Cinco pescadores das Caxinas morreram na estrada de Valença
Bombeiros descreveram o cenário que encontraram como "de terror". Circulação na EN13 esteve interrompida mais de três horas. (...)

Cinco pescadores das Caxinas morreram na estrada de Valença
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bombeiros descreveram o cenário que encontraram como "de terror". Circulação na EN13 esteve interrompida mais de três horas.
TEXTO: Cinco pescadores das Caxinas, em Vila do Conde, perderam ontem a vida num violento acidente de viação, na Estrada Nacional n. º 13 (EN13), em Valença, de que resultaram ainda dois feridos graves e dois ligeiros. Os homens do mar regressavam do Porto de Vigo, na Galiza, depois de terem descarregado o Fascínios do Mar. A embarcação tinha acostado no sábado passado, cheia de espadarte, da faina de 15 dias nos mares dos Açores. A viagem de regresso a casa foi interrompida pouco antes do meio-dia, na freguesia de São Pedro da Torre, numa zona de recta da EN13. A carrinha de nove lugares onde seguiam os pescadores "ficou totalmente desfeita". Segundo fonte dos bombeiros locais, "o pouco que resistiu teve que ser cortado para desencarcerar as vítimas". Apesar das autoridades policias não arriscarem as causas do acidente, fonte da GNR admitiu que o excesso de velocidade poderá ter estado na origem da colisão face à "extrema violência" que o veículo foi embater na parte lateral de um camião que estava estacionado na berma da estrada e que "ainda se deslocou uns metros". Um dos feridos graves, José Marques Filipe, de 50 anos, foi transportado pelo helicóptero do INEM para o Hospital de São Marcos em Braga. Segundo fonte da unidade hospitalar, sofreu "traumatismo craniano" e está "em estado reservado", encontrando-se sob acompanhamento do serviço de neurocirurgia. O outro, uma mulher de 40 anos, apresentava múltiplos traumatismos. Natália Vianez Correia, esposa do condutor e dono da embarcação, foi transferida para os cuidados intensivos do Hospital de Pedro Hispano, no Porto. De acordo com fonte da unidade de Viana, o seu estado de saúde "inspira cuidados". Os dois feridos ligeiros foram transferidos para o hospital da Póvoa de Varzim para vigilância. José Moreira, condutor e proprietário da embarcação de pesca, de 45 anos, encontra-se "estável". Cláudio Santos Cruz, de 56, sofreu fractura do membro inferior. À chegada ao local, cerca de oito minutos após o acidente, os bombeiros descreveram o cenário como "de terror". Foram precisas mais de três horas para restabelecer a circulação na EN13. A tragédia que se abateu sobre a comunidade piscatória de Vila do Conde levou o presidente da câmara, Mário de Almeida, a deslocar-se ao hospital de Viana para se inteirar da situação e acompanhar as famílias das vítimas. O autarca socialista estava num convívio com cerca de 600 pescadores quando soube "da tragédia que enlutou" o concelho. Segundo o autarca socialista, os pescadores tinham regressado sábado passado da faina, tendo nesse dia descarregado metade do pescado no Porto de Vigo. Na noite de segunda-feira, deslocaram-se novamente a Vigo para descarregar a outra metade. Ontem de manhã, a mulher do mestre da embarcação voltou à cidade galega para os ir buscar, mas na viagem de regresso foi o mestre da embarcação quem assumiu o volante da carrinha. O município vai colocar hoje no terreno assistentes sociais e psicólogas para prestar apoio às famílias. As cinco vítimas mortais, com idades entre os 25 e os 50 anos, José Manuel Gavina, José Manuel Santos, Albertino Pinto, Manuel Maravalhas, e um pescador apenas identificado como "Agonia", serão autopsiadas hoje no Instituto de Medicina Legal em Viana.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
CP, Carris e Docapesca aumentaram “escandalosamente” salários de gestores em 2009
Depois de na passada semana ter divulgado uma longa lista de empresas e institutos públicos que, no seu entender, podiam ser extintos, o ex-líder do PSD Marques Mendes voltou hoje ao ataque. Desta vez, o alvo foram os ordenados dos gestores públicos. (...)

CP, Carris e Docapesca aumentaram “escandalosamente” salários de gestores em 2009
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de na passada semana ter divulgado uma longa lista de empresas e institutos públicos que, no seu entender, podiam ser extintos, o ex-líder do PSD Marques Mendes voltou hoje ao ataque. Desta vez, o alvo foram os ordenados dos gestores públicos.
TEXTO: O ex-presidente do PSD revelou quatro exemplos ocorridos em 2009, “ano de crise” e “com muita gente a passar dificuldades”, – os ordenados das administrações do Porto de Lisboa, Carris, CP e Docapesca foram elevados. De acordo com Marques Mendes, no caso da Docapesca os ordenados aumentaram para o dobro. Um dos casos relatado no seu comentário na TVI24 (Jornal das Dez), é o da CP. A empresa, que em 2009 teve prejuízos 231 milhões de euros (CP e CP Carga), passou a 12 de Junho do ano passado, por decreto-lei governamental, de Empresa Pública (EP) para Entidade Pública Empresarial (EPE). Um mês depois (13 de Julho), por despacho dos secretários de Estado do Tesouro e Finanças e dos Transportes, foram alterados os vencimentos dos seus gestores. O presidente que ganhava 4. 725 euros passou a ganhar 7. 225 euros (mais 52 por cento) e os vogais passaram de 4. 204, 18 euros para 6. 791 euros (quase 60 por cento). Outro exemplo é o da Carris. A empresa, que em 2009 teve cerca de 41 milhões de euros de prejuízo, viu, por decisão governamental, os ordenados dos seus gestores igualmente aumentados de forma significativa em Março de 2009. O presidente ganhava 4. 204 euros e passou a auferir de um ordenado mensal 6. 923 euros (mais 65 por cento). Já os vogais passaram de 3. 656 para 6. 028 (mais 65 por cento). Mendes citou ainda as subidas de ordenados dos gestores da Administração do Porto de Lisboa. Lembrando que estes aumentos tiveram sempre o aval do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, o ex-líder do PSD revelou que em Junho de 2009 o presidente da empresa pública passou de 4. 752 de ordenado mensal para 6. 357 euros (mais 34 por cento). Já os vogais passaram de 4. 204 euros para 5. 438 (mais 29 por cento). Mendes afirmou que são apenas três exemplos – “mais há”. E lembrou que a sua fonte de consulta são documentos do próprio Estado, considerando estes aumentos “escandalosos”. Para o antigo presidente do PSD, não é a qualidade dos gestores que está em causa, mas sim “a falta coerência governativa e a ausência de moralidade neste tipo de comportamentos”. E perguntou, face aos casos que denunciou: “Que autoridade moral tem o ministro das Finanças para cortar salários e aumentar impostos quando, também em ano de crise, faz chorudos aumentos de vencimentos?”. E tirou uma conclusão: “Neste sector da Administração do Estado não há crise – ou se multiplica o número de administradores, ou se multiplicam os vencimentos, ou se multiplica uma coisa e outra. ”Sobre o Orçamento do Estado para 2011, que amanhã será apresentado pelo Governo, Marques Mendes acha que vai passar, porque entende que o PSD “vai acabar por se abster". Mas tinha um “recado” para o Governo que acusou de estar a “fazer jogo duplo”. “Verdadeiramente quer que o Orçamento do Estado chumbe", acrescentou.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD
Granada atingiu embaixada norte-americana na Costa do Marfim
A embaixada norte-americana em Abidjan foi hoje atingida por uma granada perdida, no meio da confusão reinante. (...)

Granada atingiu embaixada norte-americana na Costa do Marfim
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: A embaixada norte-americana em Abidjan foi hoje atingida por uma granada perdida, no meio da confusão reinante.
TEXTO: O engenho atingiu a representação diplomática dos Estados Unidos durante o combate das forças governamentais aos manifestantes que pretendiam avançar para os estúdios da televisão estatal, anunciou em Washington o Departamento de Estado. "Parece que uma RPG errante atingiu o perímetro exterior da embaixada, tendo causado apenas danos ligeiros", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner. Seis mortos e oito feridos é por enquanto o balanço provisório dos tiros de hoje na capital comercial da Costa do Marfim, enquanto forças de segurança que se deslocam em camiões, equipados com metralhadoras, bloqueiam as estradas. Entrevistas telefónicas feitas pela Amnistia Internacional a pessoas que se encontram no terreno indicam porém que já teria havido mesmo nove mortos. A polícia está a tentar dispersar os partidários do Presidente eleito Alassane Ouattara que pretendem desfilar até às instalações da televisão estatal, no centro da cidade de Abidjan. Ouvem-se disparos de armas pesadas, segundo o relato da Reuters. Os manifestantes desejariam ocupar a televisão e expulsar de lá a administração que permanece fiel ao Presidente cessante, Laurent Gbagbo, que não quer reconhecer o facto de haver sido derrotado nas urnas, segundo dados que foram validados pelas Nações Unidas. O Exército, que tal como a polícia permanece leal a Gbagbo, cerca as instalações da televisão, acusando os manifestantes de procurarem deliberadamente entrar em confronto. Quanto às Nações Unidas, apesar de terem reconhecido Ouattara como Presidente eleito, recusaram o seu pedido para garantir a segurança deste desfile até à televisão. O secretário-geral Ban Ki-moon solicitou às duas partes que evitem fazer qualquer coisa que possa provocar actos de violência; e duas dezenas de organizações não governamentais de diferentes países também apelaram à calma. Num comunicado distribuído em Paris, disseram que já houve “dezenas” de mortos desde a segunda volta das presidenciais, no dia 28 de Novembro, pelo que temem para hoje e amanhã uma grande escalada da violência. A França não tenciona intervir, nem interpor-se entre as duas partes. Quanto à Bélgica, aconselhou os seus cidadãos que se encontrem na Costa do Marfim a que deixem temporariamente o país, uma vez que ninguém sabe o que é que lá poderá acontecer durante os próximos dias. Estados Unidos, Canadá e Holanda já haviam procedido de idêntico modo, por haver o receio de uma guerra civil. Os missionários mormons já partiram. “O secretário-geral das Nações Unidas recorda aos que incitam ou exercem violência, e aos que usam os media com esse objectivo, que serão responsabilizados pelas suas acções”, disse à BBC o seu porta-voz Martin Nesirky. Enquanto isto, Ban Ki-moon voltou a pedir a Gbagbo que se demita. Os partidários de Ouattara programaram ocupar hoje os estúdios da televisão estatal e amanhã o gabinete do primeiro-ministro indigitado por Laurent Gbagbo, Aké N'Gbo, de modo a obrigarem ambos a aceitar uma transferência do poder. “Os dois campos estão a radicalizar-se”, comentou Dominique Assalé-Aka, vice-presidente da Convenção da Sociedade Civil Marfinense. Muitos estabelecimentos fecharam e as ruas do centro da cidade estão desertas. O correspondente da BBC em Abidjan, John James, relatou esta manhã que as forças de segurança dispararam tiros para o ar e recorreram a granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes em alguns subúrbios da cidade. Três das mortes registadas foram no bairro de Adjamé e a quarta no de Koumassi. Ouattara e o primeiro-ministro por ele escolhido, Guillaume Soro, encontram-se entrincheirados num hotel, que está a servir como a sede de um poder paralelo ao de Laurent Gbagbo. E é precisamente nas imediações desse hotel que o fogo é mais forte, se bem que também se verifique noutras zonas da cidade.
REFERÊNCIAS:
Étnia Aka
Costa do Marfim: ONU adopta sanções contra Laurent Gbagbo
O Conselho de Segurança da ONU adoptou na quarta-feira, por unanimidade, uma resolução que impõe sanções ao Presidente Laurent Gbagbo (não reconhecido internacionalmente) e à sua comitiva, e exige a sua partida imediata. (...)

Costa do Marfim: ONU adopta sanções contra Laurent Gbagbo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Conselho de Segurança da ONU adoptou na quarta-feira, por unanimidade, uma resolução que impõe sanções ao Presidente Laurent Gbagbo (não reconhecido internacionalmente) e à sua comitiva, e exige a sua partida imediata.
TEXTO: A resolução impõe sanções dirigidas contra cinco pessoas, entre as quais Laurent Gbagbo e a sua mulher Simone, que vêem os seus bens congelados e que ficam interditos de viajar. A medida das Nações Unidas “exorta” Laurent Gbagbo a “retirar-se imediatamente”, dando lugar ao Presidente internacionalmente reconhecido Alassane Outtara. Quatro meses depois do início de uma crise eleitoral que fez da Costa do Marfim palco de uma guerra civil entre forças ligadas a Ouattara e as forças leais a Gbagbo, a ONU revela que cerca de 460 pessoas morreram. Na resolução, o Conselho de Segurança revela dar todo o seu apoio às forças da ONU na Costa do Marfim, a ONUCI, para utilizar “todas as medidas necessárias” no sentido de assegurar a protecção dos civis e impedir a utilização de armas pesadas contra as populações civis. A adopção da resolução acontece numa altura em que as forças pró-Ouattara continuam a ganhar terreno com o controlo, nesta quinta-feira, de San Pedro, maior porto de exportação de cacau do mundo. Já nesta quarta-feira as forças de Outtara entraram na capital do país, Yamoussoukro, após três dias de confrontos, e tomaram controlo de Soubré, situado a 120 quilómetros a Norte de San Pedro. Desde o começo dos confrontos em Novembro, as forças pró-Ouattara, que controlam o Norte do país desde o fim da última guerra civil em 2002, têm vencido as forças leais a Gbagbo, que recusa ceder o poder.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Morreu Sidney Lumet, o realizador de "Um Dia de Cão" e "O Veredicto"
O mestre do cinema liberal (1924-2011) não acreditava que o cinema mudasse o mundo. Fazia filmes apenas "por gostar" e por "ser uma maneira óptima de passar a vida". (...)

Morreu Sidney Lumet, o realizador de "Um Dia de Cão" e "O Veredicto"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O mestre do cinema liberal (1924-2011) não acreditava que o cinema mudasse o mundo. Fazia filmes apenas "por gostar" e por "ser uma maneira óptima de passar a vida".
TEXTO: Não é abusivo dizer que, com a morte de Sidney Lumet, aos 86 anos de idade, com um linfoma, é toda uma era do cinema americano que se fecha. A era de um cinema nervoso, realista, atento ao mundo à sua volta, mais do que activista, muitas vezes identificado como "liberal", trabalhando dentro dos géneros clássicos de Hollywood. Sidney Lumet assinou alguns dos filmes seminais dessa corrente que atingiu o seu píncaro na década de 1970: "Serpico" (1973), "Um Dia de Cão" (1975), "Escândalo na TV" (1976), "O Príncipe da Cidade" (1981), "O Veredicto" (1981). Ao longo de uma carreira de mais de meio século e mais de 40 filmes, dirigiu actores como Al Pacino, Henry Fonda (e a sua filha Jane), Paul Newman, Marlon Brando, Katharine Hepburn, Rod Steiger, Sean Connery, Dustin Hoffman, Faye Dunaway, Robert Duvall, William Holden ou Albert Finney. Foi sob a sua direcção que o malogrado River Phoenix assinou um dos seus papéis-chave, como filho de activistas radicais dos anos 1960 em "Fuga sem Fim" (1988). Ao todo, 17 actores receberam Óscares ou nomeações por filmes dirigidos pelo cineasta nova-iorquino, que, apesar de quatro vezes citado para Melhor Realizador (por "Doze Homens em Fúria", "Um Dia de Cão", "Escândalo na TV" e "O Veredicto"), teria de se contentar com um Óscar honorário pelo conjunto da sua carreira, atribuído em 2005. Depois de "Fuga sem Fim", contudo, os tempos que mudam acabaram por relegar o seu percurso para segundo ou terceiro plano, assinando uma série de filmes menores que culminaram em 1999 num mal recebido remake de "Gloria", de John Cassavetes, com Sharon Stone no papel principal. Televisão e teatro na origemRegressou à televisão, onde iniciara carreira na década de 1950, supervisionando a série de tribunal "100 Centre Street" e recuperando no processo alguma da sua velha energia. Resultado: dois filmes finais rodados em digital com alguma da equipa técnica da série, "Mafioso quanto Baste" (2006) e, sobretudo, "Antes Que o Diabo Saiba Que Morreste" (2007), aclamado como um regresso à sua melhor forma. Um último projecto em carteira, "Getting Out", acabaria por não ser concretizado. A televisão emergente dos anos 1950 fora uma das duas "escolas" de Lumet. A outra fora o teatro nova-iorquino de finais dos anos 1930, onde foi actor adolescente; o realizador voltaria posteriormente aos palcos como encenador e transportá-lo-ia para o seu cinema através de várias adaptações teatrais (de Tennessee Williams, Eugene O"Neill, Arthur Miller ou Anton Tchekhov). Dos palcos reteve a necessidade de criar um ambiente que permitisse aos actores entregarem-se por inteiro às suas personagens. Na televisão, onde assinou cerca de duas centenas de emissões ao longo da década de 1950, aprendeu a economia de meios e a eficácia com que abordava cada novo projecto. A sua primeira longa-metragem, em 1957, foi uma transposição para cinema de uma peça televisiva que dirigira anteriormente, "Doze Homens em Fúria". O sucesso crítico e público do filme, com Henry Fonda no papel do único jurado de um julgamento convencido da inocência do acusado, foi instrumental na entrada em Hollywood de muitos dos talentos formados na televisão americana. Vem, provavelmente, dessa dupla escola a modéstia de que sempre fez prova: Lumet nunca foi um estilista visual, nem tinha ambições a ser mais do que um profissional, mais interessado em adaptar-se ao que o filme exigia. Numa entrevista de 1973, admitia que, à falta de um guião que o motivasse, não tinha problemas em aceitar um projecto desde que o elenco o interessasse ou houvesse um qualquer desafio técnico que enriquecesse a sua experiência.
REFERÊNCIAS:
Mais de 60 aves morreram electrocutadas este ano nos Açores
Desde o início do ano já morreram 64 aves, especialmente milhafres, electrocutadas nas linhas eléctricas nos Açores. Os postes mais perigosos já estão identificados e a ser alterados. (...)

Mais de 60 aves morreram electrocutadas este ano nos Açores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.5
DATA: 2010-11-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: Desde o início do ano já morreram 64 aves, especialmente milhafres, electrocutadas nas linhas eléctricas nos Açores. Os postes mais perigosos já estão identificados e a ser alterados.
TEXTO: O milhafre é a ave com maior porte dos Açores. Por isso, tem mais probabilidades de morrer vítima de um curto-circuito quando, ao pousar no cimo dos postes de electricidade, abre as asas e toca nas linhas. Segundo Carla Veríssimo, coordenadora do projecto Avifauna e Linhas Eléctricas dos Açores, esta é a espécie com maior número de registos de mortes, totalizando 40 aves. Este esforço faz parte de uma parceria entre a EDA (Electricidade dos Açores) e a Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), cujo objectivo é compatibilizar as linhas eléctricas com a protecção da avifauna. “Estudámos quais as tipologias de postes mais perigosas para as aves e depois centrámos aí o nosso trabalho”, explicou ao PÚBLICO Carla Veríssimo. De acordo com uma lista de locais de intervenção prioritários, os técnicos estão a colocar mais abaixo os fios eléctricos que estavam no cimo dos postes, para afastá-los dos locais de pouso. Em Santa Maria, a EDA efectuou já onze das 14 alterações programadas para 2010 e as restantes estão previstas ainda para este ano. Na Graciosa foram já efectuadas todas as alterações previstas a nível de electrocussão para 2010. Santa Maria, Pico, Graciosa e Terceira são as ilhas com maior número de aves electrocutadas. São Miguel não apresenta valores de mortalidade por electrocussão nos locais visitados e no Faial e em São Jorge continuam a obter-se valores baixos. De acordo com a Spea já estão previstas para 2011 mais alterações em todas as ilhas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo espécie aves
Descobertas 56 novas espécies animais e vegetais
Cinquenta e seis espécies animais e vegetais foram descobertas durante uma expedição científica de dois meses nas florestas virgens da Papua Nova Guiné. São aranhas, sapos e plantas sobre os quais nunca tinha sido feito qualquer registo, anunciou ontem a Conservation International, que organizou a expedição. Cientistas britânicos e canadianos deslocaram-se às ilhas do Pacífico para, em conjunto com cientistas locais, explorarem territórios tropicais virgens que possuem uma vasta riqueza de fauna e flora. Cinquenta aranhas, três sapos, duas plantas e um lagarto até agora desconhecidos foram o resultado da investig... (etc.)

Descobertas 56 novas espécies animais e vegetais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
TEXTO: Cinquenta e seis espécies animais e vegetais foram descobertas durante uma expedição científica de dois meses nas florestas virgens da Papua Nova Guiné. São aranhas, sapos e plantas sobre os quais nunca tinha sido feito qualquer registo, anunciou ontem a Conservation International, que organizou a expedição. Cientistas britânicos e canadianos deslocaram-se às ilhas do Pacífico para, em conjunto com cientistas locais, explorarem territórios tropicais virgens que possuem uma vasta riqueza de fauna e flora. Cinquenta aranhas, três sapos, duas plantas e um lagarto até agora desconhecidos foram o resultado da investigação, feita no ano de 2008. “Quando se encontra algo novo tão grandioso e espectacular, é uma prova de que há muito mais por aí que desconhecemos”, afirmou o cientista que liderou a expedição, Steve Richards, citado pelo diário espanhol "El Mundo". Aranhas que podem dar saltos de 15 centímetros, sapos com um coaxar muito alto e lagartos que têm os dedos tortos são alguns exemplos do que foi encontrado nas ilhas da Papua Nova Guiné. Além disso, cerca de 600 espécies foram também alvo de estudo, com o intuito de aumentar a documentação científica existente sobre elas. A maior parte das florestas da Papua permanecem intactas graças ao cuidado das tribos locais. São tribos que dependem da vida selvagem para caçar e colher fruta e vegetais. “É o profundo conhecimento que possuem da área em que habitam que os leva a preservar a vida selvagem e o meio ambiente”, afimou à AFP Bruce Beehler, da Conservation International. O papel destas florestas no que diz respeito ao abrandamento das alterações climáticas é fundamental, uma vez que absorvem enormes quantidades de dióxido de carbono. Desde 1990 foram realizadas pela Conservation International mais de 60 expedições pelo mundo que levaram à descoberta de cerca de 700 espécies provavelmente novas para a ciência. Neste momento estão planeadas mais três expedições já a partir do mês de Abril.
REFERÊNCIAS:
Há muito polvo e os preços estão a cair, Docapesca incentiva o consumo
Depois do sucesso da campanha para maior consumo de cavala, a Docapesca volta-se para o polvo. Este ano há muito polvo no mar e muito polvo à venda nas lotas portuguesas - mas este excesso, associado a alguma fuga à lota e à venda de polvos muito pequenos, abaixo do tamanho mínimo recomendado (750 gramas), está a provocar uma queda drástica no preço. Na última semana de Julho, por exemplo, atingiu o preço máximo por quilo de 3, 44 e o mínimo de 1, 64 euros. Este cenário levou a Docapesca, responsável pelas lotas nacionais, a lançar uma campanha pela valorização do polvo, à semelhança do que fez anteriormente com ... (etc.)

Há muito polvo e os preços estão a cair, Docapesca incentiva o consumo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-11 | Jornal Público
TEXTO: Depois do sucesso da campanha para maior consumo de cavala, a Docapesca volta-se para o polvo. Este ano há muito polvo no mar e muito polvo à venda nas lotas portuguesas - mas este excesso, associado a alguma fuga à lota e à venda de polvos muito pequenos, abaixo do tamanho mínimo recomendado (750 gramas), está a provocar uma queda drástica no preço. Na última semana de Julho, por exemplo, atingiu o preço máximo por quilo de 3, 44 e o mínimo de 1, 64 euros. Este cenário levou a Docapesca, responsável pelas lotas nacionais, a lançar uma campanha pela valorização do polvo, à semelhança do que fez anteriormente com a cavala (ver caixa). "O polvo é crucial para a pesca artesanal e para as comunidades ribeirinhas ao longo de toda a costa", afirma José Apolinário, presidente da Docapesca. "Tem-se verificado uma queda acentuada nos preços que é resultado de maior oferta, mas também do facto de termos desaprendido de comer polvo, e porque há em muitos pontos da nossa costa um mercado paralelo de polvo abaixo do tamanho legal. "Para compensar a queda no preço, os pescadores aumentaram o esforço de pesca, e surgem no mercado os tais polvos pequeninos, abaixo dos 750 gramas. "Esse polvo acaba por ser vendido a um preço mais baixo e muitas vezes a venda é feita directamente ao restaurante, em circuitos informais, acabando por prejudicar o preço na lota", explica o responsável da Docapesca. João Pereira, especialista em polvo do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que está a colaborar com a Docapesca, considera que a espécie se reproduz bem, embora com oscilações ao longo do tempo, e que os stocks não estão em risco (para o polvo não existe nem período de defeso nem limitação de quotas, dado tratar-se de uma espécie capturada geralmente junto à costa). No entanto, João Pereira refere que só entre os nove e os 11 meses de vida é que um polvo atinge os 750 gramas, entre os 11 e os 15 meses cresce até ao quilo e meio, e entre os 12 e os 18 meses atinge um peso entre os três e os seis quilos. O peso ideal de captura, de acordo com este especialista, será de 1, 1kg. No primeiro semestre de 2013, embora se tenha vendido polvo em maior quantidade (perto de 15 milhões de euros, em lota), o preço médio foi de 2, 85 euros, o que representa uma quebra de quase 40% face a igual período de 2012, afirma Apolinário. José Agostinho, da Associação Armalgarve Polvo - Associação dos Armadores de Pesca de Polvo do Algarve, traça um quadro ainda mais dramático: "De seis euros o quilo, o polvo chegou a atingir 1, 90" (nas lotas do Algarve o preço é superior ao das lotas do Norte). Mais congelado que frescoO mesmo confirma Açucena Veloso, entre as várias bancas de peixe que tem no Mercado 31 de Janeiro, em Lisboa. "No ano passado houve uma grande queda [na quantidade de polvo], ia muito para fora, não chegava aos mercados. Este ano há muito mais, e os preços baixaram muito. Chegou a estar a oito euros o quilo e agora está a seis, ou a cinco. " E a procura? "As pessoas não procuram muito. No ano passado desabituaram-se. Quando deixou de haver fresco, começaram a comprar muito mais congelado. "A Docapesca quer inverter esta situação, e começou já a fazer uma série de acções nos mercados e junto dos vários agentes. Mas, reconhece José Apolinário, "fazer uma acção para valorizar o polvo é mais complexo do que com a cavala". Antes de ter uma maior intervenção junto dos consumidores, a Docapesca está a centrar-se na cadeia de produção. "Estamos a discutir medidas de gestão, se há artes a mais ou não, se capturam ou não abaixo do tamanho mínimo, a questão de se misturar muitas vezes nos restaurantes pota com polvo, sendo que a pota tem um valor mais baixo. "Ao contrário da cavala, que até há pouco tempo era desprezada pelos consumidores, o polvo é uma das espécies mais consumidas pelos portugueses. "Os portugueses consomem bastante polvo", confirma Apolinário, "mas grande parte dele é importado", essencialmente de Espanha, da Mauritânia e de Marrocos. "Se aumentarmos o consumo de polvo capturado nas lotas portuguesas, a tendência será para reduzir as importações. "Para que o consumidor distinga o polvo nacional do importado, a Docapesca está a promover o Comprovativo de Compra em Lota (CCL). "Estamos a tentar sensibilizar os operadores nos mercados para que coloquem a informação sobre a lota onde compraram o pescado", mas é um procedimento voluntário. Pedro Bastos, da empresa de comercialização de pescado fresco Nutrifresco, afirma por outro lado que uma percentagem muito significativa do polvo português é exportado, "o que faz com que o preço esteja muito dependente das oscilações do mercado internacional". Espanha, por exemplo, "compra o nosso polvo para o transformar, porque tem muito maior capacidade industrial, mais fábricas do que nós". O congelamento implica investimentos elevados não só nos túneis e câmaras de congelação mas também nos armazéns que têm de ter capacidade para armazenar 200 ou 300 toneladas. "Em Portugal não temos mais do que dez unidades com capacidade. Espanha tem cinco vezes mais. "A ideia de que o peixe congelado é mais barato é errada, sublinha Pedro Bastos. "As pessoas habituaram-se a comprar o polvo congelado, geralmente importado, mas esses polvos são injectados com uma solução com água e sais. Pensamos que estamos a comprar um quilo de polvo, enquanto de proteína estamos a levar meio quilo. " O resto é água, paga a preço de polvo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo espécie
Estafilococo multirresistente saltou das vacas para o homem há 40 anos
Estudo genético verifica que um dos tipos de estafilococos super-resistentes passou dos bovinos para os humanos e que, já em nós, sofreu transformações. Descoberta mostra complexidade desta infecçãoUma das infecções mais perigosas que se podem apanhar nos hospitais, o estafilococo áureo multirresistente (MRSA, na sigla em inglês), é causada por uma bactéria que adquiriu mudanças que lhe conferem defesas contra a meticilina e a outros antibióticos. Uma das estirpes mais recentes de MRSA, que começa a ser vulgar em países como a Dinamarca, tem origem em gado bovino. Há mais de 40 anos, estas bactérias saltaram das ... (etc.)

Estafilococo multirresistente saltou das vacas para o homem há 40 anos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-23 | Jornal Público
TEXTO: Estudo genético verifica que um dos tipos de estafilococos super-resistentes passou dos bovinos para os humanos e que, já em nós, sofreu transformações. Descoberta mostra complexidade desta infecçãoUma das infecções mais perigosas que se podem apanhar nos hospitais, o estafilococo áureo multirresistente (MRSA, na sigla em inglês), é causada por uma bactéria que adquiriu mudanças que lhe conferem defesas contra a meticilina e a outros antibióticos. Uma das estirpes mais recentes de MRSA, que começa a ser vulgar em países como a Dinamarca, tem origem em gado bovino. Há mais de 40 anos, estas bactérias saltaram das vacas para os humanos, onde depois desenvolveram a resistência que entretanto foi detectada, mostra agora um artigo publicado na revista online e de acesso livre mBio, da Sociedade Americana para a Microbiologia. "Demonstramos aqui que o gado é um reservatório potencial de bactérias patogénicas capazes de atravessar a barreira das espécies, de se adaptarem ao hospedeiro e de se estabelecerem nas populações humanas", escrevem no artigo os cientistas que levaram a cabo o estudo liderado por Ross Fitzgerald, da Universidade de Edimburgo, na Escócia. O Staphylococcus aureus foi identificado na década de 1880. Presente em um quinto da população, a bactéria está normalmente adormecida em zonas do corpo como a pele e o nariz. De vez em quando, pode aproveitar uma ferida para produzir uma infecção que causa um furúnculo ou entrar para as vias respiratórios e provocar uma pneumonia ou ainda chegar mesmo ao sangue, onde há um risco de uma infecção disseminada por vários órgãos. Quando não é tratada, pode matar. A descoberta da penicilina em 1923 e, depois, de outros antibióticos, começou por se revelar uma boa notícia no combate a esta bactéria. Mas, entre 1940 e 1960, o estafilococo foi ganhando uma série de resistências até que, finalmente em 1961, descobriu-se que a bactéria ficou resistente à meticilina. Esta adaptação aconteceu graças ao promíscuo universo das bactérias, em que uma célula bacteriana pode ganhar um pedaço de ADN de outra, o que lhe pode conferir algum tipo de vantagem evolutiva. Este processo chama-se transferência lateral. É uma espécie de processo parecido com os organismos transgénicos, mas que ocorre de uma forma natural e fortuita e que pode ser conveniente, ou não, para a própria bactéria. Neste caso, houve uma bactéria sortuda do Staphylococcus aureus que incorporou no seu único cromossoma um pedaço de ADN estrangeiro de outra bactéria - pensa-se que terá sido de uma espécie que vive em ratos - que continha o gene mecA. Este gene comanda a produção de uma proteína que a torna imune à meticilina e a todo um grande grupo de antibióticos que normalmente impedem as bactérias de produzir a sua parede celular, matando-as. Esse foi o momento zero do MRSA. Desde essa altura, surgiram várias estirpes diferentes que são resistentes à meticilina: todas essas defesas foram adquiridas através de um processo semelhante. "Com a globalização, o grande problema é pode surgir uma bactéria que adquire resistência e ser, já de si, muito patogénica", explica ao PÚBLICO Constança Pomba, veterinária e investigadora da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa. Primeiro, associadas ao contágio nos hospitais e, depois, em comunidades fechadas como escolas, as várias estirpes de MRSA tornaram-se um verdadeiro problema de saúde. Parte da resolução desse problema passa por compreender como é que estas bactérias viajam na população humana. Ou como é que saltam de uma espécie animal para outra, já que o Staphylococcus aureus predomina noutras espécies de mamíferos, muitas delas em contacto próximo do homem, como as vacas, os cavalos ou os porcos. No novo trabalho, a equipa de Ross Fitzgerald olhou para um tipo emergente de MRSA que já se espalhou por quatro continentes. E foi analisar amostras de estafilococos presentes em 43 pessoas. Depois, sequenciou o genoma da bactéria em cada amostra para construir uma história desta estirpe emergente. Os investigadores descobriram que o novo MRSA evoluiu nas vacas e depois passou para os humanos. Essa passagem deu-se em dois saltos distintos. Um terá ocorrido entre 1894 e 1977, e o outro algures entre 1938 e 1966. Na altura que se deu esta passagem, esta estirpe de Staphylococcus aureus ainda não tinha ganho o gene que lhe dá resistência aos antibióticos. Isso aconteceu algum tempo depois, quando já estava no homem. "Eles provaram que estas estirpes vieram dos bovinos, depois ganharam o gene mecA e, mais tarde, mecanismos que permitem ultrapassar o sistema imunitário humano", explica Constança Pomba. Este é um dado importante: a proporção esmagadora em Portugal de pessoas infectadas com MRSA surge nos hospitais. Neste contexto, as bactérias atacam as pessoas já de si doentes, com o sistema imunitário debilitado, que, de outro modo, conseguiriam controlar o estafilococo. Não é o caso do novo tipo estudado agora, que até causa doença em pessoas saudáveis e que não estão no hospital. Outro dado importante é a forma como a nova estirpe apareceu. Em 2012, outro trabalho sobre a infecção, em que a investigadora portuguesa participou, concluía que numa outra estirpe de MRSA o gene mecA tinha surgido no porco. Através de uma análise genética, compreendeu-se que esta estirpe tinha saltado do homem para o porco. Depois, neste animal, a bactéria adquiriu o gene mecA. E, finalmente, voltou a saltar para o homem. No caso dos bovinos, houve primeiro a passagem da nova estirpe para os humanos e só depois a bactéria ganhou defesas contra os antibióticos. "Temos duas histórias diferentes. Uma no porco, outra na vaca", diz Constança Pomba. Mas porquê? "Se calhar o tipo de sistema produtivo de bovinos e suínos é diferente", sugere a investigadora. Um artigo de fundo, na revista Nature, analisava o risco nos EUA da passagem de estafilococos das explorações suínas para os humanos e o perigo do uso excessivo de antibióticos nestas explorações como promotor do aparecimento de novas estirpes resistentes. Agora, estas descobertas podem trazer mais elementos para este debate. Mas Constança Pomba refere que em Portugal não há razão para alarme: "Em 2008, 13% dos porcos tinha a bactéria MRSA, mas não se conhecem casos de pessoas infectadas por esta via. "
REFERÊNCIAS:
Ovos de papagaio são o negócio de ouro dos traficantes de animais
PJ divulgou caso de uma mulher detida no aeroporto com 61 ovos de papagaio enrolados à volta da cintura. Uma ponta do icebergue do principal negócio no contrabando de espécies vivas em PortugalO telefone tocou às seis da manhã. Nada de anormal para João Loureiro, chefe da Divisão de Gestão de Espécies de Flora e Fauna do Instituto Nacional de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Loureiro está acostumado a ser chamado a qualquer hora. Neste caso, foi convocado ao aeroporto da Portela, em Lisboa, onde uma mulher proveniente do Brasil trazia 61 ovos de papagaio, embrulhados em papel e enfiados em meias, o con... (etc.)

Ovos de papagaio são o negócio de ouro dos traficantes de animais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.3
DATA: 2013-09-02 | Jornal Público
TEXTO: PJ divulgou caso de uma mulher detida no aeroporto com 61 ovos de papagaio enrolados à volta da cintura. Uma ponta do icebergue do principal negócio no contrabando de espécies vivas em PortugalO telefone tocou às seis da manhã. Nada de anormal para João Loureiro, chefe da Divisão de Gestão de Espécies de Flora e Fauna do Instituto Nacional de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Loureiro está acostumado a ser chamado a qualquer hora. Neste caso, foi convocado ao aeroporto da Portela, em Lisboa, onde uma mulher proveniente do Brasil trazia 61 ovos de papagaio, embrulhados em papel e enfiados em meias, o conjunto todo enrolado à volta da cintura, por baixo da camisa. Esta apreensão, ocorrida em Maio, revela apenas a ponta do icebergue daquele que é hoje o principal negócio no contrabando de espécies vivas em Portugal: os ovos de aves que, mais tarde, valerão milhares de euros. Há já uma década que este comércio ilegal começou a ganhar fôlego. É uma forma habilidosa de se contornar a dificuldade em transportar para um país, às escondidas, aves vivas capturadas no seu habitat natural. Antes, enrolavam-se papagaios em panos molhados, para baixar o seu metabolismo e garantir que estavam quietos durante a viagem e sobretudo na alfândega. Na maior parte das vezes, permaneciam de bico calado para sempre. "Chegavam cá mortos", afirma João Loureiro. Depois, descobriu-se a que temperatura do corpo humano é semelhante à da incubação dos ovos, ou seja, mantê-los junto à barriga era a melhor forma de conservar os ovos vivos, que acabariam por eclodir já no destino final. Desde então, multiplicaram-se casos de importação ilegal por esta via. Entre 2002 e 2004, foram apreendidos cerca de 90 ovos por ano em Portugal. Era apenas uma pequena amostra de um tráfico em larga escala. A investigação então lançada pela Polícia Judiciária, em conjunto com as autoridades aduaneiras e o ICNF, concluiu que, só em Dezembro de 2003, terão entrado ilegalmente no país 3000 ovos de espécies cuja comercialização está proibida ou condicionada pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção - conhecida mundialmente pela sigla CITES. A investigação levou ao desmantelamento de quatro redes de contrabando de espécies selvagens em Portugal. Sete pessoas foram condenadas a penas entre um ano e meio e quatro anos e meio de prisão. Durante cinco anos a partir de 2004, não houve mais apreensões. Mas em 2009, a actividade recrudesceu. Nesse ano, houve um caso, em 2010 houve outro e em 2011 as autoridades fizeram seis apreensões, num total de 160 ovos. O episódio de Maio passado - divulgado apenas na quarta-feira passada pela Polícia Judiciária, através de um comunicado de imprensa - é mais um nesta sequência. O "correio" era uma sexagenária reformada. Foi detida em flagrante, submetida a julgamento sumário e aguarda agora em liberdade a decisão do tribunal. À importação ilegal de ovos associa-se um mercado negro de documentos de legalização de animais, exigidos pela CITES. Há, segundo João Loureiro, um comércio de certificados de animais que já morreram, de modo a "branquear" outros que venham a entrar ilegalmente no país. "Temos mais araras-jacintas do que na Europa toda. De certeza que estes bichos não existem", diz. Os ovos apreendidos agora em Maio não são de arara-jacinta (Anodorhynchus hyacinthinus), mas sim de outra espécie de Psittaciformes, a ordem de aves que inclui pagagaios, araras, periquitos, cacatuas e afins. Identificar a espécie - entre as quase 400 existentes - é impossível olhando-se apenas para os ovos. Mas neste caso o cruzamento de dados e um golpe de sorte facilitou a tarefa. A altura do ano em que foi feita a apreensão coincide com a época de procriação de apenas meia dúzia de espécies no Brasil. E só uma delas - o papagaio-de-cauda-curta (Graydidascalus brachyurus) - é que tem a penugem amarela que João Loureiro identificou num embrião de um dos três ovos que vinham quebrados. Os ovos que entram no país dão lugar a aves que, depois de ultrapassar a infância, chegam a render quantias fabulosas. Um casal de araras-de-cauda-curta pode ser vendido por cerca de três mil euros. Outras espécies são ainda mais valiosas. O papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) chegou a valer, há alguns anos, seis a oito mil euros o casal. Mas tantos entraram no mercado, que o seu preço caiu para cerca de dois mil euros. Já a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) - uma espécie raríssima do Brasil - tem um valor que pode chegar aos 80 mil euros. O tráfico ilegal de ovos representa um problema acessório para quem o combate: o que fazer com os animais, que chegam prontos a sair da casca. Em poucos dias estão cá fora, o que coloca desafios logísticos. "Nascem nas nossas mãos", ironiza João Loureiro. "Quando são bebés, têm de ser alimentados de duas em duas horas. Mesmo adultos, comem duas vezes por dia", explica. A maior parte dos ovos apreendidos em Maio vingou e são agora papagaios, a cargo de um parque zoológico. O melhor seria devolvê-los à natureza. Mas, segundo João Loureiro, as regras de controlo sanitário do Brasil não o permitem. "Matá-los não vamos", garante Loureiro.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ