Caça à baleia: “Há agora duas grandes incógnitas”
Luís Freitas, especialista em cetáceos, é o actual comissário de Portugal na Comissão Baleeira Internacional, que analisa periodicamente as medidas de gestão e conservação daqueles animais a nível mundial. (...)

Caça à baleia: “Há agora duas grandes incógnitas”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-03-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: Luís Freitas, especialista em cetáceos, é o actual comissário de Portugal na Comissão Baleeira Internacional, que analisa periodicamente as medidas de gestão e conservação daqueles animais a nível mundial.
TEXTO: Agora coordenador da Unidade de Ciência do Museu da Baleia da Madeira, o biólogo Luís Freitas foi o seu director entre 1996 e 2014. Desde 2016 é o representante de Portugal na Comissão Baleeira Internacional, que aplica a Convenção Internacional para a regulação da Actividade Baleeira, assinada em 1946 promover a manutenção das espécies e desenvolver a indústria baleeira de forma sustentável. Ajuda-nos aqui a compreender os meandros dos (poucos) países que ainda caçam baleias. Como comenta a posição do Japão de abandonar a Comissão Baleeira Internacional?Lamento a posição do Japão e espero que se mantenha o diálogo para encontrar uma solução que vá ao encontro dos interesses das partes, para que se tentem acomodar as sensibilidades e a vontade da maioria dos países sem, no entanto, alienar o Japão nas suas intenções. Uma possibilidade poderá ser a permissão de algum tipo de caça comercial ou caça que tenha valor para as populações locais no Japão – não a caça comercial para ser transformada ou exportada em larga escala –, desde que devidamente controlada. Esta matéria [em relação ao Japão] foi discutida no seio da Comissão Baleira Internacional e nunca obteve o apoio necessário. A caça à baleia tem muito a ver com a evolução das mentalidades ao longo do tempo. E os países contra a caça comercial à baleia não conseguiram fazer passar a sua mensagem junto dos responsáveis japoneses no sentido de os sensibilizar para as vantagens em manter as populações de baleias saudáveis que possam contribuir para o equilíbrio e bom funcionamento dos ecossistemas e contribuir também economicamente para actividades como a observação dos cetáceos. Mas é fundamental continuar o diálogo para encontrar caminhos que permitam manter a gestão das populações de cetáceos no âmbito da Convenção Internacional para a Regulação da Actividade Baleeira. O que acontece com a saída do Japão da Comissão Baleeira Internacional?O Japão saiu da Comissão Baleeira Internacional, mas mantém-se como observador. O que é um bom sinal, porque há sempre possibilidade de estabelecer diálogo e encontrar soluções que sejam a contento de ambas as partes. A gestão de recursos como as baleias, que migram, deve manter-se numa convenção internacional como a convenção baleeira, que faz essa gestão a nível internacional e trabalha de forma activa para a conservação e utilização benigna destes animais como recursos naturais. Além de danos na imagem, as consequências para o Japão poderão depender da acção de países a nível diplomático e das relações bilaterais. E também da pressão da opinião pública internacional acerca desta matéria. Mas há agora duas grandes incógnitas. Não se sabe se a opinião pública japonesa vai reagir a esta decisão. E a outra incógnita é se esta actividade é sustentável do ponto de vista económico no Japão; se há mercado para os produtos de baleia que querem comercializar. Como tem sido uma actividade altamente subsidiada pelo Governo japonês e não se podem exportar produtos de baleia, não há certeza de que o mercado japonês seja suficiente para o consumo de carne de baleia. Um dos aspectos positivos [da decisão japonesa] é ficar suspensa a caça à baleia do Japão para fins científicos na Antárctida. Ao abandonar a Comissão Baleeira Internacional, o Japão afirmou que só ia caçar baleias [comercialmente] nas suas águas territoriais e na zona económica exclusiva e que ia deixar de caçar para fins científicos. O Japão teve licença para caçar para fins comerciais 333 animais na Antárctida em 2018. Leia mais: O antepassado das baleias era parecido com uma raposaQual é a posição portuguesa em relação ao Japão?A posição portuguesa é coordenada no seio da União Europeia, que tem sido contra a caça à baleia. Portugal não defende a caça à baleia, mas há que manter um diálogo com o Japão. A nossa posição também é justificada pelo facto de termos tido a capacidade de passar da caça à baleia nos Açores e na Madeira para uma utilização sustentável e não letal dos cetáceos através da observação de baleias e golfinhos com impacto nas comunidades locais. A Noruega e a Islândia caçam comercialmente baleias. Qual é a diferença agora com o Japão?A Noruega e a Islândia fazem de facto caça comercial à baleia. E nada acontece à Noruega porque, de acordo com as regras da Convenção Internacional para a Regulação da Actividade Baleeira, quando foi feita a moratória de 1982 [de proibição da caça] e que entrou em vigor em 1986, este país fez uma objecção à moratória. Com base nessa objecção, a Noruega pode caçar e estabelecer as suas quotas segundo uma avaliação dos stocks com alguma supervisão do comité científico da Comissão Baleeira Internacional. O Japão poderia fazer caça comercial à baleia se tivesse apresentado na altura, até 1986, essa objecção. Mas como não o fez, a solução que encontrou para continuar a caçar foi a via da caça científica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E o que a Islândia fez foi sair da Comissão Baleeira Internacional no final dos anos 90 e depois voltou a entrar, colocando uma objecção à moratória, o que causou mal-estar entre os membros da convenção. As objecções só podiam colocar-se em 1986 ou por quem acaba de entrar como membro da convenção. Como a Islândia não colocou objecções à moratória em 1986, saiu e voltou a entrar na comissão. Que outras comunidades ainda caçam baleias?As comunidades no Alasca, nas ilhas São Vicente e Granadinas (nas Caraíbas) e os povos indígenas na Rússia estão autorizados a caçar baleias. Têm quotas. Na última reunião da Comissão Baleeira Internacional, em Setembro no Brasil, foi encontrado um mecanismo mais fluido, que estipula um conjunto de regras para definir as quantidades anuais que podem ser caçadas devido à importância cultural e de subsistência da caça à baleia nessas comunidades. Essa definição das quotas é acompanhada e permitida só após a avaliação do comité científico da Comissão Baleeira Internacional. Há uma avaliação científica das baleias disponíveis e é determinado um número máximo que se pode caçar sem afectar a sustentabilidade dos stocks.
REFERÊNCIAS:
Esta galinha vai ao ministério lembrar como podemos reciclar mais lixo orgânico
A viagem da Balbina ao ministério do Ambiente serve como alerta para a urgência de investir em soluções de reciclagem de lixo orgânico. Iniciativa é da associação ambientalista Zero. (...)

Esta galinha vai ao ministério lembrar como podemos reciclar mais lixo orgânico
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DATA: 2018-11-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: A viagem da Balbina ao ministério do Ambiente serve como alerta para a urgência de investir em soluções de reciclagem de lixo orgânico. Iniciativa é da associação ambientalista Zero.
TEXTO: Há vários caminhos para atingir a longínqua meta europeia de reciclagem de resíduos sólidos urbanos que insta os países a reutilizar e reciclar 55% desse lixo, até 2025. Para 2035 o objectivo é 65%. Um município belga, por exemplo, ofereceu galinhas a quem tem um quintal para que possam processar os seus desperdícios alimentares. Na capital do Estado do Vermont, nos Estados Unidos, uma empresa “emprega” 1200 galinhas para limpar e arejar as pilhas de composto. A associação ambientalista Zero acha que os “animais biorrecicladores” também podem aproximar Portugal de uma meta que dificilmente cumprirá a tempo. Por isso, vai esta sexta-feira de manhã oferecer uma galinha ao secretário de Estado do Ambiente. A entrega simbólica da Balbina – uma galinha da raça autóctone Pedrês Portuguesa – no gabinete de Carlos Martins é uma “forma de alertar os decisores políticos” para a necessidade de começar desde já a preparar a obrigatoriedade de recolha do lixo orgânico, aplicada a todos os municípios a partir de 2023. Serve também como símbolo do investimento "urgente" na reciclagem doméstica deste tipo de resíduos, diz a Zero em comunicado. Não só com animais, mas também através da distribuição maciça de compostores domésticos e da compostagem comunitária. Se se generalizarem este tipo soluções, calcula a associação, será possível reciclar os cerca de 37% de biorresíduos que os portugueses geram em casa – 481 gramas por habitante por dia ou 179 quilos por habitante por ano –, no mesmo local onde são produzidos. A alternativa é o envio deste lixo para aterro ou queima, algo que tem um impacto ambiental significativo e contraria os princípios da economia circular perseguidos pela actual tutela do Ambiente. Uns objectivos estão ligados aos outros. E se se quer que os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) – empresas multi e intermunicipais como a Lipor e a Valorminho – e os municípios recolham todos os resíduos biodegradáveis a partir de 2023, é “crucial” corresponsabilizar os cidadãos pela sua reciclagem, diz a Zero. Como? Dando-lhes ferramentas e formação. Distribuindo compostores domésticos, formando técnicos e disseminando práticas de compostagem comunitária em determinadas zonas habitacionais, como um complemento das hortas urbanas, por exemplo. A associação propõe ainda que se criem programas locais para a criação doméstica de galinhas de raças autóctones. Não só para que estas comam os restos de alimentos que de outra forma são deitados fora, mas também para ajudar a evitar o seu desaparecimento. As quatro raças autóctones – Amarela, Pedrês Portuguesa, Preta Lusitânica e Branca – estão em risco elevado de extinção. São também uma fonte de ovos e “preciosos auxiliares na limpeza e adubação” de hortas. Os cidadãos que adoptem estas soluções devem, igualmente, beneficiar de incentivos ou reduções na hora de pagar a taxa de gestão de resíduos, propõe a associação. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Apesar de olhar para a utilização de compostores como uma das “formas mais baratas de reduzir os custos do encaminhamento dos resíduos biodegradáveis”, a Zero diagnostica a existência de poucos projectos de formação e apoio a cidadãos para que estes “façam da compostagem um hábito, em particular nos alojamentos/moradias”. A associação cita dados da Autoridade de Gestão do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR) para demonstrar que “os decisores políticos e os gestores dos SGRU continuam pouco sensíveis ao potencial de reciclagem dos compostores domésticos – o qual se pode situar entre 250 e 350 kg/ano por compostor – e à rápida recuperação do investimento efectuado – cerca de 30 euros/compostor – pela redução de custos da recolha ao longo de 3 anos”. Há onze projectos apoiados (dois SGRU e nove municípios) e 33. 995 compostores adquiridos. “Números que estão muito aquém do desejável”, diz a associação.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave doméstica extinção alimentos desaparecimento raça
O bacalhau está a voltar ao Canadá, mas a pesca não regressa tão cedo
As populações de bacalhau ao largo da Nova Escócia, no Canadá, estão a dar sinais de recuperação, dizem cientistas canadianos na revista Nature. Mas isto não quer dizer que seja altura de acabar com a moratória imposta há 20 anos, quando os "stocks" deste peixe tão apreciado pelos portugueses chegaram a apenas um por cento dos valores de outrora. (...)

O bacalhau está a voltar ao Canadá, mas a pesca não regressa tão cedo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: As populações de bacalhau ao largo da Nova Escócia, no Canadá, estão a dar sinais de recuperação, dizem cientistas canadianos na revista Nature. Mas isto não quer dizer que seja altura de acabar com a moratória imposta há 20 anos, quando os "stocks" deste peixe tão apreciado pelos portugueses chegaram a apenas um por cento dos valores de outrora.
TEXTO: Finalmente, a biomassa do bacalhau e espécies relacionadas “atingiu níveis que se aproximam dos observados no período de pré-colapso”, concluiu a equipa de Kenneth Frank, do Instituto de Oceanografia da Nova Escócia. A pesca do bacalhau (Gadus morhua) foi interditada em 1993, quando na década de 1970 se pescava em média 100 mil toneladas de bacalhau anualmente na zona da Nova Escócia. Mas as populações de bacalhau têm-se mantido a cinco por cento dos níveis anteriores. E no entanto, quando os primeiros europeus chegaram às águas do que é hoje o Leste do Canadá, este peixe era tão abundante que era possível apanhá-lo com cestos, sem serem precisas redes. A explicação para a falta de recuperação do bacalhau do Canadá, diz a equipa, tem a ver com o disparar das populações de peixes dos quais se alimentava. Livres dos seus predadores, estes começaram a prosperar: a biomassa destes peixes aumentou 900 por cento, escrevem os cientistas na Nature. Isto fez com que o filme começasse a correr ao contrário nas águas da Nova Escócia: os peixes que antes eram presa dos bacalhaus começaram, por sua vez, a comer os ovos dos seus antigos predadores, travando assim a sua recuperação. Só que também esta espécie de momento de vingança ecológica teve um fim. Estas novas espécies dominantes multiplicaram-se demais (entre 1994 e 1999, a sua biomassa chegou a atingir dez milhões de toneladas), quando a Plataforma da Nova Escócia não deveria ser capaz de sustentar mais do que quatro milhões de toneladas destes peixes, nas contas dos cientistas. Também eles tiveram um "crash" — que, finalmente, está a beneficiar o bacalhau. Mas o bacalhau que povoa os bancos pesqueiros canadianos não é um pescado tão rico como antes. Animais de cinco anos têm, em média, apenas 60 por cento do peso que tinham antes do colapso. Aquele ecossistema pode nunca voltar a ser o mesmo. Na verdade, como o hadoque, mais pequeno, parece estar a recuperar melhor, o futuro ali pode pertencer a esta espécie e não ao bacalhau, disse Kenneth Frank à Nature.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie
Investigadores criaram no laboratório vírus da gripe das aves que pode estar a um passo de ser transmissível entre humanos
“Não consigo perceber como é que eles se convenceram de que era necessário criar um agente patogénico humano a partir do vírus H5N1 da gripe da aves”, respondeu-nos, num email recebido esta noite, Steven Salzberg, especialista de medicina e de bio-estatística da Universidade Johns Hopkins de Baltimore. (...)

Investigadores criaram no laboratório vírus da gripe das aves que pode estar a um passo de ser transmissível entre humanos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-12-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Não consigo perceber como é que eles se convenceram de que era necessário criar um agente patogénico humano a partir do vírus H5N1 da gripe da aves”, respondeu-nos, num email recebido esta noite, Steven Salzberg, especialista de medicina e de bio-estatística da Universidade Johns Hopkins de Baltimore.
TEXTO: Salzberg não é o único a opor-se liminarmente à realização deste tipo de pesquisas. Mas neste momento, as preocupações dos peritos de biossegurança norte-americanos são muito mais imediatas. Nos próximos dias, o Painel Consultivo da Biossegurança dos EUA (National Security Advisory Board on Biosecurity, NSABB) deve decidir se vai ou não autorizar a publicação, pela revista norte-americana Science, dos resultados obtidos por investigadores na Holanda que poderiam potencialmente constituir uma “receita” viral para matar mais de metade da Humanidade. Num registo mais geral, o parecer do NSABB poderá vir a obrigar a comunidade científica a repensar as regras do jogo quando se trata de pesquisas com benefícios potenciais mas que também podem ser extremamente perigosas se caírem nas mãos erradas. O artigo em causa, que já foi aceite para publicação por aquela prestigiada revista científica e está agora em standby, é da autoria de Ron Fouchier e colegas, do Centro Médico Erasmo de Roterdão. Estes cientistas introduziram uma série de mutações num vírus da gripe das aves natural, o mortífero H5N1. E mostraram que, nos furões (animais considerados como o melhor modelo experimental para se estudar a transmissão da gripe das aves no ser humano), bastavam cinco mutações específicas para o vírus natural se tornar tão facilmente transmissível como a gripe sazonal (e sem nada perder do seu carácter mortífero). Ou seja, por via aérea. Desde que surgiu em 1997, na Ásia, o vírus H5N1 infectou menos de 600 pessoas e sempre por contacto directo com aves infectadas. Não é nada facilmente transmissível. Mas quando ataca os humanos é altamente letal: cerca de seis de cada 10 vítimas humanas sucumbiram à doença, ao passo que a gripe H1N1 de 2009, por exemplo, matou aproximadamente um doente de cada 10 mil. “Fiquei bastante chocado quando li o que Ron Fouchier e a sua equipa tinham feito”, diz-nos ainda Salzberg. "Penso que alguém deveria tê-los feito parar antes de chegarem a este ponto. De facto, penso que deveria ter havido um painel de revisão que avaliasse o projecto de investigação antes do seu início – e talvez até tenha havido? Se eu fizesse parte de um painel desse tipo, nunca permitiria uma pesquisa destas. ” Os argumentos contra a publicação dos resultados – e contra a realização tout court de experiências como estas – parecem óbvios. Os espectros do bioterrorismo, da guerra biológica – ou simplesmente de uma fuga acidental do vírus para a atmosfera – são aterradores. Mas há também quem pense, tanto deste lado do Atlântico como do outro, que estas pesquisas são indispensáveis: "É inegavelmente importante saber quais são as alterações genéticas que o H5N1 pode sofrer para se adaptar ao homem e causar uma pandemia", disse-nos o médico português João Vasconcelos Costa, salientando ainda que “se soubermos antes como vai provavelmente ser o vírus, podemos começar já a preparar vacinas”. Porém, este especialista não nega que o perigo que este tipo de investigação coloca é bem real e acrescenta que as medidas de segurança a implementar nos laboratórios que lidam com vírus tão perigosos têm de ser reforçadas. Leia mais no PÚBLICO de hoje e na edição online exclusiva para assinantes.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Pescadores dois dias à deriva e sem comer
Os tripulantes do pesqueiro “Virgem do Sameiro”, que estava desaparecido há dois dias, na zona da Figueira da Foz, foram encontrados com vida. Passaram os últimos dois dias sem comer porque na balsa de salvamento havia apenas água e medicamentos, disse esta tarde um dos sobreviventes, Pereskhov Vladyslav, aos jornalistas. (...)

Pescadores dois dias à deriva e sem comer
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-12-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os tripulantes do pesqueiro “Virgem do Sameiro”, que estava desaparecido há dois dias, na zona da Figueira da Foz, foram encontrados com vida. Passaram os últimos dois dias sem comer porque na balsa de salvamento havia apenas água e medicamentos, disse esta tarde um dos sobreviventes, Pereskhov Vladyslav, aos jornalistas.
TEXTO: Os homens foram encontrados ao final da manhã de hoje, vivos, a bordo de uma balsa, a 12 milhas (cerca de 22 quilómetros) a norte do cabo Mondego. Os seis tripulantes foram detectados pelo helicóptero da Força Aérea às 11h03 e às 12h já tinham sido resgatados. Segundo médicos do hospital de Leiria, para onde foram transportados os seis tripulantes, nenhum deles corre perigo. Todos, com excepção de um, deveriam ter alta ainda nesta sexta-feira. Aquele que irá continuar em observação demonstra perturbações psicológicas. Dentro da balsa de salvamento, na qual sobreviveram dois dias sem comida, este tripulante teve de ser amarrado. E assim continua, dentro do hospital. Os seis náufragos são homens entre os 40 e os 50 anos. Ainda não se sabe bem o que se passou. Segundo um autarca de Vila do Conde, o mestre da embarcação percebeu de repente que o barco se estava a afundar e só tiveram tempo de entrar na balsa. Detectados do helicópteroEm declarações à Lusa, o porta-voz da Marinha Portuguesa, comandante Alexandre Santos Fernandes, disse que os seis homens foram detectados na balsa salva-vidas pelo helicóptero da Força Aérea que colaborava nas operações de busca e salvamento. O comandante Santos Fernandes disse ainda que assim que for possível vão falar com os tripulantes para tentar saber o que aconteceu em concreto. Desde esta manhã que um navio-patrulha prosseguia com as buscas. O barco de pesca “Virgem do Sameiro” tinha desaparecido na terça-feira ao largo da Figueira da Foz. A Marinha foi alertada às 10h20 de quinta-feira e, de imediato, enviou para o local o navio-patrulha oceânico “Viana do Castelo", um barco salva-vidas e uma embarcação de alta velocidade da Capitania do Porto da Figueira da Foz, com o apoio de um avião da Força Aérea. Segundo a Marinha, o “Virgem do Sameiro”, registado na Póvoa de Varzim e com seis tripulantes a bordo, um dos quais de nacionalidade estrangeira, estaria em faina de pesca a 16 milhas a oeste da Figueira da Foz quando reportou pela última vez a sua localização. Depois de saber a notícia o presidente da Associação Pró Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas, congratulou-se com a boa novidade e fez saber que “as Caxinas estão em festa". A câmara de Vila do Conde também já anunciou ter disponibilizado transporte para que os tripulantes da embarcação "Virgem do Sameiro", resgatados com vida, regressam ainda hoje a casa. O presidente da câmara de Vila do Conde, Mário Almeida, disse estar disponível para conseguir o transporte desde a base área de Monte Real, Leiria, para as Caxinas. Notícia actualizada às 12h20 e às 17h31: Acrescentada, na última actualização, informação sobre o estado de saúde dos pescadores e detalhes sobre a sobrevivência na balsa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens
Nasceu um cavalo espanhol junto à Avenida da Liberdade
Maioria dos transeuntes aprecia intervenção de arte urbana, mas há quem critique sujidade e desmazelo na zona envolvente. (...)

Nasceu um cavalo espanhol junto à Avenida da Liberdade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-12-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Maioria dos transeuntes aprecia intervenção de arte urbana, mas há quem critique sujidade e desmazelo na zona envolvente.
TEXTO: Lisboa tem uma nova atracção turística. Graffitado há poucos dias numa empena nas traseiras da Avenida da Liberdade, o gigantesco cavalo não passa despercebido a ninguém - e poucos são os visitantes da cidade que resistem à tentação de o captar com um disparo da máquina fotográfica. Obra de um homem só, o graffiter espanhol Aryz, o desenho não custou um tostão à cidade. Uma loja e galeria do Bairro Alto ligada a este tipo de arte urbana, a Montana, convidou o artista de 23 anos, e quatro dias depois o cavalo de sete andares de altura coloria o desengraçado prédio branco e cinzento junto ao Teatro Tivoli. "É com orgulho que passamos a ter uma peça de Aryz na cidade", diz Sílvia Câmara, da Galeria de Arte Urbana da autarquia de Lisboa, departamento que se encarregou de encontrar uma fachada suficientemente grande e cujo proprietário estivesse disposto a acolher o trabalho. Sílvia Câmara recorda que os desmesurados trabalhos de Aryz estão espalhados por várias cidades europeias. Só em 2011 o artista pintou na Polónia, em Itália, na Finlândia e ainda na Catalunha, onde mora. "Fez tudo sozinho, sem ajuda de ninguém", descreve, impressionado, o guarda do estacionamento improvisado que fica ao lado da agora célebre empena. "Chegava às 8h e ficava até ser noite, às vezes até às 22h. " E nem os cozidos à portuguesa e outros pratos típicos que foi comendo numa das tasquinhas defronte lhe tolheram os gestos. O pior é mesmo quando lhe perguntam que significado dá ao cavalo, mais ao esqueleto e aos peixes cabeçudos que compõem o desenho. "Quando lhe perguntei, disse que era o imaginário dele. Mais nada", conta a proprietária da tasca. Contactado pelo PÚBLICO através do proprietário da Galeria Montana, Miguel Santos, também desta vez Aryz se mostrou pouco dado a interpretar o seu trabalho: "Ele diz que não há nenhum conceito por trás do desenho. Que gosta destes jogos com cores e animais. " "Obra de mestre"Um comunicado da Galeria de Arte Urbana dá algumas pistas na descrição de uma obra que lembra, nalguns aspectos, as obras surrealistas de Dali: "Respeitando os vestígios ainda patentes de um edifício contíguo, anteriormente demolido, o autor traçou directamente sobre o reboco cru de toda a empena uma espiral enleada entre o corpo e o esqueleto de dois cavalos, pontuada por certos apontamentos "burgueses" que introduzem um afável humor nas suas obras, como um laço e um chapéu mínimos ou até pequenos peixes que parecem nadar sorridentes em redor das figuras centrais. " São de agrado a maioria das reacções dos transeuntes. "Pelo menos a empena está mais alegre", observa uma moradora, de 75 anos. "É uma obra de mestre", elogia o sócio do restaurante em frente ao prédio. Vizinho do megacavalo, o arquitecto paisagista Ribeiro Telles lamenta que a empena não tivesse sido limpa. "Tem um aspecto de degradação muito feio que o graffiti não resolveu", declara. Ainda que sem custos envolvidos, o patrocínio pela autarquia de uma forma de arte pouco consensual como é o graffiti suscita críticas. "Qual passa a ser a credibilidade do presidente da câmara, quando multa um miúdo de Chelas que pintou a parede do metro?", questiona o director-geral de uma farmacêutica, Samuel Maurício, de 42 anos. "A cidade devia opor-se a tudo quanto é graffiti", opina. O pior, nota Ana Alves de Sousa, do movimento cívico Forum Cidadania, é nada na zona envolvente ter sido arranjado: "O ecoponto em frente está um nojo, com o lixo todo cá fora; os passeios estão completamente destruídos e o estacionamento no terreno ao lado está todo entrapado à volta, como se fosse clandestino. . . "
REFERÊNCIAS:
Barcos portugueses deixaram de poder pescar em águas marroquinas desde a meia-noite
Os barcos que operavam ao abrigo do acordo UE-Marrocos, entre os quais 14 portugueses, receberam ordem para abandonar as águas marroquinas a partir das 0h00 de hoje, depois de o Parlamento Europeu ter recusado prorrogar este acordo. (...)

Barcos portugueses deixaram de poder pescar em águas marroquinas desde a meia-noite
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.5
DATA: 2011-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os barcos que operavam ao abrigo do acordo UE-Marrocos, entre os quais 14 portugueses, receberam ordem para abandonar as águas marroquinas a partir das 0h00 de hoje, depois de o Parlamento Europeu ter recusado prorrogar este acordo.
TEXTO: O convénio, em vigor desde 2007, previa 119 autorizações para navios comunitários, incluindo 14 para Portugal, e uma contrapartida financeira de 36, 1 milhões de euros. Horas depois da decisão do Parlamento Europeu, o Governo marroquino fez um ultimato: até à meia-noite, todos os barcos de pesca de países da União Europeia tinham que abandonar as águas do país. O secretário-geral da Associação dos Armadores de Pesca Industrial, António Cabral, diz não entender a decisão do Parlamento Europeu. “Temos alguns barcos a trabalhar recentemente em Marrocos, com algumas licenças cedidas por outros Estados-membros, e havia trabalhadores do Sara Ocidental empregados a bordo, e que são até excelentes trabalhadores. Havia desembarques em portos que estão sediados no território do Sara Ocidental, e tudo isso anima a economia. Portanto, não entendemos a decisão do Parlamento Europeu”, disse à rádio TSF. António Cabral considera ainda que a comissária europeia das Pescas tem tido dificuldade em acautelar os interesses do sector: “Estamos preocupados, tendo em conta que a União Europeia está numa fase de negociação da reforma da Política Comum de Pescas e a componente internacional é muito importante. E, na verdade, consideramos que isto é um revés, porventura, desta senhora comissária das Pescas, que tem tido alguma dificuldade de acautelar os interesses socioeconómicos dos operadores de pesca comunitários”. O Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, que tutela o sector das pescas, informou que a posição de Portugal sobre o diferendo será divulgada hoje no Conselho da União Europeia de Agricultura e Pescas. O Parlamento Europeu justificou ontem a não prorrogação do acordo de pesca UE-Marrocos com o facto de implicar a sobre-exploração de espécies e ser ilegal, segundo o direito internacional, já que interfere nos recursos do território do Sara Ocidental, disputado entre Marrocos e a Frente Polisário. A prorrogação foi rejeitada por 326 votos contra, 296 a favor e 58 abstenções. Novo protocolo em dúvidaO protocolo de pescas com Marrocos será assim revogado hoje pelos ministros da tutela da UE. A comissária europeia para as Pescas, Maria Damanaki, sublinhou, num comunicado, que o executivo europeu irá respeitar a decisão dos eurodeputados, anunciando que proporá ao ministros da tutela da UE, na quinta-feira, que revoguem “a aplicação provisória do protocolo”, que vigora provisoriamente desde Fevereiro. “Não sabemos se é possível celebrar um novo protocolo de pescas com Marrocos, mas vamos explorar todas as possibilidades”, disse a comissária. Quando rejeitou prolongar o acordo, o Parlamento Europeu, instou também a Comissão Europeia a velar por que o futuro protocolo respeite plenamente o direito internacional e beneficie todas as populações locais afectadas, incluindo a população sarauí. O futuro protocolo deve ser “económica, ecológica e socialmente sustentável”, defenderam os eurodeputados. A partir de amanhã, os ministros da Agricultura e Pescas da UE reúnem-se para decidir as possibilidades de pesca para 2012, uma negociação habitualmente difícil e que, tradicionalmente, se arrasta pela madrugada do dia seguinte. O Conselho de Ministros da UE começa hoje de manhã com uma primeira consulta aos Estados-membros sobre os totais admissíveis de capturas (TAC) e respectiva distribuição em quotas nacionais, propostos pela Comissão Europeia.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Casa da Pesca ameaçada de ruína e sem restauro à vista
A Câmara de Oeiras estava disposta a reabilitar toda a quinta, mas não chegou a acordo com o Ministério da Agricultura quanto a contrapartidas. (...)

Casa da Pesca ameaçada de ruína e sem restauro à vista
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-02-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Câmara de Oeiras estava disposta a reabilitar toda a quinta, mas não chegou a acordo com o Ministério da Agricultura quanto a contrapartidas.
TEXTO: Um monumento nacional, uma quinta dividida entre dois proprietários, um projecto na gaveta e um protocolo que não chegou a ser assinado. Esta é a história da Casa da Pesca, na Quinta do Marquês de Pombal, em Oeiras, classificada como monumento nacional há 70 anos, mas num estado de degradação tal que está a deixar preocupados cidadãos, arquitectos e historiadores. Escondida entre o arvoredo da parte de cima da quinta, a Casa da Pesca servia de apoio às actividades de pesca no tanque em frente e era também espaço de descanso. "Aquela quinta era a mais fantástica de toda a zona de Lisboa, melhor do que qualquer uma que o rei tivesse", conta a arquitecta Hélia Silva. "Da última vez que lá fui, aquilo estava completamente em ruínas", lamenta Rodrigo Alves Dias, arquitecto paisagista da Câmara de Oeiras, que fez tese de licenciatura sobre a quinta. "É uma paisagem única", com "um nível artístico fora do normal", que, para além disso, está "ligada a uma das figuras principais da nossa História". Foi mandada construir pelo marquês de Pombal no pós-terramoto. "Tem havido pouca divulgação. É um espaço que tem estado relativamente fechado, embora se possa entrar. A quinta mete medo, não é um espaço que atraia pessoas", diz o historiador de arte de Oeiras José Meco. "Se isto fosse em Salzburgo, certamente haveria lá um festival de Verão ou outras actividades importantíssimas. "O conjunto foi classificado monumento nacional em 1940, mas está "em estado de abandono e ruína há muitos anos", adverte Ana Celeste Glória, num dossier enviado ao Ministério da Agricultura. Em Setembro de 2010, Raquel Henriques da Silva, professora da Universidade Nova de Lisboa, lançou uma petição. Reuniu mais de 800 assinaturas, que entregou ao então secretário de Estado da Cultura. Nada mudou. Projecto engavetadoEm 2007, chegou-se a acreditar que a Casa da Pesca, a Cascata do Taveira e o tanque frontal seriam reabilitados, graças a um protocolo entre o Ministério da Agricultura e a Câmara de Oeiras, que tinha já um projecto aprovado para um parque temático agro-pastoril. Quase cinco anos depois, o projecto está na gaveta. "Porque o Ministério da Agricultura não quis", justifica o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, que considerou exagerada a contrapartida exigida pelo ministério para a cedência da quinta - "15 milhões de euros" de "comparticipação para a construção do laboratório de Medicina Veterinária". Previa-se que, na recuperação da quinta, a câmara gastasse outros 25 milhões de euros. Em resposta o PÚBLICO, o Ministério da Agricultura diz continuar "empenhado em encontrar uma solução viável que permita salvaguardar o património e importância cultural do imóvel em causa" e admite a possibilidade de recorrer ao Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial para reabilitar o conjunto. A Câmara de Oeiras chegou a aceitar pagar metade do valor exigido, mediante um contrato de cedência por 90 anos, mas o ministério não aceitou. José Meco diz que não sabe se a Casa da Pesca está ao abandono por "má-vontade, ignorância ou se por falta de consciência dos valores culturais que estão em jogo". "A câmara ia recuperar o espaço, o Estado não tinha de gastar dinheiro. "
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura medo
Cientistas ensinaram animais a pedir açúcar usando só a força da mente
Em apenas dez dias, os ratos e ratinhos usados na experiência conduzida por neurocientistas - da Fundação Champalimaud (Portugal) e da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA) - aprenderam a "pedir" açúcar sem mover um músculo do corpo. Para isso, recorreram apenas a impulsos eléctricos do cérebro que tinham como feedback um determinado som. (...)

Cientistas ensinaram animais a pedir açúcar usando só a força da mente
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em apenas dez dias, os ratos e ratinhos usados na experiência conduzida por neurocientistas - da Fundação Champalimaud (Portugal) e da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA) - aprenderam a "pedir" açúcar sem mover um músculo do corpo. Para isso, recorreram apenas a impulsos eléctricos do cérebro que tinham como feedback um determinado som.
TEXTO: Os resultados da experiência, publicados na revista Nature, revelam um cérebro mais flexível do que se pensava e podem ser um importante contributo para o desenvolvimento de próteses movidas com "a força da mente" para pessoas com lesões na medula, amputações ou outras limitações na mobilidade. O trabalho em laboratório permitiu demonstrar não só que o cérebro é capaz de aprender rapidamente regras arbitrárias, mas também que a plasticidade [a capacidade de adaptação do cérebro] presente neste processo intencional é idêntica à que encontramos quando resolvemos uma tarefa física como andar de bicicleta. Até agora, a chamada interface cérebro-máquina (IMC) procurou provocar um movimento numa prótese imitando os circuitos eléctricos que são normalmente usados no gesto que se quer reproduzir, seja ele mover um braço ou uma perna. As experiências realizadas mostraram o sucesso desta tecnologia, mas também revelaram algumas limitações. Já está provado que é possível "imitar" os impulsos neuronais e conseguir movimento numa prótese. Para isso, a actividade do cérebro é medida através da introdução de eléctrodos (fios da espessura de um cabelo) no cérebro, usando-se um chip que pode estar ligado a um computador ou a uma prótese (um braço, por exemplo) que "decifra" a ordem que está a ser dada. Esta imitação da actividade neuronal, contudo, tem de ser feita caso a caso (cada um de nós tem impulsos neuronais diferentes para mexer o braço) e, no processo, perde-se alguma eficácia no movimento. Quando usamos uma prótese que tenta imitar o que o cérebro normalmente faz para ordenar esse movimento, a performance de uma tarefa normal cai para 60 ou 70%. Rui Costa, investigador principal do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, e José Carmena, co-director do centro de engenharia neural e próteses da Universidade de Berkeley, admitem que o que foi conseguido até agora já é muito bom, mas acreditam ter encontrado outro caminho no cérebro para conseguir mover uma prótese com 95% de acuidade. Como? "Mudámos as regras do jogo e, em vez de tentarmos imitar o que se passa normalmente, ensinámos o cérebro a fazer algo como se fosse uma coisa nova, arbitrária". Na verdade, a experiência (ainda) não se fez com uma pessoa e uma prótese. O que os cientistas para já demonstraram, e que descrevem no artigo publicado ontem online na Nature, foi que os ratos e ratinhos usados na experiência aprenderam rapidamente uma regra arbitrária para obter o que queriam sem se mexerem, só com "a força da mente". "Usámos ratos e ratinhos que estavam a controlar um computador que produzia um som. Criámos uma regra arbitrária: a actividade destes neurónios significa um som agudo e a destes um som grave. Se conseguissem a actividade cerebral capaz de dar um feedback de um som agudo, tinham como recompensa uma solução com açúcar, e se conseguissem um som grave tinham comida calórica", explica Rui Costa, entusiasmado com os resultados porque "rapidamente os animais aprenderam a regra". As contas e o ciclismo"Logo no primeiro dia, os ratos começaram a perceber. Em três, quatro dias, estavam bons na tarefa. E em dez dias, estavam com 100% de performance", nota Rui Costa. "O que foi mais maravilhoso foi ver que o animal começou a aprender a controlar aquele som só com a mente. E, ao fim de dez dias, não só está excelente na tarefa como deixou de se mexer e controla só com a actividade cerebral o computador", conta o cientista. A experiência permitiu perceber que "as áreas do cérebro [o córtex motor] e o tipo de plasticidade [presente nos gânglios da base, na região do estriado] envolvidas na aprendizagem desta regra abstracta são as mesmas que usamos para a aprendizagem motora, física. Ou seja, usamos os mesmos circuitos e mecanismos no cérebro para andar de bicicleta e para aprender algo abstracto e mental, como fazer contas.
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Palavras-chave animal
Seca esgota comida para animais e preço do feno chegou a disparar 80%
Sem pastagens, aumentou a procura dos chamados alimentos grosseiros, como fenos e palhas. Quebras de produção rondam os 41% e a subida dos custos está a sobrecarregar os agricultores em todo o País. (...)

Seca esgota comida para animais e preço do feno chegou a disparar 80%
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-03-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sem pastagens, aumentou a procura dos chamados alimentos grosseiros, como fenos e palhas. Quebras de produção rondam os 41% e a subida dos custos está a sobrecarregar os agricultores em todo o País.
TEXTO: Em algumas zonas do Norte ainda não foram plantadas batatas. As reservas de alimentos para os animais estão a esgotar-se e o preço dos fardos de palha e feno aumentaram 30%. Na região Centro, a escassez de oferta de feno fez disparar os preços até 80% e as searas têm "mau aspecto". Esperam-se quebras entre os 10 a 50% na produção de cereais. O cultivo de couves, grelos e nabos ressente-se da falta de humidade. O diagnóstico traçado no segundo relatório elaborado pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação dos Impactos da Seca é desolador. Se não chover nas próximas semanas, há searas na zona Norte que estarão "irremediavelmente perdidas". Aqui, as quebras de produção chegam aos 40%. Os animais estão a ser mais alimentados com suplementos e rações, o que, na região Centro, já está a afectar a produção de leite de ovelhas e cabras. Os produtores estão a recorrer às reservas de comida para os animais destinadas ao Verão e, numa tentativa de travar o aumento de custos, vendem cabeças de gado. Contudo, em Lisboa e Vale do Tejo, os compradores de gado "estão a manifestar menor interesse na compra de animais e a oferecerem preços mais reduzidos". Nesta região, a pecuária extensiva e as pastagens de sequeiro são as actividades que mais estão a sofrer com a falta de água e, no relatório, o grupo criado pelo Ministério da Agricultura diz mesmo que a situação actual é "bastante preocupante e está a agravar-se de dia para dia". O cenário nacional mostra uma quebra de produção que ronda os 41, 4%, média não ponderada, de acordo com os cálculos do PÚBLICO. A diminuição da produtividade atinge em maior escala as culturas forrageiras, prados, pastagens, sobretudo na região Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo. Segue-se o cultivo dos cereais de Outono e Inverno (como o trigo, aveia ou centeio) que caiu até 50%. Os custos de produção, com a água e energia, estão a sobrecarregar os agricultores, obrigados a regar com mais intensidade "do que é normal para a época as culturas de regadio" (hortícolas e citrinos, por exemplo). Com a quebra das reservas hídricas e as temperaturas elevadas, os produtores estão a adiar as novas culturas. No Alentejo, a próxima campanha de regadio está ameaçada e já se perderam searas. Alguns produtores "optaram por não semear ou não concluir as sementeiras". As reservas de alimentos para os animais também estão praticamente esgotadas. A seca atinge Portugal Continental desde Dezembro e de acordo com os dados mais recentes do Observatório de Secas do Instituto de Meteorologia, o cenário agravou-se na primeira semana de Março. Em Portugal Continental, a ausência de precipitação fez subir de 32 para 53% o território em seca extrema. Os restantes 47% do território estão em seca severa. No balanço anterior, conhecido a 1 de Março, 68% estava em seca severa e 32% em seca extrema. A pedido de Portugal, a falta de chuva vai ser discutida na próxima reunião dos ministros da Agricultura da União Europeia, agendada para terça-feira. Em cima da mesa estarão os prejuízos provocados pela seca na Península Ibérica. Portugal e Espanha tencionam abordar temas como o adiantamento dos pagamentos de ajudas directas, a autorização para medidas de compensação aos agricultores e a flexibilização nas condições do regime de prémios para vacas em aleitamento. Na reunião vai estar o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque; a ministra Assunção Cristas inicia uma vista oficial a Angola na próxima semana. O Governo aprovou, quinta-feira, um pacote de dez metidas para atenuar os prejuízos provocados pela seca que, no total, valem 90 milhões de euros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave alimentos