A caixa de areia para gatos que se limpa sozinha reuniu quase um milhão de euros
Chama-se Footlose e é a mais recente proposta para facilitar a tarefa menos apreciada pelos tutores de felinos. No Kickstarter juntou quase um milhão de euros. (...)

A caixa de areia para gatos que se limpa sozinha reuniu quase um milhão de euros
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chama-se Footlose e é a mais recente proposta para facilitar a tarefa menos apreciada pelos tutores de felinos. No Kickstarter juntou quase um milhão de euros.
TEXTO: Byron Fan tem seis gatos em casa e (mais) uma possível solução para facilitar a tarefa menos apreciada pelos tutores de felinos. A proposta do jovem empreendedor norte-americano é a Footlose, uma caixa de areia automática com características que “vão além das já disponíveis no mercado”. Segundo a Petato, a startup de Fan, a maior parte das soluções semelhantes no mercado “estragam-se ao final de um ano”, uma vez que, durante a limpeza, “provocam e esquecem-se de muitos resíduos”. Por isso, desenvolveram uma tecnologia que se diz “rápida” (demora 90 segundos a executar a limpeza), “livre de obstruções”, “silenciosa”, “sem cheiros”, “robusta e durável”. E que, para já, foi financiada por cerca de 2500 pessoas numa campanha de crowdfunding que, a uma semana de terminar, amealhou cerca de um milhão de euros. O que antes demorava “dez minutos por dia” agora ocupa “dois minutos por semana”, lê-se, na campanha disponibilizada no Kickstarter. Lá, pediam cerca de 44 mil dólares — valor que conseguiram numa só hora. Como funciona? Após o gato deixar a caixa de areia, a Footlose começa uma contagem de oito minutos antes de se iniciar o ciclo de limpeza. Todos os desperdícios são canalizados para um recipiente selado, depois de serem separados da areia através da rotação da caixa. “Tudo o que tens de fazer é deitar fora o saco dos resíduos, de vez em quando, quando ele estiver cheio (ao atingir os cerca de oito litros de dejectos, a app dá o alerta). ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já em 2016, uma outra caixa, a Luuup bateu recordes na plataforma Kickstarter. No total foram angariados 1. 178. 504 dólares canadianos (796. 257 euros). A Luuup teve ainda uma outra campanha de crowdfunding numa outra plataforma, o Indiegogo, onde conseguiu 1. 222. 571 dólares americanos (mais de um milhão de euros). A Footlose consegue, alega a campanha, distinguir “cada gato da casa” por sensores de “peso e padrões de actividade”. Ao mesmo tempo, recolhe informação que pode ser consultada na app e usada para analisar o estado de saúde do animal de companhia: quando é que o gato usou a caixa de areia, quanto tempo demorou e que quantidade. A caixa, prometem, está pronta para receber gatos jovens e gatos idosos — mas nem todos os bolsos estão prontos para ela. O preço da Footlose, no âmbito do crowdfunding, está fixado entre os 300 e os 400 euros (para enviar para Portugal será necessário pagar quase 70 euros de portes). Com a campanha bem-sucedida, espera-se que a caixa entre em produção entre Abril e Maio de 2019, sendo que é esperado que as encomendas cheguem a casa dos apoiantes em Junho de 2019.
REFERÊNCIAS:
Salvem as raposas
Os caçadores podem ser muitos mas aqueles que abominam a caça são mais ainda. E são mais novos. (...)

Salvem as raposas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os caçadores podem ser muitos mas aqueles que abominam a caça são mais ainda. E são mais novos.
TEXTO: Contaram-me esta história numa praia do Algarve mas não sei se é verdade. Quando está muito calor há raposas que entram dentro de água para se refrescarem. Riem-se aos gritos da excitação e do alívio. Às vezes aproveitam para almoçar uma gaivota. As gaivotas sabem a tripa de peixe mas as raposas não se importam. Disse-nos que as raposas dormem nas dunas durante o dia. À noite ouvem-se as raposinhas a rir em voz alta, como se estivessem a acicatar-se umas às outras. Seja verdade ou não, é altura de dignificar as raposas e de proibir a caça delas. Merecem, no mínimo, a mesma protecção que os lobos. As raposas são animais encantadores, engraçados e afectuosos, com um lugar central no nosso imaginário. Em Portugal podem ser caçadas entre Outubro e Janeiro com matilhas de até 50 cães. Oscar Wilde descrevia esta caça como "the unspeakable in pursuit of the inedible". É um acto de grande coragem uma data de seres humanos a ver 50 cães a despedaçar uma raposa até à morte. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Bloco, o PEV e o PAN apresentaram projectos de lei para acabar com esta barbaridade mas os outros partidos vão chumbá-los, claro. Têm medo de perder os votos dos caçadores. Demonizam a raposa como se estivéssemos na Idade Média. Os caçadores podem ser muitos mas aqueles que abominam a caça são mais ainda. E são mais novos. Muitos ainda não votam. Quando votarem terão morrido um número maior de defensores da caça. Tal como acontece em quase todas as fábulas, a raposa acabará por ganhar. E havemos de nos rir com ela.
REFERÊNCIAS:
O estranho caso do assassino de um só corno
Animal foi fotografado e o seu ADN analisado por suspeitas de ter morto idosa. (...)

O estranho caso do assassino de um só corno
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento -0.05
DATA: 2018-08-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Animal foi fotografado e o seu ADN analisado por suspeitas de ter morto idosa.
TEXTO: Fosse na Idade Média, e o carneiro havia de ter respondido pelo homicídio da idosa em tribunal. Literalmente: nos tempos feudais a justiça humana também se aplicava aos animais, que chegavam a ser condenados à morte por juízes. Mas apesar de não ter tido tal sorte, este bicho ficou com a reputação manchada para sempre no pequeno lugar da Fonte da Gatanha, no concelho de Viana do Castelo. Nem as palavras dos magistrados que o ilibaram dissiparam por completo a ideia de que a sua aparência bucólica escondia, afinal, uma personalidade violenta. Fez há pouco tempo sete anos que Glória saiu de casa para ir visitar uma irmã. Nunca mais regressou. Apesar de não se saber de quem lhe quisesse mal, o marido encontrou-a já sem vida a duas centenas de metros do local onde moravam, num caminho rural chamado Rego. O que aconteceu mais ninguém presenciou senão a malograda vítima. E as ovelhas, talvez. Ao certo sabe-se que quem a matou não lhe roubou os valiosos pertences que trazia consigo e que apresentava lesões ao nível do abdómen e do tórax. Ter-se-á cruzado com o rebanho e sido atacada pelo macho. As autoridades não se pouparam a esforços para deslindar o mistério. Ele foram testes de ADN ao corno, à cabeça e ao focinho do animal, a quem já faltava um dos chifres, ele foram fotos ao dito suspeito. As peritagens biológicas ficaram a cargo do Instituto de Medicina Legal, cujos técnicos se muniram de zaragatoas para recolher provas que permitissem incriminar o animal. Ou melhor, os seus donos, a quem os familiares da idosa exigiam 64 mil euros. Além de já não ter corno esquerdo, ao carneiro restava apenas uma pequena parte do corno direito. Teria sido mesmo às suas marradas que tinha sucumbido a idosa?Não havia mais nenhum rebanho com carneiros e ovelhas nas redondezas, alegaram os seus familiares. Uma sobrinha da falecida garantiu até ter sido assediada pelo dito animal naquele mesmo dia. Um primo seu corroborou-o, dizendo ter sido obrigado a protegê-la “da actuação agressiva da besta”. "Apareceu desenfreado na altura em que eu andava à procura da minha tia", descreveu a sobrinha, queixando-se de ter sido atacada nas pernas. A septuagenária terá invadido, sem se aperceber, um caminho que o animal considerava seu por direito, apostou a acusação: “Um carneiro que se encontra a desempenhar a função de cobrir as suas ovelhas, como era o caso, é um protector absoluto do território onde elas se encontram, não permitindo que estranhos o invadam”. Até a Polícia Judiciária entrou em campo. Uma dupla de inspectores foi a tribunal explicar como tinha “direccionado a sua investigação para o carneiro”. Também para eles não pareciam subsistir grandes dúvidas: “Estamos a falar de um trabalho feito em 4 ou 5 horas em que nós analisámos com atenção a vítima, analisámos com atenção o cenário, ouvimos as várias pessoas. Fomos ao carneiro e constatámos que o tipo de lesão da vítima era consentâneo com aquele corno”. A Fonte da Gatanha, que nunca tinha sido notícia por coisíssima nenhuma, viu-se catapultada para as páginas dos jornais nacionais. Se o suspeito estava isento de culpas, como raio tinham aparecido na sua mão esquerda (na pata, na verdade) vestígios de um perfil genético feminino incompleto idêntico ao do sangue do cadáver? – questionaram os descendentes da idosa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O carneiro acabou por ser absolvido em primeira instância. Inconformados, os queixosos recorreram para o Tribunal da Relação de Guimarães. Que, em vez de solucionar de uma vez por todas o mistério, só o adensou. O marido da vítima tinha entretanto morrido, mas as declarações que prestara à justiça revelaram-se cruciais: jurava não reconhecer o carneiro fotografado pelas autoridades. Uma afirmação que os juízes desembargadores consideraram estranha. No passado mês de Maio acabaram por se ver obrigados a reconhecer de uma vez por todas a sua impotência perante certos enigmas da natureza: “Não existe (…) sustento para imputar ao dito carneiro ou a outro qualquer (…) a acção causal das lesões” que mataram Glória, escreveram. Afinal, toda a azáfama em redor do bicho de um chifre só revelara-se inútil. Porque carneiros há muitos.
REFERÊNCIAS:
Deputados não vão adiar proibição de abates nos canis
Secretário de Estado da Agricultura pôs hipótese de o Parlamento retroceder na aplicação da lei a 23 de Setembro. (...)

Deputados não vão adiar proibição de abates nos canis
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Secretário de Estado da Agricultura pôs hipótese de o Parlamento retroceder na aplicação da lei a 23 de Setembro.
TEXTO: Os maiores grupos parlamentares não estão na disposição de adiar pela segunda vez a proibição de abater animais saudáveis nos canis oficiais. Em causa está a falta de espaço para albergar todos os bichos recolhidos nas ruas. O Governo pôs a hipótese de o Parlamento poder vir a aprovar uma nova moratória, dado os alertas que se têm feito sentir para eventuais problemas sanitários. Mas mesmo que os deputados quisessem avançar, não seria fácil: o seu próximo plenário está marcado para 19 de Setembro. E a lei entra em vigor a 23. O fim dos abates foi colocado na lei há dois anos pelos deputados, mas com uma moratória de dois anos para os municípios poderem construir canis ou alargar a sua capacidade. Acontece que foram poucas as autarquias a levar a cabo as obras necessárias, muito embora o Governo lhes tenha disponibilizado algumas verbas quer para este efeito, quer no âmbito das campanhas de esterilização dos animais. À medida que o fim do prazo se aproxima os veterinários têm vindo a alertar para o risco que implica o aumento de animais errantes nas ruas quer a nível da segurança das pessoas, quer a nível sanitário, uma vez que grande parte dos canis estão já cheios ou em vias disso e, quando pararem os abates, deixarão de ter capacidade de acolhimento. O secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, admitiu nesta quarta-feira que existe a possibilidade de a aplicação da lei ser outra vez adiada, mas afirmou que isso depende da avaliação que for feita sobre o assunto pela Assembleia da República. “Se se chegar à conclusão que é necessário prorrogar o prazo terá de revisitar a lei que foi aprovada”, disse o governante no programa da SIC Opinião Pública. Nenhum dos grupos parlamentares contactados pelo PÚBLICO parece, porém, disponível a fazê-lo. “Não há planos nesse sentido em sede parlamentar”, diz o deputado do PS Pedro Delgado Alves, recordando que as autarquias tiveram dois anos para adaptarem as suas instalações. “A grande maioria preparou-se para a nova lei, que por isso deverá manter a sua entrada em vigor” dentro de um mês, refere o socialista, acrescentando existir “abertura para analisar situações pontuais de dificuldade” dos municípios e para os tentar ajudar a cumprir a nova lei. Mas “sem pôr em causa a data da moratória”, ressalva. “Cabe ao Governo apresentar uma solução para o problema”, faz notar, por seu turno, o social-democrata Cristóvão Norte, que acusa o executivo de se ter “divorciado da lei aprovada no Parlamento”, apesar dos alertas que os deputados lhe foram enviando nestes dois anos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “O Governo não pode atirar responsabilidades para os outros quando essas responsabilidades eram suas, no quadro da lei aprovada em 2016”, critica a comunista Paula Santos. À semelhança do CDS — a deputada Patrícia Fonseca diz que é o Governo que tem de "assumir responsabilidades" —, também o PCP ainda não decidiu em que sentido votaria uma eventual proposta de extensão do prazo. Mas no terceiro partido da "geringonça" a hipótese do adiamento não conta, igualmente, com adeptos. Para a deputada do BE Maria Rola, a quem não agrada que o secretário de Estado tenha empurrado o assunto para cima dos deputados, a solução passa por continuar a apoiar os municípios no próximo Orçamento de Estado. Cristina Rodrigues, do PAN, não tem dúvidas: o fim dos abates a 23 de Setembro é irreversível. “O secretário de Estado disse-nos numa reunião que tivemos com ele que a lei entrava mesmo em vigor nesta data. E que tudo faria para que fosse cumprida à risca. "
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PCP BE
Brasil: virada histórica ou a arte de engolir elefantes
A virada histórica é possível. Mesmo que alguns tenham de engolir um elefante vivo, a digestão será muito mais fácil. (...)

Brasil: virada histórica ou a arte de engolir elefantes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: A virada histórica é possível. Mesmo que alguns tenham de engolir um elefante vivo, a digestão será muito mais fácil.
TEXTO: Paira sobre o Brasil uma nuvem negra. Os fantasmas da barbárie, que já no passado o subjugaram, estão de novo à solta. Em São Paulo tenho ouvido, com angústia, relatos de agressões, intimidações e violência verbal por parte dos apoiantes de Bolsonaro. Como noutros momentos trágicos da História, os intelectuais, alvo privilegiado da ira dos reacionários, são vistos como agentes de um espírito racional e crítico – os agentes do Mal – pelos que negam a Ciência e odeiam o ensino das humanidades. Acima de tudo, os alvos são os defensores dos direitos humanos. Passei os últimos três dias em seminários em São Paulo, nos quais tive a oportunidade de debater com intelectuais, universitários, escritores, juristas, de vários quadrantes políticos do campo democrático, e o traço comum é uma enorme inquietação com o futuro da Democracia e do Estado de direito. Todavia, a inquietação é também pessoal: temem a violência dos “bolsonaristas”, que sejam concretizadas as ameaças que recebem nas redes sociais e que resultam de constarem nas listas de “nomes a perseguir” que circulam. Não são poucos os que temem acabar por ser forçados ao exílio. Estão receosos os membros da Comissão da Verdade, que denunciaram os crimes de tortura cometidos pelos adeptos de Bolsonaro. Temem a violência de um estado bolsonarista, mas já hoje a violência dos ”camisolas amarelas” qua fazem da cor da diversidade do Brasil uma cor monocromática, cinzenta, como pude constatar às portas do MASP. Aí, suprema ironia do destino, tinha ido ver uma bela exposição sobre a escravatura e a contribuição dos negros para a cultura do Brasil. Numerosos são os relatos de ataques contra os que vestem camisolas de outras cores, como aquele sobre quem cuspiram porque vestia uma camisola cor-de-rosa e um que levou uma pedrada na cabeça porque tinha uma camisola vermelha. Depois de o filho ter ameaçado o Supremo Tribunal de Justiça, afirmando que bastavam dois soldados para o fechar, Bolsonaro prometeu “uma limpeza nunca vista na história desse Brasil” e, referindo-se aos apoiantes do PT – a quem chamou “marginais vermelhos” – disse “ou vão para fora ou vão para a cadeia”. Ainda assim há quem tenha dúvidas da natureza fascista de Bolsonaro e dos seus “camisolas amarelas”. A batalha trava-se nas redes sociais. Constatei como os intelectuais com que falei estão sempre conectados, a postos para intervir na guerra da informação, esperançosos na virada eleitoral que impeça a tragédia. E os primeiros resultados dessa virada começaram, com Haddad a crescer nas sondagens, crescendo também a rejeição a Bolsonaro. Alguns com quem falei justificam a sua esperança na virada eleitoral com o sucedido em Portugal em 1986. Nas eleições presidenciais desse ano, no fim da primeira volta, Freitas do Amaral, candidato da direita democrática, obteve 46, 31% dos votos, e o socialista Mário Soares 25, 43%. Na segunda volta, Mário Soares, contra todas as expetativas, venceu com 51, 18% dos votos. Para essa vitória contribuiu o facto de, perante o que consideravam um “mal maior”, muitos dos que tinham votado em outros candidatos terem votado em Mário Soares, apesar do capital de queixa que tinham acumulado. Ficou célebre o apelo feito por Álvaro Cunhal, líder do Partido Comunista, aos eleitores do seu partido para votarem em Mário Soares, que odiavam acima de tudo. Álvaro Cunhal acrescentou, referindo-se ao momento em que veriam a cara do “odiado” no boletim de voto: “Se for preciso, tapem a cara com uma mão e votem com a outra. ” Mais do que um sapo, os comunistas estavam dispostos a engolir um elefante vivo para impedir a vitória do candidato da direita. Como eles, muitos outros que, tendo bem presente a memória da ditadura salazarista, não queriam eleger um candidato da direita. A promessa que receberam de Mário Soares foi a de que cumpriria a Constituição, defenderia a Democracia e o pluralismo político. Ainda há democratas brasileiros, com elevado compromisso com os Direitos Humanos, que continuam a recusar-se a apelar ao voto em Haddad, que se recusam a engolir, como o fizeram os apoiantes de Álvaro Cunhal, um “elefante vivo”. Entre eles, Fernando Henrique Cardoso, mesmo que já tenha apelidado de fascismo a promessa de Bolsonaro de prender ou expulsar os opositores. Perante tal declaração, só lhe resta – e urge – apelar ao voto em Haddad. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Dizem alguns que a indicação de voto dessas personalidades não mudará nada. Não estou de acordo. A indicação confirmará que estão preocupados com os perigos que ameaçam a Constituição e a Democracia. Desconfio que esta preocupação é uma das razões da virada que já se começa a sentir. Coordenador do livro Brasil nas Ondas do MundoO autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
REFERÊNCIAS:
Jagoz, o burro da Graciosa que agora mora nos Olivais
Quando quiser ver aquele amor seu que apadrinhou, é na Quinta Pedagógica dos Olivais que encontra o burrito. (...)

Jagoz, o burro da Graciosa que agora mora nos Olivais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quando quiser ver aquele amor seu que apadrinhou, é na Quinta Pedagógica dos Olivais que encontra o burrito.
TEXTO: Há mais de um ano que o burro Jagoz faz as delícias da pequenada que visita a Quinta Pedagógica dos Olivais, em Lisboa. O jerico, já com 20 anos, chegou “tímido”, segundo os responsáveis do espaço, mas rapidamente se afeiçoou e entrou na família, travando até amizade com o outro asinino da quinta, de nome Buxo. A adopção foi esta quinta-feira formalizada, por unanimidade, na reunião de câmara. O Jagoz andou muito para aqui chegar. Nascido em 1998 na Graciosa, este burro é um exemplar da raça autóctone daquela ilha açoriana, onde lhe dão o nome de “burro anão” por não ultrapassar 1, 20 m de altura. Nos Açores não haverá mais do que uns 70 a 100 burros desta raça, o que a torna particularmente sensível ao perigo de extinção. Com dois anos de idade, o pequeno Jagoz foi transportado para o continente em 2000, pela mão da Sociedade Protectora dos Animais, que quatro anos mais tarde o doou à GNR. A guarda manteve-o na sua escola, em Queluz, até Setembro do ano passado. Nesse momento o burro, já a entrar na terceira idade, transitou para os Olivais, “por existir um entendimento mútuo de que seria interessante permitir o contacto do público em geral com o Jagoz para a sensibilização sobre a importância da conservação das raças autóctones, em particular das que se encontram ameaçadas de extinção, como é o caso”, explica fonte oficial da câmara lisboeta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Diz-se que burro velho não aprende línguas, mas o Jagoz teve pelo menos de aprender a conviver com os outros animais da Quinta Pedagógica, em especial o seu vizinho Buxo, um burro mirandês – a outra raça autóctone portuguesa de asininos, desta forma reunidas na capital. Segundo o presidente da Associação de Criadores e Amigos do Burro Anão da Ilha Graciosa, Franco Ceraolo, que lutou pelo reconhecimento da raça, este é um animal “muito mansinho” e, por isso, ideal para passeios ou contactos com crianças. Esta entidade está neste momento associada a um concurso de fotografia através do qual os participantes são convidados a fotografar burros nos Açores, seja de que raça for. Nos últimos anos tem crescido a consciencialização pública para a protecção dos burros em Portugal e no mundo. Existe mesmo um Dia Internacional do Burro, celebrado a 8 de Maio, que por cá tem a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino como grande entusiasta. Entre outras actividades, esta associação incentiva as pessoas a apadrinharem um burro, contribuindo para a preservação da raça mirandesa.
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William Friedkin, seu cão danado
"Killer Joe" fica como o filme mais livre da competição de Veneza. Reacção triunfal. Thriller em que a cultura popular e a violência voltam a dar as mãos, foi realizado por uma das bêtes noires do cinema americano dos anos 70: tem hoje 76 anos e já tem direito a ser considerado "cineasta velho", categoria que só deve ser merecida por aqueles que, como ele, não têm nada a perder. (...)

William Friedkin, seu cão danado
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-09-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Killer Joe" fica como o filme mais livre da competição de Veneza. Reacção triunfal. Thriller em que a cultura popular e a violência voltam a dar as mãos, foi realizado por uma das bêtes noires do cinema americano dos anos 70: tem hoje 76 anos e já tem direito a ser considerado "cineasta velho", categoria que só deve ser merecida por aqueles que, como ele, não têm nada a perder.
TEXTO: Os cineastas contemporâneos que William Friedkin admira: Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Alain Resnais, Orson Welles, John Ford. . . "Vejo os filmes deles uma e outra vez. " E depois concede, mas suspeitamos que está a amaciar para não ser acusado de raivoso: "Paul Thomas Anderson é um cineasta fantástico. E os irmãos Coen. . . Se alguém não gosta dos irmãos Coen, que se ponha daqui para fora. E se eu dissesse que Darren Aronofsky" - o presidente do júri desta 68. ª edição do festival - "era um grande cineasta, vocês diriam que eu estava a comprar o voto dele?"Leia mais no PÚBLICO e na edição online exclusiva para assinantes até 10 de Setembro.
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Tempo Setembro
EUA ponderam acabar com experiências em centenas de chimpanzés
Recomendado fim das investigações científicas em mais de 300 chimpanzés e os laboratórios que os mantiverem terão de lhes dar melhores condições. (...)

EUA ponderam acabar com experiências em centenas de chimpanzés
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Recomendado fim das investigações científicas em mais de 300 chimpanzés e os laboratórios que os mantiverem terão de lhes dar melhores condições.
TEXTO: Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, sigla em inglês) dos Estados Unidos deverão desmantelar as experiências científicas que fazem em chimpanzés, defende um relatório publicado nesta semana. Dos 360 chimpanzés que eram objecto para a investigação do NIH, só 50 é que deverão ser mantidos, mas os centros que os tiverem serão obrigados a proporcionar-lhes melhores condições de vida. Os Estados Unidos e o Gabão são os únicos países que ainda fazem investigação em chimpanzés, de acordo com o Instituto Jane Goodall do Canadá, um tipo de actividade científica iniciada em 1923. Em 2010, a União Europeia baniu esta actividade laboratorial. “Finalmente, o governo compreendeu: os chimpanzés devem tanto viver num laboratório, como as pessoas devem viver em cabines telefónicas”, disse em comunicado o grupo norte-americano Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais. A nova morada dos 310 chimpanzés será o Santuário de Chimpanzés, um parque com oito quilómetros quadrados de onde vivem mais de cem primatas desta espécie. O parque, no Noroeste do estado do Luisiana, tem floresta natural, estruturas para os chimpanzés treparem às árvores e fazerem ninhos, espaço para procurarem por comida, apesar de serem alimentados diariamente, e para se moverem em grupos. A recomendação foi feita por uma comissão independente a pedido dos NIH. O pedido foi feito há um ano por Francis Collins, director dos NIH, depois do Instituto de Medicina dos Estados Unidos publicar um relatório onde considerava que a maior parte da investigação feita em chimpanzés nos Estados Unidos era desnecessária. Collins terá 60 dias para aprovar ou não a recomendação depois de ouvir a opinião pública sobre este assunto. Mas no último mês, os NIH já tinham anunciado que iriam retirar 110 chimpanzés que estavam no Centro de Investigação Nova Ibéria, na Universidade de Luisiana em Lafayette, para o parque. Alguns deles já chegaram ao santuário. O novo relatório de 84 páginas define normas mais restritivas para a investigação que ainda possa ser feita. Cada chimpanzé terá de ter pelo menos 93 metros quadrados de área aberta, acesso permanente ao ar livre com áreas para trepar e diferentes tipos de superfícies naturais. Os chimpanzés deverão viver pelo menos em grupos de sete indivíduos, para terem um ambiente social saudável. Todas as experiências terão de ser aprovadas por um comité independente. Das nove experiências invasivas que estavam a decorrer, que incluem imunologia, doenças infecciosas, só três é que garantem estes critérios e vão continuar, diz ainda o novo relatório. Oito das treze investigações sobre comportamento ou estudos de genoma poderão continuar, mas terão de ser aprovados pelo comité. O custo desta reforma será de 25 milhões de dólares (18, 62 milhões de euros), de acordo com o jornal Washington Post.
REFERÊNCIAS:
Ministros europeus aprovam fim das rejeições de peixes no mar
Calendário progressivo a partir de 2014 vai obrigar a que as capturas indesejadas sejam também desembarcadas nos portos. Mas há excepções. (...)

Ministros europeus aprovam fim das rejeições de peixes no mar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-02-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Calendário progressivo a partir de 2014 vai obrigar a que as capturas indesejadas sejam também desembarcadas nos portos. Mas há excepções.
TEXTO: Os ministros europeus da agricultura e das pescas chegaram, na madrugada desta quarta-feira, a um acordo para proibir a prática de devolver ao mar peixes que as embarcações capturam a mais nas suas redes. Mas há excepções. Normalmente, peixes que não são a espécie-alvo da pesca, que estão abaixo do tamanho mínimo de captura ou que superam as quotas de pesca são deitados no mar, com pouca possibilidade de sobrevivência. A partir de 1 de Janeiro 2014, esta prática será genericamente proibida para os peixes pelágicos, que vivem na coluna da água, e não no fundo – como a sardinha. A proibição estende-se para outras espécies de peixes ou regiões pesqueiras nos anos seguintes, até 2019. Quando tudo estiver em vigor, as embarcações deverão, em regra, trazer para os portos todos os peixes capturados, mesmo os que não poderão ou terão interesse em vender. Há no entanto excepções, sendo permitido nalguns casos uma determinada percentagem de capturas laterais – 9% nos próximos dois anos, 8% nos dois anos seguintes, até chegar a um mínimo de 7% em 2019. Portugal é um dos países, juntamente com Espanha e França, que se opôs à proibição total de descargas de peixe no mar, argumentando com a especificidade da pesca nacional. O raciocínio que o Governo vinha apresentando em Bruxelas é o de que num país ou região em que a actividade se concentre sobre poucas espécies, será mais fácil controlar as capturas acidentais através de alterações técnicas nas artes de pesca. Mas, para Portugal, onde a pesca é muito variada, isto seria mais difícil, e sempre haverá capturas indesejadas. De acordo com secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, a captura indesejada nas áreas de pesca do Sul da Europa, onde actua a frota portuguesa, situa-se normalmente abaixo dos 10%, embora possa chegar aos 40% para algumas espécies. De qualquer forma, será preciso ter uma ideia mais clara da situação. "Portugal tem um caminho a percorrer a nível da avaliação do que é a realidade das rejeições no contexto das pescarias nacionais", disse Pinto de Abreu esta quarta-feira, à margem de um evento em Lisboa, depois de regressar de Bruxelas. "Vamos passar a ter uma muito melhor ideia do que estamos realmente a capturar e qual é o estado dos nossos stocks", completou. O cumprimento das novas normas poderá ser feito, por exemplo, com observadores a bordo ou através de câmaras instaladas nas embarcações. O acordo desta quarta-feira foi obtido após 20 horas de tensas negociações entre países que defendiam uma posição mais restritiva e outros, como Portugal, a reivindicarem mais flexibilidade. “É um momento histórico para a reforma da fracturada Política Comum de Pescas”, disse o ministro britânico das pescas, Richard Benyon, no final da sessão em Bruxelas. “Estou desapontado com o facto de algumas medidas não serem tão ambiciosas como eu esperaria, mas é um preço que estamos dispostos a aceitar que outros detalhes fiquem resolvidos”. O Reino Unido foi um dos países que mais se bateu por uma posição firma contra as rejeições em alto mar. A Suécia, que também alinhava na mesma posição, votou contra o acordo, por prever excepções. A proibição das capturas indesejadas é uma das principais novidades de uma ampla reformulação da Política Comum das Pescas, que está em discussão entre o Conselho, a Comissão e o Parlamento Europeu. No princípio do mês, o Parlamento aprovou uma série de emendas à proposta da Comissão Europeia. Ministros e eurodeputados terão agora de chegar a uma versão comum.
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Palavras-chave espécie
Os conservacionistas não gostam de boas notícias
Notícias boas, para os conservacionistas, são perigosas porque podem conduzir à redução dos recursos disponíveis para a conservação. (...)

Os conservacionistas não gostam de boas notícias
MINORIA(S): Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.7
DATA: 2013-03-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Notícias boas, para os conservacionistas, são perigosas porque podem conduzir à redução dos recursos disponíveis para a conservação.
TEXTO: A conservação da natureza e a gestão da paisagem são áreas de conhecimento em que a distinção entre facto e opinião nem sempre é fácil. As muitas, e complexas, teias de relação causa-efeito que estão por trás de cada observação explicam essa dificuldade. Penso que é Jorge Palmeirim que diz, com muita propriedade, que a natureza não existe para que nós a estudemos, nós é que insistimos em estudá-la. Nestas circunstâncias não admira que, na dúvida, o crédito dado às más notícias seja muito maior que o crédito dado às boas notícias. Presumir que uma espécie não tem problemas de conservação, quando eles existem, é muito mais perigoso do que presumir que a espécie precisa de medidas de conservação, quando, afinal, não está assim tão ameaçada. A valorização das más notícias, em detrimento das boas, leva ao uso de recursos na conservação de espécies que não precisam de medidas de conservação. E porque os recursos são sempre escassos, aumentamos o risco de faltarem onde precisamos mesmo deles. Vale a pena ilustrar a ideia com um exemplo. O lince esteve muito, muito ameaçado, confinado a pequenas áreas no Sul de Espanha com populações em forte contracção. Esta situação decorreu, na minha pouco consensual opinião sobre o assunto, da brusca redução da população de coelho, primeiro nos anos 50 do século XX por causa da mixomatose, depois nos anos 80 por causa da pneumonia hemorrágica viral. Para se ter uma ideia do efeito devastador destas doenças refira-se que a população de coelho na Europa diminuiu 90% a 95% nos primeiros anos da mixomatose. Embora existam referências a uma terceira doença actualmente em progressão nas populações de coelho, a verdade é que entre o fim dos anos 80 e os meados dos anos 90, as populações de coelho adaptaram-se a estas doenças e têm vindo a recuperar visivelmente. A boa notícia é que à recuperação das populações de coelho se associa a recuperação de muitas outras espécies que dependem, em maior ou menor grau, da disponibilidade de coelho, como a águia imperial ou o lince. É assim que a população de lince tem vindo a recuperar, a taxas de crescimento anuais por volta dos 10%, vai para dez anos, tendo já mais que triplicado a população que existia no ponto mais extremo da retracção. É inevitável que o lince deixe de ser considerado uma espécie “criticamente em perigo”, o grau de ameaça mais próximo da extinção, para ser considerada uma espécie “em perigo”, como tem vindo a ser discutido na União Internacional para a Conservação da Natureza. Na verdade, esse passo de reconhecimento de que a espécie está hoje num perigo menor (eu diria, muito menor) de extinção do que há dez anos só ainda não foi dado porque os conservacionistas realmente não gostam de boas notícias. Acham-nas perigosas porque podem conduzir à redução dos recursos disponíveis para a conservação. Com alguma razão. Mas não toda, diriam as espécies mais ameaçadas, para as quais faltam os recursos de conservação que estão a ser dirigidos para outro lado.
REFERÊNCIAS: