Piratas sequestram tripulação dinamarquesa e filipina ao largo da Somália
O Golfo do Aden voltou a ser palco de um ataque pirata. A cerca de mil quilómetros ao largo da costa da Somália o navio dinamarquês "M/V Leopard" foi abordado por duas embarcações, na quarta-feira, e a sua tripulação sequestrada. Os quatro filipinos e os dois dinamarqueses que seguiam a bordo estão incontactáveis desde então. (...)

Piratas sequestram tripulação dinamarquesa e filipina ao largo da Somália
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Golfo do Aden voltou a ser palco de um ataque pirata. A cerca de mil quilómetros ao largo da costa da Somália o navio dinamarquês "M/V Leopard" foi abordado por duas embarcações, na quarta-feira, e a sua tripulação sequestrada. Os quatro filipinos e os dois dinamarqueses que seguiam a bordo estão incontactáveis desde então.
TEXTO: O "M/V Leopard" foi encontrado à deriva, ontem, por um navio de guerra turco a serviço da NATO. Aparentemente, o motivo da abordagem não foi a carga. “Acreditamos que o navio transportava armas, munições e explosivos, e que a carga ainda está intacta”, revelou o porta-voz da missão anti-pirataria da União Europeia, Paddy O’Kennedy. As forças internacionais acreditam, de acordo com a BBC, que a tripulação foi levada para um navio de pesca com bandeira de Taiwan, o "Shiuh Fu No. 1", com base numa mensagem de rádio interceptada enquanto os piratas ainda se encontravam a bordo do "M/V Leopard". A confirmar-se a responsabilidade de piratas somalis neste sequestro, os seis tripulantes juntam-se aos mais de 660 marinheiros mantidos em cativeiro.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
Pais não terão acesso livre a registo de agressores sexuais de menores
O registo terá uma duração limitada de cinco a 20 anos em função da pena do condenado. (...)

Pais não terão acesso livre a registo de agressores sexuais de menores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.45
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O registo terá uma duração limitada de cinco a 20 anos em função da pena do condenado.
TEXTO: Portugal vai mesmo ter um registo de identificação criminal de pessoas condenadas por crimes contra a autodeterminação e a liberdade sexual de menores, mas, ao contrário do que se previa, os pais não vão ter acesso directo. A medida foi esta quinta-feira aprovada pelo Conselho de Ministros. Conforme explicou o secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura, apenas “com fundamento em situações concretas” quem exerce responsabilidades parentais poderá perguntar às autoridades policiais da sua área de residência se determinada pessoa consta da base de dados. Ainda segundo o secretário de Estado, a lista "será directamente acessível às autoridades policiais e judiciárias" e também "aos serviços de reinserção social e às comissões de protecção de crianças e jovens". Perante cada caso, as autoridades decidirão se se justifica ou não dizer aos pais que a pessoa de quem suspeitam já foi condenada e mora naquele concelho. Na versão inicial, que o Ministério da Justiça chegou a distribuir aos parceiros, a base de dados poderia ser consultada por magistrados, polícias, profissionais da DGSP, mas também por quem tivesse responsabilidades parentais de menores de 16 anos. Bastar-lhes-ia dirigirem-se à esquadra da PSP ou posto da GNR para saberem se havia condenados na área de residência ou na zona da escola frequentada pelas crianças. Na lista constarão só os nomes e a área de residência de pessoas condenadas com trânsito em julgado. O objectivo, segundo explicou António Costa Moura, é acompanhar a sua reinserção, tendo em conta o superior interesse das crianças. No seu entender, tal não significa condená-los a “uma sanção acessória”. O registo não se deverá eternizar. Terá uma duração limitada em função da pena. Quem tiver sido condenado até um ano de prisão ficará cinco anos na lista. Se a pena tiver sido superior a dez anos, o período subirá para 20 anos. Desde a primeira hora, a ministra da Justiça considerou esta proposta “uma questão-chave”, apoiando-se numa alegada elevada taxa de reincidência neste tipo de crimes sexuais contra menores. Tudo em nome, explicou, do “superior interesse da criança e de poder proteger as crianças”. A polémica estourou de imediato. O antigo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, disse logo que era preciso ter “cautela extrema”, não fosse a lista parar à primeira página de um jornal. “Nunca mais têm emprego, nunca mais têm nada”, avisou. A actual procuradora-geral, Joana Marques Vidal, também se pronunciou contra, contestando um estudo que fora referido pela ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz: "A ministra diz que há mais de 90% de reincidência neste tipo de crime, mas o único que conheço, que se refere à criminalidade sexual em geral, diz 20%. "A médica do Instituto de Medicina Legal Anabela Neves preferia que os pais tivessem pleno acesso à lista. Que pudessem questionar a PSP ou a GNR sobre se determinada pessoa cumpriu ou não pena não lhe parece suficiente: “Nem sempre aqueles de quem se desconfia são os verdadeiros abusadores”. Filomena Neto, especialista em Direito de Família, congratula-se com a existência de uma lista reservada aos profissionais que lidam com crimes sexuais contra menores. Torná-la acessível aos pais, diz, seria promover a justiça preventiva ou a chamada “justiça de Fafe”, apologia de justiça popular. Ricardo Barroso, professor na Universidade de Trás-os-Montes, perito de medicina legal, acha importante perceber bem o que quer dizer “situações concretas”. Um pai apresenta queixa e fica a saber se o suspeito faz parte da lista de condenados ou não precisa de apresentar queixa para obter essa informação? Se não precisa, que critérios serão usados? Para que servirá essa informação?Catarina Ribeiro, professora da Universidade Católica do Porto, perita do Instituto de Medicina Legal, não encontrar qualquer utilidade na disponibilização de informação desta natureza a quem tem responsabilidades parentais. Mais de 90% dos agressores sexuais são familiares ou conhecidos das vítimas. Toda a pena tem como pressuposto a reinserção, diz. “Assume-se que este comportamento é inalterável. Assume-se que o sistema não funciona. Prolonga-se a pena, ainda que de outra forma. ”“Eu, de uma forma geral, sou a favor da lista”, diz Armando Coutinho, que fez tese sobre agressores sexuais e trabalha com condenados por crimes desta natureza no contexto prisional. “Por si só, a prisão não resolve tudo. Sou de opinião que a privação de liberdade seja acompanhada de intervenção especializada nessa área. O que tem sido feito? Nada. Temos enfiado a cabeça na areia?”Na opinião de Ricardo Barroso, se o país vai criar uma base de dados de condenados por crimes contra a liberdade e a autodeterminação sexual, deveria incluir os agressores sexuais de adultos. E devia integrá-la num conjunto de medidas de prevenção e combate à violência sexual. Há outras medidas propostas. Durante cinco a vinte anos, pessoas condenadas por crimes sexuais ficarão proibidas de exercerem qualquer profissão, actividades ou função que impliquem lidar com menores. Também não poderão ter a tutela de crianças, adoptar, nem serem responsáveis pelas figuras do acolhimento familiar ou apadrinhamento civil. E, se os crimes em questão forem contra os próprios filhos, ficarão inibidos de assumir responsabilidades parentais entre cinco a 20 anos.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR PSP
“O último herdeiro da República dos professores”
Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, anunciou esta quarta-feira a sua candidatura a Belém. Soares e Sampaio ouviram-no apresentar a sua ausência de cartão partidário como a “diferença” da sua campanha. (...)

“O último herdeiro da República dos professores”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, anunciou esta quarta-feira a sua candidatura a Belém. Soares e Sampaio ouviram-no apresentar a sua ausência de cartão partidário como a “diferença” da sua campanha.
TEXTO: Há uma data e uma instituição que assinalam o nascimento político de Sampaio da Nóvoa. O dia foi o 10 de Junho de 2012. A entidade foi a Presidência da República de Cavaco Silva. Foi aí que o ex-reitor da Universidade de Lisboa abandonou o círculo fechado dos anfiteatros universitários para entrar na Ágora política. O fim do princípio de uma candidatura política fechou-se esta quarta-feira, no Teatro da Trindade, com a voz-off que antecedeu o discurso do antigo reitor citando esse “primeiro dia do resto” do caminho para Belém. Com o seu “discurso clássico”, de oposição a “esta abordagem radical da austeridade”, Sampaio da Nóvoa iniciava assim o percurso que se confirmava no Teatro da Trindade, com o seu anúncio de candidatura à Presidência da República. Pelo meio foi coleccionando ovações nos mais variados palcos políticos. Na Aula Magna onde Mário Soares arregimentou a esquerda contra a direita, no último Congresso do PS onde propôs uma “democracia democrática” e no Congresso da Cidadania, da Associação 25 de Abril, onde defendeu ser “preciso acabar" com a política de austeridade "antes que ela acabe" com os portugueses. Mas já em 2012, no longo discurso do dia de Portugal, estava impressa a sua marca e ao que vinha. “O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino. ” Uma retórica assertiva que foi galvanizando alguma da esquerda revoltada com as políticas do governo de direita e a postura de Cavaco Silva. Foi Cavaco Silva o primeiro responsável e um dos primeiros a testemunhar a retórica do antigo reitor. “Ou nos salvamos a nós, ou ninguém nos salva”, citou numa intervenção crítica que haveria de repetir ao longo dos últimos dois anos. O PÚBLICO desafiou dois académicos universitários, habituados a estudar a política, a desvendar Sampaio da Nóvoa. “É o homem do discurso clássico”, responde José Adelino Maltez, antes colar o antigo reitor a uma certa classe. “Ele é o último herdeiro da República dos professores”, essa forma “clássica” de pertencer à esfera política, mais habitual “talvez em França”. Onde, apesar de tudo, essa casta se mostra ainda disponível para se submeter aos escrutínio público. Maltez não concorda com quem vê em Sampaio da Nóvoa uma página em branco que só agora se começa a preencher com discursos inflamantes. “Ele tem um percurso e não se pode pedir mais”, afiança antes de lembrar que o agora candidato “foi um dos actores fundamentais da fusão da universidades Clássica e Técnica” de Lisboa. “Há um lastro de tomadas de posição”, corrobora André Freire, depois de recordar os anos entre 2006 e 2013, quando esteve na reitoria. “Aí, ele deu provas de grande autonomia e coragem política”, afirma o professor de Ciência Política. Repescando esses anos em que o ministro Mariano Gago avançou com “cortes no ensino superior” para apostar na Ciência. “Insurgiu-se contra o ministro, ficando até isolado no Conselho de Reitores”. Isto com um Governo que até era da sua esfera. “As afinidades com o PS não são de agora”, alerta Freire, lembrando o cargo de conselheiro para a Educação de Jorge Sampaio. Mas André Freire reconhece um “handicap” ao arranque da corrida de Nóvoa. “Se a gente perguntar em Bragança ou em Beja, ninguém sabe quem ele é”, alerta. “Ele não é conhecido, exceptuando nos círculos urbanos e universitários”, acrescenta. “Para vingar, precisa de começar a fazer campanha já, ir a todas as frentes”, remata. Fazer as inevitáveis “voltas ao país, ir para os media, entrar nas redes sociais”, concretiza. Também Maltez reconhece que falta ao antigo reitor atravessar o seu “Rubicão”, aquela “barreira terrível que é a comunicação”. “Ainda não o experimentámos como homem da comunicação” para se saber se “ainda se admite uma República de professores”. A “vantagem” de Sampaio da Nóvoa é que não é apenas um “professor”. “Até jogava matraquilhos, futebol e correu o mundo”, recordou o ex-director do Centro de Estudos do Pensamento Político do ISCSP. Foi a jogar a médio pela Académica que chega à Universidade de Coimbra. O curso de Medicina fica, entretanto, para trás. O gosto pelos palcos teatrais empurra-o para o Conservatório de Lisboa. E o prazer das aulas, de expressão dramática durante dois anos em Aveiro, trouxeram-no de nova à Academia para finalmente se dedicar àquela que seria a sua área: a Educação. O “mundo” que percorreu foi para dar substrato a essa formação. Doutorou-se em Genebra e Paris antes de regressar em Lisboa. O seu globo alargou-se com o Brasil, onde até há pouco, foi consultor da Unesco, precisamente na área da Educação.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Inquérito diário: Coligação mantém vantagem de 4,7 pontos sobre o PS
Passos e Portas lideram no Norte, Centro e Lisboa. (...)

Inquérito diário: Coligação mantém vantagem de 4,7 pontos sobre o PS
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passos e Portas lideram no Norte, Centro e Lisboa.
TEXTO: A coligação Portugal à Frente (PaF), integrada pelo PSD e CDS-PP, mantém uma vantagem de 4, 7 pontos percentuais sobre os socialistas. Esta é a principal conclusão do inquérito diário da Intercampus para o PÚBLICO, TVI e TSF, cujo trabalho de campo decorreu entre 22 e 25 de Setembro num total de 1025 entrevistas telefónicas. A coligação de Passos Coelho e Paulo Portas obtém 37, 5% e o PS de António Costa 32, 8%, estando separados por uma diferença superior à margem de erro, que é de 3, 1%. Assim, as duas principais forças concorrentes às eleições legislativas de 4 de Outubro tiveram uma subida de 0, 5 pontos face ao inquérito da véspera. Veja a evolução desta tracking pollPor seu lado, a Coligação Democrática Unitária (CDU), constituída pelo PCP e Os Verdes, alcança 8, 9%, o que traduz uma diminuição de 0, 3 pontos. Em contrapartida, o Bloco de Esquerda consegue 6, 7%, uma subida de 0, 6 pontos, e o seu melhor resultado desde o início deste estudo. A projecção, com distribuição de indecisos, para os outros partidos, reserva-lhes 4, 5%, uma queda de 0, 9 pontos. Também os votos brancos e nulos têm uma descida de meio ponto, situando-se em 9, 6%. Por faixa etária, o PS está ligeiramente à frente na dos indivíduos entre os 35 e 54 anos com 24, 9% e 0, 6 pontos de vantagem sobre o PaF. Nos outros dois segmentos considerados – 18 a 34 e 55 e mais anos -, a coligação governamental lidera. Por regiões, o inquérito não tem novidades em relação ao estudo anterior. Passos e Portas são preferidos no Norte, Centro e Lisboa, enquanto as propostas de Costa são as mais bem avaliadas no Alentejo e no Algarve. Deste modo, a bacia do Tejo constituiu-se em fronteira na divisão da direita e esquerda. Entre as forças sem representação parlamentar, o Partido Democrático Renovador (PDR) de Marinho e Pinto continua à frente com 1, 1%, obtendo o seu melhor score na faixa etária dos 18 aos 34 anos. É seguido pelo PCTP/MRPP, do também advogado Garcia Pereira, e pelo “Pessoas, Animais e Natureza” (PAN), ambos com 0, 5%. A coligação Partido Trabalhista Português/Agir obtém 0, 4%, enquanto o Livre/Tempo de Avançar de Rui Tavares consegue 0, 3%. Ficha técnicaSondagem realizada pela Intercampus para TVI, PÚBLICO e TSF com o objectivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional incluindo a intenção de voto para as próximas eleições legislativas de 2015. O universo é constituído pela população portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 1025 entrevistas, recolhidas através de entrevista telefónica, através do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). Os lares foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma matriz de estratificação que compreende a Região (NUTS II). Os respondentes foram seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis Sexo e Idade (3 grupos). Os trabalhos de campo decorreram entre 22 e 25 de Setembro de 2015. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3, 1%. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 59, 5%. Notícia alterada às 12h53
REFERÊNCIAS:
Dança em família
À partida os papéis são estes: Zé Mário Branco como encenador, Manuela de Freitas como escritora, Camané como actor. É a família que se vê no DVD que acompanha o disco (...)

Dança em família
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501171231/http://www.publico.pt/1693846
SUMÁRIO: À partida os papéis são estes: Zé Mário Branco como encenador, Manuela de Freitas como escritora, Camané como actor. É a família que se vê no DVD que acompanha o disco
TEXTO: Em 2008, quando Camané editou Sempre de Mim, José Mário Branco dizia ao Ípsilon que ele, Manuela de Freitas e Camané eram “como os amantes”: “A gente junta-se para o que é bom e depois vai embora”. Sete anos volvidos, há um plano, no documentário de Filipe Ferreira que acompanha a edição especial de Infinito Presente, em que se ouve José Mário Branco a dizer que fora do trabalho nunca se vêem – como sempre como dantes, encontram-se para a música. Num plano particularmente engraçado, José Mário Branco e Manuela de Freitas observam atentamente (presumivelmente em sua casa) Camané e o seu guitarrista a ensaiar um fado no sofá; ao fundo da sala há um miúdo a jogar computador, como se nada fosse, apenas uma tarde normal com umas visitas. O que esta cena nos diz é que, sim, eles juntam-se para o que é bom – mas quando se juntam são uma família. Musical, mas uma família. E o que o documentário revela são os códigos que todas as família têm, os lugares que cada um ocupa e como as suas relações evoluem. À partida os papéis são estes: Zé Mário como encenador, Manuela como escritora, Camané como actor. São constantes as cenas em que Zé Mário chama a atenção para esta ou aquela palavra que tem de ser acentuada, enquanto Camané se opõe e quer outro caminho. E por vezes somos abençoados com o resultado – e vemos o take final, imaculado, nascido dessa luta de forças. No DVD há uma cena que exemplifica o acima descrito e revela como esta família funciona. Camané conta ao Ípsilon que cantou Triste Sorte como se chegasse a casa e tivesse urgência de cantar aquelas palavras, mas, tendo a namorada a dormir a seu lado, só podia cantar baixinho. Num revelador plano vemos Zé Mário a dizer a Camané exactamente isto – é como se o fadista, depois de o disco feito, tivesse finalmente inscrito em si as orientações de Zé Mário contra as quais batalhou. A cena é admirável. ZMB faz o seu discurso, Camané retorque: “Isso é muito difícil, meu, eu não consigo tirar alma daí, agora, esse não acordar a namorada é não cantar, praticamente. ”José Mário Branco: “É”. Camané: “Pois, mas isso. . . ”, e vira costas. E depois vemos um take sobrenatural. Camané não cantou tão baixinho quanto ZMB queria; nenhum ganhou; quem ganhou foi a canção – e nós. Temos direito a assistir a batalhas épicas – mas respeitosas – entre Camané e Zé Mário. Na conversa com Camané, este dizia-nos: “Quando me distraio, quando me começo a exibir, o Zé Mário não deixa passar. Faço isso quando estou com medo ou inseguro”. A luta entre o instinto de Camané e o cérebro de Zé Mário Branco fica retratada numa cena em que o primeiro reclama: “Eu assim perco a espontaneidade”. Zé Mário Branco, a fazer de pai: “Se a espontaneidade te dá para a asneira. . . ”Camané, a fazer de filho: “Não é asneira”. Zé Mário pede constantemente contenção – enquanto Camané quer estilar e diz que isso é das coisas mais bonitas que o fado tem. “Mas não podes estar sempre a fazer isso”, diz Zé Mário, “senão estás sempre a dizer a mesma coisa”. Noutra cena vemos o oposto: Zé Mário a pedir a Camané para estilar e este a dizer que não, que não faz sentido, que o que ali interessa é a história. E numa cena semelhante, Zé Mário Branco pergunta a Camané se o fado que vão gravar dá para estilar e Camané, que tem um conhecimento enciclopédico do fado, explica que não. Os papéis, estabelecidos ao início, vão-se, aqui e ali, trocando. Mas cada tema acaba sempre da mesma maneira: quando Manuela reage a um take fazendo um gesto sobre o braço, como quem diz ter pele de galinha, é porque o fado está bom. Zé Mário Branco chama a isto um afinadíssimo aparelho de avaliação estética: “O pelómetro”. Quando os pelos de Manuela arrepiam, o fado está lá. Um DVD é uma estratégia comercial – mas no caso é também um sinal de onde os três estão hoje. Permitem-nos ver muito: os seus atritos, as birras, os saltinhos de Manuela. Isto, esta intimidade, só é mostrada hoje porque há vinte anos de história entre eles e já estão à vontade nos seus papéis. Três indivíduos de personalidades vincadas têm a bondade de nos deixar observar a sua relação: a de uma família unida pela admiração mútua, que por mais diferenças que tenha tem um único fito: fazer grande música. Que ninguém se engane: é mesmo admiração o que une este trio. Quantas vezes se juntam três génios numa sala e trabalham não para si mas para o bem comum?
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho medo
Portugueses voltaram a ir mais ao cinema em 2016
Animação e super-heróis versão negra são os filmes mais vistos em 2016. Nos EUA batem-se novos recordes mas não há mais pessoas nas salas – os bilhetes são mais caros. No mundo, a Disney domina. (...)

Portugueses voltaram a ir mais ao cinema em 2016
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2016-12-31 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20161231180500/http://publico.pt/1756500
SUMÁRIO: Animação e super-heróis versão negra são os filmes mais vistos em 2016. Nos EUA batem-se novos recordes mas não há mais pessoas nas salas – os bilhetes são mais caros. No mundo, a Disney domina.
TEXTO: Este foi o segundo ano consecutivo de crescimento tanto em receitas quanto em número de espectadores no cinema em Portugal. Com um dia de sessões ainda por cumprir, os números indicam que os portugueses compraram mais de 14, 6 milhões de bilhetes este ano, investindo 75, 1 milhões de euros nas suas idas às salas — que foram novamente uma animação. Os bonecos de A Vida Secreta dos Nossos Bichos foram os mais vistos e só Leonardo DiCaprio sobreviveu a um top ten cheio de desenhos e de anti-super-heróis como Esquadrão Suicida. Contas feitas aos principais filmes em exibição até 28 de Dezembro, os números do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) mostram que eles não se alteraram significativamente em relação ao ano anterior, mas que há para já uma ligeira subida (que tenderá a acentuar-se com as sessões dos últimos dias do ano e com o acerto dos dados pelos operadores). O ano de 2015 foi o primeiro desde 2010 em que se verificou uma subida das idas ao cinema e do número de espectadores em sala, com 74, 9 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira e 14, 5 milhões de espectadores. Em 2016, e com os números parciais de Dezembro contabilizados pelo PÚBLICO até dia 28 com base nos dados do ICA, há já 75, 1 milhões de euros de receitas e 14, 6 milhões de ingressos vendidos, uma ligeira subida em relação a 2015 — e a confirmação de que se mantém a tendência. Ainda assim, continuamos longe dos números do início do século, em que o total de espectadores ultrapassava os 18 milhões. Quanto aos filmes favoritos dos espectadores, se em 2015 a animação dos Mínimos e os franchises de acção encimaram o top, este ano os franchises voltaram, ainda e sempre, mas com super-heróis versão negra. Os mais vistos do ano em Portugal são então: A Vida Secreta dos Nossos Bichos, o mais popular, com 2, 9 milhões de euros de receitas brutas de bilheteira e 603 mil espectadores; depois, um dos blockbusters mais arrasados pela crítica de 2016, Esquadrão Suicida, com 2, 4 milhões e 449 espectadores; À Procura de Dory, que valeu dois milhões de receita e 423 mil pessoas nas salas, suplantou outra animação animal, Zootrópolis, com 1, 8 milhões e 393 mil espectadores, que por seu turno viu o primeiro dos filmes de super-heróis atacados de negrume do ano, Deadpool, ficar logo abaixo, com 1, 9 milhões mas só 361 mil espectadores. O sexto filme do ano foi O Renascido, conferido em sala por 311 mil pessoas. O top dez completou-se com Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los, Batman Vs. Super-Homem: O Despertar da Justiça, A Idade do Gelo: O Big Bang e Angry Birds: O Filme. Todos subprodutos de um outro produto, seja uma série literária (Harry Potter), uma sequela cinematográfica, um universo de comics ou um jogo, respectivamente. O único filme português na lista, em 19. ª posição, é A Canção de Lisboa, terceiro de uma série de remakes de comédias populares do cinema português, com 187 mil espectadores, muito abaixo do fenómeno de 2015, o remake de O Pátio das Cantigas que com 607 mil espectadores é o filme português mais visto dos últimos 40 anos. Nos EUA, o cenário é o mesmo, mas sem The Revenant: O Renascido, que deu o Óscar de Melhor Filme a Alejandro Iñárritu e o de Melhor Actor a DiCaprio, a conseguir infiltrar-se em mais um ano recorde de bilheteiras. Os dados do Box Office Mojo mostram que o mais visto foi À Procura de Dory, seguido de Capitão América: Guerra Civil, A Vida Secreta dos Nossos Bichos, O Livro da Selva e Deadpool; ao contrário do que aconteceu em Dezembro de 2015, quando a injecção financeira de Star Wars: O Despertar da Força apareceu para tornar o ano bem mais lucrativo, o novo filme Star Wars não chegou para roubar o pódio, fixando-se em sétimo no box office americano de 2016 e em 22. º do português. Nos EUA, de qualquer modo, continuam a bater-se recordes, com as vendas de bilhetes a ultrapassarem pelo segundo ano consecutivo a marca dos 11 mil milhões de dólares: neste caso, 11, 3 mil milhões de dólares (10, 7 mil milhões de euros) no balanço estimado de 2016, segundo a empresa de análise de dados ComScore. Os dados foram compilados até ao Natal e a Disney, o estúdio que agrega não só a sua poderosa marca mas também a Marvel Studios e a Lucasfilm, é a força dominadora. “Toda a gente vai ver os mesmos filmes. E são sobretudo da Disney”, constata Doug Creutz, analista da Cowen and Company, citado pela Vanity Fair. Dos grandes êxitos de bilheteira do ano, cinco (Capitão América, Zootrópolis, Rogue One, Dory e O Livro da Selva) são Disney, estúdio que teve o melhor ano de sempre no box office mundial com receitas brutas de mais de sete mil milhões de euros. ”Saímo-nos bem ao criar o que os miúdos chamariam FOMO”, ou “fear of missing out” (o medo de ficar de fora, em tradução livre), congratulou-se Dave Hollis, vice-presidente de vendas e distribuição do estúdio do rato Mickey. Os filmes da Disney envolvem um ingrediente-chave, disse Hollis: “Fazer parte do fenómeno. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Ainda assim, e como mostra uma análise mais fina dos dados nos últimos anos, o facto de as bilheteiras renderem mais e de haver estúdios capazes de assegurar uma quota esmagadora do mercado não quer dizer que haja mais pessoas nos cinemas. Há sim bilhetes mais caros e sessões mais caras, sobretudo em 3D ou salas IMAX. “É enganador. Olhando para o box office, ele parece saudável, mas é só um punhado de títulos que está a ter este tipo de sucesso”, lembrou ao Los Angeles Times Adam Goodman, antigo responsável pela produção na Paramount. É como o filme europeu de 2015: foi um ano recorde no cinema na Europa, mas com os espectadores a pagarem mais por bilhete e a irem ver menos cinema europeu. Há “demasiados filmes caros”, disse Cruetz, e menos espectadores do que antigamente, mesmo quando se sabe que os americanos vêem em média cinco a seis filmes por ano em sala. Mas procuram e encontram sobretudo personagens (re)conhecidas, grandes produções de choque e espanto e histórias de inspiração juvenil, em detrimento de trabalhos autorais ou de médio porte. Em França, o ano também foi de crescimento, com 213 milhões de espectadores, que, juntamente com receitas estimadas de 1, 3 mil milhões de euros, fizeram de 2016 o segundo melhor ano em meio século, segundo dados do Centre National du Cinéma. Porém, as bilheteiras do país europeu que mais vai ao cinema lucraram não só com os blockbusters americanos mas também com comédias francesas de sucesso como Les Tuche.
REFERÊNCIAS:
Hayao Miyazaki: as caricaturas do Charlie Hebdo foram “um erro”
Para o realizador japonês, os cartoonistas deviam satirizar líderes e temas dos seus países. (...)

Hayao Miyazaki: as caricaturas do Charlie Hebdo foram “um erro”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para o realizador japonês, os cartoonistas deviam satirizar líderes e temas dos seus países.
TEXTO: O mestre do cinema de animação japonês Hayao Miyazaki classificou como “um erro” as caricaturas do Charlie Hebdo, o jornal francês atacado em Janeiro. Numa entrevista à rádio japonesa TBS, Miyazaki defendeu ainda que os cartoonistas se deviam focar em alvos dos seus próprios países. “A meu ver é um erro fazer caricaturas daquilo que diferentes culturas adoram. É uma boa ideia parar de se fazer isso”, disse Hayao Miyazaki, em referência ao que aconteceu em Paris no Charlie Hebdo, atacado a 7 de Janeiro por dois homens armados que mataram 12 pessoas entre as quais cinco dos desenhadores de imprensa do semanário. As representações de Maomé terão estado na origem ataque terrorista. Para o mestre da animação japonesa, os cartoonistas deviam focar-se em temas que lhes são mais próximos. “Em primeiro lugar e acima de tudo, as caricaturas deviam ser dos políticos dos seus próprios países. Parece simplesmente suspeito ir atrás de líderes políticos de outros países”, continuou Hayao Miyazaki, de 74 anos. As palavras de Miyazaki vão contra a maioria das manifestações públicas a favor do trabalho da redacção do jornal satírico. O alvo de Charlie Hebdo não são apenas as religiões. Ali não há limites: opositores do casamento gay, Marine Le Pen, François Hollande, o Vaticano, todos já foram alvo dos seus desenhos satíricos e mordazes. Desde o ataque de Janeiro, e com o mais recente episódio em Copenhaga que teria como alvo o cartoonista sueco Lars Vilks, ameaçado desde que em 2007 assinou uma série de cartoons onde Maomé surgia com cabeça de cão, que a discussão em torno da liberdade de expressão tem sido grande. Em França, no entanto, muitos são aqueles que concordarão com o mestre japonês, que é um dos homenageados deste ano na cerimónia dos Óscares – Hayao Miyazaki foi escolhido pela Academia para receber um Óscar honorário. No mês passado, um inquérito revelou que um em cada quatro franceses acreditava que o Charlie Hebdo cometeu um erro ao publicar as caricaturas de Maomé por considerarem as imagens ofensivas para os muçulmanos. Hayao Miyazaki é autor de 11 longas-metragens aclamadas pela crítica e detentor de um Óscar de melhor filme de animação por A Viagem de Chihiro. Em 2013, o realizador anunciou que já não iria fazer mais longas-metragens, embora tencione continuar a trabalhar nos estúdios japoneses. The Wind Rises é o seu último filme, apresentado no Festival de Veneza de 2013.
REFERÊNCIAS:
Cascais na encruzilhada: salvar o património natural e a água ou a destruição
A Sociedade Civil tem novamente à sua mão todos os instrumentos legais para inflectir radicalmente o processo camarário em curso. (...)

Cascais na encruzilhada: salvar o património natural e a água ou a destruição
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Sociedade Civil tem novamente à sua mão todos os instrumentos legais para inflectir radicalmente o processo camarário em curso.
TEXTO: A Câmara Municipal de Cascais que tanto propala a vocação económica do Município na vertente turística como factor relevante no Novo Plano Estratégico para o Turismo na Região de Lisboa – 2016-2019, dada a relevância deste como motor de empregabilidade e de desenvolvimento económico sustentável, jamais poderá alcançar tal propósito postergando os mais elementares Direitos de Cidadania das suas gentes!O presente grito de alerta aos munícipes cascalenses já não se confina: às permanentes limitações arbitrárias do executivo camarário à sua mobilidade, pedestre ou automobilizada, nomeadamente durante “festas pimba”, com barracas de feira em espaços públicos, com violação das mais elementares normas dos níveis de ruído admissíveis em fins-de-semana e, por último, como aconteceu no Verão passado nas últimas Festas do Mar, pondo em risco a segurança de milhares de pessoas, junto à praia dos Pescadores, actividades que mais se assemelham ao “panem et circenses” romano!Agora, o alerta é bem sério: trata-se de travar, mais uma vez, a veleidade de executar uma rede viária estruturante justificada por uma alegada acessibilidade e mobilidade dos “seus aborígenes”!Trata-se, de um projecto inicialmente desenvolvido pelo Gabinete de Estudos Urbanos da CMC, em 28/12/2004, à data designado por Projecto de Execução da Estrada Saloia que visava retomar a ligação proveniente e com destino à A5, à zona mais ocidental do Município, isto é, à Areia, e que “fará” a ligação Areia/S. Gabriel (no actual termo da A5). Tal projecto que fora aprovado 17. 09. 2007, esteve a “marinar” pouco mais de sete anos e subitamente renasce “das cinzas” com Carlos Carreiras, em circunstâncias deveras bem esclarecedoras, como irá fazer-se luz!É oportuno, aqui fazer o enfoque que tal empreendimento tivera historicamente as suas raízes, quando há quinze anos no Consulado de Judas, a sociedade civil: “O Movimento Cívico para a Defesa do Parque Natural de Sintra-Cascais”, integrando múltiplos cidadãos em nome individual e Associações de Defesa do Ambiente, entre elas a Quercus e o Geota, reagiram energicamente contra tal empreendimento, na altura designado: por “Fixação do Traçado do Prolongamento da A5 (IC-5) até à Areia e nessa conformidade, veio a caber ao autor deste artigo, como advogado, de promover a sua anulação, mediante acção pública a ser exercida pelo Ministério Público, enquanto representante do Estado colectividade, queixa essa fundamentada na violação de várias normas (entre elas):o Regime Jurídico dos Planos Municipais de Ordenamento do Território (art. º 5. º n. º 1 do então DL 69/90) e do Direito de Participação Procedimental e de Acção Popular (art. º 4. º n. º 1 e 3 da Lei 83/95, de 31/08). Estava em causa nomeadamente: a descaracterização de um Espaço Agrícola Nível 4, com a sua substituição por categoria de Espaço Urbanizável de Baixa Densidade, ameaça séria que passaria sobre o último espaço verde na periferia sul do Parque Natural de Sintra-Cascais, com a desfiguração cénica “do continuum naturale” e a perda irreparável nas envolventes periféricas rural e urbana tradicionais dos mesmos lugares e povoações. Depois de uma longa batalha jurídica, o Supremo Tribunal Administrativo por acórdão de 17. 05. 2007 viria a pôr termo definitivo à causa dando razão aos queixosos por infracção à Lei 83/95, de 31/08. Não foi a despropósito, que então foram tecidos grandes encómios às virtudes peregrinas desse prolongamento da A5, visto estar na altura na forja um amplo plano de urbanização à pala deste, a então designada “Cidade do Cinema” que iria urbanizar e assim impermeabilizar uma área de muitos milhares de m2. Ora os tempos mudaram, mas não tanto visto que os “políticos” (?) ainda não aprenderam, que não devem nem podem iludir a sociedade civil que então, há quinze anos, tanto pugnou pelo reconhecimento do direito de cidadania inscrevendo o seu feito: como o 1. º Movimento que reuniu pela 1. ª vez em Portugal as assinaturas necessárias para apresentar uma Petição Pública na Assembleia da República, cuja apresentação teve lugar em Julho de 2000. Estava em causa, nessa altura, não só a urbanização da Cidade do Cinema bem como outras violações ao Plano de Ordenamento do Parque Natural de Sintra – Cascais, nomeadamente, com os projectos urbanísticos do Abano, Prontohotel, um campo de golfe, etc…Hoje os políticos que dirigem (?) a autarquia de Cascais, continuam a insistir que estão a governar “aborígenes” que não sabem patavina dos seus direitos, continuando a privilegiar o capital financeiro, com mega projectos de urbanização esquecendo que há quinze anos, os mesmos cidadãos aborígenes trataram bem da “res publica”, os quais estão hoje unidos para ir novamente para a luta, pugnando pelo primado da Defesa dos Valores Ambientais e do Desenvolvimento Sustentável, no último mosaico de estrutura verde primária, na área entre a Estrada de Birre/Guincho e o Parque Natural de Sintra – Cascais que é indispensável à salvaguarda de novas pressões sobre este património.
REFERÊNCIAS:
Étnia Aborígenes
O bafo do dragão
Kazuo Ishiguro desperdiça a sua escrita imaculada num romance caótico (...)

O bafo do dragão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Kazuo Ishiguro desperdiça a sua escrita imaculada num romance caótico
TEXTO: Axl e Beatrice, um casal com uma idade já avançada, decidem deixar para trás a sua comunidade e viajar em busca de um filho há muito perdido. Depois dos necessários preparativos, lançam-se à aventura, apoiados um no outro e nos seus cajados de caminhantes. As terras que atravessam são inóspitas, agrestes, desoladas e cheias de perigos. Encontram pessoas que se mostram indiferentes, hospitaleiras ou ameaçadoras. A viagem não é linear nem agradável, os obstáculos surgem constantemente, é necessário procurar abrigo, encontrar comida. Os costumes, normas e rituais dos que vão encontrando pelo caminho são diferentes, incompreensíveis. Axl e Beatrice, cristãos em terras pagãs, estão estreitamente ligados por uma força (o amor, a fé?) que os impele nesta viagem que serve de fio condutor a O Gigante Enterrado, o mais recente romance de Kazuo Ishiguro — uma saga épica, facilmente encarada como um pastiche da obra de Tolkien e da sua literatura fantástica com raízes folclóricas, não fosse a espartilhada contenção narrativa minimalista deste escritor inglês nascido em Nagasáqui em 1954. A aventura de Axl e Beatrice poderia, também, ter algo em comum com as demandas de Marco Polo ou de Fernão Mendes Pinto, com a sua saborosa mistura de factos reais e inventados, estranhas aparições e animais fantásticos, num universo simultaneamente novo, para eles, e demasiado antigo, para nós, revelado à medida dos passos dados por esta versão idosa de Romeu e Julieta. Ishiguro escolheu como cenário uma Grã-Bretanha pós-arturiana, ocupada por saxões e bretões — regressados às suas querelas depois da fugaz pacificação levada a cabo pelos cavaleiros da Távola Redonda —, ameaçada por ogres, feiticeiros e feiticeiras, cavaleiros, monges demoníacos e sábios descendentes de Merlim, em que um dragão, Querig, é a causa do mal maior que assola aquelas terras: o seu bafo apaga a memória daqueles que o respiram. Esta ideia da “névoa” que produz o esquecimento e potencia a confusão na memória (é possível que os especialistas em patologias do cérebro descubram, neste livro, indícios semelhantes aos dos pacientes com Alzheimer) é mais um dos artifícios de Ishiguro para criar cenários deslocados da realidade e personagens presas de confusão e de uma incapacidade para discorrer e reagir, paralisadas por ameaças mais ou menos veladas que não lhes permitem a clareza da experiência, da maturidade. No extraordinário Nunca me Deixes (2005), onde o escritor colocava em debate a questão da clonagem, assiste-se ao desenrolar de um processo terrífico de “criação” de crianças e de jovens que aceitam fatalisticamente o seu destino, o de serem mortas para fornecerem órgãos aos “bons” cidadãos britânicos. Recorde-se, ainda, o mordomo Stephens, de Os Despojos do Dia (1989), que mantém um controlo rigoroso das emoções, escondidas por trás de um cenário construído por regras fantasistas como as dos jogos infantis do “faz-de-conta”, tal como acontece em Quando Éramos Órfãos (2000), em que o detective Christopher Banks assenta a sua reputação numa quimera. Em O Gigante Enterrado o texto desenrola-se num tom de devaneio, ao correr de um tempo sem referências. A paisagem tem uma grande importância — que Inglaterra é aquela, tão desolada, sem prados verdes nem caminhos entre sebes floridas? —, tal como determinantes são certas referências surpreendentes, como a do encontro de Axl e Beatrice com diversas personagens que evocam lendas e mitos bem conhecidos: o pérfido Brennus assemelha-se ao xerife de Nottingham, e a floresta bem poderia ser a de Sherwood; o jovem Edwin, como tantos outros seres especiais, Harry Potter incluído, é possuidor de uma marca indelével no corpo; Sir Wistan é um destemido e imprudente cavaleiro que tem dificuldade em saber qual o seu propósito; e Sir Gawain, sobrinho do rei Artur, é uma relíquia do passado, descarnado, a armadura ferrugenta, com dificuldade em movimentar-se, montado numa pileca de nome Horace que compete em decadência com Rocinante, eternamente condenado a deambular em busca de feitos improváveis, e que evoca, evidentemente, Dom Quixote. (Um dos melhores momentos do romance acontece quando Sir Gawain tem um encontro extremamente incómodo com um grupo de “viúvas”, arrepiantemente parecidas com as bruxas do Macbeth shakesperiano. )Ishiguro parece querer encenar uma pantomima aparentemente ingénua, onde introduz a sua bem conhecida ironia subtilíssima, (como fez no kafkiano Os Inconsolados), com referências, comicamente deturpadas, a outros momentos marcantes da literatura universal (as “provas de amor” a que são sujeitos os amantes ao atravessarem um rio semelhante ao Lethes nas mãos de um sinistro barqueiro, tal como acontece nos romances de cavalaria; os monges satânicos que parecem saídos de O Nome da Rosa de Umberto Eco, etc. ), como se houvesse a intenção de avivar a memória para outros textos, em vários estratos temporais, e para a finalidade primeira da escrita, isto é, o exercício da imaginação. De salientar, ainda, outro (falso) paradoxo relacionado, também, com a questão da memória, esse “gigante enterrado” nas convulsões da História: um ser humano ou uma comunidade que esquecem estão condenados à inércia e à escuridão (como Axl e Beatrice na caverna da sua aldeia); a tentativa de recuperar o passado impulsiona a acção, mas esta não é isenta de perigos. Por outro lado, o esquecimento preserva, supostamente, a paz e a concórdia (os saxões e os bretões já não recordam o motivo das suas lutas, o casal não discute porque não reconhece os motivos de eventuais discórdias, etc. ). Ishiguro coloca Axl e Beatrice como heróis determinados, contrariando personagens como o pintor Ono em An Artist of the Floating World (1986), ou, de novo, Stephens em Os Despojos do Dia — narradores não fiáveis, reprimidos por infames segredos do passado (os “dragões” e ogres atávicos) e incapazes de os enfrentar. Resta acrescentar que O Gigante Enterrado, com a sua escrita imaculada, tão delicada quanto a caligrafia japonesa, peca por se perder em longos devaneios, tão opacos quanto os dos antigos bretões e saxões, num universo caótico e, no final, tristemente enredado em divagações insondáveis.
REFERÊNCIAS:
Étnia Bretões
Depois da lava e da cinza, chuva ameaça região chilena do vulcão Calbuco
Habitantes da vila de Enseada trabalham na limpeza das casas e juntam gado disperso, esperando que a chuva não cause mais estragos. (...)

Depois da lava e da cinza, chuva ameaça região chilena do vulcão Calbuco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Habitantes da vila de Enseada trabalham na limpeza das casas e juntam gado disperso, esperando que a chuva não cause mais estragos.
TEXTO: O “estado de excepção” e o estatuto de “zona de catástrofe” mantêm-se na região do Chile onde, depois de 43 anos de inactividade, o vulcão Calbuco teve, na semana passada, duas erupções que obrigaram à retirada de cerca de 6. 500 pessoas das suas casas. Apesar de não se ter registado qualquer actividade eruptiva do vulcão desde quinta-feira, as autoridades continuam à espera de uma provável terceira erupção, mantendo o estado de alerta e a ordem de evacuação da região num raio de 20 quilómetros. Enquanto se contabilizam os estragos e prosseguem as limpezas, os médicos alertam para os efeitos nocivos da prevista queda de chuva sobre a camada de cinza. A vila de Enseada, a 15 quilómetros do Calbuco, vive horas de desespero. Desde a passada sexta-feira que os habitantes deslocados vão e vêm todos os dias aos locais onde habitaram a vida toda e tentam salvar o que podem, entre casas, negócios e animais. Têm a ajuda de membros do exército e das equipas de emergência. As cinzas do vulcão amontoam-se pelas ruas e telhados das casas e os animais sobreviventes vagueiam pelas áreas circundantes. As autoridades estão a fornecer água, alimentação e material médico aos deslocados e aos que trabalham na limpeza das suas casas e infra-estruturas. O Ministério do Interior estima que entre cabeças de gado desaparecidas ou mortas e instalações destruídas, o trabalho de cerca de 300 agricultores tenha sido afectado. E está a prestar apoio na recolha dos animais e na sua recolocação fora da zona afectada. A juntar às perdas materiais e aos negócios que ruíram, teme-se ainda o efeito negativo das chuvas previstas para os próximos dias. Citado pelo jornal chileno La Tercera, um habitante explicou ter de limpar rapidamente a sua casa antes que “venha a água e transforme tudo em cimento”. Calcula-se que, esta terça-feira, cerca de sete milímetros de água caiam sobre a camada de 50 centímetros de cinzas que cobrem Enseada. Para além da possibilidade de deslocamento imprevisível de material vulcânico devido à chuva, os médicos temem que o efeito da água possa libertar gases nocivos para a saúde, devido à quantidade significativa de enxofre presente nas cinzas. A deslocação da nuvem de cinzas do vulcão para leste obrigou ao cancelamento de vários voos no Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. O Chile viveu nas últimas semanas uma situação inédita de estado de emergência, uma vez que, a somar à erupção do vulcão Calbuco, tem sofrido inundações no Norte e incêndios no Sul. Editado por João Manuel Rocha
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda