Foi você que pediu uma personal trainer do sexo?
Há uma nova profissão em crescimento. As personal trainers sexuais ensinam, ajudam e acompanham uma pessoa na sua vida erótica e amorosa. (...)

Foi você que pediu uma personal trainer do sexo?
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há uma nova profissão em crescimento. As personal trainers sexuais ensinam, ajudam e acompanham uma pessoa na sua vida erótica e amorosa.
TEXTO: Ana senta-se, abraçada às costas da cadeira, e começa a respirar. Tem 36 anos, cabelo louro, botas altas e um vestido vermelho, curto. Inspira com um ruído de sucção, expira com um som de prazer. Após três ciclos respiratórios, entra numa espécie de transe e, quando ouve o som da minha própria respiração, desata a chorar. Isto é o consultório de Cristina Mira Santos (casadevaluna. blogspot. pt), 42 anos, psicóloga, terapeuta, personal trainer do sexo. Ana vem regularmente, há quase um ano, a esta sala da Alma Cheia, um centro terapêutico alternativo na Rua dos Douradores, na Baixa de Lisboa. Começou com sessões de conversas, num formato em tudo semelhante a uma consulta de Psicologia, e foi avançando para outros, menos convencionais, modos de tratamento, segundo as indicações de Cristina, embora sempre com a sua própria anuência. As primeiras fases foram úteis para identificar os problemas e criar uma predisposição à cura, mas é no momento de agir, quando é preciso alterar atitudes, provocar uma transformação pessoal, que as ferramentas da psicoterapia clássica revelam os seus limites. É por pensar isto que Cristina decidiu há muito completar a sua formação no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) com cursos de massagens, ioga, nutricionismo e exercício físico, filosofias orientais e terapias alternativas. Principalmente a formação em Sexualidade Sagrada ministrada por Amala Shakti Devi, uma portuguesa habitante de Marvão chamada Amélia Oliveira, autodesignada “sacerdotisa consagrada ao amor erótico”, “terapêuta holística” e “maga do coração”. Cristina saiu deste curso de “maga curandeira” com o título de Sacerdotisa do Amor Erótico, ou Erotisa, e o nome de Eva Luna, sob o qual exerce hoje a sua actividade de terapeuta. Como psicóloga clínica, continua a ser Cristina Mira Santos, num esforço de não comprometer o nome profissional com práticas menos compreendidas pela comunidade científica. Na realidade, porém, as duas terapeutas são a mesma, e é nisso que reside a sua originalidade e competência específica. Combinando os conhecimentos da psicologia científica com as tradições da meditação oriental e da sexualidade sagrada, saberes dos índios americanos e de gurus como Osho (o indiano Rajneesh Chandra Jain, autor do conceito de “despertar da consciência”), Cristina construiu o que talvez seja um sistema próprio e único de cura, ou talvez de cura de males que a psicologia convencional e a medicina têm dificuldade em diagnosticar. Ana chegou aqui a conselho de uma amiga. Durante anos, não admitiu que tinha problemas. Os relacionamentos eram difíceis, isolava-se, não conseguia construir uma relação amorosa estável, e nos casos de curta duração o sexo era pouco compensador, não se entregava, não conseguia ter orgasmos. Compensou isto com a vida profissional. Dedicou-se intensamente e obteve êxito muito cedo, fundando uma empresa bem-sucedida. Constituiu um grupo de amigos, mas nunca muito próximos, não tinha nada que se parecesse com uma família. Normalmente não sentia falta disso, mas há certos momentos rituais em que a sociedade nos interpela e julga, como o Natal, a passagem de ano ou a Páscoa. Era doloroso estar sozinha nesses dias, sentia-se encurralada e confusa, chorava, mas não contava a ninguém, talvez nem soubesse o que contar. Houve problemas na infância e adolescência, Ana não os esquecera, mas acreditou que estavam ultrapassados. Avançara com a sua vida, tinha independência económica, carro e apartamento, boas roupas. De que se poderia queixar? Não se queixou, até aos 30 anos. Nessa altura começaram as crises. “Dei por mim sozinha na passagem de ano a perguntar a mim própria: ‘Qual é o teu problema? Porque não podes ser feliz como os outros à tua volta? Porque não consegues apaixonar-te? Porque é a tua vida um caos?’ Nessa altura, não aguentei mais. Entreguei os pontos. ”Quando procurou a psicóloga que a amiga recomendara, as queixas que apresentou confinavam-se porém ao universo profissional. Ana queria mudar de vida, deixar a empresa, dedicar-se a outra actividade, mas faltava-lhe coragem e motivação. Foi isto que disse. A sociedade oferece às mulheres a oportunidade de emancipação, mas não um papel em conformidade, na estrutura familiar. “Somos encorajadas a ter uma carreira profissional, mas à custa da família. Se queremos realização, temos de estar sozinhas. A verdade é que isso não chega e que os amigos não substituem uma família. ”Aparentemente opõem-se, o plano social e o íntimo, mas são as duas faces da mesma moeda. Pertencer a um grupo social discriminado será sempre um factor de risco de patologia e isolamento. Nas primeiras consultas, as conversas com Cristina trouxeram à superfície toda uma história de traumas e feridas. “Fui uma filha não desejada”, conta Ana. “A minha mãe não gostava de mim. Proibiu-me de ter namorados. Aos 16 anos, disse-me: “Nenhum homem te vai amar. Eles só te vão querer para despejar os tomates. ’ Desde os meus sete ou oito anos, fui violada pelo meu avô. Só na adolescência percebi que as outras meninas não faziam aquilo. ”Cristina recolhe conhecimentos e técnicas da tradição mística e religiosa para lidar com este tipo de problemas das suas clientes. A sexualidade sagrada, a religião da deusa-mãe fornecem material teórico e terminológico para colocar as mulheres numa posição de poder. Há um manancial de contributos, desde a filosofia do Mindfulness, inspirada no budismo, e que advoga a concentração nas sensações e consciência do momento presente, até às correntes do sex positive, que promove uma sexualidade sem limites, para a visão globalizadora da sexualidade. Cristina construiu um método ecléctico, a que chama “psicoterapia da consciência”, que consiste em “trabalhar a consciência corporal, ligar o corpo à mente, depois ao espírito”. Baseia-se na ideia de que “o corpo grava momentos, de stress, de felicidade, e há certas zonas do corpo em que se fixam esses registos, essas memórias”. Há também contributos da acupunctura, da digiopunctura, da massagem tântrica, da reflexologia, para criar um todo coerente, ou pelo menos convincente, para quem esteja a isso receptivo. Atribuir ao sexo natureza divina pode ser a única forma de afastar os sentimentos de culpa que lhe estão associados nas mentes de muitas pessoas. E o contacto físico com o cliente pode ser a única maneira de o libertar da racionalização a que submete as práticas sexuais, remetendo-o para uma lógica, uma sabedoria, do próprio corpo. As massagens, os abraços, as carícias fazem por isso parte dos tratamentos, bem como certas práticas difíceis de aceitar pela comunidade dos psicólogos e dos médicos, tais como a yoni healing, ou a lingam healing massagem vaginal ou peniana (yoni e lingam são os termos para vagina e pénis em sânscrito). Segundo a reflexologia genital, determinadas zonas na vagina e no pénis correspondem a determinados órgãos do corpo, pelo que o toque nuns pode afectar o funcionamento dos outros. Além disso, os genitais, principalmente a vagina, têm a propriedade de guardar a memória de acontecimentos, de tal forma que a massagem em certas zonas da vulva pode fazer reviver momentos traumáticos, compreendê-los e ajudar a pessoa a ultrapassá-los, pela aceitação e eliminação gradual da dor nesses pontos de registo. Este é um dos tratamentos a que Cristina submete as suas clientes, sempre com o seu consentimento e a sua colaboração. Foi o caso de Ana. “Eu compreendi que isto é uma coisa séria”, explica ela. “É uma actividade bonita, que me levou a conhecer-me a mim própria, a ligar-me ao meu próprio corpo. O sexo é uma coisa sagrada. ”Os tratamentos de Cristina levam frequentemente a uma libertação de emoções, a choro e riso, gritos de dor ou gemidos de prazer. Muitas vezes, as clientes descobrem novos pontos sensitivos no seu corpo e chegam a atingir o orgasmo. Cristina leva-as a isso, ensina-as. “É possível sentir um orgasmo de três horas”, diz ela. E tem consciência de que isto levanta várias questões. Uma delas é a da ética de um psicólogo, cujo protocolo não permite, por exemplo, tocar no corpo dos clientes, muito menos para lhes proporcionar prazer sexual. Outra questão é a eventual coincidência destas práticas com as da prostituição. Se alguém paga para ser estimulado sexualmente até ao orgasmo, o que distingue isto dos serviços de uma prostituta?Cristina não se ofende com a sugestão. “Em muitas sociedades, havia as prostitutas sagradas. Eu não tenho problemas em assumir essa designação. ” De qualquer forma, explica, há uma diferença: aqui, o objectivo não é procurar a satisfação sexual, em si mesma, mas antes aprender a conhecer o seu corpo, e até certas técnicas que poderão ser usadas para obter prazer sexual. O propósito é sempre educar, ajudar, guiar, curar. De certa forma, trata-se de uma nova profissão. Um terapeuta que ajuda a pessoa na sua vida sexual e amorosa. E na vida em geral, se considerarmos que ela é condicionada pelo sexo e o amor. Cristina aceita a designação de personal trainer sexual ou de personal coach sexual. Alguém, que pode ter formação em Psicologia, como é o seu caso, ou noutra área, que ajuda uma pessoa a tratar os seus problemas do foro sexual ou apenas a melhorar a sua vida sexual e relacional, através de ensinamentos, demonstrações, aconselhamento em termos de posições, técnicas, brinquedos ou concepções alternativas do erotismo. Mas sempre em função do caso particular, das características, da história, dos objectivos, expectativas e possibilidades de cada um. Tal como um treinador pessoal, ou coach, no desporto. É uma profissão que se tornou comum nos EUA e vários países europeus desde há pelo menos uma década, com os seus teóricos, os seus debates, as suas correntes. Carmo G. Pereira (carmogepereira. com) está mais próxima da linha do feminismo e dos estudos de género. Tem 32 anos, formação em Comunicação, um mestrado incompleto em Women Studies, frequenta também a pós-graduação em Sexologia e define-se como uma educadora sexual para adultos, consultora sexual e erótica, mas também não rejeita a classificação de personal trainer do sexo. “Não trabalho com patologias”, explica, uma vez que não tem formação clínica. Mas trabalha frequentemente em colaboração com psicólogos, psiquiatras e ginecologistas. Estes profissionais reencaminham para ela alguns dos seus doentes, quando entendem que isso lhes pode ser benéfico. O mesmo se passa com Cristina Mira Santos. “Os médicos e psicólogos têm cada vez mais consciência da necessidade de incorporar as terapias alternativas”, diz Carmo. “No meu caso, trabalho com o constructo social e uso os conceitos do feminismo. ” É a sua forma de devolver às mulheres o controlo sobre a sua própria sexualidade. Leva-as a compreender porque sentem vergonha em relação a certas práticas, a história dos comportamentos, as relações de poder subjacentes aos procedimentos sexuais. Além de consultas pessoais (quase sempre a mulheres, por vezes a casais, tal como sucede com Cristina, uma vez que há menor procura por parte dos homens), Carmo promove workshops de masturbação e de automassagem guiada, aulas de pompoarismo (treino dos músculos vaginais) e sessões de demonstração de vibradores e outros brinquedos sexuais, matéria em que é reconhecida especialista. Nos tratamentos pessoais, inclui as consultas, a massagem tântrica, o yoni healing. Ensina as mulheres a conhecerem o seu próprio corpo, a masturbarem-se, a procurarem outras formas de prazer para além do orgasmo. Considera que a educação sexual dos jovens é deficiente, ou inexistente, eivada de preconceitos e noções erradas. Isso traduz-se numa vida sexual pobre na vida adulta. “A educação sexual é feita com base na pornografia, o que, além de falsear a realidade, leva a frustrações, porque as pessoas comparam-se com o que vêem lá. As mulheres comparam as suas vaginas, os homens a sua performance. ”A masturbação, por exemplo, ainda é reprimida no caso das mulheres. “Surgem-me mulheres de 30, 40, 50 anos que não sabem masturbar-se, têm vergonha de o fazer. Uma não sabia localizar o seu próprio clitoris. ”Carmo ensina as mulheres a masturbarem-se, ou ensina os parceiros a tocarem-nas, e para isso faz demonstrações práticas: toca nas clientes, embora usando luvas de látex para o contacto genital. Para ela, a diferença entre isto e prostituição é que, no seu caso, “se trata de um toque terapêutico, não sexual”. Ainda que os clientes não apresentem qualquer patologia. Trata-se de melhorar o sexo. Não a performance, como pensam muitos dos que a procuram, mas o próprio âmbito e carácter do acto sexual, porque, ao contrário do que se pode objectar, “no sexo, não se nasce ensinado”. É preciso aprender, ainda que seja uma função natural humana, a menos que se assuma apenas a função reprodutiva do sexo. Carmo faz uma comparação: “Se tivermos um piano em casa desde a infância, decerto vamos experimentar tocá-lo, e aprender qualquer coisa. Mas o resultado será bem diferente se aprendermos sozinhos ou se tivermos um bom professor. ”Juliana está de pé, apenas enrolada numa toalha, de frente para Carmo, no gabinete de tratamentos da Ilha dos Amores, uma loja de “produtos românticos” na Rua de S. Bento, em Lisboa. É o início de uma massagem tântrica com yoni healing. O problema de Juliana, 34 anos, fotógrafa, heterossexual, mãe de ter filhos, é “ser demasiado proactiva” no que respeita ao sexo, dissera Carmo. Só dá, não tem capacidade de receber. “Como sou muito difícil de excitar e levar ao orgasmo, prefiro nem sequer tentar, e concentrar-me no prazer do parceiro”, explicara Juliana. O tratamento de hoje é o primeiro de uma série que pretende reverter isto. Juliana tem de aprender a receber. E os motivos profundos da sua incapacidade podem não ser apenas os que expressou. Carmo explicou previamente o que vai passar-se. Antes de se deitar na marquesa, completamente despida, terá de fazer exercícios respiratórios fixando a terapeuta nos olhos. Se não conseguir, pode fechá-los. Juliana não os aguenta abertos mais do que uns segundos. Respira ritmadamente, de mão dada com Carmo, que seleccionou uma música muito suave e acendeu algumas velas. A situação totalmente imposta cobriu Juliana de vulnerabilidade, deixando-lhe no rosto uma expressão incrivelmente triste. Abre e fecha os olhos, lutando com a sua própria angústia. Carmo beija-lhe a mão, deita-a na marquesa, nua, de barriga para cima, segura-lhe os pés. Acaricia-lhe as pernas, as coxas, num toque muito leve. A massagem prossegue, num toque tangencial por todo o corpo, que vai mudando de posição, trémulo e branco, exposto. Carmo cola a palma da sua mão à planta do pé de Juliana e fica assim muito tempo. Depois aproxima o rosto para lhe soprar nas nádegas e costas, enquanto com um dedo lhe toca a vulva. Carmo fecha os olhos, está quase em êxtase, ao contrário de Juliana, cujo corpo não evidencia a mínima reacção, mesmo durante a longa massagem da vulva, os lábios vaginais, o clitoris, com óleo de grainha de uva e pequenos vibradores nos dedos da massagista. “A palma da mão aberta é símbolo de ligação, de cuidado”, explica Carmo quando Juliana já se sentou na marquesa. “A nossa sociedade ensina a mulher a ser cuidadora. Ela tem de aprender a receber cuidado. Mas é muito difícil. ” Com Juliana, serão precisas, pelo menos, mais seis sessões de uma hora e meia, como esta. Não se libertou o suficiente para sentir prazer. Não era esse o objectivo, nem podia ser: existência de expectativas é inibidora. “Aqui não há expectativas”, diz Juliana. “É sensual, mas não sexual”, acrescenta, com um ênfase positivo no primeiro termo, negativo no segundo. Como se à palavra “sexualidade” viesse agarrado todo o guião da sociedade machista e a sensualidade estivesse liberta, disponível para todos, principalmente as mulheres. Para elas, a ausência de expectativas é o que permitirá avançar, mesmo que não saibam para onde. Os guiões da sexualidade estão definidos por, e para, homens. A sexualidade deles pertence-lhes e a das mulheres também. Pelo menos a que está caucionada e regulada. A outra, o verdadeiro poder sexual das mulheres, talvez se encontre no processo de descoberta para o qual as novas personal trainers do sexo são chamadas a intervir. Maria tem 62 anos e não foi para melhorar a sua vida sexual que procurou Carmo G. Pereira. Veio para uma consulta de pompoarismo com o objectivo de, explica, evitar vir a ter os problemas de incontinência urinária de que a sua mãe sofre hoje. A nossa sociedade ensina a mulher a ser cuidadora. Ela tem de aprender a receber cuidado. Mas é muito difícil. ”“Vamos fazer a primeira contracção, a segunda, a terceira”, vai indicando Carmo, que colocou uma mão na barriga de Maria. “A contracção do terceiro anel é que mexe com a barriga. ”Maria explica que teve um segundo parto complicado, que lhe deixou sequelas na musculatura vaginal. Carmo fornece-lhe vários instrumentos para usar em casa: umas bolas para introduzir e treinar os movimentos de contracção e sucção, um vibrador com pesos diferentes para segurar na vagina, em exercícios dez vezes por dia. No final da consulta, a terapeuta refere à cliente a possibilidade de alguns efeitos secundários. “Como vai haver uma maior atenção quotidiana a esta parte do corpo, e alguma estimulação, é provável que haja um aumento da libido. Sente-se preparada para isso?”“Não há problema”, responde Maria. “Tem de integrar isso na sua vida. ”Maria teve vários dissabores com médicos, desde a infância. Por isso tende a preferir terapias alternativas. “Sinto-me mal com antibióticos”, diz ela. “Consulto um especialista de medicina tradicional chinesa, tenho um osteopata, que também é o meu professor de ioga. ” E agora tem também uma personal trainer sexual. “Todas estas pessoas contribuem para o meu bem-estar. Quando vamos ao hospital, somos vistos por um médico, que nos manda para outro, e depois para um fisioterapeuta. Nenhum deles quer saber de nós, nem tem tempo para nos ouvir. Na medicina natural, não somos tratados como um número, mas como uma pessoa. Os tratamentos são personalizados, adaptados ao nosso caso. Como no ioga, em que os exercícios são adaptados às características de cada um. ”A terapeuta pediu-lhe para visualizar o interior do seu útero e descrevê-lo. “Uma tristeza, tudo escuro e fechado, muita mágoa”, disse Ana. “Estava tudo tão negro. Eu queria sair do meu corpo, de tanta dor que tinha. Depois foi como se tivesse parido o meu útero e o tivesse atirado para uma fogueira. Não queria ter aquela coisa negra cá dentro. ”Ana procurou Cristina porque estava desesperada. “Eu tinha chegado ao fim da linha. Só por isso vim aqui. Agora só lamento não ter vindo há mais tempo. Durante toda a minha vida, depois do que me aconteceu na infância, sinto que não segui em frente, apenas somei anos. ”Na aldeia onde vivia, ouvira a crença segundo a qual uma rapariga que não tivesse relações sexuais durante sete anos recuperaria a virgindade. Por isso, desde que o avô cessou o abuso, esperou sete anos até ter o primeiro namorado, na esperança de que o hímen estivesse miraculosamente reposto, e o rapaz não a rejeitasse. Mas foi ela que não conseguiu aceitá-lo a ele. Agora, mal começa a respiração extática, o exercício que a transporta para um estado alterado de consciência, desata a chorar escondendo o rosto com as mãos. “Não consigo olhar para ele, ele é um homem. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Recompõe-se aos poucos, mas quando Cristina me pede para respirar também de forma sonora, o choro volta. “Ele quer fazer-me mal”, grita. “Não consigo. Está tudo bem, se ele estiver em silêncio. Mas não consigo ouvi-lo. ”Fiquei sem saber o que pensar da situação, da credibilidade das personal trainers do sexo e das pessoas que as procuram, mas a verdade é que o som da minha respiração me pareceu, até a mim, um pouco assustador. Após muito choro e convulsões, Ana adormeceu profundamente, esgotada. Minutos depois acordou, levantou-se e deu-me um abraço.
REFERÊNCIAS:
Religiões Budismo
GNR vai reduzir progressivamente o efectivo em Valongo dos Azeites
A polícia procura há 19 dias o caçador que terá baleado mortalmente a sogra, a tia da ex-mulher e ferido a filha e a antiga companheira. Autoridades foram esta segunda-feira avisadas de um avistamento que depois se revelou falso. (...)

GNR vai reduzir progressivamente o efectivo em Valongo dos Azeites
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: A polícia procura há 19 dias o caçador que terá baleado mortalmente a sogra, a tia da ex-mulher e ferido a filha e a antiga companheira. Autoridades foram esta segunda-feira avisadas de um avistamento que depois se revelou falso.
TEXTO: A GNR vai começar a reduzir progressivamente o número de agentes que estão destacados para as buscas de Manuel Baltazar, em Valongo dos Azeites, Viseu, confirmou ao PÚBLICO fonte daquela polícia. A mesma fonte adiantou que, por ora, a GNR mantém menos de 50 agentes no terreno, alguns dos quais a cavalo. O caçador está em fuga há 19 dias. A 17 de Abril baleou, alegadamente, de forma mortal a sogra, a tia da ex-mulher e feriu a filha e a companheira. Os guardas, que contam ainda com uma unidade de cães de busca, estão predominantemente a investir agora no patrulhamento da localidade. Até agora, a GNR e a PJ já receberam dezenas de pistas. Na manhã desta segunda-feira, vários agentes seguiram rapidamente para uma localidade próxima de Valongo dos Azeites depois de um morador ter avisado as autoridades de que teria visto Manuel Baltazar. A pista, porém, era falsa. “Fomos chamados por alguém que dizia ter visto um senhor muito parecido e que, afinal, confirmamos não ser o suspeito”, disse ao PÚBLICO o tenente-coronel Machado da GNR de Viseu. Recentemente, houve também falsos avistamentos do fugitivo em Coimbra e Viseu. A estratégia da PJ, que coordena a investigação, é a de aguardar o melhor momento para localizar o caçador que está, acreditam os investigadores, ainda nas imediações. Os inspectores aguardam por um período de acalmia na localidade e sublinham que se, por um lado, o policiamento intensivo melhora o sentimento de segurança na localidade, prejudica, por outro, a discrição necessária para a eficácia das buscas. Com a melhoria do clima, maior actividade agrícola e a aproximação da época de incêndios, a Judiciária acredita que o suspeito venha a ter menos condições para continuar escondido. A filha e a ex-mulher de Manuel Baltazar estão agora protegidas por agentes da PSP face ao risco que correm, confirmou fonte da Judiciária. Pelo menos a antiga companheira continua internada no Hospital de Viseu. É a segunda vez que a GNR altera consideravelmente o forte efectivo que tem destacado para Valongo dos Azeites. No final de Abril, a Guarda colocou no terreno centenas de elementos da Unidade de Intervenção, um grupo especial. Dias depois, reduziu o dispositivo face ao insucesso das buscas. “Só quem não conhece o terreno é que pode criticar a GNR por ter tantos elementos e até agora não ter ainda sido localizado o dispositivo”, sublinhou o tenente-coronel Machado lembrando o vasto conhecimento do “perfil geográfico da zona” que o caçador tem. Manuel Baltazar iria ser ouvido horas antes dos crimes no Tribunal de São da Pesqueira por ter violado a proibição de afastamento da ex-mulher. Porém, não havia juiz disponível e a diligência foi adiada. O suspeito estava proibido de estar a menos de 400 metros da ex-mulher. Essa era a medida acessória a que havia sido condenado em 2013 por violência doméstica, além de uma pena de prisão de três anos e dois meses que ficou suspensa na sua execução.
REFERÊNCIAS:
Sporting acusa Federação de Rugby de “comportamentos misóginos”
O organismo não atribuiu medalhas às campeãs nacionais femininas, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”. (...)

Sporting acusa Federação de Rugby de “comportamentos misóginos”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 11 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O organismo não atribuiu medalhas às campeãs nacionais femininas, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”.
TEXTO: O Sporting apresentou uma queixa ao Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) e à Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) contra a Federação Portuguesa de Rugby (FPR) depois de, no passado sábado, o organismo ter atribuído medalhas apenas aos campeões nacionais na variante masculina, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”. A queixa foi enviada por email ao início da tarde de ontem e a posição do Sporting é clara: o clube “leonino”, que no passado sábado se sagrou tricampeão nacional de râguebi feminino, quer que o IPDJ e a CIG sejam “exigentes” e não se fiquem “apenas por recomendações”, depois de a FPR ter tido um “comportamento misógino” que deve ser “erradicado do desporto português”. No email a que o PÚBLICO teve acesso, os “leões” recordam que a “Constituição é clara” ao referir que “ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual” e que, “embora, o regime jurídico das federações desportivas não preveja a suspensão por incumprimento ao nível da igualdade de género”, o “estatuto de utilidade pública desportiva pode ser suspenso por despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área do desporto” no caso do “não cumprimento da legislação contra a dopagem no desporto, bem como da relativa ao combate à violência, à corrupção, ao racismo e à xenofobia. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em declarações ao PÚBLICO, Rafael Lucas Pereira, responsável pela secção de râguebi do Sporting, acrescentou que a “denúncia é em nome de todas as mulheres e raparigas portuguesas que praticam desporto. Este comportamento é inaceitável nos tempos que correm. Aguardo com expectativa a opinião sobre este assunto dos patrocinadores da federação”. Do lado da FPR, João Pereira de Faria lembrou que direcção actual foi eleita “há muito pouco tempo” e que “uma das situações” com que se deparou “foi com a não atribuição de medalhas no único escalão competitivo feminino”. “A situação até é caricata, porque estávamos a preparar a atribuição das medalhas às equipas, convidando-as para estar nos [torneios de] sevens do Algarve ou de Lisboa. Entrámos agora e estamos a assumir uma série de coisas que já se estavam a desenrolar. A comissão de gestão tinha dado indicações para não serem feitas as atribuições das medalhas invocando razões que não interessam agora. Não nos revemos nisso”, afirmou o vice-presidente federativo, que tomou posse a 11 de Abril. Contactada pelo PÚBLICO, a CIG confirmou que a queixa deu entrada nos serviços e que a mesma será objecto de análise pela divisão jurídica. “Só após o apuramento de toda a informação, a CIG estará em condições de se pronunciar”, acrescentou uma fonte.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência mulher racismo social sexo igualdade género sexual mulheres raça xenofobia
Objectivos do Milénio em exame: derrotas e conquistas
Muito foi conseguido, muito ficou por cumprir dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, aprovados em Setembro de 2000. Eram oito, inspirados em diversos acordos internacionais alcançados ao longo dos anos 90. Àqueles compromissos corresponderam 22 metas, com 48 indicadores quantitativos e prazos precisos. Sobram críticas sobre diversos aspectos, incluindo sobre a qualidade do processo. Fátima Proença, da Associação para a Cooperação entre os Povos, dá o exemplo das vacinas. “Num momento, diz-se: 'As crianças estão todas vacinadas. ' Como? Há trabalho de continuidade ou foi uma campanha internacional?”Apesar d... (etc.)

Objectivos do Milénio em exame: derrotas e conquistas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 11 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: Muito foi conseguido, muito ficou por cumprir dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, aprovados em Setembro de 2000. Eram oito, inspirados em diversos acordos internacionais alcançados ao longo dos anos 90. Àqueles compromissos corresponderam 22 metas, com 48 indicadores quantitativos e prazos precisos. Sobram críticas sobre diversos aspectos, incluindo sobre a qualidade do processo. Fátima Proença, da Associação para a Cooperação entre os Povos, dá o exemplo das vacinas. “Num momento, diz-se: 'As crianças estão todas vacinadas. ' Como? Há trabalho de continuidade ou foi uma campanha internacional?”Apesar de tudo, Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), está convencido de que os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio “fizeram uma enorme diferença”. Di-lo no arranque do relatório que serve de balanço dos compromissos assumidos por 191 países, que abaixo se cita. Menos pobreza extremaCaiu para metade a pobreza mais extrema desde 1990. Nesse ano, quase metade da população das regiões em vias de desenvolvimento vivia com 1, 25 dólares por dia. Em 2010, 22%. A maior parte dessas 1, 2 mil milhões de pessoas morava no Sul da Ásia ou na África Subsariana. A Índia acolhia um terço. Nessa lista, seguiam-se a China (13%), a Nigéria (9%), o Bangladesh (5%) e a República Democrática do Congo (5%). O panorama ainda é intolerável. A fome crónica diminuiu, mas continua a afectar uma em cada oito pessoas no Mundo. E em 2013 o planeta atingiu um máximo histórico de 51 milhões de pessoas deslocadas, por força dos conflitos armados, com destaque para a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, o Mali, a Síria, a fronteira entre Sudão do Sul e Sudão. Educação primária mais universalApregoam-se progressos: os países em desenvolvimento na Ásia Oriental, no Sudoeste Asiático, no Cáucaso e na Ásia Central, na América Latina e nas Caraíbas aproximaram-se da educação primária universal. A taxa de matrícula líquida ajustada passou de 83 para 90% entre 2000 e 2012. Metade das crianças privadas de ensino primário vive em zonas de conflito. A África Subsariana concentra 44% delas. Igualdade de género mais efectivaA desigualdade de género aumenta à medida que se sobe de nível de ensino. Os rácios de matrícula de raparigas já não são tão distintos dos rácios de matrículas de rapazes no ensino primário, mas ainda são bem inferiores no ensino superior na África Subsariana e no Sul da Ásia. Persiste a disparidade no mercado de trabalho, embora tenha diminuído ao longo dos anos. Além de ganharem menos, as mulheres têm menos probabilidades de emprego. Temos mais hipóteses de as encontrar a trabalhar a tempo parcial ou numa situação de subemprego. “As diferenças são particularmente notáveis no Norte de África e no Sul da Ásia”, lê-se no relatório. Apesar de continuarem a assumir o grosso das tarefas relacionadas com a família e a casa, o que coloca problemas de conciliação com outras esferas da vida, é cada vez maior a participação política das mulheres. Em Janeiro de 2014, preenchiam 21, 8% dos lugares parlamentares. Em 46 países representavam mais de 30%. Havia, porém, cinco países sem qualquer mulher no parlamento. Baixou a mortalidade infantilA taxa de mortalidade dos menores de cinco anos está a descer mais depressa do que antes. Caiu 1, 2% entre 1990 e 1995 e 3, 9% entre 2005 e 2012. Menos seis milhões de crianças morreram em 2012, em comparação com 1990. Mas a Oceânia, a África Subsariana, o Cáucaso, a Ásia Central e o Sul da Ásia não conseguiram reduzir em dois terços a taxa de 1990, como tinha sido acordado. Morrem, amiúde, de males curáveis. A maior parte das mortes foi provocada por doenças infecciosas, com destaque para a pneumonia, a diarreia e a malária. A mais elevada taxa do mundo é a da África Subsariana – “16 vezes a média das regiões desenvolvidas”. Uma em cada dez crianças ali nascidas não chegava a completar cinco anos em 2012. Serviço de saúde reprodutiva longe de ser universalOs factos são crus: “Quase 300 mil mulheres morreram em todo o mundo em 2013 por causas relacionadas com gravidez e parto”; “a proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde qualificado aumentou de 56 para 68% entre 1990 e 2012”, mas em 2012 ainda houve 40 milhões de nascimentos sem assistência. A maior parte das grávidas têm apenas uma consulta. Não chega. Para garantir o bem-estar da mulher e da criança, a Organização Mundial de Saúde recomenda um mínimo de quatro. Em 2012, só 52% das grávidas tiveram quatro ou mais consultas de cuidados pré-natal. O problema perdura, em particular, no Sul da Ásia e na África Subsariana.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
"Quando Aretha Franklin canta, é a história americana que jorra"
Muito próxima de Martin Luther King e de outras figuras da luta pelos direitos civis dos negros, Aretha Franklin viu a sua versão de Respect tornar-se, em 1967, um hino desse movimento. Quase meio século depois, o primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos, Barack Obama, ouviu-a cantar Natural woman e não conseguiu conter as lágrimas. (...)

"Quando Aretha Franklin canta, é a história americana que jorra"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 10 Mulheres Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-17 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20180817170452/https://www.publico.pt/n1841159
SUMÁRIO: Muito próxima de Martin Luther King e de outras figuras da luta pelos direitos civis dos negros, Aretha Franklin viu a sua versão de Respect tornar-se, em 1967, um hino desse movimento. Quase meio século depois, o primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos, Barack Obama, ouviu-a cantar Natural woman e não conseguiu conter as lágrimas.
TEXTO: Filha do pastor baptista C. L. Franklin (1915-1984), figura de relevo do movimento de luta contra a discriminação dos negros americanos nos anos 50 e 60, Aretha Franklin conviveu desde muito nova com Martin Luther King, que era amigo da família, e chegou mesmo a acompanhá-lo em digressões pelo país, cantando em serviços religiosos e comícios. “Tinha acabado de deixar a escola, via como era importante o que o Dr. King estava a tentar fazer, e pedi ao meu pai para viajar com ele”, lembrou a cantora em 2014, numa entrevista televisiva conduzida pelo reverendo Al Sharpton. A cantora teria então 15 anos, a idade com que abandonou os estudos, mas já era mãe de um filho e lançara no ano anterior o seu primeiro álbum, Songs of Faith, gravado na igreja do pai, a New Bethel Baptist Church em Detroit, no Michigan. Alguns anos depois, em Junho de 1963, os reverendos Franklin e King desfilariam juntos na marcha pelos direitos civis que o primeiro organizou em Detroit, e que serviu ao segundo como balão de ensaio para testar o célebre discurso “I have a dream”, com o qual iria depois galvanizar, no final de Agosto, os 250 mil manifestantes que participaram na marcha sobre Washington. O prestígio de C. L. Franklin – diziam que tinha uma voz que valia milhões, e o reverendo empregava-a proveitosamente nos seus sermões, tão apreciados que começaram a ser difundidos na rádio e gravados em disco – atraiu também a sua casa alguns dos cantores mais envolvidos na luta contra a segregação racial, como Harry Belafonte, Mahalia Jackson ou Sam Cooke, com os quais Aretha privou desde muito nova. “A música é a alma do movimento”, escreveu o próprio Luther King. E tendo em conta o seu contexto familiar e o seu precoce e extraordinário talento como cantora, Aretha Franklin estava destinada a tornar-se, também ela, um ícone (apetece acrescentar “natural”) da luta pelos direitos civis. Mas se indiscutivelmente o foi, acabou por devê-lo menos ao seu efectivo activismo juvenil do que ao facto de a sua versão de Respect, um tema de Otis Redding que gravou em 1967, se ter transformado do dia para a noite não apenas num hino feminista, mas também num protesto contra a discriminação racial. Uma circunstância que a cantora garante não ter pretendido ou antecipado, mas que resulta quer das cirúrgicas alterações que ela e a sua irmã Carolyn introduziram na letra original, quer da intensidade da sua interpretação, que transformaram mais uma canção sobre o homem que trabalha no duro para trazer dinheiro para casa, e apenas exige em troca que a mulher o respeite, numa espécie de grito de guerra que captava exemplarmente o sentimento de urgência de um tempo de mudança. Respect foi lançado em 1967, num país onde se sucediam as manifestações contra a guerra do Vietname, dezenas de milhares de hippies convergiam para São Francisco, o epicentro do tsunami psicadélico, as lutas pela igualdade de género davam os primeiros passos e os motins raciais incendiavam as cidades americanas: os mais violentos ocorreram precisamente na Detroit de Aretha Franklin, onde no final de Julho desse ano morreram 43 pessoas e centenas ficaram feridas. A change is gonna come, previra Sam Cooke em 1963, na canção que escreveu após ter sido impedido de entrar num hotel só para brancos. Times they are a changin’, confirmaria Bob Dylan no ano seguinte. Mas em 1967 ainda havia muito por mudar: I Never Loved a Man the Way I Love You, o álbum que tinha Respect como tema de abertura, fora já lançado há alguns meses quando o Supremo Tribunal dos Estados Unidos aprovou a histórica decisão de considerar inconstitucional toda a legislação estadual que proibisse os casamentos inter-raciais. I Never Loved a Man the Way I Love You, primeiro álbum da cantora na Atlantic Records, teve um extraordinário sucesso – em Maio, o single Respect já estava no topo dos mais vendidos – e consagrou Aretha Franklin como uma das grandes cantoras do seu tempo. Quando esta regressa a Detroit, a 16 de Fevereiro de 1968, para actuar no Cobo Hall, é já uma estrela mundial. O concerto, ao qual assistirão 12 mil pessoas, é de tal ordem que o presidente da Câmara não se contém e institui logo ali a data de 16 de Fevereiro como o “dia de Aretha Franklin”. Mas a subida ao palco que causou maior impacto não foi a sua, antes a de Martin Luther King, que voou propositadamente para Detroit para entregar à cantora um prémio em reconhecimento do seu contributo para a definição da identidade afro-americana. O líder do movimento dos direitos civis é assassinado meio ano mais tarde, em Abril de 1968, e é Aretha Franklin quem canta no seu funeral o hino Take my hand, precious Lord. “Era um dos seus favoritos, e pedia-me sempre que o cantasse quando viajávamos juntos”, justificará mais tarde. Em Agosto desse ano, já depois do assassinato de Robert Kennedy, em Junho, Aretha Franklin cantou o hino dos Estados Unidos na convenção nacional do Partido Democrata que apontaria como candidato Hubert Humphrey, depois derrotado pelo republicano Richard Nixon. Militante do Partido Democrata, a cantora estará também na gala da tomada de posse de Jimmy Carter, em 1977, a interpretar God bless America. Ao longo da vida, Aretha Franklin apoiará de muitas formas, incluindo financeiramente, a luta contra a discriminação dos afro-americanos nos Estados Unidos, mas nunca foi, como ela própria sublinhará repetidamente, uma activista no sentido mais estrito. “Não estava na linha da frente”, diz numa entrevista à CNN em 2015. O que não impede que tenha sido considerável, e desde cedo reconhecido, o papel que a sua música e a sua personalidade desempenharam na luta contra o racismo e o sexismo. E se a cantora sempre procurou relativizar esse impacto é talvez por estar mais segura do movimento inverso: “Por causa do Dr. King e do movimento dos direitos civis, a minha vida mudou para sempre”, afirma numa entrevista de 2014. Em 2005, George W. Bush atribui-lhe a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil do país. Nesse mesmo ano faz questão de cantar no funeral de Rosa Parks, veterana da luta contra a segregação racial, a mulher negra do Alabama que, 50 anos antes, em 1955, tivera a coragem de recusar-se a ceder o seu lugar a um branco num autocarro. Em 2009, Aretha Franklin canta My country ‘tis of thee na tomada de posse do primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos, Barack Obama, actuação que depois evocará na já referida conversa com Al Sharpton: “Foi espantoso ver aquelas vagas de gente até onde a vista alcançava, sabendo o que significava aquele momento histórico. ”Obama voltará a ouvi-la ao vivo em Dezembro de 2015, e dessa vez não conseguiu conter as lágrimas. O presidente assistia à gala anual de atribuição dos prémios de carreira do Kennedy Center, em Washington, e um dos artistas homenageados era a cantora e compositora Carole King, co-autora de (You make me feel like a) Natural woman. Sem que King ou os restantes convidados soubessem, pediram a Aretha Franklin que subisse ao palco para interpretar essa canção, que esta gravara e lançara em 1967 e que se tornaria um dos seus temas mais conhecidos. Dando provas de uma vitalidade prodigiosa, e que torna ainda mais pungente a rapidez com que a sua saúde depois declinaria, a cantora de 73 anos deitou verdadeiramente a casa abaixo. Começou a cantar sentada ao piano, mas depois levantou-se, e quando se libertou do casaco de peles e o atirou para o chão, preparando-se para chegar às notas mais altas, toda a gente se ergueu espontaneamente das cadeiras, a aplaudi-la de pé. Carole King abria a boca de comovido espanto, Obama limpava as lágrimas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Não foi a última vez que Aretha Franklin subiu a um palco. Em 2016 foi à Casa Branca despedir-se de Barack e Michelle Obama, e antes de começar a cantar resumiu o que tinha a dizer numa frase breve: “I hate to see you go”. A sua derradeira actuação pública, em Novembro de 2017, dedicou-a à luta contra a sida, cantando em Nova Iorque numa gala da Elton John AIDS Foundation. Mas é a interpretação de Natural woman no Kennedy Center que merece ficar para a história como o seu verdadeiro adeus. Por ser uma actuação espantosa, mas também porque na intensidade das emoções que provocou se adivinha o inextricável efeito conjugado de tudo o que Aretha Franklin foi: talvez a maior de todos os tempos (a Rolling Stone acha que sim), mas também a mulher negra independente, destemida, talentosa, que exigia e impunha respeito, como na canção, e que se tornou para muitos o símbolo vivo das mudanças sociais e culturais que a América atravessou nos anos 60. Obama disse-o melhor quando tentou explicar a comoção que sentiu no seu camarote do Kennedy Center. “Ninguém encarna tão completamente a ligação entre os espirituais afro-americanos, os blues, o R&B e o rock'n'roll, o modo como a adversidade e o sofrimento são transformados em algo cheio de beleza e vitalidade e esperança. "Quando Aretha Franklin canta, é a história americana que jorra".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos guerra filha escola filho tribunal mulher homem racismo igualdade género espécie assassinato negra feminista cantora discriminação
Portugueses estão a viver até aos 80,41 anos em média
A esperança média de vida em Portugal aumentou dos 79,29 anos em 2008-2010 para os actuais 80,41 anos. As mulheres tendem a viver mais tempo, mas o intervalo está a encurtar-se. (...)

Portugueses estão a viver até aos 80,41 anos em média
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 10 | Sentimento -0.15
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A esperança média de vida em Portugal aumentou dos 79,29 anos em 2008-2010 para os actuais 80,41 anos. As mulheres tendem a viver mais tempo, mas o intervalo está a encurtar-se.
TEXTO: Apesar da crise, e dos reflexos que esta possa ter tido em termos de acesso aos cuidados de saúde, os portugueses estão a viver mais tempo: a esperança de vida à nascença aumentou para os 80, 41 anos, no triénio 2013-2015, segundo os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Entre 2008 e 2010, o número médio de anos que cada um poderia viver era de 79, 29 anos. Além dos ganhos na esperança média de vida, encurtou-se, nestes anos de forte crise económica e social, a diferença entre homens e mulheres. No período agora em análise, os homens podem contar com uma esperança média de vida à nascença de 77, 36 anos, enquanto entre as mulheres esse valor sobe para os 83, 23 anos. É uma diferença de 5, 87 anos. Em 2008-2010, porém, essa diferença chegava aos 6, 02 anos. “Havia um [desfasamento na esperança de vida entre homens e mulheres] que se vinha mantendo constante e que se estreitou agora. Isso significa que estamos a conseguir controlar algumas causas de morte no sexo masculino”, interpreta Maria Filomena Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia. “Na detecção precoce de alguns problemas de saúde, nos cuidados na alimentação e na gestão pessoal da saúde, as mulheres tendem a ter maiores cuidados, o que poderá ajudar a perceber que vivam mais anos. Mas actualmente os homens tendem também a adoptar alguns desses comportamentos e penso que, e falando em termos muito genéricos, é por aí que estamos a conseguir reduzir as principais causas de morte ligadas a problemas relacionados com o sistema circulatório, os enfartes de miocórdio, os acidentes vasculares cerebrais…”, admite ainda a demógrafa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para o estreitamento do intervalo entre homens e mulheres, no que à esperança de vida diz respeito, terão ainda contribuído outros factores. “Tradicionalmente, os homens tinham uma maior exposição ao risco de acidentes rodoviários, profissões de maior risco e hábitos de consumo de álcool e tabaco. Hoje, as mulheres também estão expostas a isto tudo”. Curiosamente, a esperança de vida à nascença difere de região para região. No Centro, esse valor é de 80, 8 anos para o total da população, sendo que, no Cávado, Coimbra e Leiria, a esperança média de vida para ambos os géneros atinge valores acima dos 81 anos. Os Açores e a Madeira são, por outro lado, as regiões que apresentam uma menor esperança de vida à nascença, sempre abaixo dos 78 anos. E são também aquelas onde o intervalo entre homens e mulheres é maior, o que poderá explicar-se pelo “acesso à saúde um bocadinho diferenciado”, entre homens e mulheres. Seja como for, e a apesar de as mulheres na Madeira poderem contar viver em média mais 7, 54 anos do que os homens, estas diferenças regionais e entre géneros têm vindo a esbater-se, ou seja, “o país está a caminhar para a harmonização destes valores”, segundo assevera Maria Filomena Mendes. Quanto à esperança de vida aos 65 anos, atingiu os 19, 19 anos, para o total da população. Mas também aqui as perspectivas parecem mais risonhas para as mulheres. Enquanto os homens de 65 anos podem esperar viver, em média, mais 17, 32 anos, as mulheres com aquela idade ainda podem aspirar a mais 20, 67 anos de vida, o que representa ganhos de 0, 58 e 0, 64 anos, respectivamente, face a 2008-2010.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte homens social consumo sexo mulheres
Esperança média de vida pode ultrapassar os 90 anos em 2030
Segundo um estudo, Portugal regista das maiores subidas na esperança de vida das mulheres. (...)

Esperança média de vida pode ultrapassar os 90 anos em 2030
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 10 | Sentimento -0.15
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Segundo um estudo, Portugal regista das maiores subidas na esperança de vida das mulheres.
TEXTO: A expectativa de vida deve continuar a subir nos países desenvolvidos e em alguns deles superar os 90 anos, com Portugal a ter das maiores subidas na esperança de vida das mulheres, indica um estudo publicado esta terça-feira. O estudo foi publicado na revista de ciência médica The Lancet, e inclui 35 países, apontando que será a Coreia do Sul a ter provavelmente um maior aumento da expectativa de vida. Comparando as previsões para 2030 com a realidade de 2010, o trabalho assinala que Portugal será dos países com maior subida em relação às mulheres, em conjunto com a Coreia do Sul e a Eslovénia. De acordo com o estudo, as mulheres portuguesas terão em 2030 uma esperança média de vida superior em 4, 4 anos (6, 6 e 7, 4 na Coreia e na Eslovénia, respectivamente). Dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados no final do ano passado indicam que para o triénio 2013-15 a esperança média de vida, à nascença, dos homens em Portugal era de 77, 36 anos e para as mulheres de 83, 23. De acordo com o estudo uma mulher nascida em 2030 teria portanto uma esperança média de vida superior aos 87 anos. Segundo a The Lancet, em 2030 a esperança de vida à nascença das mulheres sul-coreanas terá ultrapassado os 90 anos (90, 8), seguindo-se as francesas (88, 6 anos), e as japonesas (88, 4 anos). Nos homens, o primeiro lugar do "ranking" pertence também à Coreia do Sul (84, 1 anos), seguindo-se os australianos e os suíços (84 anos). De acordo com os investigadores o aumento da esperança de vida vai ter grandes implicações nas áreas da saúde e assistência social, que terão de se adaptar, e exigirá medidas políticas de apoio ao envelhecimento saudável. Será necessário, dizem, aumentar o investimento na saúde e na assistência social, e possivelmente rever a idade de reforma. "Até recentemente, na mudança do século, muitos investigadores acreditavam que a expectativa de vida nunca ultrapassaria os 90 anos", disse o autor principal do estudo, o professor Majid Ezzati, do Imperial College de Londres, realçando a importância de novas políticas para apoiar a crescente população mais idosa e de modelos alternativos de cuidados, como cuidados domiciliários apoiados na tecnologia. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O estudo usou técnicas estatísticas idênticas às utilizadas nas previsões meteorológicas e desenvolveu 21 modelos para prever a esperança de vida (outras projecções usam apenas um modelo), combinando-os. Embora suba em todos os países, o aumento da esperança média de vida será menor na Macedónia, Bulgária, Japão e Estados Unidos para as mulheres, e na Macedónia, Grécia, Suécia e Estados Unidos para os homens. Os Estados Unidos serão o país com menor crescimento da esperança média de vida à nascença, sendo que a esperança média de vida actual também já é das mais baixas dos países desenvolvidos. O estudo também calculou quantos anos viveria uma pessoa com 65 anos em 2030 e considerou que as mulheres viveram mais 24 anos em 11 dos 35 países e os homens mais 20 anos em 22 países.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher social estudo mulheres
Hillary Clinton e Steven Spielberg vão levar a história das sufragistas para a TV
A antiga secretária de Estado de Obama e o realizador vão adaptar para televisão o livro The Woman’s Hour, de Elaine Weiss, um relato aclamado da luta das mulheres americanas pelo mais elementar direito democrático – o voto. (...)

Hillary Clinton e Steven Spielberg vão levar a história das sufragistas para a TV
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: A antiga secretária de Estado de Obama e o realizador vão adaptar para televisão o livro The Woman’s Hour, de Elaine Weiss, um relato aclamado da luta das mulheres americanas pelo mais elementar direito democrático – o voto.
TEXTO: A antiga secretária de Estado Hillary Clinton parece disposta a sair do seu “retiro” depois da pesada derrota nas eleições presidenciais americanas de Novembro de 2016 e vai fazê-lo tendo por companhia um realizador de respeito – Steven Spielberg. Os dois vão produzir a adaptação televisiva de The Woman’s Hour: The great fight to win the vote (Penguin Random House, 2018), livro em que a jornalista Elaine Weiss dá conta da longa e intensa luta das sufragistas nos Estados Unidos. A notícia é avançada pela revista Hollywood Reporter. Os direitos ao livro de Weiss, muito bem recebido pelo público e pela crítica, foram assegurados pela Amblin TV, um dos braços da produtora de Spielberg. À mulher que já liderou a diplomacia americana caberá o papel de produtora executiva, ao lado da autora e dos dois co-presidentes da empresa do realizador de E. T. , Darryl Frank e Justin Falvey. Segundo a Hollywood Reporter, não está ainda decidido se a adaptação terá o formato de um telefilme ou de uma minissérie. A revista garante ainda que a Amblin vai mostrá-la a possíveis interessados do universo da televisão por cabo (HBO, Showtime) e das plataformas de streaming (Netflix, Apple, Amazon e Hulu). Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Escreve o The Guardian que a produção ainda não escolheu um autor para ficar responsável pelo argumento adaptado nem para o guião, mas que Clinton está muito envolvida no processo de selecção. Ainda sem argumento adaptado, é natural que não se conheça nem o nome do realizador nem a constituição do elenco. “No coração da democracia está a urna de voto e o livro inesquecível de Elaine Weiss conta a história das líderes que, no meio de uma economia turbulenta e da oposição política e racial, lutaram pelo direito ao voto para as mulheres americanas e ganharam”, disse a antiga primeira-dama através de um comunicado, citado pelas duas publicações. Dando conta do que se passou ao longo de seis semanas do Verão de 1920, The Woman's Hour é, ao mesmo tempo, um romance em que apetece virar as páginas e uma inspiração para todos, acrescentou. “Tanta coisa podia correr mal, mas estas mulheres americanas não aceitaram um ‘não’: o seu triunfo é a herança que devemos guardar e replicar. ”Este novo papel executivo de Hillary Clinton chega numa altura em que o marido, o antigo chefe de Estado Bill Clinton, já tem um pé na televisão — o canal Showtime vai adaptar o romance que escreveu com James Patterson, The President is Missing, e pouco depois de outro casal presidencial, Michelle e Barack Obama, ter anunciado que assinara um contrato a vários anos para produzir filmes e séries para a Netflix.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos mulher mulheres
Um executivo espanhol dominado por mulheres onde também cabe um astronauta
Algumas das figuras do novo Governo de Espanha, composto por 17 membros, incluindo onze mulheres. (...)

Um executivo espanhol dominado por mulheres onde também cabe um astronauta
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Algumas das figuras do novo Governo de Espanha, composto por 17 membros, incluindo onze mulheres.
TEXTO: Teve uma fulgurante ascensão na sua carreira europeia, chegando a Bruxelas há 12 anos depois de vários cargos da Administração Pública para ocupar destacados postos na regulação do sector financeiro, isto depois da grande crise de 2007. Actualmente era directora-geral para a elaboração dos Orçamentos Europeus, um projecto da actual Comissão de que se começará a ouvir nos próximos meses. Formada em Economia e em Direito, na capital da UE Nadia Calviño é considerada neutral do ponto de vista político e muito respeitada por colaboradores (ouvidos pelo El País) que a descrevem como “serena, metódica, rigorosa, perfeccionista, ambiciosa, pragmática, ferozmente europeísta” e “uma negociadora duríssima”. Magdalena Valerio é uma especialista em pensões e por isso foi escolhida para a pasta do Emprego e Segurança Social. A reforma do sistema de pensões é uma das mais complicadas. Foi ela que liderou a oposição às propostas do Governo de Rajoy quanto ao índice de revalorização e o factor de sustentabilidade da segurança social. Terá de gerir o enorme défice do sistema, superior a 15 mil milhões de euros anuais e caber-lhe á também de retomar o diálogo entre os sindicatos e as associações patronais, bloqueado há mais de um ano. Secretário de organização no PSOE, é um dos ministros do aparelho, num governo com várias figuras que vêm de fora da área socialista, José Luis Ábalos fica com a pasta do Investimento. Um Ministério delicado, até pela necessidade de negociar com autonomias lideradas por diferentes partidos (e com grande dívidas ao Estado, na sequência do Fundo Especial criado no auge da crise). Ábalos é muito próximo do novo primeiro-ministro e foi ele que coordenou a apresentação da moção de censura sem a qual não haveria Governo socialista. Pedro Duque é o primeiro ministro da Ciência astronauta em Espanha, e foi também o primeiro astronauta espanhol, ao voar na missão inaugural para construir a Estação Espacial Internacional, em Outubro de 1998 na companhia de John Glenn, o astronauta mais velho da história, que tinha 77 anos. E até levou um chouriço! Aos 55 anos, este engenheiro aeronáutico que é astronauta da Agência Espacial Europeia e um activo defensor do investimento em investigação científica e educação, chega a ministro, após anos de desinvestimento na ciência espanhola. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Sánchez tem insistido em todas as suas intervenções no papel fundamental da Educação e da Formação Profissional no presente e futuro do país. Isabel Celaá, uma entre vários ministros bascos, tem três décadas de experiência em políticas educativas. Formada em Filologia Inglesa, Filosofia e Direito, foi conselheira da área no primeiro governo socialista do País Basco, liderado por Patxi López. Nesses anos, empenhou-se na introdução do trilinguismo (basco, castelhano e inglês) nas aulas e orgulha-se de ter alcançado o que descreveu como “excelência educativa”. Vai ser a única porta-voz do Executivo.
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
É desta: Reino Unido livra-se de anúncios publicitários sexistas
A entidade reguladora da publicidade britânica quer combater a forma sexista como as mulheres e os homens são representados nos anúncios. Depois de vários avanços e recuos nos últimos anos, a medida entra em vigor em Junho de 2019. (...)

É desta: Reino Unido livra-se de anúncios publicitários sexistas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: A entidade reguladora da publicidade britânica quer combater a forma sexista como as mulheres e os homens são representados nos anúncios. Depois de vários avanços e recuos nos últimos anos, a medida entra em vigor em Junho de 2019.
TEXTO: O marido que não sabe trocar fraldas e que não ajuda na lida da casa, enquanto a mulher lava, arruma, cozinha e ainda trata dos filhos. A jovem que não consegue mudar um pneu de um carro, o rapaz que não sabe cozinhar. São estes alguns dos tipos de cenários que vão deixar de existir no universo publicitário do Reino Unido. A intenção de acabar com anúncios sexistas já tinha sido anunciada pelo regulador de campanhas publicitárias no país em 2017 (ASA na sigla britânica), mas só agora é que vai de vez para a frente. A partir de Junho de 2019, as novas regras vão abranger anúncios em jornais, revistas, na televisão, no cinema e na Internet. O público poderá também denunciar campanhas ao regulador se sentirem que não estão dentro dos novos padrões que vão ser aplicados. O objectivo da proposta agora em curso é combater a forma como as mulheres são representadas nos anúncios publicitários, mas também anúncios que depreciam um homem por realizar tarefas estereotipadamente "femininas". Campanhas publicitárias que sugiram que uma determinada actividade é específica apenas para rapazes e não para raparigas (ou o oposto) ou que julguem um determinado tipo de corpo também não vão ser permitidas. Segundo a BBC, a análise feita pela ASA ao tipo de conteúdos publicitários a que os cidadãos britânicos estavam expostos constatou que "estereótipos podem restringir as escolhas, aspirações e oportunidades de crianças, jovens e adultos". Como resultado, algumas pessoas podem sentir-se impedidas de aspirar a ter um certo emprego só porque são homens ou mulheres. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "Não existe nenhum problema se o anúncio mostrar uma mulher a limpar. O problema está se o cenário for o de um homem com os pés em cima da mesa e a desarrumar a casa, enquanto uma mulher entra para salvar o dia e limpa a confusão causada pelo marido", diz Ella Smillie, do Comité das Práticas Publicitárias (CAP, na sigla inglesa) à cadeira de rádio e televisão britânica. Recorda abaixo alguns dos anúncios que causaram controvérsia exactamente pelo seu elevado grau de sexismo ou por julgarem um determinado tipo de corpo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens mulher ajuda homem mulheres corpo