Bélgica francófona e flamenga em guerra pela posse de dois ursos panda
Não é uma anedota, é um problema político que o primeiro-ministro tem de resolver. (...)

Bélgica francófona e flamenga em guerra pela posse de dois ursos panda
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-09-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não é uma anedota, é um problema político que o primeiro-ministro tem de resolver.
TEXTO: A China ofereceu à Bélgica dois ursos panda, mas a escolha de um jardim zoológico de uma cidade francófona, Mons, para os acolher provocou a ira dos flamengos que também querem os bichos em Antuérpia. A disputa já envolveu o primeiro-ministro, Elio Di Rupo, acusado pela oposição de parcialidade na escolha do zoológico. Foi precisamente em Mons que Di Rupo começou a sua carreira política, onde foi presidente da câmara da cidade que fica junto à fronteira com a França, na zona francófona belga. O gabinete do primeiro-ministro reagiu às críticas: os pandas foram entregues ao jardim zoológico Pairi Daiza porque este se candidatara a acolhê-los. O de Antuérpia, não. "O Governo apoiou a candidatura de Pairi Daiza como teria apoiado a de Antuérpia, se tivesse existido uma candidatura", disse o porta-voz de Di Rupo que ainda explicou que as negociações para a chegada dos pandas foi feita entre a empresa que gere o jardim zoológico e o Governo chinês. O executivo belga foi apenas mediador. Por isso, sublinhou, não existe uma questão política. Os analistas escrevem que na Bélgica todas as decisões são entendidas como decisões políticas porque o país está habituado a ler quase tudo à luz dos nacionalismos – e esta divisão está mais viva do que nunca entre o norte flamengo e o sul francófono. Os nacionalistas flamengos têm criticado os governantes por transferirem demasiados recursos para o sul e sentem-se prejudicados. Por isso, os pandas, um animal associado à paz que os jardins zoológicos belgas queriam há vários anos conseguir de Pequim, tornaram-se rapidamente num argumento político no país que em Maio tem eleições legislativas e regionais. O conflito dos pandas, como que abriu a campanha eleitoral.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave chinês animal
Uma lata de sardinhas é o cartão de visita que promove o Museu de Portimão no estrangeiro
Um industrial do sector conserveiro recuperou uma marca com 112 anos, que já deu a volta ao mundo, mas há 40 que estava desaparecida. Chama-se “La Rose”, a conserva que quer chegar à China. (...)

Uma lata de sardinhas é o cartão de visita que promove o Museu de Portimão no estrangeiro
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-06-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um industrial do sector conserveiro recuperou uma marca com 112 anos, que já deu a volta ao mundo, mas há 40 que estava desaparecida. Chama-se “La Rose”, a conserva que quer chegar à China.
TEXTO: A história do Museu de Portimão pode ser contada a partir de uma lata de sardinhas, mas o património em exposição não se esgota na indústria conserveira nascida no Algarve há século e meio. Em breve, vai estar à venda uma nova conserva, que recupera sabores e tradições com 112 anos. Chama-se “La Rose”, deu a volta ao mundo, mas há 40 anos que andava desaparecida. O sector conserveiro, que assistiu ao abate das traineiras, ganha novo fôlego com o regresso das latas de sardinhas e atum, apresentadas como produto gourmet. Na antiga fábrica de conservas, que pertencera à família Feu Hermanos, de origem espanhola, instalou-se há seis anos, junto ao rio Arade, o museu de Portimão. Em 2010, o novo espaço cultural - erguido a partir do cemitério da era industrial - recebeu o galardão “Museu do Ano”, atribuído pelo Conselho da Europa, e a partir daí foi sempre a somar no número de visitantes e prestígio internacional. A mostra o “Mediterrâneo aqui tão perto”, patente ao público, evoca o tempo em que o Algarve tinhas 80 fábricas de conservas em laboração. Mas, desse passado ainda não muito distante, pouco mais resta do que as memórias “enlatadas” pela política comunitária das pescas. A empresa Ramirez &Cª (Filhos) anunciou, por ocasião do 6º aniversário do Museu de Portimão, na semana passada, o relançamento da La Rose, apresentada numa embalagem retocada pelo moderno design. Esta lata de conservas, com 112 anos, nascida na antiga fábrica Feu Hermanos, levou o nome de Portugal para países como Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha ou E. U. A. Os visitantes do museu já tiveram oportunidade de provar o produto da nova conserva. Porém, ainda não chegou às prateleiras dos supermercados. “Sempre se ouviu falar que, pelo São João, a sardinha pinga no pão”. O provérbio, citado pelo presidente do conselho de administração da empresa, Manuel Ramirez, é usado, em declarações ao PÚBLICO, para justificar o “tempo de espera” até que seja lançada a operação comercial. “Queremos apresentar um produto de qualidade, gourmet, e isso só é possível com peixe com um bom teor gordura”, enfatiza. O director do Museu de Portimão, José Gameiro, por seu lado, destaca a importância da parceria estratégica encetada com a firma conserveira, com sede em Matosinhos, embora tenha nascido em Vila Real de Santo António, expandindo-se depois para Olhão, Albufeira, Setúbal e Peniche. ”Visite o Museu de Portimão, onde a La Rose nasceu”, este é o apelo, escrito na embalagem, em português e inglês. Com um volume de negócios anual superior a 35 milhões de euros, dos quais 70% provenientes da exportação, a empresa prepara-se para se relançar na conquista de novos mercados. "Hong Kong é um dos destinos que está nos horizontes da Ramirez”, comenta Gameiro, a pensar na eventual captação de turistas chineses viajando nos cruzeiros que regularmente fazem escala em Portimão. A média actual do número de visitantes anda na casa dos 60 a 70 mil por ano, um valor alcançado, sublinha, com a política de promoção que o museu tem feito junto dos operadores turísticos. O abate das traineirasO Mediterrâneo, enquanto plataforma de vivências e aproximação dos povos, serve de pretexto para abrir caminho à exposição central “O Mediterrânio Aqui Tão Perto”. A trilogia - pão, vinho, azeite - entram no mundo das conservas mas a mensagem que se evidencia é aquela que narra a história dos povos e de uma região que não resistiu à voragem das gruas. “Assisti com tristeza ao lento desaparecimento da frota da pesca e da indústria de conserva algarvia, que chegou a contar com mais de 80 fábricas em laboração”, afirmou Manuel Ramirez, durante a cerimónia de relançamento da marca “La Rose”, no museu de Portimão. “Marcas que não se comercializam, tendem a desaparecer quando a memória dos consumidores as esquece”, disse o empresário, herdeiro de uma história de 160 anos no sector conserveiro. O sucesso alcançado, admitiu, deve-se, também, à ideia que teve em recuperar marcas históricas, tais como a The Queen of the Coast. A última novidade, La Rose, disse, surgiu de “uma conversa” com o seu amigo António Feu, antigo dono da fábrica onde hoje funciona o museu. O azul do mar, no olhar dos estrangeirosA gravura de um barco islâmico, descoberta em Silves, por Varela Gomes, é uma das peças expostas no museu, sugerindo a importância que já teve o rio Arade, na aproximação entre o litoral e o interior de uma região de costas viradas para a serra. O facto da Dieta Mediterrânica ter sido elevada à categoria de Património Imaterial da Humanidade redobrou o interesse por este museu, nascido a partir dos escombros da decadente industria conserveira. “Isto era só ruinas”, evoca José Gameiro, lembrando que o então presidente da Câmara, Martim Garcias, lhe deu “carta verde” para criar um grupo de trabalho para recuperar um património, a desaparecer, ao mesmo tempo que se erguiam as torres da praia da Rocha. “As pessoas sentem que esta é a casa delas”, sublinha, a lembrar o contributo que recebeu da comunidade na reconstituição da história da industria conserveira. Do mesmo modo, recentemente, recebeu o contributo de 19 artistas residentes no Algarve, a maioria estrangeiros, que foram desafiados a mostrar, nas artes plásticas, como é que o Mediterrâneo influencia as suas obras. “Os estrangeiros captam isto [ o azul do céu e do mar] de uma forma muito interessante”, comenta o director do museu, durante a visita à exposição “Da terra e do Mar”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade desaparecimento abate
Oito rinocerontes-negros morreram depois de serem transportados para um parque
Estima-se que existam cerca de 5500 rinocerontes-negros no mundo, dos quais 750 estão no Quénia. Espécie é alvo de caça furtiva devido ao valor dos chifres no mercado asiático. (...)

Oito rinocerontes-negros morreram depois de serem transportados para um parque
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 Asiáticos Pontuação: 9 | Sentimento -0.16
DATA: 2018-07-16 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estima-se que existam cerca de 5500 rinocerontes-negros no mundo, dos quais 750 estão no Quénia. Espécie é alvo de caça furtiva devido ao valor dos chifres no mercado asiático.
TEXTO: Oito rinocerontes-negros (Diceros bicornis), uma espécie ameaçada de extinção, morreram no Quénia após terem sido transferidos para um novo parque nacional, anunciou o Governo queniano nesta sexta-feira. O Ministério do Turismo e Vida Selvagem queniano explicou em comunicado que os animais estavam a ser transportados de Nairobi para o Parque Nacional do Este de Tsavo (no Sul do país) e que as primeiras investigações indicam que terão morrido por envenenamento por sal, depois de terem ingerido água com elevadas concentrações de sal no seu novo habitat. Quanto mais água salgada bebiam, mais sede tinham (devido à desidratação), o que levou a que o organismo dos animais rapidamente entrasse em colapso, explicam especialistas citados pela BBC News. O transporte de rinocerontes foi agora suspenso e os seis que sobreviveram (no total, foram transferidos 14 indivíduos) estão a ser monitorizados. Porém, a causa da morte não é ainda certa e o Governo garante que irá levar a cabo uma investigação para averiguar se este foi um caso de negligência. Caso se justifique, "uma acção disciplinar será definitivamente tomada" e os resultados serão tornados públicos. Cathy Dean, directora da organização internacional Save the Rhino, explicou ao jornal britânico Guardian que é necessário levar a cabo uma investigação e um inquérito adequados sobre o que aconteceu e rever todo o protocolo de transporte. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Ministério do Turismo e Vida Selvagem afirma ainda que este é um número de mortes de rinocerontes "sem precedentes" em mais de uma década de realocações destes animais. De acordo com dados do ministério, entre 2005 e 2017, o Quénia transportou 149 rinocerontes, registando-se oito mortes. Este é "um completo desastre" e que quer saber "o que correu mal", diz Paula Kahumbu, conservacionista que faz parte da organização queniana WildlifeDirect, avança à agência Associated Press. O transporte de rinocerontes é "complicado, é como mover barras de ouro" e requer um planeamento cuidadoso e extrema segurança "devido ao valor destes animais raros", acrescenta Kahumbu. Este processo, regra geral, envolve sedar os animais durante a viagem e tem como objectivo a conservação e reprodução populacional da espécie noutros habitats. O rinoceronte-negros está criticamente em perigo de extinção devido à perda de habitat e à caça ilegal para venda dos seus chifres que são extremamente valiosos no mercado asiático. Segundo a World Wide Fund for Nature (WWF), as populações de rinoceronte-negro diminuíram drasticamente no século XX, essencialmente devido à caça e colonização europeia. Nos dias de hoje, estima-se que existam menos de 5. 500 rinocerontes-negros no mundo (todos eles em África), escreve a BBC, dos quais cerca de 750 estão no Quénia. Em Março, morreu no Quénia o último rinoceronte-branco-do-norte macho, de nome Sudan, que foi abatido devido a graves complicações de saúde.
REFERÊNCIAS:
Montijo é a pior alternativa em termos de impactos ambientais
A Reserva Natural do Tejo tem grande valor biológico, tendo as aves, que usam a reserva para nidificar ou como passagem migratória, como um dos pontos fortes. Ana vai apresentar medidas de minimização dos impactos. (...)

Montijo é a pior alternativa em termos de impactos ambientais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -1.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Reserva Natural do Tejo tem grande valor biológico, tendo as aves, que usam a reserva para nidificar ou como passagem migratória, como um dos pontos fortes. Ana vai apresentar medidas de minimização dos impactos.
TEXTO: No estudo feito pela Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) e pela consultora Roland Berger que comparou três opções alternativas para localizar a pista complementar ao aeroporto de Lisboa, percebe-se que o Montijo é a única solução que permite ampliar a capacidade do espaço aéreo. Tanto Sintra como Alverca têm problemas de operacionalidade aeronáutica e de compatibilidade com a manutenção de operações civis e militares. Mas o Montijo é também a única alternativa que, na análise multicritério, chumba nas questões de “sustentabilidade ambiental”. Os impactos da transformação do Montijo numa pista com mais movimentos, e, consequentemente, com um maior volume de tráfego, ainda vão ser estudados com maior profundidade pela ANA, a concessionária dos aeroportos portugueses. Até ao fim do ano, a concessionária deverá apresentar esse estudo, bem como as medidas de mitigação dos eventuais impactos. Mas, apurou o PÚBLICO, o Governo está confiante que não impedirão o novo uso do aeroporto, já que o plano não passa por expandir a actual pista existente, e, com isso, poupa-se a zona de protecção especial que merece o estuário do Tejo. A Reserva Natural do Estuário do Tejo situa-se nos concelhos de Alcochete, Benavente e Vila Franca de Xira e abrange uma área de cerca de 14 mil hectares, dos cerca de 44 mil hectares do estuário do Tejo. A importância do seu património natural foi oficialmente reconhecida pelo Estado português num decreto-lei em 1976. Desta forma, criou-se a reserva natural, para salvaguardar a sua biodiversidade. Mas afinal qual é a riqueza biológica da Reserva Natural do Estuário do Tejo? Dentro da reserva, as margens do rio são recortados por esteiros, há mouchões, sapais, salinas e lezírias. Além destes habitats, existem moluscos, crustáceos e várias espécies de peixes, como o robalo e o linguado, ou ainda espécies tipicamente estuarinas como o caboz-de-areia e o camarão-mouro. Aves são relevantesSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. As aves também são habitantes determinantes na riqueza biológica da reserva. “É uma zona muito importante. Acolhe populações de várias espécies, que são significativas a nível mundial”, diz ao PÚBLICO o ecólogo Domingos Leitão, director executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. “O estuário do Tejo chega a ter mais de 200 mil aves e mais de 50 espécies”, afirma, explicando que qualquer zona húmida que tenha mais de 20 mil aves é “considerada muito importante”. Entre as aves relevantes está o alfaite (Recurvirostra avosetta), que usa as salinas como habitat de nidificação e pode chegar aqui a constituir 25% da população invernante na Europa; a marrequinha (Anas crecca), que tem uma população invernante populosa na reserva; ou o pato-real (Anas platyrhynchos), que costuma ser abundante nos grandes estuários. Também significativo é o pilrito-comum (Calidris alpina) — o estuário do Tejo chega a albergar nalguns anos mais de 1% da população invernante da costa oeste europeia; ou o flamingo (Phoenicopterus ruber), igualmente em grande número de exemplares no estuário, sobretudo no Inverno e no Outono. O maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa) tem no estuário do Tejo a sua zona de maior concentração em Portugal e o perna-longa (Himantopus himantopus), que possui uma população nidificante sobretudo nas zonas costeiras estuarinas a sul da bacia do rio Vouga, também faz da Reserva Natural do Estuário do Tejo a sua casa.
REFERÊNCIAS:
André Lourenço e Silva, o “utópico” que chegou ao Parlamento
Sem falar para já de alianças ou posicionamentos à esquerda ou à direita, o deputado eleito por Lisboa diz que o PAN vai dialogar com os outros partidos, tendo em vista a “paz social e a estabilidade política”. (...)

André Lourenço e Silva, o “utópico” que chegou ao Parlamento
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sem falar para já de alianças ou posicionamentos à esquerda ou à direita, o deputado eleito por Lisboa diz que o PAN vai dialogar com os outros partidos, tendo em vista a “paz social e a estabilidade política”.
TEXTO: Não foi fácil conseguir 15 minutos para o deputado eleito pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Lourenço e Silva, conversar com o PÚBLICO, os pedidos de entrevista sucederam-se no dia a seguir às eleições legislativas. Tudo porque o PAN é mais recente força política do Parlamento, onde desde 1999 não entrava, em listas próprias, um novo partido. Tem 39 anos, é formado em Engenharia Civil, com especialização em recuperação do património arquitectónico e artístico, e é “um sonhador, um utópico” assumido que quer sentar-se na primeira fila do hemiciclo, para ter a necessária “visibilidade”. Apesar de o PAN defender que “a política não se pode subjugar à economia”, que se deve reduzir o número de horas de trabalho para 30, fazer uma auditoria à dívida e, depois, eventualmente renegociá-la, André Lourenço e Silva garante que o partido é de causas e não se situa nem à direita, nem à esquerda. Sobre eventuais alianças ou entendimentos, diz apenas que o PAN terá “uma postura responsável” e está “disponível para fazer parte da solução”. Para já, “vai sentar-se à mesa com todos os partidos” e dialogar: “Antes desse diálogo, não vai dizer já dizer se vai chumbar ou viabilizar qualquer tipo de proposta. ” O que interessa, nota, é que haja “paz social e estabilidade política” e que os partidos se unam “em torno dos problemas dos portugueses”. O que os resultados destas eleições mostraram, frisa o deputado eleito por Lisboa, é que os portugueses “não querem mais maiorias absolutas”, mas antes que as “várias forças políticas entrem em diálogo”. E deixa um apelo para que “os partidos do arco da governação deixem de tapar os ouvidos e ouçam estas forças políticas que acrescentam valor à democracia. ”O facto de o PAN ter chegado ao Parlamento (1, 4% dos votos) confirma, diz, a vontade que as pessoas têm de ver incluídas na política as palavras “compaixão, harmonia, estabilidade”. Além disso, coloca Portugal no “movimento internacional” de defesa destas causas e em consonância com outros países europeus, como a Holanda, exemplifica. Entre muitas outras propostas, o PAN defende a criação de um IVA da distância sobre produtos, tendo em conta o seu gasto da origem até à distribuição; o fim dos apoios à indústria agro-pecuária, à agricultura sintética ou convencional; a criação de taxas sobre produtos com alto impacto ambiental e a discriminação positiva da agricultura biológica. André Lourenço e Silva – que é vegetariano, tem um cão chamado Nilo, faz mergulho e biodanza – não ficou surpreendido por ter sido eleito. No PAN, até estavam à espera de eleger outro deputado pelo Porto. Essa foi a única amargura da noite e é, por isso, que o PAN defende a redução dos círculos eleitorais. Para que “os partidos mais pequenos consigam eleger” e para dar mais “pluralidade” ao Parlamento.
REFERÊNCIAS:
Sem coelhos na mira, as armas dos caçadores viram-se para tudo o que mexe
À medida que a população de coelhos bravos vai reduzindo, a mira dos caçadores aponta às perdizes. E o abate de caça maior está a ser feito sem controlo sanitário apesar da ameaça da tuberculose bovina. (...)

Sem coelhos na mira, as armas dos caçadores viram-se para tudo o que mexe
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-02-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: À medida que a população de coelhos bravos vai reduzindo, a mira dos caçadores aponta às perdizes. E o abate de caça maior está a ser feito sem controlo sanitário apesar da ameaça da tuberculose bovina.
TEXTO: Há cada vez menos coelhos bravos aos pulos pelo Alentejo. As estirpes da febre hemorrágica I e II e a mixomatose continuam a dizimar a mais importante espécie cinegética. Mas, face aos encargos e custos que os caçadores suportam para terem acesso ao exercício da caça, as armas continuam a disparar, pondo em risco as populações de perdiz vermelha e dando origem ao “terrorismo da carne”. A designação é de Francisco Derriça Mendes, da Associação de Caçadores de Moura e veterinário municipal nesta autarquia, que assim ilustra o abate quase desesperado de outras espécies para fazer valer a jornada de caça. “Como não se encontram coelhos bravos, a pressão aumenta sobre as perdizes, o recurso cinegético que resta”. O técnico descreve que o caçador “mata para compensar” a ausência dos pequenos ruminantes e a carga de impostos criados pela crise que tem de suportar pelo exercício da caça. “A doença mata o coelho e a caça mata a perdiz”, sintetiza o veterinário. As populações de coelho bravo são as que “mais suportam as jornadas de caça”, acrescenta Jacinto Amaro, presidente da Federação Nacional de Caça (Fencaça). Reduzindo-se os efectivos cinegéticos, as consequências fazem-se sentir até, na “dispensa de cães”, explica ao PÚBLICO o dirigente associativo, revelando que um caçador “gasta entre 50 a 100 euros por mês com taxas e licenças”. Para agravar a situação, a Associação de Caçadores de Moura diz que a tutela já os informou que vai ser aplicada mais uma taxa de cinco euros por hectare de território abrangido pelas reservas de caça associativas. Face a tão grande despesa, cresce o desespero de todos aqueles que, cada vez que vão para o campo, voltam de mãos à abanar. Mas se os focos da febre hemorrágica e da mixomatose se estão a revelar muito severos para os coelhos bravos, a tuberculose bovina (TB) nos veados e javalis suscita acrescidas preocupações quando se fala de saúde pública. Só que o “terrorismo da carne” também se está a estender ao sector da caça maior, sobretudo nas reservas de caça turística (RCT), diz Derriça Mendes. A tradição continua a prevalecer nas práticas feitas em montaria, onde é frequente assistir-se ao baptismo dos caçadores que se iniciam na caça maior colocando-lhes ao pescoço “os pulmões das peças abatidas” que podem estar infectados pela TB. A situação agrava-se, refere Darriça Mendes, quando “é patente que faltam veterinários” para despistar a TB na zona epidemiológica que abrange os territórios de Idanha, Moura e Barrancos, onde o Ministério da Agricultura e do Mar (MAM) diz existirem os principais focos da doença. O técnico denuncia ainda a comercialização, por atacado, dos efectivos de caça existentes em reservas de caça turística que os proprietários vendem sobretudo a empresas espanholas para que os caçadores daquele país possam abater durante um fim-de-semana. O estudo “Avaliação epidemiológica da tuberculose bovina em espécies de caça maior nas regiões do Alto Alentejo e Beira Interior Sul”, elaborado por Pedro Miguel Cunha Caetano para o Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de Évora, refere que entre 2011 e 2014 foram abatidos nas referidas regiões 9210 animais, dos quais 5180 veados e 4030 javalis. Das 377 amostras de javali e 296 de veado enviadas para laboratório, 258 e 275, respectivamente, foram consideradas contaminadas com TB. O estudo vem confirmar de “forma expressiva” a presença de TB em javalis e veados nas áreas geográficas abrangidas. “É ainda importante notar”, refere Cunha Caetano, que os resultados considerados “só se referem às montarias reportadas às Direcções de Intervenção Veterinária”. Não há dados sobre as caçadas organizadas furtivamente. O investigador acredita que se se conhecessem os dados referentes aos actos cinegéticos praticados clandestinamente, “as conclusões seriam ainda mais alarmantes”. Como o controlo veterinário é deficiente, é possível que aquele que abate uma peça de caça a possa levar consigo e até “vendê-lo inteiro ou em parte para algum restaurante ou, em alternativa, consumi-la com os amigos” sem qualquer controlo sanitário, alerta Derriça Mendes, frisando que há casos em que “os caçadores entram e saem nas montarias de helicóptero”. Jacinto Amaro acusa as entidades governamentais de “não terem dado a devida atenção” ao que se passa no mundo da caça, lembrando uma directiva comunitária que exige que “todos os animais” sejam inspeccionados e que as zonas e caça “estejam apetrechadas com uma sala de desmanche” das carcaças. Acontece que “nem as zonas de caça associativa nem as turísticas têm condições para ter um veterinário, para além de ser difícil encontrá-los”, observa o presidente da Fencaça, assinalando que se está perante um “problema saúde pública que compete ao Estado resolver. E alerta que a “situação está descontrolada nas zonas epidemiológicas” e que há peças de veados e javalis que “entram no circuito comercial sem terem sido inspeccionadas”. O deputado do PSD, Mário Simões, adiantou ao PÚBLICO que já esteve reunido com as associações de caçadores e que transmitiu ao Instituto de Conservação da Natureza e Floresta as suas preocupações relativamente aos problemas que afectam o sector da caçaO deputado advoga que Governo “tem de se olhar para a caça como um sector estratégico”, desenvolvendo trabalhoa de investigação científica para debelar os focos das doenças que dizimam os coelhos bravos, veados e javalis. E realça a importância desta actividade para a economia e o turismo regionais, para além de ser um “gerador de receita para o Estado”, que Jacinto Amaro calcula em cerca de 10 milhões de euros. Defende, neste sentido, a criação de um Conselho Nacional Cinegético e de um Conselho Científico, para contrapor à pulverização de responsabilidades distribuídas por uma tutela tripartida (Ministérios da Agricultura, Ambiente e Administração Interna) geradora de legislação que “conflitua entre si”. O PÚBLICO solicitou ao Ministério da Agricultura um conjunto de esclarecimentos sobre as denúncias apresentadas pelas organizações representativas dos caçadores, mas não foi dada qualquer resposta.
REFERÊNCIAS:
P3rsonalidade do ano 2014
Porque passámos o ano de 2014 a conhecer pessoas que vale a pena conhecer, decidimos recuperar dez histórias e pedir a vossa ajuda para escolher a P3rsonalidade de 2014. Vota aqui até 29 de Dezembro (...)

P3rsonalidade do ano 2014
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-01-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Porque passámos o ano de 2014 a conhecer pessoas que vale a pena conhecer, decidimos recuperar dez histórias e pedir a vossa ajuda para escolher a P3rsonalidade de 2014. Vota aqui até 29 de Dezembro
TEXTO: Ganhámos prémios em várias áreas: ilustração, ciência, música, literatura. Olhámos para o design e decidimos que pode ajudar quem perde memória — e quem não vai ter o que comer, no futuro. Fizemos filmes no espaço e abraçámos burros. Trabalhámos o gesso e lutámos pelo estuque, sem esquecer quem tem de usar um tecto alheio. Aqui estão dez histórias do nosso ano: queremos ajuda para escolher a melhor. Só é preciso votar neste link (os votos nos comentários não são quantificados), até 29 de Dezembro. Em Março, as ilustrações originais que Catarina Sobral criou para “O meu avô” venceram um prémio internacional atribuído pela Feira do Livro Infantil de Bolonha, em Itália. Foram 21 mil euros pelo álbum ilustrado que conta a vida de um avô que frequenta aulas de alemão e de pilates. Afonso Reis Cabral (4%)Mário Cruz (6%)Rita Maldonado Branco (7, 8%)Iva Viana (10, 9%)André Miranda (9, 5%)Ricardo Eleutério (19, 5%)VencedorJoão Brandão Rodrigues (34. 3%)Catarina Sobral (3, 6%)Susana Soares (2, 7%)Duarte Victorino (1, 6%)Também inspirada pelos avós, ambos com Alzheimer, Rita Maldonado Branco dedicou-se a estudar a doença. A jovem de 27 anos decidiu pôr o design ao serviço de quem tem Alzheimer e, para isso, criou um jogo de cartas, uma toalha de mesa e um livro de família. Tudo pensado para quem perdeu a memória. “As famílias têm o conteúdo: partilharam uma vida e memórias. O meu papel é ajudá-las a usar esse conteúdo de forma a facilitar a comunicação”, explicou ao P3. Ainda o design associado a temas de saúde, desta vez alimentar. Susana Soares, a viver em Londres, faz patês de insectos em impressoras 3D. O objectivo é melhorar o aspecto visual destes animais, para que boa parte da população mundial os passe a aceitar como alimento. A designer acredita que os insectos são a proteína do futuro e, por isso, cria peças “que parecem joalharia”, descreve. Tal como Susana, também Duarte Victorino vive em Londres, onde fez parte de uma das equipas de efeitos visuais de “Gravidade” (Alfonso Cuarón, 2013). O Óscar da categoria que o filme recebeu representa, igualmente, o seu trabalho enquanto director técnico de efeitos visuais. Basta pensar nos milhares de estilhaços de vidro que se espalham pelo espaço, resultantes dos acidentes que vão acontecendo aos personagens principais, interpretados por Sandra Bullock e George Clooney. O último trimestre do ano revelou-se fértil em prémios. André Miranda foi o vencedor do 6. º Prémio Nacional das Indústrias Criativas (PNIC), com uma orquestra especializada na composição e produção de bandas sonoras para cinema, TV e videojogos. A WESO — assim se chama a orquestra — “encaixa na indústria cinematográfica que nem ginjas”, justifica o jovem de 24 anos. Com a mesma idade, Afonso Reis Cabral venceu o Prémio Leya de 2014 com “O Meu Irmão”. Descendente de Eça de Queiroz, o lisboeta escreve desde os 9 anos: começou na poesia e depois tentou a prosa. O livro que lhe valeu cem mil euros conta a história da relação entre dois irmãos, um deles com síndrome de Down. Ricardo Eleutério desenvolveu uma técnica não invasiva e indolor que pode contribuir para o diagnóstico precoce do cancro da mama. Concorreu com a sua dissertação ao Fraunhofer Portugal Challenge 2014 e venceu na categoria de mestrado. Os dois mil euros de prémio que recebeu vão ser aplicados no estudo e aperfeiçoamento da técnica original. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em Novembro viajámos duas vezes para Norte. Primeiro até Paredes de Coura, onde conhecemos João Brandão Rodrigues e os burros que acolheu na quinta de família. O veterinário especializado nestes animais fala de Papoila, Bolota, Zimbro e Trigo, que não se inibiram perante a câmara de vídeo do P3. Perto, em Viana do Castelo, Iva Viana quer “voltar a pôr o gesso e o estuque no mercado”. Esta estucadora de 33 anos move-se num “meio totalmente masculino” e faz peças únicas para todo o mundo, a partir do atelier que mantém no Minho. No mesmo mês, as fotografias que Mário Cruz tirou em Lisboa chegaram ao jornal norte-americano “The New York Times”. Com o projecto “Roof”, o fotógrafo mostra a vida de quem é obrigado viver num tecto que não lhe pertence, escondendo-se da sociedade. É uma denúncia social, uma chamada de atenção para a pobreza que a cidade desconhece.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda social doença estudo pobreza infantil
As chitas estão em extinção
Autores de estudo pedem que categoria do risco passe de espécie vulnerável para ameaçada. (...)

As chitas estão em extinção
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-12-30 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20161230203401/https://www.publico.pt/n1756236
SUMÁRIO: Autores de estudo pedem que categoria do risco passe de espécie vulnerável para ameaçada.
TEXTO: As chitas estão ameaçadas de extinção, segundo um estudo que aponta para um decréscimo da população nos últimos anos. Só restam 7100 destes mamíferos em ambiente selvagem, de acordo com um relatório divulgado na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences. A principal causa do desaparecimento das chitas está relacionada com a tendência para estes animais saírem das áreas protegidas e entrarem em conflito com os humanos. Os autores do estudo pedem uma requalificação urgente do risco para a espécie, defendendo que deve passar de vulnerável para ameaçada. De acordo com o estudo, mais de metade das chitas vive num território que atravessa seis países no Sul de África. Na Ásia, estes animais já quase desapareceram. No Irão, há registo de menos de 50 exemplares a viver no território. O decréscimo do número de chitas – os mamíferos mais rápidos – acontece não só porque saem das áreas protegidas e são consideradas uma ameaça para os agricultores mas também por causa da caça. No Zimbabué, por exemplo, a população caiu de 1200 para 170 animais em apenas 16 anos. Os investigadores que participaram no estudo afirmam que há muito tempo que situação tem sido ignorada. “Dada a natureza reservada deste animal, tem sido difícil reunir informação sobre a espécie, o que levou a negligenciar a situação”, afirmou Sarah Durant, uma das autoras do estudo, citada pela BBC. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outra das preocupações relacionadas com a espécie é o tráfico ilegal de crias, alimentado pela procura nos Estados do Golfo, tal como a BBC noticiou no início deste ano. Para assegurar a sobrevivência da espécie, é necessário desenvolver esforços para resolver a questão da abrangência das áreas protegidas. No essencial é preciso pagar a comunidades locais para proteger a espécie que é vista como um perigoso predador. “A principal conclusão deste estudo é que manter as áreas protegidas por si só não é suficiente”, disse Kim Young-Overton, outra autora do relatório. Por outro lado, o relatório apela à organização União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) para alterar a categoria do risco de ameaça de vulnerável para ameaçada. Esta mudança permitiria colocar o foco na conservação destes animais para travar a ameaça de extinção.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos estudo espécie extinção animal desaparecimento ilegal
Há um mundo de pequenos seres escondido na Praia das Avencas
Cascais vai ter a primeira área marinha protegida de gestão local do país na Praia das Avencas. Localizada entre as praias da Bafureira e da Parede, apresenta uma vasta diversidade biológica e geológica que a Câmara Municipal de Cascais se compromete a proteger. (...)

Há um mundo de pequenos seres escondido na Praia das Avencas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -0.20
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cascais vai ter a primeira área marinha protegida de gestão local do país na Praia das Avencas. Localizada entre as praias da Bafureira e da Parede, apresenta uma vasta diversidade biológica e geológica que a Câmara Municipal de Cascais se compromete a proteger.
TEXTO: Nove horas da manhã, uma brisa oceânica faz-se sentir levemente. A maré está a vazar e registará 0, 70 metros de altura, pelas 10h46, no seu pico máximo. A baixa-mar põe a descoberto uma plataforma de um extenso castanho. São rochas que, ao longe, quebram o mar, transformando-o em espuma. Andreia Rijo, técnica de Educação Ambiental da Câmara Municipal de Cascais, recebe 30 alunos do oitavo ano que chegam de Lisboa. “Apresento-vos a ZIBA, mas muito em breve vai poder chamar-se a primeira área marinha protegida de gestão local”, anuncia de uma plataforma de madeira elevada da praia mesmo ao lado da estrada Marginal. Dali, e com um placard que apoia a identificação dos valores naturais presentes no local, Andreia dirige-se para o grupo e apresenta a praia das Avencas, na freguesia da Parede, que está classificada como Zona de Interesse Biofísico das Avencas (ZIBA). As praias da Bafureira e da Parede delimitam geograficamente esta zona. “Vamos descer”, informa Andreia, enquanto distribui alguns guias de campo para poderem melhor explorar a natureza do local. No curto areal, e de costas voltadas para o mar, observam as escorrências de água doce nas arribas calcárias onde, nas fendas mais húmidas e sombrias, cresce uma planta que dá o nome à praia – a avenca (Adiantum capillus-veneris), uma espécie de feto. Seguem em fila única por um trilho definido na plataforma rochosa como forma de minimizar a área de pisoteio, que é um dos principais problemas da zona. “Olha, está vivo. Não pisem, estão aqui ouriços”, exclama um dos alunos, parado a olhar fixamente para uma poça. Seguem-se os burriés, as lapas, os mexilhões, as anémonas, os camarões, os caranguejos, uma diversidade que prolifera à medida que a curiosidade e a atenção aumentam. Por perto, algumas gaivotas estão paradas nas rochas e outras levantam voo de repente. Entretanto, as rolas-do-mar e os recém-chegados pilritos vão-se alimentando freneticamente nos locais a descoberto pela maré baixa. Na plataforma de abrasão marinha, a erosão revela também um vasto passado geológico com formações rochosas antigas de idade cretácica, que se depositaram neste local entre, aproximadamente, 120 e 95 milhões de anos. Observam-se diversos filões basálticos que atravessam as grandes lages calcárias e que datam da altura do complexo vulcânico de Lisboa. Muitas vezes favorecem a existência de canais importantes para refúgio e reprodução de inúmeras espécies de organismos marinhos. Desde 2011, esta biodiversidade tem sido avaliada mensalmente para perceber o impacto das actividades humanas nas comunidades biológicas. “No Inverno, não existe tanta biodiversidade, mas no Verão, durante a época de recrutamento das espécies, podemos demorar mais de 30 minutos apenas num transecto” [secção do terreno a estudar], explica Sara Faria, bióloga marinha da empresa municipal Cascais Ambiente, enquanto percorre uma faixa de 10 metros de comprimento e vai anotando todos os animais móveis presentes nesse percurso. Dois camarões, regista. Os organismos que se agarram às rochas e o tipo de substrato são depois contabilizados em percentagem através de um quadrado grande colocado no chão. Está dividido segundo uma grelha de pequenos cem quadrados e cada um corresponde a 1% de percentagem de cobertura. No quadrado, contabiliza cracas, limo e água, 13, 10 e 77%, respectivamente. Este método é replicado para outros pontos escolhidos aleatoriamente por toda a praia e zona entre marés. “Conseguimos observar algumas diferenças, mas ainda é cedo para detectar tendências ao longo dos anos”, conclui Sara Faria. Contudo, os tapetes de laminárias - as algas castanhas - nunca mais se observaram na quantidade registada até aos anos 50. Esta alteração tinha já sido verificada por Carlos Almaça num artigo publicado, em 1973, na revista Protecção da Natureza. Próximo de uma piscina natural, popularmente conhecida por caldeirão, Mário Lisboa descreve que “está sempre cheio de peixe, é como um refúgio”, explica o historiador, um utilizador regular da praia das Avencas. Nos dias quentes de Verão, dentro de água, observa-se “um contínuo cardume: muitas tainhas, ferreiras, sarguetas e de vez em quando os bodiões”, enumera os peixes que já quase não fogem da presença humana. O historiador, natural da Parede, refere ainda que “muitas gerações aprenderam a nadar aqui”, relembra as vivências e as diferentes ocupações que a praia sofreu ao longo do último século e que a determinaram como hoje a conhecemos - a actividade de uma pesca, a lanço, mais intensiva e organizada, ainda visível nos pedregulhos talhados e chumbados pelo homem para “agarrar as redes que vinham montar quando a maré enchia e onde todos os peixes ficavam presos durante a maré vaza”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo educação homem espécie
Os botos podem vir a desaparecer da costa portuguesa
Entre Janeiro e Junho de 2018, 27 golfinhos morreram na costa portuguesa. Investigadores da Universidade de Aveiro acreditam que as mortes estão relacionadas com captura acidental. (...)

Os botos podem vir a desaparecer da costa portuguesa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Entre Janeiro e Junho de 2018, 27 golfinhos morreram na costa portuguesa. Investigadores da Universidade de Aveiro acreditam que as mortes estão relacionadas com captura acidental.
TEXTO: O primeiro semestre de 2018 foi marcado pela morte de 27 golfinhos na costa portuguesa, número superior aos anos anteriores e atribuído à captura acidental, o que poderá apressar a extinção da espécie nas águas nacionais, revelam investigadores. "A presença destes golfinhos em águas nacionais pode desaparecer por completo em menos de 20 anos", alerta uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro (UA) e da Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (SPVS). Dos 27 botos mortos registados na costa, entre Janeiro e Junho de 2018, 25 foram encontrados entre o Minho e a Nazaré. Destes, a grande maioria foi encontrada entre o Porto e a Nazaré e, segundo a equipa de biólogos, "as marcas que alguns cadáveres apresentam, como barbatana caudal amputada ou marcas lineares no corpo, indicam que os animais foram apanhados acidentalmente por redes de pesca". "Este valor já ultrapassa em muito os valores registados para o primeiro semestre dos anos anteriores", aponta Catarina Eira, bióloga do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro. Coordenadora de um projecto dedicado à conservação de espécies marinhas portuguesas como o boto e o roaz, que é co-financiado por fundos europeus — o Life marpro (2011-2017) —, Catarina Eira aponta a zona entre o Porto e a Nazaré, onde um terço dos botos está concentrado, como "a mais preocupante" para a conservação da espécie. "A zona concentra uma actividade de pesca bastante intensa. Apesar dos esforços desenvolvidos pelos pescadores para evitarem as capturas acidentais, a arte xávega acaba por ser responsável por uma parte da mortalidade", refere. Outro factor é a quantidade considerável de pesca ilegal na zona, normalmente realizada por pequenas embarcações muito perto da costa que, "além de prejudicar os pescadores que desenvolvem a sua actividade de acordo com a lei, por ser muito costeira, também ocasiona alguma mortalidade de boto". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Catarina Eira considera crucial que se aprove a classificação como Sítio de Importância Comunitária (uma figura de protecção ambiental da Rede Natura 2000) da zona marinha entre as praias da Maceda (Ovar) e da Vieira (Leiria), pela abundância de botos que alberga. Graças à consciencialização e colaboração dos pescadores, a equipa do Life marpro conseguiu testar diferentes artes de pesca e materiais de redes, para perceber o que poderia diminuir o número de capturas acidentais. Foi assim que descobriram que uma das soluções mais eficazes é o uso de pingers, pequenos aparelhos electrónicos que se fixam às redes de pesca e emitem um som que avisa os cetáceos sobre a presença da rede, embora seja ainda uma tecnologia cara. "Com a aprovação do Sítio [de Importância Comunitária] poderia ser posto em prática o plano de gestão também proposto para estas áreas, o qual inclui várias medidas que podem prevenir a extinção do boto em Portugal, como o alargamento do uso de pingers a todas as redes de xávega, o combate à pesca ilegal ou o ensaio de novas medidas de mitigação de capturas em redes de cerco e fundeadas", conclui.
REFERÊNCIAS:
Entidades UA