Câmara e Turismo de Portugal desentendem-se por causa de semana tauromáquica
Autarquia considera-se “desrespeitada” e rejeita eventuais posições pessoais antitauromaquia. Turismo de Portugal garante que não tomou qualquer atitude contra a tauromaquia e que, tal como acontece com outras manifestações culturais portuguesas, pode apoiar eventos taurinos. (...)

Câmara e Turismo de Portugal desentendem-se por causa de semana tauromáquica
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Autarquia considera-se “desrespeitada” e rejeita eventuais posições pessoais antitauromaquia. Turismo de Portugal garante que não tomou qualquer atitude contra a tauromaquia e que, tal como acontece com outras manifestações culturais portuguesas, pode apoiar eventos taurinos.
TEXTO: A Câmara de Vila Franca de Xira foi surpreendida, no final de Junho, com uma comunicação por email de um técnico do Turismo de Portugal que exigia a retirada do símbolo deste instituto do leque de entidades que apoiavam a Semana da Cultura Tauromáquica, evento organizado pela autarquia há 29 anos consecutivos. O município pediu esclarecimentos ao Governo e ao presidente do Turismo de Portugal e considera “inaceitável” que alguma eventual posição pessoal contra a tauromaquia tenha motivado esta atitude de “desrespeito” institucional. O Turismo de Portugal garante, por seu turno, que não tomou qualquer posição contra a tauromaquia mas que o seu logótipo só deve ser utilizado em iniciativas próprias ou onde está envolvido como parceiro. Certo é que tudo terá resultado de uma queixa de uma plataforma antitaurina, que questionou o Turismo de Portugal sobre o envolvimento deste instituto público na XXIX Semana da Cultura Tauromáquica, que a câmara vila-franquense promoveu de 29 de Junho a 5 de Julho. A iniciativa integra exposições, colóquios, concurso de recortadores, treinos de jovens aspirantes a toureiros e de forcados, novilhada, pintura e vários eventos com tertúlias tauromáquicas. Depois disto, o município recebeu um email de um técnico superior do TP, que exigia a retirada do símbolo do Turismo de Portugal dos materiais de divulgação da Semana da Cultura Tauromáquica. A câmara reagiu e enviou um extenso ofício de quatro páginas ao presidente do TP, Luís Araújo, ao primeiro-ministro e aos ministros da Economia e da Administração Interna. Alberto Mesquita, autarca socialista que preside à câmara, considera “estranha” e “institucionalmente inadequada” a forma como um técnico do Turismo de Portugal remeteu um email ao município para “exigir a retirada dos logótipos institucionais daquele instituto público”. O presidente recorda, ao longo de 29 anos, o município sempre colocou nos cartazes o logótipo institucional da entidade administrativa pública com jurisdição nacional no domínio do turismo sem que houvesse reacção. Na sua opinião, a inserção do logótipo do TP constitui, em primeiro lugar, uma cortesia e deferência institucional, tendo em conta “a relevância e a projecção nacional e internacional da Semana da Cultura Tauromáquica e o seu impacto ao nível do turismo”, com “a presença de muitos turistas estrangeiros que tomam parte neste evento e participam, de seguida, no Colete Encarnado, a mais emblemática festa do Ribatejo”. Em segundo lugar, “sendo a tauromaquia um elemento fundamental da identidade cultural de Portugal, da sua história e das suas tradições e costumes, cujos eventos, nomeadamente a Semana da Cultura Tauromáquica, revestem impacto positivo na promoção e projecção turística dos concelhos, das regiões e do país, não se vislumbra nem se expecta que a entidade estadual de turismo, com jurisdição nacional, se oponha a tal uso, como nunca se opôs, sendo a situação presente, no ano em curso, completamente inédita, inusitada e infundamentada”, lamenta o autarca. Alberto Mesquita considera, por isso, que a atitude do técnico do TP “concretiza uma grave desconsideração institucional do Turismo de Portugal em relação ao município de Vila Franca de Xira e aos seus órgãos democraticamente sufragados, que consideramos totalmente inaceitável”. E acrescenta que cabe “ao Estado defender, proteger, promover, divulgar, valorizar e apoiar essa herança a tradição” tauromáquica. Alberto Mesquita deu conhecimento aos vereadores desta sua carta na sessão camarária do passado da semana passada. Regina Janeiro, vereadora da CDU, manifestou o seu apoio à posição do executivo camarário, mas defendeu que o presidente da câmara não se deveria limitar a enviar este ofício, antes deveria abordar directamente o assunto com o presidente do TP. “Estes problemas não se resolvem por ofício. Percebemos que houve desrespeito pela câmara, mas pensamos que o senhor presidente deveria contactar o TP para perceber o que aconteceu”, referiu. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fonte oficial do Turismo de Portugal assegurou, por seu turno, em resposta ao PÚBLICO, que não há neste caso qualquer tipo de posição contra a tauromaquia. “Cabe-nos informar que o logótipo do Turismo de Portugal tem um carácter exclusivamente institucional, sendo a sua utilização apenas possível na comunicação deste organismo, em acções promocionais e eventos organizados pelo próprio instituto, patrocinados ou desenvolvidos em parceria. A cedência a outras entidades pode ainda acontecer no caso de se tratar de um apoio financeiro ou no âmbito de publicitação de programas dos incentivos concedidos ao abrigo dos fundos estruturais”, explica fonte do Turismo de Portugal, frisando que a Semana da Cultura Tauromáquica de Vila Franca de Xira “não se encontra abrangida por nenhuma destas situações, motivo pelo qual foi solicitada a cessão da utilização do logótipo”. O Turismo de Portugal garante, todavia, que “isto não significa qualquer tomada de posição em relação a eventos tauromáquicos em particular, que, tal como muitas outras manifestações culturais portuguesas, podem ser alvo de apoio do Turismo de Portugal desde que, após análise por parte da equipa técnica do Turismo de Portugal, sejam consideradas relevantes, contribuindo de forma evidente para a promoção de Portugal enquanto destino turístico ou para o desenvolvimento local e regional do sector do turismo”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura
Panda Bear tem novo álbum e concertos em Portugal
Álbum sai em Janeiro. Concertos em Lisboa e Braga em Março. (...)

Panda Bear tem novo álbum e concertos em Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Álbum sai em Janeiro. Concertos em Lisboa e Braga em Março.
TEXTO: O músico americano Noah Lennox, mais conhecido por Panda Bear, e por integrar o grupo Animal Collective, vai lançar novo álbum a solo em Janeiro. O disco chama-se Panda Bear Meets The Grim Reaper e conta com produção de Peter “Sonic Boom” Kember, fundador do grupo Spacemen 3, que trabalhou também num anterior disco de Panda Bear, Tomboy. O single de avanço do álbum, Mr. Noah, pode ser escutado em baixo. O novo álbum terá apresentação portuguesa em Março, em dois concertos. São eles, a 11 de Março, no Teatro Maria Matos em Lisboa, e a 12 de Março, no espaço GNRation, em Braga. O músico americano vive em Lisboa de há uns anos a esta parte. Aliás o novo álbum foi gravado entre Lisboa e El Paso, no Texas, e inclui um tema intitulado Príncipe Real, numa alusão aquela zona da capital portuguesa. Recorde-se que, em 2011, o músico dos Animal Collective gravou, no disco Tomboy, a canção Benfica. A solo, ou com os Animal Collective, o músico americano tem-se afirmado como um dos autores mais influentes do panorama musical actual, depois da aclamação com Person Pitch (2007) e Tomboy (2011).
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave animal
O ano começa com um esplêndido arco-íris traçado por Panda Bear
Ele diz que é como se o novo álbum constituísse o encerrar de uma trilogia que reflecte a sua vida em Lisboa ao longo de dez anos. Já houve a excitação da novidade e a desaparição dessa sensação. Agora, em Panda Bear Meets The Grim Reaper, o americano Noah Lennox diz que é tempo de aceitar e de apreciar o que foi descobrindo na cidade. (...)

O ano começa com um esplêndido arco-íris traçado por Panda Bear
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.833
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ele diz que é como se o novo álbum constituísse o encerrar de uma trilogia que reflecte a sua vida em Lisboa ao longo de dez anos. Já houve a excitação da novidade e a desaparição dessa sensação. Agora, em Panda Bear Meets The Grim Reaper, o americano Noah Lennox diz que é tempo de aceitar e de apreciar o que foi descobrindo na cidade.
TEXTO: É um dos álbuns mais aguardados deste início de ano. Panda Bear Meets The Grim Reaper, quinto disco a solo de Noah Lennox para lá do grupo Animal Collective, sai já no próximo dia 12. Trata-se de mais uma obra magnífica de Panda Bear. Mais solar que o anterior Tomboy (2011) e tão assente na bricolagem sonora de contornos pop como Person Pitch (2007), com letras que examinam as relações humanas a partir dessa ideia central de que morremos e renascemos várias vezes ao longo da existência. É um esplêndido arco-íris aquele que nos dado a ver, uma folia psicadélica que desmascara cores atrás de cores, num efeito de encanto multidimensional. É um álbum de canções beatíficas, possuídas por uma lógica interna precisa, apesar das ondas sonoras abstractas que as envolvem, e por cânticos comunitários que nascem serenamente a partir de mil sons. No ano passado, os Daft Punk foram resgatar a sua voz para uma das canções do seu último álbum e não foi por acaso. Ritmos, melodias e ruídos estão mais apurados do que nunca, formando uma pop electrónica caleidoscópica, mas é ainda a sua voz celestial, trabalhada pelo meio dos ecos e das reverberações, que continua a fascinar. A 11 de Março, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, e a 12, no GNRation de Braga, haverá concertos. Em Lisboa, onde já vive há quase dez anos, vindo de Nova Iorque, via Baltimore, a cidade natal, falámos com ele. De que maneira é que estar aqui a reflectir e a discorrer sobre o seu novo álbum, pouco tempo depois de o ter finalizado, transforma a relação que teve com o mesmo?Transforma muito. É engraçado porque, quando estou a criar, executo a maior parte das decisões de forma instintiva. Mas depois, neste processo de falar sobre o que foi feito, vou-me interrogando e acabo por compreender muitas coisas para as quais não tinha resposta, porque também não as procurei, é certo. O processo de entrevistas é curioso. Tento não me repetir nas respostas e acabo por ir escavando mais fundo. E é interessante perceber que por trás daqueles movimentos intuitivos existia uma razão que não entrevia à primeira vista. Acaba por ser uma forma de autoconhecimento. E nunca partiu para um álbum ao contrário, principiando com um conceito definidor e a meio do processo essa ideia acabar por sofrer uma grande transformação?Sim, também já me aconteceu. É muito raro ter a antevisão de qualquer coisa e no final do processo o resultado acomodar-se a essa fantasia inicial. Existem sempre aspectos dessa ideia inaugural que se mantêm, mas muitos desses elementos perdem-se pelo caminho porque concluo que não funcionam. Normalmente começo por alguns objectivos pré-determinados, penso em algumas ideias, imagino o equipamento que vou usar, o tipo de canções que quero compor, quais os assuntos sobre os quais quero escrever e os títulos das canções e do álbum. E depois algumas dessas coisas chegam ao fim e outras não. É como atirar conceitos, imagens e sonhos para uma parede branca e a partir daí ir criando qualquer coisa que faça sentido. É mágico quando começamos com um motivo, ele se desenvolve imprevistamente e acaba por fazer sentido no fim. No caso específico do novo álbum existiu algum momento definidor que acabou por contaminar o resto do processo?Tudo começou com motivos rítmicos e com elementos percussivos. Isso ditou em grande medida todo o restante processo de composição das canções e até o seu carácter final. Por norma gosto de me colocar em situações de algum desconforto e onde não tenha total controlo sobre os procedimentos, dessa forma colocando-me em causa. Acaba por ser uma maneira de não me repetir. Nos primeiros seis meses de cada canção trabalho apenas padrões rítmicos e alguns elementos sonoros, de forma a criar um ambiente para as cadências iniciais. É quase como ir adicionado peças de Lego até chegar à estrutura da canção. Depois vou ouvindo com insistência o que criei para adicionar as partes vocais no final do processo. Fala mais como um escultor de ambientes, um criador de climas e tensões, do que propriamente como compositor convencional de canções. Como é que se vê a si próprio?Algumas pessoas têm um cuidado especial com as palavras, outras com os ingredientes instrumentais. Tento encontrar um equilíbrio entre as duas dimensões, mas ter começado como baterista acabou por ter um papel muito definidor no meu percurso. A minha aproximação às canções é materializada a partir do ritmo. A minha forma de cantar, e as palavras, acabam por conter também um apelo rítmico, encaixando-se nele. Aquando do lançamento do álbum Person Pitch referia que os Nirvana ou Frank Sinatra haviam sido uma inspiração. Mas depois ouvia-se o álbum e essas referências não era facilmente descortináveis. Agora diz-se marcado por algum hip-hop dos anos 1990 mas isso também não é muito perceptível. São pontos de partida, instintos, elementos que vou recolhendo sem crivo. Gosto de um certo caos. De maneira nenhuma são tentativas de fazer à maneira deste ou daquele. Mas é verdade que alguns elementos rítmicos deste álbum são muito inspirados no tipo de produção utilizada em algum material de DJ Premier, Pete Rock, 9th Wonder ou Jay Dee. Neste álbum voltou a trabalhar com Peter Kember (Sonic Boom) na co-produção. Como descreveria essa relação?Tanto eu como ele gostamos de reduzir as coisas aos seus mais vitais elementos. Nesse sentido estamos no mesmo comprimento de onda, o que ajuda. As nossas aptidões são diferentes, embora se complementem. Eu tenho uma relação mais imediata com a música, sou sensível aos aspectos mais emocionais, enquanto ele consegue ser mais clínico e ter uma perspectiva mais detalhada dos sons. Funcionamos bem assim. Estava um pouco receoso de voltar a trabalhar com ele, não porque não tivesse sido óptimo da primeira vez, mas porque tenho a preocupação de não me repetir e isso poderia acontecer. Mas depois de ter composto algumas canções percebi de imediato que o material era muito diferente e tê-lo envolvido no processo, muito mais cedo do que da primeira vez, foi esclarecedor. Dizia que necessita de se reinventar sonicamente de álbum para álbum, obrigando-se a pôr-se em causa. No caso das letras das canções também precisa desse desafio? Escreve com facilidade ou é qualquer coisa que lhe é trabalhosa?Foi mais fácil desta vez do que em muitas circunstâncias do passado. Antes usava a introspecção como ferramenta, na esperança de escrever qualquer coisa que fosse apreensível ou útil para alguém, no sentido de gerar um efeito de identificação. Quase como um diário. Mas recentemente – apesar de achar que a introspecção pode ser algo de bom – comecei a colocar essa ideia em cheque, porque existe uma linha divisória que é facilmente ultrapassável e a introspecção pode transformar-se em narcisismo. Ser pai de dois filhos acabou por me tornar também menos autocentrado. No caso deste disco senti que estava a escrever sobre coisas que não eram apenas minhas. Eram coisas mais globais ou universais. E por causa disso não tive tanto receio de me expor. No passado sentia algum receio em revelar coisas sobre mim próprio, mas desta vez senti-me muito mais livre e descomprometido. Todos os seus álbuns se jogam numa dupla dimensão, com canções intimistas, mas também com qualquer coisa de celebração comunitária. Neste disco não é diferente. Mesmo baladas ambientais como Tropic of cancer ou Lonely wanderer têm um lado mágico e luminoso, afastando-se do posicionamento mais sombrio do anterior. Como é que o vê?É um álbum de paradoxos. O disco anterior era mais austero. Neste caso, logo a partir do título do disco, quis desfazer isso, como se fosse uma personagem de BD, com qualquer coisa de grotesco, de difícil digestão, mas também com qualquer coisa de divertido e burlesco. Gosto de pensar que as canções conseguiram captar essa dupla dimensão. Admiro música séria que consegue ser divertida. Foi por aí. Afirmou que o álbum espelha também o facto de já não ser um adolescente. Nesse sentido constituiu um olhar retrospectivo sobre a sua vida, agora, que está com 36 anos?Olho para ele mais como uma metáfora, uma espécie de visão ou de sonho. É como se até aqui tivesse subido de forma contínua até ao cimo da colina e não vislumbrasse o resto da montanha, quase como se não fosse real, mas soubesse que ela está lá. Agora sinto que estou no cimo da montanha, com suficiente visibilidade para descortinar o caminho que já percorri, olhando lá para baixo. É a primeira vez que não estou ansioso para trepar, o que não é necessariamente mau, mesmo estando expectante para ver o que se passa do outro lado. Na mitologia do rock & roll os vintes são encarados como uma idade mais conflituosa, talvez porque é uma fase de afirmação, as expectativas são mais elevadas e a gestão das frustrações é mais complexa. Talvez não seja um acaso que, de Nick Drake a Kurt Cobain, passando por Ian Curtis, exista uma galeria infindável de suicidas nessas idades. Agora que já passou os 30, como é que olha para essa mitologia?Só posso falar por mim, mas parece-me que as coisas são diferentes quando se está nos 20 ou nos 30. Quando olho para trás sinto que foi um trajecto difícil e quando olho para frente resigno-me, ou aceito, que não continuarei em ascensão infinita. Há uma altura em que pensamos que as coisas irão sempre melhorar, ser maiores, mas nem sempre é assim e há que saber lidar com isso. Há que aceitar que a vida não é um crescendo contínuo e que se morre e renasce – metaforicamente – muitas vezes. Algumas das experiências mais intensas que temos são como uma espécie de morte e digo-o sem nenhuma conotação negativa. Mais uma vez, ter filhos, dá-nos outra perspectiva sobre esse tipo de coisas. Descentramo-nos e percebemos que existem outras pessoas à volta, que atribuem outra feição à nossa existência. A lógica da vida – ir à escola, arranjar um emprego, enfim, esse tipo de coisas – não se transforma, mas deixamos de ser o único centro. E esse descentramento é bom. Talvez essas transições sejam mais fáceis para mim porque me habituei a elas. Ser pai é uma grande transição. Instituiu um antes e um depois. Mas mudar de Nova Iorque para Lisboa, como fez, apesar de viajar muito pelo mundo, é também uma grande mudança. Teve consciência disso há dez anos?Vir para aqui teve qualquer coisa de renascimento, sem dúvida. Forçou-me a desenvolver uma outra auto-imagem, como se tivesse de recriar a minha identidade. Fui forçado a adaptar-me e a envergar uma roupa nova. Em muitos momentos da vida esses momentos de transição acontecem – depois de uma separação dolorosa, depois de se ter um filho, depois de alguém querido ter morrido –, alterando a nossa paisagem emocional e forçando-nos a uma restruturação enquanto indivíduos. Mudar para aqui foi uma grande mudança. Ainda não estou em condições de dizer que esse processo se completou, e que o círculo se fechou, mas é como se este álbum completasse uma trilogia do tempo que vivo aqui. O primeiro reflectia a excitação da novidade. O segundo espelhava o desaparecimento desse sentimento de novidade. E o terceiro é a aceitação, a apreciação e, de alguma forma, a reapropriação de uma série de coisas que fui descobrindo por aqui. Nos últimos dez anos a própria cidade mudou muito. Numa das canções, Príncipe Real, discorre sobre o bairro do mesmo nome, que é uma dessas zonas de Lisboa em mutação. É verdade e essa zona é um bom exemplo. A grande mudança deve-se ao turismo, com coisas boas e más. Por um lado significa receitas para a cidade, por outro também, de alguma maneira, a perda da sua alma. É um equilíbrio difícil. Mas os bairros de Lisboa são muito diferentes entre si, cada um com a sua personalidade vincada. Se quiser fugir do Chiado, por exemplo, consigo-o sem dificuldade, porque existem muitos outros bairros. Não sinto que a cidade se tenha desencontrado neste movimento, mas sem dúvida que se foi transfigurando. Tem rituais muito precisos na cidade ou nem por isso?Tenho uma vida normal. De manhã levo os miúdos à escola, volto a casa, vejo e-mails pela manhã e volto a eles depois de almoço, porque recebo uma nova remessa dos EUA por causa das diferenças horárias. Vejo também os resultados do basquetebol e vou a alguns sítios da Internet. E depois depende: tenho sempre um projecto a decorrer, uma remistura, ou uma canção, ou qualquer coisa desse género, e entrego-me a isso. Trabalho umas horas, volto à escola para buscar os miúdos, volto a ver e-mails e janto. Não sou grande coisa na cozinha, mas gosto de cozinhar. Depois ponho os miúdos na cama, relaxo com a minha mulher e vou para a cama…[risos]. Numa entrevista há uns anos disse que se sentia dividido em relação à experiência do palco. Podia ser prazenteira mas também angustiante. Imagino que, a solo, ainda poderá sê-lo mais do que no seio do seu grupo. Ainda vive as coisas assim?Na maior parte das vezes quando acabo um concerto o sentimento predominante é de alívio, mais do que qualquer outra coisa…[risos]. Pode ser prazenteiro, sim. Quando a música começa sinto prazer, mas é sempre uma batalha entre as condições existentes, algum medo e muita ansiedade. Andar em digressão resulta quase sempre numa atmosfera emocional complicada, com perturbação e pressão. Mas existem bons sentimentos, claro. E acima de tudo perpassa uma boa energia quando se está perante um grupo de pessoas que nos quer ver. Mas por norma fecho os olhos em palco, vejo sombras à minha frente, e rezo para que tudo corra bem, até ao alívio final.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Japão vai "aumentar os esforços" para retomar a caça à baleia
Primeiro-ministro defende posição do país, apesar de interdição recente do seu programa de capturas para fins científicos na Antárctida. (...)

Japão vai "aumentar os esforços" para retomar a caça à baleia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Primeiro-ministro defende posição do país, apesar de interdição recente do seu programa de capturas para fins científicos na Antárctida.
TEXTO: O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse nesta segunda-feira que vai fazer todos os esforços para retomar a caça à baleia, proibida por uma moratória internacional e também por uma decisão recente do Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas. “O meu objectivo é retomar a caça comercial através de programas de investigação sobre os cetáceos, de modo a obter dados científicos necessários à gestão dos recursos baleeiros”, disse Shinzo Abe perante uma comissão parlamentar, em Tóquio, citado pela AFP. Nas palavras do primeiro-ministro estão duas facetas da posição japonesa quanto à caça à baleia - a comercial e a científica. O país está abrangido por uma moratória determinada em 1986 pela Comissão Baleeira Internacional (CBI) quanto à caça comercial. Na prática, nenhum país pode capturar baleias com intuito de vender a sua carne ou outros sub-produtos. O Japão tem tentado, ao longo dos anos, reverter a moratória, reintroduzindo a caça comercial. Mas até agora não conseguiu o apoio de um número suficiente de países, entre os que estão representados na CBI. Mesmo assim, a frota de pesca japonesa caçou milhares de baleias desde 1987, valendo-se de uma abertura da CBI quanto à captura para fins científicos. Criticados por muitos como uma forma encapotada de caça comercial, os programas científicos do Japão sofreram um rude golpe em Março passado. Num processo intentado pela Austrália, o Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, ordenou às autoridades japonesas que cancelassem todas as licenças para a caça científica nos mares da Antárctida. O tribunal considerou que o número de baleias caçadas não justificam os parcos resultados propriamente científicos do programa. O Japão cumpriu a deliberação e cancelou o seu programa para 2014/2015, embora mantenha a caça no Pacífico Noroeste, numa escala bem menor à da Antárctida. Agora, o primeiro-ministro diz que vai fazer tudo para retomar a caça comercial. “Vou nomeadamente aumentar os esforços para que a nossa posição seja compreendida pela comunidade internacional”, disse esta segunda-feira. “É lamentável que este aspecto da cultura japonesa não seja compreendido”, completou.
REFERÊNCIAS:
Baleia rara deu à costa em S. Martinho do Porto
Animal tem cerca de cinco metros. (...)

Baleia rara deu à costa em S. Martinho do Porto
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.3
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Animal tem cerca de cinco metros.
TEXTO: Uma baleia de bico, uma espécie rara na costa portuguesa arrojou na praia de S. Martinho do Porto, em Alcobaça, onde está a está a ser estudada pelo Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios (CRAM). “Trata-se de uma baleia-bicuda-de-cuvier (Ziphius cavirostris), um animal que só existe normalmente em águas profundas, pelo que é muitíssimo raro acontecerem arrojamentos na costa portuguesa”, explicou Marisa Ferreira, do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios (CRAM). O animal, com cerca de cinco metros de comprimento, deu na quinta-feira à costa, na praia de S. Martinho, tendo as autoridades marítimas julgado, inicialmente, “que seria um cachalote, uma vez que nesta altura do ano é normal aparecerem animais mortos”, afirmou Lourenço Gorricha, comandante do Porto da Nazaré. A “necropsia” (autópsia) efectuada nesta sexta-feira de manhã pelos técnicos do CRAM revelou, no entanto, tratar-se de uma baleia que “não existe em profundidades inferiores a mil metros” e cujo surgimento os biólogos admitem poder estar relacionado com a proximidade ao “canhão da Nazaré”, onde o mar atinge uma profundidade de cinco quilómetros. A baleia “não apresentava marcas de redes de pesca” mas, segundo a bióloga, “tinha as costelas fracturadas o que poderá indiciar que tenha batido, eventualmente contra um barco, e que tal possa ter provocado a morte”. Ainda segundo a mesma responsável, “o esqueleto vai ser recolhido, estudado e, será colocado em exposição no futuro”, já que se trata de uma raridade a nível nacional e “o primeiro a que tivemos acesso no Centro de Quiaios”, concluiu. Esta é a segunda baleia a arrojar nas praias do Oeste de Portugal este ano, depois de, no dia 26, outro animal, com cerca de quatro metros, ter dado à costa na Praia de Paredes de Vitória, também no concelho de Alcobaça.
REFERÊNCIAS:
Ana e Cláudio Amaral criam os cosméticos naturais e cruelty-free Real Natura
No ano passado, o casal facturou mais de dois milhões de euros. Os produtos estão à venda em parafarmácias e nas lojas Celeiro e Pluricosmética de todo o país. (...)

Ana e Cláudio Amaral criam os cosméticos naturais e cruelty-free Real Natura
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.150
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: No ano passado, o casal facturou mais de dois milhões de euros. Os produtos estão à venda em parafarmácias e nas lojas Celeiro e Pluricosmética de todo o país.
TEXTO: Primeiro veio o amor e o gosto por usarem produtos naturais. Depois criaram a marca Real Natura, em 2010, que produz e vende produtos cosméticos feitos com matérias-primas de origem natural, livres de substâncias tóxicas e cruelty free, ou seja, que não são testados em animais. Ana Mónica e Cláudio Amaral passaram da loja de produtos naturais e dietéticos em Lisboa, para um armazém às portas da cidade, em Vialonga. Só o ano passado facturaram mais de dois milhões de euros. Havia uma "lacuna no mercado", diz Ana Mónica Amaral, arquitecta de formação e que foi auxiliar na Ajuda de Berço, uma associação que apoia bebés e crianças em risco. Em pequena, a empresária sonhava cantar ou ser actriz e brincava com os cabelos das bonecas, mas nunca lhe passou pela cabeça que, um dia, iria criar champôs e produtos de beleza. Quando Ana Mónica e Cláudio Amaral se viram pela primeira vez, foi amor à primeira vista. Conheceram-se na loja de produtos naturais de Cláudio. “Com aquele sotaque brasileiro pediu-me em casamento apenas uma semana depois de começarmos a namorar”, conta. Ainda trabalharam juntos na loja – estão casados há 14 anos –, mas depois perceberam que havia mercado para produtos de cosmética de origem natural e criaram a Real Natura. “Trouxemos para o mercado um produto com boa qualidade que é fabricado em Portugal. Criámos as fórmulas dos produtos”, explica Ana, a empresa tem um engenheiro químico que faz as fórmulas. Hoje a empresa emprega 16 pessoas. O primeiro produto que criaram foi um creme de rosto anti-rugas chamado Baba de Caracol, depois voltaram-se para os produtos anti-celulite, e só depois é que vieram os produtos capilares naturais e cruelty free, sem substâncias tóxicas, livres de parabenos, silicone e sal. “Não são produtos vegan, porque usamos mel, que é um ingrediente de origem animal, na linha de abacate e mel para cabelos quebradiços”, elucida. “Mas fomos os primeiros em Portugal a ter produtos sem sal”, acrescenta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Há cosméticos para todos os tipos e formas de cabelos e necessidades: um champô anti-queda, outro para cabelos oleosos, com cachos ou sensíveis, os condicionantes, as máscaras, as ampolas anti-queda, os séruns e os óleos. Alguns dos champôs têm cafeína que, informa Ana Mónica Amaral, “impulsiona o crescimento mais rápido dos cabelos e prolonga o seu ciclo de vida”. O casal criou ainda uma linha para criança e uma percentagem das vendas chegou a reverter a favor da Ajuda de Berço. “Somos muito criativos e estamos sempre a lançar produtos novos. O último que criámos foi um cronograma capilar com tratamento em três máscaras”, informa a empresária que garante que foram “os primeiros em Portugal a ter um bronzeador de urucum, que é uma planta tropical usada como corante natural”. Do portefólio de produtos também constam óleos de massagem para profissionais, alguns sem aroma e corantes. A Real Natura não tem loja própria. Os produtos estão à venda em parafarmácias e nas lojas Celeiro e Pluricosmética de todo o país. Também vende para Espanha, França, Luxemburgo e Angola. A exportação representa 16% da facturação.
REFERÊNCIAS:
Asos exclui peças de lã angorá, seda, caxemira e penas
A loja online britânica, que vende mais de 850 marcas, vai retirar todas as peças com estes materiais até Janeiro de 2019. (...)

Asos exclui peças de lã angorá, seda, caxemira e penas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: A loja online britânica, que vende mais de 850 marcas, vai retirar todas as peças com estes materiais até Janeiro de 2019.
TEXTO: A Asos vai deixar de vender produtos com lã angorá (também conhecida por mohair), seda, caxemira e penas, de acordo com o Independent. A loja online britânica, que vende mais de 850 marcas – além da marca própria –, comprometeu-se a retirar todas as peças com estes materiais da plataforma até Janeiro de 2019. "A Asos acredita firmemente que não é aceitável que os animais sofram em nome da moda ou cosméticos", lê-se no site de responsabilidade social da marca. "Nenhum animal deve ser morto especificamente para produzir peças vendidas em qualquer site da Asos. Todos os materiais animais devem ser derivados da indústria da carne. "É uma decisão que acontece semanas depois da própria Asos – bem como outras marcas, como a H&M, Zara e Gap – terem acordado deixar de vender peças com lã angorá, no seguimento de um vídeo lançado pela PETA que expunha as práticas cruéis na tosquia das cabras, na África do Sul. O país é, de acordo com a organização, a principal fonte de origem deste material, sendo que de lá sai cerca de 50% da produção mundial. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em comunicado, a directora de projectos corporativos da PETA, Yvonne Taylor, elogia a Asos por "conduzir a marcha pela compaixão na moda". Esta considera que "os consumidores estão a mudar a face da indústria exigindo que os designers e revendedores abandonem materiais derivados de animais a favor de alternativas sem crueldade que têm bom aspecto sem causar sofrimento". No site, a ASOS compromete-se ainda a uma série de outras regras para os produtos dos fornecedores com quem trabalha: que não usem qualquer parte de espécies vulneráveis, em risco, exóticas ou selvagens no seus produtos; que não usem pêlo, osso, chifres ou dentes; que usem apenas certos tipos de pele e lã (subprodutos da indústria de carne) e que não testem cosméticos em animais. É crescente o número de criadores de moda que têm renunciado ao uso de pêlo nos últimos meses, optando antes pelo faux fur, – que deixou de ser visto como uma alternativa barata e de menor qualidade graças à crescente procura de escolhas éticas por parte dos consumidores. Donatella Versace foi uma das vozes mais influentes da indústria a expressar-se contra o uso de pêlo. "Pêlo? Estou fora disso. Não quero matar animais para fazer moda. Não me parece correcto", disse em entrevista à revista 1843, do The Economist, em Março.
REFERÊNCIAS:
Morreu o orangotango-de-samatra mais velho do mundo
A organgotango fémea já era bisavó e desempenhou um papel essencial nos esforços de reprodução desta espécie de primatas, que enfrenta um enorme risco de extinção. Deixa 54 descendentes em vários continentes. (...)

Morreu o orangotango-de-samatra mais velho do mundo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: A organgotango fémea já era bisavó e desempenhou um papel essencial nos esforços de reprodução desta espécie de primatas, que enfrenta um enorme risco de extinção. Deixa 54 descendentes em vários continentes.
TEXTO: O orangotango-de-samatra (Pongo abelii) mais velho do mundo, uma fêmea chamada Puan, morreu nesta segunda-feira aos 62 anos no Zoológico de Perth, na Austrália. Conhecida como a "grande velhinha" ou "a matriarca" do Zoológico de Perth (devido essencialmente ao papel que desempenhou nos esforços de conservação da espécie) e reconhecida oficialmente, em 2016, pelo livro de recordes do Guinness como o orangotango-de-samatra mais velho do mundo, foi submetida a eutanásia devido a um agravamento do seu estado de saúde, explica o jardim zoológico em comunicado. "Com o passar dos anos, os cílios de Puan tornaram-se cinzentos, o seu movimento desacelerou e a sua mente começou a regredir. Mas ela continuou a ser a matriarca, a senhora quieta e digna que sempre foi", explicou Martina Hart, tratadora que a acompanhou ao longo dos últimos18 anos, num obituário publicado no jornal local The West Australian. Segundo a especialista, Puan era mais do que os números invulgares (os anos de vida e quantidade de descendentes) que ficam associados à sua história. Aos tratadores, mostrou que os instintos selvagens nunca desaparecem, mesmo em cativeiro. Aos orangotangos mais jovens, nascidos no zoo e libertados mais tarde nas florestas (como parte de um programa de reintrodução das espécies no seu habitat), ensinou a construir abrigos e a sobreviver na natureza. E, apesar do seu estado de saúde se ter vindo a deteriorar ao longo do tempo, não deixou de mostrar traços de uma personalidade singular. "Viveu a sua vida nos seus termos", exigia respeito e, "até ao fim, manteve sempre a sua independência", não deixando de bater o pé (literalmente) quando achava que estavam a demorar demasiado tempo a chegar com a sua comida, lembra Hart. Aos 62 anos, excedeu em muito a expectativa média de vida destes primatas. Na natureza, raramente ultrapassam os 50 anos de idade. Estima-se que Puan terá nascido em 1956, numa floresta na ilha de Samatra (Indonésia) – de onde é, tal como o nome indica, originária esta espécie – mas poderia até ser mais velha, tendo em conta que a sua idade foi apenas calculada. Chegou ao Zoológico de Perth a 31 de Dezembro de 1968, depois de ter sido oferecida pelo sultão de Johor, Malásia, em troca de alguns animais nativos da Austrália, o que era comum naquela época. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Puan desempenhou um papel fundamental nos programas de reprodução da espécie daquele jardim zoológico, tendo dado à luz 11 crias (a maioria destes orangotangos selvagens reproduz-se apenas 4 vezes na vida). Deixou 54 descendentes e a sua linhagem está presente em jardins zoológicos na Austrália, Estados Unidos e Europa, enquanto alguns dos seus descendentes foram reintroduzidos nas florestas de Samatra. "Além de ser o membro mais antigo da nossa colónia, ela também foi o membro fundador do nosso programa de reprodução de renome mundial e deixa um legado incrível. É responsável por perto de 10% da população zoológica global", disse Holly Thompson, a supervisora de primatas do Zoológico de Perth, citada pelo diário britânico Guardian. Naquele jardim zoológico da Austrália Ocidental deixou duas filhas, quatro netos e um bisneto. De acordo com o World Wildlife Fund, o orangotango-de-samatra é uma espécie em grande risco de extinção, sendo que o seu efectivo populacional conta com cerca de 14 mil indivíduos. A destruição de habitats, causada pelos incêndios e explorações de óleo de palma naquela região, assim como a caça furtiva e o comércio ilegal continuam a ser algumas das maiores ameaças à sobrevivência desta e de outras espécies de primatas como os orangotangos-de-bornéu (Pongo pygmaeus) ou os recém-descobertos orangotangos-de-tapanuli (Pongo tapanuliensis). Este é o segundo orangotango-de-samatra a morrer, nos últimos seis meses, no Zoológico de Perth. Em 2017, morreu Hsing Hsing, o mais antigo exemplar macho daquela colónia, com 42 anos. Texto editado por Pedro Guerreiro
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie extinção cativeiro ilegal eutanásia
Toupeira-de-água está a desaparecer do Nordeste de Portugal
Espécie já estava em perigo de extinção, mas um novo estudo feito por cientistas do Porto mostra que o estado de conservação deste mamífero é ainda mais preocupante. (...)

Toupeira-de-água está a desaparecer do Nordeste de Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Espécie já estava em perigo de extinção, mas um novo estudo feito por cientistas do Porto mostra que o estado de conservação deste mamífero é ainda mais preocupante.
TEXTO: A toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) desapareceu de 63, 5% dos locais onde existia no Nordeste de Portugal, de acordo com uma investigação feita por uma equipa da Universidade do Porto, publicada nesta quarta-feira na revista Animal Conservation. Nos últimos 20 anos, o efectivo populacional desta espécie sofreu um acentuado declínio nas bacias do Tua e do Sabor, afluentes do rio Douro, de acordo com o estudo de investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio-InBio) da Universidade do Porto. Além do Norte de Portugal, este mamífero insectívoro vive em regiões do Centro e Norte de Espanha e nos Pirenéus (Andorra e França) e tem o estatuto de conservação "vulnerável" na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o que corresponde a um risco alto de extinção. Como o próprio nome indica, a toupeira-de-água habita em ambientes aquáticos, especialmente nas zonas conhecidas como cabeceiras (áreas de nascentes em zonas montanhosas) que parecem servir de abrigo natural. Por serem locais onde as águas têm baixa temperatura e fluxo rápido, reúnem as condições favoráveis à fixação destes animais, pelo que a sua preservação, assim como dos riachos e ribeiros no geral, é essencial para a sobrevivência de toda a biodiversidade dos ecossistemas de água doce, ameaçados por múltiplos factores de pressão antropogénicos como a desflorestação de encostas e margens dos rios, a poluição e a construção de barragens (que têm levado a uma extinção das espécies a taxas sem precedentes). "Estas zonas [cabeceiras] podem actuar como refúgios naturais, perante alguns dos factores que levam ao declínio da toupeira-de-água, como a acção humana, as alterações climáticas ou as espécies invasoras. Para além disso, estes cursos de água têm, geralmente, maior estabilidade na disponibilidade de macroinvertebrados, dos quais a toupeira-de-água se alimenta", esclarece em comunicado Lorenzo Quaglietta, um dos autores do estudo. Os investigadores do Cibio-InBio usaram dados de distribuição geográfica e modelos estatísticos para mapear as probabilidades de ocorrência da toupeira-de-água e relaciona-las com variáveis ambientais. Os dados recolhidos em 74 locais das bacias hidrográficas do Tua e do Sabor, entre 2014 e 2015, foram comparados com registos obtidos num estudo anterior entre 1993 e 1996, altura em que esta espécie tinha sido encontrada em 85, 1% dos locais analisados. Porém, no período 2014-15 a sua existência foi apenas registada em 31, 1% dos locais, o que se traduz numa taxa de extinção de 63, 5%. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Perante esta diminuição populacional, os especialistas sugerem uma reavaliação do estatuto de conservação desta espécie, definido como "vulnerável" em 2008, que "seria importante para atrair os recursos necessários para promover a conservação da toupeira-de-água, tentando deter a tendência actual de declínio", explica Quaglietta. O próximo passo é também reunir "esforços na manutenção da elevada qualidade da água, da densidade da vegetação nas margens dos ribeiros, e do livre fluxo dos cursos de água", de forma a preservar as condições naturais das zonas ribeirinhas, acrescenta o investigador. Estes resultados fazem parte de uma pesquisa mais abrangente sobre a ecologia da toupeira-de-água. Em Abril, a equipa do Cibio-InBio realizou uma expedição na região do Douro, durante a qual foi acompanhada pelo fotógrafo da National Geographic Joel Sartore, autor do projecto Photo Ark. Foi então que este mamífero se tornou o 8000. º animal a integrar "a maior arca fotográfica do mundo", uma arca de Noé do século XXI que retrata todas as espécies em cativeiro e chama a atenção para aquelas em perigo de extinção. Estas fotografias fazem parte de uma exposição que pode ser visitada na Galeria da Biodiversidade - Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto até 29 de Julho.
REFERÊNCIAS:
No top 10 das espécies de 2018 há um orangotango em risco e um marsupial já extinto
Um pequeno crustáceo com uma corcunda ou um escaravelho que se agarra ao abdómen de uma formiga são algumas das novidades científicas de 2017 escolhidas agora pelo Instituto Internacional para a Exploração de Espécies. (...)

No top 10 das espécies de 2018 há um orangotango em risco e um marsupial já extinto
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.049
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um pequeno crustáceo com uma corcunda ou um escaravelho que se agarra ao abdómen de uma formiga são algumas das novidades científicas de 2017 escolhidas agora pelo Instituto Internacional para a Exploração de Espécies.
TEXTO: Chegou a hora de conhecermos o top 10 das espécies descobertas ou descritas em 2017. Para assinalar a data de aniversário do pai da taxonomia moderna, Carlos Lineu (23 de Maio de 1707 – 10 de Janeiro de 1778), o Instituto Internacional para a Exploração de Espécies da Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais (ESF, na sigla em inglês), em Syracuse (EUA), divulga desde 2008 uma lista anual com dez espécies. Na compilação deste ano há uma árvore gigante, um orangotango muito raro ou um leão-marsupial já extinto. Já estamos na 11. ª edição desta lista e a descoberta de novas espécies continua a surpreender. Este ano, um conjunto de taxonomistas escolheu dez seres vivos que se destacaram entre os cerca de 18 mil descritos no ano passado. “Descrevemos cerca de 18 mil por ano, mas pensamos que, pelo menos, se extinguem 20 mil por ano. Muitas destas espécies – se não as encontramos, nomearmos e descrevermos – ficarão perdidas para sempre”, diz Quentin Wheeler, presidente da ESF, num comunicado da sua instituição. “As pessoas estão a alterar habitats e a mudar o clima. Por mais inconveniente que seja adaptar as nossas culturas agrícolas às alterações climáticas e deslocarmos as cidades em cenários mais extremos, o que não podemos mesmo fazer é trazer de volta as espécies que já se extinguiram. ”Por isso, um dos papéis desta lista é chamar à atenção para a importância da biodiversidade. “Fico constantemente fascinado com a quantidade de novas espécies que aparecem e com a variedade de coisas que descobrimos”, frisa ainda Quentin Wheeler. Vejamos então as espécies seleccionadas. Deram-lhe o nome científico Ancoracysta twista mas não se sabe qual é a casa deste protista unicelular na natureza. Até agora, o único sítio onde o encontraram foi num aquário tropical do Instituto Scripps de Oceanografia (Estados Unidos). Saber qual é a sua família também tem sido um desafio para os cientistas: “Não se encaixa dentro de nenhum grupo conhecido”, lê-se no comunicado, acrescentando-se que pode pertencer a uma linhagem primitiva de eucariotas com um genoma mitocondrial muito rico. “O número invulgarmente elevado de genes no seu genoma mitocondrial abre uma porta para a evolução primitiva dos organismos eucariotas. ”A Dinizia jueirana-facao vive na Reserva Natural Vale, no Norte do estado brasileiro de Espírito Santo, tem cerca de 40 metros de altura e pode pesar 56 mil quilos. Os frutos lenhosos que dá também são grandes, podendo alcançar meio metro de comprimento. Mas se esta árvore é grande em tamanho, estará já pouco representada na natureza: conhecem-se só 25 exemplares. Por isso, está classificada como “criticamente em perigo” e serve de exemplo para outros seres vivos da Mata Atlântica que também estão ameaçados. “Esta mata é casa de mais de metade das espécies animais ameaçadas no Brasil, mas a sua extensão tem sido severamente diminuída e fragmentada”, refere-se no comunicado. No oceano Antárctico, encontrou-se um pequeno crustáceo com cerca de 50 milímetros de comprimento, uma coloração avermelhada e uma corcunda. Por isso, deram-lhe o nome científico Epimeria quasimodo, em homenagem à personagem Quasimodo do livro Notre-Dames de Paris de Victor Hugo. Esta espécie representa um conjunto de 26 novas espécies de crustáceos do género Epimeria que foram descobertas no oceano Antárctico. Na Costa Rica há um escaravelho que vive entre as formigas – literalmente. A espécie de escaravelho Nymphister kronaueri mede cerca de 1, 5 milímetros de comprimento e, como tem precisamente o tamanho, a forma e a cor do abdómen da formiga nómada Eciton mexicanum, pode ficar aí agarrado. Estas formigas deslocam-se em busca de alimento durante algumas semanas e ficam cerca de três semanas num único sítio. Essas movimentações são sempre acompanhadas pelo Nymphister kronaueri, como se conta no comunicado: “Enquanto o escaravelho se desloca e alimenta quando a colónia hospedeira está parada, viaja no abdómen das formigas quando elas se deslocam para um novo sítio. ”Em 2001, os orangotangos das ilhas de Samatra e Bornéu, no oceano Índico, foram reconhecidos como espécies extintas, a Pongo abelii e a Pongo pygmaeus, respectivamente. Anos depois, em 2017, uma equipa internacional de cientistas analisou os comportamentos e a genética destes orangotangos e chegou à conclusão que existia uma terceira espécie de orangotango: a Pongo tapanuliensis e que também vive na ilha de Samatra. “É muito entusiasmante descobrir um grande primata no século XXI”, comentava na altura Michael Krützen, professor de antropologia evolutiva e genómica na Universidade de Zurique (Suíça) e um dos autores desse trabalho. As análises genéticas sugeriram ainda que as duas primeiras espécies de orangotangos se separaram há cerca de 674 mil anos e que esta última terá divergido há cerca de 3, 38 milhões de anos. Mas a Pongo tapanuliensis traz com ela más notícias: já está em perigo de extinção. Estima-se que existam por volta de 800 orangotangos desta espécie numa área fragmentada de mil quilómetros quadrados. Foi através de armadilhas de peixes pelágicos que se conseguiu capturar o peixe da espécie Pseudoliparis swirei no ponto mais profundo do oceano: a fossa das Marianas, no Oeste do oceano Pacífico. Esta espécie tem 11 centímetros de comprimento, pertence à família de peixes Liparidae – que vivem maioritariamente nas águas profundas e frias – e os seus exemplares foram recolhidos entre os 6900 e os 7900 metros de profundidade. Os cientistas também têm registos de um peixe a mais de oito mil metros, mas, como não o conseguiram capturar, não têm a certeza se pertence à mesma espécie. Há uma nova espécie de planta no Japão chamada Sciaphila sugimotoi que não precisa de capturar a luz do Sol para se alimentar. É uma planta heterotrófica, ou seja, tira a sua alimentação de outros organismos. A Sciaphila sugimotoi vive em simbiose com um fungo e é daí que retira o seu sustento, sem nunca causar danos a esse organismo. Tem cerca de dez centímetros de altura e dá pequenas flores entre Setembro e Outubro. Até agora, encontraram-se 50 plantas, o que faz dela uma espécie classificada como “criticamente em perigo”. Em 2011, o vulcão submarino Tagoro entrou em erupção ao largo das ilhas Canárias, o que aumentou a temperatura do mar, diminuiu a quantidade de oxigénio e libertou grandes quantidades de dióxido de carbono e sulfeto de hidrogénio. Dessa forma, grande parte do ecossistema marinho foi exterminada. Agora, conhecem-se os colonizadores dessa nova área. Um deles é a bactéria Thiolava veneris. Ela produz estruturas que se estendem por dois mil metros quadrados ao longo de um cone vulcânico recentemente formado a 130 metros de profundidade. Estas estruturas assemelham-se a um manto branco e são já designadas por “cabelos da deusa Vénus”. Os cientistas indicam ainda que esta bactéria tem características metabólicas únicas, o que lhe permite colonizar o leito marinho recém-formado. Em Queensland, na Austrália, um grupo de cientistas encontrou fósseis de uma espécie de leão-marsupial até então desconhecida, a Wakaleo schouteni. Há cerca de 23 milhões de anos, este leão-marsupial percorria as florestas em busca de presas. Pesava cerca de 23 quilos, era omnívoro e passava a vida a subir às árvores. A outra espécie de leão-marsupial chama-se Wakaleo pitikantensis, foi descoberta em 1961 e seria mais pequena do que o Wakaleo schouteni. “Com base nas suas investigações, os cientistas pensam que as duas espécies de leões-marsupiais viveram no final do Oligoceno há 25 milhões de anos”, frisa o comunicado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Descoberta numa gruta da China, a espécie de escaravelho Xuedytes bellus tem cerca de nove milímetros e uma cabeça e protórax bem alongados. “Esta nova espécie é um contributo espectacular para a fauna”, refere-se ainda no comunicado. Por viver num ambiente de constante escuridão, este tipo de insectos pode ficar assim com um corpo mais alongado, perder as asas de voo, os olhos ou a pigmentação.
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