PJ detém trio responsável por fomentar prostituição na zona de Cascais
Ainda não são conhecidas as medidas de coacção aplicadas aos detidos de tráfico de pessoas e fomento de prostituição. (...)

PJ detém trio responsável por fomentar prostituição na zona de Cascais
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 17 | Sentimento 0.2
DATA: 2014-05-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ainda não são conhecidas as medidas de coacção aplicadas aos detidos de tráfico de pessoas e fomento de prostituição.
TEXTO: A Polícia Judiciária (PJ) deteve três pessoas que integravam um grupo que, pelo menos desde maio de 2010, explorava a prática da prostituição em diversas áreas do concelho de Cascais. O grupo, constituído por um homem e duas mulheres, com idades entre os 33 e os 49 anos, dedicava-se, segundo a PJ, ao recrutamento e aliciamento de mulheres, preferencialmente imigrantes em situação irregular em Portugal ou em situação económica precária. O trio utilizava também ardis para as vítimas a trabalharem como prostitutas. Para concretizar a actividade criminosa, o grupo arrendava apartamentos para a exploração da prostituição, que publicitavam através anúncios classificados e de páginas da internet especialmente criadas para o efeito, garantindo, ainda, aspectos de segurança. Os detidos, que respondem por tráfico de pessoas e fomento da prostituição, foram levados para primeiro interrogatório judicial, desconhecendo-se ainda as medidas de coacção aplicadas.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
(Mulheres + Startups) x Sexo = Vida Muito Difícil
Mystery Vibe, Dame e Unbound são empresas criadas por mulheres que trocaram empregos bem pagos por uma carreira numa indústria mal vista, mas em mudança. (...)

(Mulheres + Startups) x Sexo = Vida Muito Difícil
MINORIA(S): Homossexuais Pontuação: 5 Mulheres Pontuação: 17 | Sentimento -0.65
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mystery Vibe, Dame e Unbound são empresas criadas por mulheres que trocaram empregos bem pagos por uma carreira numa indústria mal vista, mas em mudança.
TEXTO: Se abrir uma empresa de tecnologia é uma tarefa espinhosa, experimentem fazê-lo na indústria do sexo. É um facto que a Internet parece ter sido inventada para a pornografia, mas isso não facilita a vida dos empreendedores sex tech. Quem arrisca pode contar com um rosário de minas e armadilhas. Primeiro problema: os investidores fogem a sete pés. "No sex, no drugs, no vices" (Não a sexo, drogas ou vícios) é uma espécie de mandamento para muitos fundos de investimento e empresários de venture capital (capital de risco), que recusam projectos com base nesta "cláusula do pecado", descreve a fundadora da Mystery Vibe, Stephanie Alys, que desenha, produz e vende acessórios sexuais com tecnologia. Segundo problema: é mais difícil publicitar produtos ou serviços. Muitas plataformas online, como o Facebook e outras que chegam a centenas de milhões de pessoas e ganham a vida com publicidade, recusam anúncios da indústria do sexo. Alex Fine, criadora da empresa Dame, sentiu isto na pele. "Tínhamos consciência dos desafios que tínhamos pela frente, quando começámos. Os nossos produtos eram muitas vezes encarados como imorais ou de maus vícios", recorda. Terceiro problema: a incompreensão das pessoas que nos são mais chegadas. Quando Polly Rodriguez disse à mãe que iria trocar uma carreira na Deloitte pela vida de empresária e fundar a Unbound, a resposta foi uma pergunta: "O que é que queres fazer com a tua vida?!""Para ela foi um choque, mas fui percebendo que, entre as minhas relações profissionais e pessoais, toda a gente quer ter uma conversa sobre sexo. Acabei por ouvir muitas palavras de incentivo entre colegas da Deloitte, que achavam o meu projecto fantástico", recorda. Mas Polly não esperava um mar de rosas. "No início, foi muito difícil sermos levados a sério. Foi preciso mostrarmos primeiro que tínhamos a capacidade de gerar receitas para sequer conseguir uma reunião com alguém importante. Apresentei o meu pitch a mais de 500 investidores, demorei dois anos a conseguir resultados", conta. Ultrapassadas as dificuldades iniciais, Stephanie Alys (formada em Relações Internacionais), Alex Fine (psicóloga clínica) e Polly Rodriguez (licenciada em Gestão e Economia) são reconhecidas como mulheres que vingaram numa milionária indústria dominada por homens. E não são reconhecidas por serem mulheres, mas porque estão a inovar numa indústria que "se habituou a operar na sombra" e que, por essa razão, "passou décadas e décadas sem qualquer inovação", sublinha Polly. Esse cenário está a mudar: "Muitas das empresas novas que estão a chegar foram fundadas e são geridas por mulheres, o que faz com que os produtos que estão a ser criados sejam necessariamente diferentes", salienta por seu lado Stephanie. Polly exemplifica: "Quando eram só homens a desenhar produtos eles perguntavam o que é que as mulheres querem e a resposta era invariavelmente um pénis. Mas hoje sabemos que 70% das mulheres, ou mais, preferem a estimulação clitoriana ou têm mais prazer sexual com estimulação externa. Daí que o design e as funções estejam a mudar. "Pelas histórias que estas três empresárias apresentaram no início de Novembro em Lisboa, onde foram oradoras convidadas pela Web Summit, percebe-se que querem afastar a indústria sex tech da imagem de empresas de vão de escada. Querem trabalhar às claras, e fazem questão de dar a cara. Querem fazer negócio, mas também "promover conversas saudáveis sobre sexo" e "combater estereótipos, estigmas e tabus". De ignoradas pelos investidores passaram a convidadas para falarem em todo o mundo. Sentem que a missão delas é também representar as mulheres que arriscam estar numa indústria que reservava ao elemento feminino um papel completamente diferente. Para elas, "falar de saúde sexual é falar de saúde, são dois conceitos inseparáveis". "O sexo é muito importante para a nossa saúde mental e física. Ajuda a aliviar o stress e a ansiedade, é bom para o coração, para a saúde em geral e, por isso, deveríamos estar a pensar nisto, no nosso bem-estar e no dos nossos filhos", advoga uma delas. "Há dez ou 20 anos, entrava-se numa sex shop à procura de produtos para mulheres e o Rabbit era um dos grandes sucessos. Tinha a forma de um pénis. Pelo contrário, se entrarmos hoje numa loja e olharmos para os produtos premium, nenhum tenta replicar a genitália masculina. São produtos muito bem desenhados, ergonómicos, suaves, cheios de curvas. Não são imitações de pénis", anota Stephanie, que criou o negócio dela sem apoio de investidores. Optou pelo caminho mais difícil, mas ganhou respeito da indústria e também fora dela. A circunspecta The Economist já lhe deu atenção; publicações do mundo da tecnologia como a Wired aprenderam a não ignorá-la. Nos últimos anos (a ideia da empresa nasceu há dez, mas a startup começou em 2014), angariou diversas distinções: ganhou prémios no The Europas, no Young Guns e integra o PathFounders Top 100 European Founders; foi eleita pela revista Management Today como uma das melhores 35 gestoras com menos 35 anos em 2017 e uma das mais relevantes 50 mulheres com menos de 30 anos para a The Drum em 2017. Stephanie, inglesa, apresenta-se como fundadora e chief pleasure officer da Mystery Vibe. Chegou a Lisboa acompanhada pelo produto mais vendido, o Crescendo, e de um protótipo do novo produto que está em pré-venda, o Tenuto. É o primeiro artigo para homens concebido pela Mystery Vibe, composto por um anel que, tal como o Crescendo, foi concebido por uma equipa multidisciplinar. O Crescendo é "um vibrador altamente personalizável, que pode ser dobrado de todas as maneiras até se obter a forma que se pretende. Que pode vibrar com diferente intensidade e padrão e que se pode controlar remotamente através de uma aplicação no telemóvel", explica, enquanto mostra um exemplar para as câmaras. Fez as delícias de alguma imprensa britânica, em Maio deste ano, quando anunciou que iria mandar um exemplar para Buckingham Palace, residência da monarquia, como prenda de casamento para o Príncipe Harry e Meghan Markle. Respeitam-na por ter criado do nada um negócio cuja facturação anual deve ultrapassar os cinco milhões de euros em 2018, com vendas para 58 países. "Apesar de neutro em termos de género, o Crescendo é percepcionado como sendo para um público feminino. Mas 50% dos nossos clientes são homens, que nos questionavam quando é que teríamos alguma coisa para eles. " A equipa de Stephanie olhou então para o que havia no mercado e entendeu "que havia muito espaço para inovar e pôr à venda alguma coisa diferente". Daí nasceu o Tenuto, seguindo a lógica habitual da empresa: "A nossa preocupação é conceber algo que pode ser levado para dentro de uma relação e não para substituir alguém que esteja numa relação. Nem é para dar algo a alguém que não consegue ter uma relação. Não queremos substituir pessoas, queremos melhorar a experiência. "Alex Fine, norte-americana, também aterrou em Lisboa com novidades. Depois dos sucessos de venda Eva e Fin, apresentou Pom, um acessório sem estrutura interna, feito de silicone não poroso, e equipado com diversos motores, tal como os produtos da concorrente Mystery Vibe, e ao contrário do que é prática habitual neste segmento, que geralmente aposta em um ou dois motores, no máximo. Alex também passou ao lado dos investidores, mas fez história com as campanhas de crowdfunding em que apostou para contornar o bloqueio do venture capital. Angariou 575 mil dólares em 45 dias para o primeiro produto, lançado há quatro anos na Indiegogo. E dois anos depois, conseguiu mais 400 mil dólares para o segundo produto, em 30 dias, pela plataforma Kickstarter. "Foi aliás o primeiro produto sexual admitido na Kickstarter", salienta Alex, que fundou a Dame com Janet Lieberman, uma engenheira mecânica formada no MIT. "Sentimo-nos abençoados pela comunidade e por isso não estivemos activamente à procura de financiamento. Tivemos conversas com investidores, mas foi sempre um desafio. Eu olho para o que faço como algo de bom, penso que levo alegria e prazer, que estou a ajudar a humanidade e, por isso, esbarrar na “cláusula do pecado”, que me tenta dizer que o que faço é imoral e mau para a sociedade, era algo que me magoava", acrescenta. A Forbes elegeu-a este ano como um dos 30 empreendedores mais relevantes do mundo com menos de 30 anos. Ela vê-se como "empreendedora, inventora e activista". "Costumava ouvir uma frase que me parece cada vez mais verdade: tentares ser tu mesmo é uma forma de activismo. Não compreendia toda a resistência e radicalização contra aquilo que faço, mas penso que tentar ser eu mesma, uma mulher, uma empreendedora, já me faz sentir uma activista. E se a isto somar a conversa sobre sexo, isso faz-me sentir também uma activista que defende as mulheres, o prazer sexual, a verdade pela compreensão do nosso corpo. "A empresa "vende bem em sítios urbanos". No último Verão, uma reportagem do New York Times fez disparar o negócio. "A maioria das vendas foi para pessoas com 65 anos ou mais", descreve. O que aprendeu com isto? "Que o sexo é para todos. Muitas pessoas acham que isto é um divertimento para jovens, mas não é verdade. Por outro lado, mostra como o mercado é enorme e que há muitos segmentos por explorar, muita gente a quem vender" Embora diga que a Dame se foca "em pessoas com vulva", 35% das compras são feitas para homens. A gestão na Dame é muito semelhante à da Mystery Vibe e da Unbound. A equipa é pequena, inclui engenheiros, especialistas em saúde e de marketing. "Começamos por falar com os nossos clientes, perguntamos qual o produto favorito, porquê, do que gostam. Depois idealizamos um grupo de produtos, fazemos alguns modelos, recorremos a impressoras 3D, moldamos silicone, fazemos todos os elementos, cerca de 50 exemplares e mandamos aos clientes para testar. Só depois passamos para a produção", revela. Polly Rodriguez, dos EUA, acabou por ser a única destas três empresárias que conseguiu contornar a tal "cláusula do pecado". Mas diz que "foi a coisa mais difícil" que fez na vida. Isto, para uma mulher a quem foi diagnosticado um cancro aos 20 anos, com 30% de hipóteses de sobrevivência. Dez anos depois, continua viva e a lidar com o facto de ser uma sobrevivente, que se define como uma pessoa "bastante resiliente". Para a empresa dela, angariou quase três milhões de dólares em venture capital, mas teve de começar sem apoio. "Quando mostras ter um crescimento orgânico, torna-se impossível continuarem a ignorar-te", justifica. "Precisei de dois anos para levantar uma Série C [terceira ronda de investimento]. A empresa estava a portar-se muito bem. Quando as finanças são fortes, os investidores têm de te levar a sério", destaca. Mas confessa que é preciso ser capaz de resistir para singrar neste meio, não ligar ao que os outros dizem. "Por vezes, torna-se cansativo. "Primeiro vendia online produtos de outras empresas. O catálogo era enorme: 2500 produtos. Ao fim de três anos, tinha reunido muita informação sobre o mercado. "Sabíamos o que vende, qual o intervalo de preço mais atractivo, o que é que as pessoas querem, qual a cor favorita". Pegaram nesses dados e idealizaram o primeiro produto próprio. "Fizemos pesquisas de mercado e cruzámos as respostas com as tendências de outras indústrias, como a moda e a tecnologia". O resultado foram wearables de sexo, acessórios que se podem usar como se fossem artigos de moda. Um deles é um anel vibratório que se pode usar como se fosse uma jóia. E que muda o padrão vibratório ou a intensidade com base em tecnologia semelhante à dos smartphones que estão equipados com um acelerómetro, que permite por exemplo mudar de faixa musical sem carregar num botão ou ajustar a imagem em função da posição do ecrã. "Há muita ciência por detrás disto, a minha equipa é toda feminina. Não foi uma escolha consciente, é assim porque essas pessoas tinham o talento de que precisamos. Uma delas é uma engenheira biomecânica, formada em Medicina e especializada em dispositivos médicos – que é como estes acessórios eram categorizados numa perspectiva de produto", explica Polly. "Quando olhamos para história desta indústria, vemos que era dominada por homens de meia-idade, por empresas familiares, em que a gestão passava de pais para filhos e que não se guiava propriamente pelo talento", sustenta. Isso está a mudar e a transformar também como a tecnologia vai connosco para a cama. Os produtos da Unbound são todos para mulheres, mas Polly diz que é apenas uma "decisão de gestão". "Não ponho o foco no homem ou na mulher, mas sim na aprendizagem da anatomia. Não se ensina a uma mulher em crescimento que não há problema em masturbar-se, não lhe ensinam o que é o clitóris, o que pode ser o prazer, ao contrário do que acontece com um rapaz ou homem… por isso, nesta altura, estamos focados no segmento de mercado em que a procura é maior. "Ainda que tenha conseguido atrair investidores, Polly é muito crítica em relação ao funcionamento do mercado que, por exemplo, rejeita anúncios de vibradores para mulheres mas aceita publicidade aos preservativos ou medicamentos contra a impotência sexual nos homens. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "É uma política sexista porque as coisas focadas na experiência do homem são vistas como questões de saúde e podem ser publicitadas, mas se forem vibradores para mulheres já não aceitam. O sexo não é uma coisa má, viciante ou prejudicial, e se continuarmos a proibir empresas que estão a promover um debate saudável em torno do sexo, prolongamos a ideia de que é uma coisa má, de que esse debate se deve fazer atrás das cortinas, de que não é apropriado. Isso fortalece o estigma quando temos apenas pessoas a querer aprender mais sobre o corpo delas. Isto cria um mal social e há-de acabar por mudar. Sites como o eHarmony ou o Match. com também eram proibidos de anunciar porque eram considerados pornográficos, quando afinal eram sites de encontros. É uma questão de evolução e de mudança cultural. "A Internet é então uma boa ou má influência sobre a nossa saúde sexual? "Isso é uma óptima questão! Por causa de todas estas políticas restritivas, o que começámos por ver foi o lado feio e negro da indústria do sexo. Hoje em dia, a idade média de uma criança que vê porno pela primeira vez é de oito anos. Uma loucura, certo?! Portanto o porno tornou-se ubíquo, não tenho nada contra, acho bom, deveria florescer mas penso que por não estarmos a ter mais conversas saudáveis sobre sexo, a Internet abriu as portas a uma espécie de vida dupla, que todos levamos. Ninguém fala sobre o assunto, mas depois toda a gente consome pornografia em casa. A Internet tem o poder de resolver este problema, mas temos de mudar, como sociedade, permitir conversas francas, consciencializar para o consentimento, permitir que empresas que estão a tentar normalizar a descoberta sexual cheguem aos consumidores e, dessa forma, impedir que só se aprenda sobre sexo através da pornografia. "
REFERÊNCIAS:
Ana Gomes dançou contra a violência contra as mulheres
Violência contra mulheres e crianças levou deputadas europeias a dançar. No dia 14 espera-se que milhões sigam a iniciativa. (...)

Ana Gomes dançou contra a violência contra as mulheres
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Violência contra mulheres e crianças levou deputadas europeias a dançar. No dia 14 espera-se que milhões sigam a iniciativa.
TEXTO: Ana Gomes e mais um grupo de deputadas europeias de vários países protagonizaram esta terça-feira uma dança nas instalações do Parlamento Europeu (PE) no quadro da preparação da grande manifestação mundial programada para 14 de Fevereiro contra a violência, sobretudo sexual, contra as mulheres e crianças. A iniciativa inscreveu-se nos esforços desenvolvidos pela americana Eve Ensler, autora da célebre peça Monólogos da Vagina e activista global em favor da protecção das mulheres, para a mobilização de mil milhões de pessoas em todo o Mundo a dançar nas ruas no dia de São Valentim. Ensler, que se congratulou com o elevado grau de mobilização que, segundo afirmou, tem observado em todo o Mundo, a começar pelos países asiáticos, participou igualmente na dança desta terça-feira, em que as protagonistas exibiram chapéus de chuva brancos com o símbolo do Dia-V (V-Day) pintado a encarnado. A eurodeputada socialista, em conjunto com outras dez deputadas, já tinha protagonizado uma representação dos Monólogos da Vagina nas instalações do PE em Março do ano passado. "Logo nessa altura, decidimos que este ano iríamos participar activamente no projecto que Eve Ensler já tinha em marcha que é levantar mil milhões de cidadão em todo o Mundo", explicou Ana Gomes no final da manifestação desta manhã. Ensler "tirou a ideia de pôr as pessoas a dançar nas ruas do que viu na República Popular do Congo, em que as mulheres são particularmente seviciadas com todo o tipo de violência, violação colectiva e todo o tipo de humilhações e que, para se conseguirem extrair dessas indignidades e terem força para continuarem a educar os filhos, para continuarem a viver na comunidade, dançam colectivamente. Isso dá-lhes muito controle sobre o seu corpo, dá-lhes muita energia colectiva o que, de facto, tem um efeito benéfico sobre todas as pessoas que participam. Daí a ideia, e nós decidimos juntar-nos hoje e participar nesta acção, com a presença de Eve Ensler". Segundo Ana Gomes, cada um dos membros do grupo, a que se juntou Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda, assumiu o compromisso de "pôr o seu país a participar neste movimento global". Para isso, a deputada explicou que contactou uma série de associações de protecção das mulheres para a manifestação que decorrerá na tarde de 14 de Fevereiro no Martim Moniz, em Lisboa. "Vamos usar o São Valentim para este propósito progressista, e vamos convidar homens e mulheres decentes para se mobilizarem contra esta indecência que é a violência sexual e de outro tipo contra as mulheres". Segundo Ana Gomes, "num país como o nosso em crise, mais sentido faz que as pessoas se mobilizem e exijam do Estado, dos agentes do Estado, das polícias, uma intervenção para não deixar imunes os criminosos responsáveis por estes crimes".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens violência comunidade violação sexual mulheres corpo vagina
Há mais mulheres protagonistas de grandes filmes – mulheres brancas
Mad Max, Hunger Games, Star Wars, Cinquenta Sombras ou Descarrilada: em 2015 houve mais filmes de sucesso com mulheres nos papéis principais. Mas quanto menos branca, menos tempo de antena, revela estudo. (...)

Há mais mulheres protagonistas de grandes filmes – mulheres brancas
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 5 Asiáticos Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 17 | Sentimento 0.433
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170602172045/https://www.publico.pt/1722967
SUMÁRIO: Mad Max, Hunger Games, Star Wars, Cinquenta Sombras ou Descarrilada: em 2015 houve mais filmes de sucesso com mulheres nos papéis principais. Mas quanto menos branca, menos tempo de antena, revela estudo.
TEXTO: “Os números estão decididamente a ir na direcção certa” é uma frase que Martha M. Lauzen, responsável pelo estudo anual que contabiliza o número de actrizes com papéis nos filmes mais vistos dos EUA, não diz muitas vezes. Mas em 2015, segundo o Center for the Study of Women in Television and Film, houve mais 10% de protagonistas no feminino do que em 2014. Contudo, e como denota anualmente o estudo mas este ano está a ser mais notado, as actrizes negras, asiáticas ou hispânicas não têm números tão positivos. Em 2015, o ano de Charlize Theron em Mad Max: Estrada da Fúria, de Jennifer Lawrence no final de Hunger Games, de Daisy Ridley em Star Wars: Despertar da Força ou de Amy Schumer ser Descarrilada, as actrizes tiveram 22% dos papéis principais nos 110 filmes mais rentáveis – uma melhoria em relação aos 12% de 2014, “um ano excepcionalmente mau”, como escreve Lauzen no relatório. Desdobrando as contas para papéis de personagens mais relevantes e personagens com falas, as actrizes conseguiram 34% e 33%, respectivamente, desses lugares em 2015. Um ano de recuperação nas bilheteiras dos EUA – e de Portugal, que em 2015 conseguiu 14, 5 milhões de espectadores, mais 20% do que em 2014 – e que teve muitos filmes protagonizados por mulheres entre os mais vistos – no top 10 português estão As Cinquenta Sombras de Grey, Star Wars e Hunger Games; nos EUA repetem-se os dois últimos blockbusters nos dez mais vistos, entrando ainda em cena Cinderella. Os dados sobre o protagonismo das actrizes são números historicamente elevados – só em 2002 se tinha registado uma proporção aproximadamente tão alta, 18% de protagonistas mulheres nos filmes mais populares. “Não é claro se 2015 foi uma espécie de anomalia ou se isto é o princípio de uma tendência mais a longo-prazo”, diz Lauzen, citada pela Variety. Contudo, estes números em crescimento são ainda profundamente deficitários. Significam que, em 110 filmes, 78% dos papéis mais importantes foram para homens. E a análise do Centro mostra que as histórias se preocupavam mais em identificar a profissão ou mostrar o seu exercício no caso de uma personagem masculina do que no de uma feminina, proporção que se inverte no que toca ao estado civil das personagens de mulheres, mais relevante do que nos papéis de homens. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A outra nuance negativa que permanece quase inalterada tem a ver com as percentagens de mulheres não brancas a trabalhar como actrizes nestes filmes e, assinala a responsável pelo estudo e pelo centro da Universidade de San Diego que o organiza, com o facto de “as mulheres não brancas terem menos probabilidade do que as brancas de serem personagens principais”. Do universo analisado, 27% das actrizes negras, latinas, asiáticas ou de outras etnias que não a caucasiana tiveram papéis importantes, sendo que entre as brancas essa percentagem sobe para os 38%. Estes dados vêm engrossar a polémica em torno da diversidade racial – ou falta dela – em Hollywood, o mais importante mercado cinematográfico do mundo, e corroborar que entre as mulheres que trabalham na indústria existe um padrão de subrepresentação também na alínea étnica. Em cem filmes norte-americanos, houve 13% personagens de mulheres negras, 4% de mulheres latinas e 3% de mulheres asiáticas. Como já vem sendo evidenciado por estes estudos e pelos seus congéneres europeus, quando as equipas responsáveis pelos filmes são encabeçadas por mulheres, os projectos tendem a empregar mais mulheres. Em 2015, 9% dos filmes mais rentáveis foram liderados por uma realizadora (um aumento de 2% em relação a 2014) e nos filmes com uma mulher realizadora e/ou argumentista o projecto tende a ser equilibrado, com 50% de mulheres protagonistas – num filme dirigido por profissionais masculinos a percentagem de actrizes com papel principal é de 13%.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Marcha das Mulheres: resistência, política e humor
O desafio de um grupo de mulheres apareceu nas redes sociais e a resposta foi avassaladora: 673 marchas no mundo inteiro em nome dos direitos humanos, da justiça social, da igualdade, da tolerância, da paz. O que se viu e sentiu a 21 de Janeiro foi a cumplicidade que se politiza para resistir. (...)

Marcha das Mulheres: resistência, política e humor
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 6 Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Homossexuais Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: O desafio de um grupo de mulheres apareceu nas redes sociais e a resposta foi avassaladora: 673 marchas no mundo inteiro em nome dos direitos humanos, da justiça social, da igualdade, da tolerância, da paz. O que se viu e sentiu a 21 de Janeiro foi a cumplicidade que se politiza para resistir.
TEXTO: No sábado 21 de Janeiro de 2017, foram 175 mil as pessoas que se juntaram no mais antigo jardim público dos EUA, no centro de Boston. Foi mais uma das 673 “marchas-irmãs”, que se organizaram por todo o mundo para acompanhar a principal, que teve lugar na capital norte-americana, em Washington D. C. , um dia depois de Donald J. Trump se ter tornado Presidente. O movimento Women's March (Marcha das Mulheres) nasceu de baixo para cima, pouco depois da eleição de 8 de Novembro de 2016 que surpreendeu grande parte da América com a vitória de Trump. Tal como as raízes das ervas que nascem da terra, é um movimento de base, politizado mas não partidário, que partiu da vontade de acção de cidadãos comuns – neste caso, de mulheres comuns – construírem uma democracia participativa. Um pequeno grupo de desconhecidas lançou o desafio através das redes sociais. A resposta foi avassaladora e a prova disso foi aquilo que aconteceu em Washington, nos Estados Unidos e no mundo inteiro no dia 21 de Janeiro e levou milhões de pessoas a saírem de casa para, unidas, se manifestarem. Já é considerada a maior manifestação que alguma vez aconteceu no país. Nenhuma rede social teria substituído a força da presença humana. Mas não chega. E a partir daqui tudo regressará às redes sociais onde nasceu – a marcha foi apenas o primeiro passo de muitas acções e iniciativas no sentido de dar continuidade ao espírito, às ideias e políticas da Women's March. O que é que defendem as pessoas de todas as idades e origens étnicas – mulheres, sobretudo, mas também, homens, crianças – que no sábado se juntaram no centro de Boston e em tantos outros lugares? As únicas palavras que poderiam reunir a multiplicidade de causas são os direitos humanos, a justiça social, a igualdade, a tolerância, a paz. Todos valores que se sentiram postos em causa pelas palavras e políticas anunciadas por Donald Trump durante a intensa campanha eleitoral e que se viram, realmente, ameaçados pela sua eleição. Aquilo que se tornou visível nas milhares de frases escritas à mão em cartazes, folhas de papel, cartões reciclados, erguidos por entre a multidão de cabeças (cor-de-rosa) foi precisamente essa diversidade de ideias e causas. Os cartazes diziam coisas diferentes, mas todos dialogavam uns com os outros. “Women's rights are human rights”, defender os direitos das mulheres é defender os direitos humanos e vice-versa. Os benefícios para uns são os benefícios de todos. No dia 21 de Janeiro, defenderam-se os mais frágeis e marginalizados, os “ilegais”, os imigrantes ameaçados pela deportação devido às novas políticas, as mulheres vítimas de violência, o planeamento familiar, os direitos LGBT, as pessoas com deficiência, tal como os direitos reprodutivos ou a desigualdade salarial entre homens e mulheres, ainda tão tolerada nos Estados Unidos como noutros lugares do mundo democrático. “Trabalho igual/salário igual. ” Contra o racismo, a desigualdade, a discriminação e a intolerância. “Em vez de muros construam-se pontes”, lia-se em vários cartazes. São múltiplos os cruzamentos entre as diferentes esferas, da justiça à igualdade ou à ecologia. E mesmo que algumas pessoas se sintam mais identificadas com umas causas do que com outras, cada vez existe mais consciência de como todas se cruzam. Esta foi sem dúvida uma marcha “interseccional”, em que muitas causas se juntaram, na sua pluralidade e diferença. “Interseccionalidade” é uma palavra difícil, muito usada nos estudos de género, que quer apenas dizer que há muitos aspectos das nossas identidades que se cruzam, que estão interligados e são indissociáveis uns dos outros. Um feminismo “interseccional”, por exemplo, reflecte sobre os cruzamentos entre género e raça, entre género e orientação sexual, ou entre género e meio social. Muitas das questões que afectam uma mulher negra norte-americana pobre, sem educação superior e sem um seguro de saúde são semelhantes às de uma mulher branca em iguais condições. E são muito diferentes dos desafios de uma mulher afro-americana que tenha estudado em Yale, talvez até graças às políticas de quotas em vigor para tentar combater a enorme desigualdade racial que ainda afecta o acesso às universidades de prestígio. Mas estas duas mulheres, negras, também têm identidades comuns. Como já disse o ex-Presidente Barack Obama, se ele tivesse tido um filho rapaz, teria todos os privilégios de afecto, educação e condições materiais, mas seria muito parecido com aqueles rapazes negros e não armados que têm sido mortos por polícias em vários lugares dos Estados Unidos. E ao andar na rua a pé, a cor da pele seria a mais visível das suas identidades. As políticas de identidade implicam que as pessoas assumam os aspectos das suas identidades que as podem tornar mais vulneráveis ou alvo de discriminação, óbvia como inconsciente. Ex-alunos da Harvard Business School, negros, contaram ao jornalista Ellis Cose, também negro, porque é que evitaram as políticas de identidade: “Uma chave para o sucesso de uma pessoa que não seja branca nem do sexo masculino é nunca falar de raça ou de género a não ser para declarar que a raça e o género não têm relevância nenhuma. ” Na ironia destas declarações está a versão simplificada das atitudes possíveis. Fingir que é uma não-questão ou – como aconteceu na Marcha das Mulheres – declarar bem alto que existem diferentes identidades. E que para que não sejam motivo de discriminação ou de desigualdade é preciso falar nelas. Para muitos, no sábado, dia 21, era a primeira vez que viviam algum tipo de activismo. Muitas das mulheres presentes nunca se tinham sentido envolvidas nas causas dos “direitos das mulheres”, muito menos participado numa manifestação. Num New York Times de há uns dias, um artigo acompanhava um grupo de mulheres no seu primeiro ritual de passagem feminista. Altas funcionárias em Wall Street, em Nova Iorque, da finança à advocacia, tinham crescido profissionalmente a tentar que a sua identidade de género passasse despercebida. Já chegava serem poucas num mundo dominado pelo masculino, onde qualquer posição antidiscriminatória poderia catalogá-las de “feministas”. A palavra, afinal, não é apenas incómoda para muitos homens, mas para muitas mulheres, que temem, e não por acaso, que as suas conotações negativas perturbem a sua afirmação pessoal. Algumas colegas de Wall Street não foram a Washington por temerem repercussões profissionais ou de clientes apoiantes de Trump. Mas muitas partiram, aos milhares, em autocarros, de Nova Iorque (a cidade onde Trump fez toda a sua carreira de homem de negócios, mas onde poucos votaram nele), para a capital do país, Washington, onde se juntou quase um milhão de pessoas. Uma das causas da Marcha das Mulheres, também muito presente nos cartazes, foi o movimento Black Lives Matters (http://blacklivesmatter. com), criado em 2012, que muitos consideram uma segunda vaga do movimento de direitos cívicos que teve em Martin Luther King a sua principal figura. Mas, agora, à palavra “matter” – “importa"/"interessa” – associaram-se novas palavras: “Muslim women matter”, “Illegal immigrants matter”, “Transwomen matter”. Inspirados na mais icónica imagem gráfica de Obama e com uma legenda a dizer “We the people”, viam-se reproduzidos por todo o lado três retratos a representar três tipos de mulheres americanas: num deles, uma mulher com a cabeça coberta por um véu com a bandeira americana representava as mulheres muçulmanas; no outro, uma menina afro-americana; e no terceiro, uma mulher “latina”, em nome da comunidade que mais tem crescido nas últimas décadas nos EUA, e aquela que está mais fragilizada em muitos aspectos, pela ilegalidade como pela pobreza. Um homem levantava o seu cartaz feito à mão: “Make America IMMI-great again”. Os oitos anos da presidência de Obama foram, sem dúvida, um sinal de força e de esperança para os afro-americanos e para todos aqueles que acreditam na possibilidade da igualdade, mas os problemas raciais nos Estados Unidos continuam a ser muitos e a afectar demasiados. O movimento Black Lives Matter tem muitas razões para continuar vivo. As vidas negras continuam a valer menos. Um estudo recente revelou como nos Estados Unidos morrem muito mais mulheres negras do que mulheres brancas com cancro de colo de útero. As razões, claro, são múltiplas e começam logo no acesso aos cuidados de saúde, da prevenção ao tratamento, um assunto especialmente delicado que foi uma das principais batalhas de Barack Obama. Mas as provas mais gritantes desta desvalorização estão nos nomes e números daqueles que têm sido mortos pela polícia porque estão a passar na rua, porque é noite ou porque é dia. E porque a cor da pele é vista como uma ameaça que legitima o abuso da força e do gatilho das autoridades. E voltamos ao hipotético filho de Obama. Igual a muitos dos que têm sido injustamente maltratados por alguns membros das forças policiais. marchas por todo o mundo para acompanhar a principal, em Washington D. C. , onde se juntou quase um milhão de pessoasEste é apenas o lado mais visível da discriminação racial nos Estados Unidos contemporâneo. O mais invisível é aquele que está atrás das grades ou mesmo em celas de isolamento, daquelas que só associamos a ditaduras de países distantes ou a tempos históricos remotos. Ironicamente, fala-se mais deles quando são mortos do que quando estão vivos mas não têm voz. A encarceração maciça de homens negros nos Estados Unidos, o país do mundo com a maior percentagem da população presa, pode ser vista como uma nova forma de escravatura. Este é o principal argumento do recente documentário produzido pela Netflix, 13th, realizado por Ava DuVernay, uma mulher afro-americana. Quem quiser saber mais poderá ler os impressionantes artigos de investigação que têm saído nos últimos tempos na revista New Yorker ou no jornal New York Times. O racismo do sistema judicial norte-americano pode manifestar-se em várias fases: do momento em que um homem negro é apanhado numa rusga policial e não tem dinheiro para contratar um advogado ou para pagar uma caução, e os 30 anos que ele poderá passar na prisão, em condições inumanas, para muitas vezes sair sem culpa provada. Ou mesmo depois, já livre, quando mesmo inocente, fica impossibilitado de votar. Para sempre. Depois de Obama, o movimento Black Lives Matter é mais necessário do que nunca, num país onde a geografia da escravatura continua a marcar as rotas e territórios do racismo contemporâneo. No sábado, dia 21, também voltou a marchar nas ruas. Racismo e sexismo cruzam-se de inúmeras formas. Faz todo o sentido que os activismos que os contestam também andem de braço dado. Há outras vidas que importam mas sobre essas notei um inquietante silêncio. Talvez porque ninguém acredite nas possibilidades de uma mudança real. Refiro-me às vítimas da pena de morte, ainda efectiva em tantos estados do país, e às vidas daqueles que são mortos pelos tiroteios em massa que, de quando em quando, relembram ao país a sua estranha forma de se relacionar com as armas. Barack Obama bem tentou durante oito anos mexer num dos maiores tabus americanos, salvaguardado na Constituição, mas as resistências foram demasiadas, do Partido Republicano à National Rifle Association (NRA), que defende o fácil acesso a armas e que tem em Trump um grande adepto. Em Boston, apenas vi um cartaz a tocar na ferida: “Gostava que este país se preocupasse tanto com os meus direitos como se preocupa com as suas armas”, acompanhado do desenho de um círculo sobre uma cruz, o símbolo astrológico do planeta Vénus, que foi apropriado nos anos 1960 pelo movimento feminista, tornando-se o mais icónico dos seus símbolos. “I cannot believe I still have to protest this shit!”, diziam vários cartazes. Afinal, pensávamos que estes direitos já estavam mais do que adquiridos. Os movimentos de mulheres dos anos 1970, como os movimentos contra a discriminação racial, o “civil rights movement”, dos anos 60, já estão de facto arrumados nos manuais de história dos adolescentes norte-americanos. Mas foram muitos desses mesmos adolescentes que – à hora a que o Presidente Trump fazia o juramento na sexta-feira, dia 20 – saíram das aulas em uníssono e se dirigiram para as praças públicas para manifestarem o seu desagrado. Adolescentes, bebés, crianças, muitas, aprendiam com os pais e avós a linguagem do activismo, vivido em comunidade e de modo pacífico. A ausência, visível, de polícia favorecia o ambiente descontraído. Uma menina negra, de uns dez anos, usava uma cartolina como um colete, “I am a feminist”, pintada com lápis de cor. Uma menina branca de cinco, seis anos pintara “Eu gosto da Hillary, P. S. : e de cães. ” O cartaz de um rapaz adolescente repetia o título da famosa TED Talk, depois transformada em livro, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie – “We should all be feminists. ”Olhando à volta, via-se a massa humana, mas também um mar de cartazes – criatividade, originalidade e individualidade – onde cada pessoa tinha posto, em poucas palavras ou num desenho, aquilo que queria dizer publicamente. Palavras escritas. Não nas redes sociais, mas ao vivo, feitas à mão e partilhadas numa marcha em que a cumplicidade foi o sentimento de ordem. Um casal branco, alto e elegante, de mais de 70 anos, empunhava: “Still marching after all these years” com uma fotografia – dela? – numa manifestação feminista na década de 1970. O Still crazy after all these years, de um dos ícones da época, Paul Simon, transformado numa constatação, triste e irónica. Sim, ainda há razões para estarmos aqui. Barbara Lee, uma filantropa próspera de Boston, muito envolvida politicamente, usava uma faixa original das sufragistas do princípio do século XX – “Votes for Women”. Tem esperança – ainda – de ver uma mulher na presidência dos Estados Unidos. Muitas mulheres e alguns homens, de várias gerações, subiram a uma plataforma para falar, da senadora Elizabeth Warren ao presidente da Câmara de Boston, Martin J. Walsh. Mas o que esta marcha revelou, sobretudo, foram os milhares de voluntários, mulheres, e também homens, que dedicaram muito do seu tempo nos últimos meses a preparar este movimento de pessoas “normais”, politizadas mas não políticas. E que agora continuam activas. Algumas frases vinham de outros momentos históricos mas soavam ainda estranhamente contemporâneas. “Feminism is the radical notion that women are people”, “Smash the Patriarchy”, “The future is female”. Outras falavam ao presente numa paródia onde a frase original era subvertida do seu significado: “A woman's place is in the house, the senate, and the oval office!” Alguns homens levavam cartazes com setas apontadas em todas as direcções “Eu estou com ela, com ela e com ela”. Ou seja, com os milhares de “elas” que o rodeavam. Afinal, como também se lia, “Men of quality, don't fear equality” ou “I'm a man, I stand with women, does this disqualify me for president of the US?” Os homens, aliás, estavam por todo o lado – pais, avós, namorados, maridos, amigos, filhos. Alguns caminhavam de mãos dadas. Afinal, os objectivos dos movimentos LGBTQI estão também ameaçados pelas novas políticas, e isto quando só há um ano e meio, no Verão de 2015, é que o casamento entre pessoas do mesmo sexo se tornou constitucional. O Kevin, jovem e giro (sei como se chama, porque toda a gente lhe perguntava o nome), trepou para uma das colunas altas do jardim com um barrete cor-de-rosa e uma bandeira arco-íris, simbólica dos movimentos sociais LGBT. A diversidade de cores estava de facto por todo o lado. Literal e simbolicamente. Na diversidade etária, religiosa, sexual e étnica (mesmo que em Boston dominasse uma maioria branca). Nos barretes cor-de-rosa tricotados à mão, na bandeira multicolor, ou nos cartazes originais de todas as cores. Mesmo na diversidade política. Em Washington algumas apoiantes de Trump foram às cerimónias do Presidente mas ficaram mais um dia, para a das mulheres. Afinal, todos os seres humanos são contraditórios e os resultados eleitorais também – 53% das mulheres brancas votaram nele (as mulheres negras, dizem as estatísticas, foram muito mais sensatas, mas não foram tão eficazes). Apenas um grupo organizado de mulheres manifestou não se sentir integrada na convocatória para a Marcha, aquelas que integram os movimentos anti-aborto e que têm em Trump um grande apoiante. A religião também esteve presente. Uma família divertida levava um enorme cartaz “Jesus is a feminist”, um grupo católico empunhava um “Caminhamos com as mulheres do mundo”, uma das igrejas protestantes, no caminho da marcha, tocava os sinos e servia de refúgio para quem quisesse descansar. Muitas frases falavam de direitos humanos, em geral, e dos perigos dos abusos de poder. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, “Não interessa quem somos, merecemos ser bem tratados”, “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça para a justiça em todo o lado”, ou “Se queres saber a verdadeira natureza de um homem, repara na forma como ele trata os seus inferiores, não os seus iguais”, frase posta na boca de uma personagem de Harry Potter, por J. K. Rowling. Esta como outras frases estavam assinadas por nomes simbólicos de movimentos pelos direitos das mulheres, dos negros ou pela paz, de Gandhi a Luther King, Angela Davies e Susan B. Anthony, uma das mais famosas norte-americanas defensoras dos direitos das mulheres e antiesclavagista da segunda metade do século XIX. “Feminism is back by popular demand”, lia-se noutro sítio. “Os criminosos sexuais não podem viver em edifícios governamentais”, dizia um cartaz a propósito do novo inquilino da Casa Branca. Jane Fonda, que foi à Marcha das Mulheres em LA, trata-o por “Predator-in-chief”. A marcha não era só contra Trump. Havia da parte de múltiplas organizações o empenho em que fosse muito para além disso. Mas claro que também foi contra ele. Foi ele que dominou os cartazes, sob a forma de nome ou em caricatura, até porque, neste caso, o musa inspirou as artistas. Desde as frases mais simples, “Not my president”, “Not in my name”, “Untrump the world”, “Love Trumps Hate”, até ao “Emperor Trump isn't wearing clothes”, “History has its eyes on you” ou o “Make America think again”. “Love not hate makes America great” uma alusão à frase mais abundante dos seus discursos – “Make America great again” via-se escrita, tal como se ouvia, cantada em uníssono. Um cartaz que provocava gargalhadas em quem passava era o “Free Melania”, uma referência à primeira-dama cujo maior gesto público de emancipação foi não se mudar já para a Casa Branca. Num enorme cartão, Trump dava um beijo na boca de Putin (uma imagem do programa de humor Saturday Night Live, onde o actor Alec Baldwin é ainda melhor do que o caricaturado). Em cima, as palavras “Pussy Riot”, uma alusão ao grupo de rock feminista e russo que se manifestou contra Putin, e pagou o atrevimento com a prisão. “You’re so vain, I bet you think this march is about you”, dizia um cartaz inspirado na música da Carly Simon. O problema é que também era sobre ele. Muitas palavras escritas respondiam directamente a ideias de Trump – “a ciência não é uma conspiração liberal”, “Não temos um planeta B” ou “As alterações climáticas são reais”. “Nenhum ser humano é ilegal”, li em português, ao longe. O espanhol estava mais presente, a assinalar a gigantesca comunidade latino-americana dos Estados Unidos. O metro de Boston tem tudo escrito em inglês e em espanhol, tal como grande parte da informação oficial em muitos lugares dos Estados Unidos, nas escolas ou nos hospitais. Mas quem lê muitas dessas frases são imigrantes ilegais que temem agora ser deportados. “Say loud, say clear, immigrants are welcome here” foi uma frase muito gritada. O muro que Trump quer construir, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, tornou-se um “muro” metafórico feito para simbolizar todas as formas de opressão. As palavras que usou ao longo de toda a campanha – violentas, discriminatórias, intolerantes – voltaram-se, na marcha, contra ele. No fim da manifestação, penduraram-se todos os cartazes nas grades do parque de Boston, como numa exposição de arte ao ar livre. Muitos deles a esta hora já foram recolhidos em museus e arquivos históricos, conscientes de estarem a preservar para o futuro a cultura material do presente. O Smithsonian National Museum of American History, em Washington, teve muito que se entreter com os despojos da manifestação-mãe. Em Londres, o Bishopgate Institute lançou logo um apelo para o seu arquivo de história radical e activismo. Fotografias e cartazes de Janeiro de 2017 para uma colecção que começa em 1800. Numa oportuna coincidência, na sexta-feira passada, dia 27 de Janeiro, foi inaugurada em Nova Iorque no International Center of Photography a exposição Perpetual Revolution: The Image and Social Change, que explora os modos como a cultura visual – a fotografia, o filme, o documentário – se têm politizado. É mais uma das várias mostras que nos últimos anos têm explorado as relações entre política, conflito, resistência e imagem. Muitos têm afirmado que a Marcha das Mulheres foi a maior manifestação simultânea e global que alguma vez aconteceu na história. A mais bem documentada visualmente foi de certeza. O humor foi e é uma característica do movimento feminista. As Guerrilla Girls, ligadas às artes, museus e universidades, activas desde a década de 1980, altura em que se constituíram em movimento em Nova Iorque, foram especialmente criativas nos modos de associar feminismo e humor. A apropriação de insultos como uma forma de subversão ao agressor também já foi usada como resistência – “nigga”, reclamado pelos afro-americanos ao insulto racista “nigger”, é apenas um exemplo. Na Marcha das Mulheres, o humor voltou a dominar, dando o protagonismo a uma palavra e a uma história que resumem bem a consideração que Trump tem pelas mulheres. Aliás, talvez tenha mesmo sido essa história aliada ao facto de não o ter impedido de ganhar – em tudo o que isso revela sobre a tolerância colectiva face à violência contra as mulheres – uma das grandes motivações desta Marcha. A palavra “pussy”, em inglês, tem muitos significados e muitos deles propensos a ambiguidades e duplos sentidos. Quer dizer gato, “pussycat”, mas também fraqueza ou cobardia como características associadas ao feminino. Mas é também uma palavra pejorativa para “vagina” e foi a palavra que Donald Trump usou quando descreveu aquilo que fazia às mulheres sempre que lhe apetecia: “I grab them by the pussy. ” “Grab” quer dizer “agarrar”, “pegar”. A violência das palavras de Trump, proferidas há uns anos mas tornadas públicas pouco antes das eleições, teve um enorme efeito perturbador. Para ele, não passou de uma “conversa de balneário”. Para a sua mulher Melania, não passou de uma “conversa de rapazes”. Para muitas mulheres e homens norte-americanos, no entanto, foi uma “conversa” de um agressor sexual, um homem que abusava do seu poder e que falava com orgulho e banalidade, “entre homens”, dos actos de violência – crimes – que praticava. A brutalidade sexual das palavras que descreviam gestos pôs a América a falar de um assunto vivido por uma quantidade avassaladora de mulheres, de todas as gerações e meios sociais. Surgiram várias que, há 30 anos como há três, tinham sido objecto das suas agressões, mas Trump humilhou-as publicamente e ameaçou-as com processos judiciais, tal como ameaçou Hillary Clinton de a enviar para a prisão. Na Marcha das Mulheres, o feitiço virou-se contra o feiticeiro e aquilo a que se assistiu foi a uma desforra carnavalesca das palavras – e gestos – do Presidente. “Grab them by the president, it's Powder Room talk”, “This Pussy fights back”, “Try and grab this pussy”, muitas vezes acompanhadas com imagens de gatos. Em Boston, como por essa América fora, viam-se “Nasty women” [mulheres mazinhas] ou “Angry women” [mulheres zangadas] por todo o lado. A primeira expressão foi usada por Trump para insultar Hillary Clinton. A segunda, remete para “angry black woman”, uma expressão sexista e racista surgida na América dos anos 1930, de que Michelle Obama também já foi objecto. O nome de Michelle aparecia aqui e ali. Afinal, foi ela a fazer o mais poderoso discurso contra a forma como Trump falou das mulheres. E é nela que muitos falam quando pensam numa futura candidata à presidência dos Estados Unidos. Mulher e negra sim, mas, para a brigada do antipoliticamente correcto, também inteligente, eficiente e humana. Mas o elemento mais marcante, entre os milhões de cabeças de pessoas que desfilaram, foi o mar de barretes rosa-choque tricotados à mão. Mais uma vez, a inspiração veio de Trump. O gorro em vez de ser redondo tem duas “orelhas”, uma alusão às orelhas de gato que lhe deram o nome, “Pussycat hats”. É feito à mão, tricotado, uma prática tradicionalmente feminina que assim se vê investida de um novo poder subversivo. É cor-de-rosa – não o cor-de-rosa bebé com que se vestem as meninas à nascença, mas uma cor especialmente forte. “Forte” foi outra das palavras de ordem. O barrete serviu também como símbolo de apropriação dos muitos significados da palavra “pussy”, revertendo-a a seu favor. O insulto transformou-se num instrumento de resistência. A vítima transformou-se na força e na voz. Ainda por cima bem visível naquele cor-de-rosa gritante. Muitos homens também empunhavam os gorros. Alguns não por opção. As estátuas em bronze dos homens históricos de Boston – as cidades também têm género – estavam todas encapuçadas. Muitos outros, de carne e osso e contemporâneos, também. Como o condutor dos camiões de serviços urbanos. De óculos escuros, colete fluorescente e sentado no tejadilho do camião, além do gorro enfiado na cabeça, segurava um cartaz: “Girls just wanna have fundamental human rights”, mais uma canção, de Cyndi Lauper, a servir de mote ao humor activista. O gorro já está na capa da revista Time, sozinho, e na capa da New Yorker acabada de sair. Na cabeça de uma mulher negra, reinventa o cartaz de 1943 que incentivava as mulheres operárias a aumentar a produtividade em tempos de guerra e que só na década de 1980 foi apropriado por movimentos feministas. Um homem desfilava na marcha de Boston com um enorme cartaz cor-de-rosa – “Hey, Donald look where I found your inauguration crowd!” – e despertava sorrisos por onde passava. O principal tema das notícias nos telejornais norte-americanos no dia 21 de Janeiro, primeiro dia de Trump na presidência, versava sobre “multidões”. Por um lado, as multidões evidentes das Women's Marches, quase 500 mil em Washington, muitos milhares em Chicago, Boston, Nova Iorque, mas também Denver, Austin, capital do Texas, ou até no Alasca. Por outro lado, a ausência de multidões nas cerimónias de inauguração de Donald Trump, tornadas visíveis numa imagem dupla que se tornou viral nas redes sociais. Do lado esquerdo, uma fotografia aérea das multidões que foram a Washington para a inauguração presidencial de Obama em 2009. No lado direito, a imagem da inauguração de Trump, a deixar em evidência os espaços vazios. A questão aqui não foi a da legitimidade da imagem ou a relevância dos números, mas sim a da importância que lhe foi dada pelo novo gabinete de imprensa da Casa Branca que a julgou merecedora da sua primeira aparição pública. A questão do tamanho das multidões talvez não seja assim tão importante. Afinal, quem votou em Donald Trump não foi em massa às cerimónias de inauguração. E quem não votou nele, e se opõe àquilo que ele representa, foi, sim, para as ruas, participar nas quase 700 marchas de mulheres que aconteceram em todo o mundo. A questão determinante agora é a de saber qual o tamanho das multidões que as suas políticas irão afectar de forma negativa. Quantos irão perder o direito a cuidados de saúde e a uma morte digna? “Obama cared” dizia um cartaz. Quantos serão deportados por ser ilegais? Quantos imigrantes deixarão de se reunir com as suas famílias? Quantas mulheres não sofrerão com a ameaça do novo Governo em cortar os apoios às organizações de apoio a vítimas de violência doméstica? Quantos muçulmanos serão impedidos de entrar nas fronteiras norte-americanas? Quantos homens negros é que irão para a prisão injustamente (ou serão mortos a tiro pela polícia) no afã de limpeza da pobreza urbana? Quantas mulheres perderão o direito ao planeamento familiar acessível ou aos direitos reprodutivos? Quantas pessoas serão afectadas pela desvalorização das políticas ambientais? Quantas mulheres não verão posta em causa a igualdade salarial com argumentos de produtividade industrial? Quantos investigadores verão o seu trabalho posto em causa por quem não acredita na ciência e acha Barack Obama um “académico” (em oposição ao suposto “realismo” do homem de negócios)? E quantas mais mulheres terão de ser “grabbed by their pussies” e transformadas por Trump em patéticas invenções da imprensa? Essa imprensa – o New York Times, o mais demonizado – que ele menospreza, como um bando irresponsável de desonestos. Uma coisa é certa, aquilo que aconteceu no dia 21 de Janeiro reconciliou-me com a América. Vi e senti na rua aquilo que já se intuía desde o dia 9 de Novembro, um dia depois de acontecer o que tantos julgavam ser impossível. Hillary Clinton não ganhou mas há uma América que reagiu ao choque e que se está a mexer, a associar, a politizar e que vai resistir. Do desespero ao envolvimento. Em prol dos direitos humanos, da igualdade, da justiça social. A vitória de Trump teve esse, único, benefício, de politizar, nas bases, aqueles que de outra forma não o teriam feito. No seu discurso de despedida em Chicago, no dia 10 de Janeiro, o Presidente Barack Obama encorajou "o povo" à acção. Mas as mulheres já tinham respondido ao apelo de cidadania activa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Trump não está a perder tempo. A primeira semana de trabalho já fez muitos estragos. Num dia começou a desmantelar o programa de saúde acessível que Obama conseguira montar com tanto custo. No outro, viu-se livre dos refugiados e começou a tratar da construção do muro. O website da casa branca já retirou referências a alterações climáticas, direitos cívicos e violência contra as mulheres. Mas do outro lado, também não estão a perder tempo. 21 de Janeiro foi o dia da solidariedade, do optimismo, dos contactos, da criação de novas redes e ideias, mas foi no regresso a casa que o verdadeiro trabalho começou. Um dia depois da Marcha das Mulheres, a organização anunciou logo as 10 acções a serem postas em prática nos próximos 100 dias. Podem lê-las em https://www. womensmarch. com. Historiadora, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
REFERÊNCIAS:
Mulheres continuam a ser alvo de discriminação económica e social
Relatório da ONU reclama mais e melhores empregos para mulheres e a redução da disparidade salarial. (...)

Mulheres continuam a ser alvo de discriminação económica e social
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 16 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.116
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Relatório da ONU reclama mais e melhores empregos para mulheres e a redução da disparidade salarial.
TEXTO: As mulheres continuam a sofrer de discriminação económica e social e são forçadas a ajustar-se a um “mundo de homens”, lê-se num relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado nesta segunda-feira. Globalmente, há mais desemprego feminino do que masculino e mesmo quando trabalham, as mulheres têm rendimentos inferiores: em média, dispõe de um rendimento mensal 24% mais baixo do que o dos homens. Em Portugal, o hiato é de 17, 8%, de acordo com o documento — abaixo, ainda assim, de vários outros países desenvolvidos que têm apostado em políticas de promoção do emprego feminino, como a Alemanha (19, 3%). Nas chamadas “regiões desenvolvidas”, onde Portugal e Alemanha se incluem, o hiato médio em termos de rendimentos atinge os 22, 9%. As contas são apresentadas para o período 2008-2014. Estas são algumas das conclusões do estudo Progresso das Mulheres do Mundo 2015-2016, produzido pela ONU Mulheres, a organização dentro das Nações Unidas dedicada à igualdade e emancipação das mulheres. O documento é publicado numa altura em que a comunidade internacional discute a agenda do desenvolvimento para o pós-2015 e coincide com o 20. º aniversário da comemoração da 4. ª Conferência Mundial sobre Mulheres, em Pequim, que determinou uma agenda para melhorar a igualdade entre géneros. A partir de estatísticas de fontes diversas e de diferentes anos, o Progresso das Mulheres do Mundo 2015-2016 refere que apesar da diferença de rendimentos observada, as mulheres trabalham, muitas vezes, mais horas do que os homens uma vez que dispendem, em média, 2, 5 vezes mais tempo no chamado trabalho não pago (trabalho doméstico, cuidados com as crianças e idosos, etc). Sobre este ponto específico, os dados apresentados para Portugal são antigos: cita-se um estudo de 1999 para dizer que as portuguesas dedicam em média quatro vezes mais tempo por dia em trabalho doméstico e não remunerado do que os homens (302 minutos por dia contra 77 minutos por dia gastos pelos homens). Ainda assim, Portugal é um país considerado desenvolvido em várias matérias: tem leis contra discriminação entre géneros a nível salarial e no recrutamento e proíbe o assédio sexual no local de trabalho. Evoluiu também em termos de taxa de participação laboral das mulheres, que aumentou de 49%, em 1990, para 55%, em 2013. Nas chamadas “regiões desenvolvidas”, onde Portugal se inclui, a evolução foi de 49, 3% para 53, 4%. Desde 1995, reconhece a ONU, o mundo tem assistido a vários progressos, nomeadamente num maior acesso de mulheres ao ensino, à participação política e a posições de liderança e também a uma maior protecção jurídica contra a violência e a discriminação laboral, económica e social. Porém, as mulheres continuam na generalidade a ter trabalhos pouco qualificados e baixos salários e muitas vezes não têm acesso a cuidados de saúde, água potável ou saneamento básico. O relatório determina 10 prioridades para a acção pública, começando por reivindicar mais e melhores empregos para mulheres, a redução da disparidade profissional e salarial entre homens e mulheres, o fortalecimento da segurança económica das mulheres ao longo da vida, a redução e redistribuição do trabalho doméstico e o investimento em serviços sociais com consciência das questões de género.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Meryl Streep financia laboratório para mulheres argumentistas com mais de 40 anos
Actriz americana resolveu apoiar um projecto que quer valorizar as mulheres que escrevem para cinema e televisão. (...)

Meryl Streep financia laboratório para mulheres argumentistas com mais de 40 anos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501175228/http://www.publico.pt/1693144
SUMÁRIO: Actriz americana resolveu apoiar um projecto que quer valorizar as mulheres que escrevem para cinema e televisão.
TEXTO: A actriz norte-americana Meryl Streep investiu num projecto para a criação de um laboratório para mulheres argumentistas com mais de 40 anos. Defensora da igualdade de género, Streep vai assim ajudar a criar o Writers Lab da associação da indústria cinematográfica que defende o papel das mulheres no sector New York Women Film and Television. O projecto foi anunciado domingo durante um debate no Festival de Cinema de Tribeca, realizado em Nova Iorque. A ideia de um laboratório para mulheres argumentistas com mais de 40 anos surge depois de em 2014 um estudo da Guilda dos Argumentistas dos EUA indicar que o número de mulheres guionistas nos Estados Unidos decresceu entre 2009 e 2012. O documento mostrava que a quantidade de argumentistas do sexo feminino nos EUA desceu de 17% em 2009 para 15% em 2012, além de evidenciar as significativas diferenças salariais entre géneros. Oito candidatas serão escolhidas para fazer parte da primeira edição deste projecto, que terá como mentoras a argumentista e realizadora Gina Prince-Bythewood (A vida secreta das abelhas eBeyond the Lights), a produtora Caroline Kaplan (Boyhood) e as argumentistas Kirsten Smith (Legalmente Loira) e Jessica Bendinger (Tudo por elas), entre outras. Na última edição dos Óscares, Meryl Streep foi uma das mais visíveis apoiantes de Patricia Arquette quando a vencedora do Óscar de melhor actriz secundária por Boyhood, no seu discurso de vitória, denunciou desigualdade salarial e pediu “igualdade de direitos para as mulheres nos EUA".
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Cidade do México penaliza assassínios de mulheres por razões de género
Assassinar uma mulher por razões de género passou a ser um crime tipificado no Código Penal do distrito do México e as condenações podem ir dos 20 aos 60 anos de prisão. Nos últimos dois anos foram mortas naquela região mais de 200 mulheres. (...)

Cidade do México penaliza assassínios de mulheres por razões de género
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-07-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Assassinar uma mulher por razões de género passou a ser um crime tipificado no Código Penal do distrito do México e as condenações podem ir dos 20 aos 60 anos de prisão. Nos últimos dois anos foram mortas naquela região mais de 200 mulheres.
TEXTO: A mudança que agora entrou em vigor no Código Penal do distrito a que pertence a capital mexicana não se refere a todos os assassínios de mulheres, mas sim àqueles que foram motivados por questões de género, os casos “em que a vítima apresente sinais de violência sexual de qualquer tipo”. Os assassínios na sequência de violações, por exemplo, ou de violência doméstica. A reforma penal já tinha sido aprovada em Junho pela assembleia legislativa local, mas foi agora publicada. Na nova lei é tipificado o crime de “feminicídio” para os casos de violência sexual ou “mutilações prévias ou posteriores à privação da vida”. Organizações como a Amnistia Internacional têm vindo a denunciar o aumento destes crimes no México, o que estará relacionado com uma elevada taxa de impunidade e com dificuldades no acesso à justiça. Só nos arredores da capital mexicana foram assassinadas 203 mulheres por questões de género entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2010, segundo o Observatório Nacional de Feminicídio no México. Dessas, 108 tinham entre 21 e 40 anos de idade. O Governo local do distrito do México adiantou em comunicado que, de acordo com a nova legislação, serão considerados “feminicídios” os casos em que tenha havido ameaças ou em que a vítima tenha sido alvo de violência ou quaisquer tipo de lesões, bem como as situações em que o corpo seja exposto ou deixado num local público, adiantou a agência EFE. Nestes casos, é muito comum a vítima ter estado incomunicável mesmo antes de ter sido assassinada. Estes crimes podem agora ser condenados a penas que vão dos 20 aos 50 anos de detenção, mas nos casos em que exista uma relação sentimental entre o agressor e a vítima, qualquer relação de parentesco ou de confiança, a moldura penal aumenta, sendo a pena mínima de 30 anos e a máxima de 60 anos de detenção. O chefe de governo do Distrito Federal do México, Marcelo Ebrard, considerou que este é “um passo para construir uma sociedade onde exista efectivamente igualdade e as mulheres vivam livres de violência”. Os dois novos artigos inscritos na legislação distrital determinam que os assassínios de mulheres por questões de género devem ser investigados recorrendo a procedimentos como o registo fotográfico da vítima e a descrição das sua lesões, bem como a recolha de amostras de ADN que devem ser catalogadas numa base de dados genéticos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime lei violência igualdade género sexual mulheres doméstica corpo agressor
Tribunais aplicaram 54 pulseiras electrónicas em casos de violência doméstica
Os tribunais aplicaram 54 vezes a pulseira electrónica a agressores que cometeram crimes de violência doméstica, impedindo-os de se aproximarem das vítimas, um instrumento que está em vigor desde Dezembro de 2009. (...)

Tribunais aplicaram 54 pulseiras electrónicas em casos de violência doméstica
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-08-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os tribunais aplicaram 54 vezes a pulseira electrónica a agressores que cometeram crimes de violência doméstica, impedindo-os de se aproximarem das vítimas, um instrumento que está em vigor desde Dezembro de 2009.
TEXTO: Segundo os últimos dados estatísticos do Instituto de Reinserção Social (IRS), os juízes estão a utilizar cada vez mais este instrumento para condenar os agressores. A 31 de Maio deste ano estavam activas 26 pulseiras electrónicas aplicadas por decisão judicial a agressores que cometeram o crime de violência doméstica. No mês em que este instrumento entrou em funcionamento, os tribunais determinaram a aplicação de apenas três pulseiras electrónicas, tendo o número vindo sempre a crescer. Segundo a definição da unidade contra a violência doméstica e maus-tratos a menores, criada há um ano e meio no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, as principais vítimas de violência doméstica são mulheres entre os 30 e os 40 anos, casadas, empregadas e no mínimo com 9. º ano de escolaridade. A violência entre jovens casais de namorados também está a aumentar. A Vigilância Electrónica (VE) é um conjunto de meios de controlo e fiscalização à distância que funciona desde 2002 e que, em 2009, foi alargada aos agressores proibindo o contacto com a vítima, no âmbito da violência doméstica. A redução da pressão do excesso da população prisional e os seus custos, o controlo do cumprimento de decisões judiciais e diminuição da reincidência criminal são alguns dos objectivos deste instrumento, que limita o raio de acção dos agressores.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime violência social mulheres maus-tratos doméstica
Mulheres socialistas congratulam-se com candidatura de Maria de Belém a presidente
A presidente do Departamento Nacional de Mulheres Socialistas, Catarina Marcelino, congratulou-se hoje com a candidatura de Maria de Belém Roseira a presidente do PS, considerando que esta vai ser “uma mais-valia” para o partido e para o país. (...)

Mulheres socialistas congratulam-se com candidatura de Maria de Belém a presidente
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 16 | Sentimento 0.8
DATA: 2011-09-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: A presidente do Departamento Nacional de Mulheres Socialistas, Catarina Marcelino, congratulou-se hoje com a candidatura de Maria de Belém Roseira a presidente do PS, considerando que esta vai ser “uma mais-valia” para o partido e para o país.
TEXTO: “A candidatura de Maria de Belém a presidente do PS é para as mulheres socialistas, para o PS e para Portugal uma afirmação da igualdade efectiva entre homens e mulheres no nosso país e dentro do partido”, disse à Lusa Catarina Marcelino. De acordo com a presidente do Departamento Nacional de Mulheres Socialistas, Maria de Belém Roseira tem um percurso conhecido como ministra da Saúde e como mulher que se tem afirmado muito também nas áreas sociais. “Foi a primeira mulher ministra da Igualdade, o que mostra o seu percurso. A presidência que vai exercer será pautada pela igualdade quer do ponto de vista social quer de género. É com grande satisfação que as mulheres socialistas vêem chegar à presidência do partido uma mulher com este percurso”, salientou. No entender de Catarina Marcelino, é também “com satisfação que as mulheres socialistas vêem o próprio Partido Socialista pôr em prática as políticas que andou a implementar durante anos, nomeadamente a lei da paridade”. Primeira mulher presidente do PSMaria de Belém Roseira deverá ser a nova presidente do PS. A socialista vai ser proposta pelo secretário-geral do partido, António José Seguro, devendo ser eleita sem grande oposição no congresso que decorre este fim-de-semana em Braga. A socialista, que actualmente é líder parlamentar interina, deverá ser a primeira mulher a ser eleita presidente do partido, rendendo Almeida Santos. Maria de Belém Roseira Martins Coelho Henriques de Pina exerceu funções como ministra da Saúde no XIII Governo Constitucional (1995-1999) e como ministra para a Igualdade no XIV Governo (1999-2000), ambos presididos por António Guterres. Foi vice-presidente (1997) e presidente (1999) da Assembleia-Geral da Organização Mundial de Saúde.
REFERÊNCIAS: