A Grécia vai conseguir?
A Grécia comprou algum tempo com um novo pacote de apoio financeiro, mas o país não está ainda fora de perigo. Continua por saber se as políticas de austeridade prometidas pelo Governo do primeiro-ministro George Papandreou se vão revelar politicamente aceitáveis e sustentáveis. (...)

A Grécia vai conseguir?
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-06-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Grécia comprou algum tempo com um novo pacote de apoio financeiro, mas o país não está ainda fora de perigo. Continua por saber se as políticas de austeridade prometidas pelo Governo do primeiro-ministro George Papandreou se vão revelar politicamente aceitáveis e sustentáveis.
TEXTO: A história dá-nos motivos para estarmos cépticos. Numa democracia, quando as exigências dos mercados financeiros e dos credores estrangeiros entram em confronto com as dos trabalhadores domésticos, pensionistas e classe média, são habitualmente os habitantes locais que têm a última palavra. A saída da Grã-Bretanha do Padrão Ouro em 1931 mantém-se como um marco histórico. Tendo cometido o erro de restaurar a paridade com o ouro a um nível que tornou a economia pouco competitiva, o país lutou durante vários anos com a deflação e o desemprego. Várias indústrias sofreram bastante e os confrontos laborais multiplicaram-se. Mesmo com o desemprego nos 20 por cento, o Banco de Inglaterra tinha de manter taxas de juro elevadas para evitar uma fuga maciça de ouro. Em Setembro de 1931, a pressão crescente dos mercados financeiros empurrou o país para fora do Padrão Ouro. Não era a primeira vez que a rigidez financeira do Padrão Ouro fazia sofrer a economia real. A diferença é que a Grã-Bretanha se tinha tornado numa sociedade mais democrática. Mesmo contra os seus próprios instintos, os políticos e os banqueiros centrais compreendiam que não podiam continuar alheios à consequências da recessão e do desemprego. E, mais importante, os investidores compreendiam isso também. Assim que os mercados financeiros começaram a questionar a credibilidade do compromisso do Governo relativamente a uma taxa de câmbio fixa, eles tornaram-se uma fonte de instabilidade. Ao mínimo sinal negativo, os investidores retiravam o seu capital do País, precipitando o colapso da moeda. Assistiu-se a uma repetição deste filme na Argentina no final dos anos 90. A chave da estratégia económica depois de 1991 era a lei da convertibilidade, que ancorava o peso ao dólar e proibia qualquer tipo de restrições nos fluxos de capital. O ministro argentino da Economia, Domingo Cavallo, via a lei da convertibilidade como um seguro e um motor para a economia. Inicialmente, a estratégia funcionou bem, trazendo a tão desejada estabilidade de preços. No entanto, no fim da década, o pesadelo argentino regressou. A crise financeira asiática e a desvalorização brasileira no início de 1999 deixaram o peso argentino claramente sobrevalorizado. As dúvidas em relação à capacidade de pagar a sua dívida externa multiplicaram-se e, passado pouco tempo, a credibilidade estava já abaixo de alguns países africanos. Em última análise, o que selou o destino da Argentina não foi a falta de vontade política dos seus líderes, mas antes a sua incapacidade para impor políticas cada vez mais dolorosas para a sua população. O Governo argentino até se mostrou disposto a anular contratos com quase todos no plano interno - funcionários públicos, pensionistas, governos regionais e aforradores - para conseguir cumprir as suas obrigações com os credores estrangeiros. Mas os investidores começaram a duvidar de que o congresso argentino e o cidadão comum tolerassem as políticas de austeridade necessárias para continuar a pagar a dívida externa. À medida que os protestos se espalhavam, foi-lhes sendo dada razão. Quando a globalização colide com a política interna, os bons investidores apostam na equipa da casa. Talvez haja outro caminho. Veja-se o caso da Letónia, que recentemente viveu dificuldades económicas semelhantes às da Argentina há uma década. A Letónia tinha crescido rapidamente desde a adesão à EU em 2004, com base em crédito externo de larga escala e numa bolha do seu mercado imobiliário. Previsivelmente, a crise financeira mundial deixou a economia da Letónia em dificuldades. Assim que os empréstimos e os preços das casas caíram, o desemprego subiu até 20 por cento e o PIB diminuiu 18 por cento em 2009. Em Janeiro desse ano, o país registou os maiores protestos desde o colapso da União Soviética. A Letónia tinha uma taxa de câmbio fixa e livre movimento de capitais, tal como a Argentina. A sua divisa estava indexada ao euro desde 2005. Ao contrário da Argentina, contudo, os políticos da Letónia resistiram, não desvalorizando a divisa nem controlando os capitais. O que parece ter mudado, neste caso, o balanço entre custos e benefícios políticos foi a perspectiva de chegada à terra prometida de uma eventual adesão à zona euro, o que compelia os responsáveis políticos a evitar qualquer opção que ameaçasse esse objectivo. Isso, por sua vez, aumentou a credibilidade das suas acções junto dos mercados, apesar dos elevados custos económicos. Irá a Grécia ser uma Argentina ou uma Letónia? Do ponto de vista económico, os sinais não são encorajadores. A não ser que a economia grega recupere, assumir novas dívidas não é mais do que um paliativo temporário que irá exigir ainda mais austeridade no futuro. E, enquanto a procura interna continuar deprimida, as reformas estruturais - como as privatizações e a liberalização do mercado de trabalho - dificilmente vão garantir o tão necessário crescimento. Como as experiências da Grã-Bretanha entre as Grandes Guerras - e mais recentemente da Argentina e da Letónia - mostram, é a política que, em última análise, determina o resultado final. Para que o programa grego tenha algumas hipóteses, o Governo de Papandreou tem de realizar um esforço monumental para convencer a sua população de que os custos económicos são o preço que estão a pagar por um futuro mais brilhante - e não apenas um meio para satisfazer os credores externos. Professor de Economia Política na Universidade de HarvardPúblico/Project Syndicate, 2011
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
O destino europeu da Grã-Bretanha
A Europa tem perturbado e dividido a política britânica durante anos. Mas agora a maioria dos políticos do partido no governo defende abertamente que a Grã-Bretanha abandone a União Europeia, ou que mude radicalmente a relação que tem com a União – o que pode querer dizer quase a mesma coisa – contando com a simpatia de alguns dos líderes da nossa nação e um muito maior apoio do público. A razão para o ressurgimento do cepticismo e hostilidade relativamente à UE não é difícil de sondar. A Europa está em crise. O erro de concepção do euro – uma união económica motivada por razões políticas mas com uma expressão ec... (etc.)

O destino europeu da Grã-Bretanha
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-12-10 | Jornal Público
TEXTO: A Europa tem perturbado e dividido a política britânica durante anos. Mas agora a maioria dos políticos do partido no governo defende abertamente que a Grã-Bretanha abandone a União Europeia, ou que mude radicalmente a relação que tem com a União – o que pode querer dizer quase a mesma coisa – contando com a simpatia de alguns dos líderes da nossa nação e um muito maior apoio do público. A razão para o ressurgimento do cepticismo e hostilidade relativamente à UE não é difícil de sondar. A Europa está em crise. O erro de concepção do euro – uma união económica motivada por razões políticas mas com uma expressão económica – tornou-se evidente. Mudanças estruturais nas economias que experimentaram uma queda abrupta nas taxas de juro quando se uniram a um bloco monetário dominado pela Alemanha devem agora ser feitas rapidamente, em crise, e sem o luxo de uma desvalorização monetária. Com a Europa em crise, é popular ser antieuropeu. Mas a liderança não deve consistir em concessões a políticas de curto prazo. Deve consistir em gerir as políticas de curto prazo, na prossecução da melhor política de longo prazo. Na verdade, hoje em dia a razão de ser da União Europeia é mais forte, e não mais fraca, do que era há 66 anos, quando se iniciou o projecto. Mas é diferente. Nessa altura, a razão de ser era a paz; hoje, é o poder. A China tem uma população três vezes maior do que a da UE e uma economia que acabará por se tornar a maior do mundo. A Índia tem mais de mil milhões de habitantes. A Indonésia tem o triplo da população do maior país europeu e uma série de outros países – incluindo a Rússia, o Brasil, o México, o Vietname, as Filipinas e o Egipto – têm hoje mais habitantes do que qualquer Estado-membro da UE. Isto é crucial, porque, à medida que a tecnologia e o capital se tornam globalmente móveis, irá ocorrer um realinhamento do PIB e da população: quanto maior for a população de um país, maior será a sua economia. Os Estados Unidos permanecem extraordinariamente fortes, sendo o seu exército de longe o maior e o mais bem equipado do mundo, mas o seu estatuto como única superpotência do mundo tornar-se-á insustentável. Este é o cenário global. A questão actual para a UE é que os países-membros, incluindo a Grã-Bretanha, precisam do seu peso de modo a alavancar poder na economia, no comércio, na defesa e na política externa, bem como abordar desafios globais como a mudança climática. A UE dá colectivamente à Grã-Bretanha um peso que esta não possui sozinha. É realmente tão simples como isso: num mundo onde tanto a China como a Índia têm populações 20 vezes maiores que a do Reino Unido, a Grã-Bretanha precisa da UE de modo a perseguir eficazmente o seu interesse nacional. Com a União, pesamos mais; sem ela, pesamos menos. E se queremos participar na Europa, devemos fazê-lo como europeus, o que depende da Grã-Bretanha reconhecer não somente a razão de ser estratégica da Europa, mas também do interesse estratégico da Grã-Bretanha em ser parte da Europa. Por isso já não é suficiente para nós, pró-europeus, clamarmos que só os atávicos Pequenos Ingleses (NdT: Little Englanders no original; termo aplicado aos ingleses que não vêem com bons olhos as influências estrangeiras no seu país) defendem o abandono da União, ou fingirmos que, fora da UE, a Grã-Bretanha colapsaria ou se desintegraria. A Grã-Bretanha poderia ter um futuro fora da Europa. A questão é se deveria tê-lo – e se o abandono seria sensato à luz dos interesses de longo prazo da Grã-Bretanha. Comecemos por demolir uma ilusão, nomeadamente que a Grã-Bretanha poderia ser como a Noruega ou como a Suíça. A Noruega tem uma população de cerca de 4, 9 milhões e um PIB de 485, 8 mil milhões de dólares. Também possui um fundo soberano, actualmente valorizado em mais de 600 mil milhões de dólares e que se prevê que venha a crescer até 1 bilião de dólares em 2020, devido às vastas reservas de petróleo e de gás natural. Se o Reino Unido, com um PIB de 2, 4 biliões de dólares, tivesse um fundo soberano de cerca de 3 biliões de dólares, todos os argumentos mudariam. Mas não tem. E não se pode defender seriamente que a Grã-Bretanha pudesse ser como a Suíça, que é um caso único do ponto de vista político e económico. A Grã-Bretanha fora da UE enfrentaria três desvantagens importantes. Primeiro, perderia o seu papel de liderança global. Não pode haver ilusões a este respeito. Pensarmos que procuraria novas relações com países como a China ou a Índia é rebuscada. Nenhum país subordinaria alguma vez a sua relação com a Europa a uma relação com uma Grã-Bretanha não-europeia. Em segundo lugar, deixar a UE excluiria a Grã-Bretanha do processo de tomada de decisão que determina as regras do mercado único. As empresas britânicas sabem isto, assim como as empresas globais que usam o Reino Unido como base europeia. Finalmente, a Grã-Bretanha perderia a oportunidade de cooperação e de uma força acrescida em temas que lhe interessam – por exemplo, na mudança climática, nas negociações comerciais, na política externa e nas disputas bilaterais – numa altura em que outros aproveitam as oportunidades oferecidas pela integração regional. Desde a Associação das Nações do Sudeste Asiático – que agora conta com cerca de 600 milhões de pessoas e que procura estabelecer um mercado único – até à União Africana e o MERCOSUR e UNASUR da América do Sul, países de todo o mundo agregam-se em blocos regionais. Irá a Grã-Bretanha afastar-se do bloco que está à sua porta?Sejamos claros, também, sobre “renegociar as condições da adesão”. Se a Grã-Bretanha se centrar nos próximos anos não em como ajudar a Europa a recuperar e a prosperar, mas antes em como mudar a sua relação com a Europa, não podem haver dúvidas sobre o temperamento e o sentimento que os nossos actuais parceiros trarão para essa negociação. A Grã-Bretanha não deverá percorrer este caminho se não estiver preparada para percorrê-lo até às últimas consequências. Em 1946, quando a Europa debatia os seus primeiros passos no sentido da integração, Winston Churchill fez o seu famoso discurso clamando por uns Estados Unidos da Europa, que ele acreditava ser o caminho para a paz depois dos horrores da guerra. Ele desejou que o projecto fosse bem-sucedido; mas não pretendia que a Grã-Bretanha fizesse parte dele. Por isso, não fez. Mas a Grã-Bretanha passou as próximas duas décadas tentando unir-se a esse projecto; e quando finalmente o conseguiu, muitas das regras e da infra-estrutura institucional já eram inflexíveis. Não tenho dúvidas de que se pudéssemos ter previsto o futuro em 1946, teríamos querido fazer parte da Europa desde o início. A Europa é um destino que a Grã-Bretanha nunca abraçará facilmente. Mas fazê-lo é essencial para continuar a ser uma potência mundial, política e economicamente. Seria um erro monumental de estadismo virar as nossas costas à Europa e abandonar uma posição crucial de poder e influência no século XXI. Traduzido do inglês por António Chagas/Project Syndicate
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
"Big Brother is listening to you!"
Biliões de comunicações intercetadas, via telefone, correio eletrónico, redes sociais (Facebook, Twitter, ), registo de todas as buscas feitas na Internet. A caixa de Pandora que o fugitivo Edward Snowden abriu não se fecha: hoje sabemos que a agência norteamericana NSA espiou - espia! - pelo menos 35 líderes mundiais (até agora só duas o assumiram: Dilma e Merkel), incluídos os seus mais diretos aliados, as comunicações de centenas de milhões de pessoas, aliados e inimigos, europeus, asiáticos, africanos, americanos. Nas palavras de Jean-Jacques Urvoas, deputado francês responsável pela investigação parlamentar ... (etc.)

"Big Brother is listening to you!"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-10-31 | Jornal Público
TEXTO: Biliões de comunicações intercetadas, via telefone, correio eletrónico, redes sociais (Facebook, Twitter, ), registo de todas as buscas feitas na Internet. A caixa de Pandora que o fugitivo Edward Snowden abriu não se fecha: hoje sabemos que a agência norteamericana NSA espiou - espia! - pelo menos 35 líderes mundiais (até agora só duas o assumiram: Dilma e Merkel), incluídos os seus mais diretos aliados, as comunicações de centenas de milhões de pessoas, aliados e inimigos, europeus, asiáticos, africanos, americanos. Nas palavras de Jean-Jacques Urvoas, deputado francês responsável pela investigação parlamentar do caso, "os Estados Unidos não têm aliados, mas apenas alvos ou vassalos" (Le Monde, 21. 10. 2013). Uma World Wide Web toda ela ingerida, vigiada, intercetada, contaminada por estratégias de policialização e militarização. Do "Big Brother is watching you" do 1984 de George Orwell, passámos a "o BB ouve o que dizes, compila dados sobre ti, conhece tudo de ti. . . " Como bem recorda Jérémie Zimmermann, "se formos um utilizador-padrão do Google, este sabe com quem nos comunicamos, quem conhecemos, o que investigamos, pode saber das nossas preferências sexuais, religião, crenças filosóficas" (in J. Assange e outros, Cypherpunks: Liberdade e o Futuro da Internet, S. Paulo: Boitempo, 2013). O Big Brother que Orwell encontrou num Estado obsessivo e paranóico não tem por que ser sempre o Estado, muito pelo contrário: "a fronteira entre governo e grupos económicos privados dissolveu-se. (. ) A NSA, que era a maior agência de espionagem do mundo, trabalhava com dez grandes empresas há dez anos", a quem pedia e vendia dados. "Há dois anos, com mais de mil" (Julian Assange, Cypherpunks. . . ). Poder político e poder económico entram na intimidade profissional, cívica, sexual, moral, de jornalistas e ativistas políticos e sociais, de empresários e sindicalistas, de cidadãos comuns cujas ações é preciso antever, dirigir, manipular. Bem pode o diretor da NSA, o general Alexander, papaguear aquilo que puseram Obama a dizer, candidamente, há um mês: tratar-se-ia de "informação que nós e os nossos aliados obtivemos conjuntamente para a proteção dos nossos países e em apoio das nossas operações militares" (El País, 29. 10. 2013). Tretas! Escutam-se islamistas tanto quanto se escuta Merkel ou Dilma; tanto se controla movimentos sociais e partidos políticos, como se faz espionagem industrial/económica; espia-se dirigentes políticos para prever as suas decisões ou para chantageá-los. E é provável que a NSA, com grande cinismo, tenha razão: fazem-no eles como o faz qualquer serviço de informações em todo o mundo (não soubemos de tantos casos em Portugal?), a coberto de nenhuma legalidade (tudo isto é proibido pelo Direito Internacional e em praticamente todas as legislações nacionais) mas invocando razões de segurança, tão típicas do pós-11 de setembro, deste sinistro início de século, quanto o foram dos anos 1930. . . A diferença é que, hoje, Estado e capital dispõem de instrumentos e de tecnologia com que Goebbels e Hitler jamais sonharam!Assange, outro protagonista desta discussão - e que, como Snowden, está a pagar caro o caminho sem regresso que tomou -, ele próprio produto desta nova era histórica que a Internet está a abrir, diz que "o mundo não está a deslizar lentamente, mas, pelo contrário, galopa na direção de uma nova distopia transnacional. Este processo ainda não foi corretamente percecionado fora da comunidade dos serviços de informação. O segredo, a complexidade e a escala dele esconde-o. A Internet, o nosso maior instrumento de emancipação, foi transformada no mais perigoso facilitador de totalitarismo que vimos até agora. (. ) Em poucos anos a civilização global será uma distopia de vigilância pósmoderna, da qual poderão escapar apenas os mais bem equipados" para lhe resistirem. "De facto, esse pode ser já o nosso tempo" (Assange, Cypherpunks. . . ). Quanto mais tempo deixaremos passar até repensarmos todas as nossas conceções, hoje tornadas ingénuas e patéticas, sobre o que é a democracia, que à maioria de nós se disse ser o que corresponde ao sistema político e social em que vivemos, sobretudo quando gerido por ocidentais, (quase todos) brancos e mercadófilos, apesar de ir acumulando razões para perceber que dos seus pilares pouco resta? 70 anos a fazer do elogio da democracia americana a base para o combate ao totalitarismo (o soviético, o chinês, o cubano), a tudo aquilo que cheirasse a Revolução, a Estado ou a propriedade socializada, em nome de uma primazia do indivíduo (vê-se. . . ) - e quando é que os neoliberais e neoconservadores deste mundo nos explicam como é que o Big Brother do Orwell, afinal, já não tem o vulto de Estaline mas de Bush ou de Obama?, e não atua em nome de uma ideologia descrita como coletivista mas sim de um banal securitarismo do Pentágono e da galáxia de agências e empresas que fazem dos EUA a maior potência militar e económica do planeta? Que nome tem o sistema que vigora no país da hipervigilância e dos drones não pilotados, em que se prende e tortura suspeitos de tudo e de nada sem acusação formada e se os encerra indefinidamente num território (Guantánamo) onde se não aplica sequer a lei norteamericana?Historiador. Escreve quinzenalmente à quinta-feira
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Entidades EUA
Romances finalistas do Man Booker Prize vão estar disponíveis de forma gratuita na internet
Todos os romances finalistas do Man Booker Prize, o galardão literário mais conhecido do Reino Unido, estarão em breve disponíveis gratuitamente na Internet, anunciou o presidente da fundação que atribui o prémio, Jonathan Taylor. Para concretizar o projecto estão a decorrer negociações com o British Council, organismo para a promoção da cultura britânica no exterior, e as editoras dos autores envolvidos, que já estão em fase avançada, segundo o responsável. A ideia é digitalizar os romances finalistas para que possam ter acesso a eles através da Internet sobretudo leitores de países asiáticos e africanos. Segund... (etc.)

Romances finalistas do Man Booker Prize vão estar disponíveis de forma gratuita na internet
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.4
DATA: 2007-10-21 | Jornal Público
TEXTO: Todos os romances finalistas do Man Booker Prize, o galardão literário mais conhecido do Reino Unido, estarão em breve disponíveis gratuitamente na Internet, anunciou o presidente da fundação que atribui o prémio, Jonathan Taylor. Para concretizar o projecto estão a decorrer negociações com o British Council, organismo para a promoção da cultura britânica no exterior, e as editoras dos autores envolvidos, que já estão em fase avançada, segundo o responsável. A ideia é digitalizar os romances finalistas para que possam ter acesso a eles através da Internet sobretudo leitores de países asiáticos e africanos. Segundo o diário britânico The Times, pensa-se que os eventuais "downloads" dos livros da Internet não terão um grande impacto nas vendas e que é possível que se algum dos textos agradar aos utilizadores da Internet, estes decidam comprar o volume impresso. Na opinião de Robin Robertson, director-adjunto da editora Jonathan Cape, o projecto tem algumas semelhanças com a última experiência da banda britânica Radiohead, que ofereceu aos seus fãs a possibilidade de descarregar da Internet o seu mais recente álbum, "Rainbows", por uma quantia deixada ao critério de cada um. A maioria dos que aproveitaram a oportunidade pagou o equivalente a seis euros pelo "download", apesar de haver quem diga que pagou dez vezes mais. Do último prémio Man Booker, anunciado terça-feira, o romance "The Gathering", da romancista irlandesa Anne Enright, venderam-se menos de 4. 000 exemplares, de acordo com um estudo da Nielsen Bookscan, apesar de a editora ter divulgado um número muito mais elevado: 30 mil exemplares, incluindo as vendas na Europa. O facto de ter ganho o Man Booker Prize pode multiplicar por quatro as vendas da obra premiada.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura estudo
Afinal, o Nobel James Watson tem genes negros
Afinal, a análise dos A-T-C-G de James Watson, as quatro letras do alfabeto genético com que se constrói a molécula de ADN de todos os seres vivos, revela que 16 por cento dos genes do cientista norte-americano são de origem negra, um valor 16 vezes acima da média dos europeus brancos. Um desfecho irónico, depois da polémica em que Watson esteve envolvido em Outubro, por ter afirmado a um jornal britânico que os negros são menos inteligentes do que os brancos. Watson tinha dado uma amostra de sangue para que a empresa 454 Life Sciences e o Centro de Sequenciação do Genoma Humano, ambos nos EUA, pudessem descodifi... (etc.)

Afinal, o Nobel James Watson tem genes negros
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento -0.16
DATA: 2007-12-13 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20071213035024/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1313433
TEXTO: Afinal, a análise dos A-T-C-G de James Watson, as quatro letras do alfabeto genético com que se constrói a molécula de ADN de todos os seres vivos, revela que 16 por cento dos genes do cientista norte-americano são de origem negra, um valor 16 vezes acima da média dos europeus brancos. Um desfecho irónico, depois da polémica em que Watson esteve envolvido em Outubro, por ter afirmado a um jornal britânico que os negros são menos inteligentes do que os brancos. Watson tinha dado uma amostra de sangue para que a empresa 454 Life Sciences e o Centro de Sequenciação do Genoma Humano, ambos nos EUA, pudessem descodificar-lhe a sequência do ADN. Cada um de nós possui a sua própria sequência dos 3000 milhões de pares de letras com que se constrói um ser humano. Em Maio deste ano, Watson, um dos premiados com o Nobel da Medicina de 1962, por ter descoberto a estrutura da molécula de ADN, recebeu a sua sequência de A-T-C-G e, tal como tinha prometido, tornou públicos os dados, na Internet. A partir daí, outra empresa, a DeCODE Genetics, da Islândia, avançou para a análise dos genes do cientista. Esse estudo mostrou que terá herdado 16 por cento dos genes de um antepassado africano, enquanto a maioria dos europeus brancos não tem mais de um por cento de tais genes, relatam os jornais britânicos The Independent e The Sunday Times. "Este valor é o que se esperaria para quem tem um bisavô africano", disse Kari Stefansson, líder da DeCODE, citado nestes jornais. "Foi muito surpreendente. "A análise do genoma de Watson revelou ainda que outros nove por cento dos seus genes serão oriundos de um antepassado asiático. Fez-se também uma lista das doenças a que o cientista é mais susceptível, como a diabetes de tipo 2, esclerose múltipla, artrite reumatóide ou obesidade. Pelos seus comentários racistas, Watson recebeu uma chuva de críticas. Mesmo os cientistas a trabalhar em Biologia Molecular distanciaram--se das suas afirmações, dizendo que não existe qualquer ligação entre os genes envolvidos na cor da pele e os relacionados com as funções intelectuais e que nem se conhecem as bases genéticas da inteligência. A polémica levou o cientista, de 79 anos, a pedir desculpa, mas o desfecho, ainda em Outubro, foi a sua a demissão do conselho de administração do Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, onde trabalhou mais de 40 anos.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Há novas regras para tentar salvar o mamífero mais traficado do mundo
O comércio de pangolins, cujas escamas são usadas na medicina tradicional chinesa, foi banido e foram aprovadas medidas coercivas para caçadores e traficantes. (...)

Há novas regras para tentar salvar o mamífero mais traficado do mundo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 5 Animais Pontuação: 7 | Sentimento 0.318
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: O comércio de pangolins, cujas escamas são usadas na medicina tradicional chinesa, foi banido e foram aprovadas medidas coercivas para caçadores e traficantes.
TEXTO: Estão longe de ser o animal mais bonito do mundo, mas diz-se que é, de longe, o mamífero mais traficado de todos. Os pangolins são um animal nocturno, com o corpo coberto de escamas, que se alimenta de formigas e vive em regiões tropicais em África e na Ásia. Além de a sua carne ser considerada uma iguaria em certas regiões da China, as escamas também são um ingrediente muito procurado na medicina tradicional chinesa. Isso ajuda a perceber porque é que estão à beira de desaparecer na China e porque é que são os alvos privilegiados de caçadores furtivos nas florestas da Indonésia e do Vietname. Apesar de serem um animal pouco conhecido, estima-se que os pangolins representem 20% de todo o tráfico ilegal de espécies selvagens e que na última década mais de um milhão tenha sido capturado, escreve a BBC. Entre Janeiro e Setembro deste ano, as autoridades capturaram mais de 18 mil toneladas de escamas destes animais ameaçados de extinção em cerca de 19 países, de acordo com um estudo do grupo de conservação da natureza Annamiticus. A maioria destas escamas era proveniente de animais africanos, oriundos dos Camarões, da Nigéria e do Gana. Segundo o especialistas, por cada quilograma de escamas é preciso matar três ou quatro animais. O facto de a procura por pangolins continuar a crescer levou a que recentemente a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (organização que junta governos de todo o mundo e é conhecida como CITES) tenha, no seu último encontro, em Joanesburgo, votado a proibição total do comércio de qualquer uma das oito espécies conhecidas (quatro vivem na Ásia e outras quatro em África). Além disso, a CITES aprovou uma série de medidas coercivas que os seus membros devem por em acção para combater o tráfico ilegal destes animais. Segundo dados publicados pelo Worldwatch Institute, a enorme procura por parte da China já levou ao “grande declínio” nas populações de pangolins de países como o Camboja, Vietname e Laos. Actualmente, são os pangolins provenientes da Indonésia e da Malásia que abastecem grande parte da procura, além daqueles que vêm de África. Ainda que a China seja membro da CITES, o país permite o consumo de pangolins, nomeadamente as escamas, por respeito às tradições médicas chinesas, lembra o Worldwatch Institute. E, por outro lado, embora vários países tenham proibido a caça furtiva e o comércio internacional instituindo penas pesadas, a verdade é que a sua eficácia é reduzida porque são poucos os que têm os meios humanos e financeiros necessários para uma fiscalização activa, nota a organização. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Foi em 2013 que um acidente de barco expôs, por acaso, a crua realidade do tráfico desta espécie ameaçada. Quando um barco de pesca chinês embateu contra um recife de coral ao largo das Filipinas e as autoridades subiram a bordo para o examinar, descobriram mais de 2000 pangolins mortos e acondicionados em 400 caixas. Foi precisamente um trabalho sobre a captura ilegal de pangolins que deu ao fotógrafo Paul Hilton o prémio Wildlife Photographer of the Year. O fotojornalista de Hong Kong chamou-lhe The pangolin pit (a fossa de pinguins). Nessa imagem, captada em Sumatra (Indonésia), podem ver-se os cadáveres de cerca de quatro mil pangolins, enrolados (tal como o ouriço-cacheiro, enrolam-se quando se sentem ameaçados), em processo de descongelação, momentos antes de serem incinerados pelas autoridades indonésias. Esta foi uma das maiores apreensões de pangolins de que há registo – cerca de cinco mil toneladas, segundo a BBC Earth. Além disso, foram encontrados 96 animais vivos devido ao seu tamanho. Explica a BBC que são alimentados à força, para crescerem e poderem ser vendidos por um preço melhor. "Os crimes contra as espécies selvagens são um grande negócio, mas só vão acabar, quando acabar a procura”, diz Hilton.
REFERÊNCIAS:
China envia soldados para a sua primeira base militar no estrangeiro
Base no Djibuti é a primeira presença militar permanente chinesa no mundo em seis décadas. Pequim diz tratar-se apenas de uma instalação de cariz logístico. (...)

China envia soldados para a sua primeira base militar no estrangeiro
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento -0.21
DATA: 2018-08-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Base no Djibuti é a primeira presença militar permanente chinesa no mundo em seis décadas. Pequim diz tratar-se apenas de uma instalação de cariz logístico.
TEXTO: A China começou a enviar esta quarta-feira os primeiros soldados para o Djibuti, no Corno de África, para iniciar a instalação daquela que será a primeira base militar chinesa permanente no estrangeiro desde o final da Guerra da Coreia. A construção da base foi anunciada no ano passado pelo Governo de Pequim, depois de meses de especulação. A decisão é vista como um dos mais relevantes passos dados pelo Presidente, Xi Jinping, no seu objectivo de intensificar o papel da China como uma superpotência geopolítica – depois do ter atingido esse estatuto na economia. A política externa tradicional chinesa nas últimas décadas privilegiava a “não-intervenção” nos assuntos internos de outros Estados. Nos últimos anos, no entanto, a China tem assumido uma maior centralidade em áreas que anteriormente ignorava. Desde 2008 que a Marinha chinesa participa em missões anti-pirataria no Golfo de Adem, por exemplo, e mais recentemente tem realizado manobras conjuntas com a Rússia no Mar Mediterrâneo. Porém, o Governo chinês tem desvalorizado a construção da base no Djibuti, dizendo que será sobretudo uma instalação com fins logísticos para servir como apoio a missões anti-pirataria e para assegurar a segurança do trabalho humanitário na região, de acordo com a agência estatal Nova China. O “objectivo fundamental do desenvolvimento do poder militar chinês é garantir a ‘segurança da China’, e não se trata de procurar controlar o mundo”, defendeu, num editorial, o site de notícias Global Times, próximo do Partido Comunista Chinês. Não foram dadas informações acerca do número de soldados do Exército de Libertação do Povo que zarparam do porto de Zhanjiang, no Sul da China, nem sobre a data provável de início das actividades na base africana, cujo aluguer irá custar 20 milhões de dólares (17, 5 milhões de euros) por ano, segundo a Economist. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Apesar da sua reduzida dimensão, o Djibuti (com cerca de 800 mil habitantes e com uma área inferior à do Alentejo) ocupa uma posição de grande importância estratégica. Para além da base chinesa, também os EUA, a França e o Japão dispõem de instalações militares no país, onde também há presença regular de missões anti-pirataria da União Europeia. A sua relativa estabilidade política – apesar de o Presidente, Ismail Omar Guelleh, permanecer no poder desde 1999 e ter esmagado protestos da oposição em 2011 – é vista como um oásis numa região assolada pelo terrorismo e pela pirataria. À medida que se consolida como uma superpotência económica, a China tem adoptado igualmente um papel mais central na geopolítica mundial. A intervenção externa é um tabu em Pequim, que prefere abordagens mais pragmáticas. Mas esse paradigma parece estar a mudar. “Pequim tem seguido um caminho intermédio, mantendo o princípio geral de não-interferência enquanto estica a sua interpretação e testa várias formas de o aplicar”, conclui um relatório recente do International Crisis Group, centrado no papel da China no conflito no Sudão do Sul, onde há 750 “capacetes azuis” chineses integrados na missão da ONU. Ao contrário de intervenções tradicionais, como as dos EUA no Médio Oriente, a China parece não ter o objectivo de “exportar” modelos políticos, mas sim proteger os seus interesses nos países em questão, observam os autores do estudo. África parece ser um dos palcos onde esta face da política externa chinesa mais se faz sentir, uma vez que os interesses económicos das multinacionais estatais se multiplicam todos os anos. Em 2015, o Presidente chinês prometeu investimentos no valor de 60 mil milhões de dólares em infraestruturas no continente africano, sobretudo na área dos transportes e energia.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
EDP e BCP foram as conquistas de Hu Jintao
Os chineses chegaram de bolsos recheados e, dizia-se, prontos para comprarem a dívida pública portuguesa, tal como tinham feito na Grécia e em Espanha. Quanto à dívida, os rumores não se concretizaram, pelo menos oficialmente. Em compensação, a China aproveitou a visita oficial do Presidente, Hu Jintao, a Portugal para diversificar os seus investimentos e prometeu ajudar a economia nacional a sair da crise. A EDP e o BCP foram os principais alvos e, em breve, poderão passar a ter os chineses como seus accionistas. (...)

EDP e BCP foram as conquistas de Hu Jintao
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DATA: 2010-11-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os chineses chegaram de bolsos recheados e, dizia-se, prontos para comprarem a dívida pública portuguesa, tal como tinham feito na Grécia e em Espanha. Quanto à dívida, os rumores não se concretizaram, pelo menos oficialmente. Em compensação, a China aproveitou a visita oficial do Presidente, Hu Jintao, a Portugal para diversificar os seus investimentos e prometeu ajudar a economia nacional a sair da crise. A EDP e o BCP foram os principais alvos e, em breve, poderão passar a ter os chineses como seus accionistas.
TEXTO: Ontem, no segundo e último dia da visita de Hu Jintao, a EDP anunciou que a China Power International (CPI), uma das principais empresas de energia chinesas, controlada pelo Estado, está interessada em ser seu accionista de referência. A compra de capital seria feita no mercado e teria de ser superior a dois por cento. As duas empresas assinaram ainda um acordo de cooperação para projectos na Ásia, África, Europa e Brasil. Esse acordo estender-se-ia também à Companhia de Electricidade de Macau, que acaba de conseguir a renovação do contrato de concessão para o transporte, distribuição e comercialização de electricidade no território de Macau, pelo prazo de 15 anos. À EDP junta-se o BCP, que, tal como o PÚBLICO noticiou no sábado, está em contactos com o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) para a compra de uma participação por parte do maior banco chinês no capital do grupo liderado por Santos Ferreira. Ontem, o BCP e o ICBC deram o primeiro passo, ao assinar um memorando de entendimento com vista a identificar áreas de negócio para uma futura cooperação, que se estende a Macau, Angola e Moçambique. A isso juntam-se mais de uma dezena de acordos, que envolvem outros dois grupos de peso - o BPI e a PT. No último dia da visita de Hu Jintao, que foi acompanhada de mais de 30 entidades e empresas chinesas, o primeiro-ministro, José Sócrates, agradeceu a presença do Presidente chinês e o seu empenho para que as relações comerciais entre Portugal e China dupliquem até 2015. Nos primeiros nove meses do ano, o comércio entre os dois países cresceu 40, 7 por cento, atingindo 2, 4 mil milhões de dólares (1, 7 mil milhões de euros). Já Hu Jintao fez uma das declarações mais fortes das suas últimas visitas oficiais, ao dizer que o seu país "está disposto a tomar medidas concretas para ajudar Portugal a superar a crise financeira mundial". A compra de dívida pública poderá ser uma delas. Antes da visita, o secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina, disse ao Financial Times que não seria surpreendente se os investidores chineses quisessem comprar dívida. No entanto, nada chegou realmente a passar para o papel ou para os discursos oficiais. O Presidente chinês garantiu ainda que iria encorajar as empresas chinesas a investir em Portugal, mas que queria também que os grupos portugueses vendessem produtos na segunda maior economia mundial, que está a deixar de ser só a "fábrica do mundo" para se tornar também um consumidor de peso. A estratégia chinesaDepois de ter apostado em força no continente africano para assegurar um fluxo regular de matérias-primas, a China aproveitou a crise económica e financeira mundial para se lançar em investimentos em empresas estrangeiras. "Como a China é o centro de produção do mundo e, portanto, tudo o que exporta recebe em divisas estrangeiras, acumulou reservas monetárias gigantescas", refere Virgínia Trigo, professor do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). A investigadora, que é especialista em cultura económica chinesa, explica que, inicialmente, a segunda maior economia mundial aplicou as suas reservas nos EUA e nos países limítrofes, mas, com a crise, rapidamente percebeu que tinha necessidade de diversificar os seus investimentos para diminuir os riscos de exposição. Além de estar a investir directamente em empresas, a China tem apostado no desenvolvimento de infra-estruturas de distribuição comercial na Europa. O ponto de partida para esta expansão têm sido os países a braços com dificuldades orçamentais, como a Grécia ou a Itália, que são "compensados" com a compra de dívida pública. Esta ajuda reforça a posição da China na Europa e pode inclusive servir como factor de influência política, numa altura em que o Governo chinês enfrenta crescentes pressões por parte dos EUA para valorizar a sua moeda.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
China: a fábrica do mundo também quer ter carro e casa própria
Acontecimentos como a greve na Honda e a vaga de suicídios na Foxconn estão a mostrar as dores de crescimento no império asiático. (...)

China: a fábrica do mundo também quer ter carro e casa própria
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 5 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-06-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Acontecimentos como a greve na Honda e a vaga de suicídios na Foxconn estão a mostrar as dores de crescimento no império asiático.
TEXTO: Dez horas de turno são suficientes para fazer sair das linhas de produção quatro mil computadores Dell. Dez horas diárias de trabalho, quase todas de pé. No final do mês o salário não vai muito além dos 900 yuan, cerca de 107 euros. Do complexo industrial da Foxconn em Shenzhen, China, saem milhares de produtos que andam nas mãos dos consumidores de todo o mundo nos seus iPhones, iPods, telemóveis Nokia e computadores HP, Dell e Intel. Mas desde o início do ano, 12 trabalhadores tentaram acabar com a própria vida, dez acabaram por morrer. A fábrica do mundo está a sucumbir à pressão da competitividade. E saltou para as páginas dos jornais por razões pouco habituais. Depois do caso da Foxconn, empresa de Taiwan que há muito tem sido denunciada pela China Labor Watch, 1900 trabalhadores da japonesa Honda, em Foshan, cansaram-se das 12 horas de trabalho diárias, seis dias por semana a ganhar 1500 yuans (179 euros). Estão em greve desde 17 de Maio e o protesto interrompeu a produção de todas as quatro fábricas da Honda na China, incluindo as que são geridas com parceiros locais. Ainda que por razões diferentes, os dois acontecimentos mostram que a emergente economia chinesa está a caminhar, à sua velocidade, para se tornar num país desenvolvido. As condições de trabalho oferecidas pelo maior exportador do mundo não conseguem responder aos anseios do Governo chinês de aumentar o consumo doméstico (e assim sustentar o seu crescimento futuro), e as novas gerações não estão dispostas a trabalhar duramente a vida inteira sem nada em troca. A nova classe média já ultrapassa os 100 milhões de habitantes. Crescem hábitos de consumo e centros comerciais, dispara o preço do imobiliário (ver texto) e a inflação. A China já não quer ser só, e apenas, o país do baixo custo, apetecível para as multinacionais ocidentais. Quer comprar uma casa e ter um carro. Em suma, os trabalhadores anseiam ser remunerados justamente pelo papel que desempenham nesta poderosa máquina produtiva e exportadora. Desigualdade socialMas a desigualdade social que está a crescer entre arranha-céus e bairros de barracas preocupa cada vez mais o Governo chinês e a opinião pública. As dores de crescimento estão agora a dar de si. "Há um sinal de várias mudanças. A onda de suicídios na Foxconn, que emprega 800 mil pessoas, já é publicitada pelo Governo desde há um ano. Os jornais oficiais, como o China Daily, surgem com uma linguagem mais aberta e a expor o problema. Há uma intenção do Governo chinês em expor esta situação. O fosso entre ricos e pobres é cada vez maior e pode vir a prejudicar a paz social na China", observa Virgínia Trigo, investigadora do ISCTE e especialista em cultura económica chinesa. A esperada distribuição de riqueza, diz, não está a chegar a todos e a impaciência cresce. Eventos como os Jogos Olímpicos, em Pequim, ou a Expo Xangai mostram um país moderno, e a construção destas e de outras infra-estruturas "é um dos seus tripés de crescimento sustentável", analisa Gustavo Welcker, consultor da Win Mate International, empresa que facilita negócios na China. Para além da construção em massa, o país assenta o seu desenvolvimento nas exportações e na classe média em emergência. "Estamos a assistir à chegada de camponeses que ainda não estão no mercado e se incorporam no consumo", acrescenta. Associados, estes três factores contribuem para o crescimento de oito por cento ao ano da economia e dão estabilidade ao país mais populoso do mundo. É esta nova geração que está a empurrar a mudança. São muitos os jovens que trabalham na Foxconn, com idades entre os 19 e os 25 anos, que vieram do interior da China para trabalhar "num regime militarizado", aponta Virgínia Trigo. Não se integram, vivem numa rotina de "cama quente", trabalhando longas horas e dormindo em quartos partilhados por beliches sem comunicarem com o vizinho do lado. "Todos os dias repito o que fiz ontem. Gritam connosco o tempo todo. A vida é dura aqui", desabafou à Bloomberg um trabalhador da Foxconn, de unhas negras de sujidade. É proibido falar nas linhas de produção e os intervalos de dez minutos para ir à casa de banho só são permitidos em cada duas horas. "É curioso que esta empresa chegou a estar entre as Melhores para Trabalhar na China", lembra Virgínia Trigo. Na Honda, as características dos trabalhadores são diferentes e espelham outra tendência geracional. "Há muitos estagiários, de 19 anos, contratados pela empresa. É uma nova geração de chineses que não está disposta a suportar a diferença salarial que os seus pais suportavam", aponta. Os jovens trabalhadores do segundo maior fabricante de automóveis do Japão saíram à rua por causa dos ordenados. Não há intenções políticas por detrás. Bastam 800 yuan para a greve terminar. Aumentos indispensáveisPelo menos em público, a Honda ainda não arriscou fazer estimativas do custo da greve, mas serão centenas os modelos Accord e Civic que ficaram por produzir. Propôs um aumento salarial de 24 por cento, passo que Gustavo Welcker considera inevitável não só no construtor como noutras multinacionais. "Sem dúvida que vamos assistir a um aumento progressivo dos ordenados. Veremos como será a evolução da moeda, mas a China já se está a preparar para produzir em outsourcing daqui a duas décadas. É clara a sua influência em África e o cruzamento com empresários e bancos africanos. Conhecemos poucas marcas mundiais chinesas e podem testá-las nesta região antes de as lançar no mercado global. África será a fonte de mão-de-obra barata", antecipa. Ao sair da pele de uma economia emergente, de produção low-cost e eficiente, e oferecer salários mais justos, a China fará aumentar os preços dos bens em todo o mundo, dos brinquedos da Mattel à moda de Tommy Hilfiger. Caminha para o desenvolvimento - um processo natural, "mas à maneira chinesa", lembra Virgínia Trigo. O próprio papel dos sindicatos está a ser questionado internamente. Ao New York Times, Zheng Qiao, do Instituto das Relações Industriais, disse que a paralisação na Honda é um "desenvolvimento significativo na história das relações laborais da China". Um protesto deste nível "vai forçar o sistema actual de sindicatos a mudar e a adaptar-se à economia de mercado". Contudo, a investigadora do ISCTE lembra que o conceito de sindicatos chineses não é igual ao do Ocidente. A sua função é "harmonizar a vontade patronal com a dos trabalhadores". Organizam festas e visitam os colaboradores quando estão doentes. A sede em Pequim da Organização Mundial do Trabalho diz que o número de greves está a crescer, apesar de não existirem dados oficiais. E a juntar a todas as mudanças que chegam aos jornais a conta-gotas, há ainda a relatar a falta de mão-de-obra. Mais de 90 por cento das empresas instaladas no delta do rio das Pérolas - uma das mais importantes zonas industriais que engloba Hong Kong, Macau e parte da província de Guangdong - precisam de cerca de dois milhões de trabalhadores, refere a Bloomberg. Mais um ponto a favor da população activa neste lento jogo negocial por melhores condições laborais. Imobiliário em risco de rebentarA explosão da construção imobiliária nos grandes centros urbanos que acompanhou o crescimento da economia é agora a principal preocupação de economistas e responsáveis políticos quando se discute a sustentabilidade do modelo económico chinês. Embora os dados estatísticos disponíveis sejam reduzidos e pouco fiáveis, não existem dúvidas em relação à velocidade a que os preços das casas na China - principalmente nas grandes cidades - têm vindo a crescer. E se é verdade que existem razões para que os preços subam - como a migração em massa das zonas rurais para as cidades e a subida do poder de compra de uma parte significativa da população -, também parece claro que a valorização dos imóveis está neste momento a ultrapassar em muito aquilo que seria razoável. De tal modo que já são as próprias autoridades chinesas a admitir que se está a criar uma perigosa bolha especulativa no mercado imobiliário. Esta semana, foram tomadas por Pequim uma série de medidas, incluindo a reforma do sistema de impostos sobre o património, que têm como objectivo limitar o crescimento dos preços das casas. E, de uma forma surpreendentemente aberta, um dos membros do comité de política monetária do banco central chinês assumiu, numa entrevista dada no dia da apresentação da nova legislação, que o mercado imobiliário representa actualmente um sério risco económico e social para o país. "O problema do mercado imobiliário na China é agora muito mais fundamental e muito maior do que o problema do mercado imobiliário nos EUA e no Reino Unido antes da crise financeira", disse Li Daokui, citado pelo Financial Times. Este responsável assinala que não se trata apenas de ter uma bolha a formar-se que pode rebentar e inviabilizar a continuação do crescimento económicos. O problema na China é que, mais do que nos países ocidentais, a subida de preços é também um problema social, já que uma população com rendimentos ainda baixos, mas à procura de outras condições de vida, sofre bastante a cada subida de preços das casas. O mais provável é, por isso, que o arrefecimento do mercado imobiliário continue a ser, nos próximos meses, um dos principais objectivos das autoridades chinesas, mesmo que isso represente também um abrandamento do ritmo de crescimento da economia. Se tal acontecer, será certamente melhor do que um colapso repentino e doloroso do sector da construção ou, para as autoridades, o surgimento de um clima de insatisfação social e política. Sérgio Aníbal
REFERÊNCIAS:
“Crime já cá estava antes do Mundial e estará no Mundial”
“O crime já cá estava antes do Mundial e estará no Mundial”. Foi esta a reacção do brigadeiro Mariemuthoo, porta-voz da polícia na província de Gauteng, em conferência de imprensa, ao ser confrontado com a notícia de que três jornalistas chineses foram roubados em Joanesburgo, no mesmo dia em que dois jornalistas portugueses e um espanhol foram assaltados nos quartos do “lodge” onde estavam alojados em Magaliesburg. (...)

“Crime já cá estava antes do Mundial e estará no Mundial”
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-06-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: “O crime já cá estava antes do Mundial e estará no Mundial”. Foi esta a reacção do brigadeiro Mariemuthoo, porta-voz da polícia na província de Gauteng, em conferência de imprensa, ao ser confrontado com a notícia de que três jornalistas chineses foram roubados em Joanesburgo, no mesmo dia em que dois jornalistas portugueses e um espanhol foram assaltados nos quartos do “lodge” onde estavam alojados em Magaliesburg.
TEXTO: O porta-voz da polícia assegurou que foi e está a ser feito um reforço do policiamento na área de Magaliesburg, onde estão alojados a selecção portuguesa e os jornalistas que acompanham a equipa. A polícia sul-africana anunciou ainda a detenção de alguns suspeitos ao assalto de ontem a três jornalistas, dois portugueses e um espanhol, no Nutbush Lodge, nos arredores de Magaliesburg. A revelação, no entanto, chegou com algumas contradições: o porta-voz da polícia da província de Gauteng anunciou a detenção de quatro pessoas, enquanto um comunicado do chefe da polícia fala em três. “Em 24 horas, quatro suspeitos foram detidos e encontrámos vários dos objectos roubados”, afirmou Mariemuthoo, numa conferência de imprensa na escola de Bekker, onde a selecção portuguesa realiza os treinos. Jornalistas não foram contactadosOs jornalistas assaltados, no entanto, ainda não foram chamados para identificar os suspeitos, nem para recolher o material que foi recuperado. A polícia admitiu ainda que mais suspeitos possam vir a ser detidos. O porta-voz da polícia recusou dar pormenores sobre os homens detidos - apenas que têm entre “30 e 40 anos” - e sobre os locais em que foi recuperado o material roubado, limitando-se a dizer que foi recuperado equipamento em Magaliesburg e numa área circundante de 200 quilómetros. Mariemuthoo recusou ainda avaliar o nível de segurança dos turismos rurais em que os jornalistas estão alojados ou afirmar se estes devem, ou não, mudar-se para outro local.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens escola assalto