Cientistas descobrem em França vermes gigantes já encontrados nos Açores
Um grupo de investigadores alerta que estes vermes não são originários da Europa e representam uma ameaça para a biodiversidade, ainda que tivessem passado despercebidos na comunidade científica. Uma espécie destes vermes já foi encontrada em Portugal. (...)

Cientistas descobrem em França vermes gigantes já encontrados nos Açores
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um grupo de investigadores alerta que estes vermes não são originários da Europa e representam uma ameaça para a biodiversidade, ainda que tivessem passado despercebidos na comunidade científica. Uma espécie destes vermes já foi encontrada em Portugal.
TEXTO: Foram precisos mais de 20 anos para que os cientistas franceses começassem a estranhar a presença de uns vermes predadores gigantes (do género Bipalioum e Diversibipalium) que infestavam os jardins do país. “Enquanto cientistas, ficámos surpreendidos que estas minhocas longas e com cores garridas [um dos vermes é azul] tenham escapado durante tanto tempo à atenção dos cientistas e das autoridades num país europeu desenvolvido”, referem os autores de um estudo publicado esta terça-feira na revista científica PeerJ, realçando que estas espécies são um perigo para a fauna nativa do país. Com base em observações e registos que datam de 1999, o estudo dá também lugar à “ciência feita por cidadãos”, já que grande parte das descobertas foram feitas por moradores de França e de outros territórios ultramarinos – o registo chegava às mãos dos cientistas por email e até por telefone. Foi então constatada a existência de três espécies nas zonas metropolitanas de França: Bipalium kewense, Diversibipalium multilineatum e uma terceira espécie Diversibipalium de cor preta, ainda sem nome. As espécies de vermes predadores do género Bipalium e Diversibipalium são gigantes comparados com as minhocas normais. Rondam os 60 centímetros de comprimento (mas há uma espécie que pode chegar a um metro de comprimento, a Bipalium nobile) e têm uma outra característica distintiva: a forma em martelo das suas cabeças. Enquanto os vermes mais pequenos são autóctones da Europa, estas espécies maiores não o são. A Bipalium kewense também já chegou a Portugal: em 2016, foi encontrado um exemplar de 25 centímetros na ilha de São Miguel, nos Açores, num jardim ao ar livre. No mesmo ano, foi vista pela primeira vez no arquipélago de São Tomé e Príncipe. Os cientistas responsáveis pelo relatório verificaram também a presença de algumas destas espécies em territórios franceses além-mar, como a Polinésia Francesa (Oceania), Guiana Francesa (América do Sul) ou as ilhas de Guadalupe e São Bartolomeu (América Central). As espécies são originárias das regiões quentes da Ásia, e foram se espalhando pelo mundo. Segundo o estudo, estes vermes achatados são introduzidos noutros países através do transporte de plantas. O naturalista amador Pierre Gros (que viria a ser um dos autores do estudo) foi uma das primeiras pessoas a estranhar a existência dos animais em solo francês, razão que o levou a contactar o especialista Jean-Lou Justine – que começou por desconfiar da veracidade das fotografias que lhe foram enviadas. Foi assim que começou a investigação. Agora, os cientistas dizem que os resultados do estudo mostram que existe um “ponto cego” na comunidade científica e nas autoridades, que não se apercebem que estavam perante uma invasão destes animais conspícuos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os cientistas (quatro franceses e um australiano) admitem que estas espécies predadoras são um perigo para a fauna nativa dos países onde são introduzidas, sobretudo para os animais mais pequenos e vulneráveis. O impacto dessa ameaça não é certo (são escassos os dados disponíveis), mas não deve ser negligenciado, já que estamos a falar dos “maiores predadores invertebrados terrestres”. Para alcançar as suas presas, algumas destas espécies produzem uma neurotoxina potente, a tetrodoxina, que as imobiliza. Antes deste estudo, muitas das espécies encontradas não eram devidamente identificadas (pensavam tratar-se de ténias, lesmas ou simples minhocas), dizem os cientistas. Em 2013, as crianças de um jardim-de-infância francês diziam estar assustadas por existirem centenas de “pequenas cobras” no jardim da escola; mais tarde, o grupo de investigadores identificaram-nas como sendo da espécie Diversibipalium multilineatum.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Uma carta da câmara
Agradeço a Sandra Varela a iniciativa de escrever à Câmara de Cascais e agradeço a esta o exemplo que deu de competência e abertura à comunicação pessoal com os cidadãos. (...)

Uma carta da câmara
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Agradeço a Sandra Varela a iniciativa de escrever à Câmara de Cascais e agradeço a esta o exemplo que deu de competência e abertura à comunicação pessoal com os cidadãos.
TEXTO: Sandra Varela escreveu à Câmara de Cascais a propósito duma crónica minha em que eu contava o horror de ver uma pata a matar um patinho recém-nascido. Citei também um senhor que estava ali que acusou a câmara de não alimentar os patos daquele jardim, o Parque Marechal Carmona. Recebeu da câmara uma resposta pormenorizada, assinada por Ana Maria Catarino, da Divisão de Atendimento ao Cidadão. É admirável que se responda assim às inquietações dos cidadãos – e é bom saber que a câmara vela pelo bem-estar das aves dos parques de Cascais. Para dissuadir as gaivotas de caçar patinhos, a câmara instalou um equipamento especial que emite sons que afugentam as gaivotas. Acredito porque apesar de o parque estar mesmo junto ao mar é muito raro ver lá uma gaivota. Mais garante que as aves são alimentadas diariamente, informando que a Divisão de Gestão da Estrutura Verde gasta 5 mil euros por ano em comida para alimentar as aves existentes nos quatro parques de Cascais. Quanto à violência dos patos, diz que não é muito usual, mas que acontece com animais selvagens. É verdade. Como observador de patos, é a primeira vez que vejo tal coisa – e espero que seja a última, embora o comportamento dos patos-bravos – sobretudo dos machos – seja frequentemente violento. Agradeço a Sandra Varela a iniciativa de escrever à Câmara de Cascais e agradeço a esta o exemplo que deu de competência e abertura à comunicação pessoal com os cidadãos. São gestos civilizados como este que nos satisfazem – e dão esperança. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.
REFERÊNCIAS:
Depois do passado sangrento, Fafião tenta reconciliar-se com o lobo
O Art Nature Fest vai realizar-se pela primeira vez na aldeia comunitária, na sexta-feira e no sábado, e dá protagonismo ao lobo ibérico, uma espécie que, no passado, foi o principal alvo a abater da população, mas hoje está em perigo e precisa de ser defendida. (...)

Depois do passado sangrento, Fafião tenta reconciliar-se com o lobo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -0.38
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Art Nature Fest vai realizar-se pela primeira vez na aldeia comunitária, na sexta-feira e no sábado, e dá protagonismo ao lobo ibérico, uma espécie que, no passado, foi o principal alvo a abater da população, mas hoje está em perigo e precisa de ser defendida.
TEXTO: O fojo do lobo, com duas paredes graníticas de dois metros e meio de altura que se unem para rodear um fosso circular com quatro metros de profundidade, domina a paisagem de Fafião, aldeia na orla do Parque Nacional da Peneda-Gerês, pertencente ao concelho de Montalegre. A estrutura simboliza ainda hoje a guerra sem tréguas entre o homem e o lobo ibérico que perdurou desde a sua edificação, em finais do século XV ou inícios do século XVI, até à última vez em que a população realizou a última caça ao lobo, utilizando o fojo para o armadilhar, em 1948, diz ao PÚBLICO Lino Pereira, presidente da Vezeira, associação fundada há oito anos. Os factos e os mitos desse episódio, que envolvem Domingos Rebelo, “um caçador exímio”, três lobos mortos e uma “grande festa” que ditou o nascimento de 20 crianças nove meses depois, vão ser narrados nos Contos do Lobo, um dos momentos da primeira edição do Art Nature Fest, acrescenta o dirigente. O evento, agendado para sexta-feira e para sábado, visa desfazer o “mito de que o lobo é mau”, ainda existente no seio da aldeia, e chamar a atenção para a necessidade de se preservar uma espécie em perigo de extinção no país, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). “Fafião foi uma das aldeias onde, a nível nacional, o lobo e o homem sempre tiveram uma guerra mais assumida. Queremos que as pessoas percebam que o lobo já não é o inimigo que era”, sublinha. O canídeo foi “muito fustigado” numa aldeia em que os pastores cuidam à vez de todo o gado – as vezeiras - por atacar as cabras e, consequentemente, “o ganha-pão” de gente que se “tinha de levantar cedo para irem à montanha, com neve, chuva, ventos fortes”, recorda Lino Pereira. O responsável considera, por isso, que Fafião não deve “ter vergonha do passado”, já que as “pessoas eram pobres e perderam muito gado”, mas consciencializar-se do que o lobo precisa hoje de ser protegido. Além dos contos, o festival reúne espectáculos musicais, exposições de pintura, escultura e fotografia, instalações audiovisuais e ainda duas peças de teatro – Animal Belo e Covil -, onde a relação entre a comunidade e o lobo vai ser protagonista, graças às performances dos actores Henrique Apolinário e Raquel de Lima. Outra das iniciativas incluídas no festival passa por dar a conhecer os cães de gado, nomeadamente a raça Castro Laboreiro, existente naquela zona, numa parceria com o Grupo Lobo, organização não governamental para o ambiente que iniciou um programa há 22 anos. “O Grupo Lobo coloca à disponibilidade dos pastores que têm cabras o Castro Laboreiro, treinado para que o lobo não ataque as cabras, nem o homem ataque o lobo”, resume Lino Pereira. Desde 1996, a organização já colocou mais de 500 cães de raças nacionais nas áreas de distribuição da espécie – Alto Minho, Trás-os-Montes e Beira Alta -, e, em 2017, começou a colaborar com a Vezeira para garantir apoio técnico-científico, alimentar e veterinário a pessoas que não têm tanta experiência no tratamento do Castro Laboreiro, uma raça canina que “trabalha bem com a cabra bravia”, afirma ao PÚBLICO Sílvia Ribeiro, do Grupo Lobo. A bióloga espera que os cães de gado, utilizados para guardar rebanhos, ajudem a preservar o lobo ibérico, cuja população ocupava quase todo o território nacional na década de 50 e se tem mantido “estável” no Minho, em Trás-os-Montes e na Beira Alta desde o último censo da população nacional de lobos, entre 2002 e 2003. O trabalho do então Instituto de Conservação da Natureza (hoje ICNF) confirmou a existência de 51 alcateias – 45 a Norte do Douro e seis a Sul. “Nalguns sítios, desapareceram algumas alcateias e noutros sítios há algumas alcateias que recolonizam em sítios onde tinham desaparecido”, explica Sílvia Ribeiro. Comunitarismo (sempre) presenteSubscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fafião distingue-se das demais aldeias na zona do Gerês pelo estilo de vida comunitário que lá permanece há gerações. Com 80 a 90 residentes durante a semana, a aldeia duplica a população aos fins-de-semana com as pessoas espalhadas pelo resto do país e mantém vivos hábitos como a vezeira, mas também como o uso comum do lagar de azeite, um dos locais que vai ser contemplados nos percursos comunitários, agendados para a manhã de sábado. “São as nossas imagens de marca, onde se pode ver ainda marcas vivas do nosso comunitarismo”, afirma Lino Pereira. O pendor comunitário do evento, adianta o presidente da Vezeira, vê-se também nas refeições, no mercado da aldeia, no qual as pessoas “vão oferecer produtos cultivados ou criados por elas” aos visitantes, nas oficinas a mostrar o fabrico do pão tradicional e do burel, um tecido típico, e até numa queimada luso-galaica, associada ao legado celta na região.
REFERÊNCIAS:
Aldi, o adolescente que passou 49 dias à deriva pelo mar
O rapaz indonésio foi resgatado depois de semanas a flutuar na plataforma de madeira em que trabalhava e vivia. Já regressou a casa e está bem de saúde. (...)

Aldi, o adolescente que passou 49 dias à deriva pelo mar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -0.1
DATA: 2018-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O rapaz indonésio foi resgatado depois de semanas a flutuar na plataforma de madeira em que trabalhava e vivia. Já regressou a casa e está bem de saúde.
TEXTO: O indonésio Aldi Novem Adilang tem 19 anos e passou mais de um mês e meio à deriva no Pacífico a bordo da plataforma de pesca em que trabalhava (e onde vivia). Foi resgatado no final de Agosto por um cargueiro do Panamá ao largo de Guam, o território norte-americano que fica a 2500 quilómetros da cidade indonésia de Manado, onde o jovem trabalhava. Depois de viver momentos de desespero no mar, o adolescente regressou este mês a casa em Wori, a poucos quilómetros de Manado. A função de Aldi na barraca de pesca flutuante (as chamadas rompongs, comuns na Indonésia) era manter as luzes acesas sobre o mar – uma estratégia que atrai os peixes que ficam então presos em armadilhas. A barraca onde o adolescente trabalhava desde os 16 anos ficava a flutuar a cerca de 125 quilómetros da costa. Todas as semanas, alguém da empresa para quem trabalhava ia até à plataforma flutuante recolher o pescado e entregar comida e água a Aldi. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em meados de Julho, os ventos fortes que se fizeram sentir na região destruíram o ancoradouro da embarcação e Aldi ficou à deriva. Como tinha poucos mantimentos, o adolescente sobreviveu pescando peixe, queimando madeira da sua própria barraca para o cozinhar. Ia bebericando água filtrando-a nas suas roupas para minimizar a ingestão de sal, refere o jornal The Guardian. O adolescente pensou que ia morrer, contou ao jornal local TribunManado. Ponderou atirar-se ao oceano, mas agarrou-se ao conselho dos pais de rezar em tempos de adversidade; assim fez. O Consulado da Indonésia em Osaka (o jovem foi desembarcado no Japão) refere que passaram pelo menos dez embarcações por Aldi nos 49 dias em que andou perdido pelo oceano, até que o cargueiro do Panamá, MV Arpeggio, deu pela presença da barraca. “De cada vez que ele via um grande navio, disse ele, ficava esperançoso, mas mais de dez barcos passaram por ele, nenhum o viu nem parou”, explicou o diplomata Fajar Firdaus, do Consulado da Indonésia em Osaka. “O capitão do navio que o resgatou disse que, quando o encontraram, Aldi estava tão débil que não conseguia levantar-se devido à fadiga extrema”, contou à agência Efe o diplomata indonésio. O jovem foi entretanto acompanhado por equipas médicas, e encontra-se em bom estado de saúde.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave mantimentos adolescente
O verde e branco a brilhar bonito numa parede tão feia
Perante o que aconteceu ao longo da semana, perante o que ouvi durante a final, é a pequenas imagens de jogadores de verde e branco que volto para me preservar, para preservar o Sporting que é o meu e que quero que continue a ser o meu. (...)

O verde e branco a brilhar bonito numa parede tão feia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -0.22
DATA: 2018-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Perante o que aconteceu ao longo da semana, perante o que ouvi durante a final, é a pequenas imagens de jogadores de verde e branco que volto para me preservar, para preservar o Sporting que é o meu e que quero que continue a ser o meu.
TEXTO: O pior não foi a derrota, porque isto era só um jogo e havia coisas mais importantes a tratar. No Jamor, importava resgatar alguma coisa, um espírito, uma luz de esperança, uma reconciliação com o clube e com a ideia de clube que esta semana foi atacada e dinamitada de uma forma que deixará marcas terríveis, espero que não irreversíveis. Portanto, no Jamor, na mata do Jamor onde se organiza a festa mais bonita do futebol português, com gente a chegar de todo o país de madrugada para assentar arraiais e partilhar a felicidade que traz o belo jogo entre a comida na grelha e a bebida no copo, tentava recuperar esse espírito, viver esse espírito, tactear uma qualquer inocência perdida há muito, mas que continua a ser a ilusão que, apesar de tudo, apesar da podridão reinante em todo mundo da bola, permite que continuemos a apaixonar-nos pelo desporto que é mais um desporto. Esse era o objectivo e foi cumprido como habitualmente — carro estacionado às 9 da manhã, grelha e arcas frigoríficas carregadas desde a dois quilómetros de distância, festa popular instalada às 10h. O outro objectivo parecia-me também muito simples e, julgava eu, consensual. Dar desde as bancadas um abraço aos nossos em campo, aos jogadores que sofreram esta semana uma violência inaudita, sequestrados e agredidos em sua própria casa por um bando de marginais a quem se dá demasiada importância e liberdade de acção. Só o facto de estarem ali a jogar, perante um digníssimo Desportivo das Aves cheio de vontade de fazer história, como acabou por fazer, já me merecia o agradecimento. Queria ganhar, mas isso era, neste caso, secundário — há coisas mais importantes que ganhar, isso me ensinou o sportinguismo, e ali, mais que a vitória, era o Sporting que interessava. Mas depois, na bancada, fui ouvindo, mais vezes do que desejava ou julgava possível, adeptos de verde e branco como eu falar de “falta de profissionalismo”, de “eles não querem e isto é uma vergonha”. Ouvi até piadas que me enojaram sobre a violência de terça-feira. Parecia que, afinal, isto era apenas uma final e que nada de especial tinha acontecido (coisas chatas do futebol, nada mais, “eles são pagos para jogar” e se não ganharam não passam de uns “merdas ingratos”). Parecia que não tinham sido atacados os princípios que nos foram legados sobre o que é o Sporting, parecia não ser a própria ideia de Sporting a ser posta em causa por toda a sucessão de acontecimentos da semana passada. Claro que não eram a maioria. Claro que muitos pareciam perceber o que estava em causa. Mas eram muito mais do que julgava possível, muitos mais a manifestarem uma total falta de empatia, uma exigência absurda para com aqueles jogadores, um discurso de futebolês moderno, misto de lógica económica empresarial (o tal eles ganham muito, são empregados do clube e por aí fora) e a incendiária culpabilização de quem perde, porque isto é uma guerra e nem se fale em mérito do adversário, porque o adversário não tem virtudes, só serve para medir o nível da nossa incompetência. O trabalho obrigou-me a sair do estádio com o jogo ainda a decorrer. Triste por sair mais cedo, triste por sair depois de ouvir aquilo que ouvi, triste por estar a perder 2-0 e triste por, eu que nunca saio antes do apito final, ter que o fazer no jogo em que era mais importante ficar para aplaudir os nossos de verde e branco, eles que tentaram em campo e que acabaram o jogo em lágrimas. Ficar também para dar os parabéns ao pessoal do Aves, ficar pela festa pela qual lutaram e pela luta que os nossos deram num esforço final. Ainda saltei a meio do caminho para o carro, punho erguido no ar, quando ecoou no vale do Jamor o golo do Montero. Liguei o rádio, esperei por um segundo golo, mas ouvi sem prestar toda a atenção. Na minha cabeça passavam outras imagens. Foram chegando terça-feira, enviadas pela João, que não percebe nada de futebol e que, como me ia escrevendo, não tem memórias de golos gloriosos ou de passes impossíveis, mas sabe distinguir o certo do errado, o feio do bonito. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Naquele dia trágico para o meu sportinguismo, enviou-me imagens de um tapume da cidade sempre em obras, um bocado de chapa banal, igual a todas. Discretas a polvilhar o cinzento, estavam umas fotos pequenas coladas entre riscos quase tags e tags quase riscos. Era o Yazalde, o Livramento, o Cristiano Ronaldo ainda miúdo, o João Mário já patrão, os festejos da Taça de 1995 e alguns outros e outra que não reconheci, mas que têm o equipamento verde e branco. Ela corredora do nosso histórico atletismo, eles, pela imagem, parecem dos anos 1960 (pode ser o Mário Lino, ou o Morais, ou o Osvaldo Silva ou o Hilário — tenho que ir lá confirmar). Não interessa, na verdade. São jogadores captados nos mesmos movimentos que os jogadores têm desde o início dos tempos da bola e que os meus avós coleccionaram nos papéis dos rebuçados, que os filhos deles viram nos jornais e, ocasionalmente, na televisão. Os mesmos que eu colei nas paredes, recortados de revistas e jornais, antes de bandas lhes tomarem o lugar. “Parecem aqueles recortes e colagens que fazemos dos nossos ídolos na adolescência”, escreveu a João. Era exactamente isso e foi a isso que me agarrei naquele dia. A umas pequenas imagens de jogadores de verde e branco, tão bonitos e solares, discretos numa parede tão feia. Perante o que aconteceu ao longo da semana, perante o que ouvi durante a final, é a elas que volto para me preservar, para preservar o Sporting que é o meu e que quero que continue a ser o meu. Neste momento, resta-me isso: pequenas imagens a brilhar um pouco numa grande parede tão feia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra violência campo vergonha aves
Podcast Planisférico: Tartarugas ninja, amarrações e a táctica de Pelé
O sexto episódio do podcast do Planisférico viaja pelo sobrenatural, pelo iminente regresso de Freddy Adu e pelos filmes de futebol. (...)

Podcast Planisférico: Tartarugas ninja, amarrações e a táctica de Pelé
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O sexto episódio do podcast do Planisférico viaja pelo sobrenatural, pelo iminente regresso de Freddy Adu e pelos filmes de futebol.
TEXTO: Nem há um mês o Real Madrid ganhou a Liga dos Campeões e já se joga futebol na Europa. Sim, são as pré-eliminatórias da Champions e da Liga Europa, os nossos jogos preferidos de toda a temporada e oportunidade rara para ver em acção equipas de Gibraltar, de Malta e do Kosovo. O sexto episódio do podcast Planisférico não podia deixar passar em claro este momento, assim como não deixou passar em claro a influência do sobrenatural no futebol e de como se podem manipular as forças ocultas para a bola entrar mais vezes na baliza do adversário. Também falamos de algo que desafia a lei natural do futebol, a história do Sacachispas, um clube argentino que existiu primeiro nas páginas de um livro e na tela do cinema antes de ser uma equipa de futebol. Leia o livro, veja o filme, vá ao estádio. Por falar em filmes, não há uma tradição brilhante nas relações do cinema com o futebol. Mas há o Fuga para a Vitória, com Sylvester Stallone na baliza, Michael Caine a médio centro e Pelé na frente. Contra os nazis, a táctica é simples: passem-lhe a bola. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O novo Pelé é que nunca teve uma carreira no cinema e é discutível se voltará a ter carreira no futebol. Freddy Adu não está na Suécia e não voltou ao futebol, mas voltou a Twitter para responder às perguntas dos fãs. E revela tudo o que sempre quisemos saber sobre ele. O podcast Planisférico também está disponível no iTunes e nas apps para podcasts.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei
Caçador de veados condenado a ver o filme Bambi repetidamente
Pelo menos uma vez por mês, durante todo o tempo em que estiver preso, David Berry Jr deverá ver o filme da Disney. (...)

Caçador de veados condenado a ver o filme Bambi repetidamente
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pelo menos uma vez por mês, durante todo o tempo em que estiver preso, David Berry Jr deverá ver o filme da Disney.
TEXTO: Um caçador furtivo do estado do Missouri, Estados Unidos, foi condenado a uma pena de prisão de um ano e quatro meses pela caça ilegal de veados. Mas a condenação tem algo de inusitado: a Justiça determinou que David Berry Jr visse o filme da Disney Bambi uma vez por mês durante todo o período da sua sentença. Juntamente com outros membros da sua família, David Berry Jr foi o responsável pela caça ilegal de centenas de veados, num dos maiores casos de caça furtiva da história recente do estado norte-americano. As licenças de caça do pai e dos dois irmãos de David foram revogadas, assim como a de outro homem que os ajudava a caçar. No total, a família já pagou 51 mil dólares (quase 45 mil euros) em multas e custos com advogados e tribunal. “Os veados eram troféus caçados ilegalmente, maioritariamente à noite, pelas suas cabeças, deixando os corpos dos animais para trás”, disse o procurador-geral do Condado de Lawrence, Don Trotter, à agência Associated Press. "Levar só as cabeças é a versão deles de obter um 'troféu' e deixar a carcaça para trás é apenas um pensamento secundário. Há alguns casos de caçadores que vendem os chifres para o lucro, mas com este grupo era mais pelo prazer da matança", explicou Randy Doman, director da divisão de protecção do Departamento de Conservação do Misouri, citado pelo jornal Springfield News-Leader. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A juntar à pena de prisão, o juiz Robert George tinha uma surpresa preparada. O caçador furtivo deverá ver o filme Bambi durante o tempo que estiver preso, “com o primeiro visionamento a começar a 23 de Dezembro de 2018 e com pelo menos um visionamento a cada mês depois disso”, cita a AP. O pai e o irmão, Kyle Berry, também estão presos desde Agosto, na sequência de uma investigação a grande escala que durou mais de nove meses, com casos registados no Kansas, Nebrasca e Canada. O Departamento de Conservação do Missouri acrescenta que a investigação levou a que 14 residentes daquele estado fossem alvo de mais de 230 acusações em 11 condados. A família Berry já estava a ser investigada desde o final de 2015, altura em que a agência de conservação recebeu uma pista anónima sobre a caça furtiva de veados no condado de Lawrence.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave tribunal prisão homem ilegal
Pterossauros também tinham vários tipos de penas (tal como os dinossauros)
Depois de analisarem o revestimento de dois pterossauros descobertos na China, os cientistas consideram que as penas surgiram ainda antes do aparecimento dos dinossauros. (...)

Pterossauros também tinham vários tipos de penas (tal como os dinossauros)
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Depois de analisarem o revestimento de dois pterossauros descobertos na China, os cientistas consideram que as penas surgiram ainda antes do aparecimento dos dinossauros.
TEXTO: Como seriam os dinossauros e os pterossauros há milhões de anos? Esta questão tem vindo a ser respondida ao longo do tempo, mas ainda há muitos mistérios por desvendar. Agora, uma equipa internacional de cientistas dá-nos uma resposta sobre o revestimento dos pterossauros, répteis voadores que viveram na Terra na mesma altura dos dinossauros. Viu-se – através de técnicas de microscopia e espectrografia – que o seu revestimento era formado pelo menos por quatro tipos de penas diferentes, que também foram encontradas nos dinossauros. Os pterossauros viveram entre há 230 milhões e 66 milhões de anos lado a lado com os dinossauros (que surgiram e desapareceram por volta da mesma altura). Estes répteis terão sido os primeiros vertebrados adaptados ao voo activo, ou seja, a bater as asas. Há muito tempo que se suspeitava que os pterossauros tinham um tipo de pêlo no seu revestimento chamado “picnofibras” – estruturas tegumentares que revestiam a pele ou as penas. Mas não se sabia se este revestimento se se assemelhava mais à cobertura dos mamíferos ou às penas das aves, que descendem de dinossauros. Suspeitava-se ainda que os pterossauros não tinham penas como as das aves e dos dinossauros. “Os pterossauros foram os primeiros vertebrados a conseguir um verdadeiro voo activo, mas na falta de representantes vivos muitas questões relativas à sua biologia e estilo de vida permaneciam por resolver”, indicam os cientistas no artigo científico publicado esta segunda-feira na revista Nature Ecology & Evolution. Para se saber mais sobre os pterossauros, analisaram-se dois exemplares da família Anurognathidae que viveram entre há 160 milhões e 165 milhões de anos. Ambos os espécimes estavam quase completos, tinham tecidos moles extensos e foram descobertos no Nordeste da China: um na localidade de Mutoudeng e o outro em Daohugou. “Já sabíamos que estes sítios tinham fornecido excelentes exemplares de pterossauros com picnofibras preservadas e que podíamos aprender mais através de um estudo rigoroso”, diz Baoyu Jiang, da Universidade de Nanjing (China) e um dos autores do estudo, num comunicado sobre o trabalho. E como se fez esse estudo? “Explorámos cada pormenor dos exemplares usando microscópios muito poderosos e descobrimos muitos exemplos de todos os seus [pelo menos] quatro tipos de penas”, revela outro autor do estudo, Zixiao Yang, também da Universidade de Nanjing. Observou-se ainda que esses quatro tipos de penas eram diferentes. Ambos os exemplares tinham um tipo de filamentos simples sobretudo na cabeça, no pescoço, ombros, tronco, membros e cauda. Depois, existiam ainda outros três tipos de filamentos com ramificações: os filamentos com feixes na extremidade, encontrados no pescoço ou nas zonas perto da cauda de um dos espécimes; filamentos com tufos a meio desse filamento, descobertos na cabeça de um exemplar; e penugem, presente na membrana das asas dos dois exemplares. Já Maria McNamara, da Universidade College de Cork (Irlanda) e também autora do artigo, refere ainda que se viu que os pterossauros tinham melanossomas, organelos de cor que estão no interior da estrutura das penas e do cabelo das aves modernas e mamíferos, que armazenam pigmentos de melanina e são responsáveis pelos tons de negro, cinzento, laranja e castanho. A cientista afirma que estes melanossomas “podem ter dado às asas com penugem [dos pterossauros] uma cor arruivada. ” E Baoyu Jiang compara: “Os pterossauros tinham estruturas de penugem como as das galinhas. ”Ao compararem os quatro tipos de penas com os dos dinossauros, a equipa concluiu que dois grandes grupos de dinossauros (os terópodes, que incluem os antepassados das aves, e os ornitísquios, que eram herbívoros), também possuíam esses tipos de penas. E verificou-se que as aves modernas – que têm penas com um eixo e barbas dos dois lados (para o voo avançado e estabilização) só encontradas nos terópodes –, também possuem filamentos simples e penugem como os pterossauros e os dinossauros. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Não conseguimos encontrar qualquer prova anatómica de que os quatro tipos de picnofibras [dos pterossauros] são diferentes das penas das aves e dos dinossauros”, refere Michael Benton, paleontólogo da Universidade de Bristol (Reino Unido) e outro dos autores do trabalho. “Portanto, se são iguais, devem partilhar uma origem evolutiva há 250 milhões de anos, muito antes do surgimento das aves. ” Baoyu Jiang sugere que houve um antepassado comum entre os dinossauros e os pterossauros que fez com que tivessem estes tipos de penas: o arcossauro (do grupo arcossauria, que inclui crocodilos e aves). Desta forma, a origem das penas recua 70 milhões de anos, passando de 180 milhões para 250 milhões de anos. “Esta descoberta tem implicações fantásticas para a nossa compreensão sobre a origem das penas, mas também para entendermos um grande tempo de revolução da vida na Terra”, considera Michael Benton. Tal como explica o paleontólogo, quando as penas surgiram – há 250 milhões de anos – a vida estava a recuperar da extinção em massa do final do período Pérmico. “A procura de penas em fósseis está a aquecer e encontrar as suas funções em formas tão antigas é imperativo. Isso pode reescrever a nossa compreensão de uma das maiores revoluções da vida na Terra durante o Triásico [período entre há 250 e 200 milhões de anos] e também a nossa compreensão da regulação genómica das penas, escamas e pêlos na pele”, diz Michael Benton. Afinal, além de tornar os pterossauros mais bonitos, os vários tipos de revestimento podem ter papéis fundamentais na regulação do calor, sensibilidade táctil, camuflagem ou aerodinâmica destes répteis voadores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro estudo extinção aves
Lee Berger: “O humano é provavelmente o animal mais perigoso que já viveu neste planeta”
O paleoantropólogo norte-americano tem explorado as grutas da África do Sul e já descobriu lá uma nova espécie de australopiteco e de humano. É um dos convidados para a conferência, em Lisboa, que assinala os 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães e os 50 anos da chegada do homem à Lua (...)

Lee Berger: “O humano é provavelmente o animal mais perigoso que já viveu neste planeta”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -0.03
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O paleoantropólogo norte-americano tem explorado as grutas da África do Sul e já descobriu lá uma nova espécie de australopiteco e de humano. É um dos convidados para a conferência, em Lisboa, que assinala os 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães e os 50 anos da chegada do homem à Lua
TEXTO: Lee Berger tem estado por detrás de importantes descobertas de hominídeos na África do Sul. Em 2010, o paleoantropólogo norte-americano anunciou uma nova espécie de australopiteco, o Australopithecus sediba, que tinha muitas características em comum com os primeiros representantes do nosso género, o Homo. Já em 2015, revelou que a sua equipa tinha encontrado uma nova espécie de humanos já extinta, o Homo naledi.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos género espécie
Morreu Roger, o canguru musculado que abanou a Internet
O canguru australiano conhecido pelos músculos morreu este fim-de-semana de causas naturais. O anúncio foi feito por Chris Barnes, gerente do santuário onde Roger vivia. (...)

Morreu Roger, o canguru musculado que abanou a Internet
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: O canguru australiano conhecido pelos músculos morreu este fim-de-semana de causas naturais. O anúncio foi feito por Chris Barnes, gerente do santuário onde Roger vivia.
TEXTO: "Perdemos o nosso menino bonito Roger", anunciou este sábado, no Facebook, Chris Barnes, dono do Santuário de Cangurus, em Alice Springs, na Austrália. O canguru vermelho, conhecido pelo seu aspecto físico — dois metros, 89 quilos e muitos músculos —, morreu de causas naturais, aos 12 anos, no refúgio onde morava desde que foi resgatado por Barnes, ainda em cria, após a morte da sua mãe. Foi em 2015 que os holofotes se viraram para Roger, após ter sido partilhada uma fotografia onde o canguru exibia um balde de metal esmagado com as suas próprias patas. Durante muitos anos foi o macho alfa do santuário e era detentor de um vasto leque de esposas, relembra Barnes, no mesmo vídeo partilhado no Facebook. "Cresceu e tornou-se num canguru que pessoas de todo o mundo passaram a amar tanto como nós", refere o gerente. Apesar dos cangurus vermelhos poderem viver até aos 22 anos no seu habitat natural, em cativeiro a média é de 16, 3 anos. Roger tinha 12, mas sofria de perda de visão e artrite e acabou por não resistir. Barnes garante que o animal viveu "uma longa e feliz vida" e que será sempre amado e lembrado. O tratador deixou a última foto de Roger, tirada "poucos dias antes de morrer", onde se vê o animal relaxado a descansar no santuário. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A morte de Roger já provocou reacções nas redes sociais. A agência de turismo australiana partilhou uma foto do canguru no Instagram, onde o apelidou de "verdadeiro ícone".
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