Brasil: as feridas ainda abertas de uma potência em ascensão
A violência urbana, a infra-estrutura arcaica, os danos de um sistema político clientelar ou a dependência das matérias-primas são o lado B do Brasil. (...)

Brasil: as feridas ainda abertas de uma potência em ascensão
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: A violência urbana, a infra-estrutura arcaica, os danos de um sistema político clientelar ou a dependência das matérias-primas são o lado B do Brasil.
TEXTO: Quando Luís Inácio Lula da Silva iniciou a corrida que o levaria ao Palácio do Planalto, o risco-país do Brasil prenunciava o corte do crédito internacional e uma nova ofensiva do FMI para meter as contas do Estado em ordem. Este ano, o Brasil emprestou 14 mil milhões de euros à instituição. Em 2001, ano de eleição de Lula, as taxas de juro situavam-se nos 45 por cento. No final do ano passado, estavam nos 8, 75 por cento. Se a estas façanhas juntarmos o facto de dez milhões de brasileiros terem saído da pobreza para engrossar a fileira da classe média, a revolução agrária que colocou o país no topo da produção mundial de bens alimentares ou a conquista iminente do quarto lugar da indústria automóvel (à frente da Alemanha. . . ), pode, com justiça, afirmar-se que a profecia feita em 1941 Stefan Zweig se cumpriu: o Brasil não é o país do futuro, é já uma potência do presente. E Lula da Silva, um operário metalúrgico que, há uma década, era tido como um líder da esquerda terceiro-mundista, aparece agora como obreiro de um milagre. O seu lugar na galeria dos heróis nacionais está já garantido ao lado de Juscelino Kubitschek, o presidente que lançou a industrialização e criou Brasília (e que também deixou um rasto de dívida pública que estaria na origem da ditadura militar e da inflação descontrolada). Há, no entanto, em todo este cenário festivo, zonas cinzentas que levam muitos a amenizar a euforia. Uma espécie de "sim, mas" que aponta para as fragilidades de uma potência com pés de barro. O relatório global de competitividade do World Economic Forum, que é um guia imprescindível para os investidores internacionais, espelha bem essa condição, ao colocar o Brasil no segundo patamar do desenvolvimento económico, ao lado de países como a Turquia, a China ou Cabo Verde (Portugal integra o pelotão das economias avançadas que dependem da inovação). O Brasil, que é considerado aí a 58. ª economia mais competitiva do mundo (Portugal está na 46. ª posição), peca por ter níveis de educação débeis, uma infra-estrutura pouco desenvolvida e, principalmente, pela má qualidade das suas instituições (93. º lugar mundial) e pela pesada burocracia, que trava a eficiência dos mercados. A avaliação deste componente aponta directamente para o sistema político e o sistema eleitoral, que desde 1991 foi alvo de 283 propostas de reforma sem grande sucesso. O principal flanco dos que propõem mudanças de fundo relaciona-se com as listas abertas para deputados, nas quais os eleitos são os donos dos seus mandatos e não respondem a qualquer regra de disciplina partidária. Com esta liberdade de acção, os deputados podem mudar de partido, desde que conservem a sua base eleitoral de apoio, de programa. O escândalo do "mensalão" é produto desta liberdade, que levou vários deputados a apoiar os projectos do Governo em troca de subornos. Casos como estes abundam no Congresso e em toda a máquina pública federal e local. Francisco Wellfort, sociólogo que fundou o PT e foi ministro do Governo de Fernando Henrique Cardoso, calculou que a "bancada do crime", composta por eleitos com antecedentes criminais em partidos "nanicos" (de fachada), chegou a representar dez por cento dos 513 depurados federais. Esta falta de transparência na política corrói não apenas as estruturas de deliberação e decisão política como toda a cadeia administrativa. Investidores internacionais queixam-se de que o ambiente para os negócios é mau e o relatório do Banco Mundial Doing Business comprova-o: o Brasil está no lugar 129 numa lista de 183 países. Para os autores do relatório, fazer negócios no Brasil é mais difícil do que na Nigéria. Ao nível da corrupção, medida pela Transparency International, o Brasil está ao lado da Colômbia, do Peru ou do Suriname. O paradigma chinês
REFERÊNCIAS:
Sócrates: Opinião de Amado é também a do governo, mas oposição não quer assumir responsabilidades
José Sócrates assegurou hoje que as declarações do ministro Luís Amado sobre a necessidade de um governo de coligação para Portugal não o surpreenderam. Sócrates foi mais longe e disse que essa é uma vontade de todo o executivo socialista; o problema é que a oposição não quer assumir responsabilidades, acusou. (...)

Sócrates: Opinião de Amado é também a do governo, mas oposição não quer assumir responsabilidades
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DATA: 2010-11-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: José Sócrates assegurou hoje que as declarações do ministro Luís Amado sobre a necessidade de um governo de coligação para Portugal não o surpreenderam. Sócrates foi mais longe e disse que essa é uma vontade de todo o executivo socialista; o problema é que a oposição não quer assumir responsabilidades, acusou.
TEXTO: “O ministro há muito tempo que tem essa opinião, tal como todo o governo”, disse José Sócrates aos jornalistas, em Macau. Em entrevista à edição de hoje do jornal “Expresso”, Luís Amado diz que Portugal precisa de um governo de coligação. O ministro dos Negócios Estrangeiros afirma mesmo estar disponível para deixar o cargo em nome da estabilidade. “Eu compreendo as declarações. Compreendo que Portugal precisa de estabilidade política”, comentou José Sócrates, sublinhando que mantém a confiança em Amado. Porém, o primeiro-ministro acusou a oposição de não estar disponível para partilhar responsabilidades governativas. “Eu já tentei fazê-lo, logo no início do governo, propondo um diálogo e uma forma de entendimento, quer através de coligações, quer através de acordos parlamentares, ” disse Sócrates. “Todos os outros partidos, sabendo que a governação é difícil, que as medidas são duras e exigentes, não querem partilhar essa responsabilidade”, acusou. “Mas o Partido Socialista fá-lo-á, responsavelmente e com coragem, fazendo aquilo que deve fazer para defender o nosso país. ”Wen Jiabao confiante na capacidade de Portugal para superar a criseO primeiro-ministro está em Macau para participar na terceira conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que termina amanhã. Esta manhã (hora local), Sócrates manteve um encontro bilateral de meia hora com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. Nos curtos minutos abertos à comunicação social, o governante chinês reconheceu que Portugal passa por “algumas dificuldades” devido à crise financeira internacional, mas mostrou-se confiante que o país “tem capacidade para ultrapassar” a situação. “Caso necessário, a China está disposta a prestar total apoio” a Portugal, sublinhou Wen Jiabao. Já Sócrates disse que o governo de Lisboa leva “muito a sério” a parceria com a China. “Queremos desenvolvê-la e ampliá-la”, acrescentou. Entretanto, durante a cerimónia de abertura da conferência ministerial do Fórum, o primeiro-ministro chinês anunciou o objectivo de que as trocas bilaterais entre a China e os países lusófonos batam a fasquia dos 100 mil milhões de dólares norte-americanos até 2013. Nos primeiros nove meses deste ano, atingiram já os 68, 2 mil milhões de dólares, de acordo com os Serviços de Alfândega da China. Wen Jiabao anunciou também a criação de um fundo de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa no valor de mil milhões de dólares norte-americanos, totalmente financiado pelo lado chinês. Além disso, o governante revelou ainda a criação de vários programas de apoio ao desenvolvimento destinados a Timor-Leste e aos países africanos de língua portuguesa. Notícia substituída às 10h00
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave social chinês
Dívidas às construtoras portuguesas em Angola ainda por pagar
As empresas portuguesas envolvidas em projectos de construção em Angola ainda não receberam os pagamentos por parte do Governo, apesar de já ter sido accionada a linha de crédito acordada em 2009 de 500 milhões de euros. (...)

Dívidas às construtoras portuguesas em Angola ainda por pagar
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DATA: 2010-07-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: As empresas portuguesas envolvidas em projectos de construção em Angola ainda não receberam os pagamentos por parte do Governo, apesar de já ter sido accionada a linha de crédito acordada em 2009 de 500 milhões de euros.
TEXTO: O ministro angolano do Urbanismo e Construção, José da Silva Ferreira, garantiu hoje, em conferência de imprensa, que “está a decorrer um processo de validação da dívida, que prevê que até Outubro ou Novembro as dívidas às construtoras portuguesas referentes a 2008/2009 sejam pagas”. Já António Mendonça, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, afirmou que “há compreensão por parte do governo português”. A linha de crédito, acordada em 2009 entre Portugal e Angola, foi já accionada pelo governo angolano. Contudo, as dívidas às construtoras envolvidas em projectos de construção do país africano, que ascendem ao valor de 500 milhões de euros, ainda não foram pagas. No mês de Maio, fonte oficial do gabinete do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, adiantou ao Jornal de Negócios que até Junho as dívidas seriam pagas, porém tal não aconteceu. Angola tem um atraso total de dois mil milhões de dólares (1, 5 mil milhões de euros ao câmbio actual) em pagamentos a construtoras estrangeiras, incluindo portuguesas, brasileiras e chinesas. Novas parcerias entre Portugal e AngolaNum encontro entre o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (MOPTC), António Mendonça e o ministro do Urbanismo e Construção de Angola (MUC), José da Silva Ferreira, foram assinados novos memorandos de entendimento nos domínios do ordenamento do território, das infra-estruturas rodoviárias, do urbanismo, da habitação, da informação geográfica e da construção. Um dos memorandos de entendimento, assinado hoje entre os ministérios das Obras Públicas e do Ambiente portugueses e o MUC angolano, pretende "fortalecer as relações de cooperação entre os três ministérios, tendo em atenção a importância e o impacto que exercem na qualidade de vida das populações e o seu contributo para o desenvolvimento sustentável", segundo se pode ler no documento. Este acordo prévio visa ainda "estabelecer e aprofundar a cooperação técnica entre os três ministérios e promover o estabelecimento de novas parcerias, privilegiando o sector privado e organizações internacionais e não-governamentais". Para assegurar o acompanhamento da implementação deste memorando são criados dois grupos de trabalho. Um dos grupos será um comité ministerial, que reunirá de dois em dois anos e que será responsável pela orientação e implementação global do acordo prévio. O outro irá ser um grupo técnico, que será composto por organismos de tutela dos signatários e terá a seu cargo a competência de elaborar programas executivos e planos de trabalho para as acções acordadas no memorando. Numa conferência realizada hoje no LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, foi também assinado um protocolo entre o InCI (Instituto da Construção e do Imobiliário) e a congénere angolana CONICLE (Comissão Nacional de Inscrição e Classificação de Projectistas de Obras Públicas, Empreiteiros de Obras Públicas, Industriais de Construção Civil e Fornecedores de Obras), que visa o estabelecimento de bases de cooperação entre as duas instituições, no quadro do exercício das respectivas funções reguladoras do sector da construção e do imobiliário. Outro dos objectivos é a criação de condições de investimento para os agentes económicos portugueses e angolanos. O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, irá em visita oficial de quatro dias a Angola entre domingo e sábado da próxima semana, de 18 a 24 de Julho. No dia 23, Cavaco Silva estará presente na VIII Cimeira da CPLP, que decorrerá em Luanda, a convite do Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
REFERÊNCIAS:
Entidades CPLP LNEC
Bank of China admite possibilidade de entrar no capital do BPI
O vice-presidente executivo do Bank of China, Xen Siqing, não descartou a possibilidade de entrada no capital do BPI. Mas salientou que a matéria não foi abordada no quadro da assinatura do acordo de cooperação comercial celebrado ontem. (...)

Bank of China admite possibilidade de entrar no capital do BPI
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DATA: 2010-11-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: O vice-presidente executivo do Bank of China, Xen Siqing, não descartou a possibilidade de entrada no capital do BPI. Mas salientou que a matéria não foi abordada no quadro da assinatura do acordo de cooperação comercial celebrado ontem.
TEXTO: A afirmação do dirigente chinês decorreu durante uma conferência de imprensa realizada hoje ao início da manhã na sede do BPI em Lisboa, para comunicar os termos do protocolo comercial luso-chinês. Na altura Fernando Ulrich, considerou muito positivo para o BPI o entendimento “dada a importância que a China tem no mundo económico dos nossos dias”, o que faz com que o acordo seja “muito importante” para o banco a que preside. Sobre uma eventual parceria de capital, Ulrich garantiu que esta não foi abordada entre ambos os grupos no contexto do acordo comercial (captação de financiamento e de capital no mercado financeiro chinês por parte dos grupos nacionais), que tem como vector prioritário o mercado africano, nomeadamente, o angolano, onde o BPI possui uma posição accionista no maior banco comercial, o BFA, e o moçambicano. Do mesmo modo o vice-presidente do Bank of China declarou que “agora estamos aqui só para resolver este acordo de cooperação entre os dois bancos. Nesta altura não discutimos isso”. Mas quando questionado sobre a possível entrada do quarto maior grupo financeiro chinês no capital do BPI, Xen Siqing disse que primeiro “queremos aprofundar essa cooperação e no futuro podemos discutir esse tema”. De seguida Ulrich adiantou que “com o aprofundamento das relações e correndo bem os projectos futuros podemos vir a discutir essa possibilidade”, mas avisou que é preciso tempo e um conhecimento conjunto dos países, nomeadamente de Portugal, por parte da China, para que o entendimento possa vir a ganhar uma dimensão de capital. O presidente do BPI salientou que em muitos anos, pois os dois bancos colaboram em Macau desde a década de noventa, que é a primeira vez que se realizam encontros entre dirigentes do BPI e do Bank of China ao mais alto nível. E revelou que foi convidado por Xen Siqing para visitar a sede do Bank o of China em Pequim o que pensa fazer no início de 2011. O BPI e o Bank of China estão numa fase de “construção de um relacionamento de confiança mútua que não se faz de um dia para o outro”. E notou que a parceria “é muito importante para o BPI”, mas é preciso “ir construindo relações sólidas, que demoram tempo mas que se tornam mais fortes e mais profundas”.
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Étnia Africano
Preço do petróleo recua, mas mantém-se acima dos 110 dólares
O preço do barril de petróleo negociado no mercado de Londres recuou ligeiramente para os 111 dólares, depois de membros da oposição ao regime líbio terem garantido a retoma das exportações petrolíferas a partir do Leste da Líbia. (...)

Preço do petróleo recua, mas mantém-se acima dos 110 dólares
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DATA: 2011-03-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O preço do barril de petróleo negociado no mercado de Londres recuou ligeiramente para os 111 dólares, depois de membros da oposição ao regime líbio terem garantido a retoma das exportações petrolíferas a partir do Leste da Líbia.
TEXTO: O Brent do Mar do Norte, que serve de referência à Europa, para entrega em Abril seguia, por volta das 22h00, 0, 37 por cento abaixo do valor a tinha fechado na sexta-feira, nos 112, 14 dólares. Ainda assim, os mercados continuam de olhos postos na Líbia, o terceiro maior produtor africano de petróleo (com 1, 49 milhões de barris exportados por dia), tanto mais numa altura em que a maioria dos postos petrolíferos e de gás já não é controlada pelo regime de Khadafi – confirmou hoje a União Europeia. Bruxelas acredita que “os grandes campos de exploração” estão nas mãos de “tribos e de forças provisórias que assumiram o poder”, disse o comissário europeu para a Energia, Günther Oettinger, citado pela agência AFP. E a situação, acredita, vai levar a um novo pico do preço do petróleo “nos próximos dias” nos mercados internacionais se os outros países produtores de petróleo do Norte de África e do Médio Oriente puserem em causa as exportações. Fethi Faraj, responsável da empresa líbia Arabian Gulf Oil em Tobruq, no Leste da Líbia, cujo posto de produção é controlado pelos rebeldes, confirmou hoje a saída de uma embarcação com um milhão de barris com destino à China (a última vez que um barco saiu daquele terminal foi a 19 de Fevereiro). Nos próximos dias, a empresa espera que sejam escoados mais 600 mil barris de forma a “cumprir um contrato de longo prazo” com a China e diz mesmo que está ultrapassada a situação crítica dos últimos dias. Pelo contrário, o maior produtor chinês de petróleo na Líbia anunciou a suspensão da produção no país.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Washington retira China da sua lista negra dos direitos do Homem
Os Estados Unidos retiraram hoje a China da sua lista dos piores violadores de direitos do Homem, à qual juntaram a Síria, o Sudão e a Eritreia, apesar de reconhecerem que o regime chinês continua a “incomodar, encarcerar e torturar”. No seu relatório anual sobre os direitos do Homem, publicado pelo departamento de Estado, Washington cita dez países nos quais, em 2007, o poder permaneceu concentrado nas mãos de um só líder: Coreia do Norte, Birmânia, Irão, Síria, Zimbabwe, Cuba, Bielorrússia, Uzbequistão, Eritreia e Sudão. A China, que figurou nos dois últimos anos na lista dos “piores violadores sistemáticos dos... (etc.)

Washington retira China da sua lista negra dos direitos do Homem
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 | Sentimento -0.08
DATA: 2008-03-11 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20080311212823/http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1322266
TEXTO: Os Estados Unidos retiraram hoje a China da sua lista dos piores violadores de direitos do Homem, à qual juntaram a Síria, o Sudão e a Eritreia, apesar de reconhecerem que o regime chinês continua a “incomodar, encarcerar e torturar”. No seu relatório anual sobre os direitos do Homem, publicado pelo departamento de Estado, Washington cita dez países nos quais, em 2007, o poder permaneceu concentrado nas mãos de um só líder: Coreia do Norte, Birmânia, Irão, Síria, Zimbabwe, Cuba, Bielorrússia, Uzbequistão, Eritreia e Sudão. A China, que figurou nos dois últimos anos na lista dos “piores violadores sistemáticos dos direitos do Homem no mundo”, sai no ano em que organiza os Jogos Olímpicos, apesar dos Estados Unidos reconhecerem que a reforma social no país não tem acompanhado a económica, pelo que “continua a negar aos seus cidadãos os direitos do Homem e as liberdades fundamentais básicas”. “Este relatório é redigido com a esperança de que nenhuma parte do mundo seja condenada à perpétua tirania”, sublinhou a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, na apresentação do relatório. O relatório refere que o balanço do regime chinês em 2007 continua a ser “mau”, registando-se casos de tortura e de controlo abusivo dos nascimentos, mas nota que o governo procedeu “às várias reformas importantes”, nomeadamente mudando alguns aspectos da legislação sobre a pena de morte. “O governo continuou a supervisionar, incomodar, deter, parar e encarcerar jornalistas, escritores, activistas e advogados, bem como as suas famílias, que procuravam para a maior parte exercer direitos previstos na lei”, acrescenta o relatório. Na lista figura também a Venezuela, a Nigéria, a Tailândia, o Quénia e o Egipto. Estados Unidos negam que decisão se relacione com Jogos OlímpicosPerante a polémica, o departamento de Estado procurou minimizar a retirada do regime chinês da lista, por “não ter nenhum valor estatutário”, nem estar relacionada com os Jogos Olímpicos. Tom Casey, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos, recordou que a inscrição de um país na lista traduz-se em sanções por parte de Washington. Contudo, fonte do mesmo ministério mas que não se quis identificar, garante que não foram encontradas nenhumas melhorias sociais que justifiquem que a China saia este ano. O relatório explica, ainda, a inclusão de alguns países: “Os direitos do Homem na Síria agravaram-se e o regime continuou a cometer graves abusos como a detenção crescente de activistas, responsáveis da sociedade civil e outros críticos do regime”. Já o balanço dos direitos no Sudão é “horrível”, registando-se sucessivos “assassinatos, torturas, golpes e violações, cometidos pelos serviços de segurança governamentais e pelas milícias no Darfur”. No Uzbequistão, o governo dominado pelo Presidente islamita Karimov “domina a vida política e exerce um controlo quase total sobre os outros ramos do Estado”, já que os serviços de segurança “torturam, golpeiam e abusam de maneira rotineira dos prisioneiros nos interrogatórios para obter confissões para os incriminar”, lê-se no relatório. Por outro lado, verificou-se uma melhoria na Mauritânia, Gana, Marrocos e Haiti.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos morte lei homem social chinês
Maior banco chinês negoceia compra de dez por cento do BCP
O Banco Comercial Português (BCP) e o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) têm mantido contactos com vista à tomada de posição do maior banco chinês no capital do grupo português. O negócio deverá ser abordado entre as autoridades oficiais portuguesas e chinesas no quadro dos encontros bilaterais planeados para hoje e amanhã durante a visita do Presidente da China, Hu Jintao, a Portugal, e no próximo fim-de-semana, quando José Sócrates se deslocar a Macau. (...)

Maior banco chinês negoceia compra de dez por cento do BCP
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 16 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Banco Comercial Português (BCP) e o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) têm mantido contactos com vista à tomada de posição do maior banco chinês no capital do grupo português. O negócio deverá ser abordado entre as autoridades oficiais portuguesas e chinesas no quadro dos encontros bilaterais planeados para hoje e amanhã durante a visita do Presidente da China, Hu Jintao, a Portugal, e no próximo fim-de-semana, quando José Sócrates se deslocar a Macau.
TEXTO: A negociação promete ser um dos temas-chave da visita. São mais de 30 as entidades e empresas chinesas que acompanham o Presidente chinês, que chega a Portugal depois de uma visita a França, onde foram assinados protocolos superiores a 14 mil milhões de euros. O porto de Sines é outro tema que estará em cima da mesa. Nas últimas semanas o Governo português tem estado a negociar com Governo chinês a possível entrada da China no parque logístico do porto de Sines, soube o PÚBLICO junto de fonte governamental. As negociações não estão fechadas e têm-se centrado nos últimos dias nas infra-estruturas, disse outra fonte governamental. A contrapartida de investimentos seria a compra de dívida pública, como a China fez recentemente na Grécia. A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros chinesa, Fu Ying, disse recentemente que a China estava disponível para comprar mais títulos do Tesouro nacional e "participar no esforço de recuperação económica e financeira de Portugal". O PÚBLICO sabe, através de indicações do Instituto de Gestão do Crédito Público (a entidade que faz emissões de dívida nacionais), que o apetite dos investidores chineses pelas obrigações nacionais tem aumentado. Não é possível ter uma noção exacta do volume de investimento em dívida nacional, já que o grosso é feito através do mercado secundário. Numa emissão de obrigações a dez anos feita em Fevereiro, o peso dos investidores asiáticos (onde se destaca a China) era de cinco por cento, mas no mês seguinte, numa emissão a cinco anos, era de 19, 5 por cento. A entrada do maior banco chinês no maior banco privado português será uma das contrapartidas desses investimentos. O presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, e quadros de topo do ICBC, o megagrupo financeiro chinês, com capitais públicos, têm negociado essa aquisição. Admite-se que o ICBC possa vir a acompanhar a dimensão dos interesses angolanos, representados pela Sonangol. Detentora de mais de 10 por cento do BCP, a Sonangol já pediu autorização para reforçar essa posição até 20 por cento. E seria esta a quota que Santos Ferreira gostaria de ver o ICBC ter, para equilibrar o peso angolano. O ICBC é o maior banco comercial chinês, com 18 mil balcões, 400 mil empregados e 200 milhões de clientes. Os contactos luso-chineses decorrem há mais de um ano. A 7 de Agosto de 2009 o PÚBLICO noticiou que as duas instituições tinham assinado "um acordo de parceria estratégica" que poderia levar à entrada do ICBC no BCP. Na altura o BCP negou os contactos. Ontem, não comentou os novos desenvolvimentos. Caso este negócio se concretize, será a formalização de um projecto entre os três Estados: português (que está no BCP através da CGD); Angola (Sonangol) e China (ICBC). A eventual entrada do ICBC no BCP não é alheia ao crescente interesse que África tem para a China, enquanto fornecedor de matérias-primas necessárias à sua expansão económica. Refira-se que em declarações à SIC Notícias, o presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, revelou que estavam em cima da mesa vários negócios, podendo um deles passar pela compra, por um banco chinês, de uma posição num banco português. Um desses negócios poderá dizer respeito ao parque logístico do porto de Sines, que interessará à China depois de 2014, quando estiver concluído o alargamento do canal do Panamá, permitindo a passagem aos grandes navios porta-contentores. O PÚBLICO sabe que na próxima terça-feira uma delegação ligada ao porto de Tianjin visitará Sines, um dos raros portos na Europa (com Roterdão) preparados para receber os grandes porta-contentores. Além do terminal XXI, que está em obras de aumento da capacidade e é gerido pelas autoridades portuárias de Singapura (PSA), o porto tem também associada uma grande plataforma logística com 150 hectares que tem ainda um grande potencial de desenvolvimento. Contactado ontem pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara de Sines, Manuel Coelho Carvalho, lembrou que continuam a existir fortes constrangimentos no transporte de mercadorias. Em causa está a falta de uma ligação ferroviária com capacidade para transportar mercadorias em direcção à plataforma do Poceirão e daí em direcção a Espanha e à Europa. O investimento em Sines prolongaria outros investimentos chineses em infra-estruturas de transportes. A empresa estatal chinesa Cosco tem o contrato de concessão do porto de Pireu e está a expandir o porto de Nápoles. Outro grupo chinês, a HNA, está em negociações para construir um terminal aéreo no Norte de Roma. O objectivo é criar bases logísticas de ligação da Europa à China para a sua indústria exportadora. Para já, no quadro da visita, está prevista a assinatura de mais uma dezena de protocolos, a começar por um memorando de entendimento entre a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) e a empresa chinesa de tecnologias Huawei, o maior fornecedor chinês de redes de comunicações, que já tem aliás uma empresa representante em Portugal. Em causa está a análise do aumento de investimento desta companhia, para a criação de um centro de engenharia e desenvolvimento com 50 engenheiros.
REFERÊNCIAS:
Eurico Brilhante Dias: "Num momento agudo para Portugal foram os chineses que vieram a jogo"
O secretário de Estado da Internacionalização critica os parceiros europeus e deixa elogios à China. Mais: o Estado tenciona mesmo avançar com a emissão de dívida em moeda chinesa. (...)

Eurico Brilhante Dias: "Num momento agudo para Portugal foram os chineses que vieram a jogo"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 12 | Sentimento 0.116
DATA: 2018-12-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: O secretário de Estado da Internacionalização critica os parceiros europeus e deixa elogios à China. Mais: o Estado tenciona mesmo avançar com a emissão de dívida em moeda chinesa.
TEXTO: Mais investimento de empresas chinesas é bem-vindo, realça Eurico Brilhante Dias, em entrevista ao PÚBLICO e à Renascença que pode ouvir hoje a partir das 12h. Portugal, explicou, quer "diversificar as fontes, reduzir risco e ter mais actores com títulos de dívida portuguesa" e, por isso, pode estar para breve novidades sobre emissão de títulos da dívida na moeda chinesa de que Mário Centeno fala desde 2016. Aproximam-se duas visitas muito importantes do ponto de vista político e económico: os presidentes de Angola e da China vêm a Lisboa. Esteve recentemente em Angola, a acompanhar a visita do primeiro-ministro português, numa visita considerada histórica por ambas as partes. Já é possível sentir efeitos dessa visita nas relações económicas entre os dois países?A visita do primeiro-ministro foi há muito pouco tempo mas foram tomadas decisões importantes para as empresas que produzirão efeitos proximamente. Um foi o alargamento da linha de financiamento com garantia de Estado, que tem expressão no Orçamento do Estado. O segundo foi a assinatura da convenção para evitar a dupla tributação. A linha entrará em vigor com o OE?O OE considera esse alargamento. Uma das principais questões nessa visita de António Costa era a regularização das dívidas a empresas portuguesas, uma questão em que o Estado português não é parte, mas funciona como mediador. O ministro das Finanças angolano apareceu mesmo no seminário económico para se comprometer com um apuramento da dívida até este mês de Novembro. Esse apuramento e certificação da dívida está feito?Os sinais são positivos. Há uma grande vontade do governo angolano em prosseguir esse trabalho. Temos que esperar pela visita do Presidente João Lourenço. Falou-se de um conjunto de valores diferentes. . . Portugal tinha estimativa de 500 milhões de euros. Angola fazia contas a menos. Isso pode induzir as pessoas em erro, criar a ideia de que há uma grande divergência. Este é um assunto entre o Estado angolano e as empresas portuguesas. Não é dívida do Estado angolano ao Estado português. Esses contratos foram desenvolvidos na moeda local, o kwanza, que sofreu uma forte desvalorização face ao euro e dólar. Várias facturas foram emitidas ao longo do tempo e ao longo desta desvalorização do kwanza. É preciso saber a que relação euro-kwanza é feito o pagamento: se é em função do valor actual ou do original aquando da emissão das facturas. Temos que ser cautelosos. Há empresas que consideram também que são credoras de juros, outras de trabalhos a mais e juros. Como viu as declarações do Presidente angolano em entrevista ao Expresso a dizer que não quer comerciantes, mas investidores portugueses?É perfeitamente natural. As autoridades nacionais têm sublinhado que gostariam de empreender um movimento de diversificação da economia angolana. Procuram investimento estrangeiro para, tal como nós, desenvolver o seu país. Nessa mesma entrevista, o Presidente angolano diz que espera que Portugal ajude Angola a repatriar o capital que Luanda reclama. Portugal vai ajudar?Essa é uma questão essencialmente angolana. Consideramos que os parceiros angolanos são importantes para o nosso país. Portugal tem mais de 5700 exportadores para Angola. Tivemos quase 10 mil exportadores para Angola há cinco anos. É um mercado incontornável para os pequenos e médios exportadores nacionais, não é só para os grandes. A Sonangol tenciona diminuir a participação na Galp e no Millenium BCP. Que efeitos pode ter na economia portuguesaEsse é um assunto accionista e o Estado português não é accionista. Esperemos para ver. Mas trata-se de uma retracção ao mesmo tempo que Portugal espera mais investidores portugueses em Angola. Isso tem a ver com as prioridades económicas de Angola e como quer reafectar os seus recursos. Depois do Presidente de Angola, virá o Presidente chinês, cuja Estado, através de empresas como a Fosun ou a CTG, tem capacidade de decisão em sectores estratégicos da nossa economia como a energia. Sente-se confortável por ser outro Estado a dominar um sector tão vital para os cidadãos e para as empresas?Temos que fazer um bocadinho de história para perceber por que razão têm posições tão importantes. Quando Portugal assinou o memorando [com a troika] comprometeu-se com as instituições europeias a um conjunto de alienações de participações sociais do Estado. Era importante ter tido fluxo de capitais de outros países europeus mas a verdade é que nesse momento agudo foi um conjunto de empresas chinesas que veio e investiu. É por isso que nem sempre vejo com muito gosto que alguns parceiros [europeus] não entendam este investimento chinês quando naquele momento não vieram a jogo. Portugal é um país aberto, é um país-plataforma de investimento. Ando a vender este país pelo mundo fora falando desta enorme capacidade de sermos plataforma na Europa, para África e para a América Latina. Há espaço e vontade para aprofundar relação com a China?Claro que há espaço. A China é um player global. Do ponto de vista discursivo, os temas que dizem respeito a investimento e comércio em muitos aspectos têm base comuns com coisas que o Governo também diz: a defesa do multilateralismo, do comércio internacional e o investimento estrangeiro. Outro negócio que Portugal pode ter em vista com a China é a compra de divida. Essa hipótese chegou a ser falada nos temos do último Governo Sócrates…. Agora seria uma boa alternativa, sobretudo tendo em conta a instabilidade que a Itália pode vir a trazer para a zona euro e em especial para os países do sul da Europa?Temos hoje a possibilidade e a flexibilidade, que estamos progressivamente a trabalhar, mas isso é um tema que é essencialmente do ministro das Finanças, de emitir dívida que não seja apenas em euro, mas também em renminbi. Isso é uma possibilidade que proximamente poderia ter desenvolvimentos, mas esperaremos os próximos passos. Pela visita do Presidente chinês?Esse tema poderá ser aludido mas não é necessariamente um tema para ser tratado neste momento. O Governo português já no passado preparou e trabalhou essa possibilidade e deve ser feito com cautela entre o Ministério das Finanças, o IGCP, e a prazo isso poderá acontecer. Pode ser uma boa fonte de diversificação de clientes da dívida portuguesa. Isso para nós é um elemento interessante. A República Popular da China gostaria de tornar a sua moeda uma moeda de concurso internacional que pudesse também ser reserva de valor. Sabemos o papel central que tem o dólar como moeda e reserva de valor e como o euro sempre se posicionou como alternativa de reserva de valor. É normal e natural que a China também o queira fazer. Na dívida, Portugal tem interesse em diversificar as fontes, reduzir risco e ter mais actores com títulos de dívida portuguesa. E como vê o mercado europeu, nestes tempos de Brexit e de turbulência italiana?Sou um europeísta romântico. O Brexit é um mau momento mas tenho que respeitar. Tenho que sublinhar os aspectos positivos como a enorme capacidade dos 27 se mostrarem unidos e actuarem como um bloco. Para Portugal, é melhor haver um acordo do que não haver acordo nenhum. Outro mercado muitas vezes considerado estratégico para Portugal é o brasileiro. A eleição de Bolsonaro pode trazer mudanças?É cedo para dizer se vai haver mudanças ou não. Portugal tem mais de 1600 exportadores para o Brasil. . . É um mercado muito fechado, muito proteccionista. É um mercado do Mercosul. Não me ficaria bem fazer uma declaração peremptória de que é um mercado proteccionista. É um mercado que, pelo menos, podia ser mais aberto! O Brasil é um mercado muito importante para as empresas portuguesas. Estará no top 10 dos países para onde Portugal exporta. O que é que gostávamos? De poder ter um relacionamento com o Brasil que aprofundasse as relações económicas e comerciais e que tivéssemos oportunidade de aumentar as exportações. Uma das formas de cativar investimento usada pelo anterior governo foram os vistos gold. Este governo introduziu alterações mas estes continuam a ser usados sobretudo para o imobiliário, como mudar a situação?Desde o início, Portugal captou um pouco mais de 4 mil milhões de euros de investimento. Estão construídos de uma forma que ou existem e são competitivos e temos que garantir que possam ter instrumentos em que sejam plasmados. Se olharmos para modelos semelhantes, o imobiliário está lá sempre. Para a maioria dos investidores, é mais simples comprar uma casa do que ter um processo de construção de uma fábrica ou uma empresa. Não quero dizer que o sistema induz, mas a barreira a ultrapassar com o imobiliário é mais fácil do que ir por outro caminho. Não devemos ver o investimento imobiliário dos vistos gold como um investimento final. Ficaria frustrado se aquelas pessoas compram uma casa e não investem mais nada. Elas têm potencial para fazer outros investimentos no país. É obrigação do Governo acompanhá-las e transformar aqueles 4 mil milhões de euros em algo que gere emprego. Foi um dos dirigentes mais próximos de António José Seguro, mas acabou por ir para o governo Costa. O PS é um partido pacificado e rendido a António Costa?Isso do rendido é uma expressão muito derrotada. Pacificado, sem dúvida. O PS tem uma argamassa fundamental que é a forma como olha a sociedade portuguesa. Podemos ter divergências. As primárias foram um momento de divergência muito acentuada e profunda e até excessivamente fulanizada. O dr. António Costa sublinhou várias vezes que não tínhamos divergência programática significativa, mas diferenças de personalidade, de protagonistas. Concorda com o seu ministro, Augusto Santos Silva, que nos disse que um novo acordo à esquerda tem de implicar compromissos em termos de política internacional e europeia?O meu caro chefe é um homem muito hábil. O programa do PS é um programa de desenvolvimento do país em que a pertença ao espaço europeu e à NATO é marcante desde a génese deste partido, desde 1973. É normal que programaticamente sublinhemos que as nossas opções estão assentes nestes dois projectos. Acha que será possível continuar assim sem uma maioria absoluta?Até agora foi possível e essa pergunta deve ser endossada em primeiro lugar ao PCP e ao BE. O BE teve há pouco tempo a sua convenção e manifestou desejo de ir para o Governo - não conheço nenhum partido que entre nas eleições e diga o nosso objectivo é perder e não ser Governo. A pergunta seguinte deveria ser: quanto à reestruturação da dívida como foi apresentada em 2015? Isso continua a ser um objectivo programático e central ou já tem uma posição mais próxima da do PS? E em relação ao projecto da União Económica Monetária? O euro é a nossa moeda ou Portugal deve em alguma circunstância abandonar o euro?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Acha que o PS dobrou o PCP e o BE?Não, não acho. Pergunto isto porque o país pode ter um orçamento quase zero com o apoio do PCP e BE. Nunca vi nenhum deles manifestar um amor ardente pelo défice orçamental. Nunca ouvi nenhum discurso de Jerónimo de Sousa ou de Catarina Martins defendendo entusiasticamente que o país devia ter era défice. É legítimo que qualquer partido queira ser Governo e queira ter o maior número possível de votos. Acha que o PS devia pedir claramente a maioria absoluta, como defendeu Assis no congresso?Pedir maioria absoluta soa às vezes um bocadinho de chantagem perante o eleitorado: "Eu preciso de uma maioria absoluta!". As pessoas votam em programas e o PS deve dizer aos portugueses que quer ter mais força para poder implementar aquele que é o seu programa. Na noite eleitoral, veremos que solução é que os portugueses querem. A maioria absoluta é, muitas vezes, associada à ideia de poder absoluto. Não é isso sequer que está em causa. O PS, sem prejuízo do resultado que tiver, terá que continuar a conversar no Parlamento como o PEV, PCP, BE, PAN e também com o PSD e CDS. Agora, é legítimo que ambicionemos que mais portugueses votem PS.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD PCP BE PEV
“Índio em reserva é como animal em zoológico”, diz Jair Bolsonaro
Organizações alertam para perigo quando autoridades pretendem rever “aos poucos” as políticas de isolamento voluntário e abrir terras indígenas a exploração. (...)

“Índio em reserva é como animal em zoológico”, diz Jair Bolsonaro
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Organizações alertam para perigo quando autoridades pretendem rever “aos poucos” as políticas de isolamento voluntário e abrir terras indígenas a exploração.
TEXTO: As terras dedicadas aos indígenas são demasiado grandes, eles querem ter acesso à riqueza que estas possam produzir, querem "internet" e “andar de avião”, diz o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro. Quando tomar posse, a 1 de Janeiro, muitos preocupam-se com as acções que se sigam a estas afirmações: a abertura de mais terras indígenas a exploração dos recursos naturais, aumentando a ameaça ao modo de vida de muitas das tribos. Entre elas, está a ideia de reverter a política de não-interferência com as tribos isoladas do país. E é na Amazónia, em territórios que pertencem ao Brasil e ao Perú, que se concentra o maior número de tribos isoladas do mundo, que serão cerca de 140. A antropóloga Susana Matos Viegas, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), avisava, numa conversa telefónica recente com o PÚBLICO, que as opções políticas para proteger as condições de vida destas tribos “são difíceis e estão em perigo com o aumento do racismo e da xenofobia e regimes menos democráticos”. Isto porque “a viabilidade para que estas pessoas possam existir exige uma certa visão sobre o mundo. ”E Bolsonaro vê a população indígena de um modo particular. Já afirmou várias vezes que “os índios em reservas são como animais em zoológicos”, argumentando que “não faz sentido” ter áreas tão vastas para as suas terras. O Presidente eleito do Brasil é de opinião de que “o índio é um ser humano igual a nós”, e já antes tinha elaborado o que isso significa para si: “O índio quer evoluir, quer médico, dentista, internet, carro, viajar de avião. Quando tem contacto com a civilização, vai se moldando a outra maneira de viver, que é bem melhor que a dele. O índio não pode ser animal dentro do zoológico. Por que o índio não pode ter liberdade? Se quiser vender a terra, que venda, explore, venda. ”O líder indígena Davi Kopenawa Yanomani (de uma tribo não isolada) reagiu a esta forma de ver os índios: “o meu povo não disse a ninguém que nos queremos tornar brancos, que queremos exploração mineira, que queremos dinheiro”, afirmou, citado pelo diário britânico The Guardian. “O dinheiro passa como a chuva, como o vento. Nunca vi um indígena rico no nosso país”. Kopenawa falou ao Guardian na abertura de uma exposição sobre os índios Yanomami no Instituto Moreira Salles em São Paulo, com imagens da fotógrafa Claudia Andujar. “O que era supostamente um projecto histórico transformou-se num projecto político urgente”, comentou o curador da exposição, Thyago Nogueira. Uma das partes da exposição sobre os Yanomami detalha a sua luta pela sobrevivência em dois períodos catastróficos da sua História: o primeiro, quando a ditadura militar abriu, nos anos 1970, uma estrada pela sua floresta como parte da política de desenvolvimento forçado da Amazónia, e nos anos 1980, quando 40 mil garimpeiros invadiram as suas terras. As políticas desde meados dos anos 1980 têm tido resultados. Ainda que haja casos de tribos específicas cuja população está a diminuir, a tendência é de crescimento: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 146 milhões em 1991, o total da população indígena no mundo cresceu para 190 milhões em 2010. Isto quando ainda nos anos 1970 se pensava que as tribos estariam condenadas a extinguir-se. Acabar com a demarcação de terras indígenas ou diminuir a sua extensão actual, comenta a antropóloga Susana Matos Viegas, “é já um desastre humano no nosso trajecto de diversidade”. Lamenta a opção por uma política que ignore “décadas de conhecimento e actuação sensível à complexidade do que significa o contacto com povos isolados" e considere o contacto "por alguma razão que não resulte da iniciativa explícita desses povos”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Pior ainda, continua, “é uma negligência que viabilize que madeireiras, projectos de exploração de minério, projectos agrícolas motivados pela exploração de um solo como o da Amazónia, que é inadequado à agricultura ou pecuária, ou a construção de gigantescas hidroeléctricas invadam essas terras onde povos indígenas vivem em condições de ‘auto-isolamento’”. Susana Matos Viegas sublinha que a diversidade não se esgota na biodiversidade. As tribos têm um papel e conhecimento diverso que contribuem para a riqueza da humanidade. “Ou há diversidade, ou não vamos sobreviver. ”
REFERÊNCIAS:
Recolha mecânica de azeitonas mata milhões de pássaros na Andaluzia. E no Alentejo?
Aves são sugadas pelas máquinas na recolha durante a noite e depois são vendidas nos restaurantes. Quercus e BE já questionaram Governo sobre situação semelhante em Portugal. (...)

Recolha mecânica de azeitonas mata milhões de pássaros na Andaluzia. E no Alentejo?
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aves são sugadas pelas máquinas na recolha durante a noite e depois são vendidas nos restaurantes. Quercus e BE já questionaram Governo sobre situação semelhante em Portugal.
TEXTO: O alerta chegou da Junta Autónoma de Andaluzia. Durante a noite, máquinas utilizadas na recolha de azeitona nos olivais superintensivos, estão a dizimar milhões de aves que chegam, nesta altura do ano, ao sudoeste da Península Ibérica para passar o Inverno ou que por cá passam em viagem para o continente africano. A Concelhia do Meio Ambiente e Ordenamento do Território (CMAOT), o Serviço de Protecção da Natureza da Guardia Civil e a federação ambientalista Ecologistas em Acção fizeram chegar à junta autónoma, informações “preocupantes” sobre a mortandade de aves. Em causa estão 17 espécies migratórias na sua maioria protegidas pela legislação autonómica, nacional e comunitária, ameaçadas pela recolha mecânica de azeitona, destacando-se a toutinegra-cabeça-preta, a felosa-das-figueiras, a felosa-ibérica, a felosa-comum, a felosa-musical, o verdelhão, o pintassilgo, o pintarroxo, a alvéola-branca, a alvéola-cinzenta e a alvéola-amarela. Dada a pertinência dos dados que chegavam à junta autónoma, a entidade ordenou que a CMAOT confirmasse a veracidade das informações que chegavam e que faziam referência à morte de um elevado número de aves. Após os inquéritos realizados, “concluiu-se que existe um problema de natureza ambiental”, resultante da colheita do olival sob regime superintensivo. É um problema “real, actual, com sérias repercussões ambientais, que transcendem os limites geográficos da Andaluzia e do país, afectando os valores ambientais de vários países da União Europeia”, sublinha o relatório divulgado pela junta autónoma. Nesta altura do ano, chegam à Andaluzia e a outras regiões do sudoeste peninsular várias espécies de aves oriundas de França, Holanda, Bélgica, Alemanha e Escandinávia e em menor número do Reino Unido e países bálticos. Umas refugiam-se em bosques e sebes, para passar o Inverno, enquanto outras seguem para o continente africano. Os olivais superintensivos são um dos locais escolhidos por oferecerem uma vegetação compacta, por serem formados com variedades de oliveira de pequena dimensão, dispostas simetricamente com uma densidade que pode chegar às 2000 árvores por hectare. Quando as máquinas entram em acção, no período nocturno, o elevado ruído e a forte iluminação das mesmas “cega os pássaros” inibindo-os de fugir. O resultado “é a mortandade provocada por sucção com uma magnitude que é preocupante”, sublinha o documento. Desde Novembro, mês em que arrancou a actual campanha de recolha de azeitona, que “ as taxas de mortalidade das aves, são insustentáveis, em termos ambientais” precisamente quando“ estão mais vulneráveis”, acrescenta o relatório. Contas feitas, em média, podem morrer cerca de uma centena de pássaros por hectare. Fazendo a multiplicação por cerca de 21 mil hectares de área ocupada na Andaluzia com olival superintensivo, a Junta de Andaluzia admite que poderão ser dizimadas “cerca de 2, 6 milhões de aves” especialmente nas províncias de Sevilha, Córdoba e Jaén. Esta situação surge associada a um “grave” problema de saúde pública. No decorrer da investigação à morte das aves, “tanto a Guardia Civil como a CMAOT” observaram que parte das aves são vendidas pelos operadores envolvidos na recolha de azeitona, nos restaurantes de vilas e aldeias para serem consumidas. É uma prática que as autoridades andaluzas consideram “ilícita” por carecer das garantias sanitárias de salvaguarda da saúde pública. A Junta de Andaluzia decidiu proibir as campanhas nocturnas de recolha de azeitona nos olivais superintensivos, alegando que não respeitam a legislação regional, nacional e comunitária, nomeadamente a Directiva de Aves 2009/147/CE do Parlamento Europeu, relativa à preservação das aves silvestres. A denúncia das autoridades andaluzas teve reflexo imediato nas redes sociais, com destaque para a página no Facebook da Sociedade Portuguesa de Entomologia, na qual foram publicadas denúncias sobre a morte de pássaros nos olivais superintensivos alentejanos, durante a noite, em Ferreira do Alentejo, Portel e Viana do Alentejo. José Pereira, apicultor e residente em Ferreira do Alentejo, contou ao PÚBLICO que a morte de pássaros na apanha da azeitona nos grandes olivais do concelho é tema de conversa nos cafés da localidade. “Andam 3 e 4 máquinas, umas ao lado das outras, a fazer a colheita” e quando as azeitonas chegam aos lagares, (em Ferreira do Alentejo há 5) “é que se vêm os pássaros mortos” diz o apicultor. A Quercus já alertou o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR e o Ministério da Agricultura dando conta das informações que estavam a ser veiculadas nas redes sociais relatando a morte de aves “na extracção mecânica em olivais superintensivos do Baixo Alentejo”. Também o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda endereçou um requerimento ao Governo, através do Ministério do Ambiente e da Transição Energética, questionando-o sobre os impactos ambientais e ecológicos que a colheita nocturna de azeitona estava a ter sobre as aves migratórias. O deputado do BE, Pedro Soares, revelou ao PÚBLICO que em Canhestros, freguesia do concelho de Ferreira do Alentejo, “há relatos de autêntica chacina” que está a indignar os habitantes. Todas as noites são retirados “sacos de aves das cubas onde são colocadas as azeitonas colhidas”, diz. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Pedro Soares diz ter contactado “várias pessoas” que lhe confirmaram o “crime” nos olivais alentejanos e pergunta se o Governo pondera “intervir urgentemente” para impedir que se continue a proceder à colheita mecanizada nocturna nas plantações de olival intensivo. Ao PÚBLICO, a Associação de Olivicultores do Sul (Olivum) garantiu desconhecer a existência de situações semelhantes à que foi reportada pelo BE acrescentando que a apanha nocturna de azeitona “não é prática comum” dos seus associados. E disse ter questionado os olivicultores sobre a eventual morte de pássaros durante o processo de recolha mecânica, mas a resposta “foi unanimemente negativa”. Já o Ministério da Agricultura disse ao PÚBLICO que tem conhecimento das informações sobre o relatório que foi divulgado pela Junta Autónoma de Andaluzia, salientado que a apanha nocturna de azeitona “não é uma prática usual em Portugal” mas que pode ocorrer “excepcionalmente”. A tutela salienta não ter conhecimento de que a apanha mecânica “provoque morte de aves”. Contudo, por se tratar “de matéria da conservação da natureza tutelada por outro ministério, o Ministério da Agricultura está a recolher informações adicionais sobre esta matéria.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE