Sonae estuda entrada em bolsa de retalho alimentar e negócio imobiliário
A Sonae admitiu vir a colocar em bolsa a Sonae MC, o negócio na área de retalho alimentar, e a Sonae RP, a entidade que gere a propriedade imobiliária de retalho do grupo. (...)

Sonae estuda entrada em bolsa de retalho alimentar e negócio imobiliário
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2018-07-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Sonae admitiu vir a colocar em bolsa a Sonae MC, o negócio na área de retalho alimentar, e a Sonae RP, a entidade que gere a propriedade imobiliária de retalho do grupo.
TEXTO: “O Conselho de Administração continua a analisar a possibilidade de listar parte do portefólio de retalho da empresa, no qual a Sonae manterá uma posição maioritária”, indicou no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na segunda-feira à noite. A Sonae adiantou que “o portefólio de retalho potencialmente sujeito à entrada em bolsa incluiria a Sonae MC, o negócio líder de mercado na área de retalho alimentar, e a Sonae RP, a entidade que gere a propriedade imobiliária de retalho da Sonae”. “Esta potencial operação é consistente com o princípio estratégico da Sonae de criar valor para os accionistas e de garantir as melhores condições para que as suas empresas cresçam e reforcem as suas posições”, de acordo com o comunicado. O Barclays, o BNP Paribas e o Deutsche Bank foram nomeados pela Sonae para organizar “reuniões exploratórias com potenciais investidores para uma possível entrada em bolsa”, não tendo ainda sido, nesta fase, “tomada qualquer decisão formal”, segundo a mesma fonte. A Sonae Retail Properties (RP), criada em 2009, é responsável pela gestão do património imobiliário de retalho. Já a Sonae MC, no retalho alimentar, integra os hipermercados Continente, os supermercados de conveniência Continente Modelo e Continente Bom dia, as lojas Meu Super, as cafetarias e restaurantes Bom Bocado e Bagga e os supermercados Go Natural. Integra ainda a Make Notes, Note! (livraria/papelaria), a ZU (produtos e serviços para cães e gatos), a Well’s (saúde, bem-estar e ótica) e a Dr. Well’s (clínicas medicina dentária e medicina estética), segundo a informação disponível na página da Sonae na internet. No dia 15 de Março, o co-presidente executivo do grupo Paulo Azevedo afirmou que a Sonae admitia vir a cotar em bolsa o negócio do retalho, respondendo assim ao interesse demonstrado pelo mercado, mas mantendo sempre uma participação maioritária. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Falando na apresentação das contas de 2017 do grupo da Maia, Paulo Azevedo disse, na altura, que esta possibilidade ia começar a ser estudada, não estando definidas nem as unidades do negócio do retalho que poderão vir a ser cotadas, nem qual a percentagem de capital a dispersar em bolsa. Actualmente, o grupo Sonae tem já cotadas duas empresas no PSI20, o principal índice da bolsa de Lisboa, a Sonae SGPS e a Sonae Capital. A Modelo Continente chegou a estar cotada, mas saiu de bolsa em 2006.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cães
Alto da Ajuda vai ser uma das frentes de batalha contra as cheias em Lisboa
Terminadas as obras no parque urbano do Rio Seco, no Alto da Ajuda, Câmara de Lisboa está a terminar o projecto de criação de uma bacia que vai reter as águas das chuvas para travar cheias nas zonas baixas da Ajuda, Belém e Alcântara. (...)

Alto da Ajuda vai ser uma das frentes de batalha contra as cheias em Lisboa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Terminadas as obras no parque urbano do Rio Seco, no Alto da Ajuda, Câmara de Lisboa está a terminar o projecto de criação de uma bacia que vai reter as águas das chuvas para travar cheias nas zonas baixas da Ajuda, Belém e Alcântara.
TEXTO: Estão concluídas as obras do Parque Urbano do Rio Seco, no Alto da Ajuda, em Lisboa, no vale situado entre a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e o bairro camarário 2 de Maio. O fim destas obras e a criação da Bacia de Retenção do Alto da Ajuda vão permitir ligar, através de espaços verdes, o Parque Florestal de Monsanto à Rua Eduardo Bairrada. Na manhã desta terça-feira, autarcas, arquitectos e engenheiros juntaram-se a convite da Câmara de Lisboa para ver o final da última fase de obras no parque, iniciada no Verão de 2015. “Quem o viu e quem o vê”, é a impressão geral. “Ninguém podia passear aqui. Era uma lixeira, um matagal”, lembrou o vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes. O local serviu durante anos como depósito de candeeiros velhos da cidade e lixo dos moradores. Mas ali também subsistiam ainda pombais, cavalos e pequenas hortas dos moradores. Hoje há um pombal e um picadeiro, assim como 19 talhões com hortas. As três últimas fases do Parque Urbano do Rio Seco saíram de projectos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa: a segunda fase em 2008, a terceira e quarta fases em 2010 e 2011. As obras desta última, iniciadas em 2015 e dadas agora como terminadas, foram, no entanto, pagas pela EDP, ao abrigo do protocolo que lhe atribuiu 480 mil euros, e não pelo orçamento camarário onde tinham sido inscritas com 800 mil euros do Orçamento Participativo. O dinheiro que autarquia destinara para o projecto vencedor foi canalizado para o projecto de requalificação do espaço público do bairro contíguo ao parque, o 2 de Maio. Em todo o parque, foram plantadas cerca de mil árvores e cinco mil arbustos. Há espaços de relva, caminhos e zonas de merendas. Para a semana chegam os bancos, a instalar na parte superior do jardim, e dentro de três semanas a autarquia espera ter concluído o parque infantil. No local onde decorreram as últimas obras ainda não há relva. Espera-se que chova. A criação deste parque urbano, que a autarquia apelidou de Corredor Verde do Rio Seco, faz parte da política de criação de corredores verdes que liguem “importantes zonas da cidade”. No futuro, o pelouro pretende ligar este novo corredor ao Jardim Botânico da Ajuda e Calçada da Ajuda e criar um outro elo que permita fazer, por espaços verdes, o caminho até à Tapada da Ajuda. Sempre que chove muito, as zonas baixas da Ajuda, Belém e Alcântara são afectadas por cheias. Para lá desce a água e os sedimentos arrastados pelas chuvas torrenciais. É um fenómeno que se repete todos os anos e interessa, por isso, gerir as águas pluviais no Alto da Ajuda de forma a diminuir o caudal que chega à zona ribeirinha da cidade. Como forma de “travar o escoamento de água e sedimentos para a zona baixa”, explicou José Saldanha Matos, um dos coordenadores do Plano de Drenagem do município, a autarquia está a ultimar o projecto de criação de uma bacia de retenção de água a céu aberto. Uma intenção que já tinha sido anunciada em 2008. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No local onde se realizava a festa dos estudantes Semana Académica de Lisboa, entre o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) e a Faculdade de Arquitectura, vai ser criada uma bacia naturalizada que retenha a água das chuvas, “por períodos de tempo controlados”. Evitando, assim, as cheias que atingem regularmente as zonas baixas desta parte da cidade. Sobre a actual intervenção, ainda não foi feito um orçamento uma vez que o projecto ainda não está terminado. O pelouro dos Espaços Verdes espera terminar esta obra ainda este ano. O projecto prevê ainda a plantação de árvores à volta da bacia e a criação de espaços verdes para que este seja um espaço “por excelência de usufruto” para os estudantes e moradores, disse Sá Fernandes. Desta forma, a criação desta bacia, contígua ao parque urbano, concretiza a “transição urbanística com [o Parque Florestal de] Monsanto”. “Queremos que Monsanto cresça”, afirmou o arquitecto municipal João Castro.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda infantil
O corpo do som (e outros enigmas do mundo)
Parece que o Mundo, a nova peça de Clara Andermatt, em co-criação com João Lucas, envolve-nos num maravilhamento, numa sucessão de sentidos em aberto. (...)

O corpo do som (e outros enigmas do mundo)
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.137
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Parece que o Mundo, a nova peça de Clara Andermatt, em co-criação com João Lucas, envolve-nos num maravilhamento, numa sucessão de sentidos em aberto.
TEXTO: O título da nova peça de Clara Andermatt coloca-nos desde logo em certa disposição anímica: percepções suspensas e deambulações mentais sobre a existência são os territórios para onde Parece que o Mundo nos leva de viagem. Diante de cortinas escuras a pender em semicírculo num intenso contraluz com o luminoso fundo do palco, quatro figuras de toucas na cabeça e fatos de banho discretamente coloridos evoluem para a boca de cena, numa sucessão de poses, como banhistas retro a rastejar de bruços mirando em redor em atitudes de focas atónitas; escutamos o som amplificado dos seus corpos a roçar uma areia imaginária e, ténue, o das vagas a nascer e a morrer na praia. Do corpo de uma mulher que abraça e tange as cordas de um contrabaixo, solta-se um cântico gutural que parece sair-lhe das entranhas, quase se confundindo com o instrumento que acolhe com o ventre; quando um homem expõe o rosto de olhos semicerrados a um clarão de luz, é na nossa própria pele que experimentamos o langor cálido do sol a penetrar. Silhuetas oscilantes fazem-nos acreditar em folhas secas a rodopiar ao sabor imprevisível de uma brisa. Autoria: Clara Andermatt e João Lucas Coreografia: Clara AndermattÉ sobretudo através de um mergulho sensorial nos elementos do mundo natural, na experiência física de estar vivo, e nas cogitações existenciais, poéticas ou metafísicas que tais percepções suscitam no humano, que se percebe que o último livro que Italo Calvino (1923-1985) publicou em vida, Palomar, foi o gatilho desta criação. Livro que, na verdade, se quis diluir na peça. Dele restam, talvez, a própria performatividade do texto – estrutura modular, de breves contos –, a alusão à personagem do Sr. Palomar (a discreta mas omnipresente presença em cena do homem que observa), e imagens alusivas à sua meditação ficcional. Nesta primeira verdadeira co-criação da coreógrafa com o músico-compositor João Lucas, o principal traço de identidade está na conexão intrínseca entre movimento e som, na liberdade despudorada com que um invade o território do outro: Andermatt (n. 1963) e João Lucas (n. 1964), parceiros criativos desde os primórdios da Nova Dança, apostam, nesta sua 14. ª colaboração, num entrosamento orgânico entre quatro bailarinos, três músicos, um violino, um violoncelo e um contrabaixo (que se transformam de objectos em sujeitos performativos). Fusões sensuais entre corpos e instrumentos a dissipar funções convencionais de uns e outros são um desenvolvimento, que nos traz imagens e memórias, de experiências criativas da dupla em Uma História da Dúvida (1998), Dan Dau (1999) ou Void (2009). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas há em cena outro personagem: os sons electrónicos espacializados (Jonas Runa) constroem patamares discursivos subliminares, qual dança auditiva e cenografia invisível, essenciais a esta viagem. A cópula das tartarugas, no seu bizarro jeito lento e pesado ao som de Can’t help falling in love (Elvis Presley), traz-nos de volta o humor irónico de Andermatt. Ao distinguir figuras humanas soerguidas por entre o fumo, somos guiados, quiçá, ao flagelo incompreensível dos incêndios, qual rebelião desordenada da natureza contra a civilização. Parece que o Mundo envolve-nos num maravilhamento, numa sucessão de sentidos em aberto. À medida que se encaminha para o final, porém, a peça parece perder algum do seu fôlego inventivo, e resquícios algo literais (como a alusão aos baixos relevos pré-colombianos) fazem certo contrapeso à prossecução do seu magnífico voo livre sobre os enigmas do mundo.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Portugal, a Ibéria e a Europa: cruzamentos criativos em quatro séculos de música
O último fim-de-semana foi palco, em Lisboa, de uma série de eventos musicais complementares entre si, dos quais, por impossibilidade de desdobramento físico de quem aqui assina, só uma parte será devidamente comentada. (...)

Portugal, a Ibéria e a Europa: cruzamentos criativos em quatro séculos de música
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O último fim-de-semana foi palco, em Lisboa, de uma série de eventos musicais complementares entre si, dos quais, por impossibilidade de desdobramento físico de quem aqui assina, só uma parte será devidamente comentada.
TEXTO: Em co-produção com Fundação Juan March, decorreu na Fundação Gulbenkian o ciclo Iberia, dedicado às relações musicais entre Portugal e Espanha, e composto por quatro concertos de música antiga e duas curtas mesas-redondas. O período cronológico estendeu-se de c. 1550 a c. 1800; no concerto inaugural, só os 50 anos mais recentes ficaram de fora, enquanto os restantes se concentraram numa época ou num estilo. O recital do cravista Pierre Hantaï percorreu, na primeira parte, peças desde Antonio de Cabezón (1510-1566) a Juan Bautista Cabanilles (1644-1712), enquanto a segunda parte foi dedicada a Carlos Seixas (1704-1742) e Domenico Scarlatti (1685-1757). Em tudo o cravista colocou a marca do seu virtuosismo, feito não só de fluidez e fulgor, mas também de clareza na articulação e de perfeição no balanço rítmico. As célebres variações sobre o tema Las Vacas, de Cabezón, soaram surpreendentes e acutilantes, enquanto as Passacalles de primer tono, de Cabanilles, apresentadas como primeira audição moderna, foram dadas de forma absolutamente feérica. A conexão estilística entre Seixas e Scarlatti foi sublinhada por uma interpretação em que não se negou ao primeiro o golpe de asa geralmente associado ao segundo, nem a este último a delicadeza galante característica do primeiro. Longe vão felizmente os tempos em que se tentava, com Seixas, demonstrar a oposição entre a alma portuguesa e a espanhola, e em que se supunha ter sido Scarlatti surdo à música ouvida em Lisboa!De facto estava-se então em pleno período de assimilação, nos reinos ibéricos, da música coeva italiana, processo que se acentuou com a chegada de alguns dos seus mais destacados representantes, como Scarlatti. Pelo contrário, Jayme de la Té y Sagau, músico de origem catalã que residiu em Lisboa cerca de 30 anos (entre 1706-7 e 1736), é ilustrativo do anterior período de transição. Embora tenha montado na capital uma oficina de impressão musical, é hoje virtualmente desconhecido como artista; este ciclo deu-nos a oportunidade de o apreciar como compositor capaz da expressão textual mais veemente. Deliciámo-nos com a faceta amável da cantata a solo Ansia enemiga, mas também com a faceta furiosa e virtuosística, mais ao estilo italiano, da cantata a solo Qué me quieres, ambas defendidas com inigualável verve por Ana Quintans e Carlos Mena, respectivamente. As duas facetas surgiram bem representadas no último duo do programa, Miró a Matilde el Amor, uma obra belíssima que demonstra à saciedade o virtuosismo retórico do autor e, por implicação, a capacidade de realização artística e intensificação emocional da vida musical lisboeta de inícios do século XVIII. Contudo, sendo estas cantatas relativamente curtas e sem forma fixa, a opção de as interromper a meio para que o teclista mudasse de instrumento (cravo ou órgão) prejudicou desnecessariamente a percepção da sua unidade; também a opção de as intermediar com uma só peça para cravo de cada vez pecou por saber a pouco. No que respeita à música vocal, o ciclo contou ainda com o Coro Gulbenkian, numa versão de apenas 16 vozes, sob a direcção segura e sensível de Pedro Teixeira. Este apresentou um programa de obras marianas ibéricas dos séculos XVI-XVII, em que avultou, na segunda parte, a estreia moderna do Magnificat do 8º Tom de Filipe de Magalhães (c. 1571-1652) e, na primeira, a Missa Maria Magdalena, a seis vozes, de Francisco Garro (c. 1556-1623). A textura frequentemente cerrada desta última obra deriva de um motete de Guerrero; o tratamento do Credo e especialmente o Sanctus e o Agnus Dei revelaram-se admiráveis, apesar de os naipes de soprano terem soado pontualmente pouco confiantes e coesos. Houve também ensejo de escutar, entre outras peças, a exploração magistral do hino Ave maris stella por Estêvão Lopes Morago (c. 1575-c. 1630); de Diego Ortiz (1510-1570), o motete Beata es Virgo Maria (raramente executado, mas bela ilustração do ideal de suavidade sonora da época); e a inspiradora energia de Estêvão de Brito (c. 1570-1641) no gradual Sancta Maria e no motete O Rex gloria, que fechou o concerto. A parte cronologicamente mais recente do ciclo foi confiada ao quarteto de cordas Quiroga, cujas coesão e musicalidade foram patentes ao longo do programa, dedicado ao estilo clássico de raiz haydniana. A par da escrita competente e agradável, mas pouco aventurosa, de João Pedro de Almeida Mota (1744-1817) — um lisboeta que fez carreira em Espanha —, pudemos apreciar a inspiração do Quinteto para cordas com duas violas nº1, de José Palomino (1755-1810) — um madrileno que, a partir de 1733, se integrou na vida musical da corte e dos teatros lisboetas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Enquanto se realizava este concerto, no Museu da Música dava-se a ouvir, através do pianista Philippe Marques, João Domingos Bomtempo (1771-1842), da geração seguinte, cujas referências se encontravam sobretudo em Paris e Londres. Ao princípio da noite, num programa intitulado Viena-Lisboa 1816-1916, a Orquestra Metropolitana, sob a batuta de Pedro Neves, apresentou no Teatro Thalia uma bela interpretação da Sinfonia nº 4 de Schubert, escrita em 1816, e o Concerto para violino de Luís de Freitas Branco, escrito um século depois. Embora haja ainda margem para que a interpretação cresça em equilíbrio orquestral e convicção solística, o violinista Carlos Damas alardeou segurança técnica e beleza tímbrica numa obra tardo-romântica, em muitos aspectos atractiva, sobre a qual pairam o melodismo de Grieg e o fôlego épico de Rimsky-Korsakov, especialmente patente na orquestração, onde sobressaem, de forma surpreendente, os metais. Solista: Carlos Damas (violino) Direcção musical: Pedro NevesMais um século decorrido, Luís Tinoco escreveu Cassini em celebração dos 25 anos da Orquestra Sinfónica Portuguesa — mas sobre a sua estreia no passado domingo, no Centro Cultural de Belém, pela mesma orquestra, ao mesmo tempo que Té y Sagau era revelado na Gulbenkian, infelizmente só podemos especular.
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Tempo domingo
Taberna dos Cabrões: ossos, iscas e um chocalho quando há “gado novo”
É uma taberna onde reina a boa disposição, por entre as piadas de Serafim e as melhores iscas do Montijo e mais além. (...)

Taberna dos Cabrões: ossos, iscas e um chocalho quando há “gado novo”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: É uma taberna onde reina a boa disposição, por entre as piadas de Serafim e as melhores iscas do Montijo e mais além.
TEXTO: Estamos sentados a comer um prato de rins grelhados e a olhar com alguma inveja para o que, noutras mesas, parece ser um cozido, mas que aqui se chama “ossos carregados” e que já tinha acabado quando fizemos o nosso pedido, quando a porta que dá para o pátio se abre e entra uma figura imponente com um chocalho na mão. Serafim Tavares, nascido nas Beiras há 61 anos, mas homem do Montijo desde sempre, é grande, de bigode afirmativo, e toca o chocalho com tanta energia que quase damos um salto na cadeira com o susto. Mas na Taberna dos Cabrões, no Montijo, é sempre assim, os almoços acontecem entre brincadeiras — “dizemos que o chocalho é quando há gado novo”, explica depois, quase a desculpar-se pela brejeirice. Mas é precisamente pela brejeirice e pela animação que muita gente vem a esta casa, no Alto das Barreiras, com uma fachada onde ainda se lê Vinhos e Petiscos e que quase passaria despercebida a quem vai na estrada, não fosse o grande número de carros estacionados junto à porta — sempre sinal de que alguma coisa boa se passa no interior. Serafim está na grelha, mas de vez em quando faz a sua aparição na sala, diz umas quantas piadas relacionadas com o nome do estabelecimento, deixa os clientes às gargalhadas e volta para o trabalho. Mas se o nome desperta a curiosidade e as piadas chamam gente, o facto é que a comida é o mais importante. E aqui come-se bem. “Não trabalhamos com congelados, o grão é posto de molho, o feijão é posto de molho, a alface é apanhada no dia, se comeu alface agora ao meio-dia, às 10h ela ainda estava na terra”, garante Serafim, quando, às 16h30, consegue finalmente sentar-se a conversar connosco no pátio exterior, onde fica também, numa zona coberta, a grelha que durante a hora do almoço não pode largar. Este pátio onde estamos, Serafim conhece-o muito bem, desde pequeno. “Fui criado aqui ao lado, onde é a Fábrica Isidoro”, conta. “A gente fugia à minha mãe para vir para aqui para a brincadeira. ” Nesse tempo, como diz a fachada voltada para a estrada, esta era uma casa de vinhos e petiscos. “Havia uma senhora que esteve aqui 55 anos dentro do balcão. Tenho ali o alvará de 1946, que é o mais antigo do Montijo ainda em actividade. ”Por volta de 2002, Serafim começou a vir “vender uns copos” — e nunca mais saiu. Para acompanhar os copos fazia umas comidas, começaram a servir um almoço e a casa foi-se fazendo. A história do nome, já a contou mil vezes, mas aqui fica para memória futura: “À tarde juntava-se sempre bastante gente, porque a fábrica do tijolo ainda trabalhava. Havia aqui um indivíduo, que por acaso até era da minha criação, que dizia que só pagava para cabrões. Estavam ali uns sete e ele disse ‘se for cabrão podes dar-lhe um copo’. No final perguntou quanto era e todos tinham bebido, e ele disse ‘ah, bebeu tudo, então é uma taberna de cabrões. ” E assim ficou. Com a Ana, “que está nas contas, ao balcão, e foi criada aqui praticamente” com ele, e com o filho, Serafim tornou a Taberna dos Cabrões uma referência. “Até o nosso actual primeiro-ministro veio aqui”, antes de ser chefe do Governo, diz, lembrando o momento que deu até foto no jornal. Mas manter uma casa de onde os clientes saiam sempre felizes não é tarefa fácil. Serafim levanta-se às seis da manhã para garantir produto fresco. “Hoje, eram seis e já estava no mercado abastecedor para retalhistas a escolher o meu produto. Vou lá comprar tudo, não quero que me tragam nada. Ao talho vou todos os dias, porque as coisas acabam. Ali no quadro já devem estar cruzes dos pratos que acabaram, amanhã é tudo fresco outra vez. ” Quando chegou das compras, já era altura de “pôr os ossos ao lume” num prato de Inverno que, “para quem não comer os enchidos, pode-se considerar um cozido light”. Mas o prato mais famoso são as iscas (e, segundo diz Serafim, António Costa é um dos apreciadores). “Vêm pessoas de longe por causa delas. A diferença é que eu corto-as fininhas, se pedir no talho não cortam assim. E são temperadas na hora, não as ponho a marinar, o nosso alho é branquinho por causa disso. E como são muito fininhas, ganham gosto. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No início, o que sabia fazer na cozinha era desenrascar-se — “eu tinha uns oito anos e já estrelava ovos para mim e para o meu irmão” — mas o gosto foi-se instalando e hoje vai a outros restaurantes e conversa com amigos cozinheiros, sempre a querer aprender mais. “Amanhã era para fazer grão com mão de vaca, mas afinal vai ser um borregozinho à pastor”, promete. Estrada Nacional 119, Km 1, MontijoTel. : 212 320 056Aberto todos os dias, das 10h às 19hÀs vezes, olhando para o movimento à porta, havia quem perguntasse: “Como é que aquela barraca mete tanta gente?”. Serafim faz um sorriso modesto: “Você vê, a casa é humilde, pobre. A gente tenta fazer a diferença. ” Quanto aos cabrões, não é caso para preocupação. “Como diz um cliente nosso, nem todos os que aqui vêm são, mas nem todos os que são vêm, se não era preciso um restaurante daqui até Pias. ” E lança uma das suas sonoras gargalhadas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho homem vaca
Depois do Noma, Artur Gomes cozinha com sangue na guelra
Passou cinco meses naquele que é considerado um dos melhores restaurantes do mundo, onde fez, entre outras coisas, garum de esquilo. Artur acaba de voltar a Portugal e acompanhámos a sua estreia num dos jantares Sangue na Guelra. (...)

Depois do Noma, Artur Gomes cozinha com sangue na guelra
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Passou cinco meses naquele que é considerado um dos melhores restaurantes do mundo, onde fez, entre outras coisas, garum de esquilo. Artur acaba de voltar a Portugal e acompanhámos a sua estreia num dos jantares Sangue na Guelra.
TEXTO: Artur Gomes era o menos experiente dos chefs que cozinharam no primeiro de dois jantares Sangue na Guelra, dia 20, no Restaurante Erva, em Lisboa (o segundo aconteceu dia 26 no também lisboeta Prado). Mas essa menor experiência foi inteiramente colmatada pelo enorme entusiasmo com que este jovem de 25 anos cozinhava – e fazia-o em nome próprio pela primeira vez desde que regressou de um estágio de cinco meses no Noma e no Noma Lab, o laboratório de experiências de fermentação do restaurante de Copenhaga, considerado já por quatro vezes o melhor do mundo na lista The World’s 50 Best Restaurants. Como é que essa experiência lhe mudou a cabeça, perguntamos. “A cabeça continua a mesma”, responde com um sorriso. “Consegui foi absorver o máximo de técnicas possível. Sou uma pessoa muito sossegada, muito quietinha, que gosta de ler, vivo agarrado aos livros, passava as horas do almoço a ler jornais. ” A sorte é que David Zilber, o responsável pelo laboratório de fermentação, é o mesmo tipo de pessoa. “O David chegava ao laboratório a ler artigos de física quântica para conversarmos sobre o assunto. Explorávamos ideias como fritar a baixa temperatura”, conta. “Aqueles meses valeram-me como um ano, aprendi imenso. ”Já tinha enviado várias vezes o currículo para o Noma – que recebe constantemente estagiários vindos de todo o mundo – mas, finalmente, este ano foi escolhido. Os primeiros dois meses, passou-os na cozinha de produção e serviço e os restantes três no laboratório. Havia dias de trabalhar oito horas e outros de trabalhar vinte. “Quando comecei era o pico do Verão e tínhamos disponível tudo o que era produto”, recorda. “Estivemos a tornear 6500 alcachofras para o próximo menu de peixe e marisco, preservámos tonelada e meia de cogumelos, fizemos 600 quilos de vinagre de abóbora mais 120 quilos de garum de esquilo. ”Garum de esquilo? Garum é o molho feito a partir das vísceras de peixes fermentadas que os romanos consideravam uma iguaria e que pode ser reproduzido com outros ingredientes. Mas porquê esquilos? “São uma das carnes mais consumidas nos Estados Unidos. O que fizemos foi ver se na Dinamarca os esquilos também eram comestíveis, mas não queríamos servir directamente o animal ao cliente, para não o assustar, para isso já basta o cérebro de pato. Foi assim que desenvolvemos o garum que acabou por ir parar ao menu. ”No início, sobretudo com um dos chefs na cozinha, teve que vencer alguma desconfiança. “Ele era um durão à moda antiga e tivemos alguns choques porque ele pensava que eu era mais um que estava ali para usar o nome do Noma. Mas eu já tinha estado no Celler de Can Roca [Espanha], no Belcanto, e estava ali para aprender mesmo, com o espírito aberto. E tive que provar isso. ”Luke Kolpin, que também veio a Portugal apresentar um snack e um prato no mesmo jantar Sangue na Guelra, é no Noma o responsável pelos estagiários, e braço-direito do chef René Redzepi. Quando conheceu Artur teve a intuição de que ele iria enquadrar-se bem no laboratório. “Parte do meu trabalho com os estagiários não é tanto pôr alguém numa secção porque é preciso mais um par de mãos, tenho que pensar naquela pessoa específica, na forma como ela aprende. ” Com Artur, fez “uma das melhores opções”. A liberdade que existe no Noma para quem prova que está a dar o seu melhor permitiu a Artur contribuir com algumas ideias e desenvolver pelo menos dois produtos que estarão no próximo menu de peixe e marisco: um vinagre de dashi com metade de algas fumadas e um katsuobushi [flocos de carne seca] de rena para ser mais escandinavo”; e uma espécie de molho de soja feito a partir de ervilhas. “O dashi acabou por desenvolver um perfil de aromas muito interessante e provavelmente vamos deixá-lo envelhecer em madeira”, conta, entusiasmado. Quando o encontrámos a preparar o jantar do Sangue na Guelra, Artur tinha chegado há quatro dias do Noma. “Estes pratos foram criados nos últimos 15 dias. Tive o convite [da Ana Músico e do Paulo Barata, organizadores destes jantares com jovens chefs] e comecei a desenvolvê-los, mas foi basicamente uma noite, já tinha algumas coisas pensadas, umas ideias escrevinhadas e disse: porque não?”. Apresentou como snack um xerém de berbigão, em cima de uma base feita também de milho. “Faz dez anos que me mudei para o Algarve e é uma zona que tem tanto para dar, não só do lado do barlavento, onde estão todos os restaurantes com estrelas Michelin, mas do sotavento, que não tem estrela nenhuma mas tem tanto produto e tanto para dar. ” O xerém foi, por isso, uma homenagem. Quanto ao segundo prato, um fígado de tamboril frio coberto de folhas de trevo, com cogumelos, nasceu da preocupação em evitar o desperdício. “Gosto de usar os produtos a 100% e um dos que mais desperdiçamos é o tamboril, porque tem uma cabeça enorme que só é aproveitada para fazer caldo de peixe. Pensei como podia ir mais além, cheguei até a tirar as línguas ao tamboril. Aproveito o fígado, a pele, com que fazemos o crocante, e a bochecha, que é uma carne superválida, mais cara que lombo na Dinamarca. Só não usei a língua porque ia precisar de uma tonelada delas. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O aproveitamento é uma preocupação que Artur trouxe do Noma – os pratos que Luke apresentou no Sangue na Guelra (incluindo uma deliciosa abóbora com levedura, cogumelos e avelãs) partiram também da ideia de reaproveitar ingredientes parcialmente usados para outros pratos e que seriam descartados. Ao lado de Luke e de Artur cozinharam no Erva Carlos Gonçalves (chef do restaurante anfitrião), Daniel Costa do Alma (de Henrique Sá Pessoa, que acaba de conquistar a segunda estrela Michelin) e Filipe Manhita, chef de pastelaria da Fortaleza do Guincho.
REFERÊNCIAS:
O restaurante mais sustentável do mundo agora tem uma estrela Michelin
António Loureiro fez-se chef em muitas latitudes, mas é em Guimarães que ganha fama. Na manhã seguinte à gala do Guia Michelin, trabalha-se como se nada tivesse acontecido. (...)

O restaurante mais sustentável do mundo agora tem uma estrela Michelin
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: António Loureiro fez-se chef em muitas latitudes, mas é em Guimarães que ganha fama. Na manhã seguinte à gala do Guia Michelin, trabalha-se como se nada tivesse acontecido.
TEXTO: Vitória é um substantivo de suprema importância para Guimarães. Na língua dos vimaranenses, significa futebol, ou D. Afonso Henriques. No dicionário do chef António Loureiro, que ali nasceu há precisamente 50 anos (feitos em Outubro), passa a ser sinónimo de 2018: o restaurante dele, A Cozinha, foi eleito o mais sustentável do mundo há dois meses. Agora, a mesma casa que abriu no centro histórico acaba de receber uma estrela Michelin – a primeira para Guimarães e logo para um restaurante que praticamente acabou de nascer. "Se estava à espera? Não. Foi uma agradável surpresa", diz António Loureiro ao PÚBLICO, na manhã seguinte à noite do prémio. "O restaurante tem cerca de dois anos, demo-nos a conhecer ao guia [Michelin] há apenas um ano e não estávamos de facto à espera disto", conta. "Tinha esperança? Sim, quem trabalha com paixão tem sempre a ambição de chegar a algum lado. "Foram muitas voltas para chegar a este lado. Aos 20 anos, depois do secundário, pensou na cozinha como uma opção de carreira. Fez a primeira formação e foi logo atirado aos leões. Seguiu-se a escola de Hotelaria do Porto, para ganhar mais conhecimento e aquela confiança com que acabaria por abrir o primeiro restaurante, o Ruínas, nos arredores da cidade que o viu nascer. Foi um projecto que o "entusiasmou muito", mas, apesar de ter "algum sucesso", acabaria por se sentir "muito preso". "Sentia que não evoluía. Precisava de mais formação, de um sem-número de coisas que me estavam a faltar", recorda. Entendeu que chegara a hora de partir. Vendeu o restaurante e arquivou a veia de empresário para se fazer chef noutras latitudes. Foi para o Alentejo, nas Pousadas de Portugal, seguiu para o Algarve, num projecto hoteleiro. Na mala meteu uma ideia – regressar algum dia a Guimarães – e as primeiras memórias culinárias, que ainda hoje o acompanham, "aqueles aromas da salsa, das ervas aromáticas" que se cultivavam em casa da avó e da tia. "Eram os assados, as sopas. "Foi esse património, mais tudo o que se juntou a ele no caminho de regresso ao Norte, que incorporou no ADN do restaurante que recebe uma estrela. Os Natais na casa da avó, "com 40 pessoas, com esses cheiros que inebriavam, com todos aqueles doces, influenciam os sabores" da cozinha de António Loureiro. "Sou muito tradicionalista na forma de comer. Mas o importante é encontrar no prato a essência do produto, do sabor, do receituário, da nossa cultura", explica – e quando diz nossa cultura pensa "em Portugal, mas primeiro no Minho", que é "a grande influência" da vida gastronómica dele. Com novos saberes no bolso, decidiu regressar ao Minho, primeiro a Ofir, depois Braga. Mas o objectivo final era Guimarães, uma cidade que tem mais de 300 mil dormidas turísticas por ano, só em hotéis, e que ganha aqui mais um ponto de atracção e algo que a distingue como destino para o nicho do turístico gastronómico. O mote da casa é "cozinhar o que a Natureza te dá": produtos de época, comprados pelo chef, no mercado municipal e a fornecedores locais. Isso traduz-se numa carta que refresca sabores típicos com técnicas e combinações inovadoras. Nas entradas, um pesto de tomate e manjericão, uma manteiga trufada, azeite do Douro e uma focaccia caseira com alecrim, cavala e foie-gras, uma sopa à lavrador ou rabo de boi com legumes bio. Do mar, há polvo e pimentos (estes em puré) com cebolinhas, pimento padrão e arroz malandrinho, há bacalhau com puré de grão, azeitona, salsa, cebola e ovo, e ainda uma proposta de rodovalho e lagostim acompanhados por couve-flor, molho de espumante e copita. Nas carnes, porco ibérico, e o coelho. Tal esforço estende-se às sobremesas, de entre as quais se destaca a Chila, uma versão desconstruída da famosa torta de Guimarães, que se caracteriza por ser um rico e recheado doce conventual. A receita original é herdada do antigo Convento de Santa Clara e só é conhecida por duas famílias locais, que continuam a produzir as tortas em exclusivo. Na versão de António Loureiro, a torta apresenta a massa, o doce de ovo e chila num formato diferente, com uma sopa de morangos e uma quenelle de gelado de framboesa a dar um toque de acidez necessária que alivia a extrema doçura desta centenária receita conventual. O restaurante alia esta opção por produtos da terra (comum a muitos chefs) a outra tendência actual: uma política de desperdício zero. Todo o trabalho se submete a esse desígnio. "Há um plano para tudo, desde que o produto entra aqui até ao momento em que começa a ser manipulado. Há um plano para as cascas de tomate, para as aparas de cenoura. As sobras do que vai para o prato têm de ter uma segunda vida, não as tratamos como um subproduto. Tem de ser outro produto e de qualidade", explica António Loureiro. E isso fica patente quando vai para a mesa o Coelho da Quinta, que vem acompanhada de uma salsicha da perna que integra as pernas e toda a carcaça do animal. Assim se vê como n'A Cozinha de António Loureiro desperdício zero não é palavra vã – nem marketing. Em Setembro, esta política valeu-lhes o prémio de restaurante mais sustentável do mundo. Numa competição da Green Key, que reúne 2600 restaurantes de 58 países, a concorrência ficou toda para trás. Depois de em 2014 ter sido eleito o Chefe Cozinheiro do Ano (o mais antigo concurso de profissionais de cozinha em Portugal), já se pode falar numa carreira de sucesso?"Acaba por ser bom para mim, para a cidade e para os meus vizinhos do Largo do Serralho", responde o chef. Quem há 20 ou 30 anos morava neste largo, era vizinho de uma garagem de carros. Agora tem um restaurante com estrela Michelin ao lado de casa. "Para nós, tudo é um pouco mais difícil. Numa cidade como Guimarães, acontece tudo mais lentamente. No Porto ou em Lisboa, há mais visibilidade. Aqui temos de fazer todo um trabalho que nas grandes cidades talvez outros fariam por nós", continua. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Por isso, é importante manter-se realista. A equipa não se apoia num investidor, como acontece com outros chefs, e a fama que se adivinha não vai mudar o percurso. A carta actual será mudada para a semana, com uma ementa sazonal dedicada à caça. Os 40 lugares da casa vão continuar a ser os mesmos. "É bom saber que o chef quer continuar a apostar na autenticidade e na sustentabilidade", comenta a responsável do turismo na Câmara de Guimarães, Sofia Ferreira, que ganhou um novo trunfo para promover a cidade. Na manhã seguinte à surpresa Michelin, que levou o chef até Lisboa, o ambiente em Guimarães é calmo, como se nada tivesse acontecido. António regressou ao restaurante meia hora antes de abrir a casa. "Cheguei a horas para o serviço", comenta com um cliente, que o parabeniza. É a manhã de aniversário da mulher de António Loureiro. "Este ano, já não me preocupo com a prenda. "
REFERÊNCIAS:
Entre no Coyo Taco e imagine que está numa rua mexicana
Há mais na comida mexicana para além dos tacos e é com paixão que Alan Drummond fala dos pratos típicos do seu país. (...)

Entre no Coyo Taco e imagine que está numa rua mexicana
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há mais na comida mexicana para além dos tacos e é com paixão que Alan Drummond fala dos pratos típicos do seu país.
TEXTO: Alan Drummond é mexicano, mas estudou gestão hoteleira na Suíça. Andou pelo fine dinning um pouco por todo o mundo, do Dubai a Londres, até que aterrou em Miami. Pelo caminho conheceu Sven Vogtland e Scott Linquist, que também fizeram percursos semelhantes na restauração. Todos sonhavam com comida de conforto, mais do que com o requinte de um restaurante com estrela Michelin. Juntaram-se e criaram o Coyo Taco. Além de três na Florida e de outros dois, um no Panamá e outro na República Dominicana, os sócios juntaram-se à portuguesa Multifood e abriram o seu primeiro restaurante fora do continente americano. Fica no Príncipe Real, em Lisboa. Em Miami, onde o primeiro restaurante foi inaugurado em 2014, em Wynwood, o bairro dos artistas, a música ouve-se alta e o ambiente é descontraído, conta Drummond à mesa do restaurante lisboeta. O convite é para comer com as mãos e, por isso, os pratos vêm em tabuleiros de alumínio que, embora novos, parecem estar já amolgados pelo uso. Os talheres servem apenas para as bowls, insiste. Morada: Rua D. Pedro V, 65, Lisboa Telefone: 210 529 201 Horário: das 12h às 24h (até à 1h, de quinta a sábado) Preço médio: 20 euros Não aceita reservasÉ Drummond quem escolhe o que vamos comer e vai explicando cada um dos pratos – a preocupação em ter os mesmos produtos que na América, como o abacate hass ou o achiote (“uma especiaria do tempo dos incas”, define), pelo que muito do que chega à mesa foi importado. Mas há mais: os cozinheiros portugueses foram fazer formação a Miami e o contacto com Lisboa é para se manter porque os sócios do outro lado do Atlântico querem garantir que o conceito não é adulterado. “Sempre que puder, venho, qualquer desculpa vai servir para voltar”, confessa o mexicano, que está apaixonado pela luz de Lisboa. O nome “coyo” inspira-se no bairro onde cresceu, Coyoacán, na Cidade do México, famoso pelos artistas e pensadores – Diogo Rivera, Frida Kahlo, Trostsky, enumera Drummond. Um sítio onde se caminha pela rua e se podem comer muitas das propostas que nos chegam à mesa como o esquite (milho, alioli de chipotle, queijo, jalapeño e coentros) ou o guacamole. Estas são as entradas. Entre a variedade de tacos propostos, a escolha recai sobre dois: carnitas de pato (pato confitado, michoacan style, salsa serrano, cebola roxa, queijo e coentros) – “em Miami fazemos com porco e na República Dominicana com borrego, mudamos de país para país”, justifica –; e cochinita pibil (porco assado, Yucatán style, achiote, picles caseiros de cebola e habanero, queijo e coentros). Na Flórida, durante três anos seguidos ganharam o prémio de “best taco”, promovido pelo jornal local, o Miami News Times; e também já ganharam pela melhor margarita. Esta é outra aposta do restaurante, os cocktails com os quais se pode acompanhar a refeição, além das cervejas e outras bebidas da região. À mesa chega ainda um burrito (tortilla de trigo, arroz, esmagada de feijão, pico de gallo, queso mixto, queso crema) de Camaron e uma quesadillla (quatro fatias de tortilla de trigo com queso mixto, pico de gallo, salsa chipotle, coentros, queijo e queso crema). As tortilhas são feitas mesmo à nossa frente, aliás, tal como a maior parte dos pratos e das bebidas, uma vez que a cozinha é completamente aberta para a sala, que tem apenas 24 lugares. Durante as eleições intercalares nos EUA, Obama passou por Miami em campanha pelos democratas e esteve no Coyo Taco, orgulha-se Drummond, que lamenta que os republicanos tenham ganho. “Dissemos-lhe que íamos abrir em Portugal”, conta e Obama gostou de saber, acrescenta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foi numa ida a Miami que Rui Sanches, CEO do grupo Multifood, conheceu este fenómeno e quis trazê-lo para Portugal. Chegados à Europa, têm ambição para chegar a outras capitais? Drummond responde com um encolher de ombros. “Gostamos de trabalhar com pessoas e não com multinacionais. Conhecemos as famílias com quem abrimos restaurantes no Panamá e na República Dominicana. ” Mas a Multifood é uma empresa com alguma escala, aliás, alguns dos restaurante na zona onde o Coyo Taco abriu pertencem ao grupo, como o Tapisco, o Pesca, o Zero Zero, argumentamos. “Sim, mas conhecemos o Rui”, responde o mexicano. O almoço termina com churros polvilhados com açúcar e canela e que se podem molhar em chocolate mexicano ou cajeta (uma espécie de leite condensado feito com leite de cabra) e um gelado mexicano, paletas, de dulce de leite – há outras variedades, como ananás e hortelã, mousse de lima, ou morango e limão. Drummond já não fica para a sobremesa, ainda tem muita Lisboa para ver antes de, à noite, assistir à atribuição das estrelas Michelin, algo que não deseja para si, confessa. “O México é muito grande, há comida de diferentes regiões e queremos mostrar o melhor de cada uma”, despede-se. A Fugas almoçou a convite do Coyo Taco
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Seis lobos-marinhos bebés encontrados decapitados na Nova Zelândia
As crias foram encontradas na península de Banks, perto da cidade de Christchurch, na ilha Sul da Nova Zelândia. Os lobos-marinhos fazem parte das espécies protegidas do país. (...)

Seis lobos-marinhos bebés encontrados decapitados na Nova Zelândia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: As crias foram encontradas na península de Banks, perto da cidade de Christchurch, na ilha Sul da Nova Zelândia. Os lobos-marinhos fazem parte das espécies protegidas do país.
TEXTO: Seis lobos-marinhos bebés foram encontrados decapitados na segunda-feira, 17 de Dezembro, numa baía da península de Banks, perto da cidade de Christchurch, na ilha Sul da Nova Zelândia. As crias de 11 meses foram vistas a flutuar na maré de Scenery Nook, uma baía pouco movimentada da península, por um operador turístico de viagens de barco da localidade. Segundo o Departamento de Conservação da Natureza (DOC) do país, os lobos-marinhos terão sido decapitados num local que não aquele onde foram encontrados, antes de serem largados ao mar. Andy Thompson, gerente de operações do DOC, garante que "devido à natureza perturbadora, brutal e violenta deste crime contra as crias bebés indefesas, o acto foi denunciado à polícia que já esteve no local para tentar encontrar o responsável", lê-se no comunicado do departamento, que acrescenta ainda que as cabeças dos mamíferos não foram encontradas. Três das seis crias vão ser autopsiadas na Universidade de Massey e já foi descartada a possibilidade de as mortes terem sido provocadas por um ataque de tubarão. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Segundo as declarações de Andy Thompson no comunicado, o ódio contra estes animais vem do pensamento errado de que estes "consomem grandes quantidades de peixes valorizados na dieta humana" e que, assim, roubam o sustento aos pescadores da área. No entanto, acrescenta, a dieta dos lobos-marinhos "é maioritariamente constituída por peixe-lanterna, uma espécie que não é consumida" pelos humanos. Os lobos-marinhos são uma das espécies protegidas pela Lei de Protecção dos Mamíferos Marinhos da Nova Zelândia e é considerado crime assediá-los, perturbá-los ou prejudicá-los. Já não é a primeira vez que casos semelhantes acontecem naquela zona. Em Agosto deste ano, 41 lobos-marinhos, uma mãe e 40 crias, foram encontrados sem vida na baía de Te Oka, perto de Christchurch. Também na costa de Washington e de Seattle, nos Estados Unidos da América, foram encontradas seis crias de lobos-marinhos com ferimentos de balas e outras sete que morreram por "trauma agudo", relata a NBC News.
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Castro Almeida pede "tréguas" para que PSD "não caia num suicídio colectivo"
Vice-presidente do PSD lança apelo a críticos de Rui Rio e acusa António Costa de "arrogância" e "autoritarismo" (...)

Castro Almeida pede "tréguas" para que PSD "não caia num suicídio colectivo"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Vice-presidente do PSD lança apelo a críticos de Rui Rio e acusa António Costa de "arrogância" e "autoritarismo"
TEXTO: Manuel Castro Almeida, vice-presidente do PSD, reconhece que o "ruído" e o clima de "hostilidade" provocado pela guerra de poder dentro do partido está a impedir Rui Rio de fazer passar para a opinião pública as propostas de oposição ao Governo. Em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença, que pode ouvir hoje a partir das 12h, lamenta que Santana Lopes tenha saído do PSD por meras questões de "poder". Em Abril, depois de assinar dois acordos com o Governo, dizia-nos que a partir daí o PSD tinha de intensificar a oposição ao Governo. Foi isso que o PSD fez?Manifestamente sim. Há um acentuar de críticas e de formulações alternativas. Basta ver o que se passou com este OE2019. O PSD apresentou mais de 100 propostas alternativas às do PSD. Apresentámos também soluções concretas sobre o problema demográfico, na área da economia e finanças. É bem certo que não há uma percepção pública das propostas do PSD. Em boa medida porque há um problema que ainda não resolvemos que é de ruído interno que dificulta que as nossas propostas passem. Quando se fala de questões internas, não se fala de oposição. Pois, o que se intensificou entretanto foi a polémica interna. Como é que resolverá esse ruído interno?Vou querer contribuir para que as vozes do partido falem mais sobre o Governo e a alternativa ao Governo do que sobre as questões internas. Mas não vou fugir à questão porque ela é importante. É verdade que hoje há um clima de divisão, de confrontação, de divisão, de hostilidade no interior do partido que é excessivo, não é normal. Quase como se houvesse um partido na direcção e outro no Parlamento. Há, de facto, um clima de divisão que prejudica a afirmação do partido, faz ruído e não deixa o partido afirmar as suas mensagens. Este problema tem de ser enfrentado e resolvido. Há dois lados de um conflito e isto só se resolve se os dois lados resolverem aproximar-se. Tem de haver um esforço de aproximação de ambas as partes. O primeiro responsável por garantir a unidade do partido é o presidente e a direcção. Mas também é necessário que do outro lado haja a aceitação plena dos resultados eleitorais. Ele é líder, tem legitimidade, ganhou as eleições. Quando se ganham eleições, há uma legitimidade acrescida. Identifica esse outro lado com o grupo parlamentar?Não vou, de maneira nenhuma, invocar nomes de companheiros meus que na maior parte dos casos estimo. Não está a falar de Miguel Relvas, como dizia David Justino há dias?Não falo de nenhum nome em particular. Falo de companheiros que não se revêem na actual direcção. Têm todo o direito de não se rever, mas têm também o dever de contribuir para que o partido não caia num suicídio colectivo. Isso é dever de todos. É necessário que haja do outro lado um período de tréguas. Porque se não quem perde é o conjunto do partido. Mas Rui Rio parece querer afirmar-se pelo confronto e não pela aproximação. A solução não está na confrontação, mas no diálogo, cooperação entre militantes. Não há no PSD uma fractura ideológica, divisões programáticas. Não há os socialistas e os liberais, não há aqui os inadiáveis. Há pessoas que estiveram na solução ganhadora do congresso e pessoas que não estiveram. Há lutas de poder e afirmações de diferentes estilos e diferentes métodos. Isso torna este processo mais fácil de resolver. Tem é de haver disponibilidade de ambas as partes para o compromisso evitando a confrontação de forma a colocarmos o partido no trilho que nos possa permitir afirmar as nossas propostas. Não diria então como o dr. Rui Rio que quem discorda, deve sair do partido?Rui Rio não disse isso, disse que quem tem divergências estruturais deve sair do partido. Então quem tem divergências estruturais deve entrar no partido? Quem tiver diferenças estruturais deve estar fora evidentemente. Acha que Santana Lopes teve divergências estruturais e que foi por isso que saiu?Vejo com pena a sua saída, mas aqui não houve nenhuma diferença estrutural ou ideológica. Foi um problema de disputa de poder. Não teve o poder dentro do PSD, foi procurar uma alternativa que lhe permitisse estar no poder. Não conheço divergências ideológicas. Como viu o caso das faltas do deputado José Silvano? A seguir têm aparecido outros casos como as falsas presenças de Matos Rosa e Duarte Marques e agora o caso de Feliciano Barreiras Duarte. Acha possível que só os deputados do PSD tenham presenças indevidamente marcadas no Parlamento? Ou tudo isto é só luta a intriga interna social-democrata?Não sei. Só posso dizer que não conheço os factos. Há um inquérito da PGR. Espero que o apuramento dos factos seja breve. Quanto ao princípio, é tudo muito claro: qualquer deputado que falsifique uma presença merece censura. Não há desculpa para uma coisa dessas. Se algum companheiro do meu partido praticou factos que são imputados e que aparentemente não são verdadeiros - estou, aliás, convencido de que não são verdadeiros, no caso, por exemplo, do deputado José Silvano -, era grave. Há pouco disse que o PSD não pode entrar num caminho de suicídio colectivo. Há já quem fale em riscos de desagregação e implosão. Isso preocupa-o?Acredito na linha ideológica do PSD. Este partido não pode nunca acabar. É o que tem melhores condições de conduzir o país a um caminho de sucesso, progresso e justiça social e de voltar a tirar Portugal da cauda da Europa. Não estou receoso da extinção do partido. Mas o país merece e precisa ter um PSD forte. Temos de nos organizar internamente. Se não fosse assim, podíamos correr o risco de deixar que o dr. António Costa tivesse uma maioria absoluta nas próximas eleições. Isso seria gravíssimo. Nestes três anos, fomos ultrapassados por três países da União Europeia: a Estónia, Lituânia e Eslováquia. E o dr. António Costa anda todo bem-disposto a achar que tem resultados fantásticos porque o PIB cresceu 2%. O que é que o PSD acha de António Costa primeiro-ministro? Tratam-no como se fosse um primeiro-ministro razoável. Vou tentar deixar o dr. António Costa mal-disposto sem o agredir ou insultar. Só recordo que anda a apropriar-se de méritos que não tem. Não é bonito. Faz crer que tem um crescimento económico fantástico quando afinal estamos a deixar-nos ultrapassar por outros partidos europeus. Faz crer que está a fazer um trabalho fantástico no défice quando fez um trabalho mínimo comparado com os três mil milhões por ano que Passos Coelho cortou - Costa vai cortar pouco mais de mil milhões. E apresenta-se como o campeão das contas equilibradas. Essa é a maior crítica que faz a António Costa? Este PSD não é demasiado brando com Costa? Rui Rio, no caso da recondução da PGR, deu apoio a qualquer decisão que António Costa viesse a tomar. No caso da comissão parlamentar de inquérito a Tancos, disse que não devia ser questionado. . . O dr. António Costa levanta-se todos os dias de manhã, tendo como grande preocupação continuar a ser primeiro-ministro logo à noite, ou seja, manter-se no poder. Não pensa em transformar o país, tornar o país mais rico, pôr mais dinheiro no bolso das pessoas. Os socialistas não sabem fazer isto, adoram distribuir dinheiro mas criar riqueza não é com eles. Acham que a riqueza cai do céu. Está criada uma ilusão de que as coisas estão a correr bem porque hoje há crescimento e mais emprego do que há seis, sete anos atrás. Não é sério comparar o Portugal de 2018 com o Portugal de 2010, 2011. Temos de comparar o Portugal de 2018 com o resto da Europa em 2018. Aí, todos os países da nossa dimensão cresceram mais do que nós. E se calhar vamos ficar apenas com a Roménia, a Bulgária e talvez a Grécia atrás de nós. O dr. António Costa anda com um ar sorridente e bem-disposto porque tem os portugueses iludidos. Ele contenta-se com muito poucochinho. Crescemos 2% e ele acha fantástico. A avaliar pelas sondagens, as pessoas também se contentam porque o PS está a crescer. O jogo de comunicação do Governo é muito mais poderoso do que o dos partidos da oposição. O PSD, por culpa nossa, não tem conseguido explicar isto às pessoas. Quando os portugueses interiorizam esta realidade, pensam duas vezes e ficam abananados. A dívida pública subiu 19 mil milhões de euros mas o dr. António Costa faz crer que baixou porque baixou na sua relação com o PIB. É uma forma habilidosa - ele, de facto, é um artista, é muito talentoso porque é um artista a iludir as pessoas. Como se derrota um artista?Falando verdade. Mostrar o que está mal e mostrar propostas alternativas. As coisas não estão a correr de forma fantástica mas não está nada perdido. Só depende de nós. Falta saber se temos pessoas capazes de se entender para afirmar esse caminho. Isto é a pescadinha de rabo na boca. Enquanto não houver condições, não se apresentam propostas. Enquanto não se apresentam propostas de governação do país, não há condições internas. Temos de trabalhar nos dois lados. Mas quando o PSD apresentou propostas para este OE também não houve pacificação mas até muitas críticas por parte do grupo parlamentar. Tenho muito orgulho na forma como o grupo parlamentar lidou com este OE. Concordou com a "taxa Robles"?Deixe-me ser franco: não a conheço suficientemente para poder pronunciar-me sobre ela. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Acha que vai de facto haver nova negociação entre Governo e os professores?Se não houver nova negociação não estará a ser cumprido o mandato do Parlamento. Será mau e um erro do Governo. Quero apelar a que ambas as partes saiam da posição de intransigência em que estiveram. Não é caminho. Os nove anos não têm que ser uma vaca sagrada, nem o Governo deve ficar pelos dois anos. Há caminhos intermédios que passam pelo estatuto da carreira docente e pela aposentação. O Governo está com tiques de autoritarismo que se calhar o vão recusar a sentar-se à mesa com os professores. Isso é muito mau. Se ele, sem maioria absoluta, já está com esta arrogância, tem o rei na barriga, parece que sabe tudo, então o que seria António Costa com maioria absoluta?No orçamento, que é aprovado esta quinta-feira, o PSD teve comportamentos irregulares: esteve ao lado da esquerda na questão dos professores e do BE na "taxa Robles"; juntou-se ao Governo para impedir alterações no IRS, por exemplo. Os eleitores percebem a posição do PSD?Há uma mensagem forte que é a valorização das empresas no desenvolvimento do país. Já foi governante, mas também já foi autarca. Como está a ver o caso de Borba? O autarca já se devia ter demitido? Está a ser poupado pelos outros partidos por ser um independente eleito por um movimento?O fenómeno de Borba é um pequeno fenómeno com consequências dramáticas no meio de uma grande avalanche de desconsideração pelas infra-estruturas. Sou a favor primeiro do apuramento de factos. Se os factos forem o que parece que são, [o autarca] não terá nenhumas condições [para se manter no cargo].
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