Nova espécie de macaco foi descoberta na Amazónia Colombiana
Uma expedição científica à Amazónia Colombiana descobriu uma nova espécie de macaco zogue-zogue (Callicebus caquetensis), anunciou a organização Conservation International. Mas a destruição da floresta onde vive ameaça de extinção os 250 animais que ainda restam. (...)

Nova espécie de macaco foi descoberta na Amazónia Colombiana
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.043
DATA: 2010-08-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma expedição científica à Amazónia Colombiana descobriu uma nova espécie de macaco zogue-zogue (Callicebus caquetensis), anunciou a organização Conservation International. Mas a destruição da floresta onde vive ameaça de extinção os 250 animais que ainda restam.
TEXTO: A descoberta - a cargo dos professores Thomas Defler e Marta Bueno e do estudante Javier García, da Universidade Nacional da Colômbia - foi anunciada esta quinta-feira na revista científica “Primate Conservation”. Segundo a organização, a expedição foi realizada em 2008 no estado colombiano de Caquetá, perto da fronteira com o Equador e o Peru, 30 anos depois do especialista em comportamento animal Martin Moynhian ter visitado a região e ter feito os primeiros relatos da espécie, do tamanho de um gato. “Durante muitos anos foi impossível viajar a Caquetá devido à presença de guerrilhas armadas”, conta a organização em comunicado. Mas quando a violência diminuiu, Javier García, nativo da região, viajou até ao rio Caquetá e encontrou 13 grupos da nova espécie. “Esta descoberta é extremamente empolgante porque tínhamos ouvido falar deste animal, mas por muito tempo não podíamos confirmar se era diferente dos outros zogue-zogue”, explicou Thomas Defler. “Agora sabemos que é uma espécie única, e isso mostra a rica variedade de vida que ainda está por ser descoberta na Amazónia”. Sobrevivência ameaçadaMas nem tudo são boas notícias. Estima-se que existam apenas menos de 250 zogue-zogue de Caquetá; uma população saudável deveria ter milhares de indivíduos, considera a Conservation International. “A principal razão para esse número reduzido é a destruição das florestas da região que têm sido abertas para plantios agrícolas. Isso diminui drasticamente as áreas para esses animais se reproduzirem, encontrarem alimentos e sobreviverem”. Por isso, a espécie foi classificada como espécie Criticamente em Perigo (CR), segundo o critério da União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN). Isto quer dizer que o animal enfrenta um risco extremamente alto de extinção no futuro muito próximo. “A descoberta é especialmente importante porque nos lembra que devemos comemorar a diversidade de vida na Terra, mas que também precisamos agir agora para salvá-la”, alertou José Vicente Rodríguez, director da unidade de ciência da Conservação Internacional na Colômbia e presidente da Associação Colombiana de Zoologia. “Quando os líderes mundiais se reunirem na Convenção de Diversidade Biológica no Japão no final do ano, eles precisam se comprometer com a criação de mais áreas protegidas se quisermos garantir a sobrevivência de criaturas ameaçadas como esta na Amazónia e no mundo”. A pesquisa liderada por Defler foi financiada pela Conservation International, pelo Fondo para la Acción Ambiental y la Niñez e pela Fundación Omacha.
REFERÊNCIAS:
Há áreas em Portugal que já arderam catorze vezes em três décadas
Não são mais que imberbes rebentos. Arderam há três anos mas já estão a ser pasto de chamas novamente. São muitas as áreas no país que ardem e voltam a arder num curto período de tempo, o que indica que ali há dedo dos pastores. Daí que alguns critiquem a recente decisão do Governo de pagar a alimentação do gado que perdeu o seu pasto nos incêndios. "É um incentivo para que continuem as queimadas", afirmam. "Não vamos deixar morrer os animais", responde o ministério. (...)

Há áreas em Portugal que já arderam catorze vezes em três décadas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não são mais que imberbes rebentos. Arderam há três anos mas já estão a ser pasto de chamas novamente. São muitas as áreas no país que ardem e voltam a arder num curto período de tempo, o que indica que ali há dedo dos pastores. Daí que alguns critiquem a recente decisão do Governo de pagar a alimentação do gado que perdeu o seu pasto nos incêndios. "É um incentivo para que continuem as queimadas", afirmam. "Não vamos deixar morrer os animais", responde o ministério.
TEXTO: A relação entre a pastorícia e os incêndios em determinadas áreas - caso da regiões em volta de Castro Daire/Marco de Canaveses ou em redor de Mangualde/Gouveia, para dar alguns exemplos - fica clara quando se olha para a quantidade de vezes que uma mesma zona ardeu nas últimas três décadas. A equipa de José Miguel Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia (ISA), fez este levantamento. E detectou inúmeros matos que insistem em pegar fogo amiúde, contra todas as probabilidades. "A recorrência de fogo é tão grande em determinadas áreas que pode dizer-se que são seguramente zonas tradicionais de pastorícia", diz Cardoso Pereira. Com dados disponíveis para 34 anos - de 1975 a 2008 -, a equipa do ISA mapeou as áreas ardidas, constatando que há zonas que, neste período de tempo, já arderam 14 vezes. "Efeitos muito perversos"Em condições normais, segundo os estudos de Cardoso Pereira, uma área está pronta para arder ao fim de cinco anos depois de ter sido consumida pelas chamas. Ou seja, se uma mesma área registou incêndios mais de seis vezes nestes 34 anos, pode dizer-se que há uma enorme probabilidade de ali terem sido feitas queimadas para renovação das pastagens. Que muitas vezes se descontrolam. O uso do fogo na renovação das pastagens é ancestral. É a forma mais barata de o fazer, tanto mais que muitas vezes é feito em áreas marginais, onde roçar o mato é difícil ou nem sequer compensa. Porém, as queimadas estão proibidas na época dos fogos. Mas continuam a ser feitas. Aliás, olhando para os relatórios dos incêndios deste ano, a GNR identifica claramente as queimadas como uma das causas mais frequentes dos fogos. A Polícia Judiciária tem também anunciado a detenção de pastores como alegados incendiários. Rui Almeida, responsável pela Directoria do Centro da PJ, adianta que, dos 36 detidos este ano, dois são pastores e sete indicaram ser agricultores. Esta relação próxima entre a pastorícia e os incêndios leva muitos a considerar "um risco" a decisão do Ministério da Agricultura de final de Agosto de estabelecer uma ajuda de emergência à alimentação animal "com vista a compensar as perdas ocorridas nas áreas de pastoreio ardidas" nesta época de incêndios - que só termina no próximo dia 15 de Outubro. No caso das ovelhas e cabras, está previsto um valor de 40 euros por cabeça e, no caso do gado bovino, a ajuda sobe para os 100 euros por animal. "A medida pode ter efeitos muito perversos", diz Carlos Aguiar, da Escola Superior Agrária de Bragança, especialista em pastagens. "Os pastos de Verão são de baixo valor alimentar, estão secos, o que em si agrava o risco de esta medida incentivar ainda mais o uso do fogo para a renovação das pastagens", acrescenta. "Abre um precedente complicado, pois, se as pessoas perceberem que se arderem os pastos recebem apoios para a alimentação animal, serão incentivadas a continuar a fazê-lo", diz Henrique Pereira dos Santos, arquitecto paisagista. "É uma medida que incentiva as pessoas a gerir o território de forma absurda", acrescenta. "Não apoiávamos os agricultores e deixávamos morrer os animais?" contrapõe o Ministério da Agricultura. "Era nossa missão ajudar, porque corríamos o risco de, daqui a um mês, se falar de uma grande mortandade". "É uma medida justa, é preciso ajudar os agricultores que ficaram sem pastagens, mas tem de ser bem controlada para não beneficiar ninguém indevidamente", argumenta por seu lado Paulo Rogério, da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela. Se a acha perigosa? "Talvez pudesse vir a ser se não fosse só para este ano, mas como é uma medida que não vai ficar, decidida já depois dos incêndios, não me parece que seja vista como um incentivo", acrescenta. Enquadrar a pastoríciaCom ou sem incentivos, o certo é que esta prática continua, com as consequências que se conhecem. Têm sido detidos alguns pastores mas a repressão também pode ser contraproducente, empurrando-os para a clandestinidade. Que se traduz num aumento das ignições na calada da noite. "Tem de se investir no enquadramento técnico da pastorícia", defende Cardoso Pereira. Já hoje, os membros do Grupo de Análise e Uso do Fogo dão apoio a alguns pastores para fazerem queimadas em segurança. Mas são ainda uma minoria. "Os pastores produzem riqueza e devem ser acarinhados. Muitas vezes o problema está em não terem acesso à terra, o que os obriga a fazerem pastoreio de percurso, renovando, através do fogo, as pastagens de que necessitam", diz Carlos Aguiar, lembrando a quantidade de terra que o país tem devoluta, sem que quem dela necessita lhe possa aceder. A criação de um banco de terras, tão exigida por muitos e várias vezes prometida, continua a não passar disso mesmo: uma promessa.
REFERÊNCIAS:
Europa cria a primeira rede de áreas protegidas marinhas no alto mar
Os ministros do Ambiente de 15 países europeus aceitaram hoje definir seis zonas livres de pesca em zonas remotas do Oceano Atlântico, criando a primeira rede de áreas protegidas marinhas no alto mar, fora do controlo dos Governos. (...)

Europa cria a primeira rede de áreas protegidas marinhas no alto mar
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.205
DATA: 2010-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os ministros do Ambiente de 15 países europeus aceitaram hoje definir seis zonas livres de pesca em zonas remotas do Oceano Atlântico, criando a primeira rede de áreas protegidas marinhas no alto mar, fora do controlo dos Governos.
TEXTO: Fazem parte desta rede seis áreas protegidas de "elevado valor ecológico" que abrangem 285 mil quilómetros quadrados do Atlântico, ou seja, uma superfície semelhante à da Itália. Todas as áreas estão para lá das 200 milhas náuticas (370, 4 quilómetros), o limite das zonas económicas exclusivas dos países. A maioria das seis zonas fica a Norte do arquipélago dos Açores e a Oeste da Irlanda. Quatro das seis áreas foram estabelecidas em colaboração com Portugal. A protecção em causa pode significar proibições à pesca, exploração petrolífera no fundo do mar e, talvez, restrições à circulação de navios. Actualmente, 1, 2 por cento dos oceanos do planeta são áreas protegidas, menos do que os 12 por cento das áreas protegidas nos continentes, segundo Caitlyn Toropova, especialista da União Mundial para a Conservação (UICN). “Esta é uma medida histórica” que vai dar “um novo estatuto de protecção às espécies que vivem no Atlântico”, comentou Erik Solheim, ministro do Ambiente norueguês, depois das negociações que decorrem desde ontem em Bergen, Noruega. Solheim referia-se a espécies como os tubarões, raias e corais. “Vamos tentar inspirar outras nações a fazer o mesmo, por exemplo nos oceanos Índico, Pacífico e outros”. Os delegados que participam no encontro em Bergen, sob a égide do grupo OSPAR – que reúne 15 países para a protecção do Atlântico Nordeste – sublinham que a única outra área marinha protegida em alto mar fica a 80 mil quilómetros da Antárctida. Henrique Cabral, investigador do Instituto de Oceanografia da Universidade de Lisboa, comentou ao PÚBLICO que esta iniciativa "não tem precedentes", até porque a "tradição" tem sido proteger áreas marinhas em continuidade com as áreas terrestres. O especialista salientou também o benefício para os organismos marinhos desta "acumulação de áreas protegidas". Ainda assim, "os valores que vão beneficiar desta protecção são uma minoria em relação ao que seria necessário proteger". Henrique Cabral considera que a maior dificuldade desta rede de áreas marinhas é a "dificuldade de fiscalização e em desenvolver acções no local". Portugal e Islândia, dois casosMas o acordo expôs diferenças de pontos de vista entre os países quanto ao planeamento das novas regras das Nações Unidas, que darão direitos aos países se o leito marinho ou a sua plataforma continental se estender para lá das 200 milhas náuticas. Portugal aprovou zonas protegidas ao largo dos Açores, numa área onde deverá ter direitos extra ao leito marinho. Já a Irlanda recusou. “Estamos muito dependentes do peixe”, lembrou Humberto Rosa, secretário de Estado do Ambiente. “As áreas marinhas protegidas vão ser benéficas para as pescas”. De acordo com Humberto Rosa, os benefícios de zonas livres de pesca ultrapassarão qualquer ganho futuro possível. Já a Islândia recusou conceder protecção a uma área de alto mar a Sul da ilha vulcânica, onde reclama direitos sobre o leito marinho, no âmbito da regulamentação das Nações Unidas. O encontro de Bergen aceitou novas negociações sobre a questão até 2012. Os delegados dizem que a Inglaterra, Irlanda, Noruega e Dinamarca – que também esperam estender as suas zonas económicas exclusivas, apoiaram a Islândia. “Estamos satisfeitos por terem sido aceites seis áreas marinhas protegidas para lá da jurisdição nacional”, comentou Stefan Lutter, da organização WWF. Mas disse ter ficado decepcionado pela zona ao largo da Islândia ter ficado de fora. Os 15 países reunidos em Bergen – Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido e União Europeia - informaram que pretendem rever as regras para novas licenças de exploração de petróleo e gás natural a grandes profundidades. As dez maiores áreas marinhas protegidas do mundo (em quilómetros quadrados):1) Área Marinha das Ilhas Phoenix, em Kiribati, no Pacífico (408, 342); 2) Parque Marinho da Grande Barreira de Coral da Austrália (343, 480);3) Monumento Nacional Marinho norte-americano Papahanaumokuakea, ao largo do Havai, no Pacífico (334, 154);4) Monumento Nacional Marinho norte-americano Mariana Trench, no Pacífico (247, 179);5) Monumento Nacional Marinho norte-americano das Ilhas Remotas no Pacífico (212, 788);6) Área Marinha Protegida das ilhas Príncipe Eduardo, na África do Sul (180, 633); 7) Área Protegida Bentónica Kermadec, na Nova Zelândia (164, 840);8) Reserva Marinha da ilha Macquarie, Austrália (161, 895);9) Reserva Marinha das Galápagos, no Equador, no Pacífico (137, 975); 10) Franz Josef Land Zakaznik, ao largo do Norte da Rússia (123, 877).
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Palavras-chave direitos minoria
Há formigas a cuidar da borboleta mais rara do país
O movimento dos carvalhos segue de longe as nuvens escuras que atravessam a paisagem verde da serra do Alvão. Entre os gigantescosblocos de pedra, respira-se esta calma nos riachos que correm, na rã que salta, nas vacas que caminham calmamente por cima do alcatrão seco, prontas a entrar nos terrenos onde se alimentam. (...)

Há formigas a cuidar da borboleta mais rara do país
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O movimento dos carvalhos segue de longe as nuvens escuras que atravessam a paisagem verde da serra do Alvão. Entre os gigantescosblocos de pedra, respira-se esta calma nos riachos que correm, na rã que salta, nas vacas que caminham calmamente por cima do alcatrão seco, prontas a entrar nos terrenos onde se alimentam.
TEXTO: Entramos também num destes terrenos, o lameiro da dona Libânia, a poucos quilómetros da aldeia de Lamas de Olo, a 20 minutos de carro de Vila Real. O Outono não revela o que se passa debaixo dos nossos pés. Mas a professora Paula Seixas Arnaldo conhece estes 3, 2 hectares de uma ponta a outra e sabe que no solo está a acontecer algo único. Formigas atarefadas estão a alimentar lagartas cor-de-rosa que vão dar. . . borboletas. Ninguém sabe onde estão os ninhos das formigas, que estão sempre a começar novas casas. Por isso, a professora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a estudante de mestrado Maria da Conceição Rodrigues levam consigo material para as procurar. Botas de borracha, espetos de metal para cavar a terra, um copo de plástico com rosca para guardar formigas, ovos e lagartas de borboletas. "Horas. Passamos horas à procura de ninhos de formigas e ao fim do dia não encontramos nada", diz Paula Seixas Arnaldo, enquanto arranca mais um pedaço de terra à procura da Myrmica aloba, a espécie de formiga que em Portugal é a hospedeira da Maculinea alcon, a borboleta mais ameaçada do país. História a trêsEstar debruçado sobre a terra à procura de formigueiros é uma actividade que faz parte dos últimos anos de investigação da cientista. Desde 2006 que o lameiro é estudado por Paula Seixas Arnaldo. Este é um dos melhores locais da Europa para seguir o estranho ciclo de vida da borboleta-azul-das-turfeiras. Uma das causas é a presença frequente da Gentiana pneumonanthe, ou genciana-das-turfeiras, uma planta rasteira de flor azul arroxeada. "A borboleta só põe os ovos nesta flor, em Julho. Os ovos eclodem uma semana depois, nascem as lagartas que se alimentam das sementes durante 30 dias", explica a investigadora enquanto Maria da Conceição Rodrigues continua a arrancar mais vegetação em busca da Myrmica aloba, queixando-se da falta de um canivete, o que facilitaria o seu trabalho. "Quando estão no terceiro estádio as lagartas atiram-se para o chão. As formigas que se encontram a menos de dois metros detectam a presença da lagarta, vão lá buscá-la e transportam-na para dentro do formigueiro", continua a cientista. As formigas são literalmente enganadas. As lagartas da Maculinea alcon exalam feromonas que fazem as formigas acreditarem que as lagartas são larvas de formiga e que precisam de ser levadas para o ninho. "No formigueiro as formigas oferecem-lhes substâncias açucaradas. Quando há pouco alimento a lagarta pode chegar a comer outras larvas de formigas, mas é raro", diz a especialista. A lagarta dá protecção pelo tamanho e também produz substâncias para as formigas, mas a troca não é equilibrada. "Há cinco espécies do género da Maculinea na Europa. Esta não é predadora, mas quando não tem alimento. . . "Durante nove meses a lagarta de borboleta vai crescendo no formigueiro, e nos primeiros dias de Julho a crisálida faz a metamorfose e a borboleta "nasce" da terra. A corrida até à superfície tem que ser rápida porque a borboleta perde a capacidade de enganar as formigas e estas podem atacar o insecto. "Este ano vimos a primeira Maculinea alcon a 6 de Julho", relembra. As investigadoras passaram Julho e Agosto a contar borboletas, para saber o estado da população. Utilizam o método de contagem e recontagem: capturam uma borboleta, escrevem o número por baixo da asa e todos os dias voltam à caça, acabando por recapturar o mesmo lepidóptero. Isso permite tirar conclusões quanto ao número de indivíduos, os dias que vivem ou a distância que são capazes de voar. Entretanto Maria da Conceição tem um sucesso parcial e descobre um formigueiro de Myrmica ruginodis. Uma espécie irmã que também existe ali, mais vermelha e agressiva que a Myrmica aloba. No formigueiro, caiu um cataclismo humano e as formigas entram num movimento frenético, os ovinhos brancos que vão ser futuras formigas são alvo imediato de protecção. Lagartas cor-de-rosa de menos de um milímetro, nada. Em Espanha a Myrmica ruginodis cuida das borboletas, aqui nunca foi visto tal coisa. Porquê? "Boa pergunta, temos estudos genéticos a decorrer, poderão ser populações periféricas que já sofreram alterações genéticas", diz-nos Paula Seixas Arnaldo, referindo-se à borboleta. Hoje, a Maculinea existe em 13 pontos em Portugal, nove na região do Alvão, numa área com menos de um quilómetro quadrado. São as populações da espécie que estão mais a sudoeste em toda a Europa, fragmentadas e isoladas não se sabe há quanto tempo. Por serem dependentes da flor e da formiga para viver, são vulneráveis a qualquer intervenção no habitat. O melhor conhecedor da situação da borboleta em Portugal é Ernestino Maravalhas, que identificou a população deste lameiro em Agosto de 1999. O especialista em lepidópteros trabalha no Porto em seguros, mas percorre o país a estudar a natureza. Estuda e sonha com borboletas, libélulas e outras criaturas. O espírito com que se entrega às coisas é o mesmo com que chega ao pé de nós a pedir desculpas pelo atraso - enérgico e entusiasta. De batatal a lameiro"A primeira vez que vi a Maculinea alcon foi em Agosto de 1983, em Boticas [perto de Chaves]", diz o especialista. Depois, só voltou a encontrar a espécie no Alvão, 16 anos mais tarde. Durante muito tempo, Maravalhas foi à caça das várias populações de Gentiana pneumonanthe que existem no Norte e no Centro de Portugal, procurando mais borboletas desta espécie. Aqui, as populações estão saudáveis porque há pouca intervenção e o sistema de lameiro com o pastoreio feito pelas vacas continua, o que é importante para manter controladas as plantas que competem com a genciana. "As vacas são importantes para assegurar o sistema", explica Paula Seixas Arnaldo. Só durante os meses em que a borboleta está activa é que é preferível não haver visitas dos bovinos. Mesmo assim, nada está assegurado, como é um caso de um lameiro fora do Parque Natural do Alvão, que de um momento para o outro, passou a ser um batatal. "Foi há três anos, era um dos locais que pensávamos que não estivessem ameaçados. Quando chegámos lá parecia que não estávamos no mesmo sítio", explica Maravalhas. "Passaram o bulldozer por cima. Tinha umas belas batatas. Como se não existissem mais locais para plantar batatas. . . "É por isso que o especialista acredita que a forma de assegurar a manutenção deste lameiro é a aquisição do terreno, que se manteria com o pastoreio tradicional. Desde a primeira contagem das borboletas, em 2002, o efectivo cresceu de 500 para seis mil, um número pequeno comparado com a borboleta-da-couve, uma das mais comuns, que atinge dezenas de milhões de indivíduos. Paula Seixas Arnaldo defende que o pastoreio, as queimadas feitas no final do Outono e a visita anual de um grupo de ingleses de uma associação ambientalista, que limpa este terreno em regime de voluntariado, têm mantido a turfeira saudável e feito aumentar o número de borboletas, que não voam mais do que cerca de 150 metros e, por isso, têm uma capacidade de dispersão pequena. Há um projecto inserido no plano de biodiversidade da Câmara de Vila Real para transformar o lameiro num observatório de borboletas e construir um centro científico em Lamas de Olo com informação sobre este sistema. "É só um quilómetro quadrado que nós gostávamos de proteger, um grão de areia em relação à área de Portugal", diz Maravalhas. De repente, Paula Seixas Arnaldo, que se tinha afastado para enfiar a estaca na terra e tentar a sorte mais uma vez, chama-nos: "Mirmicas!" Corremos para lá, algumas formigas denunciam que um ninho está perto. A investigadora retira mais um pedaço de terra e zás. Muitas formigas, movimento, ovinhos brancos. Pelo meio, outras estruturas diferentes, em menor número, com lagartas rosa-escuro. "Lagartas de Maculinea!" Um espanto. Pequeninas. Vão crescer mais alguns milímetros até Julho. Por agora é cedo. As formigas estão preocupadas com a "suas larvas". Agarram as lagartas e começam a carregá-las para dentro da terra. Para os meses silenciosos do Alvão, de descanso e crescimento.
REFERÊNCIAS:
Projectos nacionais sobre aves, árvores ribeirinhas e algas do fundo do mar recebem 500 mil euros
Quatro projectos nacionais sobre aves migradoras, árvores ribeirinhas, algas do fundo do mar e saberes associados às espécies do Parque Natural do Douro Internacional vão partilhar 500 mil euros, no âmbito da terceira edição do Fundo EDP Biodiversidade 2010. (...)

Projectos nacionais sobre aves, árvores ribeirinhas e algas do fundo do mar recebem 500 mil euros
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quatro projectos nacionais sobre aves migradoras, árvores ribeirinhas, algas do fundo do mar e saberes associados às espécies do Parque Natural do Douro Internacional vão partilhar 500 mil euros, no âmbito da terceira edição do Fundo EDP Biodiversidade 2010.
TEXTO: A Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) é uma das entidades que recebe financiamento, com o projecto de criação de um atlas das aves invernantes e migradoras de Portugal. A iniciativa pretende promover o conhecimento da distribuição e abundância das espécies de aves no período de migração pós-nupcial e de Inverno, em todo o país. Saber mais sobre a biodiversidade genética das espécies de árvores ribeirinhas é outro dos projectos financiados, desta vez nas mãos do Instituto Superior de Agronomia. O objectivo é permitir melhorar o sucesso das acções de conservação nesse tipo de habitats. O projecto do Centro de Ciência do Mar Algarve é outro dos vencedores, com o projecto Findkelp, dedicado às algas castanhas que ocorrem no fundo do mar e que dominam os habitats marinhos rochosos de baixa profundidade das regiões temperadas. Em Portugal existem sete espécies destas algas. Preservar e valorizar o património natural e cultural associado ao Parque Natural do Douro Internacional – com especial destaque para os usos, práticas e saberes associados às espécies – conquistou a distinção. A iniciativa é da Frauga - Associação Desenvolvimento Integrado de Picote. O Fundo EDP Biodiversidade foi criado em 2007 para financiar projectos associados à promoção e recuperação da biodiversidade, a um ritmo de 500 mil euros anuais até 2011. Este foi o segundo ano consecutivo que sete organizações não governamentais de Ambiente – Associação Cívica Pró-Tâmega, Associação de Defesa da Praia da Madalena, Associação Amigos do Vale do Rio Tua, Centro de Estudos da Avifauna Ibérica, COAGRET (Coordenadora de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases), FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental), GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) e Quercus - boicotaram o concurso, prescindindo de se candidatar ao fundo, como protesto contra “os impactes negativos das grandes barragens”, disseram num comunicado de final de Junho deste ano. “Abdicamos do Fundo EDP Biodiversidade enquanto persistirem na mentira de que as grandes barragens constituem um benefício para a Protecção da Natureza. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo aves
Bióloga descobre espécie de insecto com milhões de anos em gruta algarvia
Existe há milhões de anos numa gruta algarvia mas só agora foi encontrado por uma bióloga portuguesa. O Litocampa mendesi, animal com três milímetros e sem olhos ou asas, será mais primitivo do que os insectos que hoje conhecemos. Mas as novidades do frágil mundo vivo cavernícola só agora estão a começar. (...)

Bióloga descobre espécie de insecto com milhões de anos em gruta algarvia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.1
DATA: 2011-01-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Existe há milhões de anos numa gruta algarvia mas só agora foi encontrado por uma bióloga portuguesa. O Litocampa mendesi, animal com três milímetros e sem olhos ou asas, será mais primitivo do que os insectos que hoje conhecemos. Mas as novidades do frágil mundo vivo cavernícola só agora estão a começar.
TEXTO: Sofia Reboleira, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, tem estado atarefada a estudar as amostras que trouxe para a superfície, fruto de doze meses de trabalho de campo em 2009, a dezenas de metros de profundidade nas grutas portuguesas. A 22 de Dezembro, a revista "Zootaxa" publicava a descoberta do Litocampa mendesi. “Procurámos a fauna das grutas através da observação do interior das cavidades e com a ajuda de armadilhas de queda colocadas no chão”, explicou hoje ao PÚBLICO a bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Nas armadilhas foram colocados iscos odoríferos para atrair os insectos. “Este tipo de armadilhas também ajuda a medir a actividade dos animais, porque os que mais andam são os que mais caem” nas armadilhas. Mas este é um trabalho exigente. “São animais muito raros que apenas vivem em zonas difíceis de estudar”, disse Sofia Reboleira, também espeleóloga. Investigar a espécie em laboratório está fora de questão. “É impossível manter estes insectos em cativeiro. É muito difícil. Eu nunca vi [o Litocampa mendesi] vivo”, referiu. A investigadora, que estuda a fauna cavernícola do país, está em condições para dizer que este insecto desenvolveu, ao longo de milhões de anos, impressionantes estratégias de poupança energética para conseguir sobreviver na escuridão das grutas, como a ausência de olhos e asas e a grande resistência ao jejum. Estima-se que este será um animal “mais primitivo do que os insectos” actuais. A fragilidade das espécies cavernícolasSofia Reboleira estuda os animais que não vivem em mais nenhum local que não nas grutas, até aos 220 metros de profundidade, sob a orientação de Fernando Gonçalves (do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro) e Pedro Oromí (da Faculdade de Biologia da Universidade de La Laguna, em Tenerife, Espanha). Até agora anunciou cinco novas espécies. Em Maio foi anunciada a descoberta de duas novas espécies de escaravelhos nas grutas das serras de Aire e Candeeiros e no início de Dezembro outra espécie de escaravelho em Montejunto e um pseudoescorpião nos maciços calcários do Algarve. Agora foi a vez do Litocampa mendesi, numa gruta algarvia a 30 metros de profundidade. A maioria dos invertebrados que constituem a fauna cavernícola são artrópodes, como as aranhas e insectos. Apesar de viverem em ambientes até agora pouco estudados, estas espécies merecem atenção. "As espécies cavernícolas não conseguem sobreviver em mais nenhum local, logo têm a sua distribuição geográfica muito reduzida. Qualquer perturbação pode pôr em causa a sua sobrevivência", sublinhou Sofia Reboleira. A investigadora lembrou, nomeadamente, a poluição por pesticidas e insecticidas que se podem infiltrar nas grutas e a perturbação ou mesmo destruição daqueles locais por actividades humanas. Além disso, estas populações nunca são de grande dimensão. "Não tendo luz, as grutas onde vivem estes animais não têm plantas e as fontes de alimento são muito escassas. Por isso, as populações não podem ser muito grandes. Na verdade, estes são exemplares raríssimos". Sofia Reboleira acredita que 2011 poderá trazer mais surpresas. “Ainda estamos a estudar a fauna encontrada no ano da amostragem, em 2009”, salientou. Notícia alterada às 12h27
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo ajuda espécie animal cativeiro
Nova “chuva de aves” nas estradas do Lousiana adensa mistério
Afinal, o mistério da “chuva de aves” parece ainda não ter terminado. Apenas dois dias depois de cerca de 5000 aves terem caído mortas no estado norte-americano do Arkansas, esta segunda-feira de manhã apareceram mortos 500 animais nas estradas no estado vizinho do Louisiana. (...)

Nova “chuva de aves” nas estradas do Lousiana adensa mistério
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.136
DATA: 2011-01-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Afinal, o mistério da “chuva de aves” parece ainda não ter terminado. Apenas dois dias depois de cerca de 5000 aves terem caído mortas no estado norte-americano do Arkansas, esta segunda-feira de manhã apareceram mortos 500 animais nas estradas no estado vizinho do Louisiana.
TEXTO: Com dois dias de diferença e a cerca de 500 quilómetros de distância, 500 aves apareceram mortas numa estrada rural da região de Pointe Coupee, no Louisiana. Os especialistas foram apanhados de surpresa com mais este fenómeno e ainda não sabem o que causou a morte destas aves. Um terceiro caso está ainda a ser divulgado, mas desta vez do outro lado do oceano, na Suécia. Entre 50 a cem aves foram encontradas mortas, pouco antes da meia-noite de terça para quarta-feira, junto a uma estrada à entrada da pequena localidade de Falköping. Algumas das aves, gralhas-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula), ainda foram encontradas vivas, contou à AFP Christer Olofsson, dos serviços de resgate de Falköping. "O veterinário do distrito chegou às 08h30 (07h30 em Lisboa) e recolheu cinco aves para análise" num laboratório em Uppsala, informou. Os resultados são esperados dentro de 24 a 48 horas. O veterinário do distrito, Robert ter Horst, informa que a sua principal teoria "é que as aves foram assustadas pelos fogos-de-artifício e caíram na estrada mas não conseguiram voar por causa do stress. Acabaram por morrer atropeladas", contou hoje ao jornal sueco "The Local". Anders Wirdheim, da Sociedade de Ornitologia sueca, disse ao jornal que a situação terá sido agravada porque as aves estão mais fracas nesta altura do ano. "Este Inverno tem sido especialmente rigoroso e as aves podem estar enfraquecidas. Isso aumenta as possibilidades de colidirem com diferentes objectos. Há pouco alimento nos campos em comparação com anos anteriores e vejo aves mortas todos os dias. "Ainda assim, não existe qualquer ligação estabelecida entre este caso e a morte das aves nos Estados Unidos. As autoridades do Arkansas e do Louisiana enviaram alguns animais para serem analisados por investigadores na Universidade de Geórgia e no Centro Nacional de Saúde da Vida Selvagem em Madison, no Wisconsin. Este centro recebeu 42 aves do Arkansas e começou ontem à tarde a realizar as necrópsias. Segundo o site do Channel3000, os investigadores recolheram amostras de tecido do cérebro das aves para ver se os pesticidas tiveram algum papel nestas mortes. Mas poderá demorar até uma semana a conclusão das análises às amostras que ajudem os cientistas a determinar a causa da morte daqueles animais. Hoje, o Centro de Madison vai começar a estudar cinco das aves que foram encontradas mortas no Lousiana. Ainda não foi estabelecida nenhuma ligação entre os dois casos. "Os cientistas ainda estão a investigar o que aconteceu às aves no Louisiana e no Arkansas. Mas as primeiras informações indicam que estes incidentes isolados foram, provavelmente, causados por uma perturbação e desorientação", explicou em comunicado Greg Butcher, director de conservação das aves na Audubon Society, uma das mais antigas organizações norte-americanas de Ambiente. Segundo o responsável, em teoria, "as mortes em massa de aves podem ser causadas por fome, tempestades, doenças, pesticidas, colisões com estruturas feitas pelo ser humano ou perturbação humana". Especialista em recuperação de animais selvagens descarta pânico como a única causaRicardo Brandão, médico veterinário do CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens) em Gouveia, admite que é "estranho" morrerem tantas aves em tão curto espaço de tempo e afirma não ter "registo de uma mortalidade tão assustadora". As causas poderão ultrapassar o pânico sentido pelas aves. "Já temos visto aves que, perante uma situação de fogo-de-artifício, saem dos sítios onde estão a dormir e voam assustadas, mas estão vivas", acrescentou. Fazendo valer que não arrisca avançar explicações, Ricardo Brandão admite que "não seria de descartar a hipótese de doença" ou algo "que está a acontecer há mais tempo" e que tenha passado despercebido. O responsável lembrou o ano de 2002, quando o vírus do Nilo causou uma elevada mortalidade nas aves dos Estados Unidos, afectando sobretudo corvídeos. No CERVAS não existem aves que padecem de stress. "Mesmo quando há incêndios e as aves sentem pânico, acabam por chegar a este centro por outras razões. Há sempre uma outra causa por trás", como por exemplo ferimentos. "Não é fácil interpretarmos as demonstrações de stress e pânico numa ave", considerou. De acordo com Ricardo Brandão, "segundo os casos que temos, as aves têm stress associado à nossa própria intervenção, quando chegam ao centro e nos aproximamos delas" para fazer um diagnóstico. Por exemplo, a águia-cobreira manifesta o stress deitando-se e agachando-se a um canto. "Temos aqui uma águia-cobreira há quatro ou cinco meses [em recuperação] que ainda se agacha quando chegamos perto". Luís Costa, director da Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), comentou ao PÚBLICO que este "é um caso estranho" e que o segundo episódio, no Louisiana "veio baralhar um pouco as coisas". "Os especialistas norte-americanos ainda não conseguiram perceber o que está a acontecer. Talvez tenha ocorrido uma mudança súbita na pressão atmosférica", opiniou. "O destino das aves está ligado ao nosso" Os animais encontrados mortos - tordos-sargentos ou pássaros-pretos-da-asa-vermelha (Agelaius phoeniceus), o estorninho-comum (Sturnus vulgaris), o corvo Quiscalus quiscula e o Molothrus ater -são espécies abundantes que se reúnem em bandos de milhares de aves para passarem a noite durante os meses de Inverno. A Audubon Society garante que está a acompanhar a situação. "Precisamos de estar atentos à evolução dos acontecimentos", disse Melanie Driscoll, da organização. "Mas se estes incidentes forem casos isolados, não representam uma ameaça significativa para as populações destas aves. Muito mais preocupante, a longo prazo, é a miríade de outras ameaças que as aves enfrentam, desde a destruição do habitat às alterações climáticas e espécies invasoras. "Neste momento, muitas das espécies mais comuns nos Estados Unidos têm as suas populações em decínio, "muito devido às actividades humanas", lembrou Butcher. "É vital que as pessoas tomem atenção a isto porque muitas vezes o destino das aves está ligado ao nosso. As aves respiram o mesmo ar que nós e fazem parte da mesma cadeia alimentar que nos sustenta a todos. "Notícia actualizada às 12h27
REFERÊNCIAS:
Sardinhas ao vento
Pela primeira vez, este ano reparei no dia exacto em que começou a ventania. Foi numa sexta-feira. Acordei de madrugada com a cacofonia que a brisa enfurecida desperta no meu prédio. No apartamento de cima, os vidros queriam saltar dos caixilhos. No do lado, uma porta batia sem parar – pá, pá, pá, pá… – em lacerante auto-flagelo. Na minha varanda, grandes vasos oscilavam sismicamente e na fachada traseira o estendal tinha perdido a lucidez, ameaçando partir-se. O fragor do vento fazia a melodia, coadjuvado por uma lâmina de ar que assobiava através de uma irritante fresta na janela da cozinha. Sim, tinha começado... (etc.)

Sardinhas ao vento
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-11 | Jornal Público
TEXTO: Pela primeira vez, este ano reparei no dia exacto em que começou a ventania. Foi numa sexta-feira. Acordei de madrugada com a cacofonia que a brisa enfurecida desperta no meu prédio. No apartamento de cima, os vidros queriam saltar dos caixilhos. No do lado, uma porta batia sem parar – pá, pá, pá, pá… – em lacerante auto-flagelo. Na minha varanda, grandes vasos oscilavam sismicamente e na fachada traseira o estendal tinha perdido a lucidez, ameaçando partir-se. O fragor do vento fazia a melodia, coadjuvado por uma lâmina de ar que assobiava através de uma irritante fresta na janela da cozinha. Sim, tinha começado a época da nortada, este desconforto atmosférico que tantas vezes arruina o direito universal à preguiça. E eu, ainda na cama, consolava-me com o facto de o vento pelo menos trazer boas sardinhas. Confuso? Não está sozinho. A relação mais imediata entre vento forte e peixe grelhado é a facilidade com que se acendem as brasas e a dificuldade com que se respira num raio de dez metros. Até há relativamente pouco tempo, eu ignorava por completo que existia outra conexão, precedente ao acto de assar o piscícola. O elo de ligação está no upwelling, muito prazer, afloramento para os íntimos. O vento varre a camada mais superficial do mar, trazendo água mais fria e carregada de nutrientes do fundo. Com luz e alimento, proliferam as formas básicas de vida marinha, como o plankton e pequenos invertebrados. E está assim posta a mesa para as sardinhas, que vão enchendo a pança neste lauto banquete, até serem apanhadas no cerco de uma traineira. Da sardinha, o vento lá fora empurrou o meu pensamento para a cavala, peixe altamente recomendável. É um ícone de sustentabilidade: existe em grande abundância, faz bem à saúde e é barato. Ou era, antes das recentes campanhas para introduzir a cavala na alta culinária, de modo a adicionar-lhe mais-valias – este mágico termo do léxico capitalista, com o qual um produto ou serviço passa a valer mais do que era suposto. Com a cavala ainda na cabeça, levantei-me. Apesar do ar revolto, estava um dia radioso. Mas quando abri a porta da varanda para saudá-lo, foi a nortada quem me recebeu, aplicando-me um espectacular açoite com o claro propósito de me derrubar. Não valia a pena resistir. Fugi para dentro do apartamento e, para me vingar, acendi a luz da sala em plena manhã, sabendo que um quarto daquela electricidade vinha dos 2500 aerogeradores que ornam os montes e montanhas do país. Naturalmente, o castigo não fez nem cócegas e a ventania, inexaurível, continuou a fustigar o edifício, revelando as suas partes frouxas. Saí finalmente de casa, não sem antes ter a infeliz ideia de levar comigo os sacos do lixo e a reciclagem. Bastou pôr um pé na rua e uma rajada já tinha rasgado um deles, que era dos fininhos, de supermercado. Sob o sopro constante do vento, o outro arqueou em vela, transportando-me para longe, à guisa de barco. Sem leme, jamais chegaria ao ecoponto. Além disso, a sardinha, a cavala, mais o upwelling e os parques eólicos giravam na minha cabeça, deixando-me algo tonto. Lixo e reciclagem, nos seus respectivos invólucros de plástico, acabaram por ir para o contentor normal, menos alguns desperdícios que se escaparam para a rua. Como vão para aterro, com mais uns meses de nortada pela frente ainda hei-de me cruzar novamente com aqueles sacos.
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Tempo sexta-feira
Metas estabelecidas no Plano de Defesa da Floresta vão ser cumpridas antes
O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas anunciou hoje que as metas estabelecidas no Plano de Defesa da Floresta Contra Incêndios devem ser antecipadas, propondo para 2010 o máximo de área ardida de 100 mil hectares anteriormente previsto para 2012. "Face ao esforço que foi feito e à redução da área ardida, temos que ser ambiciosos e pedir aos técnicos para reverem as metas e os objectivos para 2012 e 2018", disse Jaime Silva. Segundo o Plano de Defesa da Floresta Contra Incêndios, elaborado em 2006 para fazer face aos fogos de 2003 e 2005, a meta para 2012 era chegar aos 100 mil hectares de área... (etc.)

Metas estabelecidas no Plano de Defesa da Floresta vão ser cumpridas antes
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2008-10-22 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20081022012652/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1347001
TEXTO: O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas anunciou hoje que as metas estabelecidas no Plano de Defesa da Floresta Contra Incêndios devem ser antecipadas, propondo para 2010 o máximo de área ardida de 100 mil hectares anteriormente previsto para 2012. "Face ao esforço que foi feito e à redução da área ardida, temos que ser ambiciosos e pedir aos técnicos para reverem as metas e os objectivos para 2012 e 2018", disse Jaime Silva. Segundo o Plano de Defesa da Floresta Contra Incêndios, elaborado em 2006 para fazer face aos fogos de 2003 e 2005, a meta para 2012 era chegar aos 100 mil hectares de área ardida anualmente e para 2018 aos cerca de 30 mil hectares. "Durante os três anos de aplicação do plano, conseguimos operacionalizar uma vigilância e combate eficazes e dotámo-nos de meios terrestres e aéreos como nunca tivemos no país", salientou o ministro aos jornalistas, na cerimónia de avaliação do dispositivo de combate a incêndios florestais, acrescentando que em Portugal deixaram de "arder três mil milhões de euros de floresta". O ministro sublinhou que tendo em conta as incidências climáticas, as metas poderão ser "melhoradas em 30 por cento" em termos de área ardida. No entanto, destacou que são os técnicos que vão propor os objectivos. Jaime Silva disse ainda que são os incêndios florestais que mais põem em causa a floresta portuguesa, apesar de ter salientado que o Ministério da Agricultura está também empenhado no combate ao nemátodo (doença que está a atingir gravemente a mancha de pinheiro bravo). O nemátodo é "um problema grave que exige um plano concentrado com as associações florestais e com os proprietários", disse, adiantando que das 1400 análises efectuadas em pinheiros mortos, 2, 9 por cento detectaram o nemátodo. Capacidade de respostaTambém presente na cerimónia, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, destacou "os resultados favoráveis" obtidos este ano e a capacidade de resposta dos meios envolvidos. Rui Pereira disse que Portugal tem uma estratégia de prevenção e de combate aos incêndios florestais, que será revista para "criar objectivos ambiciosos" para os próximos anos. Segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a área ardida em Portugal diminuiu cerca de um quarto relativamente ao ano passado. Desde o início do ano e até hoje arderam 14. 410 hectares (ha), o que representa uma diminuição de 25, 9 por cento face a período idêntico de 2007, quando arderam 19. 444 ha. De acordo com os dados hoje apresentados, este ano registaram-se 11. 914 ocorrências, enquanto em 2007 ocorreram 11. 161, menos 753. A duração média dos incêndios foi de três horas, num Verão em que se registaram 15 grandes fogos (com mais de 100 hectares) e que foram responsáveis por 27 por cento da área ardida. O dia em que ocorreram mais incêndios florestais durante o Verão passado foi 24 de Agosto, quando deflagraram 175 fogos, e a média diária de fogos, durante a época mais crítica (fase "Charlie") foi de 79. Durante a fase "Charlie", que decorreu entre 1 de Julho e 30 de Setembro, estiveram mobilizados cerca de 9642 elementos, 2266 veículos e 56 meios aéreos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave doença
Ban Ki-moon e Sarkozy exigem que Gbagbo abandone a presidência
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse hoje em Nova Iorque que Laurent Gbagbo deve deixar a presidência da Costa do Marfim. (...)

Ban Ki-moon e Sarkozy exigem que Gbagbo abandone a presidência
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Animais Pontuação: 5 | Sentimento -0.15
DATA: 2010-12-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse hoje em Nova Iorque que Laurent Gbagbo deve deixar a presidência da Costa do Marfim.
TEXTO: Gbagbo deve entregar o poder ao seu adversário Alassane Ouattara, que ganhou a segunda-volta das presidenciais, afirmou Ban Ki-moon à imprensa. São intoleráveis as tentativas do candidato derrotado para se manter no poder, sublinhou o secretário-geral. Horas antes, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, exigira ao seu homólogo da Costa do Marfim que abandonasse o lugar "antes do fim da semana". Em Bruxelas, onde participou numa reunião de chefes de Estado e de Governo, Sarkozy declarou que Gbagbo deverá entregar o poder se não desejar ser incluído na lista de sanções a aplicar pela União Europeia (UE) a uma série de personalidades do seu regime. "Não há outra solução para Gbagbo que não seja deixar um lugar que está a usurpar", afirmou taxativamente o Presidente da República Francesa. O Presidente e a sua primeira mulher, Simone Ehivet Gbagbo, vice-presidente da Frente Popular Marfinense (FPI) e líder do respectivo grupo parlamentar, "têm o seu destino nas mãos", acrescentou Sarkozy. “Cabe a Gbagbo decidir a imagem que pretende deixar na História. Quer deixar a imagem de um homem de paz? Ainda há tempo, mas já vai escasseando; e ele deve partir. Ou quer deixar a imagem de alguém que permitiu que se disparasse sobre civis inocentes? ", perguntou o Presidente francês, no fim da cimeira europeia. "Existem jurisdições internacionais, como o Tribunal Penal Internacional, onde o próprio procurador afirma que está a acompanhar muito atentamente a situação e que os que ordenaram que se disparasse serão chamados a prestar contas", prosseguiu Nicolas Sarkozy, na sua linguagem particularmente dura. "É preciso manter a pressão, ou até mesmo aumentá-la. A única assinatura bancária válida para o Estado marfinense é agora a de Ouattara", afirmara já a ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Michèle Alliot-Marie. Fonte norte-americana citada pela Euronews disse que os Estados Unidos, a União Africana (UA) e as Nações Unidas também estão a fazer pressão para que Laurent Gbagbo se demita quanto antes e parta para o estrangeiro. É aquilo a que a AFP chama a estratégia da asfixia da administração cessante. Uma das personalidades às quais a UE pretende aplicar sanções é o conselheiro presidencial Bertin Gahié Kadet, sobrinho de Gbagbo, que recentemente o enviou a conversações com o seu homólogo de Angola, José Eduardo dos Santos. O presidente da Comissão da UA, o gabonês Jean Ping, encontra-se desde hoje de manhã em Abidjan, a fim de ainda procurar evitar a guerra civil que cada vez mais se desenha no país que é o maior produtor mundial de cacau. Depois de ter falhado a mediação do antigo Presidente sul-africano Thabo Mbeki, enviado pela UA no dia 5 de Dezembro, Jean Ping tenta uma hipótese de evitar o mergulho total no caos, num país onde ontem se verificaram largas dezenas de mortos : pelo menos 30 em Abidjan e cerca de 20 nas proximidades da cidade de Tiebissou, no interior. Ping seguiu directamente do aeroporto da maior cidade do país para um encontro com o Presidente cessante, Laurent Gbagbo, depois do que deverá ir ao hotel onde se encontra o Presidente eleito Alassane Ouattara. Se bem que a capital da Costa do Marfim seja formalmente, desde 1983, Yamoussoukro, terra natal do primeiro Presidente da República, Félix Houphouet-Boigny, toda a actividade comercial se centra na cidade portuária de Abidjan, à beira do Atlântico.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE UA