Qual é o mamífero terrestre que dorme menos durante todo o dia?
Tem tromba, muitos quilos de massa corporal e dorme só duas horas por dia. Quem é? É o elefante. Um novo estudo veio agora confirmar que este animal ainda dorme menos tempo na natureza do que em cativeiro. (...)

Qual é o mamífero terrestre que dorme menos durante todo o dia?
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 10 | Sentimento -0.16
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tem tromba, muitos quilos de massa corporal e dorme só duas horas por dia. Quem é? É o elefante. Um novo estudo veio agora confirmar que este animal ainda dorme menos tempo na natureza do que em cativeiro.
TEXTO: Parece que o grande porte dos elefantes assusta o João Pestana. Pelo menos é o que nos sugere um estudo sobre a quantidade de horas que o maior mamífero terrestre dorme na natureza. Em média, dorme duas horas por dia. Mas estas horas nem são seguidas; os elefantes fazem pequenas sestas durante o dia ou podem mesmo até ficar dias consecutivos sem dormir. É uma surpresa que os elefantes durmam tão poucas horas? “Não, este pequeno período de tempo não foi surpreendente”, responde-nos Paul Manger, neurocientista da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, e coordenador do estudo publicado na revista Plos One esta quarta-feira. Afinal, já se sabia que eles dormiam pouco desde as primeiras observações de elefantes de um circo em Nova Iorque e Boston, em 1938. Neste estudo, dos norte-americanos Francis Benedict e Robert Lee, percebeu-se que os elefantes dormiam entre três a sete horas por dia. Mais estudos têm sido realizados e os resultados indicam que os elefantes em cativeiro, em média, dormem cerca de quatro horas por dia. Desta vez, a equipa de Paul Manger decidiu fazer o teste em elefantes na natureza. Para tal, os cientistas escolheram duas fêmeas matriarcas do Parque Nacional do Chobe, no Botswana. O parque tem cerca de 11. 700 quilómetros quadrados e é a casa de cerca de 17. 000 elefantes. É, por isso, considerado um dos locais onde se concentram mais elefantes em África. As duas matriarcas observadas pertenciam à espécie Loxondonta africana e eram elas que conduziam a manada de elefantes. A primeira matriarca tinha 30 anos e cerca de 3400 quilos, enquanto a segunda tinha 37 anos e 3000 quilos. Em ambas foi colocada uma coleira que fornecia dados da sua localização em GPS e da rapidez do seu andamento. Assim, foi possível perceber se estavam paradas ou em movimento. Também se teve em conta a actividade da tromba: se estivesse parada cinco minutos ou mais, era sinal de que a matriarca estava a dormir. Na observação, que durou 35 dias, o tempo total que a primeira matriarca dormiu foi de duas horas e 18 minutos, enquanto a segunda foi de uma hora e 48 minutos. Concluiu-se assim que os elefantes na natureza dormem em média duas horas e que são os mamíferos que dormem menos. Paul Manger conta que há animais como a girafa ou a palanca-vermelha que podem dormir pouco, mas não tão pouco como os elefantes e, além disso, ainda não foram feitos estudos na natureza com estes animais. Mas não ficamos por aqui. Os elefantes dormem de forma polifásica, o que quer dizer que dormem mais de duas vezes ao longo do dia (nós somos monofásicos). A primeira matriarca registou, em média, quatro episódios de sesta durante o dia, sendo o maior período de 78 minutos (uma hora e 18 minutos). Já a segunda matriarca dormiu cinco vezes num dia e o sono mais prolongado foi de 48 minutos. O tempo em que as fêmeas de elefante dormiram mais foi de noite, entre o pôr do Sol e o nascer do Sol, mais exactamente entre a 01h e as 06h. Enquanto as sestas durante o dia se fizeram entre as 10h30 e as 15h30. Além disso, também se observou que os elefantes podem passar dois dias seguidos sem dormir. Quais os motivos? No Parque Nacional do Chobe há leões que caçam elefantes e há também caça furtiva devido ao marfim. Os cientistas ainda consideraram que “insónias” de dois dias podiam dever-se ao facto de as fêmeas serem matriarcas e estarem preocupadas em dirigir a manada. A equipa pôde assim perceber que tudo isto pode afectar uma fase importante do sono, a do “movimento rápido dos olhos” (REM, na sigla em inglês), durante a qual ocorrem os sonhos vívidos e os olhos se movem rapidamente. Outros estudos já tinham constatado que esta fase é rara nos elefantes. Mas afinal por que é que os elefantes dormem tão pouco? “Parece que há um equilíbrio entre a necessidade de ingerir uma certa quantidade de calorias para uma determinada massa corporal, o tempo que se leva a fazer isso e o tempo que resta para dormir”, explica ao PÚBLICO Paul Manger. Este equilíbrio acontece porque um grupo de neurónios produz uma substância química – orexina –, que funciona como mensageiro químico entre os neurónios e regula a satisfação (o apetite), a vigília e a excitação. Quando um elefante ainda não comeu o suficiente, a orexina mantém-no acordado. “Uma vez que um elefante precisa de muitas centenas de quilos de comida de baixa qualidade por dia, o tempo que lhe resta para dormir é pouco”, conta o neurocientista sul-africano. “Contudo, no jardim zoológico – onde há comida em quantidade e a qualidade é melhor e é mais acessível do que na natureza –, o tempo que passa a dormir é maior do que na natureza. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas este estudo sobre o sono ainda não terminou, aponta Paul Manger. Vão observar-se elefantes macho e fêmeas que não são matriarcas. Por fim, terá de se perceber como é que a fase REM do sono funciona realmente nos elefantes. “A dificuldade é obter financiamento para este trabalho”, salienta. E ainda há outro problema que não deixa os elefantes africanos descansados: a intensa procura de marfim. Num estudo recente sobre a população de elefantes no Parque Nacional de Minkébé, no Gabão, entre 2004 e 2014, uma equipa verificou que morreram 25. 000 elefantes, o que equivale a 80% da sua população no parque. No artigo na revista Current Biology, cujo principal autor é John Poulsen, da Universidade de Duke (EUA), a equipa apelou à cooperação entre os governos para a criação de medidas internacionais que ponham fim à caça furtiva de elefantes.
REFERÊNCIAS:
Nova espécie de lémur em Madagáscar está em risco extremo de extinção
O lémur-anão-lavasoa vive no Sudeste de Madagáscar e só deverá haver 50 animais deste primata. (...)

Nova espécie de lémur em Madagáscar está em risco extremo de extinção
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.005
DATA: 2013-07-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: O lémur-anão-lavasoa vive no Sudeste de Madagáscar e só deverá haver 50 animais deste primata.
TEXTO: No Sudeste da ilha de Madagáscar, na época das chuvas, as poucas dezenas de lémures-anões-lavasoa param de hibernar e tornam-se activos nas florestas. Em 2001, estes primatas foram observados pela primeira vez por um cientista, mas só agora se compreendeu que pertencem a uma espécie nova para a ciência. O artigo com a descoberta foi agora publicado na revista Molecular Phylogenetics and Evolution. Madagáscar terá recebido há cerca de 60 milhões de anos a espécie de lémur antepassada das que hoje lá habitam. Não se sabe exactamente como é que lá chegou, mas teve oportunidade de prosperar e de se diversificar nas florestas distribuídas pela ilha – que tem 6, 3 vezes o tamanho de Portugal – sem a competição de outros primatas que, entretanto, levaram à extinção as antigas espécies de lémures que viviam no continente africano. Hoje, conhecem-se cerca de 100 espécies de lémures. Todas vivem em Madagáscar, à excepção de duas que habitam as ilhas Comores, mas que foram provavelmente introduzidas lá por pessoas. A nova espécie Cheirogaleus lavasoensis é um lémur-anão que se pensava pertencer à espécie Cheirogaleus crossleyi. Mas investigadores do Instituto de Antropologia da Universidade Johannes Gutenberg em Mainz, na Alemanha, capturaram 51 lémures-anões em nove locais diferentes para lhes retirarem amostras de tecido. Os animais foram devolvidos à natureza. Com as amostras, os cientistas fizeram análises moleculares e genéticas, para compreender melhor a diversidade genética entre diferentes géneros de lémures. “Fizemos uma análise exaustiva para examinar a diversidade genética de dois géneros de lémures que têm um parentesco próximo, o género Cheirogaleus (lémur-anão) e o Microcebus. A comparação revelou que a diversidade de lémures-anões era maior do que o que se pensava anteriormente”, explica em comunicado Dana Thiele, uma das autoras do artigo. Dessa forma, a equipa identificou o Cheirogaleus lavasoensis. A espécie vive apenas em três pequenos fragmentos de floresta, isolados uns dos outros, e que ficam inundados na altura das chuvas quando este animal se torna activo. Uma estimativa preliminar da população aponta para a existência de apenas 50 indivíduos, o que coloca a espécie num risco extremo de extinção. A perda de habitat e a caça são duas ameças que fazem com que muitas espécies de lémures estejam à beira da extinção.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Paulo Portas vai trabalhar com a Mota-Engil
Antigo governante vai ajudar o grupo a crescer na região da América Latina. (...)

Paulo Portas vai trabalhar com a Mota-Engil
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-06-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antigo governante vai ajudar o grupo a crescer na região da América Latina.
TEXTO: Paulo Portas vai dinamizar um Conselho Consultivo Internacional para a América Latina, confirmou o PÚBLICO junto de fonte do grupo Mota-Engil. A notícia foi avançada pelo Expresso ao final da tarde desta segunda-feira. "Trata-se de uma região que [o ex-vice-primeiro ministro] conhece particularmente bem, e onde o grupo está a crescer muito”, explicou a mesma fonte. O PÚBLICO apurou ainda que Portas não será quadro do grupo, e funcionará como consultor da empresa. A região da América latina é considerada estratégica pelo grupo, representando 31% das vendas e prestação de serviços no primeiro trimestre de 2016, rivalizando com o tradicional mercado africano, que responde por 33% da actividade. Em Outubro 2014, a Mota-Engil ganhou a construção de um grande projecto turístico no México, avaliado em 1500 milhões de dólares. O negócio foi anunciado pelo presidente da Mota-Engil, António Mota, no âmbito de uma visita ao México liderada por Paulo Portas, que ocupava então o cargo de vice-primeiro-ministro. Paulo Portas deverá pedir a renúncia ao mandato de deputado já esta terça-feira para permitir que na quarta-feira possa ser substituído por Filipe Anacoreta Correia, o centrista que, por ironia, foi seu crítico interno nos últimos anos. O ex-líder do CDS é vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (cargo que não é remunerado) e terá, após o Verão, um programa de comentário na TVI. Na nova fase profissional, Portas procurou que as novas funções não entrassem em conflito com os cargos de ministro que exerceu nos últimos anos. À luz da lei das incompatibilidades, os titulares de cargos políticos não podem integrar, nos três anos seguintes à cessação de funções, "cargos em empresas privadas que prossigam actividades no sector por eles directamente tutelado, desde que, no período do respectivo mandato, tenham sido objecto de operações de privatização ou tenham beneficiado de incentivos financeiros ou de sistemas de incentivos e benefícios fiscais de natureza contratual". Entre as novas tarefas de Portas estão ainda actividades relacionadas com universidades, em que será orador em conferências, e também com o partido. O antigo líder foi desafiado pela actual presidente a pensar como é que o CDS pode tornar a escola de quadros, uma iniciativa que é agora anual, num instrumento permanente de formação de jovens. A Mota-Engil foi também a empresa de que o ex-ministro socialista Jorge Coelho veio a ser presidente executivo em 2008 (e até 2013), após renúncia do cargo de Conselheiro de Estado. Houve ainda outros casos recentes de antigos quadros públicos que acabaram por engrossar a carteira de colaboradores do grupo nortenho. Um deles é o caso de Francisco Teixeira da Costa, ex-embaixador de Portugal em Paris e também representante de Portugal junto da Unesco. Foi nessa qualidade que assumiu um papel importante na continuidade das obras de construção da barragem Foz Tua, que está a ser construída pela Mota-Engil para a EDP. Seixas da Costa integra os quadros da Mota-Engil Africa desde Junho de 2014. Outro caso, ainda, é o de João Pedro Rodrigues, ex-presidente da Empresa Geral de Fomento (EGF), empresa pública que foi parar às do Grupo Mota-Engil após o anterior Governo PSD/CDS ter decidido privatizar a empresa. Actualmente, o ex-gestor público é dirigente da Valorsul, uma das empresas do universo da Mota-Engil/Suma.
REFERÊNCIAS:
Milhares de muçulmanos protestam contra nova caricatura de Maomé
Convocados pelo líder da União Mundial de Imãs Muçulmanos, os fiéis manifestaram o seu repúdio pela publicação de uma nova imagem do profeta Maomé na capa do jornal francês Charlie Hebdo. (...)

Milhares de muçulmanos protestam contra nova caricatura de Maomé
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Convocados pelo líder da União Mundial de Imãs Muçulmanos, os fiéis manifestaram o seu repúdio pela publicação de uma nova imagem do profeta Maomé na capa do jornal francês Charlie Hebdo.
TEXTO: Quatro pessoas morreram e mais de 45 ficaram feridas em confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra a publicação de uma caricatura do profeta Maomé na última edição do jornal satírico francês Charlie Hebdo, na segunda cidade do Níger, Zinder. Grupos de muçulmanos irados com a mais recente primeira página do semanário francês, atacado por terroristas islâmicos na semana passada, num atentado que fez 12 vítimas, saíram à rua em várias cidades africanas e do Médio Oriente esta sexta-feira, depois das tradicionais orações. A ideia fora avançada pelo clérigo de origem egípcia Youssef Al-Qaradaoui, que dirige a União Mundial de Imãs Muçulmanos, sedeada no Qatar. Depois da distribuição da chamada “edição dos sobreviventes” do Charlie Hebdo, com uma imagem de Maomé na primeira página, o clérigo (que é a eminência por detrás da Irmandade Muçulmana) apelou à realização de manifestações pacíficas para censurar “a ofensa ao profeta” perante o que descreveu como o “silêncio odioso” do Ocidente. A maior concentração ocorreu em Amã, na Jordânia, onde uma marcha convocada por organizações de juventude reuniu mais de 2500 pessoas, com cartazes onde se lia que terrorismo global era o “atentado contra o profeta”. Iniciativas semelhantes decorreram na Argélia, Sudão, Mali, Qatar e Paquistão. No Níger, uma manifestação em Zinder foi marcada pela violência. Segundo a Reuters, os manifestantes usaram paus e até arcos e flechas, e acabaram por incendiar um centro cultural francês, ignorando a presença policial. Nos confrontos que se seguiram, morreu um agente da autoridade e três manifestantes. No Paquistão, realizaram-se marchas em Islamabad, Lahore, Peshawar, Multan e em Karachi, onde também se registaram confrontos, que fizeram um ferido grave. Na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém Oriental, algumas centenas de manifestantes palestinianos que participaram nas orações de sexta-feira encenaram um protesto pacífico, com cartazes em que afirmavam que “o islão é uma religião de paz” e que “Maomé será sempre o nosso guia”. O grande mufti Mohammad Hussein, que esta semana qualificou a capa do Charlie Hebdo como um insulto e condenou “todas as formas de terrorismo”, não se referiu aos acontecimentos em Paris na sua intervenção. Apesar das referências à paz, ouviram-se insultos contra os franceses, que foram apelidados de “bando de cobardes” pelos manifestantes de Jerusalém. Em Dakar, a bandeira tricolor foi queimada em frente à embaixada da França, e a expulsão do embaixador gaulês foi exigida em Cartum, no Sudão.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência concentração
Rushdie: não podemos limitar a liberdade do Charlie Hebdo
Salman Rushdie criticou numa palestra nos EUA a forma como os cartoonistas mortos em Paris foram difamados. (...)

Rushdie: não podemos limitar a liberdade do Charlie Hebdo
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Salman Rushdie criticou numa palestra nos EUA a forma como os cartoonistas mortos em Paris foram difamados.
TEXTO: Tinha uma palestra marcada há muito tempo para a Universidade de Vermont, em Burlington nos Estados Unidos, para falar sobre o livro que escreveu em 1990 para o filho Haroun e o Mar de Histórias, onde explica porque perdeu na altura a liberdade de expressão. No entanto, Salman Rushdie acabou nesta quarta-feira a falar do Charlie Hebdo. O escritor censurou a difamação a que os cartoonistas do jornal foram sujeitos e criticou que estes tivessem sido considerados racistas. Salman Rushdie, que viveu anos refém do fundamentalismo islâmico, após a edição em 1989 de Versículos Satânicos, respondeu no próprio dia, quarta-feira, ao atentado na redacção do Charlie Hebdo. “Ponho-me do lado do Charlie Hebdo, como é dever de todos, para defender a arte da sátira, que foi desde sempre uma força da liberdade contra a tirania, desonestidade e estupidez”, escreveu em comunicado. Uma semana depois, o escritor voltou ao tema numa palestra nos Estados Unidos. Questionado pelos alunos sobre o que tinha acontecido em França, Rushdie começou por destacar a tradição satírica francesa que sempre foi mordaz e muito dura. “E ainda é”, disse, referindo-se aos cartoonistas mortos em Paris como camaradas. “Eles morreram usando o mesmo instrumento que eu uso, que é uma caneta ou um lápis, foram quase imediatamente difamados ou chamados de racistas e sei lá eu mais o que quê”, continuou Rushdie, que nasceu na Índia mas fez todos os seus estudos em Inglaterra. Para o escritor que tem passado os últimos 25 anos sob pressão, depois de ter sido condenado à morte pelo então líder do Irão, o ayatollah Ruhollah Khomeini, que considerouo romance Os Versículos Satânicos blasfemo e condenou Rushdie à pena de morte, a liberdade de expressão não pode nunca ser limitada, mesmo que possa ofender. “Tanto John F. Kennedy como Nelson Mandela usaram uma frase de três palavras que na minha cabeça diz tudo e que é 'A liberdade é indivisível'", acrescentou Salman Rushdie. “Não a podes cortar às fatias ou deixa de ser liberdade”, continuou para concluir: “Podes não gostar do Charlie Hebdo mas o facto de não gostares não tem nada a ver com o seu direito de falar”.
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Palavras-chave morte filho
Isabel dos Santos já tomou posse como nova presidente da Sonangol
Nomeação de empresária e filha do presidente de Angola tem sido alvo de várias críticas. (...)

Isabel dos Santos já tomou posse como nova presidente da Sonangol
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2016-06-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nomeação de empresária e filha do presidente de Angola tem sido alvo de várias críticas.
TEXTO: Isabel dos Santos tomou posse esta segunda-feira como presidente do conselho de administração da petrolífera Sonangol, cargo para o qual foi nomeada na quinta-feira pelo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos. A tomada de posse de Isabel dos Santos, empresária e filha do Presidente da República, aconteceu cerca das 16:50, em Luanda, na sede da Sonangol, na presença dos ministros dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, e das Finanças, Armando Manuel, entre outros membros do Governo. A empresária jurou defender a Constituição angolana, conforme previsto no ato de tomada de posse. Como presidente da comissão executiva - novo órgão entretanto criado pelo Governo angolano para a petrolífera estatal -, e administrador executivo, tomou hoje posse Paulino Fernando de Carvalho Jerónimo. Este responsável era já administrador executivo da Sonangol, pelo que transita assim da gestão anterior. A nova equipa da Sonangol é composta ainda pelos administradores executivos César Paxi Manuel João Pedro, Eunice Paula Figueiredo Carvalho, Edson de Brito Rodrigues dos Santos, Manuel Luís Carvalho de Lemos, João Pedro de Freitas Saraiva dos Santos e Jorge de Abreu. Conta ainda com os administradores não executivos José Gime, André Lelo e Sarju Raikundalia. Um grupo de 12 juristas angolanos já anunciou que vai avançar na próxima quinta-feira com uma providência cautelar para suspender esta nomeação, alegando o advogado David Mendes, porta-voz deste grupo, que ao nomear a filha para aquelas funções, o Presidente da República "violou" a Lei da Probidade Pública (sobre o exercício de funções públicas), de 2010, pelo que será feita igualmente uma queixa ao procurador-geral da República. A entrega da providência cautelar no Tribunal Supremo está marcada para quinta-feira, mas outros juristas, citados hoje pelos órgãos de comunicação social públicos, garantem que a intenção "não tem pernas para andar" do ponto de vista do enquadramento legal. Isabel dos Santos tem vários investimentos em conjunto com a petrolífera estatal angolana, como a participação indirecta na Galp Energia, feita através da holding Esperaza e da Amorim Energia. Em Angola, a Sonangol é dona, via Mercury, de 25% da Unitel, controlada por Isabel dos Santos e accionista de 49% do banco do BPI neste país, o BFA. Embora a Sonangol esteja a ser alvo de uma reestruturação, que levará à divisão do grupo por várias holdings, até que isso aconteça permanecerá como a maior empresa angolana. Isso inclui as participações em vários bancos angolanos e no BCP, onde é o maior accionista. Isabel dos Santos tem ainda várias participações neste sector, como os cerca de 19% no BPI (onde é o segundo maior accionista e tem estado em confronto com o principal investidor, o Caixabank) e no BIC (presente em Angola e em Portugal), onde é o principal accionista.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha lei tribunal social
Sauditas tentam xeque-mate ao Irão mas é o seu rei que deve acabar encurralado
Há uma nova guerra numa das regiões mais instáveis do mundo. Em causa está um combate por hegemonia política mas também pelo mercado petrolífero. E mais do que um “sismo político” o que se avizinha é “uma enorme mudança económica”. (...)

Sauditas tentam xeque-mate ao Irão mas é o seu rei que deve acabar encurralado
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há uma nova guerra numa das regiões mais instáveis do mundo. Em causa está um combate por hegemonia política mas também pelo mercado petrolífero. E mais do que um “sismo político” o que se avizinha é “uma enorme mudança económica”.
TEXTO: O Irão, “o Estado terrorista mais perigoso do mundo” quer “controlar o Médio Oriente, como os nazis quiseram reinar aniquilando o povo judeu”. “Os iranianos é que se ingerem nos assuntos dos países árabes, seja o Líbano, a Síria, o Iraque ou o Iémen, e isso nós não podemos tolerar. Temos de enfrentar a agressão do Irão, que quer dominar a região. ” As primeiras frases têm quatro dias e são do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. As segundas foram ditas pelo embaixador da Arábia Saudita em Washington, Adel al-Jubeir, horas depois de o seu país ter começado a bombardear o Iémen. Há uma nova guerra no Médio Oriente. Não parece exactamente notícia, pois não? Há mais uma guerra na região, já havia aliás, era uma guerra civil no Iémen, o mais pobre dos países árabes e ninguém parecia prestar-lhe grande atenção. Até que, na madrugada de 26 de Março aviões sauditas começaram a largar bombas sobre os rebeldes huthis, uma tribo de confissão zaidita (um ramo do islão xiita) que avançava para conquistar Áden, a segunda maior cidade do país, onde estava encurralado o Presidente Abd Mansour Hadi, que chegou ao cargo depois de um acordo negociado pelos sauditas para afastar Ali Abdullah Saleh, na ressaca das revoltas árabes. Os sauditas não estão sozinhos, juntaram numa mesma coligação países sunitas como Marrocos, Sudão ou Turquia. Do outro lado, o inimigo comum, o Irão, no momento em que o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Zarif, estava na Suíça a discutir com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, um acordo sobre o programa nuclear iraniano que, a ser bem-sucedido, vai permitir levantar as sanções económicas que asfixiam o país e limitam as suas exportações de petróleo, e arrancar, em simultâneo, o rótulo de pária que a República Islâmica ostenta há décadas. Na narrativa saudita e do Presidente Hadi, os huthis são “marionetas do Irão”, como o Hezbollah libanês. Não são. De acordo com a mesma perspectiva, o Irão, persa, orgulhoso e xiita, quer dominar todo o mundo árabe, de esmagadora maioria sunita. A realidade é um bocadinho mais complexa. Por exemplo, Netanyahu não teme que o Irão “aniquile o Estado judaico”. Teme é deixar de ser a única potência nuclear na região. Se o Irão tivesse, de facto, a bomba atómica (ou estivesse prestes a alcançá-la, como Netanyahu garante a cada oportunidade), e quisesse realmente controlar o Iémen, nunca Riad teria decidido intervir assim. A bomba é o dissuasor. Se Bagdad tivesse a bomba, o mais certo era Saddam Hussein não ter acabado na forca. Facto: a Arábia Saudita tem e sempre teve uma enorme influência no Iémen, influência que os huthis ousaram pôr em causa. Facto: “Os huthis não recusam dinheiro ou até algumas armas do Irão, mas teriam chegado exactamente onde estão sozinhos, com os aliados que foram forjando no terreno, incluindo tribos e grupos sunitas”, diz, ao telefone, Adam Baron, analista do European Council on Foreign Relations, que já viveu em Sanaa. Um jogo muito perigosoPara além de temerem que a instabilidade iemenita “tenha impacto na sua própria sociedade”, os sauditas quiseram “enviar uma mensagem ao Irão, o seu oponente pela hegemonia regional, para que cesse o seu apoio aos huthis”, afirma, numa troca de emails, Mariano Aguirre, director do Norwegian Peacebuilding Resource Center de Oslo. Muitos analistas escreveram nas últimas semanas sobre “um crescente de milícias xiitas” que proliferaria por toda a região. Também repetiram a ideia de que o conflito entre sauditas e iranianos pela hegemonia política em curso no Médio Oriente é a nova Guerra Fria, desta vez eminentemente sectária, sunitas contra xiitas, luta de vida ou de morte. Sim, o Hezbollah é apoiado pelo Irão e o mesmo acontece com o regime sírio e várias milícias que combatem o autoproclamado Estado Islâmico ao lado do Governo iraquiano (enquanto os Estados Unidos bombardeiam os jihadistas em missões aéreas). Mas falar de um exército de milicianos xiitas a avançar pelas fronteiras árabes “é uma caracterização exagerada”, diz Aguirre. “Claro que há milícias xiitas a operar na Síria, no Iémen, no Líbano e noutros países, mas pensar que o Irão está por trás de todas elas, controlando e ameaçando a comunidade sunita, é uma simplificação. ”Pior. De cada vez que a Arábia Saudita descreve este embate como um conflito sectário só o intensifica. No fim, quem sairá vencedor serão os grupos jihadistas (e sunitas), como a Al-Qaeda na Península Arábica (que já controla cidades e aeroportos no Iémen) e o Estado Islâmico. “O Iémen sempre foi um país sem grande distinção entre sunitas e xiitas, usavam as mesmas mesquitas, não havia sectarismo. E esta narrativa é muito perturbadora. Agora, a utilização de linguagem cada vez mais sectária por líderes religiosos, tanto na Arábia Saudita como no Iémen, começa a desintegrar o país, a destruir o tecido social”, avisa Baron. “A religião é uma óptima maneira de levar as pessoas a matarem por ti. "Conter os iranianosCom melhores ou piores relações, a Arábia Saudita e o Irão parecem envolvidos numa competição contínua “enquanto tentam garantir alianças no Golfo e assegurar a perpetuidade dos seus próprios regimes” (Saudi Arabia and Iran: The Struggle for Power and Influence in the Gulf, Ariel Jahner, 2012). Antes do derrube do Xá e da Revolução Islâmica de 1979, as relações entre os dois países eram quase calorosas; desde então, estiveram quase sempre de costas voltadas, e até sem laços diplomáticos, expecto quando o inimigo comum foi Saddam, depois de invadir o Kuwait. O próprio Conselho de Cooperação do Golfo, que inclui a Arábia Saudita, Omã, Qatar, Kuwait, Bahrein e os Emirados e foi formado em 1981, surgiu no contexto na necessidade sentida pelos sauditas de conterem o Irão e o seu poder. A decisão de invadir o Iraque, em 2003, por parte dos EUA, abriria, como avisou na altura o então chefe da Liga Árabe Amr Moussa, “a caixa de pandora” com dimensões que talvez nem o egípcio antecipasse então. Do ponto de vista de Riad e dos seus aliados sunitas, o grande risco era o “crescente xiita”, a expressão cunhada pelo rei Abdullah da Jordânia para descrever o arco de influência que o Irão ia conquistar através do Iraque (país árabe de maioria xiita até aí governado por um ditador sunita), passando pela Síria para chegar ao Líbano. O que se seguiu foi uma desestabilização regional, com o fortalecimento de grupos jihadistas (expulsos do santuário afegão depois do 11 de Setembro) e uma guerra civil sangrenta entre iraquianos que transbordou para os países fronteiriços e acabou por fomentar o que é hoje a ameaça dos radicais na Síria (e de novo no Iraque) e em países tão longínquos como o Mali, a Nigéria ou o Paquistão. Entretanto, aconteceram as revoltas democráticas de 2011. Poderiam ter acontecido alguns anos antes, uns meses depois, mas eram inevitáveis. E, do ponto de vista da ditadura saudita, inaceitáveis. Por um lado, Riad temeu que Teerão aproveitasse a queda de regimes anti-iranianos para forjar novas alianças. Por outro, pôs todos os petrodólares que pôde ao dispor do que sobrava dos antigos regimes para esmagar a Irmandade Muçulmana e grupos com ligações à confraria. Em causa estava a sua própria sobrevivência. O reino que guarda os locais mais santos do islão viu como os protestos chegavam a países como Marrocos, que soube contê-los através de reformas, ou Jordânia, cujos líderes partilham com os sauditas a legitimidade da monarquia. Pior, os protestos chegaram à sua própria casa, na Província Oriental, onde se concentra a marginalizada população xiita do país e parte considerável das suas reservas do petróleo. Daí que os sauditas não tenham hesitado em enviar tropas para esmagar a revolta no Bahrein, onde uma família sunita governa um país de maioria xiita – o medo era, uma vez mais, que um país caísse sob influência do Irão. Novo tabuleiro, velha ordemDurante um período, este novo tabuleiro em transformação parecia tender para a formação de três blocos: por um lado, o Irão; por outro, sauditas e os seus aliados; e um terceiro, formado pela Turquia, Qatar e pela Irmandade. Os dois últimos competiram até esgotar recursos e isso beneficiou… o Irão. A intervenção no Iémen, que é paralela às negociações sobre o nuclear iraniano e se segue à chegada ao trono de um novo rei saudita, Salman, em Janeiro, e a uma melhoria das relações de Riad com o Qatar, indica um regresso à ordem regional anterior às revoltas. Os sauditas querem ser senhores do Golfo e vêem o Irão como inimigo a abater, de preferência antes que o regime dos mullahs normalize relações com o mundo ocidental. O problema é que, num mundo pós-acordo nuclear, nem Israel nem a Turquia vão desaparecer como poderes regionais e as monarquias do Golfo serão inevitavelmente o elo mais fraco desta “cadeia de influência regional”, conclui o académico dos Emirados Nasser Ahmed bin Ghaith, na Al-Jazira. A assistir num camarote, “pipocas” e tudo, sugere Baron, estão os líderes iranianos. “Grande parte do que está a acontecer no Iémen pode explicar-se pela paranóia da Arábia Saudita sobre o papel do Irão no país”, diz o investigador. “Claro que o Irão adora ter os sauditas assustados com os seus supostos planos para controlar o Médio Oriente. Quer ser visto como todo-poderoso. ”Há uma semana, enquanto Zarif aterrava em Lisboa, o jornal espanhol El País publicava uma entrevista com o ministro. “Temos influência em todo o mundo árabe. Estamos prontos para usá-la […]”, foi o título. A frase continuava: “[…] para alcançar uma solução negociada no Iémen, sabemos que não há solução militar”. Falamos de hegemonia política, e faz todo o sentido que o Irão se veja e queira ser visto como uma potência. “É um país com um legado histórico, cultural, religioso e político importante. Considera que deve ser respeitado como uma potência regional por este passado e porque é um país consideravelmente estável no Médio Oriente”, diz Aguirre. “Com a Turquia e a Arábia Saudita é um país líder e quer esse reconhecimento. ”Falamos de economia, e muito. Baron não vê o actual bloco sunita formado pela Arábia Saudita aguentar-se para lá deste “afronta comum” iemenita e num mundo pós-sanções internacionais ao Irão. É que sem elas, o país que se estima poder exportar 1, 5 milhões de barris de petróleo por dia (numa altura em que os preços já estão em queda), “será um grande produtor competindo directamente com a Arábia Saudita”, diz Aguirre. Este “também é um conflito económico, pelos mercados petrolíferos”. Em breve, estima Baron, países que agora se puseram ao lado dos sauditas, desde o Magrebe ao Golfo, da Turquia ao Paquistão, passando pela própria União Europeia, “terão todo o interesse em negociar com o Irão”. E é também por isso que “os sauditas estão tão nervosos”: “o que este acordo nuclear pode trazer à região, mais até do que um sismo político radical, é uma enorme mudança económica”. Ou um xeque-mate ao rei.
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Entidades EUA
"Procuro imagens que me façam sentir feliz, triste, culpado"
Yannis Behrakis, fotojornalista da Reuters há quase 30 anos, integra o júri da 6.ª edição do Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem. Os vencedores são conhecidos este mês. (...)

"Procuro imagens que me façam sentir feliz, triste, culpado"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.06
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Yannis Behrakis, fotojornalista da Reuters há quase 30 anos, integra o júri da 6.ª edição do Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem. Os vencedores são conhecidos este mês.
TEXTO: Em 2010, o fotojornalista da Reuters Yannis Behrakis regressou à Grécia e encontrou o que não queria: uma crise para fotografar. No projecto Down and Out, foi ao encontro dos sem-abrigo de Atenas. Miguel era recepcionista num hotel. Stephanos trabalhava numa loja de roupa no centro de Atenas. Dimitrios era dançarino num grupo de folk. Os hotéis faliram, as lojas fecharam, os empregos desapareceram. Quando em 2008 a crise financeira explodiu na Grécia, muitos gregos viram as suas vidas desmoronar. Com o desemprego como maior flagelo, muitos deixaram de poder satisfazer necessidades básicas como pagar a renda, a electricidade, a conta do supermercado. De acordo com a organização não-governamental grega Klimaka (que dá assistência a entre 150 e 200 sem-abrigo diariamente) 6 em 10 sem-abrigo perderam a casa desde o início da crise. Mais de 40% têm filhos. Ainda que não tivesse as estatísticas na cabeça, Yannis Behrakis, 55 anos, não ficou indiferente o que se passava à sua volta quando regressou a Atenas em 2010, depois de vários anos a viver e trabalhar fora da Grécia como fotojornalista da Reuters. “Fiquei em choque e de algum modo em negação, mas rapidamente percebi a magnitude do que estava a acontecer”, explica Yannis ao PÚBLICO, numa conversa via email. Nos últimos 25 anos, Yannis Behrakis fotografou quase todos os grandes acontecimentos internacionais : as guerras na Croácia, Tchetchénia, Somália, no Kosovo, Afeganistão, Líbano. Em 2000, escapou à morte na Serra Leoa num ataque a um grupo de jornalistas, mas perdeu dois colegas de profissão. Em 2008, tinha-se mudado para Jerusalém como delegado da Reuters para Israel e Palestina. Dois anos depois, de volta a Atenas, mergulhou também ele nas consequências de uma crise que o apanhou de surpresa. A mulher, médica, esteve desempregada durante 2 anos até encontrar emprego numa clínica privada (onde o salário chega com 3 a 5 meses de atraso). “90% dos meus colegas fotojornalistas ficaram sem trabalho e só com ajuda conseguiram sobreviver no dia-a-dia. Um primo meu, por exemplo, tinha um negócio de vestidos de noiva que foi a falência e perdeu tudo”, conta. Em 2012, Atenas começou a enfrentar o número crescente de sem-abrigo nas ruas. “Para mim foi uma vergonha ver pessoas a viver e morrer nas ruas sem nenhum apoio”, explica Yannis. No início de 2013, decidiu documentar essa realidade. Durante 4 meses andou pelas ruas de Atenas a conhecer quem vivia nelas. “Era muito importante para mim ser verdadeiro na minha abordagem a essas pessoas. Nunca prometi “salvá-los” ou mudar as suas vidas. Mas disse-lhes que esperava que as pessoas - incluindo os políticos - vissem o meu projecto e se sentissem envergonhados. Que quisessem fazer algo para ajudar”. Yannis conversou, confessa, mais do que fotografou. Queria saber as histórias daquelas pessoas, o que as tinha levado até ali: a viver debaixo de um viaduto, a dormir em meia caixa de cartão, a sobreviver na rua. Debaixo de uma ponte, Yannis conheceu Dimitrios, um ex-bailarino que só queria trabalhar e não mendigar. Acabaria por tornar-se assistente de Yannis no projecto Down and Out. Dimitrios, 51 anos, e a namorada, Marialena, 42, vivem na rua. Ela, toxicodependente, chegou a Atenas ainda adolescente em busca de uma vida melhor. Seguiu-se uma vida conturbada, esteve presa, contraiu o vírus da SIDA. Quando Yannis a conheceu, estava a meio de um programa de reabilitação com metadona. A reportagem foi publicada pela Reuters em Junho de 2013. O trabalho foi também divulgado no blogue da agência, acompanhado por um texto do fotojornalista: “Depois de escrever para este blogue dei por mim a pensar: o que aconteceu ao meu país?”, escreveu Yannis nessa altura. O fotojornalista estará em Portugal na próxima semana para integrar o júri do Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem, dedicado em exclusivo à reportagem fotográfica. Vem à procura de imagens com “imaginação, criatividade e ética”, diz ao PÚBLICO. “Procuro imagens que criem emoções, que me façam sentir feliz, triste, culpado. Que dão esperança, que fazem chorar”. O impacto das histórias dos sem-abrigo que conheceu, conta, ajudou a alertar para o problema e conseguiu mobilizar alguma ajuda. Hoje, a Grécia tem um novo governo e está, por outras razões, debaixo dos holofotes. “Como ser humano e cidadão grego, espero o melhor. Com o novo governo, espero um novo começo e um futuro melhor para os meus filhos. Como pessoa, cresci a não ter medo”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte ataque mulher ajuda adolescente medo desemprego vergonha salário
Google oferece visita virtual a prisão onde Mandela esteve detido 18 anos
Celas, corredores e torres de vigia da antiga ilha-prisão podem ser visitados à distância. (...)

Google oferece visita virtual a prisão onde Mandela esteve detido 18 anos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Celas, corredores e torres de vigia da antiga ilha-prisão podem ser visitados à distância.
TEXTO: O Google permite desde esta semana visitar online a cadeia de Robben Island, onde Nelson Mandela passou 18 dos 27 anos em que esteve preso. Através de um smartphone ou tablet, é possível percorrer virtualmente corredores, celas e as torres de vigia da prisão onde estiveram presos alguns dos principais nomes da luta contra o apartheid na África do Sul. A partir de agora é possível visitar a 466/64, a cela exígua onde Mandela esteve detido em Robben Island, que desde a sua construção serviu, além de prisão de segurança máxima, como colónia para leprosos e hospital psiquiátrico. Além do aspecto actual da cela, o visitante pode ver fotografias da 466/64 de quando Mandela ali esteve preso. Através da galeria Maps e da página Cultural Institute é possível percorrer outras partes de Robben Island, a partir de imagens panorâmicas ou de fotografias acompanhadas de pequenos textos que explicam a história de todos os cantos da ilha sul-africana. Uma das características mais interessantes da visita virtual é a possibilidade de ver e ouvir alguns dos antigos presos de Robben Island contarem as suas experiências enquanto prisioneiros do regime apartheid. “Antes um símbolo do regime opressivo do apartheid, Robben Island é agora um memorial sobre um espírito humano irreprimível em busca pela liberdade. Esperamos que tenha um momento para viajar no tempo para explorar e se inspirar com a história de esperança e humanidade da ilha”, escreve o Google no anúncio da visita virtual.
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Palavras-chave prisão
Governo angolano reconhece “irregularidade” no fecho de colégio turco
Ministro do Interior diz que tem a "humildade de pedir desculpas" aos pais e alunos, indignados com fecho repentino de escola na sexta-feira, seis dias depois do arranque do ano lectivo. (...)

Governo angolano reconhece “irregularidade” no fecho de colégio turco
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ministro do Interior diz que tem a "humildade de pedir desculpas" aos pais e alunos, indignados com fecho repentino de escola na sexta-feira, seis dias depois do arranque do ano lectivo.
TEXTO: O ministro do Interior angolano, Ângelo da Veiga Tavares, reconheceu “alguma irregularidade” no encerramento do colégio turco em Luanda, na sexta-feira passada, seis dias depois do arranque do ano lectivo. Segundo a Lusa, Tavares justificou o encerramento do Colégio Esperança Internacional por questões de “bastante gravidade” e afastou “quaisquer pressões” de “qualquer país”. Disse que o posicionamento do governo “tem a ver com questões de natureza factual”. Porém, “a forma como foi feito o processo feriu de alguma irregularidade e causou toda essa reacção”. Disse: “Temos a humildade de publicamente pedir desculpas aos pais e aos alunos na certeza de que tudo está ser feito para que os alunos não sejam prejudicados”. Antes, os pais dos alunos tinham exigido um pedido de desculpas público pelo encerramento da escola e por não terem sido informados da venda do colégio, noticiou a Rede Angola. O jornal O País disse que dois professores “estão a ser julgados no Tribunal Provincial de Luanda, desde Janeiro, por actividades associadas ao financiamento ao terrorismo internacional e branqueamento de capitais” . Recentemente, uma jovem estudante do colégio turco, Tchissola Figueiredo, colocou um vídeo no seu Facebook a contar o que tinha acontecido e a apelar ao Governo que volte atrás. "Vamos perder pelo menos um mês de aulas”, lamentou Tchissola Figueiredo ao PÚBLICO. No vídeo, que rapidamente foi partilhado milhares de vezes, a jovem de 17 anos descrevia que “representantes do Ministério da Educação e do SME (Serviço de Migrações e Fronteira) apareceram na escola, chegaram e interromperam as aulas. Houve um grande alarido”, conta. Os professores “fizeram uma fileira e estavam rodeados da polícia”, continua. No encerramento, foram “violentos”, “e em frente de crianças”, acusou. “Também estou muito chateada pela forma como humilharam os professores na minha frente”, disse. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A escola fechou por ordem de um despacho do Ministro da Educação, Pinda Simão, de 7 de Fevereiro. O despacho manda a entrega de toda “a documentação fundamental da instituição” ao Gabinete Provincial de Educação de Luanda no prazo de oito dias: documentos legais, processos individuais dos alunos, contratos e registos do corpo docente. Já em Outubro de 2016, o Presidente da República José Eduardo dos Santos tinha ordenado o fecho do colégio justificando-o com a “necessidade de se garantir o bem-estar e a segurança dos cidadãos num clima de paz e harmonia social”, “sem quaisquer divisionismos susceptíveis de atentar contra a unidade e a integridade territorial”. O despacho presidencial, a que o PÚBLICO teve acesso, ordenava o cancelamento dos vistos dos docentes e funcionários “obtidos por via do colégio” e que os “seus utentes sejam administrativamente expulsos do país”. Além disso, “as instalações e o património dos órgãos referidos ficam sob custódia do Ministério do Interior”. Quando fechou, foram referidas as ligações do colégio ao movimento de Fethullah Gülen, acusado pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de ser responsável pela tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho de 2016, na Turquia. Na Nigéria, em Julho, o embaixador turco tinha pedido ao Governo que encerrasse 17 escolas ligadas a Gülen. Segundo a jovem, a escola, com a maioria de professores turcos e onde as aulas são dadas em inglês, não faz "parte deste movimento. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola tribunal educação social corpo