Arouca é o município do ano pelo seu geoparque
Município foi distinguido na tarde desta sexta-feira em Guimarães pelo seu geoparque que está reconhecido, desde 2009, pela UNESCO como património geológico da Humanidade. (...)

Arouca é o município do ano pelo seu geoparque
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DATA: 2018-12-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Município foi distinguido na tarde desta sexta-feira em Guimarães pelo seu geoparque que está reconhecido, desde 2009, pela UNESCO como património geológico da Humanidade.
TEXTO: O concelho de Arouca, com o seu geoparque, é o vencedor nacional dos prémios Município do Ano Portugal 2018, que reconhece as boas práticas do poder local. O Geoparque de Arouca integra desde 2009 a Rede Europeia de Geoparques que, sob a tutela da UNESCO — Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, reúne os territórios classificados como património geológico da Humanidade. O Geoparque de Arouca foi inaugurado a 5 de Dezembro de 2007 e estende-se por uma área de 327 quilómetros quadrados da Serra da Freita, abrangendo 41 geo-sítios, isto é, "sítios com interesse geológico. É hoje famoso pelos oito quilómetros de passadiços que serpenteiam as margens do rio Paiva e que já foram inclusive premiados, em 2016, nos World Travel Awards, considerados os Óscares do Turismo a nível mundial. A entrega dos prémios Município do Ano Portugal 2018 decorreu esta sexta-feira no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães — o galardoado do ano passado —, tendo sido distinguidos nove concelhos nas categorias regionais. O galardão maior foi arrecadado por Arouca, além ter vencido na região da Área Metropolitana do Porto. O prémio é atribuído desde 2014 pela Universidade do Minho, através da plataforma UM – Cidades e visa distinguir os municípios cujas boas práticas de projectos implementados nos seus territórios tenham nele impacto. E promovam o crescimento, a inclusão e a sustentabilidade nas suas cidades. É também uma oportunidade de dar a conhecer as diferentes realidades dos territórios de baixa densidade. Os projectos foram avaliados tendo em conta diversos factores, como o impacto que têm no território e na economia e qual o seu custo-benefício, se são inovadores e originais, que resultados têm alcançado, qual o potencial de replicação do projecto. Desde a sua criação, este galardão distinguiu municípios de diferentes zonas do país. Em 2014, foi Lisboa a premiada com o projecto "Há Vida na Mouraria". No ano seguinte foi Vila do Bispo pelo Festival de Observação de Aves & Actividades de Natureza. Em 2016, foi o Fundão, com o projecto “Academia de Código” (que promove cursos intensivos para ensinar as pessoas a programar). No ano passado, o projecto "Pay-as-You-Throw", em que cidadãos e empresários da zona histórica só pagam o lixo que produzem no centro histórico da cidade, valeu a Guimarães a distinção como município do ano. Depois de 56 candidaturas, o júri nomeou 35 projectos para nove categorias e para o grande prémio final que, este ano, fica em Arouca. No Norte, entre os municípios com menos de 20 mil habitantes, foi premiada a iniciativa Sexta 13 - Noite das Bruxas, de Montalegre. No grupo dos que têm mais de 20 mil habitantes, foi Braga a distinguida pelo sistema de Inteligência Urbana na Mobilidade Escola – School Bus. Na região Centro, foram distinguidos os municípios de Idanha-a-Nova (Recomeçar em Idanha) e Mealhada (CATRAPIM – Festival de Artes para Crianças). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O sistema intermodal de transportes que integra bicicletas, estacionamento, autocarros e comboios em Cascais — MobiCascais — foi o vencedor da Área Metropolitana de Lisboa. No Alentejo foi distinguido o município de Sines, pelo Festival Músicas do Mundo de Sines, que chegou às duas décadas este ano. No Algarve, foi Loulé com o projecto Territórios. Memórias. Identidades. Nas regiões autónomas, foi premiada Vila Praia da Vitória pelo eco-restauro da Zona Húmida Costeira. Os outros municípios finalistas eram Avis, Coruche, Santarém, Sines, Albufeira, Alcoutim, Loulé, no Algarve, Cascais, Lisboa, Mafra, Sesimbra, Espinho, Gondomar, Vila Nova de Gaia, Águeda, Mealhada, Oliveira do Hospital, Seia, Figueira de Castelo Rodrigo, Idanha-a-Nova, Lousã, Sátão, Braga, Ponte de Lima, Viana do Castelo, Vila Real, Alfândega da Fé, Armamar, Montalegre, Valpaços, Horta, Madalena do Pico, Ribeira Grande e Praia da Vitória.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
Francisco Guerreiro. Dos domingos da BBC Vida Selvagem até ao Parlamento Europeu
Seguimos os passos de Francisco Guerreiro entre Lisboa e Estrasburgo, nas semanas que antecederam a tomada de posse do eurodeputado eleito pelo PAN no Parlamento Europeu. Apanhámos lixo: “Para além da retórica política é preciso acção prática”. Em Portugal e na Europa, a missão é mostrar que o PAN não está reduzido a um nicho. (...)

Francisco Guerreiro. Dos domingos da BBC Vida Selvagem até ao Parlamento Europeu
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DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Seguimos os passos de Francisco Guerreiro entre Lisboa e Estrasburgo, nas semanas que antecederam a tomada de posse do eurodeputado eleito pelo PAN no Parlamento Europeu. Apanhámos lixo: “Para além da retórica política é preciso acção prática”. Em Portugal e na Europa, a missão é mostrar que o PAN não está reduzido a um nicho.
TEXTO: De mochila às costas e fato de treino, Francisco Guerreiro atravessa as rochas negras junto à Estrada do Guincho até perto do mar. “Ah, é aquela rede!” “Já é quinta tentativa para tirarmos daqui isto”, responde um dos membros do grupo que se reúne frequentemente em Cascais para acções de recolha de lixo. Na manhã de meados de Junho em que o PÚBLICO acompanhou o eurodeputado eleito pelo PAN, o grupo de quatro pessoas tem uma missão especial: tentar libertar do labirinto apertado de rochas afiadas uma rede com quase 30 anos, utilizada por pescadores nas décadas de 1970 e 1980. “Há dias com mais lixo, menos lixo, mas uma coisa é certa: há sempre lixo”, diz Francisco Guerreiro.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
BE propõe uma lei do clima e criação de Ministério da Acção Climática
Catarina Martins apresentou neste domingo a “primeira parte” do programa eleitoral do Bloco de Esquerda às legislativas de Outubro. (...)

BE propõe uma lei do clima e criação de Ministério da Acção Climática
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DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Catarina Martins apresentou neste domingo a “primeira parte” do programa eleitoral do Bloco de Esquerda às legislativas de Outubro.
TEXTO: O Bloco de Esquerda propõe no seu programa eleitoral para as legislativas de Outubro a aprovação de uma “lei do clima” e a criação do Ministério da Acção Climática, anunciou neste domingo a coordenadora do partido, Catarina Martins. “Queremos uma lei do clima que tenha os objectivos do programa para a emergência climática e neutralidade carbónica, e que tenha as obrigações de cortar as emissões. Precisamos de um Ministério da Acção Climática que coordene estas acções várias na indústria, no território, na habitação, na energia”, disse. A coordenadora do Bloco de Esquerda discursava numa sessão pública no Teatro Thalia, em Lisboa, destinada a apresentar a “primeira parte” do programa eleitoral do BE às legislativas de Outubro e que durou cerca de duas horas. Para o BE, “combater o plástico é uma prioridade, e em Portugal está fora de controlo”, já que o país produz “três vezes mais novos plásticos do que recicla”, disse Catarina Martins, propondo também a “proibição dos microplásticos” e a criação de alternativas às redes de pesca no mar. Na área ambiental, o BE quer recuperar o sistema de “tara” para as garrafas de vidro, o aumento das garantias de duração dos produtos e a possibilidade de as reparações dos bens serem comparticipadas, bem como a redução para metade das embalagens de plástico de bebidas até 2022. A criação de uma lei de bases da energia e de uma “nova agência da energia que seja objectivamente capaz de impor as mudanças que são necessárias” são outras propostas do BE nesta área. Para o BE, na área ambiental “falhou tudo o que tem feito até agora” e o “capitalismo verde não chega”, tornando-se necessário “responder às alterações climáticas e à pobreza energética” com medidas que vão dos transportes, à energia e à habitação. Para isso, o Bloco de Esquerda defende "retirar os carros” dos centros de Lisboa (Baixa-Chiado e Avenida da Liberdade) e Porto (Ribeira e Aliados), assegurando a existência de alternativas, bem como a requalificação do metropolitano em Lisboa até 2029, a expansão do metro sul do Tejo e novos silos de estacionamento. O BE estima que o programa de investimento nos transportes públicos ascenda a 680 milhões de euros. Por outro lado, o BE propõe aumentar o investimento no plano de acesso à rede ferroviária, com nove mil milhões de euros ao longo de duas décadas. Na energia, o BE quer aumentar em 50% até 2030 a capacidade instalada de produção de energia sustentável, com o encerramento da central de Sines até 2023 e da central do Pego até 2021, no prazo previsto. A descida do IVA da energia para 6% e a criação de um programa de “eficiência energética na habitação pública”, acelerando o investimento em 60 mil fogos de habitação social do Estado numa legislatura são outras medidas que constam do programa eleitoral do BE. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na área económica, Catarina Martins defendeu o aumento do investimento público para 5% do PIB, que correspondem a 10 mil milhões de euros, a “recuperação das pensões mais baixas” e retirar os rendimentos dos filhos do cálculo do Complemento Social para Idosos. O aumento do Salário Mínimo Nacional para 650 euros em Janeiro de 2020, “garantindo que o SMN é igual ao pago pelo sector público”, será também uma prioridade do BE, que voltou a propor a “recuperação do controlo público da banca e sectores estratégicos do Estado, nos transportes e energia”. Catarina Martins defendeu a reestruturação da dívida pública e um sistema fiscal “mais justo”, propondo o “englobamento obrigatório” de rendimentos, um novo escalão “da derrama estadual” para as empresas com lucros entre 20 e 35 milhões de euros, a reverter para o financiamento da Segurança Social.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Natal: e quando não podemos estar presentes?
Todos os anos, milhares de pessoas não podem passar o Natal com a sua família por inúmeras razões — e uma das principais é o trabalho. Tu que irás estar longe da tua família no Natal, não te preocupes, acontece a todos. (...)

Natal: e quando não podemos estar presentes?
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DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Todos os anos, milhares de pessoas não podem passar o Natal com a sua família por inúmeras razões — e uma das principais é o trabalho. Tu que irás estar longe da tua família no Natal, não te preocupes, acontece a todos.
TEXTO: A entrada do mês de Dezembro significa duas coisas: Natal e a mítica festa de passagem de ano, que consigo traz consumos excessivos, mas também recordações pesadas. Por norma, estas festas são celebradas com a nossa família. Mas e se não conseguirmos essa proeza? Continuam a ser momentos de celebração?À medida que vamos crescendo, vamos perdendo aquele encanto para com o Natal. Vamos criando a nossa ideia de felicidade, que pode ou não ser a mesma que há uns anos. Acontece a todos. Muitos têm a possibilidade de passar o Natal com os seus entes queridos, mas e os outros? Os que não podem?Todos os anos, milhares de pessoas não podem passar o Natal com a sua família por inúmeras razões — e uma das principais é, sem dúvida, o trabalho. Inúmeras pessoas têm de trabalhar nestes dias porque procuram lutar por um futuro melhor, dar um grande contributo à sociedade, mas também a todos os que fazem parte da sua vida. Custa perceber que aqueles que nós mais amamos estão longe e não podem estar ao nosso lado neste momento de celebração. E não é pouco. Mesmo que não liguem ao Natal, a verdade é que esta festividade traz ao cimo uma felicidade que só o conforto do nosso lar e dos nossos mais próximos podem trazer. E só percebemos isso a partir do momento em que somos obrigados a passar o primeiro Natal longe da família. Compreendemos a essência do Natal quando não a vivemos pela primeira vez. Mas isto não seria Natal sem felicidade. E é por isso que, mesmo longe, a presença dos nossos familiares é constante. Mesmo sabendo que não iremos marcar presença na consoada, não iremos assistir ao trinchar da posta de bacalhau nem à “roupa velha” do dia seguinte, eles sabem que a nossa ausência será para o nosso bem. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A nossa presença será sentida, sim, mas não somos esquecidos. O amor de um familiar é das coisas mais puras que existe. E isso permite-nos sorrir mesmo estando tristes nesta época de júbilo. Eles compreendem a nossa situação e, por isso, sorriem, mesmo não vendo quem queriam. A simplicidade do afecto é sem dúvida, para mim, o porquê de estas festas serem festas. Tu que irás estar longe da tua família no Natal, não te preocupes, acontece a todos. Não será por isso que irás ser uma "ovelha negra". A tua ausência é por algo maior que tu. Mas ainda assim, de certa maneira, estarás sempre presente. E quando, finalmente, estiveres por perto, irás ter as cuecas, as meias e aquele doce de Natal já seco à tua espera. E isso, a meu ver, não é mau.
REFERÊNCIAS:
Identificada e corrigida anomalia no cérebro de ratinhos com distrofia miotónica
Descoberta de disfunção em células da glia, células nervosas que não são neurónios, pode ajudar a controlar os sintomas neurológicos de outras doenças. Cientista português participou no estudo publicado na revista Cell Reports. (...)

Identificada e corrigida anomalia no cérebro de ratinhos com distrofia miotónica
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Descoberta de disfunção em células da glia, células nervosas que não são neurónios, pode ajudar a controlar os sintomas neurológicos de outras doenças. Cientista português participou no estudo publicado na revista Cell Reports.
TEXTO: Um investigador português faz parte da equipa que identificou, pela primeira vez, anomalias em células de glia (células nervosas que não são neurónios) que estão associadas à distrofia miotónica, uma doença hereditária sem cura. Mais do que apenas detectar o problema, os cientistas corrigiram-no. Ainda falta fazer alguns testes mas a solução encontrada para controlar alguns dos sintomas desta doença pode ser útil para outras doenças neurodegenerativas que partilham mecanismos semelhantes. É também, dizem os investigadores, uma resposta mais imediata e temporária para um problema de saúde que, mais tarde, poderá vir a conhecer uma cura através de terapia genética. Vamos entrar no complexo mundo do nosso cérebro. Assim, primeiro, imagine que os neurónios no nosso cérebro são carros que comunicam entre si que, à sua volta, contam com o apoio de células nervosas chamadas “células da glia” que sustentam o tecido, asseguram a limpeza das estradas e todo o ambiente para garantir uma comunicação eficiente e correcta entre os veículos. As células da glia começaram por ser encaradas como “a cola do cérebro” (como o nome denuncia), mas hoje já se sabe que são mais importantes do que isso e desempenham várias funções decisivas no cérebro. Já se sabia que nos casos de distrofia miotónica (uma doença causada pela mutação de um gene já identificado e com uma prevalência mundial, incluindo Portugal, de 12, 5 pessoas por cada 100 mil habitantes) se observavam anomalias neuronais, ou seja, avarias nos carros que viajam e comunicam uns com os outros dentro do nosso cérebro. Agora, os investigadores associaram, pela primeira vez, esta doença a disfunções nas células da glia (mais precisamente, nos astrócitos, células nervosas de grandes dimensões em forma de estrela) que “apoiam” os neurónios. “Estas anomalias nos astrócitos perturbam os níveis de neurotransmissores no cérebro, afectando a fisiologia neuronal e explicando a aparição de certos sintomas”, explica Mário Gomes Pereira, investigador português no Instituto Imagine da Universidade Paris Descartes, em Paris (França), e um dos autores do artigo publicado esta terça-feira na revista científica Cell Reports. Um dos sintomas desta doença – que, como o próprio nome indica, afecta os músculos do corpo, com manifestações mais visíveis na face – é uma perda de equilíbrio e problemas na função motora. Os investigadores usaram nas experiências uns ratinhos “especiais”, animais transgénicos com distrofia miotónica de tipo 1 que foram criados por Geneviève Gourdon, directora do departamento que integra o laboratório onde trabalha Mário Gomes Pereira e uma das pioneiras na investigação desta doença. O cientista português herdou há cerca de dez anos esta linha de pesquisa dedicada aos aspectos neurológicos da distrofia miotónica. Mário Gomes Pereira tem 42 anos e licenciou-se em Bioquímica na Universidade do Porto e esteve em Glasgow (Escócia) durante seis anos a investigar os aspectos genéticos da doença. Em 2004 ganha uma bolsa Marie Curie e começa o seu trabalho no Instituto Imagine, em França, onde, em 2007, conquistou a posição de investigador e explora os conhecimentos de especialista em biologia molecular, neurociências e genética. “O ponto de partida desta história foi quando detectámos uma anomalia nos astrócitos de Bergmann no cerebelo de ratinhos com distrofia miotónica e que, mais tarde, confirmámos que existia em quase todos os astrócitos e noutras regiões do cérebro”, conta o cientista. Nas experiências realizadas com os ratinhos perceberam que esta anomalia se manifestava num problema de equilíbrio e coordenação motora fina dos animais que, quando colocados nas experiências em que tinham de “saltar” pequenos obstáculos colocados no seu caminho, mostravam muito mais dificuldades do que os outros ratinhos saudáveis, deixando derrapar as patas durante o exercício. O problema foi confirmado em termos electrofisiológicos. Ao contrário do que seria de esperar, as anomalias não estavam nos neurónios do cerebelo mas nos astrócitos e, mais precisamente, na produção de uma proteína, a GLT1. No caso dos ratinhos transgénicos com distrofia miotónica observou-se que os astrócitos não produziam quantidades “normais” desta proteína que é um transportador de glutamato (este é um neurotransmissor) e, por isso, funciona como um sistema de “limpeza” para eliminar o excesso de glutamato que se acumula no cérebro e assegurar que não atinge níveis tóxicos. O que se verificou nos ratinhos mas também nos humanos (através de análises post-mortem a doentes com distrofia miotónica) é que não tinham as quantidades necessárias desta proteína e, por isso, o “sistema de limpeza” falhava e os níveis de glutamato tornavam-se tóxicos. Ou seja, foi detectada uma anomalia nos astrócitos e percebeu-se que era provocada pela subactividade da GLT1 que deixava acumular o glutamato. Esta descoberta só por isso já seria importante porque, pela primeira vez, era associada uma anomalia nos “ajudantes” dos neurónios à distrofia miotónica que, até ao momento, apenas estava relacionada com disfunções nos neurónios. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas a equipa de Mário Gomes Pereira foi mais longe e tentou corrigir a anomalia detectada. Para isso os cientistas foram procurar fármacos (já aprovados) que se sabia actuarem nesta proteína, ainda que para outras indicações clínicas. E encontraram alguns antibióticos no mercado (da classe dos betalactâmicos) que se revelaram eficazes e que conseguiam repor os níveis “normais” da proteína GTL1, resolvendo os problemas de equilíbrio dos ratinhos. E resolve os outros sintomas da doença? A rigidez nos músculos faciais, no pescoço e outros? “Não sabemos ainda”, responde Mário Gomes Pereira, admitindo que nos próximos passos desta investigação vão ajudar a perceber essa questão. Por outro lado, e apesar de se tratar de uma boa notícia, esta é uma solução limitada também porque exige sempre um tratamento continuado. Não é uma cura para a distrofia miotónica. “Há laboratórios, incluindo o nosso, que estão a desenvolver terapias genéticas que vão anular o efeito nocivo da mutação que está associada a esta doença. Essa seria a cura ideal para a doença e já há resultados positivos em ratinhos e em culturas celulares. Mas a transição destas respostas para o homem é um processo lento, com limitações técnicas importantes. E, portanto, a nossa estratégia foi: enquanto esperamos por uma terapia genética que vai chegar um dia, vamos descobrir outras maneiras alternativas para gerir e controlar, pelo menos, a evolução da doença”, diz o cientista. Por fim, Mário Gomes Pereira acredita que este trabalho poderá ter implicações noutras neuropatologias, que partilham mecanismos semelhantes com a distrofia miotónica, como a doença de Huntington, ou outras doenças mediadas pela acumulação de ARN tóxico, como a distrofia miotónica de tipo 2, síndrome de tremor e ataxia associado ao X frágil e, ainda, casos de demência fronto-temporal em esclerose lateral amiotrófica. Perceber se os doentes com estas patologias também têm anomalias nos astrócitos e na produção da proteína GLT1, é outro dos futuros passos desta investigação que tenta “corrigir” uma avaria num importante mecanismo que garante a normalidade no trânsito que flui nas estradas do nosso cérebro.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos homem doença corpo
O estado das albufeiras é preocupante, mas a Arrábida recebe nota positiva
Os dados são do Life, o programa comunitário que financia projectos dedicados ao ambiente, à conservação da natureza e ao combate das alterações climáticas. (...)

O estado das albufeiras é preocupante, mas a Arrábida recebe nota positiva
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.227
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os dados são do Life, o programa comunitário que financia projectos dedicados ao ambiente, à conservação da natureza e ao combate das alterações climáticas.
TEXTO: O estado de conservação das albufeiras nacionais é “desfavorável-mau”, tal como em França e na Grécia. A poluição das águas (especialmente superficiais) e sua alteração química são a justificação para esta classificação, de acordo com os dados divulgados na revista deste mês do programa Life-Natureza. A Espanha e a Malta foi atribuída a classificação “desfavorável-inadequado” e o melhor cenário está em Itália – o estado-membro que alcançou o “favorável” e possui as melhores perspectivas. As principais ameaças aos ecossistemas costeiros são as actividades humanas associadas a crescentes densidades populacionais, “por vezes com impactos irreversíveis nas espécies e nos habitats”, sendo que 73% dos habitats da costa europeia se encontram num estado “mau” ou “inadequado”. Actualmente, quatro em cada 10 europeus não vive a mais de 50 quilómetros da costa e as áreas costeiras continuam a ser o destino de férias de eleição para mais de metade dos europeus. Além disso, estima-se que 40% da riqueza comunitária tenha origem na zona litoral, concretamente, do sector das pescas, extracção de recursos, transportes ou energias renováveis. Prevê-se que as alterações climáticas tornem a preservação das albufeiras, estuários, salinas, dunas, recifes ou flora marinha mais desafiante. Segundo Humberto Rosa, director da Capital Natural da Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, face à importância que a região costeira tem na Europa, torna-se crucial que o desenvolvimento económico não ponha em causa a protecção ambiental dos ecossistemas, tanto mais porque a preservação dos valores naturais tem tantos benefícios económicos como ambientais. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um caso de sucesso é o do Parque Marinho Luiz Saldanha, na Arrábida, onde se localiza um importante número de espécies raras em Portugal. Nas últimas décadas, este tem sido um dos ecossistemas mais afectados pela acção humana devido ao desenvolvimento urbano costeiro, pesca excessiva e poluição, mas o projecto Biomares, iniciado em 2007, tem conseguido reverter a sobre-exploração das espécies e reduzir os danos no solo marítimo. Na verdade, o mapeamento detalhado da zona permitiu informar a indústria piscícola e os donos de embarcações de recreio acerca dos melhores locais para pescar ou ancorar os barcos sem danificar o habitat. Desde 2014, está em curso o Programa para o Ambiente e a Acção Climática (Life) e o objectivo é “contribuir para o desenvolvimento sustentável e para a concretização dos objectivos e metas da Estratégia Europa 2020”. Texto editado por Ana Fernandes
REFERÊNCIAS:
Países Portugal França Grécia Espanha Itália Malta
Encontrado por Darwin, só agora tem um lugar na árvore da vida
Durante mais de 180 anos, um mamífero ungulado extinto atormentou os cientistas: não sabiam bem quais eram os seus parentes próximos. Agora tudo se resolveu graças ao contributo do ADN. (...)

Encontrado por Darwin, só agora tem um lugar na árvore da vida
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Durante mais de 180 anos, um mamífero ungulado extinto atormentou os cientistas: não sabiam bem quais eram os seus parentes próximos. Agora tudo se resolveu graças ao contributo do ADN.
TEXTO: Se houve mamífero que tinha parecenças com muitos animais em simultâneo foi um ungulado já extinto de nome Macrauchenia patachonica. Tinha uma tromba, seria como os elefantes? Se andou em ambientes marinhos, saberia fazer apneia? Estas eram apenas algumas das questões colocadas sobre este ungulado. Mas a maior de todas era esta: onde se situa na árvore da vida? Desde a sua descoberta, há cerca de 180 anos, que era órfão. Agora o mistério foi desvendado e o Macrauchenia patachonica encontrou uma ordem “irmã”, a Perissodactyla, que tem descendentes vivos, como os cavalos e rinocerontes. A linhagem deste ungulado terá surgido há cerca de 65 milhões de anos, segundo um artigo na revista Nature Communications desta terça-feira. Tinha entre 400 e 500 quilogramas, um pescoço longo e uma tromba. Pertencia à ordem Litopterna, uma ordem extinta de mamíferos ungulados, que terá habitado o nosso planeta entre há cerca de 65 milhões de anos e 11 mil anos. A primeira pessoa a encontrar o “um dos últimos ungulados nativos da América do Sul”, como é conhecido, foi o naturalista Charles Darwin em 1834, no Uruguai e na Argentina. A descoberta foi feita durante a sua viagem no navio Beagle entre os anos de 1831 a 1836. Depois, decidiu passar o quebra-cabeças da identidade dos fósseis encontrados ao paleontólogo britânico Richard Owen, que acabou por lhes dar o nome científico Macrauchenia patachonica em 1838 e colocou esta espécie na infraclasse dos placentários. Mas como refere o artigo científico na Nature Communications, Richard Owen tinha poucos ossos dos membros e das vértebras deste animal para analisar. Por isso, acabou por descrever o mamífero como um parente dos lamas, sobretudo porque era comprido e tinha um pescoço como o dos camelos. Contudo, não reparou noutras das suas características, como a posição das suas cavidades nasais bem perto das órbitas oculares. “As análises de Owen indicaram que o Macrauchenia era, quanto à sua classificação, um ungulado, mas foram inconclusivas”, lê-se no artigo. A combinação das suas características terá baralhado Richard Owen, que “deixou” que fossem os paleontólogos do século XXI a definir o lugar do Macrauchenia patachonica na árvore da vida. Num estudo de há cerca de dois anos já se tinham realizado análises ao colagénio (proteínas encontradas na pele, nos ossos, cartilagem ou músculo liso) dos fósseis. Percebeu-se então que a Macrauchenia patachonica estava ligada a uma ordem de animais vivos: a Perissodactyla, que inclui os cavalos ou rinocerontes. Agora uma equipa liderada pelo paleontólogo Michael Hofreiter, da Universidade de Potsdam, na Alemanha, veio dar força a esta afirmação. Neste novo estudo fizeram-se análises ao ADN mitocondrial, que está fora do núcleo das células e é transmitido apenas pela mãe. Extraíram-se amostras de ossos de seis exemplares do género Macrauchenia e de 11 toxodontes (um mamífero extinto que ainda coexistiu com o Macrauchenia e que também foi encontrado por Charles Darwin). Os fósseis são de vários países da América do Sul, como o Uruguai, a Argentina e o Chile. A missão foi então reconstituir o genoma mitocondrial da espécie Macrauchenia patachonica. E como o seu ADN era antigo foi preciso encontrar material de parentes próximos daquela espécie, para se colmatarem as falhas do ADN mais “velhinho”. Mas não foi uma tarefa fácil, como diz Michael Westbury, também da Universidade de Postdam, num comunicado do Museu Americano de História Natural (Estados Unidos), que também contribuiu para este trabalho: “Tínhamos um problema difícil de resolver aqui: o Macrauchenia não tinha qualquer parente vivo próximo. ”Mas na gruta de Baño Nuevo, no Chile, descobriu-se uma falange de um exemplar do Macrauchenia patachonica, que permitiu assim fazer comparações com os genomas do rinoceronte e do cavalo. E verificou-se que havia uma proximidade genética entre o animal já extinto e aquelas duas espécies actuais. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No final, a equipa recuperou quase 80% do genoma mitocondrial do Macrauchenia patachonica. Com esta informação foi possível perceber que a espécie pertencia ao grande grupo Panperissodactyla e é próxima da ordem Perissodactyla. A equipa concluiu também que a linhagem dos Macrauchenia surgiu há cerca de 66 milhões de anos, praticamente em simultâneo com uma das maiores extinções de vida na história da Terra. A colisão de um grande meteorito criou a enorme cratera de Chicxulub, no Iucatão (México), e pensa-se que terá sido este acontecimento que levou ao desaparecimento dos dinossauros e de muitas outras formas de vida. Os resultados deste novo estudo são compatíveis com o trabalho realizado há dois anos. “O nosso estudo confirma e alarga os resultados de outra investigação molecular publicada há dois anos, que utilizou o colagénio para inferir relações [de parentesco entre seres vivos]. Tal como nesse estudo, o nosso considerou que os parentes vivos mais próximos do Macrauchenia estão na ordem Perissodactyla, que inclui os cavalos, rinocerontes e os tapires”, explicou, no comunicado, Michael Hofreiter. Há razões para dizer que Charles Darwin e Richard Owen ficariam contentes com estes resultados: afinal o mamífero que tanto os atormentou já encontrou os seus parentes vivos.
REFERÊNCIAS:
Uma viagem inesquecível (no Porto) sobre a vida
Galeria da Biodiversidade é inaugurada esta sexta-feira no Porto. É na Casa Andresen do Jardim Botânico e é o primeiro pólo do Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto. Abre ao público no sábado. É obrigatório visitar. (...)

Uma viagem inesquecível (no Porto) sobre a vida
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Galeria da Biodiversidade é inaugurada esta sexta-feira no Porto. É na Casa Andresen do Jardim Botânico e é o primeiro pólo do Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto. Abre ao público no sábado. É obrigatório visitar.
TEXTO: Às vezes, como esta, entramos num espaço e saímos dele com a cabeça invadida por imagens e sensações. Um esqueleto de uma baleia suspenso num átrio, um cubo de vidro cheio de ovos de vários tamanhos e cores, outro cubo transparente com miniaturas de todas as raças de cães que há no mundo, cheiro de morango ou canela ou outra coisa qualquer, o som do coração de um rato, Charles Darwin sentado numa sala com dois coelhos ao colo em cima de uma almofada, Sophia de Melo Breyner numa secretária a escrever e que surge como uma lindíssima silhueta se a espreitarmos do átrio. E tantas, tantas outras. Estão todas dentro de uma casa que se chama Galeria da Biodiversidade, da Universidade do Porto (UP), e que é inaugurada esta sexta-feira. É o primeiro pólo do Museu de História Natural e da Ciência da UP que já terá custado dez milhões de euros e que abre ao público no sábado e esta sexta-feira será inaugurado por Marcelo Rebelo de Sousa. Mas não é um museu. Os museus não são assim. Da mistura única (no mundo?) de história, arte, literatura, biologia, tecnologia resultou esta inesquecível Galeria da Biodiversidade. A experiência mora na Casa Andresen do Jardim Botânico do Porto, um palacete do século XIX, onde Sophia de Mello Breyner brincou. E onde hoje, arriscamos, se divertiria muito também. O museu foi aberto há 101 anos e inaugurado pelo então Presidente da República, Bernardino Machado. O livro original da cerimónia assinado estará lá hoje, ao lado de outro que Marcelo Rebelo de Sousa deverá assinar. Mas, agora, existe ali algo completamente diferente. Nuno Ferrand, biólogo e coordenador do ambicioso projecto de criação do Museu de História Natural e da Ciência da UP, guiou o PÚBLICO numa vista ao espaço que durou uma hora e 24 minutos. Avisa, desde logo, que este pólo não quer competir com os célebres museus de história natural que existem em Paris ou Inglaterra. Vai começar a visita a “alguma coisa diferente” que quer captar e deslumbrar as pessoas pela beleza do lugar e que se apresenta como “uma viagem sobre a vida”. O (pouco) que aqui reproduzimos fica muito aquém do que apre(e)ndemos. Imagine que nos acompanha. A conversa começa ainda fora da exposição, ao pé dos elevadores e do espaço que será em breve ocupado por um café. “A reabilitação da casa começou em 2010, depois tivemos a exposição de Darwin e outras e a casa fechou outra vez, em 2013, durante dois anos para a recuperação. A partir daí começámos a trabalhar nos conteúdos, num modelo que aproxima um museu de cariz universitário e um centro de Ciência Viva, o primeiro do Porto e o primeiro do país dedicado à biodiversidade. Esta é a primeira vez que vamos ter uma experiência de junção, uma parceria íntima. ”Subimos as escadas, em caracol, e entramos no átrio da casa onde foi colocado um enorme esqueleto de baleia suspenso no centro. É o início da ideia que une arte e ciência. “Esta é a grande metáfora. É o início do projecto. A esta baleia chamamos ‘O desejo de Sophia’. Foi a baleia que a Sophia imaginou um dia aqui montada. No seu conto A Saga nas Histórias da Terra e do Mar ela imagina que o átrio – e descrevendo-o como desmedidamente grande – daria para armar o esqueleto de uma baleia, cujos ossos repousavam, abandonados, nos corredores da Faculdade de Ciências. A baleia estava lá de facto. Esta foi a baleia que ela viu numa visita que terá feito à Faculdade de Ciências (hoje é o edifício da reitoria). E nós trouxemo-la para aqui. E vemos a espectacularidade de uma baleia a surgir daquela sala e a encontrar o sítio onde Sophia sempre sonhou que mergulhasse. ”Subimos mais umas escadas e chegamos à varanda que está por cima do átrio quadrado com janelas que deixam entrar a luz e o verde do jardim. Aqui, estão quatro vitrinas com os argumentos fundamentais para conservarmos a diversidade biológica: a beleza, a ética, a economia e a ciência. Todo o projecto nasce de uma colaboração entre Nuno Ferrand, Luís Mendonça, professor das Belas-Artes, e Jorge Wagensberg, um dos mais conhecidos museólogos mundiais da Universidade de Barcelona e que concebeu aquelas vitrinas. Parámos em todas as vitrinas e experimentámos os desafios interactivos que estão entre elas. O primeiro argumento é a Beleza e são quase mil ovos suspensos. Chama-se “Diversidade dos ovos”. “Fomos à procura de um objecto que representasse a beleza do mundo natural e o ovo é o melhor de todos, porque é a mais bela metáfora para a origem da vida. As pessoas ficam encantadas a olhar para isto. Estão organizados pelo tamanho (do mais pequeno ao maior), pela cor (dos mais claros para os mais escuros) e pela forma (esféricos e ovóides). Não é nada aleatório. Os espaços vazios e muito preenchidos mostram questões que existem na biologia, nós não sabemos porque é que há mais ovos pigmentados do que não pigmentados, por exemplo. Depois de ver a beleza do significado do ovo, podemos brincar. ”A caixa ao lado serve para isso mesmo: brincar. Desta vez, é uma caixa onde dançam dois ovos esféricos e dois ovos ovóides. Demonstra como são os ovóides que rebolam menos, ou seja, partem-se menos e têm mais hipóteses de sobreviver. Há mais caixas para brincar e que servem para miúdos e graúdos. Aliás, todos os espaços têm algo que interage com o visitante. “Há uma cadeira onde nos sentamos para ouvir o bater coração de uma baleia (o maior mamífero na Terra com seis batidas por minuto), o coração de um rato (o mais pequeno mamífero do planeta, com um coração que bate mil vezes por minuto) e o nosso (que bate mais ou menos 70 vezes por minuto). ”Há uma mesa com funis articulados que deitam cheiros num jogo de poucos segundos para detectarmos se estamos a cheirar canela, morangos ou gengibre, entre outros, antes de surgir a imagem com a resposta. Há um quadro com imagens, ligadas umas às outras, com as obras de arte que se fizeram com cães. Há um local onde podemos tirar uma fotografia com a célebre técnica que Andy Warhol usou com Marilyn Monroe, numa recordação que pudemos imprimir, levar para casa e que está incluída no preço do bilhete. Uma caixa que guarda uma representação do mundo para onde espreitamos e podemos experimentar o mesmo olhar que uma vaca teria, ou uma abelha, ou um falcão, ou uma coruja, ou uma aranha, ou uma cobra, ou uma minhoca. Na vitrina da ética temos miniaturas brancas que representam as 400 raças de cães que há no mundo. “Repare que a cores só há uma coisa: o lobo. No centro de tudo está o lobo. Porque nós hoje sabemos pela genética que todos os cães têm como antepassado comum o lobo. Os cães são a nossa primeira domesticação, ainda não eramos sedentários. O argumento da ética aqui é que, como sabe, o lobo já se extinguiu em muitos países, já demos cabo dele, como desapareceram muitas milhares de espécies. Sem cães, a nossa vida seria muito diferente. Sabe quantos cães há no mundo? Mil milhões. Nós somos sete. Aqui está a importância da preservação de espécies. Qualquer espécie vale a pena ser preservada pelo simples facto de existir. ”Há mais duas vitrinas. Uma que guarda uma colecção de sementes que mudaram o mundo e sustentam a vida no planeta. É o argumento da Economia. Outra defende o argumento da Ciência com uma caixa com todos (mesmo todos) os comprimidos que pudemos encontrar à venda numa farmácia em Portugal. Depois, a toda a volta desta varanda na casa, há salas ou quartos diferentes. Num canto, apresenta-se o conceito de Darwin da selecção sexual. Tem fêmeas atentas à luta entre dois veados machos e tem pavões, machos com incómodas e imponentes caudas e fêmeas mais discretas. Ao lado, há modelos em tamanho real de animais diversos. “Aqui vemos como a natureza só precisou de ‘inventar’ três coisas para nos movimentarmos no planeta: patas, barbatanas ou asas. ”Noutra há um imenso painel com três mil caracóis, de uma só espécie, onde não há um igual. “É aqui que podemos perceber cada um de nós é um acontecimento único e irrepetível. ”Depois, o espaço onde se exibe a arte da camuflagem é o único lugar onde vamos encontrar animais vivos. “Que nos lembra que todas as espécie têm (pelo menos) uma coisa em comum: queremos comer mas não ser comidos, queremos sobreviver. O homem é a espécie com maior sucesso neste desafio. ”Temos ainda a sala com a história de cinco mil anos da domesticação do milho, desde o mais ancestral ao actual, e que nos oferece a possibilidade de levar uma espiga para casa. Só tem de escolher: quer andino e colorido, milho-rei ou transgénico?Na sala dos coelhos, encontramos Charles Darwin com um realismo desarmante. As mãos, os olhos, o cabelo. No colo, tem dois coelhos, um deles é o de Porto Santo. Quase ficamos à espera que, a qualquer momento, alguma coisa se mexa ali. “Aqui temos o mais célebre senhor sentado. Estamos na sala dos mistérios dos mistérios da biologia, a especiação. Como é que as espécies se transformam umas nas outras? A grande obra de Darwin [a Origem das Espécies] resulta de dezenas de anos de reflexão sobre cinco anos de viagem à volta do mundo que foram, sobretudo, uma enorme colecção de argumentos. Mas um dos pontos fracos que ele sentia era a falta de uma prova, uma demonstração experimental. Darwin chegou a acreditar que o coelho de Porto Santo – introduzido na primeira viagem de exploração dos descobrimentos portugueses, de Bartolomeu Perestrelo e João Gonçalves Zarco – era a prova que precisava. Afinal, o coelho de Porto Santo não era um processo de especiação mas um processo acelerado de adaptação de uma espécie a um ambiente diferente. Hoje sabemos que a especiação é um processo que demora milhões de anos e não apenas 450 anos. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Agora, descemos as escadas e chegamos à espécie humana. Constatamos que somos “tão diferentes e tão iguais” com imagens do projecto Pantone, concebido por Angélica Dass, que exibem uma amostra da extraordinária diversidade humana. E podemos “brincar” outra vez, numa câmara que nos mostra como seria o nosso rosto se tivéssemos nascido na Ásia ou África. Há ainda um lugar onde podemos ouvir alguns dos mais conhecidos poemas de Sophia de Mello Breyner. Noutro espaço está uma homenagem a Paulo Alexandrino, investigador e fotógrafo da natureza, colega e amigo próximo de Nuno Ferrand e que morreu há pouco mais de um ano. E uma sala que recebe a exposição (temporária) de todo o espólio científico do célebre biólogo Desmond Morris, autor de O Macaco Nu ou O Zoo Humano, que foi entregue à UP. E há mais, muito mais. Nuno Ferrand vai ter de repetir esta visita guiada esta sexta-feira para Marcelo Rebelo de Sousa em apenas uma hora. Uma tarefa que se adivinha difícil tendo em conta o que sabemos que Nuno Ferrand tem para contar e o que sabemos da curiosidade do Presidente da República. O público em geral pode entrar na Galeria da Biodiversidade no sábado. Na primeira semana, a entrada é gratuita. Está aberta a casa de todas as espécies. A casa que celebra a vida.
REFERÊNCIAS:
Detido o organizador do festival nas Bahamas que terminou em fiasco
Prometia-se praias de areia branca, bungalows de luxo, modelos bonitas, artistas famosos e refeições gourmet no Fyre Festival. Era tudo um embuste. (...)

Detido o organizador do festival nas Bahamas que terminou em fiasco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Prometia-se praias de areia branca, bungalows de luxo, modelos bonitas, artistas famosos e refeições gourmet no Fyre Festival. Era tudo um embuste.
TEXTO: Billy McFarland, o organizador norte-americano de um festival de música nas Bahamas que se apresentava como uma espécie de Coachella para milionários mas que colapsou antes sequer de começar, foi detido na sexta-feira em Nova Iorque, noticia o New York Times (NYT). O promotor do Fyre Festival foi detido no seu apartamento em Manhattan por agentes do FBI. Em causa, aponta o diário nova-iorquino, estão suspeitas de fraude financeira. McFarland é acusado de ter defraudado dois investidores em mais de um milhão de dólares, mentindo sobre a natureza e a robustez financeira das empresas Fyre Media e Fyre Festival LLC, organizadoras do festival. O norte-americano terá ainda mentido sobre as suas próprias finanças: alegou ter facturado milhões em 2016, quando na verdade fez menos de 60. 000 dólares com o agenciamento de 60 artistas. O empresário arrisca agora até 20 anos de cadeia. “William McFarland prometeu um festival musical único na vida, mas na verdade organizou um desastre. McFarland apresentou alegadamente documentos falsos para levar investidores a injectar milhões de dólares na sua empresa e no fiasco chamado Fyre Festival”, lê-se num comunicado da procuradoria do sul de Nova Iorque citado pelo NYT. Como o PÚBLICO referiu em Abril, o Fyre Festival conquistou fama mundial pelas piores razões. Espectadores que tinham pago avultadas quantias pela promessa de uns dias entre iates, praias de areia branca, modelos bonitas e artistas de renome mundial, no paradisíaco cenário das Bahamas, acabariam por aterrar num cenário bem-diferente: um acampamento sem luz e sem comida. O evento aspirava a tornar-se uma referência no roteiro dos festivais musicais e promoveu-se à custa do anúncio da presença de figuras como as modelos Bella Hadid e Kendall Jenner, prometendo prolongar-se por dois fins-de-semana, numa ilha privada, e com direito a passar a noite em iates privados. Do cartaz faziam parte nomes como Major Lazer e Disclosure. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Chegado o momento, os prometidos bungalows de luxo eram afinal tendas anteriormente utilizadas para acolher vítimas de um furacão. As anunciadas refeições confeccionadas por chefes de renome internacional não passavam de pequenas sandes. A ilha tropical mostrada nos anúncios era afinal um terreiro inóspito dominado por cães selvagens, e não havia condições elementares de segurança e de higiene. Nomes do cartaz (também este muito aquém do prometido) como os Blink 182 acabariam por cancelar as actuações, alegando o incumprimento das condições contratualizadas. Na altura, McFarland justificou o fiasco com o mau tempo, que teria prejudicado a preparação do festival na semana anterior ao evento. No entanto, membros da organização afirmam que o desastre se adivinhava muitos meses antes do festival, perante a falta de condições financeiras e logísticas. Para além da revolta expressa através das redes sociais, os espectadores defraudados avançaram para os tribunais, havendo registo de um processo onde o pedido de indemnização ascende a 100 milhões de dólares.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie cães
A águia não merecia isto
Um documentário formatado e inspiracional cujas imagens espectaculares são completamente desaproveitadas: A Caçadora e a Águia. (...)

A águia não merecia isto
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um documentário formatado e inspiracional cujas imagens espectaculares são completamente desaproveitadas: A Caçadora e a Águia.
TEXTO: A palavra “documentário” talvez não seja a designação mais correcta para A Caçadora e a Águia, pelo menos no sentido mais “estrito” em que a palavra costuma ser usada. Há, de facto, no filme de Otto Bell o registo do quotidiano de uma família nómada nas estepes e montanhas da Mongólia, e do desejo de uma miúda de 13 anos de prosseguir a linhagem familiar da caça com águias. Mas essas imagens foram em seguida “moldadas” na montagem numa narrativa linear e formatada, à medida das boas consciências ocidentais, que corre o risco de tornar Aisholpan, a “caçadora” do título, num exemplo de uma “nova geração” feminina à beira de abalar as convenções patriarcais. Realização:Otto Bell Actor(es):Aisholpan Nurgaiv, Daisy Ridley, Rys NurgaivSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Esclareça-se: esse tipo de “formatação” não é de hoje (já vem dos tempos de Flaherty e do Nanook, o Esquimó, ou das antropomorfizações da Disney) nem é, por si só, chocante que Bell tenha querido fazer um filme que saia do “circuito fechado” do documentário para chegar ao grande público. Mas, a cada momento de A Caçadora e a Águia, Otto Bell parece escolher o caminho narrativo mais simples e mais viajado, e opta por contar a história de acordo com a fórmula já bem gasta da heroína que segue o seu sonho contra tudo e contra todos, com direito a música bombástica e voz off inspiracional. Teríamos todos ficado melhor servidos com um filme que respeitasse a singularidade da sua heroína e do seu laço com o animal, da relação quase mística entre mulher e águia. As imagens são, de facto, espectaculares, mas não chegam.
REFERÊNCIAS: