Chile antecipa início do resgate dos mineiros para a meia-noite
As autoridades chilenas decidiram antecipar para as oito horas da noite (24h00 horas em Lisboa) o início da operação de resgate dos 33 homens soterrados a 700 metros de profundidade numa mina de ouro e cobre do deserto de Atacama desde 5 de Agosto. (...)

Chile antecipa início do resgate dos mineiros para a meia-noite
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: As autoridades chilenas decidiram antecipar para as oito horas da noite (24h00 horas em Lisboa) o início da operação de resgate dos 33 homens soterrados a 700 metros de profundidade numa mina de ouro e cobre do deserto de Atacama desde 5 de Agosto.
TEXTO: O arranque do salvamento tinha sido inicialmente marcado para a meia-noite, mas depois de testados os equipamentos envolvidos na manobra, foi decidido antecipar o começo em quatro horas. A postos estão os 16 homens directamente envolvidos na operação – membros das forças especiais do exército chileno, médicos socorristas, mineiros e engenheiros. Eles vão trabalhar por turnos de doze horas. Dois deles vão descer até ao refúgio onde se encontram os mineiros, para poder assistir na preparação de cada um deles antes da subida de volta à superfície. A ascensão de cada homem deve demorar cerca de 20 minutos dentro da “Fénix”: a cápsula de quatro metros de altura, 53 centímetros de largura e 460 quilos de peso que rodopiará pelo túnel de 622 metros (e 72 centímetros de diâmetro) escavado em 33 dias. As autoridades estimam que com a preparação para entrar na cápsula o processo possa durar até uma hora. O treino dos mineiros para a viagem envolveu exercício físico e uma dieta líquida para prevenir náuseas e vómitos e assegurar as calorias suficientes para suportar o stress. Os homens vão usar um cinto abdominal que regista os seus sinais vitais, uns óculos de sol para bloquear os raios ultravioleta e tampões para os ouvidos. Uma lista com a ordem pela qual os homens vão ser retirados já terá sido feita, mas não foi divulgada à imprensa. O princípio usado pelas equipas de salvamento foi o seguinte: os homens mais experientes e mais capazes de controlar os nervos vão subir primeiro, porque saberão lidar com qualquer imprevisto durante o transporte. A seguir vão aqueles cuja condição física inspira algum cuidado (os hipertensos e diabéticos, por exemplo). Para o fim ficam os mais fortes. A segurança em redor da mina de San José, em pleno deserto de Atacama foi significativamente reforçada. Uma multidão de familiares, amigos, companheiros de profissão, curiosos, jornalistas e entidades oficiais está plantada junto à gigantesca grua que vai içar a cápsula metálica desenhada para retirar os mineiros, um a um, das profundezas. O Presidente do Chile, Sebastian Pinera, deve chegar ao local ao final da tarde. O seu congénere boliviano, Evo Morales, também pretende estar presente. As montanhas do deserto de Atacama estão a ser patrulhadas por polícia a cavalo e helicópteros. O “campo Esperança”, onde se instalou uma pequena aldeia de tendas, fervilha de actividade. Enquanto as centenas de equipas de televisão se preparam para a transmissão em directo da “hora H” em que o primeiro sobrevivente alcance a superfície, as mulheres e namoradas dos mineiros ensaiam penteados e fatiotas, e os cozinheiros ocupam-se dos petiscos para a grande celebração. Os 33 homens ficaram soterrados quando um muro de sustentação colapsou. Só 17 dias depois do acidente as equipas de busca conseguiram confirmar que todos estavam vivos. Desde então, os mineiros têm sido alimentados através de um ducto de diâmetro semelhante a um cano doméstico. Por esse tubo de ligação ao exterior chegaram cartas, vídeos e presentes. Os 68 dias que os mineiros do Chile já passaram debaixo da terra constituem um recorde absoluto em termos de sobrevivência.
REFERÊNCIAS:
“Que isto não volte a acontecer”, diz Piñera
Na mina de San José tocaram as sirenes, cantou-se o hino nacional do Chile. Emocionado, o Presidente Sebastián Piñera prometeu que o acidente que deixou 33 mineiros soterrados durante mais de dois meses não ficará impune. “Que isto não volte a acontecer”. (...)

“Que isto não volte a acontecer”, diz Piñera
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na mina de San José tocaram as sirenes, cantou-se o hino nacional do Chile. Emocionado, o Presidente Sebastián Piñera prometeu que o acidente que deixou 33 mineiros soterrados durante mais de dois meses não ficará impune. “Que isto não volte a acontecer”.
TEXTO: No acampamento Esperanza a festa prolongou-se pela madrugada. Durante quase 24 horas, o Chile explodiu de alegria 33 vezes, tantas quantas a cápsula Fénix regressou das profundezas com mais um mineiro salvo a bordo. A esperança renascera 17 dias após a derrocada de 5 de Agosto, quando os mineiros conseguiram fazer chegar à superfície a mensagem “Estamos bien en el refugio, los 33”. Agora, já junto das famílias e do Presidente, seguravam uma faixa onde se lia “Están todos bien, en la superficie los 33!”. Cantou-se o hino. E gritou-se, muitas vezes, Chi-chi-chí, le-le-lé, los mineros de Chi-lé!”. Depois das lágrimas e dos abraços, das imagens que correram mundo com o primeiro mineiro, Florencio Ávalos, a sair da cápsula Fénix, e dos 32 mineiros que o seguiram a abraçar as mulheres e os filhos, chegava a hora de compreender o que se passou. “Que isto não volte a acontecer”, disse Sebastián Piñera, referindo-se às más condições de trabalho na mina. “Dizemos desde o primeiro dia. Isto não vai ficar impune, os que tiverem responsabilidade vão ter de assumir as suas responsabilidades, mas o que aconteceu foi também uma grande lição para todos os chilenos e para o nosso Governo: melhorar os nossos sistemas, as nossas atitudes, os nossos procedimentos para salvaguardar a vida, a integridade e a dignidade dos nossos trabalhadores, e não só na área das minas, mas também nas áreas da construção, dos transportes, das pescas. ”A falta de condições de trabalho na mina foi notícia desde o primeiro instante. Pouco após a derrocada chegou a ser referido que, se houvesse uma escadaria junto ao principal túnel de ventilação, os mineiros teriam conseguido escapar. Ontem, o segundo mineiro a ser resgatado, Mario Sepúlveda, falou aos jornalistas sobre isso, alertando para a necessidade de mudanças. Depois de abraçar os mineiros, Piñera anunciou que será construído um monumento de homenagem aos “33 heróis de Atacama”, e prometeu também que serão reformuladas as leis de trabalho na mina “para que não haja mais acontecimentos como este”. “Os que tiverem que pagar, pagarão”, garantiu o Presidente chileno no final de uma noite “que nunca mais será esquecida”. E adiantou, em inglês, para as televisões e os jornais de todo o mundo: “O Chile é agora mais respeitado no mundo inteiro. Não é o mesmo país que tínhamos há 69 dias”. O chefe da equipa de mineiros, Luis Urzúa Iribarren, de 54 anos, foi último mineiro a sair, já perto das 02h00 (22h00 no Chile), e entregou o turno ao Presidente. Há dois meses, a derrocada na mina fez prever o pior. Mas ontem, tudo o que tinha de correr bem correu mesmo muito bem. Mais cedo do que o esperado – chegou a falar-se num resgate pelo Natal -, e em menos horas do que o previsto, os 33 mineiros foram salvos. “Obrigada ao Chile e a todas as pessoas que nos salvaram”, disse Luis Urzúa após sair da cápsula Fénix. “Estou orgulhoso de viver aqui”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mulheres
Judiciária detém no Bombarral capo mafioso em fuga
A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria deteve na quinta-feira na localidade de Carvalhal, Bombarral, um capo siciliano há vários anos em fuga das autoridades do seu país e perseguido pela polícia espanhola desde Dezembro de 2009. Este homem, juntamente com mais seis pessoas - três outros italianos, dois portugueses e uma brasileira -, será responsável por inúmeros crimes de burla qualificada, falsificação de viaturas, branqueamento de capitais e associação criminosa. (...)

Judiciária detém no Bombarral capo mafioso em fuga
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Polícia Judiciária (PJ) de Leiria deteve na quinta-feira na localidade de Carvalhal, Bombarral, um capo siciliano há vários anos em fuga das autoridades do seu país e perseguido pela polícia espanhola desde Dezembro de 2009. Este homem, juntamente com mais seis pessoas - três outros italianos, dois portugueses e uma brasileira -, será responsável por inúmeros crimes de burla qualificada, falsificação de viaturas, branqueamento de capitais e associação criminosa.
TEXTO: A quantificação monetária dos crimes ainda estava ontem a ser feita, mas o valor que já havia sido contabilizado rondava o meio milhão de euros. O italiano em causa, Giovanni Lore, de 45 anos, seria o principal mentor de uma organização que em Portugal se dedicava a clonar empresas já existentes. Aparentando idoneidade e solidez financeira, o grupo negociava, sobretudo, em produtos alimentares, acordando formas de pagamento prolongadas. Depois, revendiam os bens para o estrangeiro, obtendo lucros elevados, mas já não pagavam aos fornecedores originais. A actividade liderada pelo capo já estaria a ser desenvolvida em anos anteriores em Espanha. Em Dezembro de 2009, na zona de Vigo, o principal suspeito, juntamente com os três compatriotas agora detidos pela PJ, terá logrado escapar a uma operação policial de grande dimensão. Os indicadores recolhidos dizem que o italiano, com cerca de 120 quilos de peso, estaria implicado numa rede que traficava armas e droga e que também explorava a prostituição. A capa de Lore, a exemplo do que também acontecia em Portugal, era o negócio dos mariscos congelados. Nos tempos em que esteve na Galiza, terá movimentado, segundo a polícia espanhola, mais de 2, 5 milhões de euros. Em Itália, por sua vez, a "família" liderada por este homem terá igualmente sido alvo de grandes investigações, tendo sido detidas mais de 30 pessoas já acusadas pela prática de inúmeros crimes violentos e organizados. Parceiro portuguêsEm Portugal, os italianos estabeleceram os contactos que lhes permitiram continuar a actividade criminal. O principal parceiro encontrado foi um empresário português, de Torres Vedras, que funcionava não só como receptador dos bens alimentares comprados a empresas reais, como também procedia ao reencaminhamento dos produtos para empresas estrangeiras, nomeadamente espanholas. O grupo agora desmantelado, numa operação que a PJ denominou Máfia do Oeste, ocupava na localidade de Carvalhal uma casa denominada Vivenda do Sossego. Na zona, conforme referiu ontem a agência Lusa, raramente eram vistos de dia e à noite circulavam com frequência de táxi. O taxista da terra, que os levou em diversas ocasiões a Santarém (onde supostamente iam buscar mulheres), diz que era sempre Lore quem se encarregava de efectuar os pagamentos, mas, como os mesmos nem sempre eram feitos de imediato, tem agora a haver cerca de 3. 500 euros. Giovanni Lore é, ao que se sabe, o terceiro elemento com cargos de chefia na máfia italiana localizado em Portugal. O primeiro caso reportado pela PJ ocorreu no início da década de 1990. O chefe de uma família calabresa, que, anos antes, forjara a própria morte num acidente de aviação, vivia com identidade falsa em Cascais, onde dirigia uma empresa de pesca. Foi executado com dois tiros de revólver 38 na cabina telefónica onde semanalmente efectuava contactos com elementos que se lhe mantinham fiéis. Anos mais tarde, seria preso Mário Giovinni, outro chefe de uma família siciliana, tida como das mais violentas. Até ser extraditado, foram abortadas diversas tentativas de fuga das cadeias portuguesas por onde passou.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
EUA: Supremo discute venda de videojogos violentos a menores
No dia em que os Estados Unidos foram às urnas votar para as eleições intercalares, o Supremo Tribunal deu início a uma discussão que promete polémica: a venda de videojogos violentos a menores e a possibilidade, ou não, de estes produtos deixarem de beneficiar da liberdade de expressão consagrada na Primeira Emenda à Constituição dos EUA. (...)

EUA: Supremo discute venda de videojogos violentos a menores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.8
DATA: 2010-11-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: No dia em que os Estados Unidos foram às urnas votar para as eleições intercalares, o Supremo Tribunal deu início a uma discussão que promete polémica: a venda de videojogos violentos a menores e a possibilidade, ou não, de estes produtos deixarem de beneficiar da liberdade de expressão consagrada na Primeira Emenda à Constituição dos EUA.
TEXTO: Tudo começou em 2005, quando o governador da Califórnia e antiga estrela de filmes de acção violentos Arnold Schwarzenegger fez aprovar uma lei estadual que proibia a venda de videojogos violentos a menores. Em teoria, a partir dessa data, qualquer jovem com menos de 18 anos não poderia comprar um jogo que estivesse classificado como violento sem o consentimento dos pais. Quem fosse apanhado a vender material proibido a menores pagaria multas de mil dólares. Nesta lei ficava definido que “videojogos violentos” são todos aqueles que incluem “matar, desfigurar, mutilar ou atacar sexualmente uma imagem de um ser humano” de forma “abertamente ofensiva” e que possam atiçar interesses “desviantes ou mórbidos” e que careçam de “valor literário, artístico, político ou científico”. Acontece que esta lei estadual da Califórnia foi imediatamente criticada pela Entertainment Merchants Association que levou a questão até à Justiça tendo conseguido que todos os tribunais até agora (antes do Supremo) dessem razão aos seus argumentos, incluindo o de que a lei californiana é ambígua e que a noção de violência é muito fluida. Porém, o argumento mais importante invocado por esta associação é que esta lei estaria a violar a Primeira Emenda (First Amendment) à Constituição dos Estados Unidos. A Primeira Emenda proíbe qualquer legislação que, entre outras coisas, infrinja a liberdade de expressão, um valor quase sagrado nos Estados Unidos da América. Porém, o caso continuou na Justiça e cabe agora ao Supremo Tribunal ouvir ambas as partes e decidir se os videojogos violentos poderão ou não ficar de fora da cobertura dada pela Primeira Emenda. Ontem, na primeira sessão que reuniu os nove juízes do Supremo Tribunal, debateram-se algumas questões importantes, nomeadamente se a lei californiana faz uma distinção séria entre os videojogos tendo por base o grau de violência“O que é um videojogo violento desviante?”, questionou o juiz Antonin Scalia, aquele que se mostrou mais contra a lei californiana, citado pelo “The New York Times”. “Por oposição a quê? A um videojogo violento ‘normal’? Algumas histórias dos irmãos Grimm também são violentas. Também as vão banir?”, questionou o juiz. Já o juiz Stephen G. Breyer tomou o partido contrário – indica ainda o NYT –, argumentando que o senso comum deveria dar ao Governo a capacidade de ajudar os pais a protegerem as crianças de jogos que incluam imagens “gratuitas, dolorosas e agonizantes” de “violência e tortura sobre crianças e mulheres”. A maioria dos juízes, porém, parece ter concordado – ainda segundo o jornal nova-iorquino – que uma decisão a favor da lei californiana implicaria alterações à Primeira Emenda e que, basicamente, o supremo a irá descartar. Em Abril último, no caso Estados Unidos da América v. Stevens, o tribunal descartou uma lei federal que transformaria em crime a venda de vídeos de lutas de cães ou imagens semelhantes de crueldade para com os animais por oito votos contra apenas um. O tribunal alegou não estar preparado para criar uma nova categoria de expressão fora daquilo que está estipulado na Primeira Emenda. Os videojogos estão a tornar-se cada vez mais violentos. Alguns analistas consideram que isto tem a ver com a subida da idade média do comprador de videojogos, que actualmente se situa nos 40 anos. Ou seja, a indústria estará a adaptar-se aos seus consumidores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei violência tribunal mulheres cães
Birmânia vota 20 anos depois para dar à junta militar um verniz civil
Ninguém tem dúvidas de que os generais continuarão a dominar o país com mão-de-ferro. Mas alguns jovens estão a abrir novas portas para encontrar o seu caminho. (...)

Birmânia vota 20 anos depois para dar à junta militar um verniz civil
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.05
DATA: 2010-11-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ninguém tem dúvidas de que os generais continuarão a dominar o país com mão-de-ferro. Mas alguns jovens estão a abrir novas portas para encontrar o seu caminho.
TEXTO: Uma artista quis fazer pássaros de papel de jornal porque diz que as vozes do povo não são ouvidas nos media do seu país. Uma banda de raparigas chamada "Tiger Girls" canta "Pára de falar e dança" e "Usa a anca e não a boca" para denunciar a falta de liberdade de expressão. Um rapper faz rimas como "vou pôr a Birmânia no mapa com uma miúda no meu colo". Quem tem menos de 38 anos, nunca votou em eleições legislativas. Hoje poderá fazê-lo. E se a certeza antecipada dos resultados pode gerar alguma apatia, muitos jovens que têm tentado lutar por mais abertura encontram aqui, apesar de tudo, um momento para se falar de política. As palavras são de um dos elementos da "Tiger Girls", Htike Htike, também conhecida como "Electro": "Ainda estamos à procura do nosso caminho. . . Alguns fãs não percebem a estrada que tomámos", disse à Reuters. Outros sabem que ela traz riscos. Não é contestação aberta, pura e dura. Mas a mensagem está lá para quem estiver atento, mais ou menos escondida, já que é sempre preciso contar com o comité de censura. Por exemplo, a canção "Água, Electricidade, Por Favor Voltem", do artista de hip hop Thxa Soe, foi proibida por expor as falhas do país, onde um terço da população vive abaixo do limiar da pobreza. A revista "Time" escrevia recentemente que há muitos jovens que aprenderam a respeitar a autoridade ao mesmo tempo que a subvertem. Que estão a encontrar novas formas para se exprimirem e, pelo caminho, de alterar a sociedade birmanesa. Não é de mudança que se fala quando se fala das eleições de hoje. A junta militar - que se manteve no poder mesmo depois da vitória esmagadora da oposição liderada por Aung San Suu Kyi há 20 anos - não dá sinais de brechas. O general Than Swe, de 77 anos, tem mantido o secretismo sobre o seu próprio futuro depois da eleição, que publicitou como uma transição democrática para um regime civil. As eleições vão escolher os representantes das duas câmaras do parlamento e de 14 assembleias regionais. Os deputados elegerão dois vice-presidentes e o Presidente, posto que foi criado com a Constituição de 2008. E este escolherá ministros e o procurador-geral, sem que o Parlamento o possa refutar, a não ser que escapem aos "critérios de qualificação". Os planos para o futuro do generalíssimo têm ficado em segredo, mas especula-se bastante que este "Governo civil" será liderado por ele. "Não acho que ele vá partir", comentou à AFP Aung Zaw, director da revista "Irrawaddy", publicada na Tailândia por birmaneses no exílio. "Vai ficar no poder tanto quanto possível", e vai entregar as chaves do Exército "a alguém da sua confiança, bem mais fraco que ele". A agência reforça que estas eleições, que foram descritas como uma farsa por vários países ocidentais, tentam imprimir um "verniz civil" à junta. Mas "o país dirige-se para a perpetuação de um regime de burocratas, economistas, ideólogos e políticos saídos do poder militar, ou fortemente influenciados e dependentes dele", afirma o investigador Renaud Egreteau. O Exército nunca disse que pretende retirar-se da política. E um quarto dos assentos do Parlamento fica sob a sua escolha directa. O resto será ocupado por militares na reforma ou por partidos pró-junta, como o Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (PSDU, que diz ter 18 milhões de membros, quando há 28 registados para votar) e o Partido da Unidade Nacional (PUN). Ambos são formados principalmente por ex-membros do Exército e da elite económica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave pobreza
Cavaco oferece decantador a Obama, presidente dos EUA retribui com cópia de tratado de 1840
O Presidente da República, Cavaco Silva, vai oferecer ao chefe de Estado norte-americano um decantador em cristal desenhado por Siza Vieira, enquanto Barack Obama irá dar ao seu homólogo uma cópia do primeiro tratado firmado entre Portugal e os EUA, em 1840. (...)

Cavaco oferece decantador a Obama, presidente dos EUA retribui com cópia de tratado de 1840
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-11-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Presidente da República, Cavaco Silva, vai oferecer ao chefe de Estado norte-americano um decantador em cristal desenhado por Siza Vieira, enquanto Barack Obama irá dar ao seu homólogo uma cópia do primeiro tratado firmado entre Portugal e os EUA, em 1840.
TEXTO: Na habitual troca de presentes que irá ocorrer por ocasião da visita de trabalho que o Presidente norte-americano realiza na sexta-feira a Lisboa, antes do início da Cimeira da NATO, o chefe de Estado português irá dar a Barack Obama um decantador em cristal desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira. Juntamente com o decantador serão também oferecidos ao Presidente norte-americano cálices oficiais de Vinho do Porto igualmente concebidos por Siza Vieira, juntamente com uma garrafa de Porto Vintage “Quinta do Noval” de 2008, ano em que Obama foi eleito. Barack Obama receberá ainda uma pequena escultura em bronze representando o cão de água português – um cão desta raça foi oferecido às filhas Malia e Sasha - , da autoria do escultor Luís Valadares, e que integra uma colecção lançada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Por seu lado, Obama irá oferecer ao seu homólogo português uma cópia emoldurada do primeiro tratado firmado entre os Estados Unidos e Portugal, o Tratado de Comércio e Navegação, assinado em 26 de Agosto de 1840. O acordo, que estabelecia os termos em que decorriam as trocas comerciais, baseado nos princípios da liberdade de comércio e de reciprocidade, bem como da livre navegação entre os dois países, foi negociado por parte de Portugal e em nome da Rainha D. Maria II, pelo diplomata, escritor e dramaturgo Almeida Garrett. O tratado, cujo original está depositado nos Arquivos Nacionais dos EUA, foi assinado em Washington, do lado norte-americano, pelo Secretário de Estado Daniel Webster, e, do lado português, pelo Embaixador de Portugal em Washington, Conselheiro Joaquim César de Figanière e Morão. A troca de presentes entre Cavaco Silva e Barack Obama não será feita presencialmente entre os dois presidentes, durante o seu encontro no Palácio de Belém, ao final da manhã de sexta-feira, mas serão entregues por via protocolar.
REFERÊNCIAS:
O bairro mais trendy de Portugal faz anos hoje
Faz hoje 497 anos que nasceu aquilo que hoje é o Bairro Alto, em Lisboa. A associação de comerciantes propôs assinalar a data e organizou, com as juntas de freguesia e a câmara municipal, um inédito programa de aniversário. (...)

O bairro mais trendy de Portugal faz anos hoje
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.55
DATA: 2010-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Faz hoje 497 anos que nasceu aquilo que hoje é o Bairro Alto, em Lisboa. A associação de comerciantes propôs assinalar a data e organizou, com as juntas de freguesia e a câmara municipal, um inédito programa de aniversário.
TEXTO: Há razões para isso? O Bairro Alto é um somatório de "acontecimentos curiosos e histórias interessantes, que merecem ser lembrados", diz José Sarmento de Matos, investigador e divulgador da história de Lisboa. "É evidente que é um bairro com problemas, como em todo o lado", acrescenta, mas esses devem ser a preocupação para o futuro, defende a presidente da Junta da Encarnação, Alexandra Figueira, eleita pelo PS. A autarca tem os problemas do Bairro Alto na ponta da língua, mas refere que a iniciativa de hoje destina-se a "salientar o aspecto cultural do Bairro Alto, que não se resume aos bares, às festas, à moda". E que problemas são esses? Tem casas vazias e a necessitar de obras, tem ruas barulhentas à noite e sujas de manhã, tem "dificuldade em fixar uma população sempre flutuante", salienta Alexandra Figueira. Lotes pagos com galinhasNisso, o actual Bairro Alto tem algo em comum com a Vila Nova de Andrade, o bairro que ali começou a ser concebido a 15 de Dezembro de 1513, dia em que uma família rica de origem galega, os Andrade, obtiveram autorização para um loteamento privado junto à muralha de Lisboa. Seria o primeiro bairro feito do lado de fora da muralha e rapidamente se tornou o primeiro "bairro integrado", assinala Sarmento de Matos, referindo-se à diversidade social que ali se fixou, num tempo em que Lisboa fervilhava. A aristocracia, o clero, mas também o povo, com os seus marinheiros e outros trabalhadores, aproveitaram a oferta de casas, que era escassa numa cidade cuja população duplicaria num ápice. um lote de terreno na primeira rua aberta no bairro, a Rua do Norte, é vendido por "800 réis mais quatro ga- linhas", garante Dejanirah Couto, no livro História de Lisboa (Gótica, 2008, 11. ª edição)Quase cinco séculos depois, o que lá se vê é o bairro mais trendy (na moda) de Portugal. A ser assim, a fasquia está elevada. E sabe-se que o Bairro Alto gosta é de altos e baixos, que foi por onde andou de facto, muitos anos, com o rótulo de zona "de má fama", conta Sarmento de Matos. "Nem toda a gente ia lá. Havia prostituição, era uma zona insegura", acrescenta. Hoje, o Bairro Alto "não é inseguro, é desordenado", garante Alexandra Figueira. "Precisa de cumprir ser orde- nado, de cumprir as regras de trânsito, de licenciamento comercial e residencial e algum acompanhamento policial. Mas precisa sobretudo de ter ocupantes sensibilizados para a cultura, e por isso aderimos de imediato a este programa de aniversário", acrescenta a autarca do PS, que admite, porém, haver feridas que precisam de ser tratadas. "Se nada for feito no combate aos problemas, voltaremos a ter um Bairro Alto com má fama", adverte. Defende que a sobrevivência passa por manter as casas de fado, os "bons restaurantes", as "lojas alternativas", as galerias, e arranjar mais moradores. Bom para fugir à pesteAs décadas de 1970 e 1980 foram tempos de reviravolta. Dois projectos de Manuel Reis, a abertura do Frágil e da loja da Atalaia foram decisivos para mudar o ambiente psicológico do Bairro Alto, salienta Sarmento de Matos. A imagem volta a ser positiva, como no início, quando a zona era desejada por ter "bom ar", o que ajudava os moradores a fugirem à peste. Noutros tempos doentios, os da censura do Estado Novo, tornou-se num bairro de jornais, que ali se instalaram em catadupa. Os jornais foram saindo ou morreram. O Bairro Alto sobrevive, nos dias bons em clima de festa.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS
Reportagem: "É um terror, nem sei dizer. Metade do morro desabou"
"... não tinha luz, não tinha água....""... a estrada sumiu..." ".... eles morreram..."Autocarro Rio de Janeiro-Teresópolis, ontem de manhã. Silêncio, e gente ao telefone, a saber da gente. Silêncio e uma mulher a soluçar. (...)

Reportagem: "É um terror, nem sei dizer. Metade do morro desabou"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.20
DATA: 2011-01-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: "... não tinha luz, não tinha água....""... a estrada sumiu..." ".... eles morreram..."Autocarro Rio de Janeiro-Teresópolis, ontem de manhã. Silêncio, e gente ao telefone, a saber da gente. Silêncio e uma mulher a soluçar.
TEXTO: Avançamos para norte e depois para nordeste. Teresópolis fica entre Petrópolis e Nova Friburgo, a meio da região serrana que de terça para quarta-feira foi devastada pelas chuvas. A grande subida começa uma hora depois da partida. É a formidável Serra dos Órgãos, com morros que metem medo, de tão altos e nus. Cá em baixo a vegetação é luxuriante. Hortênsias azuis vizinhas de bananeiras. Atlântico tropical. Mas que estamos bem na serra vê-se pelos anúncios de queijos. É paisagem de veraneio e férias. Muitos cariocas têm aqui casa, ou alugam pousadas. Há chalés, mansões, campos de cavalos. Mas também há encostas favelizadas, com barracos de tijolo. Ricos e pobres. O autocarro contorna as curvas devagar, o abismo cresce, primeiros sinais de encostas caídas, uma ambulância de resgate. Mais um inquietante horizonte de morros. "Grota do Inferno" anuncia uma placa. O céu está cai-não-cai, cinza, chumbo. Subimos e subimos. Aparece o pico conhecido como Dedo de Deus, uma rocha em forma de dedo gigante, célebre entre alpinistas. À esquerda uma cachoeira transbordante e o autocarro entra em Teresópolis. Nenhum vestígio de destruição na cidade. Mas vestígios da calamidade, sim: raparigas com faixas a pedir comida e roupa, engarrafamentos com carros que vieram trazer ajuda, jipes da Defesa Civil e carros de Bombeiros. Na prefeitura, Sílvia e Mara actualizam o número de vítimas só em Teresópolis: 158 mortos [que ao começo da noite já serão 208], 1300 desalojados, 1200 desabrigados. "Desalojados são os que ficaram sem casa, mas estão a ficar com parentes. Desabrigados são os que não tinham para onde ir. "Estão no polidesportivo Pedrão, a duas ruas daqui. Carros e carrinhas a descarregarem sacos e caixas. "Roupa! Roupa! Roupa!" Os sacos passam de mão em mão. Em horas, a sociedade civil carioca mobilizou-se. E passando a entrada é difícil não ter um choque. Porque lá dentro é um gigantesco acampamento, com velhos e crianças enrolados em mantas. Toda a pista está coberta por colchões, gente e trouxas enroladas. E as bancadas a toda a volta repletas de sacos. Por exemplo Robson, este mulatão de tronco nu, ao lado de uma menina. Está aqui com dez pessoas da família, e cinco são crianças. "A terra caiu e derrubou tudo, casa, carro, não sobrou nada", conta. Foi a meio da noite, de terça para quarta, quando uma tromba de água rebentou sobre os morros. "Eram três da manhã, estávamos em casa a dormir. Quando caiu a primeira terra, a gente conseguiu fugir. Escutámos na hora em que a água bateu. Começou a cair árvore, tudo começou a fazer barulho. "Mas Robson fala sereníssimo. "Não precisamos de nada. Tem água, tem comida, tem roupa. Está tudo bem. " Só falta a mãe. "Ficou isolada, num lugar onde agora ninguém entra nem sai, no bairro de Caleme. "Caleme é uma freguesia metida no mato, junto ao morro. Para lá chegar faz falta um táxi que não se incomode com a lama e sobretudo a ajuda preciosa de Jorge Maravilha, um camaraman da prefeitura que chama a toda a gente Maravilha e toma a peito a missão de fazer chegar o PÚBLICO lá ao fundo. O taxista avança entre encostas de barracos que dão lugar a sebes luxuosas, até que à nossa frente aparece um morro com uma grande lasca de terra arrancada. Uma das que desabou, engolindo casas, carros, postes e estradas. "Nossa Senhora, vai ter de desabitar tudo aquilo!", exclama Maravilha e, apontando as casas na encosta. "Vamos torcer para que não chova mais. " Mas já está a chover. "Ontem filmei cadáveres em cima de árvore como bola de Natal. " O taxista reforça: "Sou da terra e nunca vi nada assim. "A pé na enxurradaPassamos um clube de golfe e um clube hípico, contornando uma escavadora coberta de lama. Tufos de hortênsias, lá em cima helicópteros. Uma placa anunciando Condomínio Roseiral. Casas luxuosas. "Superluxuosas", emenda Maravilha. "Cinematográficas. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda medo
Reportagem: as águas de Janeiro levaram as Águas de Março
Caem pedras do céu, na subida para Petrópolis. Pedras de gelo, granizo, uma saraivada. Lá em baixo, para quem vem do Rio de Janeiro, o tempo parecia azul. Foi fechando à medida que o autocarro subiu a Serra Verde Imperial, assim chamada porque era o caminho para o retiro de D. Pedro II. O próprio nome da cidade vem do imperador: Petrópolis era a sua residência de Verão. (...)

Reportagem: as águas de Janeiro levaram as Águas de Março
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Caem pedras do céu, na subida para Petrópolis. Pedras de gelo, granizo, uma saraivada. Lá em baixo, para quem vem do Rio de Janeiro, o tempo parecia azul. Foi fechando à medida que o autocarro subiu a Serra Verde Imperial, assim chamada porque era o caminho para o retiro de D. Pedro II. O próprio nome da cidade vem do imperador: Petrópolis era a sua residência de Verão.
TEXTO: Sempre que a neblina levanta um pouco, aparece o abismo, cada vez mais alto. O motorista abranda, mal se vê o caminho, tanta é a chuva. Está quase tão escuro como ao anoitecer e as pedras continuam a fustigar o tecto do autocarro. Uma semana depois da catástrofe, a natureza pisca os olhos, e de novo tudo pode mudar a qualquer momento. Mas, no cimo, o céu desanuvia subitamente. Foi como sair de um túnel. O autocarro passa ao largo de Petrópolis e continua pela BR040, a estrada nacional. Ao quilómetro 50, aparece uma favela entalada entre o morro e o rio. Milagre é como a enxurrada não varreu casas como estas. O destino do autocarro é Três Rios. O PÚBLICO sai meia hora antes, junto à Lanchonete Nova Brasília, onde Vinicius de Moraes marcou encontro. Não há nisto nenhuma fabricação. A repórter ainda nem sabe que este Vinicius se chama Moraes, e que Tom Jobim quis conhecê-lo em criança por causa disso. Só sabe que a paisagem de São José do Vale do Rio Preto foi devastada, incluindo a casa onde Jobim compunha. Vinicius, que trabalha para a prefeitura vizinha, Areal, ofereceu-se para acompanhar o PÚBLICO lá. Chega com um carrinho da Secretaria de Educação, enlameado de levar ajuda aos desabrigados. Ao volante vem Sidney, um afectuoso negrão que parece andar pelos 20 mas já passou os 40, e é pai de cinco filhos. No banco de trás, há um saco com roupa de cama, e no porta-bagagens roupa de vestir e alimentos. Sidney precisava de levar tudo isto a uma fazenda de São José, e Vinicius pediu-lhe uma boleia. Vamos subir o Rio Negro, ver o quer aconteceu ao longo das margens, e depois tentar achar o sítio de Tom Jobim. E é agora que Vinicius, 32 anos, se revela Moraes, e conta: "O Tom Jobim soube que em Areal tinha um menino chamado Vinicius de Moraes e queria conhecer-me. O gerente do banco de São José era muito amigo da minha mãe e foi assim que ele ficou sabendo de mim. Mas o encontro nunca chegou a acontecer. "Jobim não chegou a Vinicius, mas Vinicius vai tentar chegar agora a Jobim. O rio varreuSão 35 quilómetros a partir daqui, subindo o Rio Preto, com a água sempre do nosso lado esquerdo. E o que se vê é destruição contínua: água cor-de-barro, árvores caídas, pontes que desapareceram, casas abaladas ou derrubadas completamente invadidas pela lama, carros atolados. Aqui não foram os morros a deslizar, sepultando casas e gente. Foi a subida do rio. Varreu as margens, deixando montanhas de lama. Até agora, foram encontrados seis corpos, pequeníssima parte do total na região serrana. Mas a devastação é assombrosa. Por toda a parte, há anúncios de donativos em igrejas e escolas. O trânsito é lento, debaixo de uma chuvinha. Lá na frente há um camião de água, a abastecer casa por casa. As canalizações ficaram rebentadas, e um dos problemas mais graves é a água potável. Casa a casa, sofás, colchões e bocados de móveis estão atulhados cá fora, cor-de-terra. A enxurrada revirou o interior, cuspiu para fora. Homens de tronco nu e galochas andam de enxada, cavando. Todas as mulheres parecem ter uma vassoura, um esfregão. Tarefa de Sísifo, porque a lama parece invencível. E depois há as pessoas que vagueiam, ou estão sentadas nos destroços. Uma semana depois da catástrofe, é como se tivesse sido esta noite. "Rapaz! Isso tudo eram casas aqui! Não tem nada!", exclama Sidney, apontando a margem onde só se vê terra com pedaços de entulho. À entrada, a cidade de São José parece uma daquelas vilas da Beira nos anos 70, mas depois de uma bomba de lama. Várias pontes destruídas dificultam a ligação entre as duas margens habitadas. "Aquela ponte era de ferro!", aponta Sidney. Há muita gente de máscara cirúrgica na cara. O cheiro é nauseabundo, mistura de esgoto com rações de animais.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens educação ajuda negro criança mulheres alimentos
Metade das crianças portuguesas têm carência de iodo
A sabedoria popular aponta as idas à praia como uma solução mágica para não existirem carências de iodo, mas a realidade não é bem assim. Um estudo que será apresentado hoje no âmbito do Congresso Português de Endocrinologia mostra que há muito a fazer neste campo: quase metade das crianças portuguesas em idade escolar têm carência de iodo, sendo que 35,1 por cento têm um aporte de iodo ligeiramente insuficiente, 11,8 moderadamente insuficiente e 2,2 uma carência grave – valores que potenciam possíveis problemas na tiróide, que se podem traduzir, por exemplo, em défices cognitivos e de crescimento e, nos casos mais graves, em doenças como o bócio. (...)

Metade das crianças portuguesas têm carência de iodo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2011-01-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: A sabedoria popular aponta as idas à praia como uma solução mágica para não existirem carências de iodo, mas a realidade não é bem assim. Um estudo que será apresentado hoje no âmbito do Congresso Português de Endocrinologia mostra que há muito a fazer neste campo: quase metade das crianças portuguesas em idade escolar têm carência de iodo, sendo que 35,1 por cento têm um aporte de iodo ligeiramente insuficiente, 11,8 moderadamente insuficiente e 2,2 uma carência grave – valores que potenciam possíveis problemas na tiróide, que se podem traduzir, por exemplo, em défices cognitivos e de crescimento e, nos casos mais graves, em doenças como o bócio.
TEXTO: O estudo Aporte do Iodo em Portugal, desenvolvido pelo Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, com o apoio da farmacêutica Merck Serono, e a que o PÚBLICO teve acesso, partiu da avaliação de 3990 crianças entre os seis e os 12 anos de 78 escolas do continente e de 40 escolas da Madeira e detectou diferenças entre as várias regiões. Por exemplo, a carência na Madeira é muito superior à média nacional, situando-se nos 68 por cento. Um dado que surpreendeu os investigadores, já que nas zonas de mais fácil acesso a uma alimentação rica em peixe este problema não costuma aparecer, apesar de ser cada vez mais comum nos países europeus. Já no continente, Aveiro e Coimbra foram as zonas com mais problemas, com 70 por cento das crianças analisadas com carências deste micronutriente, seguidos por Bragança (60 por cento) e Porto (54, 5 por cento). Com menos problemas neste campo, destaca-se Leiria e Vila Real onde não foram detectados casos de carência e Portalegre (25 por cento) e Lisboa (26, 3). “Em Portugal não tínhamos dados actuais. Os únicos que existiam eram da década de 80 quando Castelo Branco lidava com bócio endémico e fez profilaxia para a doença”, esclareceu ao PÚBLICO Edward Limbert, coordenador do estudo. O especialista explicou, ainda, que este estudo segue-se a um que foi desenvolvido em grávidas e que encontrou os mesmos problemas, sendo que no período da gravidez e aleitamento e mesmo antes de a mulher engravidar é essencial “reforçar os stocks de iodo”, nomeadamente através de um suplemento como se faz com o ácido fólico, para evitar problemas graves no desenvolvimento do feto. Peixe, marisco e algasEdward Limbert lembrou que as doenças da tiróide como o hipotiroidismo estão directamente relacionadas com a falta de iodo e que, apesar de serem facilmente detectáveis através de uma análise de urina, são silenciosas. Segundo o especialista, o iodo é fundamental para a produção da hormona tiroideia e está presente nos alimentos que vêm do mar, como peixe, marisco ou algas. “O leite também tem algum teor de iodo, em virtude da alimentação das vacas e a verdade é que nas escolas onde era dado leite às crianças encontrámos valores mais positivos”, salientou Limbert. Sobre as idas à praia, precisou que “a absorção é demasiado baixa para ser suficiente” e sobre o peixe de viveiro recordou que “não serve”. No que diz respeito à solução para este problema, o médico assegurou que na maioria dos casos a carência pode ser revertida sem se recorrer a suplementos e que bastaria garantir que o sal vendido no supermercado ou utilizado nos restaurantes e cantinas fosse iodado, isto é, enriquecido com iodo. Desta forma, sem ser feito um consumo exagerado de sal conseguiríamos ir buscar este nutriente. Questionado sobre se a falta de iodo, ao fazer a tiróide funcionar de forma mais lenta, pode aumentar os casos de obesidade infantil, o investigador admite que são necessários mais estudos, mas sublinha que “o hipotiroidismo leva a resistências à insulina e a uma tendência para a obesidade”. Limbert adiantou, também, que a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo está a trabalhar com a Direcção-Geral da Saúde no sentido de se avançar para medidas como as tomadas em Itália, Dinamarca ou Espanha, onde as mulheres que queiram engravidar ou que estão grávidas tomam um suplemento de iodo, ao mesmo tempo que se procede à iodização do sal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo mulher consumo doença estudo mulheres alimentos infantil