França recolhe impressões digitais de ciganos
O ministério francês da Imigração está a tirar as impressões digitais dos ciganos que obtiverem ajuda financeira depois de receberem ordem de deportação, essencialmente para a Bulgária e a Roménia. (...)

França recolhe impressões digitais de ciganos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 3 Ciganos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-10-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: O ministério francês da Imigração está a tirar as impressões digitais dos ciganos que obtiverem ajuda financeira depois de receberem ordem de deportação, essencialmente para a Bulgária e a Roménia.
TEXTO: Segundo as autoridades, este registo biométrico, iniciado na sexta-feira, destina-se a evitar que eles voltem a entrar em França, com falsa identidade, para tentar receber de novo os 300 euros que cada adulto recebe como forma de ajuda à sua reintegração no país natal (200 para as crianças). O Governo espera agora que, ao realizar um registo biométrico de todos os indivíduos expulsos, consiga diminuir o risco de serem cometidas fraudes. Mas, ao fazê-lo, causa novas preocupações aos grupos de defensores dos direitos humanos, que já acusavam o executivo de Sarkozy de estar a perseguir uma minoria. Na semana passada, a Comissão Europeia avisou a França de que poderá ficar sujeita a medidas disciplinares se não legislar no sentido de garantir a liberdade de movimento prevista no interior da União Europeia.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos ajuda minoria
Parlamento rejeita voto de condenação à expulsão de ciganos em França
O Parlamento rejeitou hoje um voto de condenação ao Governo francês pela expulsão de cidadãos ciganos do país, apresentado pelo Bloco de Esquerda, mas o sentido de voto dividiu as bancadas, em especial a do PS. (...)

Parlamento rejeita voto de condenação à expulsão de ciganos em França
MINORIA(S): Ciganos Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Parlamento rejeitou hoje um voto de condenação ao Governo francês pela expulsão de cidadãos ciganos do país, apresentado pelo Bloco de Esquerda, mas o sentido de voto dividiu as bancadas, em especial a do PS.
TEXTO: Rejeitada com os votos do PSD, PS e CDS, o voto de condenação contou com 15 abstenções de deputados socialistas e de um social-democrata. O vice-presidente da bancada socialista Sérgio Sousa Pinto votou a favor da resolução do Bloco de Esquerda e considerou “inaceitável o silêncio” do Parlamento face às acções do Governo de Paris. Vários deputados optaram por apresentar declarações de voto, entre os quais os sociais-democratas António Preto e José Eduardo Martins e os socialistas Eduardo Cabrita, Marques Júnior, João Soares e Osvaldo de Castro.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PSD
Podemos? Não, não podemos
As quotas para negros e ciganos não passam de uma farsa multicultural igualitarista. Não, não podemos integrar por decreto. (...)

Podemos? Não, não podemos
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 7 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: As quotas para negros e ciganos não passam de uma farsa multicultural igualitarista. Não, não podemos integrar por decreto.
TEXTO: [Nota: as reacções a este texto motivaram um editorial do director do PÚBLICO, Manuel Carvalho. ]Segundo o PÚBLICO de 29 de Junho, o “PS quer discriminação positiva para as minorias étnico-raciais”. Em causa estão sobretudo africanos e ciganos, independentemente de terem nascido em Portugal ou não. Estas minorias excluídas da Cidade, a sua suposta ou real marginalização, constitui a prova de que Portugal “continua a ter um problema de racismo e xenofobia”, independentemente do efeito – que de resto não sofremos – do drama dos refugiados, com o seu pico mais trágico em 2015. O entrevistado pelo PÚBLICO, Rui Pena Pires, sociólogo e secretário nacional do Partido Socialista, lamenta “a falta de diversidade no espaço público”, que continua atulhado de homens brancos e mulheres brancas. E, em conformidade com a ideia, grata à esquerda, de que a sociedade e respectiva mentalidade podem ser mudadas por decreto, Pena Pires saúda a possibilidade de que o problema da exclusão de negros e ciganos do espaço público se resolva, ou comece a resolver, estabelecendo quotas para deputados coloridos, de forma a conferir à futura Assembleia da República uma dimensão representativa mais conforme com a composição étnico-racial da sociedade portuguesa. Se as quotas tinham impulsionado a emancipação e igualização de direitos das mulheres, se lhes haviam aberto o espaço público, porque não aplicar a mesma receita às minorias étnicas?A comparação com a igualdade ou paridade de género é inteiramente falaciosa. As mulheres, que sem dúvida têm nos últimos anos adquirido uma visibilidade sem paralelo com o passado, partilham, de um modo geral, as mesmas crenças religiosas e os mesmos valores morais: fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade. Ora isto não se aplica a africanos nem a ciganos. Nem uns nem outros descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789. Uns e outros possuem os seus códigos de honra, as suas crenças, cultos e liturgias próprios. Os ciganos, sobretudo, são inassimiláveis: organizados em famílias, clãs e tribos, conservam os mesmos hábitos de vida e os mesmos valores de quando eram nómadas. E mais: eles mesmos recusam terminantemente a integração. É só ver a quantidade de meninas ciganas que são forçadas pelos pais a abandonar a escola a partir do momento em que atingem a puberdade; é só ver a quantidade de meninas e meninos ciganos que abandonam os estudos, apesar dos subsídios estatais de que os pais continuam a gozar para financiar (ou premiar!) a ida dos filhos às aulas; é só ver o modo disfuncional como se comportam nos supermercados; é só ver como desrespeitam as mais elementares regras de civismo que presidem à habitação nos bairros sociais e no espaço público em geral. Os ciganos não praticam a bárbara excisão genital das mulheres. Mas, em vez desta brutal mutilação, vulgar e imperativa nas tribos muçulmanas, aos casamentos entre ciganos segue-se, no dia seguinte, obrigatoriamente, a humilhante demonstração da virgindade da noiva, cujo sangue de desfloramento, estampado nos lençóis, é orgulhosamente exibido perante a comunidade. O que temos nós a ver com este mundo? Nada. O que tem o deles a ver com o nosso? Nada. Africanos e afro-descendentes também se auto-excluem, possivelmente de modo menos agressivo, da comunidade nacional. Odeiam ciganos. Constituem etnias irreconciliáveis, e desta mútua aversão já nasceram, em bairros periféricos e em guetos que metem medo, batalhas campais só refreadas pela intervenção policial. Os africanos são abertamente racistas: detestam os brancos sem rodeios; e detestam-se uns aos outros quando são oriundos de tribos ou “nacionalidades” rivais. Há pouco tempo, uma empregada negra do meu prédio indignou-se: “Senhora, eu não sou preta, sou atlântica, cabo-verdiana. ” Passou-se comigo. A cabo-verdiana desprezava as angolanas porque eram africanas, não atlânticas, e muito mais pretas. . . Os partidos, nomeadamente o PS, confessam que, para o fim inconfesso de conquistar mais alguns votos, se vêem hoje obrigados a “assegurar a representatividade das diferentes origens étnico-raciais”. Não por acaso, na entrevista com Pena Pires, a visibilidade dessas diferentes origens aparece imediatamente relacionada com a facilitação do acesso ao ensino superior, que deveria abrir-se a todos os alunos, “independentemente da sua nota final” no 12. º ano. “Se fizermos uma política de alargamento de acesso ao ensino superior, já resolvemos parte do problema. §Não faz sentido ter um ensino virado para os melhores alunos, mas sim para todos os que têm as condições mínimas para entrar. ” Pena Pires não explica que condições são essas. Possivelmente, o simples facto de existirem jovens que, apesar de incapazes e preguiçosos, aspiram a um diploma universitário! Pelos vistos, o facilitismo que já reina hoje em dia nas universidades ainda não chega: para resolver “os problemas de racismo e xenofobia” que afligem a esquerda bem-pensante da nossa democracia, teremos de criar um passe de livre-trânsito entre o secundário e a universidade. Quando esta política for oficialmente consagrada e der os seus resultados, teremos um Parlamento ainda mais ignorante e incompetente do que já temos – sem que o País deixe de “ter um problema de xenofobia e racismo”. A título de complemento do acesso irrestrito ao ensino superior, Pena Pires recomenda também a criação de “um observatório do racismo e da discriminação junto a uma universidade”. Mas como é que se observa o racismo e a discriminação a partir dos gabinetes almofadados onde se sentariam os observadores? A única maneira de observar uma matéria tão fugidia e evanescente é frequentar feiras e supermercados baratos, é entrar nos bairros em que nem a polícia se atreve a pôr os pés. Mas isto é tremendamente maçador e, sobretudo, exige muita coragem física. O observatório não observaria nada e seria perfeitamente inútil, a não ser – isso sim – para criar mais alguns jobs for the boys. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Bem-vindos os analfabetos – lusitanos, africanos ou ciganos – à “visibilidade” no espaço público. De facto, só por uma cabeça de esquerda passaria a ideia peregrina de um acesso irrestrito e incondicional à universidade. E, quanto à melhoria da representatividade parlamentar, o recrutamento de meia dúzia de indivíduos africanos ou ciganos em nada, mas nada, promoveria a integração destas comunidades “invisíveis”, pelo singelo motivo de que a sua “inclusão” não passaria de uma farsa multicultural igualitarista. Por um lado, os eleitos não tardariam a ser vistos pelos seus como desertores, e por outro seriam olhados pelos seus colegas de bancada como forasteiros coloridos. Acontece que a xenofobia e o racismo são um fenómeno universal, e não um problema especificamente português. Por mais que se escancarem as portas da universidade, por mais que se criem srs. doutores de aviário, nunca se dissolverão na comunidade autóctone as minorias exóticas em que uma selvajaria como a excisão genital feminina seja moeda corrente. Mais extraordinário e mais eloquente é que, na entrevista de Pena Pires, nunca surja a palavra “mérito”. Não, não podemos integrar por decreto.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS LIVRE
Pio arromba o filme e Jonas chega mais perto de si próprio
Um cineasta nascido em Nova Iorque foi abalroado na Calábria por um adolescente cigano. Através da personagem de Pio, Jonas Carpignano, italiano para os americanos, americano para os italianos, pele negra para os brancos, demasiado claro para os negros, tacteia o seu sentimento de não pertença. Com A Ciambra há um pacto em movimento entre o cinema, as pessoas e os lugares, por um sobrinho-neto do neo-realismo italiano. (...)

Pio arromba o filme e Jonas chega mais perto de si próprio
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um cineasta nascido em Nova Iorque foi abalroado na Calábria por um adolescente cigano. Através da personagem de Pio, Jonas Carpignano, italiano para os americanos, americano para os italianos, pele negra para os brancos, demasiado claro para os negros, tacteia o seu sentimento de não pertença. Com A Ciambra há um pacto em movimento entre o cinema, as pessoas e os lugares, por um sobrinho-neto do neo-realismo italiano.
TEXTO: Pio vem das margens de um filme anterior, onde era personagem secundária. E é como se agora arrombasse a porta — não é metáfora — para ser protagonista. É comovente ver uma personagem a ocupar um filme como coisa de vida ou de morte. Ganha-se, aliás, se se vir Mediterrânea (2015) e A Ciambra (2017) de seguida: avista-se Pio mais ao lado no filme que Jonas Carpignano realizou em 2015, como uma tentação de caos para quem está ao centro, Ayiva, um refugiado do Burkina Faso que atravessou mar e terra em busca de ordem na Calábria; no filme de 2017 com que Carpigano se manteve em Gioia Tauro, no Sul da bota italiana, mas redireccionando a atenção para outra personagem, já é o caos que ordena. Ayiva fica de lado, Pio ocupa o ecrã. A Ciambra é o filme que agora se estreia. Realização:Jonas Carpignano Actor(es):Pio Amato, Koudous Seihon, Damiano AmatoÉ como se a ficção e o documentário, para resumir de forma grosseira, trocassem de lugar. Do filme de uma personagem com um plano e direcção — o desígnio ficcional como busca de normalização – passamos à realidade sem planos ou desculpas. Mediterrânea, o filme “de” Ayiva, é mais “normalizado” do que A Ciambra, o filme “de” Pio. Mas é inescapável que ainda assim de cada vez que o africano Ayiva e o adolescente Pio se encontram em A Ciambra — o pacto entre dois mundos que se sentem excluídos dos “italianos”: o dos refugiados africanos e o de uma família cigana, os Amato – o filme parece ser tomado por tentações redentoras. O protector Ayiva tenta normalizar o imprevisível Pio — o rapaz de 14 anos que quer afirmar-se como adulto repetindo os gestos do clã — como talvez o realizador Carpignano queira atribuir sentido, propósito redentor, à sua experiência imersiva, quando se deixou abalroar pela família Amato no seu domínio chamado A Ciambra e quando os abalroou com o seu cinema. A primeira meia hora, ainda antes da “história” que quer atribuir sentido a tudo, é deles e dos esquemas com que se esgueiram entre a máfia calabresa e a polícia: roubar carros e “negociar” a devolução. Não se sabe quem utiliza quem no mundo fechado de crimes e escapadelas que, ao permitir ao cinema entrar, lhe devolve uma mão-cheia de cenas com facas, roubos, cigarros e fumarada. É um pacto que não é de não ingerência. Mas tem a delicadeza de não objectificar pessoas e gestos. O realizador desvenda, tanto quanto é possível passar segredos, o método. “Os dias não eram estruturados. Aparecíamos às oito da manhã, filmávamos cinco ou seis horas e depois parávamos para almoçar e ficávamos por ali, pela casa. Quando sentíamos que estavam prontos, voltávamos a reuni-los e filmávamos o mais que podíamos — muitas vezes apenas duas horas. Comecei o filme com um outline de personagens e situações, mas o que ia vendo era sempre mais verdadeiro em relação ao lugar. Por exemplo, conversas entre duas pessoas numa colina. . . ou miúdos a queimar cobre. . . isso entrava na narrativa. ”A ideia de fazer os Amato “representar” os seus actos, concorda, podia ter resultados obscenos, mera imitação da verdade. “À medida que as conversas progrediam, eu dirigia-as para onde sentia que deviam seguir, mas o plano não era repetir a cena como se estivessem a representar as suas actividades. Por exemplo, os miúdos fumam. Nunca disse a algum deles ‘agora tens de aceder um cigarro porque na cena anterior estás a fumar’. A ideia era que fizessem o que normalmente fariam. Sabia que certas conversas iriam aparecer, que alguns iriam comportar-se de certa maneira. A cena do jantar em família, por exemplo: nunca disse que o principal seria a irmã de Pio embebedar-se, mas sabia que se nos sentássemos todos ficariam bêbedos porque isso tinha acontecido milhões de vezes antes, e que ela começaria a beber muito e que desceria aquele clima ligeiro de gozar com as conversas. Tinha acontecido sempre quando jantava com eles. Não, não era preciso recriar. ”Aliás, Jonas conta que, tendo havido “problemas técnicos” nas primeiras semanas de rodagem de que resultou o desfoque de cenas, foi necessário voltar a filmar, mas. . . “Nove em dez vezes acabei por utilizar o material desfocado. Quando eles tinham de fazer algo que já tinham feito, ficavam demasiado conscientes sobre os caminhos que a conversa devia tomar e para onde é que eu estava a conduzi-los. São quase todos analfabetos. Não havia argumento que pudessem ler. Quando chegavam, conversávamos, o que permitia manter a espontaneidade. Nunca foi o processo de dizer o que tinham de dizer. ”Por isso talvez aquele momento paradoxal que é a sequência do funeral. Durante o serviço fúnebre na igreja, o padre apresenta os membros da família do defunto e os planos de A Ciambra vão dizendo também quem é quem. O momento é paradoxal porque, dizendo-nos que eles são eles, mostra também que os Amato não estão reféns deles próprios, elevaram-se a personagens de cinema. “Conheci esta família quando estava na região a rodar uma curta” sobre a chegada a Itália de refugiados africanos (A Chjana/The Plain, 2012, seria o antepassado de Mediterrânea). “O carro com material técnico foi roubado por um dos irmãos de Pio. Fui negociar a devolução, mas não estavam disponíveis devido à morte de um familiar, só podiam negociar depois do funeral. Ou seja, a primeira coisa que vi deles como família foi o funeral. O carro que tinham roubado era fundamental para o meu trabalho, tive de esperar e pude observar tudo. Esse funeral estruturou para mim aquela família, delineou quem era quem, as relações que tinham uns com os outros, de uma forma que nunca fazem: é difícil saber quem é quem, de que forma estão relacionados. Foi por isso o momento, no filme, de explicitar de forma natural quem era quem. Não gosto quando os filmes traem a lógica de um mundo em favor da exposição. ”Caberá aqui, para resolver “o assunto” Martin Scorsese — é o produtor executivo – sem massacrar Jonas com o peso do italo-americano, contar que, do encontro que há semanas os dois tiveram em Bolonha, Jonas, nunca tendo perguntado directamente “porque é que se interessou pelo meu filme?”, acha que Scorsese “sentiu, ao ver A Ciambra, que estava a viver com aquelas pessoas. Que, não as conhecendo, conhecia-as bem”. Por essa razão, aliás, gostamos muito de Mean Streets (1973). Dias antes desta conversa, Jonas levou os Amato a almoçar na praia. Ao contar isto, quer sublinhar que a história entre eles começou antes dos filmes e continua após os filmes. “É uma relação que decorre. Foi um período intenso, vimo-nos todos os dias durante meses, mas agora não é um ‘cada um vai à sua vida porque o filme acabou’. Não. Antes já havia relação, éramos amigos mesmo antes de saber que faria um filme com eles. E enquanto não soube que tinha dinheiro para o filme, nunca lhes falei disso, não queria desapontá-los. Eles contam-me coisas, eles sabem coisas de mim. Antes de mim, ninguém tinha ido comer uma refeição a casa deles. ”Mas acrescenta: é uma relação de confiança com limites. “Sei que, embora gostem de mim, nunca poderei ser um deles. Dei-me conta, em algumas situações, e até por aquilo que no filme se passa entre Ayiva e Pio” — a amizade a concorrer com a fidelidade familiar —, “de que, quando encostados à parede, escolhem um deles e não a mim. Ou seja, sinto-me felizardo por ter chegado muito perto deles e muito perto dessa linha divisória e muito consciente dessa linha divisória”. “É verdade que Pio entrou na minha vida um pouco como tenta arrombar a porta” em A Ciambra, continua. Jonas, como contou, estava a trabalhar na curta A Chjana/The Plain. Quis expandi-la para uma longa mas não conseguiu pôr o projecto de pé” — haveria de ser Mediterrânea. Pio andava por ali “constantemente” à volta de Jonas, Jonas à volta de Pio. Decidiu filmar o novo amigo. “Foi com ele que se infiltrou em mim o conhecimento desse lugar” — A Ciambra, onde antes nenhum italiano entrara, seria então o título de uma curta antes de ser esta longa. “Eu passava, naquela altura, mais tempo com os africanos, mas comecei a conhecer os ciganos e senti-me incompleto se não incluísse Pio e a sua família” no que filmava. Jonas, Pio, Ayiva. Talvez chegue a altura para perceber o que atraiu e mantém o realizador interessado em Gioia Tauro, na Calábria, e nas mutações desse território, de contar que o realizador, 34 anos, filho de pai italiano e de mãe de Barbados, vivendo entre Nova Iorque e Itália (neste momento), sabe da sensação de não pertencer. Antes disso, uma revelação exaltante: Jonas é sobrinho-neto de Luciano Emmer, o realizador de filmes como Domenica d’Agosto ou Le ragazze di Piazza Spagna, que por sublimes que sejam não o salvaram do esquecimento. Sabe, desde criança, desde Nova Iorque, que o cinema é uma questão de território e pessoas, que cinema era sinónimo de Itália. “Cresci numa casa em que o cinema era importante todos os dias. Sempre houve discussões apaixonadas, os filmes eram parte da vida. Por isso, quando comecei a fazer filmes, vim imediatamente para Itália. Mas nunca disse a mim próprio que queria fazer parte da tradição do neo-realismo. Mas obviamente que, quando comecei a tomar decisões sobre como contar histórias, esses filmes, que foram os primeiros a emocionar-me e a formar-me, passaram a estar presentes. São as minhas referência. ”Nova Iorque, Itália, Barbados, brancos e negros. . . “Quando estou em Nova Iorque, sou o italiano; em Itália, sou o americano. Quando estou com brancos, sou o tipo de cor; quando estou com negros, sou o tipo de pele clara. Sempre senti que havia algo que me mantinha fora das pessoas que estão na estrada principal, sempre questionei o que era pertencer. Sou muito sensível a isso. O que me tocou em A Ciambra é que aquilo pelo qual aquela família é criticada, que é também a sua força: a solidariedade. Esse implacável ideal de que pertencem a uma tradição é o que os leva a serem segregados mas também é o que tornou possível que tivessem sobrevivido centenas de anos sem país sendo perseguidos em todos os países. Embora não me analise, não posso deixar de perceber que os filmes que estou a fazer têm lá dentro essa questão. À medida que exploro esta comunidade, acabarei por chegar perto de saber o que é que isso significa para mim. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os filmes que tem andado a fazer terminam com um desfoque. Com isso libertam a sensação de que algo continua para as personagens e que algo continua no trabalho de Jonas. Ver Mediterrânea e A Ciambra, um a seguir ao outro, como desafiávamos no início, torna nítido esse movimento de descoberta de um território e suas personagens. “Os filmes são processos de descoberta de pessoas que entraram na minha vida e como tal não quero nem posso prever o que essas pessoas serão. . . o desfoque é possibilidade de encontro mais à frente na vida, forma de dizer aos espectadores: ‘não pensem que sabem tudo sobre estas pessoas, quando voltarmos a elas iremos saber mais’, iremos saber o que lhes foi acontecendo ou onde elas estão. É uma forma de medir a temperatura. Não só desta região mas também deste país. ”A vida em Gioia Tauro, diz Jonas Carpignano, nascido em Nova Iorque, está a ser um processo de descoberta: chegar mais perto de si próprio.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
ADN de Maria sem correspondência na base de desaparecidos da Interpol
Interpol não tem nenhum registo que correponda ao de Maria na sua base de dados. Mistério da menina, encontrada na semana passada num acampamento de ciganos, continua por esclarecer. (...)

ADN de Maria sem correspondência na base de desaparecidos da Interpol
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento -0.2
DATA: 2013-10-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Interpol não tem nenhum registo que correponda ao de Maria na sua base de dados. Mistério da menina, encontrada na semana passada num acampamento de ciganos, continua por esclarecer.
TEXTO: O mistério de Maria continua por desvendar. Na base de dados da Interpol não foi encontrada qualquer correspondência para o ADN da menina loura de olhos azuis que foi retirada na semana passada de um acampamento de ciganos na Grécia, por se suspeitar que tenha sido raptada. A informação, citada pela CNN, foi avançada na terça-feira pelas autoridades. Assim que a polícia grega retirou Maria do acampamento deu seguimento aos primeiros testes que confirmaram que aqueles que diziam ser seus pais não eram de facto pais biológicos. Foram, aliás, as diferenças físicas de Maria que alertaram as autoridades que se encontravam no acampamento perto de Farsala, centro da Grécia, 280 quilómetros a norte de Atenas, no âmbito de uma outra operação e que acabaram por levar a menina. “Até agora, uma comparação do perfil da menina com a base de dados global de ADN da Interpol não permitiu encontrar qualquer correspondência”, adiantou a autoridade internacional que foi chamada a colaborar no caso pela Grécia. A Interpol vai também tornar possível que qualquer pessoa que suspeite poder ser familiar da criança e que se sujeite a um teste de ADN no seu país possa depois comparar os dados com os que estão na posse desta polícia. Ao todo a agência tem na sua base de dados uma lista de mais de 600 pessoas dadas como desaparecidas – 32 das quais com idades entre os cinco e os seis anos, a que terá Maria, apesar de inicialmente se pensar que teria apenas quatro. Caso suspeito na IrlandaO caso de Maria está também a servir de alerta para outras situações semelhantes a nível internacional. O diário britânico Guardian avança na edição online que uma outra menina loura de sete anos foi também retirada de uma família de ciganos em Dublin, na Irlanda, depois de a polícia ter recebido um alerta. Tal como na Grécia, o casal que estava com a menina garantiu que esta era sua filha mas as autoridades dizem que há vários dados que não coincidem. A menina foi entregue a autoridades de saúde e vão ser feitos de ADN. Entretanto, o Supremo Tribunal da Grécia ordenou na terça-feira uma investigação a todas as certidões de nascimento passadas nos últimos seis anos com base em declarações dos pais e não em registos de hospitais e maternidades. Isto porque os magistrados consideram que o “caso Maria” não é um episódio isolado e pode ter-se repetido por todo o país. Uma inspecção preliminar aos registos concluiu que o número de nascimentos registados com base numa declaração assinada por um dos pais – ou seja, em supostos casos de crianças que terão nascido em casa – está a aumentar vertiginosamente. Foram 50 em 2011, 200 em 2012 e 400 no decorrer deste ano. Os juízes, e os investigadores, querem determinar o que se passa e se há, entre estes nascimentos, casos de rapto e de tráfico humano, e ainda que papel têm estes crimes na fraude à segurança social – suspeita-se de que as crianças possam estar a ser usadas para as famílias receberem subsídios, sendo que algumas crianças só existem no papel, recebendo os pais os respectivos abonos. A instituição que está a acolher Maria já recebeu milhares de chamadas com tentativas de ajuda para se chegar aos pais da criança. A polícia ainda não conseguiu descobrir a identidade da menina, mas suspeita-se que tenha sido vítima de rapto ou envolvida numa rede de tráfico de crianças, relata a BBC. As autoridades gregas lançaram um apelo para que todos os que pudessem ter pistas sobre o possível paradeiro da família ou as circunstâncias em que a criança foi parar ao acampamento contactassem a organização. Os únicos dados avançados é que tem pele branca, um metro de altura e 17 quilos. Inicialmente disse-se que teria nascido em 2009, mas afinal será mais velha e terá cinco ou seis anos. Outra hipótese colocada pelos investigadores é que a criança seja oriunda do Norte ou Leste da Europa. A BBC contou que os agentes suspeitaram do enorme contraste físico entre a criança de cabelos louros e olhos azuis e os pais. E que ficaram ainda mais desconfiados quando analisaram os documentos da família — o casal registou diferentes crianças em diferentes registos familiares regionais. A mulher alegou também ter dado à luz seis crianças num período de dez meses. No total, o casal, ela com 40 anos, ele com 39, alega ter 14 filhos. Incluindo Maria, tinha actualmente quatro consigo. O próprio casal vacilou na explicação sobre a origem da criança. Segundo informações já antes avançadas pelo director da polícia da província de Thessalia, Vassilis Halatsis, primeiro terão dito que encontraram Maria num cobertor mas, depois, disseram que a menina lhes tinha sido entregue por estranhos, que tinha pai estrangeiro e, por fim, que tinha sido a mãe que pouco depois de na menina nascer a tinha entregado por falta de capacidade financeira. Falsos pais acusados e em prisão preventivaFicaram presos, por suspeita de rapto de menor e falsificação de registos e foram presentes a tribunal na segunda-feira, sendo acusados de sequestro e ficando em prisão preventiva. Além de sequestro, os dois suspeitos são acusados de falsificação de documentos, revelou o advogado Kostas Katsavos à saída da audiência, explicando que em causa está um falso registo de nascimento da criança. Em tribunal, o falso pai repetiu a versão de que a menina lhe foi confiada à nascença “pelo seu pai biológico, um romeno de etnia cigana, e pela mãe, também cigana”, explicou Katsavos. À AFP, os advogados do casal insistiram que a menina nunca foi raptada ou roubada e que apenas ficaram a tomar conta dela porque em 2009 a mãe biológica não podia tomar conta dela e decidiu entregá-la pouco depois de nascer. A notícia está também a gerar reacções por parte da comunidade cigana, com uma associação de Farsala a dizer que o casal detido tratava Maria ainda melhor que os seus próprios filhos e que a amavam. Temem também que esta notícia gere uma onda de discriminação contra a comunidade que vive naquele país. Motivo de discussão é também a facilidade em obter documentos oficiais para crianças, mesmo quando não há qualquer parentesco com elas. “Estamos chocados com o quão fácil é registar crianças como se fossem delas próprias”, disse Costas Giannopoulos à televisão grega Skai. “Há muito mais a investigar. . . Acredito que a polícia irá desvendar uma trama que não tem apenas a ver com esta menina. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha tribunal mulher prisão ajuda comunidade social criança discriminação rapto
Onda de solidariedade para procurar pais de menina loura encontrada na Grécia
"Maria" foi encontrada em acampamento cigano. Testes mostraram que não é filha do casal com quem estava. Autoridades tentam agora encontrar os pais da menina que terá quatro anos. (...)

Onda de solidariedade para procurar pais de menina loura encontrada na Grécia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 12 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: "Maria" foi encontrada em acampamento cigano. Testes mostraram que não é filha do casal com quem estava. Autoridades tentam agora encontrar os pais da menina que terá quatro anos.
TEXTO: A instituição que está a acolher “Maria”, a menina loura com cerca de quatro anos que foi encontrada num acampamento de ciganos na Grécia com uma família com a qual não tem laços biológicos, recebeu mais de 8000 chamadas com possíveis pistas e tentativas de ajuda para chegar aos pais da criança. Até agora a polícia ainda não conseguiu descobrir a identidade da menina, mas suspeita-se que tenha sido vítima de rapto ou envolvida numa rede de tráfico de crianças, relata a BBC. As autoridades gregas lançaram um apelo para que todos os que pudessem ter pistas sobre o possível paradeiro da família ou as circunstâncias em que a criança foi parar ao acampamento contactassem a organização. Os únicos dados avançados é que tem pele branca, terá nascido em 2009, tem um metro de altura e 17 quilos. Outra hipótese colocada pelos investigadores é que a criança seja oriunda do Norte ou Leste da Europa. A Interpol também já foi chamada para o caso, diz o El País. Até agora os testes de ADN feitos a “Maria”, nome como tem vindo a ser conhecida, confirmaram que não era filha do casal com quem estava a viver. A menina foi encontrada na quarta-feira, durante uma rusga da polícia a um acampamento cigano, por suspeitas de actividade delituosa, perto de Farsala, centro da Grécia, 280 quilómetros a norte de Atenas. Seis crianças dadas à luz em dez mesesA BBC contou que os agentes suspeitaram do enorme contraste físico entre a criança de cabelos louros e olhos azuis e os pais. E que ficaram ainda mais desconfiados quando analisaram os documentos da família — o casal registou diferentes crianças em diferentes registos familiares regionais. A mulher alegou também ter dado à luz seis crianças num período de dez meses. No total, o casal, ela com 40 anos, ele com 39, alega ter 14 filhos. Incluindo Maria, tinha actualmente quatro consigo. A Sky News, citando Costas Giannopoulos, director da instituição que tem agora ao seu cuidado Maria, apresenta uma versão ligeiramente diferente, mas não contraditória, do modo como foi detectada a presença de Maria. Foi, disse, a procuradora que acompanhou a operação policial quem reparou na criança: “Ela viu uma cabecinha loira saindo de debaixo dos lençóis. Pareceu-lhe estranho, e foi assim que tudo começou”. Giannopoulos explicou que a criança está confusa e chocada com o que se passa à sua volta. Era usada para mendigar nas ruas de Larissa, por ser loura e bonita, disse também. O próprio casal vacilou na explicação sobre a origem da criança. Segundo informações já antes avançadas pelo director da polícia da província de Thessalia, Vassilis Halatsis, primeiro terão dito que encontraram “Maria” num cobertor mas, depois, disseram que a menina lhes tinha sido entregue por estranhos e, por fim, que tinha pai estrangeiro. Ficaram presos, por suspeita de rapto de menor e falsificação de registos e serão presentes a tribunal nesta segunda-feira. À AFP, os advogados do casal insistiram que a menina nunca foi raptada ou roubada e que apenas ficaram a tomar conta dela porque em 2009 a mãe biológica não podia tomar conta dela e decidiu entregá-la pouco depois de nascer. A notícia está também a gerar reacções por parte da comunidade cigana, com uma associação de Farsala a dizer que o casal detido tratava “Maria” ainda melhor que os seus próprios filhos e que a amavam. Temem também que esta notícia gere uma onda de discriminação contra a comunidade que vive naquele país. No Reino Unido, o caso levou a associações à situação, que continua bem presente e sob investigação, de Madeleine McCann, a criança desaparecida em 2007 de um aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve. Um porta-voz dos pais de Maddie disse ao jornal Daily Mirror que o caso de Maria lhes dá alento. “Isto dá a Kate e Gerry grande esperança de que Madeleine possa ser encontrada viva”, declarou. Outros casos voltaram também às páginas dos jornais, como os desaparecimentos de Ben Nidam e de Alex Meschisvilli – o primeiro dos quais desapareceu com 21 meses, em 1991, precisamente numa ilha grega, diz o El País. Motivo de discussão é também a facilidade em obter documentos oficiais para crianças, mesmo quando não há qualquer parentesco com elas. “Estamos chocados com o quão fácil é registar crianças como se fossem delas próprias”, disse Costas Giannopoulos à televisão grega Skai. “Há muito mais a investigar. . . Acredito que a polícia irá desvendar uma trama que não tem apenas a ver com esta menina. ”
REFERÊNCIAS:
Étnia Cigano
Sarkozy, Presidente-Sol em quarto minguante
Derrota eleitoral, erosão política, crispação social, fumos de corrupção, azias na frente externa: Nicolas Sarkozy entrou numa "espiral infernal". A meio do quinquénio, o "hiperpresidente" prepara a reeleição em 2012. A deportação de ciganos veio, ao invés, acordar os fantasmas de Vichy. "Roissy não é Drancy!", defendem as suas hostes. "O sarkozysmo é uma união nacional negativa", constata um historiador. Excitação, "nevrose", "Estado-limite" - mas a França é ele: "Desanda, pob"idiota!" (...)

Sarkozy, Presidente-Sol em quarto minguante
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 9 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Derrota eleitoral, erosão política, crispação social, fumos de corrupção, azias na frente externa: Nicolas Sarkozy entrou numa "espiral infernal". A meio do quinquénio, o "hiperpresidente" prepara a reeleição em 2012. A deportação de ciganos veio, ao invés, acordar os fantasmas de Vichy. "Roissy não é Drancy!", defendem as suas hostes. "O sarkozysmo é uma união nacional negativa", constata um historiador. Excitação, "nevrose", "Estado-limite" - mas a França é ele: "Desanda, pob"idiota!"
TEXTO: O pior que pode acontecer a um Presidente imperial como Nicolas Sarkozy é a populaça nivelá-lo com o seu pior inimigo - a golpes de intenção de voto. Até isso sucedeu, nesta rentrée política, ao chefe de Estado francês, "Presidente-Sol" em ciclo estelar negativo. Crispação social, erosão política, deriva securitária, relações tensas com a justiça e os media, desaires diplomáticos: o "hiperpresidente" parece enredado numa "espiral infernal ", como lhe chamou o semanário Le Point. Sarkozy tem dois anos para recuperar mas, como repete um coro de analistas, o resultado das eleições presidenciais de 2012 começa a preparar-se neste Outono. Uma sondagem recente para o jornal Parisien revelou um chocante tête-à-tête entre o actual chefe de Estado e o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin. Aparecem ambos ex aequo com 15 por cento das preferências do eleitorado para as presidenciais. "Humilhante" para Sarkozy, resumiu a imprensa. [Uma outra sondagem, publicada pelo Nouvel Observateur, indica que Dominique Strauss-Kahn (também conhecido como DSK), actual patrão do Fundo Monetário Internacional/FMI em Washington, poderá ser um potencial candidato vencedor dos socialistas, derrotando Sarkozy, numa segunda volta, por 59 por cento dos votos contra 41. ] Sondagens valem o que valem, sobretudo a dois anos da ida a votos, ressalvam muitos observadores - e, sobretudo, os aliados do Presidente. Mas o barómetro do eleitorado indica que Nicolas Sarkozy não conseguiu por enquanto inverter a dinâmica negativa iniciada com a derrota nas regionais de Março, continuada no enorme embaraço do caso [de possíveis irregularidades no financiamento da campanha eleitoral de Sarko] que liga Eric Woerth, o ministro do Trabalho, à herdeira da maior fortuna de França, Liliane Bettencourt [do império L"Oréal], e no dano colateral do conflito com o respeitado Le Monde, por causa de uma alegada violação do segredo de uma fonte do jornal pelos serviços de espionagem, e coroado pelas críticas causadas pelas expulsões de ciganos. As "más" sondagens de Nicolas Sarkozy cristalizam também a impressão difusa, tanto a nível interno como nas instâncias internacionais de Bruxelas, Genebra, Nova Iorque ou Washington, de que o endurecimento securitário anunciado no já famoso discurso de Grenoble, no final de Julho, não produziu os efeitos desejados pelo Presidente. Ao relacionar directa e explicitamente delinquência e imigração, Sarkozy ganhou uma pequena franja da extrema-direita, no eleitorado da Frente Nacional, mas acentuou as divisões no seu próprio campo, além de agastar ainda mais o eleitorado de centro e esquerda. A contestação do novo regime de reformas, motivo de manifestações e greves que vêm subindo em tom e adesão, e a fragilidade política do ministro que deveria dar a cara por esse dossier fulcral, Eric Woerth, agudizaram a posição do Presidente francês. O filósofo Mathieu Potte-Bonneville declinava, esta semana, uma paródia de um princípio de Marx, aludindo à "baixa tendencial do juro político". Segundo o filósofo, "a energia investida para restringir ainda mais os direitos dos estrangeiros aumenta em proporção inversa ao benefício eleitoral das suas medidas, sob o risco de ver a exibição do poder transformar-se a breve trecho em constatação de impotência (para proveito maior da Frente Nacional)". As recentes sondagens parecem dar razão a Potte-Bonneville (ou a Marx). Villepin, ilibado no processo Clearstream em torno de uma conspiração política para desacreditar Sarkozy antes da eleição de 2007, é afinal o homem que ombreia com o Presidente no território da direita parlamentar. O rival de Sarkozy pretende seduzir os "órfãos da República" para o seu novo movimento, lançado há apenas três meses.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
Exclusão social é um dos factores que explicam crimes de minorias étnicas
Tese de doutoramento tenta perceber criminalidade praticada por portugueses de etnia cigana e estrangeiros oriundos dos países do Leste europeu e dos países africanos de língua oficial portuguesa. (...)

Exclusão social é um dos factores que explicam crimes de minorias étnicas
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.033
DATA: 2013-10-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tese de doutoramento tenta perceber criminalidade praticada por portugueses de etnia cigana e estrangeiros oriundos dos países do Leste europeu e dos países africanos de língua oficial portuguesa.
TEXTO: Os portugueses de etnia cigana e os estrangeiros estão em número desproporcionado nas prisões. Como justificam essas pessoas os actos que os conduziram até ali? E que ideias sobre isso transmitem os meios de comunicação social e profissionais dos serviços prisionais?A tese é da investigadora Sílvia Gomes. Intrigava-a a criminalidade associada às minorias étnicas. No doutoramento em Sociologia, que defendeu na Universidade do Minho no mês de Julho, tentou encontrar o sentido que lhe é atribuído. Deparou-se com as simplificações dos media e dos profissionais dos serviços prisionais, reprodutoras de estereótipos, e com explicações dos reclusos assentes em factores económicos ou decorrentes das pertenças de género, etnia ou nacionalidade. Optou por estudar apenas os mais visíveis nas estatísticas oficiais e nos noticiários: os portugueses de etnia cigana e os estrangeiros oriundos dos países do Leste europeu e dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Os primeiros representavam 5% da população prisional e os outros 15% em 2010. Começou por vasculhar arquivos do PÚBLICO, do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias e do Correio da Manhã. Juntou todas as peças sobre práticas criminais com referência àquelas minorias publicadas nos sites destes diários entre 1 de Janeiro de 2008 e 31 de Dezembro de 2009. Analisou as 114 peças. Eram, quase sempre, notícias curtas, que se cingiam ao acto praticado. A principal voz era policial ou judicial. As outras vozes, quando existiam, pertenciam a testemunhas ou vítimas. O perfil do agressor tendia a ficar apagado. Era como se não existisse contexto. Lendo bem, cada grupo aparecia associado a uma prática criminal: "Os ciganos a crimes contra o património com o uso de violência, os africanos a crimes relacionados com drogas, os europeus do Leste a crimes contra valores e interesses da vida em sociedade. " Todavia, entrando nas seis prisões que concentram a maior parte dos condenados daquelas minorias e analisados os seus processos, nenhuma associação directa havia entre qualquer crime e qualquer grupo. O tráfico de drogas era o crime mais comum nos três grupos: 319 dos 1048 crimes pelos quais aquelas 540 pessoas estavam presas. Seguiam-se o roubo, a condução sem habilitação legal, o furto, o porte de arma. "O crime mais noticiado é o crime contra pessoas, quando o principal crime nas estatísticas oficiais é contra o património", sublinha. Isso não é alheio aos critérios de relevância usados na produção de notícias (os jornalistas valorizam o que é novo, extraordinário), mas tem consequências: "Forma-se uma opinião pública unânime na designação pejorativa desses grupos. ""Os próprios funcionários do sistema prisional produzem estereótipos veiculados pelos media, mesmo quando eles vão contra a realidade existente no estabelecimento prisional em que trabalham", diz. Parece-lhe haver todo o processo de contaminação, que funciona nas duas vias. Entrevistou nove directores e 30 guardas. Registou ideias feitas, algumas associadas a "justificações de tipo culturalista", com certo odor a racismo. E isso levou-a a concluir que "estrangeiros e grupo étnico cigano são percepcionados como uma grande amálgama do que é diferente do "ser português" e como tendo, de certa forma, reificado em si o comportamento criminal". Os reclusos da Europa do Leste eram retratados como educados, mas calculistas e perigosos, o que não seria alheio à ideia de que possuem formação superior ou militar. Já os PALOP eram pobres, actores de criminalidade não pensada, e os ciganos "interesseiros, trapaceiros, preguiçosos". A análise dos processos revelou um "background social desfavorecido", como o dos portugueses não ciganos que lá estão. Eram jovens (excepto os portugueses de etnia cigana, de idade mais diversa, e as estrangeiras, mais envelhecidas), com habilitações literárias baixas (tirando os do Leste europeu), percursos laborais não qualificados, residência em bairros pobres ou acampamentos. A professora do Instituto Superior da Maia tentou, de forma mais aprofundada, perceber o que explica este envolvimento criminal. Entrevistou 68 reclusos - 48 homens e 20 mulheres. "As desigualdades e as exclusões sociais desempenham um papel muito forte - não a biologia", enfatiza. "Os estrangeiros que nasceram em Portugal e os imigrantes em idade escolar mencionam a privação económica, a influência de pares, a desestruturação familiar, as exclusões escolar e profissional e a residência em bairros sociais", lê-se, na tese. "Em vários casos, os percursos de exclusão escolar e profissional são apresentados como tendo na base situações de racismo flagrante. " O contexto social, avalia, "determina e limita as "opções" de vida destes indivíduos". Na sua opinião, "a questão geográfica é importante". Há zonas a que as polícias prestam mais atenção. Os jovens oriundos de África, por exemplo, sentem viver em bairros acossados. Há redes familiares e de vizinhança que se transferem para as prisões, como já há muito desvendou outra investigadora da Universidade do Minho, Manuela Ivone Cunha. Nos processos de tráfico, isso parece evidente a Sílvia Gomes, mais ainda entre ciganos, que funcionam muito dentro de uma lógica de família alargada. Há uma rusga num acampamento e a polícia leva "20 ou 30 pessoas". Muitos queixam-se do acesso à justiça, como tantos portugueses em posses. "Não conseguem pagar um advogado", resume. "Acontece muitas vezes o advogado oficioso aparecer só um dia para falar com eles ou conhecê-los só no dia do julgamento. Não dá para preparar uma defesa condigna. "A língua também pode ser entrave, apesar de a lei prever o recurso a intérpretes. A investigadora conheceu quem nem soubesse o motivo da sua reclusão. "Uma mulher estava presa por ser cúmplice num processo de tráfico de droga. Sabia que tinha sido condenada por estar num carro no qual havia droga, mas não sabia o que era ser cúmplice, não conhecia essa palavra. "Houve outros aspectos que a surpreenderam: "Entre os reclusos ciganos há a opinião generalizada de que tiveram pena superior porque o juiz tinha tido uma experiência negativa e não gostava de ciganos. " Relatavam episódios supostamente contados pelos seus advogados, talvez para se desculparem. Parece haver um longo caminho a percorrer, a começar pelos media, que muito contribuem para a construção do que Sílvia Gomes chama "pânico moral". Na sua perspectiva, o país tem de "saber pensar o crime nestes grupos": "Temos de arranjar forma de os conseguir estudar. " A Constituição não permite que a etnia figure na estatística oficial. "Muitos investigadores defendem que essa variável só viria acentuar estereótipos, mas eu acho que os estereótipos já existem e que era bom haver dados que permitissem perceber a realidade. Só assim podemos definir políticas eficazes. "
REFERÊNCIAS:
Entidades PALOP
Sarkozy pede moderação aos seus ministros mas as deportações vão continuar
A palavra de ordem é “apaziguamento”. De regresso ao trabalho e com uma agenda que promete testar ao limite a resistência do Governo, Nicolas Sarkozy deu ordens aos seus ministros para evitarem “controvérsias desnecessárias” sobre o derrube de 300 acampamentos e a expulsão de ciganos que ali viviam. Mas Paris mantém-se intransigente, garantindo que até ao final do mês mais de 900 cidadãos romenos e búlgaros terão sido repatriados nos “voos especiais”. (...)

Sarkozy pede moderação aos seus ministros mas as deportações vão continuar
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-08-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: A palavra de ordem é “apaziguamento”. De regresso ao trabalho e com uma agenda que promete testar ao limite a resistência do Governo, Nicolas Sarkozy deu ordens aos seus ministros para evitarem “controvérsias desnecessárias” sobre o derrube de 300 acampamentos e a expulsão de ciganos que ali viviam. Mas Paris mantém-se intransigente, garantindo que até ao final do mês mais de 900 cidadãos romenos e búlgaros terão sido repatriados nos “voos especiais”.
TEXTO: “Não cederemos perante aqueles que procuram a polémica sistemática” ou as “críticas excessivas e infundadas”, disse o porta-voz do Presidente francês, no final do primeiro Conselho de Ministros depois das férias, mesmo admitindo que é “preciso reforçar o diálogo e a pedagogia” para responder “aos que estão inquietos”. Uma nova abordagem que o ministro para a Imigração, Eric Besson, se apressou a pôr em prática. Coube-lhe explicar que, apesar do coro de críticas dentro e fora de portas, estas expulsões “nada têm de excepcional” em relação aos “planos de repatriamento utilizados nos últimos anos”. Desde Janeiro, revelou, foram deportados “8030 cidadãos romenos e búlgaros”, dos quais “6739 de forma voluntária” – números idênticos aos de 2009, quando perto de dez mil pessoas foram repatriadas para aqueles países. Besson não revelou quantos eram de etnia cigana, adiantando apenas que nos aviões “especialmente fretados” da última semana seguiram 681 pessoas e que mais 290 viajam hoje em dois voos com partida de Paris e Lille. O ministro reafirmou que o repatriamento respeita a lei comunitária (os cidadãos dos dois países estão sujeitos a “limitações temporárias” e, em França, têm de fazer prova de recursos ao fim de três meses) e acrescentou que Paris “não tem lições a receber”, nem mesmo de Bruxelas, a quem acusa de nada fazer para forçar os dois Estados -membros a integrarem as minorias. Acrescentaria depois não “ter ouvido críticas” dos dois representantes de Bucareste com quem se reuniu em Paris. “Não podemos falar de tensão”, confirmou Dan Valentin Fatuloiu, secretário de Estado romeno para a Segurança Pública, admitindo que o seu país “precisa de uma política de integração mais eficaz” dos ciganos. Mas noutra frente, o discurso mantém-se radical. Brice Hortefeux, o ministro do Interior que tem sido o rosto da campanha securitária adoptada por Sarkozy, garantiu que “a evacuação dos acampamentos vai continuar”. E apoiou-se nas estatísticas da criminalidade para justificar o polémico plano: “Não temos dados por comunidade, mas os números por nacionalidade mostram, por exemplo, que na região de Paris a delinquência romena aumentou 138 por cento” em 2009. Só que as sondagens indicam que Sarkozy e o seu ministro falharam o alvo quando, em plenas férias, anunciaram “mão de ferro” no combate à criminalidade, numa aparente tentativa para desviar atenções das prometidas medidas de austeridade – incluindo o aumento da idade da reforma para os 62 anos – e de escândalos como o que envolve o ministro do Trabalho, Eric Woerth, no caso L’Oreal. A iniciativa “visou recuperar o apoio das classes populares e da extrema-direita”, mas a “ofensiva revelou-se um fracasso” escreveu o Le Monde, destacando três sondagens realizadas já depois do discurso em Grenoble que mostram que a popularidade do Presidente está no nível mais baixo desde 2007 (34 por cento). Hoje, o Nouvel Observateur traçou um quadro ainda mais negro, revelando que, se as presidenciais fossem hoje, Sarkozy seria esmagado numa segunda volta por Dominique Strauss-Kahn, o actual director do FMI e figura preferida para liderar uma candidatura de esquerda, e perderia também se a adversária fosse a primeira secretária do Partido Socialista, Martine Aubry. “O paradoxo da França nesta rentrée é que, por comparação com outros países europeus, resistiu bastante bem à crise económica, mas atravessa uma crise moral, e o Presidente é o seu depositário”, explicou à AFP o consultor e politólogo Stéphane Rozès.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
Activistas do SOS Racismo "não deixam ninguém dormir"
Fizeram piquetes pelos ciganos desalojados das barracas do Bacelo, fronteira do Porto com Gondomar. Fincaram pé em frente ao Centro Habitacional de Santo António, Porto central, pelos africanos indocumentados interceptados na ilha da Culatra, ao largo de Olhão. Celebraram as condenações de Mário Machado, líder do movimento Hammerskin. E hoje festejam 20 anos no Clube Ferroviário, em Lisboa. A câmara tem a prenda há tanto desejada: uma sede. (...)

Activistas do SOS Racismo "não deixam ninguém dormir"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 12 Ciganos Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fizeram piquetes pelos ciganos desalojados das barracas do Bacelo, fronteira do Porto com Gondomar. Fincaram pé em frente ao Centro Habitacional de Santo António, Porto central, pelos africanos indocumentados interceptados na ilha da Culatra, ao largo de Olhão. Celebraram as condenações de Mário Machado, líder do movimento Hammerskin. E hoje festejam 20 anos no Clube Ferroviário, em Lisboa. A câmara tem a prenda há tanto desejada: uma sede.
TEXTO: Quando o SOS Racismo apareceu, Portugal era outro país. A morte de José Carvalho, dirigente do PSR, revelava a força irada dos skinheads, que escreviam o que lhes apetecia em qualquer parede: "Morte aos pretos", "Portugal aos portugueses", "Primazia de emprego e de casa para os brancos". A extrema-direita organizara-se. No segundo boletim de 1990 da Associação Cultural de Acção Nacional podia ler-se: "Exigimos a proibição imediata da imigração, o repatriamento progressivo mas total dos imigrantes". A extrema-esquerda reagiu, recorda o jornalista do PÚBLICO Amílcar Correia, que acompanhou os primeiros anos da associação. No dia 10 de Dezembro de 1990, Dia dos Direitos Humanos, José Falcão, Filomena Aivado e Rosana Albuquerque registaram o SOS Racismo. "Portugal era o país dos brandos costumes. Dizia-se que não havia racismo, mas os skinheads matavam", lembra José Falcão. E, nas ruas, nos prédios, não era raro alguém dizer coisas como: "O trabalho é para o preto", "as pretas são boas para curtir, não para casar", "estás a fazer ciganices". Era preciso produzir materiais, chatear jornalistas, ir às escolas sensibilizar professores e alunos. O consultor João Tocha viveu o fervor desses primeiros anos. Foi ali que conheceu o músico João Aguardela e outros rapazes cheios de vontade de mudar o mundo - gente do PSR e do PCP, independentes. Já não é o membro activo desses tempos, a vida levou-o para outro lado, mas ainda colabora. E ainda se emociona com isso: "Quando pago a quota anual de 20 euros ou compro uma brochura por cinco euros, as pessoas ficam tão contentes que até parece que estou a dar uma fortuna. Eles fazem tanto com tão pouco!". Três condenações num anoPortugal já não é o deserto em matéria de associações de defesa dos direitos das minorias. Hoje, o país é mais diverso e conta com várias organizações não governamentais. Não há, porém, quem não reconheça o papel de uma entidade, como o SOS, a interligá-las, a uni-las numa frente de combate ao racismo e à xenofobia. "O SOS faz com que estejamos mais alerta", considera Rosário Farmhouse, alta comissária para o Diálogo Intercultural. "Às vezes, deviam recolher mais informação antes de avançar para a queixa, mas são pró-activos, não deixam ninguém dormir, e isso é bom. " Pela primeira vez, o Estado atribuiu-lhes um subsídio (a propósito do documentário SOS Racismo - 20 anos a quebrar tabus, de Bruno Cabral, um jovem realizador que se espantou com "a diversidade do trabalho realizado pela associação", sobretudo nas escolas). Mas a convivência com o antes Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas já foi muito tensa. Vaz Pinto chegou a processar José Falcão por este acusá-lo de "falsidade, cobardia, desonestidade e incompetência". Na origem do desentendimento com o então alto comissário, a exclusão da associação do Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração. Rui Marques, que ocupou o cargo depois de Vaz Pinto e antes de Farmhouse, sempre foi mais diplomático: "Discordo de muitas posições que toma, mas com certeza tem desempenhado um papel importante". Olhando para estes 20 anos, José Falcão destaca contributos para a criminalização do ódio racial, para a lei da discriminação racial, para a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial. Sem deixar de sublinhar o baixíssimo número de condenações, o cheiro a impunidade. "Primeiro, muitas pessoas não sabem que é possível denunciar esses casos e não os denunciam. Segundo, é muito difícil provar um acto racista", justifica Farmhouse, reconhecendo que no ano que agora finda só houve "duas ou três condenações".
REFERÊNCIAS: