Santa Casa vai explorar em exclusivo apostas em corridas de cavalos
Conselho de Ministros aprovou alteração de estatutos da instituição que passará a ter apostas desportivas à cota e hípicas. (...)

Santa Casa vai explorar em exclusivo apostas em corridas de cavalos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conselho de Ministros aprovou alteração de estatutos da instituição que passará a ter apostas desportivas à cota e hípicas.
TEXTO: Além do Euromilhões e da "raspadinha", a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai passar a explorar, em regime de exclusividade, as apostas em corridas de cavalos e as desportivas à cota de base territorial (ou seja, feitas em espaços físicos e não online), em que se pode apostar no resultado de um jogo de futebol, por exemplo. O Conselho de Ministros aprovou, nesta quinta-feira, o novo regime jurídico para estas duas actividades e a atribuição da exploração de hipódromos autorizados a fazer corridas hípicas. “De forma a enquadrar esta matéria é aprovada a alteração dos Estatutos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a quem o Estado atribui o direito de organizar e explorar, em regime de exclusividade para todo o território nacional, as apostas hípicas mútuas de base territorial (o que não abrange a exploração em suporte electrónico)”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros. A intenção é promover todas as actividades relacionadas com cavalos, “da inovação à tecnologia com vocação internacional, da genética à comercialização e à organização de eventos culturais e desportivos”. Na autorização legislativa que o Governo fez chegar à Assembleia da República em Junho – e que englobava vários diplomas, nomeadamente o do jogo online - já estava prevista a autorização para fazer apostas em corridas de cavalos, mas nada se sabia quanto ao modelo de exploração. Fernando Paes Afonso, administrador executivo do departamento de jogos da Santa Casa, diz que ainda não conhece a legislação ao detalhe e há, ainda, um “caminho a percorrer” no que toca ao desenvolvimento deste tipo de negócio em Portugal. Tal como estava previsto, a SCML alargará a sua oferta e vai passar a explorar as apostas desportivas à cota de base territorial em todo o país, uma decisão que o Governo justifica com a "capacidade, integridade e idoneidade" da instituição para desenvolver esta actividade. Fernando Paes Afonso diz que “a decisão permitirá manter, num nível adequado, o financiamento das políticas sociais levadas a cabo pelo Estado e pela SCML”. Licenças para jogo online em 2015Nesta quinta-feira também foi aprovado o Regime Jurídico dos Jogos e Apostas Online que vai regular, pela primeira vez, esta actividade em Portugal. O diploma passa, agora, para as mãos de Cavaco Silva. A intenção do Governo é encaixar, este ano, 25 milhões de euros de receitas adicionais e ter os primeiros operadores com licença atribuída no último trimestre. Está ainda prevista a revisão desta lei, aspecto que não constava da versão inicial. Mais recentemente chegou a estar prevista a revisão três anos após a entrada em vigor, mas no documento final o prazo foi antecipado para dois anos. “A complexidade do assunto, a circunstância de estarmos a legislar pela primeira vez neste âmbito, a constatação de que as legislações europeias nesta matéria sofrem mutações com alguma frequência, e o facto de esta ser uma área sujeita a frequentes inovações tecnológicas, levaram-nos a considerar adequado e prudente exigir uma reavaliação do regime constante do diploma, bem como do modelo de controlo, inspecção e regulação”, explica Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo. Recorde-se que legalizar o jogo virtual foi uma das exigências da troika ao abrigo do programa de empréstimos financeiros. As empresas que queiram entrar neste mercado têm de se candidatar a uma licença, atribuída por um prazo de três anos e renovável. São ainda obrigadas a cumprir “requisitos de idoneidade” e de capacidade financeira, “previamente definidos” e as licenças estão sujeitas ao pagamento de taxas. Ao contrário do que se passa nos jogos “físicos”, não há concessões em regime de exclusividade. Adolfo Mesquita Nunes sublinha que a nova lei põe termo “ao vazio legal” que existe e que “contribuiu para a proliferação do jogo online ilegal”. Permite ainda a publicidade aos jogos, tema que suscitou as críticas da oposição no Parlamento. O secretário de Estado refere que as regras a aplicar serão semelhantes às que hoje existem para o álcool. De acordo com a versão divulgada em Junho, não será permitida a associação de símbolos nacionais à publicidade de jogos e apostas. Nem se pode apelar à obtenção de dinheiro fácil através do jogo. O pacote aprovado nesta quinta-feira inclui alterações à lei do bingo, que abrange agora as modalidades de bingo electrónico e o aumento das funções do Turismo de Portugal. Este organismo do Estado passa a controlar e a inspeccionar e terá “verdadeiros poderes regulatórios” sobre o jogo e apostas online.
REFERÊNCIAS:
Entidades TROIKA
Pedro Costa leva Cavalo Dinheiro a Nova Iorque
Depois do prémio de realização em Locarno, o autor de O Sangue é um de cinco cineastas que falará ao público sobre o seu cinema, a par de Paul Thomas Anderson, Mike Leigh, Mathieu Amalric e Bennett Miller (...)

Pedro Costa leva Cavalo Dinheiro a Nova Iorque
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois do prémio de realização em Locarno, o autor de O Sangue é um de cinco cineastas que falará ao público sobre o seu cinema, a par de Paul Thomas Anderson, Mike Leigh, Mathieu Amalric e Bennett Miller
TEXTO: Pedro Costa vai ser um de cinco cineastas a subir ao palco do Lincoln Center de Nova Iorque para discutir o cinema – o seu, o dos outros, o seu passado, presente e futuro, influências e métodos de trabalho. Costa estará na Grande Maçã para apresentar na 52ª edição do New York Film Festival (NYFF) Cavalo Dinheiro, que lhe valeu o prémio de Melhor Realizador em Locarno, e que é definido pelo director do certame, Kent Jones, como estando “num plano completamente diferente de Juventude em Marcha”. Costa é um dos quatro realizadores escalados para o forum Directors Dialogues, conversas informais com os programadores do festival; os outros são o francês Mathieu Amalric, o britânico Mike Leigh e o americano Bennett Miller, todos com filmes presentes na programação principal do NYFF oriundos da selecção de Cannes 2014. Costa será o último a subir ao palco no dia 8 de Outubro. Amalric virá mostrar a sua quarta realização depois de Tournée, O Quarto Azul, adaptação de Georges Simenon produzida por Paulo Branco (a estreia portuguesa está prevista para Outubro). Leigh, o realizador de Nu, Segredos e Mentiras ou Um Dia de Cada Vez, traz Mr. Turner, biografia do pintor romântico J. M. W. Turner com Timothy Spall no papel principal (deverá chegar a Portugal em Novembro); Miller, que dirigiu Capote e Moneyball, apresenta Foxcatcher, a história do lutador olímpico Mike Schultz (Channing Tatum) num filme que tem chamado a atenção pelo papel dramático do comediante Steve Carell (por cá, espera-se lançamento em Dezembro). O quinto cineasta que virá falar do seu cinema é Paul Thomas Anderson, o autor de Magnolia e Haverá Sangue, cujo Inherent Vice, adaptação de Vício Intrínseco de Thomas Pynchon com Joaquin Phoenix, Josh Brolin e Benicio del Toro, é o acontecimento “central” do festival. Anderson terá 90 minutos de conversa com Kent Jones. O NYFF inaugura a 26 de Setembro com a estreia mundial do novo filme de David Fincher, Em Parte Incerta, baseado no romance de Gillian Flynn, e a sua programação incluirá ainda os novos filmes de Alejandro González Iñárritu (Birdman), Jean-Luc Godard (Adeus à Linguagem), Olivier Assayas (Clouds of Sils Maria), os irmãos Safdie (Heaven Knows What), Lisandro Alonso (Jauja), Alain Resnais (Amar, Beber e Cantar), David Cronenberg (Mapas para as Estrelas), Abel Ferrara (Pasolini) ou Bertrand Bonello (Saint-Laurent).
REFERÊNCIAS:
Os cães e gatos também são gente
O TEDH construiu um pouco mais da cidadania europeia (...)

Os cães e gatos também são gente
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O TEDH construiu um pouco mais da cidadania europeia
TEXTO: O saber é poder, como todos sabemos. E, também como todos sabemos, quanto mais livre for o acesso à informação numa sociedade, mais autónomos serão os cidadãos dessa mesma sociedade. Mais capazes de formar uma opinião pública livre e esclarecida. E, eventualmente, de melhor fiscalizar o exercício do poder político ou qualquer outro. No passado dia 17 de Fevereiro, os cidadãos europeus foram brindados com um excelente instrumento para o aumento da sua cidadania com a decisão proferida no caso Guseva contra Bulgária pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH). A Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) ao consagrar a liberdade de expressão determina expressamente que esta liberdade ou direito compreende a liberdade de opinião e a “liberdade de receber ou de transmitir informações ou ideias”. Contudo, o TEDH tem sempre entendido que tal direito não inclui um direito dos cidadãos a exigirem que o Estado lhes preste informações. Isto é o direito de acesso aos documentos administrativos que, felizmente e em geral, está consagrado nas leis dos diversos estados europeus e que nos permite ir sabendo um pouco mais sobre as “entranhas” do Estado, não tem apoio expresso na CEDH. Mas no caso Guseva o TEDH deu grande passo no sentido de consagrar o entendimento que a CEDH, afinal, sempre assegura tal direito de acesso à informação. Não foi uma votação unânime, foram cinco juízes contra dois e estes últimos bem esbracejaram contra o abandono da linha tradicional do TEDH. O caso é simples, se exceptuarmos o nome da cidadã búlgara queixosa, Lyubov Viktorovna Guseva. . . Esta exemplar cidadã fazia parte do conselho de diretores da Sociedade Protectora dos Animais da cidade de Vidin. Em 2002 e 2003 dirigiu diversos pedidos à câmara da sua cidade para que lhe fosse fornecida informação que considerava relevante para si, para a Sociedade Protectora dos Animais e para o público em geral. Pretendia Guseva saber o teor dos acordos e contratos celebrados entre a câmara e sociedades particulares encarregadas de recolher os animais vadios na cidade, bem como as condições em que os mesmos se encontrariam. A câmara respondeu que não fornecia as informações solicitadas porque as empresas com quem contratara se opunham à divulgação desses dados. Guseva recorreu aos tribunais administrativos, que lhe deram razão, mas a verdade é que nunca conseguiu obter as informações em causa, já que a Câmara de Vidin desobedeceu aos tribunais e não as entregou. E, por isso mesmo, Guseva queixou-se ao TEDH por considerar que o Estado búlgaro violara a sua liberdade de expressão, na vertente do direito “a receber ou de transmitir informações”, ao não lhe assegurar o acesso aos dados pretendidos que, de resto, os próprios tribunais tinham reconhecido ser de interesse público e deverem ser-lhe fornecidos. O TEDH apreciou o assunto com toda a cautela, começando desde logo por lembrar que a liberdade de expressão consagrada na CEDH não garantia um direito geral de acesso à informação, sem prejuízo de terem de existir razões fortes para limitar o acesso à informação a que os cidadãos têm o direito de aceder. E, no caso dos jornalistas, o TEDH tem reconhecido que a recolha de informação se encontra protegida pela liberdade de imprensa, já que é essencial para garantir o seu trabalho. E, lembrou o TEDH, as organizações não-governamentais, como era o caso da Sociedade Protectora dos Animais, quando estavam envolvidas em questões de interesse público tinham um papel semelhante ao da Imprensa como cães de guarda (watchdogs) do poder. Considerou, assim, o TEDH que a actividade da Sociedade Protetora dos Animais, representada por Guseva, ao procurar obter informações sobre o tratamento dos animais para poder informar o público sobre essas questões, se encontrava protegida pela liberdade de expressão consagrada pela CEDH. Debruçou-se, então, o TEDH sobre a questão de não saber se a Bulgária ao não ter assegurado a Guseva o acesso à informação em causa violara ou não a sua liberdade de expressão. E aí as opiniões dividiram-se, mas a maioria dos juízes votou no sentido de ter existido essa violação. Embora a queixa tivesse sido apresentada por Guseva e não pela Sociedade Protectora dos Animais, o TEDH considerou que objectivo da mesma ao querer obter a informação em causa não era para fins pessoais mas sim para informar o público, no âmbito das actividades da associação de que era directora. Isto é, Guseva estava legitimamente envolvida numa actividade de recolha de informação com o objectivo de contribuir para o debate público. E fora impedida de o fazer injustificadamente, pelo que fora violada a sua liberdade de expressão. O TEDH condenou ainda a Bulgária a pagar, para além dos honorários do advogado, 5000 euros a Guseva pelos danos morais que lhe causara. Os cães e gatos vadios de Vini – e todos nós – agradecemos!
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Partidos LIVRE
Fornos de Algodres acolhe festival dedicado aos burros no domingo
Na segunda edição do Spring Burros Fest vão participar 12 animais. (...)

Fornos de Algodres acolhe festival dedicado aos burros no domingo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na segunda edição do Spring Burros Fest vão participar 12 animais.
TEXTO: A aldeia de Vila Ruiva, no concelho de Fornos de Algodres, acolhe no domingo um festival dedicado aos burros, que pretende divulgar estes animais em vias de extinção. O programa do II Spring Burros Fest, organizado pela União das Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão, no recinto da unidade hoteleira de Vila Ruiva do INATEL, inclui várias actividades, com destaque para um desfile de burros, um espectáculo de teatro e animação musical. "Este ano, temos contabilizada a participação de cerca de 12 animais, que pertencem a proprietários que residem nas aldeias que fazem parte da União das Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão", adiantou nesta sexta-feira à Lusa o presidente da junta, Manuel Paraíso. Segundo o responsável, o número de animais aumentou em relação ao ano passado, quando participaram sete burros, uma vez que com a realização do evento "foi criado um incentivo à aquisição destes quadrúpedes". Alguns dos animais existentes naquela área do concelho de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, ainda são utilizados "diariamente na agricultura". "Temos o caso de um animal novo, que custou mil euros, que foi comprado por um habitante de Juncais e anda diariamente nas lides agrícolas", contou. Com a realização do II Spring Burros Fest, a organização pretende divulgar os burros e também sensibilizar os mais novos para a sua aquisição. "Os idosos continuam a adquirir os animais, mas o objectivo é também que o pessoal mais novo, que se está a instalar em algumas quintas da região, reintroduza os quadrúpedes no processo agrícola", disse o autarca. Manuel Paraíso destaca vantagens na utilização dos animais da raça asinina em detrimento dos tractores agrícolas, desde logo, por os seus proprietários receberem subsídios [do Ministério da Agricultura] pela sua posse, e pela matéria orgânica que depositam nos solos. "Em termos de movimentação de solos [lavragem], os tractores também são mais violentos do que a lavoura com animais", acrescentou. No evento também vai participar um vendedor de Videmonte, no concelho da Guarda, que dará possibilidade de os interessados poderem adquirir aqueles animais. Durante o festival dedicado aos burros, que começa pelas 10h de domingo com a concentração dos animais, haverá um desfile, passeios de burro para os mais novos, consultas veterinárias e tratamento de pêlo e cascos. Está também agendado um almoço solidário, às 13h, com as receitas a reverterem para os Bombeiros Voluntários de Fornos de Algodres, tal como já aconteceu na primeira edição. O programa inclui ainda a representação da peça de teatro "Arre", pela Companhia Rei Sem Roupa (15h), e animação musical (a partir das 16h).
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Mais de 16 milhões de americanos acham que o leite achocolatado provém de vacas castanhas
Estudo sobre a população adulta dos EUA volta a pôr a descoberto a iliteracia do país. (...)

Mais de 16 milhões de americanos acham que o leite achocolatado provém de vacas castanhas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.5
DATA: 2017-06-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estudo sobre a população adulta dos EUA volta a pôr a descoberto a iliteracia do país.
TEXTO: Mais de 16 milhões de adultos norte-americanos (cerca 7% da população) acham que o leite achocolatado provém de vacas castanhas, segundo revela um estudo do Centro de Inovação dos Estados Unidos, citado esta sexta-feira pelo Washington Post. Estes cidadãos dos Estados Unidos desconhecem completamente que o chocolate é formado por leite, cacau e açúcar. São consumidores de leite, mas pensam que o leite achocolatado provém de vacas castanhas. Há décadas que vários estudos revelam que uma grande parte dos norte-americanos é iletrada em agricultura. Pouco sabem como são produzidos os alimentos, como chegam às lojas, quais as cadeias de produção, ou, neste caso, o que contém o chocolate. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Segundo o Washington Post, um estudo dos anos 1990 do Departamento de Agricultura norte-americano relevava que um em cada cinco adultos desconhecia que os hambúrgueres são feitos de carne bovina. Mostrava ainda muitos mais desconheciam factos básicos da agricultura, como o tamanho das quintas americanas e o que os animais comem. “Os americanos pensam da seguinte forma: preciso de comida, vou à loja. Tudo o resto é do desconhecimento de uma grande parte dos cidadãos”, afirma a co-fundadora do FoodCorps, Cecily Upton, uma organização sem fins lucrativos que faz educação nutricional nas escolas dos Estados Unidos. O número de texanos que acreditam que o Homem coexistiu com os dinossauros também pode ser surpreendente: 30%. Ainda, 25% dos norte-americanos não sabem que a Terra anda à volta do Sol. Uma percentagem que se repete quando se contabilizam os que não sabem que os EUA se tornaram independentes do Reino Unido.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Feira do Cavalo: Junta da Estrela e empresários andam aos "coices"
Direito de Resposta Publicação por decisão da ERC (...)

Feira do Cavalo: Junta da Estrela e empresários andam aos "coices"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.7
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602180200/https://www.publico.pt/n1774233
SUMÁRIO: Direito de Resposta Publicação por decisão da ERC
TEXTO: Quem leu a peça jornalística do passado dia 20 de Fevereiro intitulada “Feira do Cavalo: Junta da Estrela e empresários andam aos'coices’” ficará muito longe da verdade que envolve a suposta polémica. Importa por isso repor a verdade, não o “diz que disse”. A verdade que factos e documentos atestam e que comprovam as duas seguintes evidências: a Junta de Freguesia da Estrela cumpriu com todas as suas obrigações; e a Feira do Cavalo é uma iniciativa da Junta de Freguesia da Estrela que teve como objetivo promover um evento diferenciado dos eventos tradicionais que ocorrem na cidade de Lisboa, servindo como montra do que melhor se faz em Portugal. Começando pelo princípio e pela titularidade da ideia. Começa-se por aqui exatamente para explicar ao leitor surpreendido que toda a história rocambolesca descrita na peça jornalística é um conjunto de falsidades e ataques infundados ao carácter do Presidente de Junta de Freguesia da Estrela, por parte da Zebra Vaidosa, porque este se recusou a ir além do que tinha sido acordado com esta. Não temos dúvida de que o jornalista esteve em todo este processo de boa fé, mas parece-nos também claro que foi induzido em erro pelas fontes que consultou - e que desta forma o Público foi enganado. Quem acompanha o nosso trabalho facilmente reconhecerá que, nestes quatro anos, temos desenvolvido inúmeras iniciativas e dinâmicas "fora da caixa" para a comunidade que servimos, e na iniciativa da Feira da Cavalo também está visível essa marca de trabalho. Por isso só por manifesta má fé e vontade de desinformar vêm agora querer por isso em causa, até porque podemos assegurar que existe uma comunicação que nos foi enviada por um dos senhores que agora diz ao jornal que o evento é ideia dele, onde ele reconhece a Junta como titular da ideia, descrevendo a Junta como “mentor/criador deste projecto”. Este é um dos documentos que apresentaremos em sede própria. E qual era o compromisso da Estrela?A Junta de Freguesia acordou um valor para este evento que foi honrado e os pagamentos foram feitos, conforme acordado, em Agosto de 2016 e em Setembro de 2016. Então e esse dinheiro era para pagar a fornecedores?Não! Era o investimento acordado para contratar os serviços Zebra Vaidosa para a organização deste evento. Houve mudança de atitude do Presidente de Junta relativamente aos compromissos?Nunca. Importa aqui esclarecer que, desde o início que o Presidente de Junta, documentalmente, alertou para que não se imputassem à Junta custos e despesas que esta não assumira em momento algum. A Comunidade da Estrela não paga nem deve pagar as contas das cervejas dos outros. Mais uma vez, temos provas documentais que apresentaremos em sede própria. E para o Tribunal decidir ou é para procurar manchar a atividade da Junta de Freguesia?Que a Zebra Vaidosa se pronunciasse com falsidades e com acusações sem fundamento é algo que não nos surpreende, já que nunca existiu por parte da Zebra Vaidosa vontade real de resolver isto em tribunal e apenas tentar manchar o trabalho desenvolvido pela Junta com outros objetivos que não os que conduzam à real resolução jurídica desta situação. Aguarda-se há seis meses que seja concretizada a ameaça e que possamos esclarecer em tribunal toda esta situação porque até agora só existem ameaças e tentativas de denegrir a imagem da Junta de Freguesia (e do seu Presidente) na opinião pública. Ameaças essas que começaram cedo, sendo a primeira escrita por um dos senhores que desmente o Presidente da Junta, em novembro de 2016 (há mais de quatro meses) onde ameaça que caso a Junta não aceitasse os novos termos deles “(. . . ) toda a informação irá ser reunida e será enviada a meios de comunicação e imprensa (. . . )”. Continua depois esta ameaça, que temos por escrito na nossa posse, insinuando o envolvimento de uma agência de comunicação, que teria prestado apoio ao evento, inclusivamente nomeando o responsável dessa agência de comunicação numa clara tentativa de intimidação. Por decoro, respeito e sentido de responsabilidade não iremos aqui nomear nem a agência nem o responsável. Acreditamos que foram envolvidos nestas ameaças à revelia. Aliás, importa destacar que essas ameaças se mantiveram acabando por entrar num registo concreto, quando um desses senhores nos comunica, a 18 de janeiro de 2017, e mais uma vez por escrito:“(. . . ) fomos contactados por um jornalista, que pertence a um meio de comunicação social bastante conhecido. Este jornalista encontra-se a realizar um trabalho prévio às eleições autárquicas e do qual está em fase de desenvolvimento uma investigação (…)”. E continua dizendo que:“(. . . ) venho por este meio deixar uma última oportunidade de resolver esta situação (. . . ), caso esta postura se mantenha igual, iremos reunir na 6a Feira, dia 20 de janeiro, com o jornalista (. . . )”. Aqui a tentativa da Zebra Vaidosa de intimidação com uma campanha negativa que teria como objetivo ter consequências negativas nas eleições autárquicas, nem chega a ser dissimulada de tão evidente que se apresenta. Ainda assim o Presidente da Junta não se deixou intimidar pela ameaça política de publicidade negativa. No dia 6 de fevereiro fomos contactados pelo jornalista do jornal Público. No dia 20 de fevereiro saiu o artigo. Então e a revolta dos fornecedores da Feira do Cavalo contra a Junta de Freguesia?Ora, na sequência da rejeição de responsabilidade por parte da Junta, e por indicação da Zebra Vaidosa, fomos contactados por vários fornecedores afirmando ter contrato com a Zebra Vaidosa e confirmando que o seu entendimento era que a dívida era com a Zebra Vaidosa. Também temos documentos enviados pelas empresas a constatar isso mesmo. Porém, o artigo só fala em dois: uma empresa indicada pelos serviços da Câmara para fazer um transporte; e a Flamingo Boémio, que foi criada por um anterior colaborador da Zebra Vaidosa numa data após a decisão de se avançar com a Feira do Cavalo, curiosamente tendo sido este o seu primeiro evento. Então como é possível que “Todos desmentem Newton”?Não se podem desmentir factos publicamente ocorridos: a Feira do Cavalo aconteceu, com a cedência gratuita do Porto de Lisboa e com o envolvimento institucional da Câmara Municipal da Golegã. A data para o evento foi escolhida pela CMG e pela Zebra Vaidosa, não pela JFE. Obviamente, tudo isto só seria possível se existisse um acordo que validasse estes envolvimentos, facto que nunca o Presidente da Golegã ou os responsáveis do Porto de Lisboa poderiam desmentir, como não o fizeram. A Junta de Freguesia, a CM Golegã e a APL têm consigo esses documentos e têm consigo as trocas de correspondência que originaram esses documentos. Reforça-se que seria impossível que estas três entidades estivessem envolvidas a não ser através de uma formalização desse entendimento. Essa formalização tem de ser protocolar. Ponto. Em suma, o evento ocorreu e a parceria só pode ser formalizada através de um protocolo entre as instituições, que existe. Assim, lamentamos que se esteja a por em causa o trabalho de uma autarquia com base nas afirmações de senhores que só se mostram nervosos porque a calma está com quem detém a verdade e os factos, suportados por documentação: a Junta de Freguesia da Estrela. Por fim, verificamos também que alguns membros da Assembleia de Freguesia do Partido Socialista continuam a dar informações incorretas aos jornais, e neste caso ao Público, e com isso tentar induzir o público em erro. É lamentável, por exemplo, que não tenham informado o jornal de que o Presidente da Junta de Freguesia convidou as forças políticas para uma reunião de esclarecimento, seguindo as melhores práticas institucionais, e o Partido Socialista inexplicavelmente recusou. Têm por isso, tanto a Junta de Freguesia como o seu Presidente, atuado com a maior retidão e com a vontade máxima de esclarecer todas as forças políticas. Esperamos que este esclarecimento coloque um ponto final numa polémica que na realidade, como fica demonstrado, nunca o foi. Luís Pedro Alves Caetano Newton ParreiraPresidente da Junta de Freguesia da EstrelaSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nota de Direcção:Tanto as perguntas como as respostas acima publicadas são da autoria do presidente da Junta de Freguesia da Estrela
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Arqueologia e andorinhas
Durante meio ano, Annemarie Schwarzenbach fez o périplo das estações arqueológicas do Médio Oriente. Este livro é o diário dessa viagem. (...)

Arqueologia e andorinhas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Durante meio ano, Annemarie Schwarzenbach fez o périplo das estações arqueológicas do Médio Oriente. Este livro é o diário dessa viagem.
TEXTO: Embora “os belos olivais às portas da cidade” parecessem “cheios de promessas”, Damasco revelou-se decepcionante. Annemarie Schwarzenbach não se demorou na “cidade de S. Paulo” — e com um só epíteto vem prender-se à rede da leitura um inteiro e vasto horizonte cultural e histórico. Rumou a Baalbek. E Baalbek “faz parte desses nomes heróicos que não se pronunciam com ligeireza”. Um desses nomes que podem acender na imaginação aquelas “alegrias arbitrárias” de que falava Proust. A propósito de Balbec. “Como toda a gente”, escreve a autora, “eu já vira fotografias de Baalbek. Mas não se podem fotografar dimensões e a experiência da beleza e da perfeição só incompletamente se transmite. ” É então que Annemarie divisa as ruínas que hoje integram o património mundial: “Invadiu-me totalmente um sentimento de fraqueza e de arrebatamento, enquanto o ‘deserto da descrença’ minguou” (pp. 59-60). Muitas páginas e muitos quilómetros adiante, eis Persépolis: “Sobre um alto terraço, as suas colunas recortavam-se, magníficas, no céu nublado e o seu nome tornou-se uma realidade. […] As colunas das salas e dos palácios, as portas, os pátios e as balaustradas das escadas subiam como uma música das sombras da alvorada. Tudo o que o nome real de Persépolis continha adquiria contornos e consistência, condensava-se, como que através de um acto criador único, numa forma eloquente e definitiva. ” (p. 170)Neste “diário de uma viagem” pelo Próximo Oriente abundam nomes que não sabemos articular levianamente: além de Baalbek e de Persépolis, deparamos Biblos e Babilónia, Palmira e Cesareia, Antioquia e Jerusalém, Sídon e Tiro, Ur e Uruk… Mas nem sempre a autora se deixa submergir pela famosa síndrome de Stendhal. Creio que será uma questão de estilo. Não é por defeito ou timidez da paisagem cultural, natural ou humana. É por virtude da prosa, de uma sobriedade eficaz e por vezes melancólica, amparada simultaneamente pela memória histórica e pela observação empírica. Enquanto a Europa se prepara sombriamente para a catástrofe, o Médio Oriente fervilha em escavações arqueológicas. Entre Outubro de 1933 e Abril do ano seguinte, Annemarie Schwarzenbach, nascida em 1908 em Zurique, onde estudou História, escritora e jornalista emergente, fará o périplo dessas missões arqueológicas, viajando pela Turquia, Síria, Líbano, Palestina, Iraque e Irão. Inverno no Próximo Oriente (publicado em 1934) é o relato dessa jornada de muitos dias. Autoria:Annemarie Schwarzenbach (Trad. Miguel Serras Pereira) Relógio D’Água Ler excertoA propósito de um antropólogo que odiava viagens e exploradores, Steiner lembrou que a curiosidade dos ocidentais pelo conhecimento de outras geografias e culturas é única e persistente, pelo menos desde Heródoto. Que tal curiosidade não raras vezes se tenha volvido em tragédia não é matéria que devamos tratar aqui. Mas que outro motivo poderá ter levado Annemarie Schwarzenbach, nascida em berço de ouro suíço, a tornar-se uma das grandes e algo aventurosas viajantes europeias de entre as duas guerras, como o tem comprovado nos últimos 30 anos a ‘redescoberta’ da sua obra escrita e fotográfica? Inclusivamente em Portugal, por onde Annemarie também viajou, e onde vários dos seus textos e livros foram já traduzidos e publicados. É claro que poderíamos invocar o desassossego íntimo que a levará a tóxicas dependências várias. E deveremos, sem dúvida, considerar o insidioso e generalizado mal-estar que ascendia na Europa com o nazismo triunfante. Anote-se, aliás, a evidente simpatia com que Annemerie fala, em 1933, do garbo orgulhoso dos curdos, por exemplo, ou da então jovem República da Turquia — que “faz medo aos europeus”, os quais, “em breve, deixarão de ser [ali] necessários” —, citada como exemplo (que hoje poderá parecer paradoxal) de um país que “acredita no seu futuro e nos valores, tão desprezados na Europa, da razão, da civilização e do progresso”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A viagem, em Annemarie Schwarzenbach, excede, porém, o ensaio de uma fuga — na geografia e no tempo, quando não em ambos simultaneamente, como é o caso vertente — às sobredeterminações biográficas, e históricas e políticas. Embora a certa altura, após ter visitado a antiga catedral de Tartus, na Síria, se interrogue, justamente, sobre “se não teria sido já […] uma espécie de fuga à Europa” que motivara os cruzados. E é verdade que, em Ur, no Iraque, a propósito de achados do terceiro milénio antes de Cristo e de depósitos sedimentares datando do “dilúvio”, o arqueólogo britânico Leonard Woolley lhe “fala amorosamente de todas estas coisas e dos acontecimentos que evoca como se tivessem sucedido na véspera”. Mas Annemarie não perde de vista a escala humana e prosaica, quando não usurpadora e nefasta, do presente. Vemos, aliás, emergir, neste livro, uma das pequenas e cómicas desgraças do nosso tempo: a industrialização do turismo dito cultural. As ruínas da “capital de Nabucodonosor e de Alexandre” são profanadas por “uma massa cada vez maior de turistas tão curiosos como ignaros”, para desconsolo do arqueólogo alemão Julius Jordan. Escreve Annemarie: “Que pena estas ruínas se terem tornado tão facilmente acessíveis! Multidões de visitantes, munidos das suas cestas de piquenique e tagarelando em inglês, percorrem Babel e calcam sem o mínimo respeito as lajes da álea processional de Nabucodonosor” (p. 96). Nada escapa ao “assalto quotidiano das Kodak e das Leica”. Ora adeus, Instagram! Idêntica massificação ameaça Ur. A autora é até capaz de nos proporcionar um inesperado anticlímax: “Ocorreu-me, então, que estávamos nas terras onde tinham pastado os rebanhos de Abraão, mas a ideia deixou-me indiferente. Encontrar o nosso albergue o mais depressa possível, nada mais me importava” (p. 100). Por outro lado, não deixa de comover a frequência com que Annemarie, “longe dessa Europa tão amada”, a ela vai buscar analogias para o que vê e descreve. Assim, na Pérsia, em Chiraz, a cidade dos três poetas (pelo menos), as fontes e os jardins recordam-lhe Florença. O cume branco do Damavand, à vista de Teerão, reenvia-a para os maciços natais: “Como em Innsbruck, as montanhas cobertas de neve dominam directamente as largas ruas da cidade”. No Líbano, em Djebail (ou será ainda Biblos?), visita a pacata igreja de S. João: “Lá em cima, entre as colunas e as traves do tecto, esvoaçavam pássaros. Veio-me à memória uma recordação, suscitando em mim uma nostalgia dilacerante: era uma noite de Verão, as andorinhas batiam velozmente as asas, soltando os seus pequenos gritos sonoros, de um lado para o outro do alto da abóbada da igreja de Wies, dando a impressão de que anjos a transportavam…” (p. 79) Wies, a jóia rococó da Baviera. A força desta ilusão de movimento na escrita de Annemarie Schwarzenbach deve ser sublinhada. Na estepe anatólia, “põe-se em movimento a própria paisagem, as colinas giram sobre o seu eixo num suave oscilar de pião, os leitos pedregosos das torrentes precipitam-se sem a mais pequena gota de água” (p. 25). É uma ilusão capaz de mover montanhas, na grandeza telúrica do Irão. E também as andorinhas são recorrentes, havendo surgido anteriormente num grande hotel deserto em Laodiceia: “Dormi num quarto que comunicava com um grande terraço. Como me acontecera já uma vez no Sul de França, andorinhas vindas do largo entraram pela minha janela aberta” (p. 63). Pascal atribuiu a origem da nossa infelicidade ao facto de não sabermos ficar quietos em casa. Ao pensarmos em Annemarie Schwarzenbach, a alegação parece-nos desnecessária e cruelmente irónica. Durante quase uma década, a escritora suíça viajou extensamente pela Europa e pelo Médio Oriente, por África e pelos Estados Unidos. De comboio, barco, avião, cavalo, automóvel, etc. Morreu na Suíça, em 1942, na sequência de uma queda de bicicleta. Tinha 34 anos. “Nada escapa mais ao nosso controlo do que os acontecimentos da nossa vida” — anotara ela em Bagdade, a 29 de Janeiro de 1934. Se Annemarie se houvesse limitado a viajar à volta do seu quarto, quem poderia ter-nos contado esta viagem de Inverno?
REFERÊNCIAS:
Volta à Europa em dez parques naturais
O critério é pessoal, muitos outros parques nacionais e naturais poderiam integrar esta lista. Viajamos por estes, da Arrábida a Doñana, por alguns no Norte da Europa, por outros no Sul. Todos eles de uma beleza singular, destacando-se por este ou por aquele motivo, pelos seus animais, pela sua paisagem única. (...)

Volta à Europa em dez parques naturais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O critério é pessoal, muitos outros parques nacionais e naturais poderiam integrar esta lista. Viajamos por estes, da Arrábida a Doñana, por alguns no Norte da Europa, por outros no Sul. Todos eles de uma beleza singular, destacando-se por este ou por aquele motivo, pelos seus animais, pela sua paisagem única.
TEXTO: O Parque Natural da Arrábida, fundado em 1976, estende-se por uma área de 10. 800 hectares, abrangendo os concelhos de Palmela, Setúbal e Sesimbra — neste último está situado um dos lugares de religiosidade popular, o Santuário de Nossa Senhora do Cabo (Espichel), também conhecido como Santuário da Nossa Senhora da Pedra Mua. Do alto de um miradouro, antes de iniciar a descida até ao Portinho da Arrábida, avista-se o Convento de Nossa Senhora da Arrábida, de uma brancura capaz de ofuscar, um perfeito contraste com o verde e o azul, de onde não chega sequer um murmúrio. No mar da Arrábida, com as suas profundezas, como o Estuário do Sado, a fossa abissal do Cabo Espichel e as suas múltiplas baías, estão presentes 1300 diferentes espécies, números que impressionam tanto a nível nacional como europeu. Já as matas da Arrábida albergam diversas espécies de aves, com especial destaque para a toutinegra. Mas, especialmente nas zonas de planície, abundam as cotovias, os pintassilgos e os verdilhões, bem como estorninhos, pombos e tordos, ao passo que no Inverno é possível avistar aribes e tarambolas numa busca incessante de alimentos nos terrenos lavrados. Com efeito, é elevado o índice de biodiversidade de aves, répteis, anfíbios e mamíferos, destacando-se duas espécies de morcegos em vias de extinção nas grutas da Arrábida — o morcego-rato-grande e morcego-de-ferradura-mourisco. A Arrábida é paisagem mas é também um exemplo de património que se vai transmitindo de geração em geração — logo, vinho e queijo são elementos indissociáveis da dimensão natural e cultural desta região. O estuário do rio Guadalquivir, no Sul do país, formou uma zona pantanosa bordejada de dunas móveis, algumas com mais de 40 metros de altura — é o parque de Doñana, um paraíso que integra a lista de Património Mundial da Humanidade, um vasto território que acolhe grandes mamíferos e um apreciável número de aves. Parque nacional desde 1969 (completa 50 anos em 2019), deve o seu nome a Doña Ana, a duquesa que se retirou para este lugar mágico protegido pelos reis de Castela (foi incorporado na coroa por Afonso X em 1262 depois de ser explorado por fenícios, gregos e árabes). De acordo com a lenda, foram as lágrimas que Doña Ana deixou tombar que formaram as célebres terras pantanosas, um mosaico com 30 quilómetros de praias virgens (apenas algumas barracas de pescadores, habilitados a residir na zona pelas autoridades do parque) entre Matalascañas e Sanlúcar de Barrameda, mais de 700 espécies vegetais, duas dezenas de espécies de peixes de água doce, outras tantas de reptéis e quase 40 de mamíferos, entre eles o famoso lince-ibérico, em vias de extinção. Se há lugares onde pode desfrutar da magia dos grandes espaços selvagens, o Parque Nacional Les Ecrins, nos Alpes franceses, é um deles, abrangendo uma área de 270 mil hectares, assim uma espécie de triângulo formado pelas cidades de Gap, Grenoble e Briançon. O ponto mais alto deste balcão natural, belo e perigoso, está situado a 4102 metros mas há mais de uma centena de picos que ultrapassam os 3000 metros de altitude. Criado em 1973, o parque tem recenseadas mais de 1800 espécies vegetais (o vale de Foumel é particularmente atractivo na época dos cardos azuis), mas destaca-se mais ainda pela presença de mamíferos (camurças e marmotas) e de pássaros (mais de 200 espécies). O arquipélago de La Maddelena, acessível de barco desde Palau, no Nordeste da Sardenha, é um admirável exemplo de natureza selvagem, com cerca de 180 quilómetros de costa, granito rosado, areia branca e águas turquesa. Baptizadas Cuniculariae (ilhas do coelho) pelos romanos, estendem-se ao longo de 12 mil hectares, proporcionando caminhadas que partem desde La Maddelena, a aldeia aninhada na ilha homónima – uma delas, pitoresca, permite dar mesmo a volta à ilha, serpenteando por entre tapetes de mirtilos e de rosmaninho e pelo meio de florestas de pinheiros e de carvalhos. Entre múltiplas possibilidades de passeio, justifica-se a ascensão ao monte Guardia Vecchia, onde está abrigado o forte de San Vittorio, mandado erguer pelos soberanos da Casa de Saboia. A panorâmica sobre as falésias e as lagoas do arquipélago é de cortar a respiração, rivalizando em beleza com o Passo della Moneta, uma ponte com 600 metros de comprimento que liga La Maddelena à vizinha Caprera. Foi neste paraíso natural, dominado pelo monte Teialone, com os seus pouco mais de 200 metros, que morreu Giuseppe Garibaldi — é possível ainda visitar a casa onde viveu o herói da independência italiana. Finalmente, outro passeio incontornável conduz o viandante de barco pelas ilhas virgens de Spargi, Razzoli ou Santa Maria ou à soberba praia rosada do ilhote de Budelli. É na Valónia, não muito distante da fronteira alemã, que se descobre o Parque Natural das Hautes Fagnes, um palco xistoso que é verdadeiramente encantador nos meses de Inverno, quando as águas pantanosas se transformam em neve. É no Signal de Botrange, o ponto mais alto (694 metros) deste país plano e onde se situa o centro de acolhimento de visitantes, que se iniciam muitos dos percursos a pé, bem como as visitas guiadas e temáticas, entre Março e Dezembro (uma oportunidade para pousar um olhar na reserva natural, interdita ao público de forma independente). Sozinho, pode optar por caminhar por outros trilhos para se aperceber da singularidade e da riqueza de uma paisagem que também seduz mais de centena e meia de pássaros. Invocando toda a magia das fábulas celtas, o parque nacional de Burren (do gaélico Bhoireann, que significa rochoso ou pedregoso), no condado de Clare, no Oeste do país, é um lugar encantador onde as plantas árcticas, mediterrânicas e alpinas raras se insinuam pelo meio de um cenário cárstico. Na Primavera e no Verão, múltiplas variedades de orquídeas fazem a sua aparição, bem como os gerânios-sanguíneos e outras flores de montanha que provocam um turbilhão de cor tão do agrado de quase três dezenas de espécies de papagaios. Burren encanta também pelos seus estratos calcários, modelados pelos glaciares, pelos ventos e pelas chuvas, escondendo um número indeterminado de grutas e fendas, bem como de um admirável conjunto de monumentos megalíticos celtas, entre eles o famoso dólmen de Poulnabrone. Entre os muitos percursos possíveis, certamente que não ficará desiludido se seguir o aclamado Burren Way, partindo da pequena aldeia de pescadores de Ballyvaughan até chegar aos desfiladeiros de Moher (aproximadamente 30 quilómetros), essas imponentes muralhas que se atiram sobre o Atlântico de uma altura superior a 200 metros. Localizado na península homónima, no Noroeste da ilha, o Parque Nacional Akamas (deve o nome a um dos heróis da guerra de Tróia) é um lugar que convida à tranquilidade, com as suas falésias que inspiram vertigens e os seus rochedos que se debruçam como varandas sobre o mar. Desde Polis, construída sobre as ruínas de uma antiga cidade, segue-se a rota costeira que conduz aos Banhos de Afrodite, de onde partem dois trilhos (chamados Afrodite e Adonis) que permitem conhecer a riqueza da flora da região, com 600 variedades de plantas, entre elas 35 endémicas — procure também ver alguma das 16 espécies de papagaios e, caso visite a península no Verão, é provável que se cruze com alguma tartaruga numa das suas praias. A Sul do país, na ilha de Gotland, encontra-se um dos tesouros naturais suecos, o ilhote de Gotska Sandön, interdito ao público até 1996 (nos meses de Verão é possível a travessia de barco desde Farö, situada no extremo norte desta ilha que é considerada a jóia do Báltico). Verdadeiro santuário de areia, Gotska Sandön oferece quilómetros de praias douradas e visões de dunas que chegam a atingir os 40 metros de altura. Uma flora rica (cerca de 400 variedades, entre elas diferentes orquídeas) abriga-se nas florestas de pinheiros onde a todo o momento, rompendo o silêncio, se pode escutar o chilrear de alguma das 50 espécies de pássaros que habitam este ilhote deserto (o campismo é permitido). O Parque Nacional de Oulanka, no Nordeste do país dos mil lagos, oferece sensações únicas aos amantes da natureza. Uma região de uma beleza única, decorada por florestas de pinheiros, salpicada de pântanos e cruzada por rios turbulentos que deslizam pelo meio de gargantas profundas – imperdível a travessia de canoa deste verdadeiro labirinto de correntes. Entre as diferentes alternativas que se oferecem ao visitante, talvez não deva hipotecar a oportunidade de ver, a apenas um quilómetro do centro de acolhimento do parque, os kiutaköngäs, uma incrível sucessão de rápidos de algumas centenas de metros, o tumulto da água enfurecida sobre rochedos de granito vermelho. Emcionante, da mesma forma, um safari de um ou três dias, organizados para a descida do Oulankajoki, um rio cheio de impetuosidade que corre no coração do parque que se estende até à fronteira com a Rússia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os adeptos dos percuros pedonais sentem-se, igualmente, atraídos pelas paisagens de Oulanka, optando, por norma, pelo Karhunkierros (observação de ursos), um circuito ao longo de 80 quilómetros de trilhos sinalizados e de pontes de cordas sobre os rápidos. Situado próximo da fronteira com a Bielorrússia, o parque nacional de Bialowieza permite o encontro com os últimos bisontes selvagens da Europa (os machos adultos pesam cerca de 800 quilos e são os maiores mamíferos do Velho Continente), salvos de extinção — em 1832 eram 770, um pouco mais do dobro face aos dias de hoje — neste santuário florestal que contempla, com um pouco de sorte, a observação de lobos, linces e alces. Criado já em 1921, o parque preserva o bosque que em tempos cobria toda a Europa Central, com árvores de idade indefinida e com uma altura que chega a ultrapassar os 50 metros. A reserva forma parte do grande bosque de Bialowieza, com uma entensão de 125 mil hectares (58 mil pertencem à Polónia e os restantes ao parque nacional de Belovezhskaya, na vizinha Bielorrússia).
REFERÊNCIAS:
Robert de Niro: Trump “é um rufia, um cão, um porco”
Actor ataca sem pruridos o candidato presidencial num vídeo que deveria ser de apelo ao voto. (...)

Robert de Niro: Trump “é um rufia, um cão, um porco”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Actor ataca sem pruridos o candidato presidencial num vídeo que deveria ser de apelo ao voto.
TEXTO: Robert de Niro foi convidado a participar na campanha Vote Your Future, que apela ao cidadãos norte-americanos que se registem para votar nas eleições presidenciais de Novembro. O actor – uma instituição do cinema por direito próprio, protagonizando filmes como O Padrinho: Parte 2 ou O Touro Enraivecido – aceitou e entra num vídeo promocional com outros artistas e celebridades. Mas, ao contrário dos demais, o vídeo em que deveria surgir sozinho a falar sobre a importância da participação eleitoral não foi divulgado. Neste sábado, quatro dias depois de essas dezenas de vídeos terem sido partilhadas no YouTube pelos responsáveis da Vote Your Future, a Fox News publicou-o no Facebook. Percebe-se por que não seguiu os meios oficiais da campanha para ser divulgado: Robert de Niro passa quase um minuto a atacar Donald Trump, o candidato do Partido Republicano à Casa Branca – e não se contém nas palavras. “Ele é tão evidentemente estúpido… É um rufia, um cão, um porco, um aldrabão, um artista da mentira, um vadio que não sabe do que está a falar. ”O actor, de 73 anos, surge visivelmente agastado e parece estar a improvisar. “Ele não faz o seu trabalho de casa, não quer saber, pensa que está a jogar com a sociedade, não paga os seus impostos”, continua De Niro. “Ele é um idiota. Colin Powell [secretário de Estado da administração de George W. Bush] disse-o bem. É um desastre nacional. Um embaraço para este país. Deixa-me tão irritado que este país tenha chegado a um ponto em que este idiota, este palhaço, tenha chegado onde está”, atira De Niro. Nem a sugestão – pelo menos – de violência física fica de fora do discurso inflamado do actor: “Ele costuma falar sobre querer dar murros nas caras das pessoas. Bem, eu gostaria de lhe dar um murro na cara. ” Se dúvidas houvesse, Robert de Niro deixa tudo às claras sobre o resultado eleitoral que espera no próximo mês: “Isto é alguém que queremos para Presidente? Não me parece. ” O actor termina a dizer que teme os EUA sigam na “direcção errada” com Donald Trump – que, de resto, está a perder apoios com a sua última polémica machista.
REFERÊNCIAS:
Comer como um homem das cavernas
Por todo o mundo há um número crescente de “paleos”, que cortaram os cereais, os lacticínios e o açúcar das suas vidas. E não, não se vestem com peles de animais nem saem para caçar bisontes. (...)

Comer como um homem das cavernas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Por todo o mundo há um número crescente de “paleos”, que cortaram os cereais, os lacticínios e o açúcar das suas vidas. E não, não se vestem com peles de animais nem saem para caçar bisontes.
TEXTO: Deixar de comer pão ao pequeno-almoço não era uma ideia que agradasse a Jorge Martins. Mesmo depois de um dos seus amigos, que ele “nunca vira com tão bom aspecto”, lhe ter dito que tudo se devia a uma nova dieta que tinha iniciado. Jorge já tinha tentado dietas vegetarianas e vegan, mas nunca se tinha sentido realmente bem com nenhuma delas. Mas depois veio a notícia. A história é contada pelo próprio no blogue Sem Aditivos (www. semaditivos. com), que entretanto criou: “Em Janeiro de 2013, foi-me diagnosticada sarcoidose pulmonar… nunca tinha ouvido falar… excepto no Dr. House, o que não era bom. Tratamento? Cortisona durante 12 meses. Andava há anos a trabalhar para ficar em forma e agora ia inchar como um peixe-balão. ” A sarcoidose, explica Jorge, é uma doença auto-imune bastante rara, que pode atacar diversos órgãos do corpo humano, sendo o mais comum os pulmões. Quando a médica lhe disse que, com o tratamento, poderia aumentar entre cinco e oito quilos rapidamente, achou que talvez a dieta do amigo, afinal, fizesse sentido. “Passado um mês, sentia-me como nunca me tinha sentido. Antes tinha conseguido perder algum peso com vários tipos de dieta, mas deixavam-me sempre com fome e maldisposto. ” Mas desta vez estava decidido. “Quando comecei, foi de um dia para o outro. Obriguei-me a deixar de comer pão e a alterar tudo. ” Durante seis meses cumpriu “a 100%” a chamada “dieta do Paleolítico”. Nos últimos anos, são cada vez mais as pessoas que deixam os chefs de cozinha desorientados quando aparecem nos restaurantes a dizer que são “paleo”. O que é, afinal, esta dieta? Que alimentos se podem e não se podem comer? A grande bíblia deste tipo de alimentação foi editada em português esta semana: A Dieta do Paleolítico — O livro que revelou o poder da alimentação ancestral, de Loren Cordain (ed. Lua de Papel). O autor, professor no Departamento de Ciência da Saúde e do Desporto da Universidade de Colorado, explica na introdução que “o problema é que nós estamos geneticamente adaptados para comer o que os caçadores-recolectores comiam” e “muitos dos nossos problemas de saúde actuais são o resultado directo do que comemos — e não comemos”. E propõe-se neste livro mostrar “onde é que errámos — como a alimentação americana-padrão e até as actuais dietas pseudo-saudáveis causam grandes estragos nas nossas constituições do Paleolítico (Idade da Pedra Lascada)”. Estamos geneticamente adaptados para comer o que os caçadores-recolectores comiam e muitos dos nossos problemas de saúde actuais são o resultado directo do que comemos — e não comemos”Não é preciso voltarmos às cavernas nem afiarmos as lanças para caçar bisontes. A dieta é apenas inspirada no Paleolítico, época em que não havia ainda agricultura nem alimentos processados. Havia animais (quando se conseguia caçar um), peixe e mariscos, fruta que se apanhava das árvores, legumes selvagens, ovos, quando se tinha sorte de encontrar um ninho, e alguns frutos secos. Quanto ao leite, escreve Cordain, “imagine como seria difícil mungir um animal selvagem, mesmo que conseguisse apanhar um”. O livro cita muitos estudos e dá detalhadas explicações sobre a composição dos alimentos e as reacções no organismo humano. Mas as ideias-base desta dieta podem ser resumidas assim: “1) Pode consumir todas as carnes magras, peixe e marisco que quiser; 2) Pode consumir todas as frutas e legumes não amiláceos que quiser; 3) Não pode consumir cereais; 4) Não pode consumir leguminosas; 5) Não pode consumir lacticínios; 6) Não pode consumir alimentos processados. ”Para facilitar a adaptação à dieta, o seu criador estabeleceu três níveis de adesão, cada um com um número limitado de “Refeições Livres — em que pode comer todos os seus alimentos preferidos” — o nível 1 permite 3 refeições livres por semana, o nível II permite duas e o nível III permite uma. E sublinha: “Não é necessário contar calorias. ” A proteína deve representar entre 19 e 35% da alimentação (exemplos de alimentos com alto teor proteico são o peito de peru, com 94% de proteína, e os camarões, com 90%). Cordain argumenta que a sua não é mais uma das “dietas de emagrecimento modernas com baixo teor de hidratos de carbono”, porque essas geralmente assentam em “elevado teor de gordura e níveis moderados de proteína” (uma das mais conhecidas é a dieta Atkins, que permite um elevado consumo de carne, nomeadamente carnes processadas, e também lacticínios). A Paleo propõe um elevado consumo de proteína, à semelhança “do que os nossos antepassados consumiam”, dado que esta acelera o metabolismo e leva-nos a queimar mais calorias. Segundo Cordain, “as dietas com baixo teor de hidratos de carbono provocam perda de peso a curto prazo porque reduzem as reservas de músculo e glicogénio (hidrato de carbono) no fígado, e o peso que se perde depressa é acima de tudo peso de água”. Perguntámos ao “pai da dieta Paleolítica”, numa breve entrevista por email, porque é que esta forma de comer tem mais benefícios do que outras dietas que são consideradas saudáveis, como a japonesa ou a mediterrânica. “Embora intuitivamente possa parecer que as dietas tradicionais japonesa e mediterrânica estão connosco desde sempre, numa perspectiva evolucionária (30 anos por geração), tanto uma como outra destas adaptações de dieta são relativamente recentes”, respondeu Cordain. “Estudos genéticos das populações do Mediterrâneo e do Japão mostram que a maioria (65%) ainda não desenvolveu o gene que digere a lactose, o açúcar primário que encontramos no leite de vaca. ”Uma das bases da tese de Cordain é a de que o nosso organismo não é muito diferente do que era o dos nossos antepassados paleolíticos. Outras teorias defendem, no entanto, que houve uma adaptação ao consumo de amido resistente, um tipo de fibra com efeitos benéficos no organismo a nível da saúde do intestino e até dos níveis de açúcar no sangue. Na resposta a esta pergunta, Cordain lembra apenas que “65% das pessoas são intolerantes à lactose e cerca de 5 a 10% são intolerantes ao glúten”. Quanto ao argumento, usado por alguns críticos da dieta, de que as espécies que temos hoje à nossa disposição são diferentes das variedades selvagens que existiam no Paleolítico, nega que assim seja: “Análises modernas de plantas selvagens mostram que estas são virtualmente idênticas à maioria das frutas frescas, vegetais, tubérculos e frutos secos. ” Sendo os frutos secos um elemento importante da dieta Paleo, perguntamos a Cordain se o facto de haver também pessoas com alergias a eles não é limitador. Mas o autor garante que “a maioria (menos de 1-5%) da população adulta dos EUA não é alérgica a nozes/frutos secos”. A dieta Paleo exclui os lacticínios. Há o risco de quem a segue não ingerir a quantidade de cálcio aconselhada? Cordain não tem dúvidas: “A Mãe Natureza, através da selecção natural, forneceu a todas as espécies mamíferas cálcio suficiente para desenvolver e manter ossos fortes e resistentes às fracturas, sem terem de consumir o leite de outras espécies. ”Mas, como todas as dietas, a Paleo também pode ser encarada de forma mais ou menos flexível. É isso que tem feito Jorge Martins. A certa altura reintroduziu na sua dieta os lacticínios (explica que o leite de cabra e ovelha é preferível ao de vaca), mas recentemente voltou a cortá-los. Há também quem admita o consumo de batata, sobretudo batata-doce. Mas há uma coisa em que é (mais ou menos, sendo o menos os “dias do disparate” que defende que toda a gente deve ter) inflexível: “Costumo dizer que em relação aos cereais, é uma questão de fé. Eu digo a toda a gente que deve retirar os cereais da dieta. ” A excepção é a aveia, “que tem um aporte proteico altíssimo e não tem glúten”. “O grande problema dos cereais é que o nosso corpo transforma tudo em açúcar. Comermos uma fatia de pão ou uma colher de açúcar mascavado é mais ou menos o mesmo. Vai sobrecarregar o nosso fígado”, garante. Quando cede a esta regra dos cereais, e, por exemplo, num jantar fora come pão ou arroz, sente imediatamente inchaço e azia. Mas é ainda mais radical noutro ponto: não comprem produtos sem glúten. São transformados “através de processos que não são naturais”. E, já agora, “deixem os cereais integrais, muito mais fibrosos e difíceis de digerir”. Depois de ultrapassar as dúvidas iniciais sobre o deixar o pão, acabou por se adaptar muito rapidamente à nova alimentação. “São questões que têm muito de psicológico e de cultural, mas basta uma semana para nos adaptarmos. Agora, no Inverno como de manhã uma sopa de carne ou peixe ou então ovos, e no Verão como ovos nuns dias e saladas nos outros. Hoje, para mim, comer uma sopa é mais agradável do que comer uma tosta com doce. ”Diz que, depois de ter começado os tratamentos com cortisona, no início de 2013, e, ao mesmo tempo, a dieta (em que combina a Paleo com a Slow-Carb, na qual se ingere alimentos com baixo índice glicémico), não sofreu “efeitos secundários dignos de registo”, sente-se “melhor que nunca”, e as análises “têm registado valores absolutamente normais”. Tal como Jorge, achou que ia ter dificuldade em deixar de comer pão pela manhã. “Hoje acho que seria mais difícil deixar de comer ovos ao pequeno-almoço. Como dois por dia, e o meu colesterol bom está o dobro do valor normal. Açúcar refinado não voltei a usar. Na Internet encontram-se imensas opções de sobremesas paleo, com açúcar de coco, mel, farinha de amêndoa ou de aveia. E o chocolate acima dos 70% é permitido. Nunca me senti com fome com esta dieta, pelo contrário acho que nunca comi tanto sem sentir que estou a engordar. ”O que garante é que desde que começou a seguir esta dieta não voltou a ter uma crise. “A única alteração que fiz foi na dieta e no meu caso fez uma diferença muito significativa. O inchaço provocado pela cortisona desapareceu, melhorei das dores articulares e do cansaço crónico que se tem habitualmente porque o Crohn faz com que haja um défice de absorção de nutrientes. ”Será esta uma dieta indicada sobretudo para pessoas com algum problema de saúde? Ou, como defende Loren Cordain, é “uma forma de nos alimentarmos para toda a vida, que reduz o risco de doenças crónicas” e ajuda a emagrecer? O aumento de pessoas com intolerâncias alimentares é um argumento de peso para defender esta dieta?O nutricionista Pedro Carvalho, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, e colaborador do Life & Style do PÚBLICO onde assina a rubrica Mitos que Comemos, questiona esta última ideia. “Não estou muito seguro quanto a este ‘aumento’ do número de pessoas com intolerâncias, até porque os tradicionais testes que se fazem às intolerâncias não possuem a mínima validade. O que estou certo que tem crescido são os números de excesso de peso e obesidade e a disponibilidade de alimentos totalmente desequilibrados nutricionalmente e junk food. ” (Num artigo dos Mitos que Comemos, refere-se já à questão dos testes, explicando que “os anticorpos medidos por estes testes (imunoglobulinas G4), são produzidos normalmente pelo nosso sistema imunitário como forma de reconhecimento às proteínas dos alimentos que ingerimos. Ou seja, a nossa exposição repetida a alguns alimentos — aqueles que comemos com mais frequência — faz aumentar estas imunoglobulinas e potencialmente classificar como impróprios os alimentos que mais gostamos. ”)Dito isto, considera que “a dieta do Paleolítico pode e deve ser o ponto de partida para uma alimentação mais saudável”, embora defenda que “podem depois ser acrescentados alguns alimentos, como os produtos lácteos sem açúcar adicionado ou os cereais integrais e as leguminosas, que dela não fazem parte mas que nos podem aportar alguns benefícios”. E o facto de ser uma dieta com elevado consumo de proteína, o que pode significar? “Não tem de ser obrigatoriamente uma dieta hiperproteica, até porque se caracteriza mais pelos alimentos que exclui (lácteos, cereais, leguminosas, óleos refinados, açúcares)”, afirma Pedro Carvalho. “Ainda assim, o nosso dia alimentar típico possui uma ingestão proteica muito desequilibrada e apenas centrada no almoço/jantar com grandes quantidades de proteína carne/peixe. Se tal fosse mais repartido pelas outras refeições, seria positivo no aumento da saciedade, manutenção da massa muscular e até perda de peso. ”José Camolas, do núcleo de Endocrinologia do Hospital de Santa Maria, aborda a questão da dieta Paleolítica de uma perspectiva histórica. “Se pensarmos nos grandes momentos civilizacionais, todos têm que ver com a capacidade de utilizar um fornecedor de hidratos de carbono, como aconteceu com o início da agricultura no Crescente Fértil, quando o Homem conseguiu domesticar os cereais selvagens. ” Reconhece, no entanto, que “criámos padrões alimentares que põem demasiado a tónica nos fornecedores de hidratos de carbono e que são muito conservadores no que diz respeito à proteína”. Mas ao mesmo tempo interroga-se sobre “em que medida o consumo desta quantidade de proteína animal é sustentável?”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Está convencido de que “se se retira todo um grupo de alimentos da nossa vida ficamos muito mais limitados nas nossas opções alimentares”. E tem algumas dúvidas em fazer a comparação com o Paleolítico, porque “o mundo mudou muito deste então” e a vida dos humanos “não é comparável” com o que era. Mas essa é outra ideia que ao longo do seu livro Loren Cordain tenta refutar. E, para que possamos perceber do que fala, apresenta muitas receitas, feitas com a ajuda de paleochefs, e também um plano de refeições. Veja-se o que pode ser um exemplo de um dia paleolítico: “Pequeno-almoço: ameixas frescas, restos frios de fatias de búfalo assado com molho de malagueta Anaheim e coentros, água com limão; almoço: sopa picante de tomate, abacates recheados com camarão, melancia, refrigerante gaseificado light; jantar: salada de tomate, pepino e cebola roxa com azeite, faisão assado com recheio de fruta e frutos secos, cenouras e cogumelos salteados, salada Waldorf, copo de vinho tinto ou água mineral; lanche [no livro é apresentado como a refeição pós-jantar, o equivalente à ceia]: fatias frias de bife magro; quartos de tomate. ” Não será fácil encontrar búfalo em Portugal, mas no livro Cordain indica uma série de lojas especializadas em carnes exóticas nos EUA. Basta, no entanto, escolher carnes magras de animais mais vulgares para se poder seguir esta dieta. Quanto à influência da Revolução Agrícola nas nossas vidas, Cordain também não aceita o argumento. Com “10 mil anos”, trata-se, escreve, “de uma gota no oceano quando comparada com os 2, 5 milhões de anos que os seres humanos viveram na Terra” alimentando-se essencialmente de carnes magras, peixe, frutas frescas e legumes. Devemos voltar a esta forma de nos alimentarmos, afirma este especialista — e até temos a grande vantagem de já não sermos obrigados a caçar o jantar.
REFERÊNCIAS: