Professores, cuidadores informais, língua gestual no SNS: as conquistas do primeiro dia de votações do OE
Todas as propostas que implicavam um aumento da contagem do tempo de serviço dos professores ou prazos para a sua concretização foram rejeitadas. (...)

Professores, cuidadores informais, língua gestual no SNS: as conquistas do primeiro dia de votações do OE
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.25
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Todas as propostas que implicavam um aumento da contagem do tempo de serviço dos professores ou prazos para a sua concretização foram rejeitadas.
TEXTO: Nas votações cruzadas do Orçamento do Estado, as propostas que aumentavam ou exigiam um faseamento da contagem do tempo de serviço dos professores para a progressão na carreira - nomeadamente do Bloco e do PCP - foram rejeitadas com os votos contra do PS e abstenção dos sociais-democratas. Acabaram por ser aprovadas apenas as propostas do PSD, CDS e PCP que remetem esta questão para negociação sindical. Nestas propostas (a do CDS e PSD foram votadas em conjunto), todos os partidos votaram a favor menos os socialistas. Foram chumbadas as propostas do PCP que implicava que a contagem total fosse feita no prazo de sete anos (até 2025), como na Madeira e que o pagamento começasse já em Janeiro de 2019, assim como as propostas do Bloco que exigiam que a recuperação se fizesse em cinco anos (até 2023) e se realizasse à razão de 20% ao ano se não se chegasse a acordo com os sindicatos. Como resultado final, a proposta do Orçamento do Estado remete a contagem do tempo de serviço dos professores e outras carreiras especiais para as negociações sindicais. Na prática, a redacção fica igual à que consta do Orçamento para este ano: "A expressão remuneratória do tempo de serviço nas carreiras, cargos ou categorias integradas em corpos especiais, em que a progressão e mudança de posição remuneratória dependam do decurso de determinado período de prestação de serviço legalmente estabelecido para o efeito, é considerada em processo negocial com vista a definir o prazo e o modo para a sua concretização, tendo em conta a sustentabilidade e compatibilização com os recursos disponíveis", tal como escrito na proposta do PSD. Além destas medidas, foi aprovada com os votos dos partidos da esquerda, o reforço de verbas para a Entidade das Contas em 1. 169. 000€, uma proposta do BE, a primeira medida dos partidos - que não do PS - a ser aprovada. Na justificação, o BE diz que esta verba é necessária para "cumprir com as obrigações decorrentes das alterações realizadas pela Lei Orgânica" do Tribunal Constitucional, e que assim "ficam garantidas as verbas para as necessidades adicionais e as exigências mínimas de funcionamento da Entidade das Contas". Mais tarde, passou também outra medida dos bloquistas que implica que as verbas retidas pelo orçamento "devem" ser reencaminhadas para a Caixa Geral de Aposentações, Instituto de Protecção e Assistência na Doença. I. P. (ADSE), SNS, Segurança Social e DGTF. Os deputados aprovaram ainda por unanimidade as propostas do Bloco e do CDS para a actualização das bolsas mensais de investigação da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I. P. com base no valor da inflação deste ano. Em sentido inverso, o artigo 69º do Orçamento do Estado, que criava o Fundo de Financiamento da Descentralização, foi eliminado pelos partidos da oposição e pelos parceiros do Governo. Ficando em causa o instrumento de distribuição das verbas do processo, todo o programa irá atrasar-se. Também por unanimidade, o Bloco conseguiu aprovar parcialmente a sua proposta para o "reforço do número de profissionais a trabalhar no Instituto Nacional de Emergência Médica". É que a parte em que especificava os profissionais que deviam ser contratados foi chumbada (150 técnicos emergência, 30 enfermeiros, e 10 técnicos de psicologia clínica). Também na área da saúde, foi aprovado o lançamento de um concurso extraordinário para ingresso no internato médico. Em 2019 será lançado um procedimento concursal extraordinário para ingresso no Internato Médico porque este ano o Governo demorou quase meio ano para lançar o concurso que devia ter sido feito em Maio. E serão também reforçadas as vagas para atribuição de incentivos à mobilidade geográfica de médicos para zonas carenciadas. Com o Estatuto do Cuidador Informal ainda em construção, foram aprovadas algumas propostas de apoio aos cuidadores feitas pelo PCP e pelo CDS. Pelo caminho, chumbada pela esquerda, ficaram as propostas do PAN e a do PSD para a dedução em sede de IRS das despesas com a prestação de serviços no apoio domiciliário a pessoas com capacidade permanente igual ou superior a 60%. No caso das propostas dos comunistas, passou a de criação de um projecto-piloto, numa região a escolher pelo Governo, para estudar a implementação de uma rede pública de apoio dirigida aos cuidadores informais principais e às pessoas cuidadas. Esta rede tem como base os serviços públicos das áreas da saúde, trabalho e segurança social, e tem que definir o apoio domiciliário a prestar, assim como o aconselhamento, acompanhamento e capacitação dos cuidadores informais, apoio psicossocial aos cuidadores informais e uma rede de apoio aos cuidadores informais. E passou parte da proposta do CDS: foi rejeitada a concessão de 15 dias de descanso aos cuidadores informais integralmente pagos pelo Estado, mas foi aprovada a possibilidade de pedir apoio profissional específico à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados ou à Rede Nacional de Cuidados Paliativos cujos profissionais se deslocarão ao domicílio ou então o doente poderá ser acolhido nesse período numa unidade dessas redes. Entre outras propostas que foram aprovadas está também a do Bloco para a abertura de procedimentos concursais para a formação e admissão de inspectores da Polícia Judiciária até ao final de Junho. Mas as propostas relativas à Polícia Judiciária do PSD (reforço dos inspectores e do pessoal de apoio à investigação criminal) e do CDS (revisão das leis estatutárias e orgânicas da PJ, oficiais de justiça e SEF), que primeiro tinham sido aprovadas com a ajuda do Bloco e do PCP (contra a vontade do PS), acabaram por sofrer um revés. Já no final das votações, os dois partidos de esquerda resolveram voltar atrás e corrigiram as votações para seguirem os socialistas, acabando por fazer chumbar as propostas da direita. Foi aprovada a proposta do PCP (com abstenção do PSD e CDS) para a abertura de concursos para a contratação de oficiais de justiça "que se revelem indispensáveis ao funcionamento dos tribunais", mas sem especificar a quantidade. Os comunistas conseguiram também aprovar a sua proposta para o reforço das verbas para a Transtejo e a Soflusa em 5, 25 milhões de euros. Os 3, 78 milhões para a primeira e os 1, 47 milhões para a segunda destinam-se à manutenção das frotas de navios e embarcações auxiliares. A esquerda votou toda a favor e PSD e CDS abstiveram-se. O PAN conseguiu a aprovação por unanimidade da sua proposta para a contratação, no próximo ano, de "até 25 intérpretes de língua gestual portuguesa para o Serviço Nacional de Saúde, priorizando a resposta a episódios de urgência no contexto dos Serviços de Urgência Médico-Cirúrgica". As propostas do PCP e do Bloco para que o Governo central financie 50% do futuro Hospital Central da Madeira (cujo valor de construção, fiscalização da empreitada e aquisição de equipamento médico e hospitalar estrutural está avaliado em 266 milhões de euros) foram aprovadas. Assim, no próximo ano, deverão ser transferidas para a Região Autónoma da Madeira até 14 milhões de euros. Pode não ter sido motivado pelas polémicas com o pagamento das viagens de avião dos deputados dos Açores e da Madeira, mas a questão dos subsídios aos residentes insulares chegou ao orçamento de 2019: a esquerda aprovou a proposta do Bloco para que o Governo agilize aquele mecanismo e estipule um valor fixo a suportar pelos residentes (em vez de haver um tecto máximo mas com um valor flutuante) em função da distância e tempo das respectivas viagens. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Noutro orçamento houve uma picardia entre o PEV e o PAN por causa de um euro, desta vez foi por 500 mil. O PEV propôs uma verba de 500 mil euros para financiar a esterilização nos centros de recolha oficial de animais e o PAN pedia um milhão. Como o Governo acedia a gastar apenas meio milhão (como previa o PEV), o deputado André Silva fez uma correcção da sua proposta e reduziu o valor para 500 mil euros. Na votação, a deputada Heloísa Apolónia acusou o PAN de plágio e queria que a proposta de André Silva ficasse prejudicada (ou seja, não seria votada), mas a presidente da COFMA, a social-democrata Teresa Leal Coelho resolveu juntar as duas propostas para votação conjunta e disse no final que o texto ficará com a redacção do PEV. A somar a estes 500 mil euros para a esterilização, os centros de recolha de animais irão receber 1, 5 milhões de euros para aumento da rede e da capacidade dos centros já existentes. O investimento na rede de centros prende-se com a necessidade de aumentar a sua capacidade para acolher animais errantes na sequência da proibição do seu abate.
REFERÊNCIAS:
Orçamento municipal do Seixal chumbado pela primeira vez em 44 anos
O PCP foi o único partido a votar a favor deste documento. (...)

Orçamento municipal do Seixal chumbado pela primeira vez em 44 anos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O PCP foi o único partido a votar a favor deste documento.
TEXTO: O orçamento para 2019 da Câmara do Seixal, distrito de Setúbal, foi reprovado em assembleia municipal pela primeira vez em 44 anos de liderança comunista, avançou nesta sexta-feira um deputado do Partido Socialista à agência Lusa. Samuel Cruz revelou que o Orçamento e Grandes Opções do Plano foi reprovado na quinta-feira, com os votos contra do PS, PSD, PAN, CDS-PP e do presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro, Carlos Reis, que é independente. O PCP foi o único partido a votar a favor deste documento. O Bloco de Esquerda absteve-se. A Assembleia Municipal do Seixal é constituída por 13 deputados comunistas, 11 socialistas, quatro social-democratas, três bloquistas, um eleito pelo PAN, um pelo CDS-PP e quatro presidentes das juntas de freguesia do concelho. "O presidente da câmara não procurou suficientemente os consensos necessários. De facto, a CDU teve durante 44 anos a maioria absoluta, mas agora isso passou e a forma de actuar tem que ser alterada, o que ainda não foi percepcionado pelo PCP", afirmou. Samuel Cruz criticou também o executivo comunista, liderado por Joaquim Santos, por "não mostrar qualquer abertura às propostas da oposição". "Nas reuniões que foram convocadas para ouvir as sugestões, o orçamento já estava fechado. As propostas não constam no orçamento e nem sequer as moções que têm sido aprovadas na Assembleia Municipal ao longo do ano", referiu o socialista. A 25 de Outubro, o município do Seixal aprovou, em reunião de câmara, um orçamento de 89 milhões de euros para o próximo ano, o que incluía um grande investimento na educação, com ampliação e requalificação de duas escolas, a renovação das redes de abastecimento de água e a construção de várias infra-estruturas, como uma piscina municipal e um canil e gatil. Na visão dos socialistas, este orçamento não compreende "medidas de transparência" necessárias, como a transmissão online das sessões de câmara e da assembleia ou a abertura do Boletim Municipal, que "deturpa absolutamente tudo o que se passa nas assembleias". Além disso, segundo Samuel Cruz, o documento não inclui uma das propostas do PS, relacionada com o fim do turno duplo nas escolas do primeiro ciclo. "É um dos cinco concelhos do país que ainda tem turno duplo, ou seja, as crianças da escola primária ou vão à escola de manhã ou à tarde, o que contraria todas as recomendações acerca deste assunto", defendeu. O orçamento inclui a requalificação de duas escolas, contudo, segundo o deputado socialista, é preciso o "alargamento da rede pré-escolar" e a melhoria das condições nas escolas já existentes, que "estão actualmente muito precárias". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Samuel Cruz referiu ainda que é necessário "melhorar a higiene urbana e infra-estruturas", principalmente quanto ao abastecimento de água e rede de saneamento. "Ainda existem várias zonas no concelho sem ligação à rede de saneamento básico, o que entendemos que não é aceitável em pleno século XXI", sublinhou. A agência Lusa contactou a Câmara Municipal do Seixal, mas até ao momento não foi possível obter declarações.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD PCP
Homem versus natureza: quem vencerá a batalha?
Somos mesmo a geração que pode fazer a diferença? Sim, somos! Queremos mesmo fazer a diferença? Não temos alternativa! Temos até 2030 para mostrar o que valemos. Tratemos do problema, antes que ele trate de nós. (...)

Homem versus natureza: quem vencerá a batalha?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Somos mesmo a geração que pode fazer a diferença? Sim, somos! Queremos mesmo fazer a diferença? Não temos alternativa! Temos até 2030 para mostrar o que valemos. Tratemos do problema, antes que ele trate de nós.
TEXTO: “Nunca vi nada assim!” “Foi impossível controlar. ” “Ninguém sabia o que fazer. ” “Foi horrível!” Já todos vimos e ouvimos relatos destes associados aos fogos mortíferos, às tempestades, às inundações ou às ondas de calor que têm assolado o mundo inteiro nos últimos anos. Realmente nunca ninguém observou ou experienciou nada igual. Somos a primeira geração a testemunhar e a sentir na pele os impactos das alterações climáticas e somos, eventualmente a última, a poder implementar medidas sérias e concertadas que garantam a sobrevivência do ser humano no planeta. Convenhamos que ao longo da história sempre existiram eventos climáticos extremos devido a causas naturais, mas a frequência e severidade de alguns destes eventos têm vindo a aumentar. Dói, mas tem de ser dito: por culpa do homem. As acções humanas como as emissões de gases com efeito de estufa provenientes da combustão de combustíveis fósseis como o carvão, petróleo ou gás para a produção de energia, a desflorestação, a alteração no uso do solo pelas culturas intensivas e o aumento exponencial da produção pecuária são as principais responsáveis pela mudança da composição da atmosfera e, consequentemente, pelas alterações climáticas. Como o CO2 persiste na atmosfera por mais de um século, as emissões que emitirmos hoje e continuarmos a emitir amanhã e depois vão afectar o clima das próximas décadas. A adaptação a um planeta mais quente e a um futuro diferente do presente é inevitável e vai ser necessária em todo o mundo. As alterações não são só climáticas, também as sociedades e as economias terão que aprender a viver num novo planeta. As águas mais quentes e a acidificação dos oceanos vão impactar positiva ou negativamente a disponibilidade de peixe e marisco que são o ganha-pão das comunidades piscatórias. As comunidades litorais, especialmente as das ilhas, terão de enfrentar inundações de ruas durante marés (muito) altas, tempestades exacerbadas seguidas de novas inundações e a “invasão” da água do mar sobre as fontes de água doce, o que vai comprometer a disponibilidade de água potável. Algumas comunidades terão que se adaptar, em simultâneo, à frequência de secas e chuvas severas e à consequente deterioração das infra-estruturas que transportam a água. Agricultores e outros trabalhadores de ar livre serão afectados pelo número crescente de noites quentes e por ondas de calor cada vez mais frequentes e mais quentes. O oráculo para os animais é muito semelhante. A localização geográfica e distribuição de algumas pragas e agentes patogénicos podem ser alteradas, expondo os animais, as culturas e o ser humano a novas doenças. As infra-estruturas que suportam a actividade económica – barragens, aeroportos, auto-estradas, pontes, edifícios e muitos outros — vão ser afectadas pelas inundações, deslizamentos de terras e ondas de calor. As alterações das estações do ano e as mudanças na localização de plantas e animais afectarão as comunidades que dependem do turismo de natureza e cultural. Devido às migrações em massa, a aparência física do homem pode ser alterada: a tez castanha ou morena e olhos claros poderão tornar-se mais comum. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os cenários não são animadores. No entanto, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) acredita que os próximos 12 anos serão suficientes, mas cruciais, para vencermos esta batalha. O que está em jogo é a continuidade da espécie Homo sapiens. A natureza já cá está há mais de quatro mil milhões de anos e não precisa do homem para sobreviver. Se o contrário não pode ser dito, a forma mais directa para diminuir a magnitude das alterações climáticas futuras é a redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) a uma escala global que seja técnica, económica, social e politicamente viável. Intervir para diminuir as emissões de CO2 a grande escala é o caminho. Esta resposta só depende do homem. Não chega pensar que é um tema importante. É urgente agir. Os impactos das alterações climáticas do futuro dependem das escolhas que fizermos hoje e ao longo das próximas décadas. Quanto mais cedo tomarmos decisões para reduzir emissões de GEE, mais cedo limitamos os eventos climáticos extremos. Enquanto geração temos o dever de proteger as pessoas, a saúde pública, o ambiente e a economia. As acções individuais são fundamentais mas é na política que se tomam as maiores decisões. Sejamos, portanto, exigentes com os políticos que elegemos, assinemos petições sérias que reclamam a necessidade de agir, integremos grupos focados na protecção ambiental e social e façamos ouvir a nossa voz. Somos mesmo a geração que pode fazer a diferença? Sim, somos! Queremos mesmo fazer a diferença? Não temos alternativa! Temos até 2030 para mostrar o que valemos. Tratemos do problema, antes que ele trate de nós.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Sintra proíbe acesso na arriba da Praia Grande devido a ameaça de queda de bloco
Não há “risco imediato de pessoas e bens”, mas a autarquia decidiu adoptar “medidas preventivas”. (...)

Sintra proíbe acesso na arriba da Praia Grande devido a ameaça de queda de bloco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não há “risco imediato de pessoas e bens”, mas a autarquia decidiu adoptar “medidas preventivas”.
TEXTO: A escadaria junto às pegadas de dinossauros da Praia Grande vai ser interditada, face à ameaça da queda de um bloco da vertente, segundo um despacho do presidente da Câmara Municipal de Sintra, a que a agência Lusa teve acesso. “Apesar de as conclusões preliminarmente disponibilizadas pelos serviços não apontarem para um risco imediato de pessoas e bens, importa acautelar a adopção de todas as medidas preventivas que a situação material reclama”, considerou Basílio Horta (presidente da Câmara Municipal de Sintra), num despacho datado desta quarta-feira. A decisão surge após uma vistoria conjunta da Câmara de Sintra, Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e capitania do porto de Cascais, na semana passada, para avaliar as condições de acesso e visitação às pegadas de dinossauros na arriba com acesso pelo lado de Almoçageme. O autarca determinou “o imediato encerramento da arriba sul da Praia Grande do Rodízio”, devendo “os serviços municipais adoptar de imediato as necessárias medidas de execução” do despacho. A vistoria realizou-se na sequência de um alerta do geólogo António Galopim de Carvalho, depois de ter visitado com alunos e professores da Escola Básica da Sarrazola (Colares) a jazida de pegadas de dinossauros. “Fizeram uma escadaria nova e, em frente a umas pegadas, há um patamar, onde as pessoas param para ver, mas na escarpa está um pedaço de camada que já está solto, com ar de estar desprendido do resto, que com uma chuvada forte pode cair”, descreveu na semana passada Galopim de Carvalho. Perante o alerta do antigo director do então Museu Nacional de História Natural (Lisboa), o serviço municipal de Protecção Civil verificou não haver razões “para cortar o acesso”, mas foi anunciada uma “avaliação geológica do estratificado com carácter de urgência”. O presidente da câmara, em resultado da vistoria, explicou que foi ponderada a “possibilidade de o acesso ser temporariamente encerrado caso se detecte agravamento das condições de estabilidade do bloco ou de outra área, e caso se verifique a ocorrência de pico de precipitação contínuo no tempo”. A chuva prolongada “poderá eventualmente contribuir para incrementar o potencial de instabilidade (mecanismo desencadeante externo) ao longo do acesso”, acrescentou o autarca. Basílio Horta salientou que, na qualidade de autoridade municipal de Protecção Civil, deve “intervir com celeridade para protecção de pessoas e bens”, designadamente “na iminência de acidente grave ou catástrofe” e situações sem essa dimensão que exijam acções “de prevenção”. Do despacho a determinar o encerramento do acesso será dado conhecimento à câmara, APA e capitania de Cascais. A decisão preventiva vai além do relatório da vistoria, que não encontrou fundamento para o encerramento “por falta de segurança”, notando que “o risco existente está bem identificado na sinalização” existente no local. “É possível melhorar a segurança local sem pôr em causa o vestígio icnofóssil. Uma intervenção pontual pode ser realizada”, concluiu ainda o documento, referindo que o projecto “se enquadra bem com as competências” da APA, com experiência nestas intervenções. O parecer técnico esclareceu que a autarquia foi alertada, em 2006, para “um potencial foco de instabilidade” no local e que o resultado dos trabalhos realizados “não foi o esperado, uma vez que não foi possível remover na íntegra a rocha em situação de equilíbrio precário”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No entanto, o técnico relatou que “foi possível minorar os efeitos da perigosidade latente na vertente devido à remoção de uma massa considerável de rocha”. A reconstrução da escada e montagem de uma vedação, em 2014, permitiu reabrir o percurso, apesar de “conhecido o risco real” que incide sobre o acesso, “num local de elevada dinâmica ambiental e a natureza geológica da vertente apresenta débeis condições geotécnicas e geomecânicas das suas rochas”. A jazida de pegadas de dinossauros da Praia Grande do Rodízio data do período Cretácico e é composta por marcas de animais herbívoros e carnívoros registadas numa camada de calcário, que ali passaram há cerca de 120 milhões de anos.
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Palavras-chave escola
O contexto único da sala de Maria João Pires
A pianista portuguesa regressou a Belgais, e abriu ao público as portas da sua casa. Voltará a fazê-lo nos próximos fins-de-semana e também no próximo ano, de Janeiro a Maio. (...)

O contexto único da sala de Maria João Pires
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.375
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: A pianista portuguesa regressou a Belgais, e abriu ao público as portas da sua casa. Voltará a fazê-lo nos próximos fins-de-semana e também no próximo ano, de Janeiro a Maio.
TEXTO: Ninguém pergunta como foi possível que passasse tanto tempo até que Maria João Pires regressasse a Belgais. O importante mesmo é a sua presença e a generosidade de abrir ao público as portas da casa onde o recebe calorosamente. O cenário idílico de uma tarde de domingo verde e coroada de sol, em que as aves são em maior número do que os homens, é ainda pequeno, comparado com o encanto a que a música conduzirá o numeroso público. Numa sala quente e cheia, com aconchegante iluminação (algumas lâmpadas e muitas velas), a expectativa é grande. Pontualmente e sem perder tempo, a anfitriã entra e dirige-se ao piano onde ataca, sem surpresa, a Sonata K332 de Mozart, perfeita como a conhecemos das gravações, mas mesmo ali, na sua sala. Maria João Pires, pianoObras de Mozart, Mompou, Beethoven e ChopinEscalos de Baixo, Centro de Artes de BelgaisDomingo, 16 de Dezembro, 17h30Sala cheiaNo primeiro andamento, não faltou a repetição da Exposição e ouviu-se com perfeita clareza cada pormenor da partitura. Sem apelo à comoção fácil, o Adagio deliciou pela simplicidade despretensiosa com que Maria João Pires nos conduziu pelo discurso reflexivo. O terceiro andamento mostrou-nos uma pianista em forma. O adocicado Mompou, “. . . pour endormir la souffrance. . . ”, funcionou como uma antevisão da magistral segunda parte deste memorável recital. Antes do intervalo, haveria de se ouvir ainda a última sonata de Beethoven, uma surpresa apresentada numa leitura muito pessoal que não será, certamente, o que melhor condiz com a personalidade musical que reconhecemos na pianista. Após uma visita a outra sala quentinha, em que se tomavam bebidas quentes e se podiam petiscar sandes de presunto ou fatias de bolo, o regresso à sala do piano foi feito para a mais subtil poesia. Maria João Pires partilhou a sua muito íntima leitura de seis Nocturnos de Chopin (op. 9 — 1 a 3, op. 27 — 1 e 2, e n. º 19 — obra póstuma), poemas que parecem mesmo ter sido compostos para ela. Não se conhece outra interpretação que eleve a música de Chopin a tão sublime manifestação. Os aplausos de franco agradecimento valeram ao público diversos regressos de Maria João Pires ao centro da sala, mas apenas um número extra programa: a Valsa n. º 7 em dó sustenido menor, op. 64 n. º 2. Tornar-se-á Belgais local de culto? Todo o ambiente transmite um conforto acolhedor, uma experiência incomparável à das grandes salas de concertos, quase sempre dotadas de características acústicas menos favoráveis do que as daquela sala. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na próxima sexta-feira e no sábado terão lugar os concertos de Natal, com Schubert em piano solo e a quatro mãos (Maria João Pires e Milos Popovic) e canções arménias com a soprano Talar Dekrmanjian. Sobre os concertos de Ano Novo (a 28 e 29 de Dezembro), contrariamente ao que figura no sítio electrónico do Centro de Artes de Belgais, o programa deste primeiro ciclo de concertos anuncia a presença de Maria João Pires e Lilit Grigoryan, mas também de Ema Neves de Sá (soprano) e Francisco Alpoim (guitarra), com sonatas de Mozart a solo e a quatro mãos e com música portuguesa à capela. Novos concertos estão previstos, já com datas anunciadas para 2019, de Janeiro a Maio, com a participação de Maria João Pires e de diferentes artistas. Longa vida a Maria João Pires! Longa vida a Belgais!
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Palavras-chave homens aves
BES e GES – Um só responsável? Novos ataques a Ricardo Salgado
Até no boxe é proibido bater em quem foi atirado ao chão. Será Ricardo Salgado o único culpado da queda do BES? (...)

BES e GES – Um só responsável? Novos ataques a Ricardo Salgado
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.168
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Até no boxe é proibido bater em quem foi atirado ao chão. Será Ricardo Salgado o único culpado da queda do BES?
TEXTO: Voltaram a aumentar, recentemente, os ataques a Ricardo Salgado (RS). Sem novos factos, sem provas, sem qualquer argumento: apenas injúrias. É uma atitude muito feia. Até no boxe é proibido bater em quem foi atirado ao chão. Será RS o único culpado da queda do BES?O BES tinha a sua Assembleia Geral, e as empresas do GES também eram sociedades cujos acionistas reuniam nas respetivas Assembleias Gerais. O Grupo era coordenado por uma “holding”, a Espírito Santo International (ESI); esta elegia um Conselho de Administração, presidido pelo comandante Ricciardi, do qual emanava um Conselho Superior onde estavam representados os cinco grupos de accionistas que eram maioritários da ESI. Este Conselho Superior tinha representantes na área financeira e não financeira. Na área financeira, o presidente era Ricardo Salgado, que era simultaneamente presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES). O BES tinha um Conselho de Administração com 22 membros, dos quais dez faziam parte da Comissão Executiva. O “Credit Agricole” estava representado no Conselho de Administração e na Comissão Executiva do BES. Na área não financeira o presidente era Manuel Fernando Espírito Santo. Faziam parte da Comissão Executiva do BES, para além de RS, José Manuel Espírito Santo e José Maria Ricciardi. Se algo correu mal, nalguns destes vários órgãos, a responsabilidade é dos seus titulares, e não de um único indivíduo. RS foi eleito e reeleito, como presidente executivo do BES, durante mais de 22 anos seguidos (1982-2014). Nunca teve contra si uma moção de censura, nem sequer um voto contra. Inclusivamente, o último aumento de capital do BES, de Junho de 2014, foi um sucesso, o que revela que um mês antes da resolução, havia no mercado de capitais uma enorme confiança no BES. E é só ele o culpado?Houve, na gestão do banco, erros, omissões, irregularidades? Não sabemos. Por enquanto, o que é público é que as empresas de auditoria, os consultores externos e os juristas do banco acharam sempre tudo bem. E o culpado é apenas RS? É certo que, em casos como este, só os tribunais poderão um dia esclarecer-nos. Até lá, o comportamento democraticamente correto é acatar a “presunção de inocência”, estabelecida na nossa Constituição de 1976 e, muito antes dela, na Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1945). Entretanto, até os tribunais se pronunciarem, há algumas coisas que parecem ser evidentes:1) O Governo de Passos Coelho/Portas cometeu o grave erro político de deixar falir o BES, quando na mesma crise, nos EUA, país muito mais capitalista do que Portugal, se investiram milhares de milhões, sob proposta dos reguladores ao governo norte-americano (bem mais à direita do que os nossos governantes de 2013-14), a fim de salvar da falência bancos, companhias de seguros e grandes empresas, nomeadamente da indústria automóvel. Na Europa passou-se o mesmo. Só em Portugal se deixou falir o 3. º maior banco privado, e o que maior apoio dava às PME's e às empresas em geral. 2) O Governo PSD/CDS achou que a fórmula encontrada (“Resolução” do BES e criação de dois novos bancos – o banco bom e o banco mau) era a melhor solução. Mas ela foi péssima: o Governo não quis apoiar nenhuma solução para o BES “para não sobrecarregar mais os contribuintes”, mas estes vão ter de pagar muito mais do que se tivesse havido um apoio público ou mesmo uma recapitalização! (O Dr. Vítor Bento já o disse, com base em contas suas, num jornal económico, e talvez o prejuízo do Estado ainda venha a ser maior do que os 15 mil milhões por ele previstos). 3) O Banco de Portugal, e o seu governador, Carlos Costa, também cometeram erros graves nos oito meses que precederam a queda do BES e, só pelo que se sabe por enquanto, o governador foi um dos grandes culpados dessa queda: recebeu uma informação de existência de dificuldades/irregularidades em finais de Novembro de 2013, mas ficou quieto e calado nos seis meses seguintes (decerto a pedido de Passos Coelho, para não prejudicar a “saída limpa” de Portugal do programa da troika); quando decidiu atuar, propôs a saída dos três membros da Comissão Executiva do BES representantes do Grupo Espírito Santo: Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo e José Maria Ricciardi, e a sua transferência para um Conselho Estratégico que incluiria outras personalidades. Simultaneamente, solicitou a Ricardo Salgado a indicação de um nome para o substituir na Comissão Executiva. Segundo elementos já públicos, de início concordou com o nome de Amílcar Morais Pires, que posteriormente rejeitou. Esta posição errática num momento tão complexo causou uma enorme quebra de confiança no mercado. Entretanto, o governador tinha escrito uma carta e fez declarações públicas a garantir que o BES tinha dinheiro suficiente para ultrapassar a sua crise, mas um mês depois decidiu que não tinha. . . Mais: o Banco de Portugal exigiu ao BES um aumento de capital e aprovou o respetivo “prospeto”: portanto, o governador enganou o mercado. E pior ainda: informou o Presidente Cavaco Silva de que “o BES estava sólido”, o que o Presidente repetiu em público, tendo tido o cuidado de declarar que era essa a informação que recebera do Banco de Portugal. O governador enganou o Presidente da República e levou este, sem querer, a reforçar o engano do mercado. No meio de tudo isto, como é que um semelhante governador não foi demitido, podendo sê-lo? Pior ainda, pasme-se, foi reconduzido. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Chapéus há muitos”, dizia Vasco Santana. “Culpados há muitos”, dizemos todos os que sabemos ler o que vem nos jornais. Na realidade, estou sinceramente convencido de que Passos Coelho e Carlos Costa não queriam destruir o BES, mas apenas levar RS a demitir-se e colocar no seu lugar um primo dele, ex-presidente do Banco de Investimento do grupo. Mas atuaram com tanta incompetência política, na gestão daquela crise, que erraram a pontaria: querendo matar o cavaleiro, mataram o cavalo. E Portugal perdeu um grande banco, o mais internacional de todos, e pode vir a perder muitos milhares de milhões de euros! E ainda gerou uma montanha de lesados que claramente podiam ter sido evitados. Faço votos por que a Comunicação Social, em vez de atacar só um, averigúe as culpas de todos os intervenientes, e seja capaz de informar bem os portugueses com a maior imparcialidade possível. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Batalha, um lugar feito de estórias
Parta à descoberta de capítulos da história, das lendas, paisagens e monumentos que fazem da vila da Batalha um ponto de visita obrigatória no Ano Europeu do Património. A vitória celebra-se no Mosteiro, classificado Património da Humanidade pela UNESCO em 1983. (...)

Batalha, um lugar feito de estórias
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Parta à descoberta de capítulos da história, das lendas, paisagens e monumentos que fazem da vila da Batalha um ponto de visita obrigatória no Ano Europeu do Património. A vitória celebra-se no Mosteiro, classificado Património da Humanidade pela UNESCO em 1983.
TEXTO: Perder uma batalha não significa perder a guerra, mas perder uma visita guiada pela Batalha, significa perder o triunfo das tropas portuguesas sobre os castelhanos na Batalha de Aljubarrota em 1385. Uma conquista que levou à construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória (ou Mosteiro da Batalha, se preferir). As portas estão abertas e o conservador de um dos monumentos mais visitados do país começa a visita guiada. “O Mosteiro resulta de uma promessa do Rei D. João I em agradecimento pela vitória que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal”, afirma Pedro Redol. Os olhos estão postos nesta obra grandiosa do Gótico Português, onde dela extravasa a nova corrente artística do Manuelino. Observe o pórtico da fachada principal e o seu trabalho escultório com mais de 70 figuras representadas. Olhe para cima: contemple a rosácea, um belo exemplo do enorme saber fazer dos antigos canteiros. “Mas uma obra desta escala e com este impacto tem uma explicação: para ter o reconhecimento de outras coroas na Europa e para materializar o reconhecimento que, entretanto, lhe foi dado pelo Papa, o Rei D. João I criou uma imagem de afirmação”, prossegue o ex-director do Mosteiro e actual curador com formação na área da História da Arte e Património Cultural. Uma imagem que mobilizou grandiosos recursos humanos e materiais durante quase 200 anos. “O Mosteiro da Batalha foi construído sensivelmente a partir de 1388 e as últimas obras foram terminadas em 1566. São 178 anos”, confirma Pedro Redol. Esta duração justifica a existência, nas suas propostas artísticas, de soluções góticas manuelinas e um breve apontamento renascentista. Uma junção que é atribuída à diversidade dos mestres que dirigiram a obra (como Afonso Domingues, Huguet, Martim Vasques, Fernão D’Évora e Mateus Fernandes) e deu origem a lendas que até hoje são contadas. É o caso da lenda da Abóbada, de Alexandre Herculano, que se localiza no ano de 1401. Reza a lenda, que a construção da abóbada da casa do capítulo do Mosteiro é da autoria de Afonso Domingues, que apesar de cego, a concluiu depois das obras terem sido entregues ao arquitecto Huguet e de este não ter conseguido o seu intento. O objectivo? Distinguir o arquitecto português do estrangeiro, num momento de afirmação nacionalista da cultura portuguesa. “O que é muito curioso é a apropriação sucessiva de história de acordo com os interesses e objectivos de cada época”, comenta Pedro Redol. Na verdade, sabe-se hoje que a abóbada da Casa Capitular não é da autoria de Afonso Domingues, mas sim de Huguet, tendo podido ser reconstruída por Martim Vasques — logo, a lenda é apenas isso mesmo: uma lenda. Factual é o render da guarda, sempre à hora certa, que recebe a Casa do Capítulo em homenagem ao Soldado Desconhecido, composta pelos túmulos de dois militares – um morto na I Grande Guerra e outro na Guerra Colonial. No total, foram quase 200 anos de construção que incentivaram a introdução e o aperfeiçoamento de várias artes e de novas técnicas, como aconteceu com o famoso vitral. Segundo alguns historiadores, esta técnica terá mesmo sido introduzida em Portugal, pela primeira vez, no Mosteiro da Batalha. “Existia um programa inicial que compreendia aquilo que é normal em cada Convento que era uma igreja, o claustro e as pendências que estão à volta do Claustro, além da sacristia, que está à volta da igreja”, diz o autor de publicações relevantes sobre o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. - Universidade de Coimbra, Alta e Sofia- Mosteiro da Batalha- Mosteiro de Alcobaça- Convento de Cristo em TomarE assim, vários acrescentos foram introduzidos no projecto inicial, resultando um vasto conjunto monástico que actualmente apresenta uma igreja, dois claustros com dependências anexas e dois panteões reais, a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas — que sofreu a última intervenção a fundo na década de 30 do século XVI. Actualmente, a nave central da igreja eleva-se a 32, 5 metros e apoia-se sobre oito colunas de cada lado. Além das capelas e dos claustros, pode ainda visitar o dormitório, o refeitório e a cozinha do mosteiro. Mais tarde, D. João I doou o Mosteiro à ordem de S. Domingos e de Frei Lourenço Lampreia, confessor do monarca. Na posse dos dominicanos até à extinção das ordens religiosas em 1834, o Mosteiro foi classificado como monumento nacional já no século XX, em 1910. Em 1983 foi um dos primeiros monumentos inscritos na lista do património mundial da UNESCO. Já a vila da Batalha foi também palco de momentos históricos memoráveis, com vestígios de ocupação desde o Paleolítico, passando pela presença romana na importante cidade de Colippo, até às decisivas lutas pela independência. De todas essas marcas, resulta uma herança cultural incontornável. “A Batalha já foi maior do que é, essa dimensão deveu-a em grande parte a uma coisa que é desconhecida e acho que é muito interessante para um visitante. Está relacionada com o facto de os dominicanos terem tido uma ordem religiosa de elite que se dedicava ao estudo e à prática do ensino da teologia. E, aliás, grandes personalidades passaram por aqui”, relata Pedro Redol. “Nós sabemos que houve leigos (pessoas que não pertenciam à comunidade da Batalha ou a outra comunidade dominicana ou religiosa) que puderam fazer aqui os seus estudos e depois submetiam-se a exame nas universidades mais próximas que eram a de Coimbra e Salamanca. É um dado importante que explica também o movimento, importância e dimensão que esta comunidade e este edifício tinham na altura. ”Uma grandeza que, nos dias de hoje, transparece no rico património edificado. Como é o caso do edifício da primeira posição do Exército Português que se localiza a menos de 500 metros do Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Há 600 anos, este foi o primeiro local escolhido para travar o avanço do exército castelhano por Nuno Álvares Pereira. O condestável militar (como o intitulam) da Batalha de Aljubarrota que está representado na estátua equestre do século XX mesmo ao lado do Mosteiro. Uma figura incontornável da Idade Média que foi canonizado pelo Papa Bento XVI, em Abril de 2009, passando a designar-se São Nuno de Santa Maria. De seguida, a caminho do Oeste, na zona especial de protecção do Mosteiro encontra a Ponte da Boutaca, de traça neo-gótica, cuja construção terá começado em 1862 durante o reinado de D. Luís. A não perder:Durante a visita, deixe-se contagiar pela genuinidade e espírito afável das gentes da Batalha e regresse à Praça Mouzinho de Albuquerque onde encontrará o Pelourinho. Caminhe mais um pouco e observe ao portal manuelino da Igreja Matriz da Exaltação de Santa Cruz e as janelas barrocas decoradas da Capela de Santa Casa da Misericórdia. Pelo caminho, recupere forças com a gastronomia típica que herda receitas repletas de sabor e de histórias de gerações. Do tachadéu às morcelas de arroz, o receituário da Batalha é centrado na carne e no bacalhau. Nas festas populares e romarias encontra ainda doçaria tradicional como o pudim de Batalha, os bolos de ferradura e as cavacas de Reguengo do Fetal. A visita ao Património Mundial do Centro de Portugal, acompanhada pela Turismo Centro de Portugal, continua pela diversidade das paisagens únicas com planaltos verdejantes e campos de cultivo. Explore os encantos do Maciço Calcário Estremenho e aventure-se pelas suas formações geológicas únicas. O ecoparque da Pia do Urso é o sítio ideal para se encantar pelos caminhos, sons e perfumes da vista deslumbrante. Uma aldeia recuperada onde está instalado o primeiro ecoparque sensorial destinado a cegos. Aqui, todos, sem excepção, podem despertar o tacto, o olfacto e a audição numa experiência mágica e quase tão renovadora como a beleza extraordinária das Grutas da Moeda. Lá estão dezenas de estalagmites e estalactites que apresentam uma profundidade de 45 metros. Atire uma moeda e peça um desejo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas não se despeça da vila sem partir à descoberta deste território por um dos quatro percursos pedestres sinalizados. Arrisque no Buraco Roto, com uma duração de mais de duas horas, que se inicia e termina no Largo da Fonte. Na área da Pia da Ovelha poderá observar a prática de escalada e, mais a sul, aprecie uma chaminé natural que resulta da erosão da água e do vento. Nesta associação entre a história e o património foi-se construindo um concelho que convida a ver mais do que uma obra-prima da arquitectura. Viajar por estas paragens revela-se uma contínua descoberta de séculos de história, onde se vivem momentos de tranquilidade em comunhão com a natureza.
REFERÊNCIAS:
Líder do CDS alerta para “cortes profundíssimos” no investimento
Assunção Cristas aproveitou as jornadas parlamentares para desafiar o Governo a tentar um “melhor resultado negocial” junto da Comissão em termos de fundos europeus. (...)

Líder do CDS alerta para “cortes profundíssimos” no investimento
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Assunção Cristas aproveitou as jornadas parlamentares para desafiar o Governo a tentar um “melhor resultado negocial” junto da Comissão em termos de fundos europeus.
TEXTO: Numa fase “essencial da negociação europeia” do novo quadro de fundos comunitários do Portugal 2030, a presidente do CDS, Assunção Cristas, aproveitou esta segunda-feira o primeiro dia das jornadas parlamentares do seu partido, a decorrer em Viana do Castelo, para zurzir no Governo e dizer que o que o país tem, "neste momento, é uma proposta da Comissão Europeia que é negativa”. Advertindo que pode haver “cortes profundíssimos no investimento produtivo em Portugal” – o que levou o CDS a apresentar no início do ano um projecto de resolução sobre fundos europeus –, Assunção Cristas lançou um desafio ao Governo para que tente obter, junto de Bruxelas, “um melhor resultado negocial”. Na sua primeira intervenção no âmbito das Jornadas Parlamentares do CDS, a líder centrista lançou um repto ao Governo no sentido de apoiar os sectores produtivos, seja através de uma eventual “neutralidade fiscal”, em matéria de combustíveis, seja por meio de uma compensação nacional, em caso de perdas nos fundos comunitários. O projecto de resolução sobre fundos comunitários que o CDS apresentou será debatido a 30 de Maio no Parlamento e, nesta segunda-feira, Cristas fez questão de lembrar que o seu partido foi o “único a fazê-lo”, numa alusão ao recente acordo que PS e PSD celebraram sobre fundos europeus. E no dia em que os combustíveis sofreram um novo aumento, a também deputada acusou o Governo de António Costa de não cumprir a promessa de baixar a carga fiscal neste sector, quando a matéria-prima sobre. E voltou a puxar pelos louros. “O CDS há muito tempo que apresentou projectos no Parlamento para que o Governo cumpra a sua palavra e garanta neutralidade fiscal nesta matéria, para que não haja uma escalada de preços dos combustíveis que afectam diariamente os sectores produtivos”. Depois de uma visita a uma exploração agrícola em Freixo, no concelho de Ponte de Lima, a líder centrista reuniu-se com um grupo de pescadores da Cooperativa de Produtores de Pesca de Viana do Castelo, que lhe entregaram um caderno de encargos com 12 pontos, reivindicando um plano estratégico para o sector. Durante o encontro, Cristas fez várias críticas ao executivo do PS, acusando-o de não garantir instrumentos para defender as posições portuguesas, por exemplo no que toca aos stocks de pesca. Mas se de manhã o Governo já tinha estado debaixo de uma chuva de críticas, da parte da tarde o primeiro-ministro foi vergastado pelas acusações de Nuno Magalhães e de Nuno Melo, no painel sobre fundos europeus, aliás, um dos temas das jornadas. O líder da bancada parlamentar passou em revista algumas matérias sensíveis, como a saúde, a justiça e os fundos estruturais para declarar: “O que nos choca e estranhamos é que, da parte do PS, haja a inacção que tem havido, do ponto de vista do que é negociar um bom acordo para Portugal”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Insurgindo-se contra o Governo por “não dar a devida atenção à Política Agrícola Comum [PAC] e de estar a trair um objectivo vital”, Nuno Magalhães sublinhou ainda que a “inacção” do Governo relativamente à negociação do novo quadro comunitário pode levar a cortes em matéria de coesão e da PAC". E depois virou-se para a justiça – um tema escolhido pelo PSD para debater ao longo desta semana –, para dizer que nenhum partido se juntou ainda ao CDS na apresentação de propostas, em resposta a um repto do Presidente da República. “A um repto do Presidente da República, a esquerda – e já agora também o PSD – respondem 'bola'”, acusou. Cavalgando as críticas de Cristas sobre o aumento dos combustíveis, Magalhães disse que Portugal “é hoje um país que paga impostos como nunca". "E o dr. António Costa quer acrescentar a estes, que os portugueses já pagam, mais impostos a nível europeu - para que o dr. António Costa faça boa figura lá fora”. Contra a criação de impostos europeus pronunciou-se também Nuno Melo. O eurodeputado referiu que o CDS é contra impostos europeus por “razões conceptuais”, mas também por considerar que o acréscimo de receitas que estes poderiam gerar não os torna necessários.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD
Empresa portuguesa que comprou ovos sob suspeita serviu-os na cantina
Os 180 ovos que puseram Portugal na lista de países afectados pelo pesticida tóxico fipronil foram adquiridos e consumidos na Bélgica, depois de ter sido lançado o alerta europeu. (...)

Empresa portuguesa que comprou ovos sob suspeita serviu-os na cantina
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os 180 ovos que puseram Portugal na lista de países afectados pelo pesticida tóxico fipronil foram adquiridos e consumidos na Bélgica, depois de ter sido lançado o alerta europeu.
TEXTO: Seis caixas de 30 ovos compradas por um empresário português a operar na Bélgica motivaram a entrada de Portugal na lista dos 26 Estados-membros afectados pelo comércio ou distribuição de ovos contaminados com o pesticida tóxico fipronil, reunida pela Comissão Europeia. No total, a empresa de construção civil portuguesa, a que o Governo chamou “consumidor final”, adquiriu 180 ovos sinalizados como potencialmente contaminados. Os produtos foram utilizados na cantina da empresa, segundo a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), mas não se sabe se estavam de facto contaminados. O facto de os ovos terem sido distribuídos numa cantina é uma questão secundária para o Ministério da Agricultura português, que diz ao PÚBLICO, através do seu gabinete de comunicação, que os ovos “já tinham sido consumidos”. A mesma fonte sublinha que não é certo que os ovos estivessem contaminados. O Governo também não sabe esclarecer se os funcionários da empresa que comeram os ovos são portugueses. “O que importa aqui é que Portugal foi sinalizado por esse motivo e nunca chegaram a entrar em território português”, vinca. O alerta foi dado na segunda-feira, 4 de Setembro, e o “conteúdo não refere qualquer importação, comércio ou distribuição para Portugal”, acrescenta, por sua vez, a ASAE, em resposta por escrito a perguntas do PÚBLICO. “Segundo a informação reportada, trata-se de um registo de uma transacção entre um comprador português e um vendedor belga”, aclara a inspectora-chefe Ana Oliveira. Por não ter ocorrido revenda do produto, e apesar da quantidade de ovos comprados se aproximar das duas centenas, o empresário português é considerado um “consumidor final”, nota ainda o Ministério da Agricultura. Já a inclusão de Portugal na lista da Comissão Europeia, apesar de os ovos contaminados ou sob suspeita não terem entrado em território português, deveu-se ao “mecanismo de alerta rápido”, o RASFF (Rapid Alert System for Food and Feed), um “sistema informático em rede que passa por todos os Estados-membros e que procura transacções de produtos suspeitos” e detectou que a venda foi feita a um “empresário português que criou e registou a empresa em Portugal, apesar de estar a operar noutro sítio e foi com a identificação da sua empresa que pediu a facturação”, explica a mesma fonte do executivo. O Governo emitirá um “pedido de retirada de Portugal da lista de países afectados pela contaminação”. “À mínima transição de um produto que esteja sob vigilância, [esse movimento] é detectado e o sistema informático interpreta isso como um alerta”, esclarece. “Por algum motivo estavam à venda produtos suspeitos de contaminação”, sublinha. “Não sabemos se estavam contaminados ou não. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Detalha a ASAE que o “produto foi adquirido em Bruxelas num estabelecimento retalhista a 19 de Agosto de 2017”. Olhando para o calendário, percebe-se que a transacção foi feita semanas depois de ter sido dado o alerta em vários países — incluindo a Bélgica —, e de a porta-voz da Comissão Europeia, Anna-Kaisa Itkonen, ter afirmado que “os ovos contaminados foram rastreados e retirados do mercado” e que a situação estava sob controlo. Para o Ministério da Agricultura português, “essa é a questão que importa responder”. O PÚBLICO questionou a ASAE sobre a existência de funcionários portugueses e aguarda ainda resposta. Quanto à identificação da empresa, a ASAE respondeu que se trata de uma informação sob sigilo. O pesticida fipronil é uma substância altamente tóxica e comummente utilizada em produtos veterinários – mas proibida em animais destinados ao consumo humano – e pode danificar o fígado, a tiróide e os rins se for ingerida em grandes quantidades, descreve a Organização Mundial de Saúde.
REFERÊNCIAS:
Entidades ASAE
“Gostaria de ter um robô em casa que conseguisse estrelar um ovo, depois de me ver a estrelar ovos”
Especialista na área da visão por computador e na robótica, este engenheiro do Instituto Superior Técnico tenta evitar (“tanto quanto possível”) a programação de robôs “apenas” para a execução de funções. Mas programá-los, isso sim, para “evoluírem e alterarem as suas operacionalidades em função da sua experiência”. "Imitar não é só copiar; é perceber o objectivo da tarefa e replicar." (...)

“Gostaria de ter um robô em casa que conseguisse estrelar um ovo, depois de me ver a estrelar ovos”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Especialista na área da visão por computador e na robótica, este engenheiro do Instituto Superior Técnico tenta evitar (“tanto quanto possível”) a programação de robôs “apenas” para a execução de funções. Mas programá-los, isso sim, para “evoluírem e alterarem as suas operacionalidades em função da sua experiência”. "Imitar não é só copiar; é perceber o objectivo da tarefa e replicar."
TEXTO: Uma das ambições de José Santos-Victor é construir robôs com um nível de sofisticação tal que os torne nossos semelhantes. Não ao nível da similitude física, dando rostos e corpos humanos a máquinas, tornando-os humanoides, mas descobrindo como através da “experiência relacional” poderão interagir de forma natural connosco. Licenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, onde lecciona, Santos-Victor nota que chegou o momento de se retirarem os robôs do mundo à parte em que foram colocados, as fábricas. Este engenheiro de 53 anos é investigador do Instituto de Sistemas e Robótica do IST, desde a sua fundação em 1992, e criou o VisLab - Laboratório de Visão por Computador, dentro do mesmo instituto. A área de investigação a que mais se dedica está relacionada com a visão por computador e na robótica, especialidade que cruza com a biologia e a neurociência. Para além de nos darem assistência nas tarefas do quotidiano, Santos-Victor acredita que criaremos robôs para nos fazerem companhia, cenário que encara com “naturalidade” e “alguma expectativa”. No campo da robótica, quais são os projectos em que estão envolvidos e que ambições têm?O que nós queremos, a longo prazo, é que os nossos robôs vivam no mundo e aprendam com a sua experiência relacional. Temos estudado os processos de aprendizagem com psicólogos e estamos a tentar rebater esses processos nos robôs. É aquilo a que chamamos pensamento divergente e convergente na criatividade. O pensamento divergente é quando uma criança, por exemplo, explora soluções completamente diferentes para resolver um problema e nenhuma solução tem a ver com outra, usando caminhos alternativos e não forçosamente relacionados. E quando, a certa altura, há uma solução, que por algum motivo parece melhor ou traz alguma vantagem face às outras, o que as crianças tendem a fazer é melhorar essa solução, num gesto convergente. Estudámos em crianças esta combinação de exploração em largura e da optimização em profundidade. Filmámos crianças a montar estruturas em Lego e tentámos perceber e classificar os seus processos. Queremos transportar esse tipo de pensamento divergente e convergente para os nossos robôs. E como é que se ensina um robô?Os robôs aprendem de várias maneiras, mas o que eles essencialmente fazem é aprendizagem por imitação, que é um dos principais mecanismos de aprendizagem social. Há a fase em que os ensinamos a desempenhar tarefas: eles olham para a maneira como nós resolvemos determinada tarefa e tentam aprender os passos que são verdadeiramente importantes para o seu desempenho. Depois são esses passos que o robô tenta replicar, à sua maneira. Porque imitar não é só copiar; é perceber o objectivo da tarefa e replicar. O outro mecanismo que usamos é a aprendizagem por exploração, em que os robôs aprendem por tentativa e erro. Recentemente, ensinámos um robô a limpar mesas, em função do tipo de sujidade: pode ser líquida ou sólida, ter maior ou menor volume, o que envolve uma diferenciação das acções e do tipo de utensílios empregados. Colocamos o robô perante um especialista em limpeza, que no caso somos nós, que limpa a mesa com um pano ou uma esponja, ou uma vassourinha, ou com o que for preciso em cada caso. Repetimos a tarefa várias vezes, até o robô perceber o que é a invariante: quando eu limpo a primeira, segunda ou terceira vez, há coisas que variam, mas há coisas que não variam e essas, sim, são as coisas que são importantes. O robô tem de conseguir extrair esse denominador e depois tentar desenvolver a acção à sua maneira, sem perder esses aspectos fundamentais da função, que ele determina por si próprio. Gostaria de um dia ter um robô em casa que conseguisse estrelar um ovo, depois de me ver a estrelar ovos uma ou duas vezes – sem que eu precise de escrever uma linha de programação para essa tarefa. A ideia é interagirmos com estas máquinas de uma maneira parecida com aquela com que nós, seres humanos, interagimos uns com os outros. Este robô em que está a trabalhar foi intencionalmente desenhado para ser um boneco e não para ser um humanóide, para não ser muito parecido connosco. Isso é uma intenção presente no design inicial ou é uma limitação? Ou seja, é um boneco porque tem de ser, ou é uma escolha?Se uma máquina for muito diferente de mim, é difícil que eu estabeleça uma relação emocional intensa com ela. Se a fizer evoluir até ter um aspecto que se vai aproximando do ser humano, a capacidade de eu me envolver com esta máquina aumenta. Quando as máquinas são quase-humanas, basta haver um detalhe que não funciona bem – o nariz, ou os olhos – para se criar uma situação profundamente perturbadora. Na realidade, pode haver uma semelhança de 99% com o rosto humano, mas esse 1% que falta provocará uma reacção de espanto, de medo. É aquilo a que se chama uncanny valley, que creio que se traduz em português por “estranheza familiar”…Sim, é essa a expressão. Há ali de facto uma “falha” que causa uma grande estranheza. Conscientes disso, escolhemos ficar claramente afastados dessa zona de semelhança. Não queremos criar a ilusão de que o robô é um ser humano – um robô é uma máquina que tem semelhanças com o ser humano, mas não pretendemos criar, nem nas crianças, nem nos adultos, qualquer confusão. O robô que está no laboratório do IST está ligado a uma série de volumosos sistemas externos a si; aliás, se calhar daqui a uns anos, vamos sentir o mesmo que sentimos quando olhamos hoje para computadores que ocupavam salas inteiras. O que é que falta para que os robôs se tornem mais autónomos? A miniaturização? Tal como já miniaturizámos um computador para caber dentro de um tablet ou de um smartphone?Separamos o robô em corpo, mente e energia. Do ponto de vista da mente, tem havido um progresso grande na capacidade de cálculo, na miniaturização do cálculo, na utilização do cálculo na nuvem, na cloud. O cérebro humano tem uma capacidade de cálculo muito superior aos computadores que hoje existem, mas, ainda assim, do ponto de vista do cálculo, acho que o progresso é muito encorajador. Onde creio existirem mais dificuldades é nos materiais e nos motores que fazem movimentar as várias partes do corpo e da sua eficiência energética. A capacidade que temos de armazenar a energia do robô é bastante limitada. O cérebro e o corpo humano são muito eficientes; a potência que os nossos músculos conseguem exercer e a quantidade de energia retida por eles estão longe de ser atingidas pelos dispositivos que usamos hoje. No tipo de materiais, nos sensores, na leveza, na flexibilidade, na suavidade… O corpo humano é maleável e esse aspecto faz parte integrante da nossa funcionalidade. A minha mão agarra objectos, porque os tecidos da minha mão são moles e adaptam-se ao objecto. Os nossos robôs, a maior parte deles, são de alumínio. Estamos a começar a fazer experiências com corpos mais moles, mas ainda temos desafios muito grandes nessa área. Portanto, do ponto de vista do corpo e da energia, ainda há desafios importantes, com progressos visíveis, mas com muito caminho pela frente. Do ponto de vista da mente e da computação, acho que estamos a evoluir muito rapidamente. Uma das áreas que mais tem estudado é a da visão. É um factor determinante no funcionamento de um robô?É determinante num robô e na natureza. Quase todos os seres vivos têm algum tipo de visão. Partindo do princípio de que Deus era engenheiro, nós procuramos os princípios de engenharia em algumas criações divinas. Quando tentámos perceber como funcionava a visão para a replicar roboticamente, observámos animais em que a visão funciona muito bem. Começámos por estudar insectos como formigas e progredimos para a visão das moscas, das abelhas, das aranhas. Na realidade, reconstituímos o aparelho visual de uma mosca, criámos uma mosca robótica. Basicamente, enquanto o olho humano é uma esfera com uma lente à frente, que forma uma imagem na retina, situada na parte traseira do globo ocular, muitos insectos têm um olho composto. O olho da mosca também se aproxima da forma esférica, só que, em vez de ter uma única lente que forma uma única imagem, é povoado de pequenas lentes, que formam microimagens – o omatídeo em biologia. Estudamos o aparelho ocular da mosca-da-fruta em particular. Imaginámos o olho composto da mosca e fizemos um corte no equador. Recriámos os omatídeos, os pequenos olhos que a mosca tem a povoar esse hemisfério. E criámos uma rede de neurónios que existem logo atrás do olho da mosca. Estes neurónios recolhem directamente a luz que incide sobre esses pequenos sensores, que, em conjunto com os sensores vizinhos, conseguem calcular a velocidade a que o espaço visual se movimenta, em função do movimento da mosca. É assim que as moscas voam, que evitam obstáculos, que procuram comida… Depois integrámos esta informação num robô e este passeava, andava em frente e ia evitando obstáculos, usando os mesmos princípios biológicos que são conhecidos no caso da mosca e de outros insectos. Mas como é que este seu robô “olha” para o exterior?Os olhos, do ponto de vista da fisiologia, são um pouco uma extensão do cérebro, estando ligados directamente ao córtex visual que faz o tratamento da informação. É este prolongamento que permite que o cérebro se aperceba do que está a acontecer cá fora, mas, curiosamente, também é uma maneira de olharmos para dentro do cérebro do ser humano e das outras espécies. No entanto, o cérebro humano, mesmo sendo muito poderoso, tem um volume limitado. Nós acreditamos que Deus tinha um budget determinado, um orçamento de computação e de peso que tinha de respeitar. Esse orçamento limitado traduz-se no número de píxeis que se conseguiu colocar na retina humana, ou na retina de outro animal. Então, o dilema era o seguinte: se o meu orçamento é este, significa que eu só tenho um determinado número de píxeis disponíveis. No caso, a retina humana tem cerca de 120 milhões de píxeis. Portanto, se o orçamento disponível era de 120 milhões, a opção era a seguinte: se eu quiser ver com grande acuidade visual, se quiser ver objectos muito finos com grande detalhe, então tenho de empacotar esse número num campo visual estreito. E no mundo pré-histórico, isto não era boa ideia. Posso estar muito feliz, porque estou a ver um objecto à minha frente, com grande acuidade visual, mas se ao mesmo tempo vier dali um leão direito a mim a querer dar-me uma dentada e eu não o vir, não me serve de muito ter esta grande acuidade. A retina humana é muito curiosa, porque mistura duas retinas. Há uma retina pré-histórica, que tem um campo visual alargado, que é a retina periférica e que não vê com grande resolução – nem sequer vê cor –, mas tem cerca de 120 graus de campo visual. Portanto, se vier um leão a correr para mim dentro desta área de 120 graus eu consigo aperceber-me de que o leão constitui um perigo a evitar. Do ponto de vista da sobrevivência, esta retina pré-histórica é excelente e cumpre essa função de me manter vivo, apesar dos leões que andam por aí. Essa parte foi resolvida e depois o resto que sobrou do budget [de Deus], foi aplicado numa zona, necessariamente mais estreita, em que o ser humano vê muito bem. Essa zona chama-se fóvea, é uma zona central com cerca de dois graus deste campo de 120. Só nesta pequena região é que nós vemos bem. É também apenas nesta área que vemos cor, porque os sensores que estão na fóvea, que são os cones, são aqueles que são sensíveis à cor – os bastonetes que estão na periferia não vêem cor, são muito sensíveis, mas não ecor – e, portanto, só nesta pequena região é que vemos com nitidez. Se eu quiser olhar para a sua cara, tenho de olhar primeiro para o lado esquerdo, depois para o lado direito. Donde, os meus olhos têm de estar constantemente a fazer estes movimentos, para ir vendo, com a parte de alta resolução, as várias partes do campo visual que me interessam. E depois o cérebro faz uma composição fantástica, monta um mosaico, um puzzle, com estas pequeninas imagens. No fundo, é como se uma sala estiver completamente às escuras e eu tiver apenas uma pequena lanterna que ilumina dois graus de cada vez. Depois colo os bocadinhos que vou iluminando e crio uma imagem no cérebro – não está nos nossos olhos, está no cérebro – em que tudo aparece a cores e em alta resolução. E tudo isto se passa sem sequer nos apercebermos deste fenómeno e do esforço que os olhos e o cérebro fazem para produzir esta imagem fantástica. Foi este o dilema encontrado no desenho da visão humana e que foi admiravelmente resolvido desta forma. Nós tentamos replicar estes sistemas nos robôs, que também têm um cérebro com um peso limitado. Têm visão foveal, com uma zona onde vêem com grande acuidade e depois têm uma zona em que vêem pior, mas conseguem reagir a estímulos. Se alguém se aproximar a correr, ou se houver um flash, ou uma chama, eles vêem o suficiente para perceber que têm de olhar para aquela direcção e depois, a seguir, conseguem olhar com mais cuidado. E qual é a importância da zona branca dos olhos? Parece que somos a única espécie que tem uma superfície branca à volta de retina. Os movimentos oculares têm duas funções. Uma é operativa: eu não consigo agarrar um objecto que não conheça, se não olhar para o objecto. Tenho de orientar a minha visão – a parte que é exacta e que tem alta acuidade – para a zona do espaço em que tenho de fazer uma tarefa que requeira algum rigor. Os olhos têm de apontar naquela direcção, porque têm de recolher informação de alta resolução naquela zona do espaço visual. Um segundo aspecto interessante é o da comunicação e é aqui que os olhos adquirem uma função muito importante. Medirmos o olhar uns dos outros é fundamental, para percebermos se o outro ser humano está connosco. Há um protocolo de comunicação que se desencadeia através do olhar e para isso é preciso conseguir medir a direcção do olhar das outras pessoas. Os nossos olhos têm esta zona externa que é branca e depois a parte interna, que tem outra cor, o que facilita enormemente a tarefa de medir a direcção para onde estamos a olhar. Este aspecto de comunicação é tão fundamental que se acredita que noutras espécies, em que esse fundo branco não está disponível, nomeadamente em seres tão próximos de nós como outros primatas, essa comunicação não-verbal não funciona com o nível de importância que tem no ser humano. É uma dimensão que provavelmente se tornou tão importante que a pressão evolutiva levou ao desenvolvimento desta característica particular que nos permite lermo-nos uns aos outros. Bom, a não ser que se usem óculos escuros [risos]. Aí estamos a trair a evolução. Outra parte do corpo onde a “engenharia divina” exibe algum brilhantismo é o ouvido, que aparentemente é muito bem desenhado. . . Quando falo com o robô, gostava que ele percebesse em que direcção estou e se virasse para mim. Foi aí que começou o desafio. Tentámos perceber o radar humano, o processo de audição. Se alguém me falar do lado direito, eu, naturalmente, viro-me. Mas a questão desenvolve-se em dois planos: quando alguém fala comigo, tenho de perceber se estão a falar à esquerda, ao centro ou à direita, mas também se estão a falar de cima, a meia altura ou de baixo. No plano horizontal é relativamente fácil fazer essa diferenciação, uma vez que se alguém me falar do meu lado direito o sinal acústico que esta pessoa emite chega primeiro ao meu ouvido direito e só depois ao meu ouvido esquerdo. Portanto, há um atraso na propagação das ondas. Se eu medir este atraso, consigo perceber e calcular a direcção da fonte de som. Este aspecto foi relativamente fácil de resolver. Mas, no plano vertical, tudo se complica, porque a cabeça humana é simétrica. Ou seja, se eu falar de cima, o som chega no mesmo instante ao lado esquerdo e ao lado direito e a energia com que chega também é a mesma. Como é que se resolve está questão? Explorámos a fisiologia da orelha e percebemos, para nossa surpresa, que o ouvido humano, para além de ter uma componente estética que já nos habituámos a apreciar, foi de facto desenhado com um princípio de engenharia. O que acontece é que quando as ondas sonoras chegam ao nosso ouvido, parte do som é escutado directamente, há uma onda directa que é imediatamente recepcionada pelo sensor, e existe uma outra onda que passa pelo sensor e bate na parede externa do ouvido, que se chama pina. Quando a onda bate na pina, uma parte é absorvida e outra parte é reflectida. A onda directa e a onda reflectida cancelam-se mutuamente. Quando isso acontece, se a distância variar, se não for uniforme da pina ao ouvido – por isso é que a pina não é circular, as distâncias variam com a elevação – posso usar esta variação para descodificar a origem de determinado som. Analiso quais são as frequências que são anuladas e consigo determinar a elevação da fonte de som. Portanto, a pina é outro excelente exemplo de engenharia. Desenhámos uma pina com o mesmo tipo de curvatura do ouvido humano e colocámo-los na área que rodeia os microfones do robô. Somos hoje capazes de fazer com que os nossos robôs olhem de forma consistente para nós. Não é um processo muito preciso, mas é o suficiente para que o robô dirija a cara na nossa direcção e entremos no campo visual do robô – a partir daí a comunicação acontece. O robô que desenvolveram tem um pequeno fato azul. É aí que se explora o tacto?Os robôs existem há muitos anos, mas têm vivido num mundo à parte, nas fábricas. Estavam fechados lá dentro e nós estávamos fechados cá fora. O que está a acontecer agora é que estamos a abrir os espaços que eram só nossos a estas máquinas, ao mesmo tempo que estamos a abrir o espaço que era só destas máquinas. Os robôs, até hoje, viviam num mundo organizado, onde tudo é planeado, onde não há incertezas. A vida real é um encadeamento de surpresas, os planos são feitos para serem alterados e, portanto, estes robôs terão de desenvolver capacidades adaptativas, nomeadamente a capacidade de agarrar objectos – uma parte fundamental da interacção com o mundo. O tacto é muito importante quando queremos que um robô agarre um objecto que ele nunca viu. O objecto pode estar quente, ser áspero, pode estar gelado, e o robô tem de perceber todas estas variantes. Na verdade, no córtex humano existe uma parte grande que tem a ver com a visão, mas outra parte, igualmente importante, que tem a ver com o tacto, sobretudo da mão. Daí que tenhamos colocado sensores tácteis no robô, que cobre partes do corpo, dos braços, da palma da mão e dos dedos. As mãos são muito complicadas. Consideramos, aliás, que, do ponto de vista da evolução, há aspectos que definem o ser humano, que começaram com a mão e, precisamente, com a nossa capacidade de agarrar objectos. Há um caminho evolutivo que passa por aí, não poderíamos, portanto, abdicar do desenho de uma mão muito sofisticada nos nossos robôs – isto se queremos que o robô tenha um bom desempenho em tarefas complicadas. Como fazer ovos estrelados ao pequeno-almoço. . . Que é uma função essencial [risos]. Mas repare: se tentarmos apertar atacadores com luvas, a nossa sensibilidade táctil fica muito deteriorada, é mais difícil. Hoje, é como se os nossos robôs estivessem a usar luvas grossas, de trabalho pesado, porque, de facto, a sensibilidade táctil que têm é relativamente pequena. Imagine que o robô está a ser amolgado. Há algum sensor que que lhe permita reagir? É possível programar esse tipo de sensibilidade?O robô tem limites físicos, programados deliberadamente. Desenhámos uma espécie de fusível mecânico que faz com que quando acontece algum tipo de acidente, quando o robô bate num objecto ou faz mais força do que aquela que devia, os tendões da mão partem. Deliberadamente, partem. É um fusível desenhado para protecção do próprio robô. Noutros casos, fazemos essa protecção por software. Se estiver a fazer muita força, o robô consegue medir e recuar o braço. Não posso dizer que sinta dor, como nós, mas tem mecanismos de autoprotecção. Por exemplo, o robô sabe quando chega ao limite dos seus braços; eu, quando movimento o meu braço, sei que não é saudável tentar ir com o braço demasiado para trás, porque alguma coisa menos boa provavelmente vai acontecer ao meu ombro. O robô tem um pouco essa noção, programada por nós. Quando está no limite do espaço de trabalho das suas juntas, daquilo que a cinemática do corpo consegue atingir, ele exerce alguma limitação e tenta escapar dessas zonas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Existe um modelo geral da inteligência, ou cada sistema é desenhado em função da tarefa a desempenhar?Não lhe posso responder de forma simples. Olhando para vários animais, observamos grande especificidade e optimização, mas pouca generalização. Determinado animal faz o que faz muitíssimo bem. O ser humano é um pouco o contrário. Não é o animal mais rápido do mundo, não é o animal mais forte do mundo, mas é o animal com maior capacidade de aprendizagem e também o animal com maior capacidade de adaptação. É um paradigma de inteligência bastante diferente. É relativamente fácil fazer uma máquina com um desempenho muito sofisticado numa única tarefa. Mas desenhar uma máquina que consiga ter um desempenho igualmente elevado em diferentes contextos, capaz de perceber ou de se adaptar a situações extremas, isso é muito difícil. Mas é nesse sentido que nós trabalhamos. Tanto que o nosso paradigma, o que tentamos, tanto quanto possível, é não programar as funcionalidades do robô, mas programá-lo, sim, para evoluir e alterar as suas operacionalidades em função da sua própria experiência. Cada um de nós é também produto do mundo emocional e relacional. Há em nós uma parte determinada geneticamente, mas depois há a cultura e a experiência que nos vão moldando ao longo da vida. Queremos que os nossos robôs evoluam nesse sentido, porque também eles serão fruto dessa experiência ecológica. Mas como é que imagina a nossa interacção com estas máquinas? Como é que acha que podem fazer parte do nosso espaço convivial e relacional?Acredito que há sistemas destes, relativamente simples, que vão poder andar em nossas casas. Já há uns pequenos objectos que são controlados pelo telemóvel, que falam connosco. Já há assistentes digitais que comunicam connosco por voz. Penso que estes sistemas se vão reunir em robôs, que vão começar a andar em nossas casas, que vão procurar objectos, vão ver se a porta ficou fechada, se a televisor ficou ligado. . . Vão-nos secretariar. . . Vão-nos dar alguma assistência, sim, e vão-nos fazer companhia, também. Encaro com uma certa naturalidade a entrada destes sistemas nas nossas vidas, com uma componente mais física. Vão interagir connosco, jogar connosco, agarrar objectos, ajudar-nos em algumas funções mais complicadas. Vejo isso com naturalidade e com alguma expectativa.
REFERÊNCIAS: