fora do Mundial. O primeiro campeonato do mundo em solo africano está a ser uma desilusão para as equipas do continente: das seis que iniciaram a prova, apenas o Gana se qualificou para os oitavos-de-final e a Costa do Marfim tem poucas hipóteses. "Os jogadores jogam individualmente e querem brilhar. E as equipas trocam muito de treinador", diz Mbyelo, numa análise igual à de Roger Milla, antigo jogador camaronês, que ontem criticou a falta de disciplina e preparação das selecções africanas. Mesmo sem África do Sul e quase sem equipas africanas, o Mundial não acabou. Os sul-africanos já estão a escolher novas selecções e garantem que apoiam o Mundial até ao final. "É o nosso sonho", sublinha Themz. "A festa continua até ao fim. "
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Étnia Africano
“Não se pode defender apenas algumas igualdades”, pedem as feministas negras
Ainda “estamos na fase da infância” do feminismo negro em Portugal, mas há um novo contributo de peso. O Inmune, o Instituto da Mulher Negra, nasce da vontade de várias mulheres de tomar a palavra na produção de conhecimento, sem deixar de fora a acção comunitária. (...)

“Não se pode defender apenas algumas igualdades”, pedem as feministas negras
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 7 Homossexuais Pontuação: 11 Mulheres Pontuação: 14 | Sentimento -0.12
DATA: 2018-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ainda “estamos na fase da infância” do feminismo negro em Portugal, mas há um novo contributo de peso. O Inmune, o Instituto da Mulher Negra, nasce da vontade de várias mulheres de tomar a palavra na produção de conhecimento, sem deixar de fora a acção comunitária.
TEXTO: “Somos uma entidade feminista interseccional e somos uma entidade anti-racista. Isto é o que nos une e o que nos caracteriza”, descreve Joacine Katar Moreira, presidente — ou “presidenta”, como pede para ser tratada — do recém-criado Inmune, o Instituto da Mulher Negra em Portugal. “O facto de sermos o instituto da mulher negra não significa que todas as nossas preocupações tenham que ver especificamente com questões do racismo e do sexismo. Não se pode defender apenas algumas igualdades”, defende a investigadora do ISCTE, sublinhando a importância de olhar para outras formas de discriminação — que atingem as mulheres negras e não só —, como o preconceito contra pessoas LGBT, pessoas com deficiência e as desigualdades económicas estruturais. “Temos que ser educados para ouvir. ”Actualmente, o núcleo duro do Inmune é composto por 27 fundadoras, às quais se juntam outras associadas. Estão distribuídas por oito departamentos — da ciência ao queer, da cultura à infância —, tantos como as áreas em que cada uma sente que pode contribuir para melhor conhecer e apoiar outras mulheres negras em Portugal. São académicas, artistas, designers ou técnicas de serviço social; há portuguesas e de outras origens, muitas residentes em Lisboa mas também de outras regiões e até emigradas. A designação de “instituto” não é meramente estética. Além da intervenção comunitária, há na sua missão uma componente de reflexão, uma aposta na produção de conhecimento sobre as vivências das mulheres negras na sua diversidade. Educação, acesso à saúde, ao emprego, habitação, universidades, justiça — são várias as áreas em que têm encontrado discriminação e invisibilização, ou seja, o não reconhecimento e aceitação da sua presença. São muitas vezes olhadas com surpresa quando mostram outras faces além destas duas dimensões da sua identidade — mulheres e negras. “Retiram ao sujeito negro o lugar de multiplicidade”, lamenta a designer Neusa Trovoada, do departamento de comunicação da Inmune. “É como se só pudéssemos ser uma coisa, e quando somos diversas coisas, as pessoas espantam-se. ”Neusa Trovoada, 45 anos, é natural de Angola e vive em Portugal desde os sete anos, com uma passagem por Inglaterra. Numa voz doce que não denuncia a idade, fala sobre a solidão que pautou o seu percurso, em espaços como a universidade ou o mercado de trabalho qualificado, e sorri ao recordar os momentos de encontro que lhe mostravam que não era a única. Contudo, olha para raparigas mais novas na família e vê que pouco mudou nas suas vivências. É isto que a motiva a abraçar a militância — para provocar o abanão necessário para que as coisas mudem. Joacine Katar Moreira reconhece que ainda “estamos na fase da infância” do feminismo negro em Portugal, sublinhando a importância do florescimento de novos colectivos que possam trazer perspectivas diferentes. “As mulheres negras são diversas, quantas mais associações, melhor. ” Vários contributos chegam através do activismo e do conhecimento que é produzido em outros países, como o Brasil — uma das inspirações do Inmune é o Geledés, o Instituto da Mulher Negra brasileiro —, mas “é necessário que haja um enquadramento, uma readaptação”. E mais estudos sobre as características deste cruzamento entre racismo, sexismo e outras discriminações na vida das mulheres negras em Portugal. Outro contributo que o Inmune pretende dar é repensar a forma como olhamos para o mundo. Uma das ideias para o próximo ano é criar um manual de comunicação inclusiva, para reflectir sobre a linguagem “masculina e colonizada”, das palavras aos conceitos — porque não são apenas as palavras que importam, mas as ideias que nos levam a escolhê-las. Joacine Moreira recorda o momento em que decidiu reivindicar a palavra “presidenta”, a exemplo de Pilar Del Rio, que sugeria que este feminino não existia porque não era um cargo ocupado por mulheres. É preciso também olhar de outra forma, afirma a investigadora, para a História. Nos tempos da escola, estranhava a narrativa de que as pessoas negras tinham sido docilmente escravizadas. E, de facto, não o foram, mas “há uma omissão da resistência”. Um apagamento que vai desde as revoltas dos povos africanos até ao presente, ao não reconhecimento das resistências quotidianas de muitas mulheres. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. É precisamente com o objectivo de repensar alguns conceitos que surgem as “Conversas às escuras”, reuniões regulares que não se querem “um encontro de egos, mas um encontro de almas”. A primeira conversa aconteceu no sábado e juntou a “presidenta” da Inmune e a investigadora Inocência Mata, da Universidade de Lisboa. Joacine Moreira explica que “normalmente o obscuro, o oculto, o sombrio, estão associados ao mistério, mas igualmente a algo negativo, algo que, mesmo existindo, não pode ser reconhecido”. “Qual é o problema em ser uma ovelha negra?”, brinca a investigadora. É preciso, portanto, retirar a carga negativa a estas expressões — uma reconceptualização que não é de agora, bebendo, por exemplo, do movimento francês que se apropriou do conceito de negritude. Por vezes, diz, também é preciso “transformar as palavras em expressões revolucionárias”. Não tem medo de que a ideia seja considerada radical? Joacine Katar Moreira ri-se calorosamente, acolhendo a palavra. “A evolução nunca se fez com os conformados e os conservadores. Se não houvesse pessoas radicais, não haveria liberdade. ”Notícia actualizada às 13h15
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O caos chegou a Baltimore, onde a indignação se juntou à pobreza
Grupos de jovens queimam e pilham lojas, numa reacção violenta à morte de mais um negro num incidente com a polícia. (...)

O caos chegou a Baltimore, onde a indignação se juntou à pobreza
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195620/http://www.publico.pt/1693916
SUMÁRIO: Grupos de jovens queimam e pilham lojas, numa reacção violenta à morte de mais um negro num incidente com a polícia.
TEXTO: A cidade norte-americana de Baltimore acordou esta terça-feira em estado de sítio, com as ruas patrulhadas por milhares de polícias e membros da Guarda Nacional, e debaixo de um recolher obrigatório que vai limitar os movimentos dos seus mais de 600. 000 habitantes durante uma semana. A declaração do estado de emergência foi a resposta do governador do Maryland e da mayor de Baltimore a uma noite de extrema violência a apenas 60 quilómetros da capital, Washington D. C. , numa onda de protestos marcada pela morte de mais um jovem negro após um incidente com a polícia, mas que explodiu em actos de vandalismo e pilhagens com mais causas do que as que cabem em mensagens emotivas disparadas nas redes sociais, e também em notícias dos jornais e das televisões. O pano de fundo foi a morte de Freddie Gray, um jovem negro de 25 anos detido pela polícia no dia 12 de Abril no bairro de Sandtown, um dos mais problemáticos da zona Oeste de Baltimore, onde a pobreza quase faz esquecer que ali viveram estrelas do jazz como Billie Holiday e Cab Calloway. Nesse dia, precisamente às 8h39 da manhã, Gray trocou um olhar com um agente da polícia de Baltimore durante um momento e tomou a decisão de fugir na direcção contrária, à medida que se aproximavam outros três agentes, montados em bicicletas. O que se passou depois está ainda a ser investigado, e a versão dos polícias envolvidos não é contrariada pelas poucas imagens captadas no local, por câmaras de telemóveis e por uma câmara de vigilância – Gray foi detido sem oferecer resistência, arrastado para uma carrinha da polícia aos gritos e a pedir ajuda, enquanto uma testemunha chamava a atenção dos agentes para o estado de uma das pernas do jovem. Apesar de nenhum vídeo revelar o que aconteceu momentos antes de Gray ter sido arrastado para a carrinha, uma testemunha identificada como Tobias Sellers disse ao jornal The Baltimore Sun que os seis agentes envolvidos "tiraram os bastões e bateram-lhe". Pouco se sabe sobre o que aconteceu na viagem de meia hora entre aquela esquina no bairro de Sandtown e a esquadra da polícia, a não ser que a carrinha fez duas paragens até chegar ao destino, e que os agentes dizem ter amarrado os pés de Freddy Gray devido ao seu estado "irado". A primeira vez que o jovem foi observado por um médico foi já na esquadra, meia hora depois do encontro inicial com os agentes. Pouco depois estava a ser levado para o hospital, onde chegou com "graves lesões" no cordão da medula espinal e na laringe, que especialistas citados pelo The Baltimore Sun dizem ser compatíveis com os efeitos de um acidente de automóvel, provocadas por uma "força significativa". Gray viria a morrer por causa dessas lesões no dia 19 de Abril, e os agentes envolvidos foram suspensos até ao fim das investigações. Desde o dia 12, mas principalmente desde que se soube da morte do jovem, as ruas de Baltimore foram palco de vários protestos, com momentos de tensão que deixavam adivinhar um cenário semelhante ao que aconteceu na cidade de Ferguson, no Mississippi, em Agosto do ano passado. As mortes do adolescente Michael Brown e do jovem Freddy Gray ocorreram em situações distintas, e ambas foram também muito diferentes das que levaram à morte de Walter Scott, um homem de 50 anos, também negro, e também morto por um polícia branco, há menos de um mês, no estado da Carolina do Sul – Brown foi baleado por um agente que actuou dentro da lei, de acordo com um grande júri e com um relatório do Departamento de Justiça (que, no entanto, identificou um padrão de atitudes e comportamentos racistas no corpo de polícia de Ferguson); Gray pode ter sido vítima de violência policial extrema, mas a investigação está em curso; e Scott foi baleado oito vezes pelas costas, "abatido como um animal", nas palavras do seu irmão, Anthony Scott. Seja como for, a sensação de que a polícia norte-americana (ou a prova de que essa sensação é bem real, no caso do relatório sobre Ferguson) visa essencialmente cidadãos negros, recorrendo ao uso da força – muitas vezes até à morte – com chocante leviandade, tem provocado protestos um pouco por todo o país. Na segunda-feira, foi a vez de Baltimore. Os media norte-americanos dizem que na manhã de segunda-feira, antes do funeral de Gray, começou a circular nas redes sociais uma convocatória para uma "purga", numa referência a um filme de 2013 cujo argumento gira à volta de uma América totalitária, num futuro próximo, em que os cidadãos têm 12 horas por ano, entre as sete da noite e as sete da manhã, para poderem matar quem quiserem sem sofrer consequências.
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Palavras-chave morte lei violência ajuda negro homem adolescente corpo pobreza morto animal
OMS não recomenda restrições aéreas para travar ébola, mas países avançam com medidas individuais
Número de casos continua a crescer, mas Associação Internacional de Transportes Aéreos fala num "baixo risco" de transmissão em viagens de avião. (...)

OMS não recomenda restrições aéreas para travar ébola, mas países avançam com medidas individuais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-07-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Número de casos continua a crescer, mas Associação Internacional de Transportes Aéreos fala num "baixo risco" de transmissão em viagens de avião.
TEXTO: Apesar das medidas de controlo de fronteiras que a Libéria decidiu tomar para travar o surto do vírus ébola e do estado de emergência declarado pela Serra Leoa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda ainda qualquer tipo de restrições nas viagens aéreas ou encerramento de fronteiras, justificando que o risco de transmissão entre passageiros é baixo. A informação foi avançada nesta quinta-feira pela Associação Internacional de Transportes Aéreos, que consultou a OMS para perceber junto dos peritos se existe necessidade de avançar já com medidas adicionais, numa altura em que surgem sinais de inquietação de vários países, nomeadamente depois de Hong Kong ter admitido a possibilidade de avançar com quarentenas. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), perante a chegada do pior surto de ébola de sempre a mais países, nomeadamente à Nigéria, contactou a OMS e também a agência das Nações Unidas para o sector da aviação, a Organização da Aviação Civil Internacional. A decisão surgiu depois de um passageiro liberiano ter começado com os sintomas da doença num voo para a Nigéria. À chegada ao aeroporto foi encaminhado pelas autoridades nigerianas para uma das unidades especializadas e com ala de isolamento. O homem acabou por morrer, tendo os testes laboratoriais feitos em locais independentes confirmado a presença do vírus – naquele que se tornou o primeiro caso do surto no país mais populoso de África. “No caso raro de uma pessoa sem saber que está infectada por ébola viajar de avião, a OMS considera que o risco para os outros passageiros é baixo”, lê-se no comunicado da IATA, que cita ainda a OMS para reiterar que o risco de “desenvolver a doença depois de regressar é extremamente baixo, mesmo quando a visita inclua as zonas onde surgiram os primeiros casos. A transmissão requer contacto directo com sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais com pessoas infectadas, cadáveres ou animais”. Uma posição que vai no sentido contrário aos receios dos países, que estão a tomar mais medidas, um dia depois de a organização Médicos Sem Fronteiras dito que a doença está “fora de controlo”. Do lado da Serra Leoa, o presidente Ernest Bai Koroma decretou estado de emergência, depois de a epidemia ter feito mais de 224 mortos só nesta zona. O governante cancelou também a viagem para Washington, onde participaria na cimeira Estados Unidos/África, invocando o carácter “excepcional” da situação que justifica a programação de medidas para travar o surto do vírus que começou na Guiné-Conacri. A República Democrática do Congo vai também fazer controlos a todos os passageiros vindos da Nigéria e a Libéria optou por fechar as escolas e as fronteiras terrestres, reforçar o controlo nos aeroportos, fazer desinfecções em edifícios e dar férias obrigatórias aos funcionários públicos, diz a AFP. Já as autoridades de Hong Kong, escreve o jornal South China Morning Post, ponderam colocar em quarentena todos os casos suspeitos, isto apesar de não terem ligações directas com os países afectados. O Quénia e a Etiópia anunciaram medidas destinadas a evitar a entrada do vírus e no Reino Unido uma reunião de urgência com as autoridades sanitárias também vai resultar no reforço da prevenção nos aeroportos. Mesmo assim, a IATA contrapõe que é “altamente improvável” que uma pessoa com os sintomas consiga viajar e lembra que estão a ser feitas acções nos aeroportos com instruções da OMS, que incluem informação sobre os sintomas e formas de prevenção, o tempo de incubação do vírus (que vai de poucos dias a mais de 20) e os locais onde procurar ajuda. A infecção começa de forma semelhante a uma gripe, com mal-estar geral, febre e dores de cabeça. A seguir, surgem sintomas mais graves, como vómitos, erupções cutâneas, diarreia hemorrágica. Ao todo, desde Fevereiro, o vírus já matou 729 pessoas na África Ocidental, o que faz do surto o mais grave desde que o ébola foi pela primeira fez identificado na década de 1970 no Zaire (actual República Democrática do Congo) e no Sudão. Quase 60 das vítimas mortais foram registadas nos últimos quatro dias. Em 90% dos casos a doença é mortal, apesar de neste surto a taxa estar em cerca de 60%. A única vacina disponível só se mostrou eficaz em modelos animais.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS
OMS declara epidemia de ébola "emergência internacional” e pede ajuda
Em Portugal, a Direcção-Geral de Saúde divulga esta tarde medidas concertadas com a Europa. (...)

OMS declara epidemia de ébola "emergência internacional” e pede ajuda
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-08-08 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20140808170403/http://www.publico.pt/1665821
SUMÁRIO: Em Portugal, a Direcção-Geral de Saúde divulga esta tarde medidas concertadas com a Europa.
TEXTO: A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou que já estavam reunidas as condições para declarar a epidemia de ébola uma "emergência de saúde pública de carácter mundial". E foi o que fez nesta sexta-feira, depois de uma reunião de dois dias. Além disso, é preciso mobilizar todos os países no combate à doença. A directora-geral da OMS, Margaret Chan, pediu à comunidade internacional que ajude os países afectados a combater a epidemia de ébola, que é a pior em quatro décadas. A OMS considera que as possíveis consequências da propagação internacional do vírus são “particularmente graves”. Registada na África Ocidental, a epidemia já matou, em cinco meses, desde Março, 932 pessoas e infectou mais de 1700. A comissão de emergência da OMS, que esteve reunida durante dois dias — nesta quarta e quinta-feira em Genebra —, não teve dúvidas e foi "unânime ao considerar verificarem-se as condições de uma emergência de saúde pública de carácter mundial". Em conferência de imprensa, Margaret Chan lembrou que os países da África Ocidental mais atingidos pela epidemia — Libéria, Serra Leoa, Guiné-Conacri e Nigéria — "não têm meios para responderem sozinhos" à doença e, por isso, pediu "à comunidade internacional que forneça o apoio necessário". A mesma comissão insistiu ser necessário que os diferentes países se coordenem para travar a epidemia: "Uma resposta internacional coordenada é essencial para travar e fazer recuar a propagação mundial" do vírus do ébola. Apesar de não ter imposto restrições às viagens e ao comércio internacionais, a comissão considera que “os Estados devem estar preparados para detectar e tratar casos de ébola” e para facilitar o transporte dos seus cidadãos, especialmente os profissionais de saúde que foram expostos ao vírus. A directora-adjunta da Direcção-Geral da Saúde já disse à agência Lusa que vai divulgar na tarde desta sexta-feira uma posição concertada com os parceiros da Europa sobre esta declaração de estado de emergência mundial de saúde pública. “Estamos a concertar posições com os países que são nossos parceiros europeus, estamos a analisar bem o documento [divulgado na manhã desta sexta-feira pela OMS] e iremos emitir um comunicado às 16h”, garantiu Graça Freitas, escusando-se, para já, a adiantar que medidas poderão ser tomadas por Portugal ou pela Europa. A directora adjunta da DGS referiu apenas que os responsáveis da direcção-geral estiveram “nos últimos dois dias em audioconferência com os parceiros europeus” para concertar uma posição. O vírus do ébola transmite-se por contacto directo com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A febre manifesta-se através de hemorragias, vómitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre os 25 e 90% e não foi ainda produzida uma vacina contra a doença. com Lusa
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Entidades OMS