Numa fase difícil para a Tesla, Musk troca acusações com técnico acusado de sabotagem
A empresa está a processar um trabalhador por roubar informação confidencial e mentir aos media. O acusado diz que apenas queria que a verdade se tornasse pública. (...)

Numa fase difícil para a Tesla, Musk troca acusações com técnico acusado de sabotagem
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.5
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A empresa está a processar um trabalhador por roubar informação confidencial e mentir aos media. O acusado diz que apenas queria que a verdade se tornasse pública.
TEXTO: A Tesla está a processar um antigo funcionário da empresa, por este ter alegadamente engendrado um esquema para roubar informação e ter mentido à imprensa sobre os carros fabricados. Para o presidente da empresa, Elon Musk, o trabalhador trata-se de “um ser humano horrível”. O ponto de vista do acusado, o norte-americano Martin Tripp, 40 anos, é diferente: estava apenas a alertar as pessoas sobre as verdadeiras intenções da gigante tecnológica. Tem sido um mês complicado para o fundador da Tesla, que anunciou recentemente o despedimento de 9% dos trabalhadores e o encerramento de pelo menos 12 fábricas de painéis solares. Apesar da fama de Musk como o empreendedor que quer levar a humanidade para fora da Terra e que pôs um carro a caminho de Marte (com a sua outra empresa, a SpaceX), a Tesla ainda não conseguiu um único ano com resultados positivos desde que foi fundada, em 2003, e tem estado sob críticas e pressão dos investidores. De acordo com a queixa apresentada pela Tesla, Tripp utilizou programas de computador para transferir “vários gigabytes” de dados – que incluíam fotografias confidenciais, esquemas, e pelo menos um vídeo – para destinatários desconhecidos. “O software estava instalado em três computadores diferentes, de outros indivíduos na Tesla, para que os dados continuassem a ser exportados mesmo depois de [Tripp] sair da empresa, e para que os indivíduos fossem falsamente acusados”, lê-se no documento, que nota que o antigo trabalhador “deu informação falsa” aos meios de comunicação sobre a quantidade de “lixo” resultante da fabricação dos novos modelos de carros da empresa. “É obsceno”, diz Martin Tripp, numa conversa com o jornal The Guardian, uma de muitas desde que foi despedido e acusado de sabotagem. “Estou a ser utilizado como um bode expiatório porque dei informação que é verdade. ” Em declarações à CNN, não nega ter recolhido dados da Tesla, mas diz que era “uma fonte de informação” e que as descobertas eram tão preocupantes que tinha de falar com a imprensa. Estas incluem dizer que a Tesla estava a inflacionar o número de vendas, a produzir muito mais lixo do que aquilo que dizia, e a utilizar baterias danificadas nos novos modelos. A informação ainda não foi confirmada nem desmentida pela Tesla, mas a empresa descreve as denúncias como “exageradas” e diz que Tripp estava frustrado por não conseguir ser promovido na Gigafactory, a fábrica da empresa no Nevada, EUA, onde estava empregado desde Outubro de 2017. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Numa conversa de email tornada pública, Tripp critica Musk pelas “mentiras que diz aos investidores” e avisa que o empresário “vai ter aquilo que merece” (algo que Musk interpretou como uma ameaça). O fundador retalia ao dizer que Tripp é “um ser humano horrível” e que “é normal que empresas com milhares de milhões de dólares investidos em produtos tenham milhões de dólares em lixo. ”Em declarações ao Guardian, Musk admite que foi “provavelmente insensato ter respondido” a Tripp. Numa publicação do Twitter, porém, realça que “as acções de algumas ovelhas negras não vão impedir a Tesla de alcançar os seus objectivos. ”"O lucro não é o que nos motiva. O que nos motiva é a nossa missão de acelerar a transição do mundo para a energia limpa e sustentável, contudo nunca completaremos essa missão se não demonstrarmos que podemos ter lucros sustentáveis", defende Musk, noutro texto divulgado no Twitter.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Nós e Roger Waters, aqui e agora
O alinhamento foi composto na sua maioria por canções dos Pink Floyd da década de 1970, mas, no óptimo concerto que o seu antigo baixista deu domingo na Altice Arena (haverá um segundo esta segunda-feira), elas serviram para agir no presente. "Fuck the pigs!", exortou. (...)

Nós e Roger Waters, aqui e agora
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O alinhamento foi composto na sua maioria por canções dos Pink Floyd da década de 1970, mas, no óptimo concerto que o seu antigo baixista deu domingo na Altice Arena (haverá um segundo esta segunda-feira), elas serviram para agir no presente. "Fuck the pigs!", exortou.
TEXTO: Foi logo no final da primeira canção que Roger Waters, 74 anos que o corpo seco e a altura imponente não denuncia, caminhou até a um dos extremos do palco. Acenou ao público e ergueu o punho em sinal de união, de comunhão, de vitória. Acabávamos de ouvir Breathe, em interpretação imaculada no seu onirismo e melancolia, pela extraordinária banda que acompanha Waters. Ouvimos nela os versos que servem de mote àquilo que leva o antigo baixista dos Pink Floyd a querer continuar em palco, a querer continuar a tocar a música que criou ao longo das últimas cinco décadas. Aquilo que o leva a erguer o punho, no início, a bater com a mão no peito, no final, agradecendo emocionado ao público que lotou a Altice Arena este domingo, no primeiro dos dois concertos portugueses da digressão Us + Them. Lisboa, Altice ArenaDomingo, 20 de MaioLotação esgotadaOs tais versos, então. Dizem assim: “Run, rabbit, run / dig that hole, forget the sun / And when at last the work is done / Don’t sit down, it’s time to dig another one” – presos na máquina, continuamos, dia após dia, prisioneiros de algo que nos ultrapassa. A música aponta uma fuga e Roger Waters, 74 anos, acredita que a música pode acordar-nos, despertar-nos. Quando tudo terminou duas horas e meia depois, às 0h10, os confetti que caíram sobre a multidão tinham uma palavra inscrita: “Resist” – sim, é por acreditar que a música pode ser isso, resistência, que Roger Waters continua. Ao longo do concerto, o passado fez-se presente e entre Dogs e Pigs (three different ones), as canções que abriram a segunda parte do concerto, ambas incluídas originalmente em Animals, álbum de 1977, viu-se o presidente americano travestido de meretriz, em corpo de porco, com capuz do Ku-Klux-Klan, como bebé irritadiço, como figura de intervenção pop art satírica. Enquanto aquele boogie rock, cow-bell incluído, fazia o seu caminho, levitava por cima de nós esse clássico Floydiano que é o gigantesco porco insuflável – no dorso, a frase “mantém-te humano”, escrita em português e em inglês. O concerto de Roger Waters foi um concerto que aliou o impacto directo de uma banda em palco com a ambição cénica que desde muito cedo norteou a criatividade do músico. Enquanto o porco insuflável levitava sobre o público, já tinha descido alguns metros acima dele uma estrutura replicando a fábrica da capa de Animals, em cuja fachada foram, a partir de então, projectadas imagens da banda, as imagens de Trump, imagens de cenários de guerra, palavras de ordem incitando à acção. Exemplar, neste concerto, foi a forma como se conjugaram as duas vertentes, harmonizando-se sem que uma subjugasse a outra. Sentimo-lo desde o início. A esmagadora maioria do concerto compôs-se de clássicos dos Pink Floyd, mas ouvi-los e, principalmente, ouvi-los interpretados daquela forma, com intenção, bom gosto e uma fidelidade aos originais que não diminuía o seu impacto, não foi apenas homenagem a uma obra fulcral na história da música popular urbana. Aqui voltamos ao início do texto, ao Roger Waters de punho erguido, ou ao Roger Waters que cantou Welcome to the machine, a canção distópica de Wish You Were Here, com esgar dramático, ameaçador, adequadíssimo àquele pedaço rock cyborg apocalíptico que soa ainda mais profético em 2018. É tudo uma questão de contexto: e estas canções, escolhidas para dar corpo ao tema da digressão – a necessidade de união, empatia entre todos e reacção perante a barbárie da guerra, da finança, dos crimes de Estado, da xenofobia —, cresceram imponentes perante nós (mesmo se, por vezes, de forma paradoxal, Waters parece agir como líder a comandar as massas num comício, o que é contraditório com a ideia de liberdade de pensamento e liberdade individual que conduz o concerto). Roger Waters alternou entre os momentos em que agarrou o baixo e aqueles em que, de microfone na mão, percorria o palco cantando, mimando o que o guitarrista Jonathan Wilson cantava (coube-lhe as partes originalmente cantadas por David Gilmour) ou incitando o público a reagir. O líder foi acompanhado por uma banda onde se destacava o baterista Joey Waronker, de um virtuosismo justo para as canções, nunca exibicionista, o guitarrista Dave Kilminster, fidelíssimo à escola Gilmour, ou o coro formado por Holly Laessig e Jess Wolfe, membros da banda americana Lucious e que, entre o dueto em The great gig in the sky ou os momentos em que pegaram em baquetas e, com dois timbalões de chão, acentuaram o tom marcial de um par de canções, nunca foram personagens secundárias em palco. Com este Roger Waters determinado e uma banda hábil e entusiasta, o concerto fez sobressair o melhor que tem esta música. Dividido em duas partes, com um intervalo de vinte minutos a separá-las, o concerto de foi uma extraordinária prova de vida. Ouvimos o space-rock tumultuoso de One of these days, guiado por aquela titânica linha de baixo, ouvimos a cristalina Time e The last refugee, uma das canções do recente álbum de originais de Waters, Is This The Life We Really Want? (2017), e vimos os jovens do Centro Social Comunitário da Flamenga, em Lisboa, acompanharem Another brick in the Wall. Primeiro de cabeça tapada por capuz e vestindo fatos laranja de prisioneiros, depois de rosto destapado, dançando livres nas t-shirts negras onde se lia a palavra-chave: “Resist”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No início da segunda parte do concerto, a banda, onde se inclui também, por exemplo, Bo Koster, teclista dos My Morning Jacket, reuniu-se em volta de uma mesa onde eram servidas flutes de champanhe. Vestiam máscaras de porcos com várias expressões, suínos demasiado humanos como no Triunfo dos Porcos de Orwell. Grunhiam e brindavam e um deles (Waters) ergueu um cartaz – “Pigs rule the world”. Acto contínuo, libertou-se da máscara e, rosto humano encarando-nos de frente, ergueu outra palavra de ordem: “Fuck the pigs!”. O mote sugerido desde início concretizava-se. Do diagnóstico ao combate. Viriam então depois as longas suites de Dogs e Pigs (three different ones), chegaria a intemporal Money e a obrigatória Us and them. The lunatic is on the grass, frase inicial de Brain damage, anunciou a caminhada para o final com Eclipse, enquanto se formava no ar, em laser, o icónico prisma de Dark Side of the Moon. O encore chegaria, depois da apresentação da banda, depois das vénias, com palavras contra a intervenção e política israelita na questão palestiniana. Depois, discursou sobre como apenas o acto de amar pode abrir brechas na barreira erguida entre nós e os outros. Wait for her, Oceans apart, Part of my died, pedaços de folk acústica que encerram o último álbum a solo, serviram de antecâmara para a despedida com Confortably numb, cantada por Jonathan Wilson, dono de uma muito respeitável carreira a solo (“o hippie da banda”, como apresentado por Waters). Como aconteceu mais vezes ao longo do concerto, foi acompanhada em coro pelo público. Já toda a banda abandonara o palco e Roger Waters lá continuava. Punho erguido, mão batendo no peito. É por isto que ele, 74 anos, continua em palco. Acredita que tem razão. Acredita que a sua música faz acreditar. Acredita nela. Us + Them, verdadeiramente.
REFERÊNCIAS:
Mais de metade das petições tem apenas um subscritor
Até agora entraram 512 iniciativas no Parlamento, valor ao nível do primeiro Governo Sócrates, mas a apreciação tem sido mais lenta do que na legislatura passada. Dois terços as petições não têm assinaturas para chegar ao plenário. (...)

Mais de metade das petições tem apenas um subscritor
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.111
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Até agora entraram 512 iniciativas no Parlamento, valor ao nível do primeiro Governo Sócrates, mas a apreciação tem sido mais lenta do que na legislatura passada. Dois terços as petições não têm assinaturas para chegar ao plenário.
TEXTO: Apesar de se falar de um distanciamento cada vez maior dos cidadãos em relação à política, há um indicador na Assembleia da República que não pára de crescer: até sexta-feira tinham entrado 512 petições nesta legislatura. O ritmo está muito parecido com o da primeira legislatura do Governo de José Sócrates (2005/2009), quando nas três primeiras sessões legislativas entraram 515 petições (de um total de 592 nas quatro). Porém, há petições que entraram há mais de dois anos mas que ainda não foram sequer analisadas em comissão. E das 512 que entraram desde Outubro de 2015, só estão concluídas 364 (71%). Dentro de um ano, é normal que largas dezenas transitem para a próxima legislatura. Há outros dados interessantes: de acordo com cálculos feitos a partir da informação disponível no site da Assembleia da República, mais de metade das petições (52%) tem apenas um subscritor, ou seja, a pessoa que teve a iniciativa de propor a petição, ou até dez subscritores (53%); e dois terços (343 petições; 67%) não atingem as 4000 assinaturas necessárias para que a petição seja obrigatoriamente discutida em plenário. O PÚBLICO tentou contactar os dois peticionários que mais iniciativas entregaram no Parlamento nesta legislatura – um deles chegou às 43, outro tem 26 – mas um não se mostrou disponível para falar e o outro não respondeu. Apesar de a lei fixar uma fasquia para a discussão em plenário, é também verdade que já chegaram ao hemiciclo petições com apenas um subscritor. Essa análise depende do deputado relator e da comissão em que for apreciada: o tema pode ser suficientemente interessante e importante para isso. Por exemplo, uma petição de 2012, com apenas um subscritor, não chegou a plenário mas sim ao processo legislativo de revisão do Código de Processo Penal, e levou a que os deputados acatassem a sua sugestão de acabar com a obrigatoriedade de o arguido responder sobre a existência de processos pendentes, quando se faz a sua identificação numa audiência em tribunal. Tal ainda não aconteceu nesta legislatura, mas há-de acontecer com uma petição que pede que se discuta a obrigatoriedade das vacinas do Plano Nacional de Vacinação, que está proposta para ser discutida em plenário mas ainda sem data. Apesar de estar assinalada com apenas um subscritor – e classificada como petição individual -, a peticionária foi ouvida pela Comissão de Saúde e houve um problema informático na entrega das assinaturas, que a divisão de apoio às comissões mais tarde admitiria serem 9573 validadas mas já fora do prazo. Caso parecido é o da petição da ABIC – Associação de Bolseiros de Investigação Científica, que pede a adopção de medidas para que seja posta em prática a lei que estipula a contratação de bolseiros doutorados, como a regulamentação dos respectivos níveis remuneratórios. Registou 3727 signatários quando se tratava apenas de um abaixo-assinado online para entregar ao ministro Manuel Heitor. Dado o sucesso, os organizadores transformaram-no em petição, mas o Parlamento acabou por validar apenas as últimas 404 assinaturas já em papel. Como a lei em causa saiu da Assembleia, a Comissão de Educação e Ciência considerou que o Parlamento deveria discutir o assunto. Para a deputada Clara Marques Mendes, coordenadora do grupo de trabalho das audições de peticionantes que faz parte da Comissão de Assuntos Constitucionais, as petições são uma “forma de os cidadãos comunicarem com a Assembleia da República sobre os problemas que têm”. Daí haver tantas petições com apenas uma assinatura. “As pessoas têm mais vontade de participar e a lógica é incentivar essa contribuição cívica”, acrescenta a social-democrata. “Do contacto que tenho quando ando no meu distrito [Braga] e das pessoas que recebo no Parlamento fico surpresa com o facto de não saberem que podem pedir audiências aos deputados e que é fácil obtê-las. Talvez achem que o meio mais adequado é a petição, quando em muitos casos uma audiência com deputados satisfazia o mesmo objectivo”, conta a deputada. Também é certo que o caminho de uma petição pode depender da sensibilidade do deputado que dela ficar encarregue, que pode fazer mais ou menos diligências. Um caso curioso é o da petição por obras na EN125, que o deputado do PSD eleito pelo Algarve, Cristóvão Norte, decidiu fazer a audição pública dos subscritores não na AR mas em Vila Real de Santo António. Um gesto de descentralização que pretende aproximar os cidadãos do Parlamento. Outra petição que não chega às quatro mil assinaturas mas está já agendada para o último plenário antes do Verão, a 18 de Julho, é a da Comunidade Vida e Paz - uma instituição particular de solidariedade social a cujas festas de Natal o Presidente da República não tem faltado. Solicita a adopção de uma estratégia nacional pela dignidade humana das pessoas em situação de sem-abrigo e, mesmo com 2060 subscritores, a Comissão de Trabalho e Segurança Social considerou que dada a “relevância” do assunto merecia ir a plenário. Mas até agora ainda nenhum partido avançou com iniciativas legislativas nesse sentido. É que esse é um dos propósitos fundamentais das petições: levar a que as bancadas parlamentares ou os deputados façam propostas legislativas que acompanhem a pretensão dos peticionários. Como aconteceu por exemplo, com a polémica lei que permite a alguns engenheiros assinarem projectos de arquitectura (o PSD e o PAN apresentaram projectos), ou com a lei que permitiu que os animais de companhia passem a entrar em estabelecimentos comerciais (com propostas do deputado André Silva, do PAN, também subscritor da petição, do BE e do PEV). Ou ainda com a recomendação do PSD ao Governo para a adopção de medidas de redução do peso das mochilas escolares (a petição teve 48. 016 assinaturas). Qualquer pessoa pode registar uma petição no site do Parlamento, onde fica em aberto para subscrição, ou entregar todo (ou parte) o processo em papel. A petição, que pode ser individual (de apenas um subscritor), é remetida ao presidente da Assembleia da República (PAR) que a distribui à comissão parlamentar competente. A lei estipula que esta a deve apreciar e deliberar no prazo de 60 dias – que, na verdade, raramente é cumprido. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Uma vez na comissão, nomeia-se um deputado relator que deve contactar os peticionários, ouvi-los (se for o caso), pedir informação a entidades que considerar importantes e, no final, elaborar um relatório que é votado na comissão. Nas petições com pelo menos mil subscritores, os autores da iniciativa têm de ser ouvidos pelos deputados – que muitas vezes chamam peticionários de iniciativas abaixo desse limite ou pedem esclarecimentos por escrito. Sendo aprovado, é remetido a Ferro Rodrigues, e a petição deve então ser agendada para plenário no prazo máximo de 30 dias – algo que também raras vezes acontece, como provam os números das petições que até transitam entre sessões legislativas ou legislaturas. Porque ao contrário dos projectos de lei e de resolução, as petições não caducam com a mudança da configuração do Parlamento. O PAR tem de dar conhecimento do teor da petição e do relatório ao Governo e às entidades que a respectiva comissão entenda. O ritmo de apreciação das petições tem abrandado. No final da sessão legislativa passada, entre as petições que vieram de 2014/15 e as que foram entrando entretanto, havia 126 pendentes. Quase o dobro do que aconteceu no final de idêntico período em que a direita tinha a maioria absoluta. Nas próximas semanas, há duas dezenas de petições a subir a plenário.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN PSD BE PEV
Mais um empreendimento turístico destrói o que restava de zona verde em Quarteira
Uma proposta urbanística, vinda de um Fundo Imobiliário (ligado ao ex-BES), promove o último assalto ao que resta da zona verde que separa Quarteira de Vale do Lobo. (...)

Mais um empreendimento turístico destrói o que restava de zona verde em Quarteira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.2
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma proposta urbanística, vinda de um Fundo Imobiliário (ligado ao ex-BES), promove o último assalto ao que resta da zona verde que separa Quarteira de Vale do Lobo.
TEXTO: O parque de campismo de Quarteira, a confinar com a lagoa da foz do Almargem (uma das principais zonas húmidas da região) vai desaparecer, dando lugar a mais um empreendimento turístico, com 499 fogos. A câmara de Loulé, entidade licenciadora, emitiu parecer favorável condicionado à proposta urbanística porque o sítio encontra-se classificado de solo urbano, desde 1995, no Plano Director Municipal (PDM). A aprovação está agora dependente da Declaração de Impacto Ambiental (DIA), em fase de análise pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR/Algarve). O promotor do projecto, designado por Quinta do Oceano, é o Invesfundo VII — Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado (ligado ao Grupo Espírito Santo) que adquiriu os direitos de superfície à Orbitur, locatária do parque de campismo. De acordo com a legislação, só os loteamentos com a uma área de construção superior a 500 fogos é que são submetidos a estudo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Por isso, tentando escapar a eventuais condicionantes ambientais, o investidor deixou cair um fogo na proposta urbanística. “Mas nós, mesmo assim, exigimos a AIA dada a sensibilidade ecológica da zona”, afirmou o presidente da câmara, Vítor Aleixo, lembrando que as novas construções situam-se na proximidade do estuário e lagoa da ribeira do Almargem. Segundo o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), a lagoa da foz do Almargem faz parte do corredor das Zonas Húmidas entre Armação de Pêra e o Ancão, tal como sucede com a lagoa dos Salgados (Albufeira), também em risco. Ao lado dos Salgados, já no concelho de Silves, aguarda decisão judicial há seis anos um projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN) com mais 4 mil camas. A proposta surgiu da empresa Galilei (ex-Sociedade Lusa de Negócios). Neste sítio, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) nidificam 45 espécies de aves. No concelho de Loulé, o pinhal da zona nascente de Quarteira (praia do Trafal) e o parque de campismo — situado a 550 metros da orla costeira — representam a último reduto de mancha verde nesta zona centro do Algarve. Na última reunião do executivo autárquico, numa sessão realizada em Quarteira na quarta-feira, a câmara aprovou por unanimidade o parecer sobre o EIA porque a área a lotear “incide unicamente sobre o solo urbano”. No entanto, o município entendeu impor outra cláusula de salvaguarda. A operação só terá lugar após a Orbitur construir um novo parque de campismo alternativo. Trata-se de retomar uma decisão que tinha já sido assumida pela autarquia em Fevereiro de 2009. A empresa Orbitur, entretanto, comunicou à autarquia que “já desenvolveu esforço” na aquisição de terreno perto da Fonte Santa (mais afastado do mar) para construir um novo parque de campismo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A associação ambientalista Almargem, por seu lado, refere que a assembleia municipal de Loulé, em 2011, “chegou a aprovar uma proposta de recomendação com o objectivo de classificar a Foz do Almargem como “área protegida de âmbito local, processo que nunca chegou a avançar”. Diversos projectos e ideias sugeridas pelos ambientalistas para defender a espaço natural, sublinha a associação, “foram pura e simplesmente ignorados ou, chegando nalguns a ser acolhidos, nunca obtiveram qualquer resultado positivo”. O fundo de investimento imobiliário adquiriu direitos sobre 12, 3 hectares, dos quais 2, 6 hectares encontram-se na área adjacente à lagoa. Porém, o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) não permite qualquer construção nessa faixa junto à zona húmida. Assim, o empreendimento Quinta do Oceano ficou-se pela ocupação de uma área com 9, 7 hectares, onde pretende erguer um conjunto de edifícios, de dois a seis andares, incluindo um aparthotel, albergando na totalidade 1831 habitantes. O dirigente da Almargem, João Santos, acha que o novo polo urbanístico “virá marcar muito negativamente toda a paisagem local, além de colocar em risco a preservação da natureza”. Por isso defende o chumbo do EIA, admitindo que tal não venha a acontecer “fruto da indiferença de sucessivos executivos municipais” que não promoveram a alteração do PDM nesta área.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos estudo aves
Lisboetas escrevem a Nadal a pedir que “não mate” as memórias do Rossio
O tenista espanhol é um dos investidores do fundo espanhol que comprou o quarteirão da Suíça. O Fórum Cidadania apela agora a Rafael Nadal que impeça o fim da histórica pastelaria, que vai fechar portas a 31 de Agosto. (...)

Lisboetas escrevem a Nadal a pedir que “não mate” as memórias do Rossio
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O tenista espanhol é um dos investidores do fundo espanhol que comprou o quarteirão da Suíça. O Fórum Cidadania apela agora a Rafael Nadal que impeça o fim da histórica pastelaria, que vai fechar portas a 31 de Agosto.
TEXTO: “Estimado Rafael Nadal, não mate as nossas memórias”. O pedido vem na carta que o movimento de cidadãos Fórum Cidadania decidiu escrever a Rafael Nadal, o tenista espanhol que é investidor do fundo imobiliário que comprou o quarteirão da Pastelaria Suíça, que vai abandonar o espaço que ocupa desde 1922. A histórica pastelaria do Rossio vai fechar portas no final de Agosto, depois de o senhorio os ter notificado há dois anos de que não tinha interesse em renovar o contrato de arrendamento que cessa a 31 de Outubro, diz ao PÚBLICO Fausto Luís Roxo, sócio-gerente da casa. Face à notícia do encerramento, o Fórum Cidadania Lx decidiu escrever uma carta, em castelhano, ao tenista espanhol, em jeito de sensibilização para a importância que a Suíça (e não só) tem na história da cidade. Falam de outras casas do quarteirão como a Pérola do Rossio (loja de renome de chá e cafés), a Casa da Sorte (apostas), a Ourivesaria Portugal, a Antiga Casa do Bacalhau, “cuja história na cidade é tão importante que não há ninguém em Lisboa que não saiba onde é o ‘Quarteirão da Suíça’”. “Todas estas lojas têm um grande valor para o investimento de Rafael Nadal em Lisboa, se essa (a salvaguarda destas lojas) for a sua decisão”, escrevem os cidadãos. Na Suíça, o dia foi passado a atender jornalistas e lisboetas. A notícia, anunciada pela câmara de Lisboa, espalhou-se rapidamente. Há quem tenha parado para confirmar se é mesmo verdade. Os acenos de cabeça diziam que sim, ainda que os funcionários da casa não se tenham alongado em comentários. “Olhe a cara delas todas tristes”, reconhece Fausto Roxo, de 91 anos, enquanto olha para Manuela Matias, de 53, que ali trabalha desde os 23 anos e é um dos 46 funcionários efectivos da casa. “Tenho muita pena”, diz a funcionária. “Ouvia-se falar, mas nunca pensámos que isto ia fechar”. Pensaram que o prédio podia entrar em obras, mas que depois voltaria a funcionar normalmente, tal como aconteceu na altura das obras da estação de metro do Rossio. A Pastelaria Suíça abriu portas em 1922 e, ao longo de quase um século, foi ponto de encontro de intelectuais judeus que fugiam da II Guerra Mundial, como Peggy Guggenheim, Max Ernst, Hannah Arendt, que pararam em Lisboa antes de conseguirem chegar aos Estados Unidos. Anos depois, também Orson Welles, Maria Callas e Edward Kennedy ali foram clientes, escreve o Fórum Cidadania, que acredita ainda que se a Suíça for recuperada à imagem do que foi nas décadas de 1960 e de 1970, “será o espaço ideal para o futuro hotel de Nadal em Lisboa, uma referência de que este necessita". Ao longo dos últimos anos, grupos imobiliários têm-lhes batido à porta à procura de informações sobre o prédio. “Andaram sempre a pescar, até que o senhorio acabou por vender a este fundo”, diz Fausto Roxo. A pastelaria tem nove fracções arrendadas, pelas quais paga cerca de 5000 euros todos os meses. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De há ano e meio para cá, as obras nas fachadas voltadas para Praça da Figueira não têm facilitado o negócio. “Hoje estamos reduzidos a 50% da receita que fazíamos”, afirma Fausto Roxo. “Nós só decidimos mandar aquela carta à câmara [a pedir a saída do programa Lojas com História] quando fizemos contas. Não conseguíamos ficar aqui mais cinco anos. Se já não conseguimos agora quando começarem com as obras do prédio ainda é pior. Quem é que se vai sentar ali?”, atira o sócio-gerente, apontando para a esplanada que ficará debaixo de andaimes. O Fórum Cidadania pede ainda que se recuperem os edifícios e se preservem as mansardas pombalinas. No final, deixam ainda uma crítica à intervenção feita na fachada do edifício que está voltada para a Praça da Figueira: “Aproveitamos também para lhe pedir que mande retirar, rapidamente, das fachadas dos edifícios os azulejos horríveis que foram colocados e lhes sejam devolvidas as paredes pintadas como sempre foram e assim era apanágio do pós-terramoto de 1755”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra
Os vinhos precisam de tempo mas são vendidos cada vez mais novos
Os grandes vinhos tintos (tal como os brancos) exigem tempo e paciência por parte de quem vende e de quem compra. Mas tempo e paciência é o que falta cada vez mais neste negócio. Mesmo marcas conceituadas estão a queimar os tempos desejáveis de envelhecimento e a lançar os vinhos mais cedo do que nunca. (...)

Os vinhos precisam de tempo mas são vendidos cada vez mais novos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os grandes vinhos tintos (tal como os brancos) exigem tempo e paciência por parte de quem vende e de quem compra. Mas tempo e paciência é o que falta cada vez mais neste negócio. Mesmo marcas conceituadas estão a queimar os tempos desejáveis de envelhecimento e a lançar os vinhos mais cedo do que nunca.
TEXTO: Em 2014, a influente revista norte-americana Wine Spectator elegeu o tinto Chryseia 2011, do Douro, parceria do francês Bruno Prats com a família Symington, como o terceiro melhor vinho do ano. Desde então, o vinho esgota num fechar de olhos e cada nova colheita chega ao mercado logo ao segundo ano. O Chryseia 2016, por exemplo, já está à venda há alguns meses (65 euros). A pressão dos comerciais é enorme e o vinho nem tempo tem para afinar na adega. É a 15. ª colheita deste vinho em apenas 18 anos (sem contar com as duas que estão na adega, a de 2017 e a de 2018). Ao contrário do Chryseia, o Barca Velha, o vinho ícone da Sogrape, passa entre oito a dez anos na adega antes de começar a ser comercializado. O último a sair foi o 2008 (pontuado com 100 pontos pela revista Wine Enthusiast). A cada nova colheita, o preço dispara. Uma garrafa do 2008 já custa mais de 500 euros (595 euros na Garrafeira Nacional). Em 50 anos, só 18 vinhos foram declarados Barca Velha. Mário Cunha, produtor transmontano (Vilar de Ouro, Mirandela), não pertence a este "campeonato", mas faz um tinto, o Romano Cunha, que comercializa quase com o mesmo tempo do Barca Velha. A colheita que tem no mercado é a de 2010. Cada garrafa custa 20 euros. O seu consultor/conselheiro é o conhecido enólogo espanhol Raul Pérez. O que estes três exemplos nos dizem? Alguma coisa. Nos vinhos, o juízo soberano pertence ao consumidor. Se há quem pague 400 euros ou mais por um Barca Velha e quem compre Chryseia ainda imberbe, por que razão a Sogrape e os Symington e Bruno Prats hão-de-fazer as coisas de maneira diferente? O naïf desta história não será Mário Cunha?Se calhar. Em bom rigor, Mário Cunha vende o seu vinho com tanta idade também por necessidade, porque foi obrigado a acumular stocks a partir do momento em que as suas vendas a granel para Espanha começaram a cair. Mas há algum critério enológico. “O vinho foi ficando nos pipos à espera que o Raul dissesse que estava bom para sair para o mercado. Ultimamente, o Raul tem-me dito que o vinho é de modas e que as pessoas querem vinhos mais fáceis de beber e mais jovens. Se calhar, vou começar a vender vinhos com menos idade e menos extracção”, diz Mário Cunha. Seja como for, os vinhos, tantos os tintos como os brancos, para poderem aspirar a ser grandes, precisam de passar a prova do tempo. Precisam de evoluir no penumbra da cave, para polir arestas, integrar tudo melhor e ficarem ainda mais ricos e complexos. Alguns tintos, os mais tânicos e agrestes em novos, pelo estilo ou pelas características das castas, requerem mesmo muito tempo. Basta pensar nos Ramisco, da região de Colares, ou em alguns Baga, da Bairrada, por exemplo. Cada vinho necessita do seu tempo certo, para poder atingir o seu auge, antes de começarem a caminhar para o seu destino final, o vinagre. Acertar nesse ponto óptimo de consumo é o grande desafio que se coloca a qualquer enófilo. Ainda assim, tratando-se de vinhos realmente bons, esse auge nunca se alcança ao fim de um ou dois anos, por bem feitos que sejam. Acontece que os vinhos, de um modo geral, estão a ser vendidos cada vez mais novos, com pouco tempo de cave e de garrafa. O consumidor, em geral, está mais impaciente. “Hoje compra-se vinho para beber, não para guardar. As pessoas não têm nem tempo, nem dinheiro, nem espaço para guardar vinhos”, sublinha o bairradino Luís Pato. Por sua vez, os produtores esperam menos pelos vinhos porque precisam de realizar dinheiro e porque a acumulação de stocks tem custos muito elevados. Uma empresa como a Prats&Symington até podia ser mais paciente. Paul Symington, o líder dos Symington, concorda e admite que o vinho esteja a sair cedo de mais, mas desculpa-se com as “regras” do negócio. "Se um vinho estiver uns anos sem sair, o mercado esquece-o", justifica. Seja pelo que for, o Chryseia está muito longe de ser um caso isolado. Na verdade, o seu exemplo faz a regra hoje em dia. Mário Cunha e o seu Romano Cunha é que são a boa excepção, já que o Barca Velha, pela sua singularidade e fama, não conta para este debate. Não conta o Barca Velha como não contam mais uns quantos (não muitos) vinhos nacionais famosos que souberam forjar uma imagem de qualidade assente na sua raridade, envelhecimento longo e preço elevado (Casa Ferreirinha Reserva Especial, Quinta do Crasto Maria Teresa e Vinha da Ponte, Pêra-Manca, Quinta Foz do Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria, Bussaco, Quinta da Pellada, Quinta do Ribeirinho Pé Franco, entre mais um ou outro). O facto de serem poucos diz-nos muito sobre o Portugal vinícola. O país pertence ao Velho Mundo do vinho, mas ainda é relativamente novo na produção de vinhos tranquilos de qualidade. O Douro, por exemplo, tem pouco mais de três décadas. Durante muito tempo produziu-se apenas para auto-consumo e para alimentar as colónias. Vendia-se a granel. O que determinava muitas vezes a guarda de um vinho era o seu preço e a procura. Em algumas regiões, o vinho ficava uns anos nas cubas ou nas pipas porque a procura era baixa. Noutras, como a Bairrada, por exemplo, também porque o vinho era difícil de beber em novo. Nas regiões mais quentes, como o Alentejo, onde as uvas amadurecem melhor, o vinho era bebido logo no mesmo ano. Para conseguir um vinho de guarda era tradição usar muito ácido tartárico e até gesso, para fazer baixar o pH dos vinhos e aumentar a sua resistência ao envelhecimento. Tirando um ou outro vinho mais icónico, nunca houve tradição em Portugal de lançar os vinhos mais tarde por razões de qualidade, nem nunca vendemos en primeur, como acontece em algumas regiões francesas. E, de uma forma genérica, as regras de classificação dos vinhos também nunca foram tão apertadas como nas regiões espanholas da Rioja e Ribera del Duero, onde os grandes reservas só podem sair para o mercado ao fim de cinco anos (ver caixa). No Douro, por exemplo, é possível lançar um Grande Reserva ao final de um ano. Por outro lado, o “vinho velho” não era sinónimo de qualidade. Pelo contrário. Um vinho velho, por muito bom que fosse, tendia a desvalorizar-se. Ainda é assim com a maioria dos vinhos. Só os mais conhecidos e caros é que vão aumentando de preço. Os vinhos também não duravam tanto. Os cuidados eram menores e a tecnologia e os conhecimentos de enologia e viticultura não eram os de hoje. Os vinhos actuais são genericamente melhores e conservam-se por mais tempo. E, face ao aumento da temperatura na Terra, as uvas também amadurecem melhor, pelo que os vinhos já nascem mais polidos e bebíveis em novos. “Eu faço vinhos mais redondos do que fazia há cinco ou dez anos. Os que faziam primeiro podiam durar 40 anos ou mais. Se estes durarem 20 ou 30, já não é mau”, reconhece Luís Pato. Vivemos um tempo de consumo voraz. O vinho não foge à regra. Em Portugal e em qualquer país do mundo. Vender os vinhos cada vez mais novos está longe de ser um problema português. É uma tendência mundial. Basta olhar para o top ten deste ano da Wine Spectator. O melhor vinho de 2018 é um Sassicaia (Toscana, Itália) de 2015. No segundo e no terceiro lugares surgem o Château Canon-La Gaffelière (Saint-Émilion, França) e o Castello di Volpaia Chianti Classico Riserva (Toscana, Itália), ambos também de 2015. Só em quarto lugar é que aparece um vinho já com alguma idade, o Rioja Alta Gran Reserva 890, da colheita de 2005. Entre os restantes seis há um champanhe de 2008, um tinto de 2015, um Chardonnay de 2016 e três tintos de 2016. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O mundo está mesmo a mudar e o negócio do vinho também. A regra é cada vez mais passar o custo do envelhecimento para o consumidor. Por todo o lado, a palavra de ordem passou a ser esta: “Quer beber vinhos com mais idade? Compre-os novos e guarde-os em casa”. A região de Ribera del Duero, uma das mais famosas de Espanha, não está muito na moda, pelo menos entre os críticos de vinho. Os seus vinhos são muito concentrados, densos, maduros e com longos estágios em barrica. Tudo o contrário da tendência actual de consumo, que privilegia os vinhos com menos álcool e menos madeira. Os vinhos de Ribera del Duero são, em Espanha, o mais parecido ao que se designa de estilo Parker, o crítico mais influente das últimas três décadas. Nos últimos anos, Robert Parker tem vindo a perder influência e até os seus próprios provadores preferem vinhos nas antípodas daquilo que fazia o gosto do boss. Parker gostava de Ribera del Duero, mas o seu provador para Espanha, Luís Gutierrez, prefere vinhos de outras regiões. Em Agosto, Gutierrez escreveu um artigo demolidor para Ribera del Duero, dizendo que lhe custa “manter a motivação” para provar os seus vinhos e que a região, das mais famosas de Espanha, é uma das que menos lhe apetece visitar. “É certo que há alguns nomes interessantes, mas creio que a maioria dos vinhos são demasiado parecidos, demasiado previsíveis, pouco originais, excessivos e, em definitivo, aborrecidos”, afirmou. Como se chegou até aqui? A relativa homogeneidade da região, em orografia, clima e castas utilizadas, pode ajudar a explicar a produção de vinhos muito parecidos. Mas as regras da denominação de origem também têm sido determinantes. Para o bem e para o mal. Para o mal, porque obrigam a um uso excessivo da barrica. Para um vinho poder ser classificado como Crianza tem que ter pelo menos dois anos, um dos quais em barrica. Um Reserva só pode ser comercializado ao fim de três anos e tem que passar pelo menos um em barrica. E os Gran Reserva Crianza têm que ter no mínimo dois anos de barrica e três de garrafa antes de poderem ser lançados no mercado. Para o bem, porque “obrigam” a dar tempo ao vinho. Passa-se o mesmo na Rioja, onde predomina a mesma casta, a tânica Tempranillo, e a mesma influência bordalesa no uso prolongado da barrica. As regras são semelhantes. Em novos, os vinhos são muito amadeirados e algo agrestes. Mas, com o tempo, vão complexando e podem chegar a ser divinais. Na Rioja, por tradição, os vinhos ainda envelheciam mais tempo do que em Ribera del Duero. Por exemplo, o Marquês de Murrieta Gran Reserva 1983, um dos grandes vinhos do mundo, foi lançado após 41 anos de envelhecimento. Há muitos outros vinhos da Rioja ainda vivos e em grande forma que só saíram ao fim de 15 ou 20 anos. Hoje, esta prática é economicamente inviável. Só uns poucos vinhos continuam a seguir essa linhagem, pela força da sua raridade, fama e preço e porque se tornaram em vinhos mais de colecção do que de consumo. Barca Velha 2008É um vinho com um aroma explosivo, muito químico, balsâmico e especiado mas ainda com bastante fruta vermelha. Na boca, é um portento de nervo e frescura. Não é um vinho geométrico, perfeito, mas é precisamente por isso que emociona, porque tem vida, tem mistério, obriga-nos a “falar com ele”, como dizia Luís Sottomayor, o seu criador. Em relação ao anterior, de 2004, é mais másculo, tem maior vigor tânico, pelo que requer comida apropriada e alguma paciência e critério por parte de quem o beber. Foram cheias apenas 18 mil garrafas (menos 12 mil do que no Barca Velha 2004). P. G. Castas: Touriga Franca (50%), Touriga Nacional (30%), Tinta Roriz (10%) e Tinto Cão (10%) Região: Douro Álcool: 14% vol Nota: 98 Preço: 595€ (Garrafeira Nacional)Mouchão 2013A primeira dádiva deste Mouchão é o tempo – ou, por outras palavras, é colocado no mercado após 36 meses em tonéis de macaúba e 24 meses de garrafa. O que lhe permite apresentar uma dimensão na qual o refinamento e o apuramento do seu enorme potencial já está em condições de ser apreciado. Aromas de ameixa preta, notas de tabaco, tanino seco a conferir intensidade e frescor, riqueza de fruta na boca temperada com especiaria, é um vinho com a marca da casa. M. C. Castas: Alicante Bouschet (dominante), Trincadeira e Aragonês Região: Alentejo Álcool: 14% Nota: 94 Preço: 42, 50€Quinta do Ribeirinho Pé Franco 2003Luís Pato foi sempre um produtor irrequieto, inovador e ousado. Em 1998 tomou uma decisão importante para o futuro do seu projecto e que haveria de mudar também a percepção dos críticos mais influentes do mundo sobre o grande potencial dos tintos da Bairrada. Quis saber como eram os vinhos antes da filoxera e plantou 1, 2 hectares de videiras da casta Baga em pé franco. Ou seja, directamente no solo arenoso, sem porta-enxerto. Em 1995 lançou o seu primeiro Quinta do Ribeirinho Pé Franco e a reacção da crítica, em especial da inglesa Jancis Robinson, foi extraordinária. Hoje, este vinho é um ícone da Bairrada e do país. O último a sair é da colheita de 2012. Cada videira, por decisão do produtor, só produz um cacho (os outros cachos vão sendo mondados para o chão ou são colhidos mais cedo para espumante) e o vinho é invariavelmente muito estruturado, concentrado e rico, com taninos sólidos mas toleráveis e acidez equilibrada. O 2012, que ainda não provámos, deve seguir a mesma linha dos anteriores. Mas um dos que nos ficou na memória foi o 2003, provado em 2013. Um Baga colossal, longo, poderoso e ainda cheio de viço. P. G. Castas: Baga Região: Bairrada Álcool: 13% Nota: 96 Preço: 150€ (colheita de 2012)Bussaco Tinto Reservado 1983O Hotel Palace do Buçaco funciona desde 1907 como hotel de luxo e também como adega de um dos vinhos portugueses mais originais e cobiçados. Nas caves do hotel e de mais alguns edifícios repousam cerca de 200 mil garrafas, entre tintos e brancos feitos com uvas da Bairrada e do Dão, de inúmeras colheitas. Cada colheita passava longos anos em cave antes de ser engarrafada (hoje, o tempo de guarda já é menor). São vinhos que podem durar décadas. Há vinhos da década de 40 do século passado ainda bebíveis. Um de meia idade, digamos, é o Bussaco Tinto Reservado 1983. “Reservado” porque era um vinho reservado para o hotel. Era e continua a ser. Já tem 35 anos e continua a causar grande impressão, graças ao seu bouquet muito químico, à sua deliciosa frescura e até a alguma rusticidade. P. G. Castas: Baga da Bairrada, Touriga Nacional e outras do Dão Região: Bairrada/Dão Álcool: 13% Nota: 94 Preço: 80€Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1975As Caves São João, da Bairrada, possuem certamente o melhor stock de vinhos tranquilos do país. Fundada em 1920 pelos irmãos José, Manuel e Albano Costa, é uma empresa familiar que, no princípio, se dedicava à comercialização de vinhos finos do Douro e de licores. Nos anos 1930, com a interdição da elaboração dos vinhos do Porto fora de Vila Nova de Gaia, passou a comercializar vinhos de mesa da Bairrada. No final da década de 50 criou uma das mais conhecidas marcas de vinho da região – o “Frei João” – e, um pouco mais tarde, estendeu-se ao Dão, lançando o icónico “Porta dos Cavaleiros". Sobretudo os tintos mais antigos, são do melhor que se fez em Portugal. É o caso do extraordinário Porta dos Cavaleiros Reserva Seleccionada 1975. Lote de Baga, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz, possui apenas 12, 8 de álcool. Delicado, complexo e fresquíssimo, é um tinto capaz de surpreender mesmo quem tenha a bitola nivelada pelos grandes vinhos de Bordéus e da Borgonha. A empresa ainda comercializa esta colheita e, para um vinho desta idade e desta qualidade, o seu preço (45, 20 euros) é um achado. P. G. Castas: Baga, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz Região: Dão Álcool: 12, 8% Nota: 96 Preço: 45, 20€
REFERÊNCIAS:
Porque gostamos dos vinhos do Alentejo?
São 10 razões mas até poderiam ser mais. O Alentejo é a região preferida dos consumidores, é dali que vêm os vinhos de todas as gamas de preços e que são mais apreciados (...)

Porque gostamos dos vinhos do Alentejo?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: São 10 razões mas até poderiam ser mais. O Alentejo é a região preferida dos consumidores, é dali que vêm os vinhos de todas as gamas de preços e que são mais apreciados
TEXTO: O Alentejo é a região preferida dos consumidores, é dali que vêm os vinhos de todas as gamas de preços e que são mais apreciados, desde os vinhos em bag-in-box até aos ícones caros. A região tem uma significativa área de vinha, atingindo actualmente 21. 354 ha e por isso tem muito espaço para produzir vinhos de todo o tipo. Nos anos 1960 e 70 as adegas cooperativas concentravam a qualidade máxima da região: eram célebres os Garrafeira dos Sócios da Coop. de Reguengos, os Garrafeiras do Redondo, os rótulos de cortiça de Borba e, já então, os originais tintos de Portalegre. Digo tintos porque, à época, eram estes que prendiam a atenção do consumidor. Embora já se falasse nos “célebres” brancos da Vidigueira, na verdade era com os tintos que a região mais se identificava. Os tempos entretanto mudaram e do arranque das brancas para plantar castas tintas os produtores estão hoje a plantar cada vez mais brancas, correspondendo assim aos pedidos do mercado. Fora das cooperativas sobravam então poucos, muito poucos, produtores-engarrafadores de que todos conhecemos os nomes: Mouchão, Quinta do Carmo, Tapada do Chaves, José de Sousa, Horta do Rocio, Santos Jorge. A história do Alentejo conta-se também entre o antes e o depois da Reforma Agrária e, por isso, é sobretudo a partir dos anos 90 que se fala do Novo Alentejo: mais produtores, mais área de vinha, mais castas, mais estilos. O crescimento teve as suas dores próprias porque a região não estava demarcada e ninguém tinha muitas certezas sobre o modus operandi da demarcação, onde deviam passar as “fronteiras” das sub-regiões e que castas incluir como obrigatórias e recomendadas. Das opções então tomadas (muito discutíveis) ainda hoje a região se ressente e, como consequência, chegámos à situação actual, em que são muito mais os vinhos com designação Regional Alentejano do que Alentejo. Cabe ao Conselho Geral resolver, algo que nestes 30 anos ainda não se conseguiu. Vamos lá às nossas 10 razões. 1. Aqui convive o Velho e o Novo Mundo vitivinícola. Do Velho sobram castas e sobram práticas, esquecidas umas, renascidas outras. Aqui encontramos as velhas adegas ao lado de edifícios gigantescos onde se produzem vinhos aos milhões de litros, por aqui temos as mais modernas práticas vitícolas, com rega instalada, estações meteorológicas nas vinhas, sondas e drones ao lado de vinhas de sequeiro que souberam adaptar-se ao clima quente da região e que até parece que apenas requerem que as deixem em paz. Aqui também encontramos os velhos tonéis onde sempre se amadureceu o vinho ao lado de caves repletas de barricas novas e câmaras frigoríficas para vinificar brancos em madeira. 2. Mais do que se pensa, o Alentejo tem boa diversidade orográfica, está muito longe de ser uma planície uniforme, da serra de São Mamede às planícies de Beja há muita diferença e variação. Os solos também são diferentes e, só para citar um exemplo, sempre se soube que a originalidade dos brancos da Vidigueira não vinha só da Antão Vaz, mas de uma combinação de solos graníticos com uma orografia que permite a influência de ventos marítimos e noites frescas de Verão. 3. O clima está longe de ser uniforme. Dos calores tórridos da Amareleja à frescura marítima de Vila Nova de Milfontes, das temperaturas das vinhas da serra de São Mamede às noites frescas de Estremoz, há mais variedade do que se pensa. Temos assim a possibilidade de fazer vinhos que espelhem essas diversidades. Depois é tudo uma questão de gosto e de escolha. 4. O Alentejo ainda conserva muitas das castas típicas que lhe moldaram o perfil no passado: nas brancas persiste a Roupeiro, Antão Vaz e Arinto, ao lado de outras que alguns não querem deixar morrer, como Perrum, Tamarez e Rabo de Ovelha. Nos tintos, além da presença da Castelão (outrora obrigatória), por cá continuam a Alicante Bouschet, a Trincadeira e a Aragonez, mas também a Moreto (sobretudo na Granja) e, embora em menor escala, a Alfrocheiro. A Alicante Bouschet esteve outrora confinada ao Mouchão e Quinta do Carmo, mas hoje está disseminada por toda a região. 5. Por aqui, em relação a novas castas, soube-se filtrar o que deveria ser adoptado e o que poderia ser dispensado. Assim, após alguma euforia dos anos 1980, a Cabernet Sauvignon passou à história mas a Syrah e a Touriga Nacional vieram para ficar. Chegaram também algumas “castas de tempero”, como a Petit Verdot e Touriga Franca. Pode agora dizer-se que o lote mais habitual de um tinto alentejano inclui três destas variedades: Alicante Bouschet, Syrah, Touriga Nacional, Trincadeira e Aragonez. Nas brancas o movimento de renovação não foi tão forte mas há que salientar a disseminação da Antão Vaz por toda a região, deixando de estar confinada à Vidigueira. Vieram depois a Viognier e os temperos de Sauvignon Blanc, Verdelho e Alvarinho. O lote mais frequente continua a ser Antão Vaz e Arinto. 6. O Alentejo tem a serra de São Mamede. Isolo-a aqui porque ela funciona como um todo: como serra que é, tem dispersão de vinhas até aos 700m, factor fundamental para o perfil de alguns vinhos; tem um clima próprio, mais fresco, e vinhas de orientação solar diversa; a serra é também o último reduto de vinhas velhas da região, tendo sobrevivido à euforia do arranque dos anos 1980 e 90. Por isso ali se conservam castas antigas, algumas totalmente desconhecidas dos consumidores e que, num verdadeiro field blend, originam vinhos de perfil próprio que estão a recolher cada vez mais adeptos. Por essa razão, várias empresas se interessaram pelas vinhas da zona: Fundação Eugénio de Almeida, Lusovini, Symington Family Estates e mais recentemente Sogrape estão por ali e essa pode ser uma razão para acreditarmos que o património tão próprio da serra se irá manter. 7. O Alentejo é a pátria dos vinhos de talha. Embora actualmente, por razões onde se misturam a moda e a conservação do património, haja produtores de outras zonas a fazer vinhos recorrendo a esta antiga prática, em boa verdade é na planície que a tradição impôs esta forma de fazer vinhos. Bem mais difícil do que se imagina, com muitas talhas a partirem-se durante a fermentação, atestando essa dificuldade, as talhas pesgadas contribuem para aromas originais, antigos, claramente afastados de tudo o que hoje se faz em enologia. Por isso muitos enólogos dizem, com humildade, que é preciso aprender com a prática porque a talha contém segredos escondidos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. 8. O Alentejo tem projectos de dimensão. Embora os wine freaks só olhem para as produções microscópicas e para os produtores que em anos de boa produção fazem 1000 garrafas, a verdade é que o vinho só é negócio se tiver dimensão. Não há como fugir desta realidade. O vinho vende-se sobretudo nas grandes superfícies e para entrar nesse negócio tem de se ter disponibilidade para colocar centenas de milhar de garrafas no mercado. Há uma lógica trituradora neste negócio e há produtores que conseguem sair dela apostando todas as fichas na exportação, mas nem todos alcançam esse objectivo. Mesmo na exportação é preciso ter dimensão para responder a encomendas. Crescer torna-se assim obrigatório e o Alentejo tem respondido em várias frentes, beneficiando também do apreço que os seus vinhos têm em Angola e Brasil, por exemplo. 9. O Alentejo tem ícones. Todos sabemos como eles são importantes para o prestígio de uma região. Nem sempre as razões do sucesso de uma ou outra marca são evidentes, mas a verdade é que, para citar o mais óbvio, o nome Pêra-Manca é hoje um verdadeiro mito no Brasil e Angola, ao nível do outro mito duriense, o Barca Velha. Também por cá há vários anos que se torna difícil adquirir e, pior, pagar o que se pede por uma garrafa de Pêra-Manca tinto. Ganha a região. Não há muito mais ícones no Alentejo mas o Mouchão soube impor o seu Tonel 3-4 como a quintessência da Alicante Bouschet e é hoje uma marca de enorme prestígio. Se formos a uma garrafeira, local por excelência para procurar os mais prestigiados vinhos da região, vemos que os preços médios subiram consideravelmente e são muitos os que rondam (um pouco para cima ou para baixo) os 50 euros por garrafa. Boas notícias para o prestígio da região, mais dificuldades para os consumidores. Nestas circunstâncias houve quem nos ensinasse a frase mágica: é a vida…!10. O Alentejo tem uma gastronomia extraordinária. Partindo de uma base elementar, pão, azeite e umas ervinhas (como dizia o nosso saudoso amigo David Lopes Ramos), a região construiu um património gastronómico muito rico e diversificado, com maior foco nas carnes de porco de montado e borrego, com abundante recurso aos coentros, a erva mágica a que alguns, que não são do Sul, teimam em não dar crédito, mas também às beldroegas, à hortelã da ribeira, aos orégãos. Mais recentemente, também a criação de carne de vaca certificada de raça alentejana veio alargar as escolhas. Se a tudo isto juntarmos a variada oferta de enoturismo e agroturismo, dos abrigos mais simples aos hotéis rurais mais sofisticados e sempre invariavelmente associados à gastronomia, não nos faltam razões para gostar dos vinhos alentejanos.
REFERÊNCIAS:
Missionário cristão morto por tribo em ilha remota e perigosa
Um norte-americano de 26 anos foi morto por uma tribo indígena na Índia. Família pede que os nativos não sejam responsabilizados pela morte do homem. (...)

Missionário cristão morto por tribo em ilha remota e perigosa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.22
DATA: 2018-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um norte-americano de 26 anos foi morto por uma tribo indígena na Índia. Família pede que os nativos não sejam responsabilizados pela morte do homem.
TEXTO: Um missionário cristão norte-americano foi morto e enterrado por uma tribo de caçadores-colectores na ilha Sentinela do Norte, uma zona remota no Oceano Índico onde tinha ido com o objectivo de proselitismo religioso aquela região. A notícia foi avançada nesta quarta-feira pelas autoridades locais. A ilha, conhecida por ser perigosa, é habitada por uma tribo indígena hostil. O governo indiano traçou um perímetro de segurança de cinco quilómetros circundantes à ilha, tornando também ilegal o contacto com os habitantes. John Allen Chau, de 26 anos, foi encontrado morto numa zona onde fica a considerada a última tribo pré-neolítica do mundo, já fora da área aconselhada para quem visita a região, informou Dependra Pathak, director-geral da polícia em Andamão e Nicobar. O representante das autoridades locais acrescentou que foram presos pescadores locais por suspeita de terem transportado ilegalmente o missionário norte-americano para a ilha de 60 quilómetros quadrados. Chau foi morto por membros da comunidade Sentinelese, que, segundo a imprensa local, terão usado arcos e flechas. Nas redes sociais, o norte-americano de 26 anos era descrito como um aventureiro e explorador. Respondendo a uma pergunta num blogue de viagens sobre o que estava no topo de sua lista de aventuras, Chau disse: "Voltar às Ilhas Andaman e Nicobar, na Índia". "Recebo de Jesus a minha inspiração para a vida", afirmou. Percorrendo as publicações do norte-americano, conclui-se que esta não era a primeira visita do missionário à Índia. De acordo com a pegada virtual de John Allen Chau, o missionário já teria explorado e pregado em muitas partes do sul da Índia. "Recentemente soubemos de relatos não confirmados que John Allen Chau foi morto na Índia enquanto procurava membros da Tribo Sentinela nas Ilhas Andamão", disseram membros da família Chau numa publicação na sua página no Instagram. A família descreve-o como um "amado filho, irmão e tio", bem como um missionário cristão, técnico de emergência médica, treinador de futebol e montanhista. "Ele amava Deus, a vida, ajudando os necessitados e não tinha nada além de amor pelo povo sentinela", disse a família. "Nós perdoamos os supostamente responsáveis pela sua morte. Também pedimos a libertação dos amigos que ele tinha nas Ilhas Andamão. "Na mesma publicação, a família pede que os contactos locais da vítima não sejam responsabilizados pela morte de John Allen Chau. As autoridades locais iniciaram uma investigação sobre a morte de Chau após terem sido contactadas pelo consulado americano na cidade de Chennai, no sul da Índia. "Estamos cientes dos relatos sobre um cidadão norte-americano nas Ilhas Andamão e Nicobar", disse uma porta-voz do consulado por e-mail, recusando-se a fornecer mais detalhes. De acordo com as informações recolhidas, no dia 15 de Novembro, Chau fez duas ou três viagens à ilha de canoa. Nessas viagens esteve com a tribo, mas regressou sempre ao seu barco. No dia seguinte, o norte-americano terá dito aos pescadores que não voltaria da ilha e mandou-os voltar para casa e levar algumas anotações manuscritas que Chau fez para um amigo. Na manhã seguinte, os pescadores viram o corpo do norte-americano a ser arrastado por uma praia e enterrado na areia. “Foi uma aventura que saiu do lugar e entrou numa área altamente protegida", resumiu o director-geral da polícia local. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Uma fonte da Reuters conta ainda que Chau tinha levado tesouras, alfinetes de segurança e uma bola de futebol como presentes para a tribo. Nas notas manuscritas, Chau escreveu que enquanto alguns membros da tribo eram bondosos e aceitavam a sua presença outros eram muito agressivos. "Tenho sido tão gentil com eles. Porque estão eles tão zangados e agressivos?", escreveu. O missionário apontou naquelas notas que estava a tentar “estabelecer o reino de Jesus na ilha” e que terá pedido para que os nativos não fossem culpados caso ele fosse morto. Este não é o primeiro homicídio naquela ilha. Em 2006, dois pescadores foram mortos e seus corpos nunca foram recuperados. Quando um helicóptero da Guarda Costeira indiana foi enviado para recuperar os corpos foi repelido por uma saraivada de flechas da comunidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homicídio filho comunidade corpo morto ilegal
Morte de americano chama a atenção para a “tribo mais isolada do mundo”
Tribos isoladas “devem ser deixadas em paz”, diz organização de defesa. A visita do americano expôs a tribo a risco de doenças. (...)

Morte de americano chama a atenção para a “tribo mais isolada do mundo”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2018-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tribos isoladas “devem ser deixadas em paz”, diz organização de defesa. A visita do americano expôs a tribo a risco de doenças.
TEXTO: A morte do norte-americano John Allen Chau numa ilha no mar de Andamão habitada por uma tribo isolada chamou a atenção para esta comunidade, que é considerada por peritos a mais isolada do mundo. Não se sabe quase nada sobre a tribo sentinela, nem sequer sobre a sua língua, apenas que é diferente das outras tribos do arquipélago. As autoridades da Índia, a quem pertence o arquipélago, só têm uma ideia vaga de quantos habitantes tem a ilha: serão entre 50 e 150 pessoas. O contacto com a tribo é proibido, assim como qualquer viagem até à ilha, que terá sensivelmente a mesma área de Manhattan, em Nova Iorque: uma razão é a vulnerabilidade dos membros da tribo a doenças que possam ser levadas por estranhos. O isolamento leva a que não tenham resistência a vírus como o da gripe ou sarampo. A outra razão é que a tribo “já deixou muito claro que quer ser deixada em paz”, disse o director da Survival International, associação com sede em Londres que defende a protecção das tribos nas ilhas de Andamão, Stephen Corry. O americano terá conseguido estar na ilha algum tempo antes de, na última vez que lá foi, ter sido atacado com flechas e morto. “Tal como muitas tribos isoladas classificadas como selvagens, a sua hostilidade a estranhos é facilmente compreensível, porque o mundo exterior trouxe sempre violência e desdém”, explica a associação numa nota sobre a tribo de 2004, quando o tsunami trouxe atenção para os habitantes da ilha, que apesar de serem duramente atingidos pelas ondas, sobreviveram. Esta sobrevivência foi uma surpresa, e especula-se que com os sentinelas tenha acontecido o mesmo que com outra tribo numa ilha próxima: uma lenda antiga, passada de geração em geração, dizendo que quando as águas do mar recuam se deve ir para um bosque para protecção dos espíritos. O bosque era o ponto mais alto da ilha, e por isso os seus habitantes sobreviveram. A jornalista da BBC Geeta Pandey conta que foi nesta altura que ouviu falar pela primeira vez da tribo sentinela a propósito do tsunami quando, numa conferência de imprensa, as autoridades informaram que os membros da tribo tinham sobrevivido. Depois de um helicóptero voar sobre a ilha, sem conseguir ver ninguém, e se aproximar, foi atacado por flechas. “Assim ficámos a saber que estavam bem”, comentou o piloto. Stephen Corry sublinha que “a ocupação britânica das ilhas de Andamão dizimou as tribos que lá viviam, matando centenas de pessoas, e apenas uma pequena fracção sobrevive ainda. Por isso, o medo do exterior dos sentinelas é muito compreensível”. A tribo de caçadores-recolectores é muitas vezes descrita como vivendo “na idade da pedra”. Estima-se que esta população ocupe a ilha há 60 mil anos, mas isso não significa que ainda vivam como nessa altura, diz Sophie Grig. “Claro que vivem em 2018, tal como nós!”“Não há razão para acreditar que os sentinelas tenham vivido do mesmo modo durante os muitos milhares de anos que estão nas ilhas Andamão. O seu modo de vida mudou e adaptou-se muitas vezes, como todos os povos”, sublinha. “Por exemplo, agora usam metal que tenha dado à costa ou que tenham recuperado de navios naufragados. Afiam o ferro, e fazem assim as pontas das suas setas. ”Não se sabe praticamente nada sobre a tribo, apenas que a língua é diferente da das outras tribos nas ilhas próximas – não se sabe sequer como se chamam a si próprios. A informação foi sempre recolhida de um ponto mais distante do que o alcance das suas flechas, já que qualquer aproximação é normalmente recebida com salvas de flechas. As autoridades indianas tentaram, nos anos 90, uma expedição de “contacto” com a tribo. Fizeram um vídeo a distância, que mostrava que os membros da tribo estavam saudáveis e alerta. O primeiro contacto do exterior com a tribo terá sido feito pelos britânicos, que em 1880 levaram um casal e quarto filhos para uma outra ilha do arquipélago, apesar de estes se terem tentado esconder. O homem e a mulher morreram pouco depois, doentes, e as quatro crianças foram enviadas de volta – eventualmente infectadas com doenças que o sistema imunitário da tribo não conseguiria defender-se. Desde então, a tribo atacou sempre antes de alguém conseguir chegar a terra, incluindo, em 2006, dois pescadores que se aproximaram demasiado e pernoitaram no barco ao largo da ilha. A grande excepção foi, em 1991, o antropólogo indiano T. N. Pandit. Pandit dedicou-se durante mais duas décadas a aproximar-se da tribo dos Sentinelas, e também de outra semelhante, os Jarawa. Em viagens regulares, deixava oferendas no meio do nada, esperando que fossem levadas mais tarde. Tudo demorou muito tempo, lembrou recentemente o antropólogo numa entrevista com o New York Times. Acabou por conseguir contacto sustentado com os Jarawa, menos com os Sentinelas. Sophie Grig, investigadora da Survival especialista nas tribos da região do Mar de Andamão, explicou ao PÚBLICO por email que mesmo a equipa de T. N. Pandit não obteve grande informação. “Eles não conseguiam falar a língua nem sequer sair da praia”, contou – as fotos que T. N. Pandit tem são tiradas com o antropólogo e membros da tribo dentro de água. “Depois de pouco tempo, os sentinelas voltaram a ser hostis e a disparar setas contra os visitantes, ninguém sabe porquê. ”Já os jarawa começaram um processo de aproximação aos seus vizinhos ocidentais, e este não foi vantajoso. Pior, foi impossível de parar. “Agora estão infectados”, comentou ao New York Times Samir Acharya, um activista local. “Foram expostos a um modo de vida que não podem manter. Aprenderam a comer arroz e açúcar. Transformámos um povo livre em pedintes”. A Survival nota o contraste: “Os habitantes da ilha [os sentinelas] estavam claramente muito saudáveis, alerta e em boas condições, em contraste marcado com duas outras tribos que ‘beneficiaram’ da civilização ocidental, os onges e os grande-andamaneses, cujos números diminuíram drasticamente e estão agora muito dependentes de ajudas do Estado para sobreviver”. Ao reconhecer que “políticas de contacto foram desastrosas para outras tribos, e aceitando que estas tribos têm o direito de decidir por si mesmas como querem viver”, as autoridades mudaram a sua política, dizia a Survival em 2004. No comunicado, Stephen Corry critica as autoridades indianas por, há poucos meses, terem levantado uma das restrições que “protegia a ilha da tribo sentinela dos turistas estrangeiros”, e que existia “para segurança tanto da tribo como dos estrangeiros”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sophie Grig explica que uma pequena alteração em algumas regras provocou eventualmente mal entendidos. “Ainda que continue a ser proibido ir, um nível adicional de protecção foi retirado – isto não quer dizer que as pessoas possam lá ir, mas trouxe confusão”. “Não é impossível que os sentinelas tenham acabado de ser infectados por agentes patogénicos contra os quais não têm qualquer imunidade, com o potencial de aniquilar toda a tribo”, sublinhou pelo seu lado Corry. Os sentinelas são uma de vários tribos isoladas que ainda sobrevivem no mundo. Segundo a emissora britânica BBC, estima-se que existam cerca de 100: no Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Papuásia- Nova Guiné e noutras ilhas do arquipélago indiano. A maioria é ameaçada, na América Latina, sobretudo por madeireiros que levam a cabo abates ilegais, ou até traficantes de droga, que invadem o seu espaço.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Antropólogos estudam forma de recuperar corpo de missionário sem conflito com a tribo
Uma das hipóteses apontadas pelas autoridades pode passar por esperar que a tribo desenterre o corpo e o pendure na ilha, o que já fez em 2006. (...)

Antropólogos estudam forma de recuperar corpo de missionário sem conflito com a tribo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma das hipóteses apontadas pelas autoridades pode passar por esperar que a tribo desenterre o corpo e o pendure na ilha, o que já fez em 2006.
TEXTO: As autoridades indianas estão a estudar formas de recuperar o corpo de John Allen Chau, o norte-americano de 26 anos morto por uma tribo isolada numa ilha no mar de Andamão, numa zona remota no Oceano Índico. As operações para tentar recuperar o corpo arrancaram este domingo e as autoridades indianas estão a consultar antropólogos e psicólogos para avançar com o resgate do corpo. Antes de qualquer decisão, existem factores a ponderar, entre os quais está a psicologia dos residentes da ilha, explicam as autoridades locais. Em 2006, quando dois pescadores foram mortos por terem adormecido e se terem aproximado demasiado da ilha, também foram mortos e enterrados pela tribo. Uma semana depois, os corpos foram desenterrados e pendurados em canas de bambu, virados para o oceano. Caso a tribo decida fazer o mesmo com o corpo de Chau, essa poderá ser a melhor — e talvez única — oportunidade para identificar e recuperar o cadáver. John Allen Chau foi visto pela última vez na última semana, depois de ter ido para a ilha com o objectivo de converter a tribo ao cristianismo. Quer as notas de Chau quer a sua família indicam que o norte-americano estava consciente do perigo em que se estava a colocar (e à tribo) por decidir entrar no território da ilha. De acordo com um dos amigos, John Middleton Ramsey, citado pela CNN, Chau queria partilhar “a palavra de Deus” e eventualmente traduzir a Bíblia. John Allen Chau chegou às ilhas em Outubro e planeou a viagem detalhadamente. Num diário, descreveu os passos que precisou de dar até conseguir chegar à ilha. As mesmas páginas guardariam, dias depois, as suas últimas memórias. Chau pagou 350 dólares (aproximadamente 308 euros) aos pescadores que o levaram de barco até à ilha a 15 de Novembro. Regressou ao final do dia com ferimentos provocados por flechas, mas decidiu regressar. Acabou por ser morto por membros da comunidade sentinelese, que, segundo a imprensa local, terão usado arcos e flechas. A ilha, conhecida por ser perigosa, terá sensivelmente a mesma área da ilha Graciosa, nos Açores. Tem à sua volta um perímetro de segurança de cinco quilómetros traçado pelo governo indiano, dado o historial de incidentes provocados pelo contacto entre os indígenas e visitantes. A hostilidade da tribo em relação ao exterior é explicada pelas suas experiências anteriores, incluindo a ocupação britânica, que dizimou centenas de membros da tribo, explica o director da Survival International, associação que defende a protecção das tribos nas ilhas Andamão, Stephen Corry. Na sexta-feira e no sábado, as autoridades indianas navegaram até às proximidades da ilha, juntamente com os dois pescadores que terão assegurado as viagens de visita de John Allen Chau à tribo. “Mapeámos a zona com a ajuda destes pescadores. Ainda não encontrámos o corpo, mas sabemos mais ou menos em que zona estará enterrado”, informou Dependra Pathak, director-geral da polícia em Andamão e Nicobar. O grupo de resgate terá avistado cerca de “seis ou sete” membros da tribo, carregados com arcos e flechas na zona onde os pescadores dizem ter visto o corpo do missionário a ser enterrado. “Estavam a olhar na direcção do mar. Diria que estão em alerta. ”“A missão foi feita à distância para evitar qualquer potencial conflito com as tribos, já que é uma zona sensível”, disse Dependra Pathak. Apesar de ter sido instaurado uma acusação criminal contra um “membro desconhecido de uma tribo”, não é claro que consequências este caso poderá ter na justiça. “Existe uma obrigação e responsabilidade de resolver este caso com a maior sensibilidade possível porque são um grupo pequeno, num sítio pequeno e têm a sua própria civilização e ideia do mundo. Não planeamos irromper e gerar confronto”, acrescentou Pathak, citado pelo jornal britânico The Guardian. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Dado que mataram alguém vindo do exterior, sofreram um choque psicológico. Entender isto irá ajudar-nos a observá-los e delinear uma estratégia se queremos continuar”, disse. Uma vez que não há dados oficiais, existem apenas estimativas de qual é a composição da tribo. O governo indiano acredita que serão entre 50 e 150 pessoas. Como vivem isolados, os membros da tribo não desenvolveram muitas resistências e até uma gripe pode ser fatal. Os sentinelas são uma de vários tribos isoladas que ainda sobrevivem no mundo. Segundo a BBC, estima-se que existam cerca de 100: no Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Papuásia-Nova Guiné e noutras ilhas do arquipélago indiano.
REFERÊNCIAS:
Religiões Cristianismo