Ganha Bibi e perdem os messiânicos
Um dos mais implacáveis críticos de Bibi Netanyahu, o analista Nahum Barnea, reconheceu que os resultados das eleições foram uma vitória pessoal que ele não deve a ninguém: “Afinal de contas, Bibi é um mágico. ” Ganhou quando parecia isolado e os israelitas se diziam fartos dele. O seu partido, o Likud, parecia desfazer-se perante a pressão da extrema-direita. E, quando tudo parecia perdido, fez um final de campanha brutal, jogando no “medo existencial” dos israelitas e nos seus fantasmas — das conspirações internacionais contra Israel ao perigo da esquerda entregar Jerusalém aos árabes: “Sou eu ou eles. ” No fim... (etc.)

Ganha Bibi e perdem os messiânicos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.3
DATA: 2015-03-19 | Jornal Público
TEXTO: Um dos mais implacáveis críticos de Bibi Netanyahu, o analista Nahum Barnea, reconheceu que os resultados das eleições foram uma vitória pessoal que ele não deve a ninguém: “Afinal de contas, Bibi é um mágico. ” Ganhou quando parecia isolado e os israelitas se diziam fartos dele. O seu partido, o Likud, parecia desfazer-se perante a pressão da extrema-direita. E, quando tudo parecia perdido, fez um final de campanha brutal, jogando no “medo existencial” dos israelitas e nos seus fantasmas — das conspirações internacionais contra Israel ao perigo da esquerda entregar Jerusalém aos árabes: “Sou eu ou eles. ” No fim, ganhou. Talvez conheça melhor Israel de hoje do que o centro-esquerda. A sua última cartada foi enterrar a “solução dois Estados”, que aceitara solenemente em 2009. Hoje, as negociações de paz são um simulacro, mas o próprio teatro tem uma função: gerir um interminável “processo de paz” é uma condição da coexistência com a Autoridade Palestiniana (AP) — que assegura a administração e o policiamento na Cisjordânia — e sobretudo um meio de evitar o isolamento internacional e dar uma indispensável contrapartida à potência que, em última instância, lhe garante a segurança — os Estados Unidos. Tinha feito, duas semanas antes, um discurso no Congresso americano que, além de ser uma provocação ao Presidente Obama, rompia uma regra vital nas relações israelo-americanas: o seu carácter bipartidário. Ao “partidarizar” a política israelita de Washington hipoteca os interesses de Israel a longo prazo. Bibi sempre foi acusado de não ter estratégia. Tudo é táctica. Segue o princípio de que “só há política interna” e datas eleitorais. O resultado das eleições e o final da campanha não deixam a Bibi senão a alternativa de formar uma coligação com a extrema-direita. A coligação com o centro-esquerda, o “governo nacional” que o Presidente, Reuven Rivlin, teria em mente, tornou-se irrealista tanto para o primeiro-ministro, como para Isaac Herzog. Interrogam-se os analistas: conseguirá um governo de extrema-direita ter influência na solução do programa nuclear iraniano e evitar o isolamento de Israel no Ocidente? Quase todos duvidam. Uma das vantagens da “grande aliança” seria a de mudar a deteriorada imagem internacional de Israel. Livni ou Herzog fariam bem esse papel. A propósito do discurso no Congresso, Meir Dagan, ex-chefe da Mossad, acusou Bibi de praticar uma “política aventureira” que enfraquece a aliança americana. Membros do establishment da segurança alertam para a possibilidade de desmoronamento da AP e o risco de nova Intifada, tanto mais que o novo Governo irá prosseguir a colonização — outro foco de atrito com os americanos. Ex-espiões e generais na reserva denunciam a falta de uma estratégia perante as mudanças no tabuleiro geopolítico da região. O Governo israelita opõe-se ao projecto americano de estabilizar o Médio Oriente com base em quatro grandes actores: Israel, Irão, Arábia Saudita e Turquia. A emergência de uma nova ameaça, o Estado Islâmico (EI), faz os americanos terem pressa. A análise de Bibi é diferente. O “novo Médio Oriente” é menos ameaçador para Israel, que partilha um grande número de interesses com o Egipto, a Arábia Saudita, a Jordânia e Estados do Golfo. A emergência do EI não só reduz a hostilidade árabe a Israel, como fará a Europa e os EUA deixarem cair a questão palestiniana. Derrota dos messiânicosHá outros e relevantes efeitos no panorama político. A coligação do centro-esquerda perdeu uma “oportunidade histórica”, a da fraqueza do Likud. Os trabalhistas não vencem eleições desde 1999. Herzog conseguiu uma recuperação notável, mas fica fora do poder. O Labor abandonou a identidade socialista. É apenas sionista. Tenta recuperar o sionismo original contra os sionistas messiânicos. De forma geral, a esquerda desfez-se. O declínio do Meretz, o último partido que se assume como socialista, parece irreversível. Há duas outras e importantes novidades. A extrema-direita — a ultranacionalista e a messiânica — sofreu um forte recuo, com uma “hemorragia” de eleitores que regressaram ao Likud. A mais grave ameaça ao Estado laico e democrático foi travada. A Casa Judaica, de Naftali Bennett, perdeu um terço dos deputados. Bennett é a estrela do sionismo messiânico e tentou disputar ao Likud a liderança da direita. O ultranacionalista Avigdor Liberman, que os israelitas árabes acusam de racismo, esteve quase a ser eliminado do Knesset. Os ultra-ortodoxos racistas do Yahad não passaram a barreira dos 3, 25%. As extremas-direitas são indispensáveis a Bibi para formar governo, mas surgem enfraquecidas. A derradeira novidade é o sucesso da Lista Conjunta, que reúne os partidos árabes e figuras da esquerda judaica e se tornou na terceira força política do país. A emergência de um líder jovem, Ayman Odeh, pode transformar o tabuleiro político. Deixa de lado as “relíquias” do nacionalismo palestiniano e assume a luta pela plena cidadania dos israelitas árabes. Vai partilhar a liderança da oposição com Herzog e Livni. Promete agitar o jogo político.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
"Parem de nos matar", pedem os manifestantes de Ferguson
Tudo começou quando a polícia matou um jovem afro-americano desarmado na cidade de Ferguson, no Missouri, EUA. Diariamente há protestos, gente que lembra que os negros também são seres humanos. Do outro lado da barricada estão as autoridades.... (etc.)

"Parem de nos matar", pedem os manifestantes de Ferguson
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
TEXTO: Tudo começou quando a polícia matou um jovem afro-americano desarmado na cidade de Ferguson, no Missouri, EUA. Diariamente há protestos, gente que lembra que os negros também são seres humanos. Do outro lado da barricada estão as autoridades.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Um penálti do tamanho do Mundial
Um erro de arbitragem no jogo Austrália-Guiné Equatorial, no Mundial de futebol feminino que está a decorrer na Alemanha, tem todos os condimentos para ser um sucesso na Internet. Uma jogadora de campo da selecção africana agarrou a bola com ambas as mãos dentro da grande área, mas nem mesmo assim a equipa de arbitragem marcou grande penalidade.... (etc.)

Um penálti do tamanho do Mundial
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: Um erro de arbitragem no jogo Austrália-Guiné Equatorial, no Mundial de futebol feminino que está a decorrer na Alemanha, tem todos os condimentos para ser um sucesso na Internet. Uma jogadora de campo da selecção africana agarrou a bola com ambas as mãos dentro da grande área, mas nem mesmo assim a equipa de arbitragem marcou grande penalidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo
"Cresci ouvindo: negro não presta"
Ariana Reis, 32 anos, raramente se cruza com médicas negras. Cresceu a ouvir: “‘negro não presta’”. É uma das várias histórias do racismo à brasileira.... (etc.)

"Cresci ouvindo: negro não presta"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.35
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: Ariana Reis, 32 anos, raramente se cruza com médicas negras. Cresceu a ouvir: “‘negro não presta’”. É uma das várias histórias do racismo à brasileira.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro racismo
Líder do Parlamento Europeu junta-se a Merkel nas críticas a Portugal
O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, criticou o facto de Portugal estar a pedir investimentos angolanos, considerando que, assim, “o futuro de Portugal é o declínio”.... (etc.)

Líder do Parlamento Europeu junta-se a Merkel nas críticas a Portugal
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
TEXTO: O presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, criticou o facto de Portugal estar a pedir investimentos angolanos, considerando que, assim, “o futuro de Portugal é o declínio”.
REFERÊNCIAS:
Países Portugal
Vem aí um telescópio transcontinental que Portugal pode ajudar a pôr de pé
O Square Kilometre Array será um dos instrumentos científicos mais importantes do mundo. Esta sexta-feira decorre um workshop em Lisboa para pôr Portugal no mapa da construção de um projecto que quer transformar África. Quando estiver terminado, o Square Kilometre Array (SKA) vai estar espalhado pela Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e outros países africanos como Moçambique e talvez Angola. O consórcio internacional responsável por este projecto prevê que se gaste na construção 1500 milhões de euros até 2024. O SKA vai pôr milhares de antenas a perscrutar o universo para responder a questões fulcrais de fí... (etc.)

Vem aí um telescópio transcontinental que Portugal pode ajudar a pôr de pé
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-12-02 | Jornal Público
TEXTO: O Square Kilometre Array será um dos instrumentos científicos mais importantes do mundo. Esta sexta-feira decorre um workshop em Lisboa para pôr Portugal no mapa da construção de um projecto que quer transformar África. Quando estiver terminado, o Square Kilometre Array (SKA) vai estar espalhado pela Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e outros países africanos como Moçambique e talvez Angola. O consórcio internacional responsável por este projecto prevê que se gaste na construção 1500 milhões de euros até 2024. O SKA vai pôr milhares de antenas a perscrutar o universo para responder a questões fulcrais de física. O projecto quer ainda levar energia eléctrica e Internet a milhões de pessoas em África. Esta sexta-feira, em Lisboa, há um workshop sobre o SKA com grupos científicos e empresas portuguesas que já estão nesta aventura. Um dos objectivos é atrair o Governo português a entrar no consórcio. “Portugal tem um ano para decidir se quer estar no SKA como um dos membros da organização”, diz Domingos Barbosa ao PÚBLICO, líder do grupo de radioastronomia do Instituto de Telecomunicações, que está ligado à Universidade de Aveiro. O cientista tem sido um organizador não oficial da estratégia portuguesa do SKA, fazendo a ponte entre as comunidades científicas, tecnológicas e industriais portuguesas e o projecto do radiotelescópio. “Um dos objectivos é mostrar o que é o SKA aos decisores da política científica portuguesa e as oportunidades que surgem à ciência e à tecnologia de ponta”, explica Domingos Barbosa. Uma das palestras será dada por Miguel Seabra, presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Phil Diamond, director-geral da organização do SKA, e Daan du Toit, representante do Governo da África do Sul na União Europeia, também falarão do projecto. O SKA começou a ser concebido em 1991 e tem como membros a África do Sul, Austrália, Canadá, China, Holanda, Itália, Nova zelândia, Reino Unido e Suécia. Em Maio passado, foi finalmente decidido onde será instalado o grande radiotelescópio, depois de um atraso de três anos. A África do Sul e a Austrália foram os dois países escolhidos para a sua instalação, e onde vai ficar a grande maioria dos instrumentos. A ideia é instalar milhares de antenas e de discos, distribuídos ao longo de 3000 quilómetros de diâmetro, que vão captar ondas de rádio numa vasta gama de frequências. Com isso, espera-se mapear mil milhões de galáxias para tentar saber mais sobre, por exemplo, a matéria escura, que estará a acelerar cada vez mais a expansão do universo. O telescópio vai ainda procurar vestígios de moléculas orgânicas, que poderão indiciar vida noutros planetas. Para a localização da infra-estrutura tinha de se escolher uma região remota, para que a captação de ondas rádio vindas do espaço tivesse o mínimo de interferências. Mas isso exigirá um esforço brutal. Não só para construir estradas e transportar materiais mas também para providenciar energia eléctrica e Internet. Em África, as estruturas do projecto vão estender-se até países como Moçambique (que receberá 40 antenas), Quénia ou o Gana. A ligação entre Portugal e ÁfricaNa África do Sul já estão a ser formados técnicos. Mas além da educação científica, Domingos Barbosa diz que o consórcio quer aproveitar a instalação de novas linhas eléctricas e da Internet para também fazer chegar estes bens a 1500 milhões de pessoas que vivem isoladas. “Pode aliviar a pobreza e a falta de energia eléctrica”, defende o cientista, acrescentando que este aspecto de desenvolvimento social também pode ter interesse para o Governo português. “Portugal tem excelentes ligações com África. Tem valências científicas e industriais nas áreas da energia, tecnologia de informação e do espaço”, refere ainda. Pode, por isso, dar formação nestes países e ser uma porta de entrada de África na Europa. “A FCT está numa fase de avaliação do SKA com base em critérios científicos e estratégicos”, diz Ana Godinho, do gabinete de comunicação da FCT. “No início de 2013 serão tomadas algumas decisões. ”A Nokia Siemens Networks, a Martifer Solar e a Critical Software são três empresas em Portugal já ligadas ao SKA nas áreas da Internet, energia e espaço. Mas, segundo Domingos Barbosa, se Portugal se tornar membro do consórcio do SKA, poderá definir o seu papel no projecto desde o início e ter um retorno científico e empresarial muito maior.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação social pobreza
O ano iraniano de Obama
Agora que inicia o seu segundo mandato presidencial, Barack Obama terá de dedicar grande parte da sua atenção a encontrar uma forma de organizar as finanças internas do país. Mas as questões de política externa são igualmente motivo de grande preocupação e, não obstante o conflito que está em curso na Síria e a possibilidade de a guerra alastrar à região africana do Sahel, a perspectiva consensual em Washington é que 2013 será o "ano decisivo" relativamente ao Irão. A primeira Administração de Obama teve início com uma proposta de diálogo com a República Islâmica. No seu primeiro discurso na tomada de posse, em 2... (etc.)

O ano iraniano de Obama
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-01-31 | Jornal Público
TEXTO: Agora que inicia o seu segundo mandato presidencial, Barack Obama terá de dedicar grande parte da sua atenção a encontrar uma forma de organizar as finanças internas do país. Mas as questões de política externa são igualmente motivo de grande preocupação e, não obstante o conflito que está em curso na Síria e a possibilidade de a guerra alastrar à região africana do Sahel, a perspectiva consensual em Washington é que 2013 será o "ano decisivo" relativamente ao Irão. A primeira Administração de Obama teve início com uma proposta de diálogo com a República Islâmica. No seu primeiro discurso na tomada de posse, em 2009, Obama afirmou, numa frase que ficaria memorável: "Estender-vos-emos a mão, se estiverdes dispostos a abrir os vossos punhos cerrados. " Repetiu o compromisso, embora de forma muito mais oblíqua, no seu segundo discurso de investidura: "Daremos provas de coragem na resolução pacífica das nossas divergências com as outras nações – não porque somos ingénuos perante os perigos com que somos confrontados, mas porque o diálogo permite acabar de forma mais duradoura com a desconfiança e o medo. "Como observou recentemente o académico e activista americano Hussein Ibish, Obama nomeou um governo com o objectivo de obter maior margem de manobra para negociar um acordo com o Irão. Em especial, o facto de nomear veteranos de guerra para os cargos de secretário de Estado e de secretário da Defesa conferir-lhe-á uma valiosa cobertura política interna para um acordo que exigirá inevitavelmente o levantamento das sanções ao Irão e o reconhecimento quase certo do seu direito de enriquecer urânio a um baixo nível de concentração. O Governo do Irão deveria considerar este facto como um sinal de que não só os EUA estão a levar a sério o acordo, como também de que qualquer que seja a proposta dos EUA será provavelmente o melhor acordo que poderão conseguir. A Administração Obama reuniu uma coligação extraordinária de países para impor sanções económicas que estão a ter um efeito notável no preço e disponibilidade das mercadorias no Irão e na capacidade negocial, mesmo das instituições poderosas, como a Guarda Revolucionária. Mas as coligações não se mantêm unidas infinitamente e o peso das sanções afecta, muitas vezes, ambos os lados, prejudicando compradores e vendedores. Houve países, como por exemplo a Coreia do Sul e o Japão, que só a custo reduziram as suas importações de petróleo iraniano; e há países, como a China e a Rússia, que raramente levam a sério as sanções. Além disso, Obama não pode lançar continuamente a ameaça de que "todas as opções estão sobre a mesa", sem perder a credibilidade junto dos iranianos e de outros países do Médio Oriente. Como refere Suzanne Maloney, especialista em política externa da Brookings Institution, os países da região e não só sentem-se actualmente desanimados perante a falta de liderança dos EUA em relação à Síria. Se os EUA tentarem uma vez mais uma negociação séria (uma proposta credível e uma verdadeira disponibilidade para o diálogo) e se nada fizerem, caso a sua proposta seja refutada, o país irá assumir-se como um "tigre de papel". Nesse ponto, a coligação de sanções irá provavelmente desintegrar-se perante uma perda muito maior de confiança no papel de liderança dos EUA. Assim, os EUA encontram-se numa situação de impasse. Recentemente, o antigo conselheiro de Segurança Nacional dos EUA Zbigniew Brzezinski manifestou a sua firme oposição face a uma intervenção militar, propondo, em vez disso, uma estratégia de continuidade na imposição de sanções e de alargamento das medidas de dissuasão. Tal como aconteceu com a política dos EUA em relação ao bloco soviético durante a Guerra Fria, "uma ameaça militar do Irão a Israel, ou a qualquer outro país defensor dos EUA no Médio Oriente, seria considerada como uma ameaça dirigida aos próprios Estados Unidos e precipitaria uma resposta proporcional por parte deste país". Reconheço o bom senso na abordagem de Brzezinski. Mas Obama conduziu os EUA e os seus aliados demasiado longe no actual caminho. Além disso, e fundamentalmente, Brzezinski esquece-se de que a determinação de Obama em impedir o Irão de adquirir armas nucleares não tem origem apenas na sua preocupação pela segurança de Israel ou pela estabilidade do Médio Oriente. Obama empenhou-se sucessivamente no objectivo de mudar o mundo, conduzindo-o ao "Zero Global" – um mundo isento de armas nucleares. Na opinião do Presidente norte-americano (partilhada pelos antigos secretários de Estado Henry Kissinger e George Shultz, pelo antigo secretário da Defesa William Perry e pelo antigo senador Sam Nunn), se o mundo não encontrar uma forma de viver sem armas nucleares, seremos confrontados com um sistema internacional no qual entre 30 e 50 Estados possuem armamento nuclear, aumentando para um nível inaceitavelmente elevado o perigo de um lançamento acidental ou deliberado. Convencer as grandes potências a proceder à eliminação total dos seus arsenais nucleares pode parecer tão politicamente fantasioso quanto conseguir aprovar a legislação relativa ao controlo de armas no Congresso dos EUA, mas Obama deixou claro que está disposto a agir também nesta matéria. Por mais lógica ou atraente que uma política de contenção possa ser, o compromisso de Obama de levar a cabo uma desnuclearização global como parte do seu legado implica que não permitirá que outro país adquira armamento nuclear durante o seu mandato, ao contrário dos seus antecessores, que permitiram que a Índia, Israel, a Coreia do Norte e o Paquistão o fizessem. Assim sendo, o desafio é enorme tanto para os EUA como para o Irão. Os outros países não deveriam subestimar a determinação de Obama; os governos que têm relações com o Irão deveriam salientar que agora é o momento propício para estabelecer um acordo. E países como a Turquia e o Brasil (e talvez a Índia e o Egipto) poderiam desempenhar um papel útil, idealizando uma forma que permita aos iranianos satisfazer as exigências da comunidade internacional, em conjunto com alternativas a longo prazo para o enriquecimento de combustível que sejam compatíveis com a redução da ameaça nuclear global. Os aliados dos Estados Unidos, por sua vez, devem estar preparados para cerrar fileiras com aquele país, tanto no sentido de traçar as linhas gerais de um acordo, como no sentido de uma intervenção militar. A arte de governar não assenta na escolha entre a guerra e a diplomacia como se fossem alternativas mutuamente exclusivas, mas sim na compreensão da forma como ambas se combinam. No caso da Síria, o Ocidente apelou repetidamente a uma abordagem diplomática, afastando a possibilidade de uma intervenção militar, sendo os resultados previsivelmente negativos. Os EUA não cometerão o mesmo erro em relação ao Irão. Tradução: Teresa Bettencourt/Project SyndicateAntiga directora de Planeamento de Políticas no Departamento de Estado dos EUA (2009-2011), é professora de Política e Relações Internacionais na Universidade de Princeton
REFERÊNCIAS:
"A liberdade de expressão não pode impedir outros de se exprimirem"
Nos 20 anos da TVI, o director de Informação diz que a estação faz um jornalismo mais relevante e que compreende o que o Governo quis fazer com a RTP. Os três canais generalistas estão a concertar-se para mudar a lei eleitoral autárquica para não se repetir o que José Alberto Carvalho classifica como "imposição administrativa" de debates. Se a lei não mudar, a estação não transmitirá nenhum. A TVI organiza uma conferência sobre o futuro do jornalismo para os 20 anos da estação, mas aconteceram os 20 minutos mais perturbados da história recente da TVI. Não previram os riscos de convidar Miguel Relvas? A conferê... (etc.)

"A liberdade de expressão não pode impedir outros de se exprimirem"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-02-21 | Jornal Público
TEXTO: Nos 20 anos da TVI, o director de Informação diz que a estação faz um jornalismo mais relevante e que compreende o que o Governo quis fazer com a RTP. Os três canais generalistas estão a concertar-se para mudar a lei eleitoral autárquica para não se repetir o que José Alberto Carvalho classifica como "imposição administrativa" de debates. Se a lei não mudar, a estação não transmitirá nenhum. A TVI organiza uma conferência sobre o futuro do jornalismo para os 20 anos da estação, mas aconteceram os 20 minutos mais perturbados da história recente da TVI. Não previram os riscos de convidar Miguel Relvas? A conferência começou a ser preparada há semanas. Não antecipámos o que acabou por acontecer. Nos últimos dias havia sinais evidentes de que isso podia acontecer, mas quem deve fazer essa avaliação são os próprios membros do Governo, que têm dispositivos que supostamente funcionam para lhes dizer o que podem e devem ou não fazer Esses serviços nitidamente não funcionaram ontem. Não sei. Na visita de segurança que fizeram previamente, havia uma saída de emergência [identificada] que não foi utilizada. Estrela Serrano escreveu que Miguel Relvas não tem autoridade moral, ética ou política para falar de jornalismo. Concorda? É uma avaliação política. Como director de Informação da TVI, não a devo fazer. Não sentiu que deveria ter convencido os manifestantes a deixarem o ministro falar? Não foi possível. Aquelas pessoas estavam lá, com toda a legitimidade. Mas a nossa liberdade de expressão não pode impedir os outros de se exprimirem. E esse parece-me ser o ponto-limite aqui. Eu percebo a indignação das pessoas, mas o que aconteceu foi que um grupo de pessoas, numa conferência sobre jornalismo, decidiu boicotar - e estava lá apenas para boicotar - o discurso de Miguel Relvas. É uma acção política, que posso avaliar à minha maneira. Foi o ministro que disse que se ia embora? Foi o ministro que disse: "Penso que não há condições". Foi ele que tomou iniciativa. O que queria dizer quando afirmou "podem contar com a TVI"? Que os jornalistas estão sempre do lado da liberdade de expressão. No dia em que um jornalista não defender a liberdade de expressão, assina a sua sentença de morte. Esse remate foi um pouco dúbio, porque não se percebia quem estava a criticar. Estava a criticar quem impediu uma pessoa de quem se discorda de se pronunciar. Isso sim, assumidamente. O facto de com excesso de liberdade de expressão se silenciar alguém com quem não se concorda não me parece um bom princípio porque permite todos os desmandos. O episódio acaba por transmitir ao ministro uma certa aura de injustiçado. Não sei se era isso que os manifestantes pretendiam. Embora fosse um recado interno e sobre outro assunto, Pais do Amaral disse uma vez que "uma TV privada não é uma plataforma para interferir na situação política do país". Sente que de alguma forma a TVI foi ontem usada por terceiros? Não, seria precipitado e pouco sensato da minha parte responder a essa pergunta. É uma especulação. O entendimento que eu tiver devo guardá-lo para mim. Como reage a elogios de um administrador que faz o elogio de uma direcção de Informação (DI), em contraponto com uma anterior que foi tão marcante? Não reajo, sei que estou a fazer o meu trabalho e sei qual foi o compromisso que assumi com a empresa que me contratou. Os administradores são livres de se pronunciarem. Eu, como director de Informação e como ser humano, considero mais simpático ouvir um elogio que uma crítica. Mas nada mais. O que pensa da informação que era feita nessa época? Eu decidi não me pronunciar em público, desde que assumi estas funções, sobre esse período, porque isso é abrir feridas desnecessárias. No seu compromisso com a TVI, há metas quantitativas de audiências? Não. Posso tê-las para mim porque conheço a realidade do mercado e sei como funcionam as empresas de media em Portugal. Mas não me foi fixado nem proposto um valor. Até porque o mercado é mutante e incógnito. O padrão de consumo mudou muito nos últimos dois anos. As pessoas têm o poder, que a tecnologia lhes concedeu, de decidir como gastam o tempo em frente ao televisor. Esse poder é brutal em relação ao passado. Isso altera a forma como se programa e se faz informação num canal de TV generalista? Condiciona necessariamente. Como jornalistas, sentimos que, com esta amplitude de escolha que as pessoas têm, aquilo que nós consideramos informação de referência tem tendência a ser preterida. Esse tipo de informação terá tendência para se cristalizar no cabo para audiências voluntariosas, talvez elitistas. O que é que mudou nestes últimos dois anos na informação da TVI e qual é a sua mais-valia em relação à concorrência? Nós assumimos que nos aproximámos de um modelo de jornalismo televisivo mais consensual. O que significa "mais consensual"? É a menor valorização dos acontecimentos de ordem interna, a menor valorização de pseudofenómenos desportivos de pouco interesse geral, sobrevalorização de emoções ou opiniões, uma hierarquização de notícias. Isto implica sempre um julgamento moral de alguma forma e eu tenho resistido a entrar nesse capítulo. O que responde a quem diz que esta direcção faz um jornalismo mais acomodado? Respondo de uma maneira muito simples: a relevância da informação da TVI é incomparavelmente superior, a capacidade de a informação da TVI marcar a agenda social e económica do país é permanente, a capacidade de a TVI gerar acontecimentos que são noticiados por todos os outros é impressionante. A passagem pelo serviço público influenciou o modelo que esta direcção quis construir aqui? Julgo que não. A grande vantagem da passagem pela RTP como director de Informação foi a habilitação para lidar com redacções grandes. E desvantagens da passagem pela RTP? O excesso de escrutínio. Por mais capacidade de resistência que se tenha, e os profissionais da RTP têm-na. Mas água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Tive cenas um bocadinho desagradáveis, algumas que só contarei nas minhas memórias. E da SIC - o que se pode importar para aqui? Nada. As pessoas são diferentes, as empresas são diferentes. Não vale a pena importarmos modelos de um lado para o outro. Isso é um facilitismo que não devemos seguir. No discurso que não chegou a ler, Miguel Relvas anunciou uma RTP mais competitiva. Como avalia a forma como o Governo tem conduzido o dossier da RTP? Com grandes dúvidas e perplexidades. E inquietação. A discussão sobre a privatização da RTP foi inquinada desde o princípio. Eu sempre disse que não me pronunciava sobre a privatização da RTP por uma razão muito simples: não percebo aquilo de que se está a falar. Quando se está a falar da privatização da TAP, sei o que está em causa. Quando se está a falar da RTP, não sei se são os estúdios, as frequências, as marcas, os profissionais. Estamos a falar de quê? Isso nunca foi clarificado até agora. Está preocupado enquanto director da TVI ou por causa do serviço público? Sem hipocrisia, por causa das implicações que isso teria para o mercado. Neste momento, a privatização seria negativa. Neste alegado exercício de liberalismo económico, eu pergunto-me: o que é que o mercado, os espectadores, os produtores de conteúdos audiovisuais e o contribuinte ganham? Nada disto foi claro. E interrogo-me sobre o porquê e o para quê deste negócio. Não acho nada que não haja um consenso sobre o que é o serviço público em Portugal. Isso só existe em Inglaterra, que inventou a democracia representativa, a televisão e o serviço público de televisão. E mesmo aí só nas últimas legislativas é que houve um debate entre os candidatos a primeiro-ministro. Eles têm as ideias certas e nós é que as aplicamos, é isso que quer dizer? Não. Nós temos um problema de consciência com a televisão. Atribuímos uma importância absoluta à televisão. O que aconteceu nas últimas legislativas é um exemplo e vai ter repercussões sérias nas próximas autárquicas. A TVI não está disposta a passar debates por imposição administrativa. Se não está disposto a isso, qual vai ser a vossa proposta? Mudar a lei e não só. Tanto quanto sei, a lei eleitoral autárquica é a única lei do período gonçalvista que permanece em vigor. Não faz sentido sermos condenados por não cumprirmos regras do tempo do gonçalvismo. Isso vai ser uma posição concertada das três televisões? Estamos a falar sobre isso, porque nas últimas legislativas houve consequências para as três televisões por igual. Não estamos dispostos a fazer debates nestas condições. Se não houver alterações na legislação daqui até às autárquicas, na TVI não haverá nenhum debate. Que respostas obteve ontem, depois de um dia a discutir o futuro do jornalismo? Que me parece fundamental transpor para a opinião pública a ideia de que os media geram opinião pública fundamentada e que a opinião pública é um dos ingredientes fundamentais para a vida em sociedade. Há actividades que estão a desaparecer. E se o jornalismo for uma delas? Não acredito que isso venha a acontecer. Estamos a correr esse risco, mas enquanto sociedade vamos resistir a essa tentação. O jornalista deixou de ser o filtro entre o que se sabe e o que não se sabe. As redes sociais estão a transformar as relações humanas e deviam estar a mudar o jornalismo. E o público está informado? Está. E sobre o que significa o que é noticiado? Não. O desafio é esse. O jornalismo interpretativo, assumido como tal, é um caminho que só os jornalistas podem percorrer. Na TVI já procuramos isso, de uma certa forma. O que é que a TVI está a fazer para oferecer conteúdos informativos a todos os públicos que estão espalhados pelas várias plataformas existentes? Essa é a maior dificuldade, em tempo de crise e de contenção. As empresas de media estão confrontadas com a diminuição crescente, avassaladoramente rápida, do mercado que as financiava. A nossa razão de ser empresarial está a desaparecer e a audiência potencial está a fragmentar-se. Esse é que é o desafio que vai condicionar o exercício do jornalismo. Enquanto não se vislumbrarem novos ecossistemas de negócios sustentáveis, vamos ser forçados a fazer mais com menos. As empresas de media deviam estar a cobrar dinheiro ao Google? Sim. O Google ganha dinheiro com um modelo de negócio importado dos media, que é baseado na publicidade, mas com notícias usurpadas que eles nunca produziram. Isto é absurdo do ponto de vista económico e moral. A TVI24 tem feito um percurso fulgurante nas últimas semanas. É possível recuperar a distância que a separa dos outros canais de notícias? Os hábitos mudam-se. O que está a acontecer no último ano e sobretudo desde Setembro demonstra-o. Precisamos de três canais de notícias? É a realidade que temos. A TVI24 é uma corrida determinante porque uma grande parte do futuro do jornalismo [televisivo] está necessariamente no cabo. Não vai salvar toda a actividade, mas sem o cabo vai ser extraordinariamente difícil manter o resto. Na TVI24 temos o fenómeno Marques Mendes, um comentador que dá notícias em primeira mão. Os jornalistas perderam esse espaço para dar notícias e foram substituídos pelos comentadores? Penso que não. O caso do dr. Marques Mendes é singular e ele tem o enorme mérito de ter construído um caminho que tem feito bons resultados. É um comentador que divulga factos novos. Teme uma entrada de capital angolano na TVI? Não. O problema não é a nacionalidade do dinheiro, é a atitude dos donos do dinheiro. Mas isso acontece em Portugal e em todo o lado. Acho que vamos todos, portugueses e angolanos, ter que ajudar a destruir esse preconceito. A sua redacção vai ser aumentada ou diminuída? Tem vindo a ser diminuída. E está no limite da sua capacidade para o serviço que estamos a oferecer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte lei social consumo
O vindouro século do Atlântico
Os Estados Unidos estão em ascensão; a Europa está a estabilizar e ambos estão a aproximar-se. Foi essa a principal mensagem transmitida no início deste mês na Conferência de Segurança de Munique (MSC), que se realiza anualmente; uma reunião de grande responsabilidade com ministros da Defesa, ministros dos Negócios Estrangeiros, principais representantes militares, deputados, jornalistas e especialistas em segurança nacional de todo o género. Os participantes são essencialmente oriundos da Europa e dos Estados Unidos; na verdade, quando a conferência começou, em 1963, centrava-se inteiramente aos membros da NATO.... (etc.)

O vindouro século do Atlântico
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-02-22 | Jornal Público
TEXTO: Os Estados Unidos estão em ascensão; a Europa está a estabilizar e ambos estão a aproximar-se. Foi essa a principal mensagem transmitida no início deste mês na Conferência de Segurança de Munique (MSC), que se realiza anualmente; uma reunião de grande responsabilidade com ministros da Defesa, ministros dos Negócios Estrangeiros, principais representantes militares, deputados, jornalistas e especialistas em segurança nacional de todo o género. Os participantes são essencialmente oriundos da Europa e dos Estados Unidos; na verdade, quando a conferência começou, em 1963, centrava-se inteiramente aos membros da NATO. Este ano, no entanto, os principais representantes dos governos do Brasil, da Índia, da Nigéria, de Singapura, do Qatar e da Árabia Saudita juntaram-se à reunião, o que revela um importante sinal dos tempos. John McCain, senador dos Estados Unidos e candidato presidencial em 2008, lidera sempre uma grande delegação do Congresso rumo a Munique. Tipicamente, a administração dos EUA também envia o secretário da Defesa ou o secretário de Estado para proferir um discurso, que já é um ritual, a reassegurar aos europeus a força da aliança transatlântica. Este ano, o vice-presidente Joe Biden fez as honras da casa, injectando mais força na representação dos EUA. A conferência também incluiu um debate com um tema pouco habitual – “A prosperidade do petróleo e do gás dos EUA: As mudanças geopolíticas da energia”. O enviado especial dos EUA e coordenador de assuntos internacionais para o sector da Energia, Carlos Pascual, descreveu a “revolução energética interna norte-americana”: um aumento de 25% na produção de gás natural, o que poderá baixar o preço do gás, e uma produção petrolífera suficiente para reduzir as importações de petróleo em cerca de 40 a 60% do consumo, com um aumento previsto de 10%. Pascual projectou que os EUA estarão aptos a importar todas as necessidades energéticas do país, a partir do continente americano, por volta de 2030. Um recente estudo confidencial da Agência de Inteligência alemã levantou a hipótese de os EUA poderem se tornar de facto num exportador de petróleo e de gás, por volta de 2020, contrastando a posição actual que ocupa de maior importador energético do mundo. Essa distinção iria provavelmente abrandar a China, que ficaria cada vez mais dependente do Médio Oriente. Como um bónus extra, a proporção elevada do consumo de gás norte-americano tem reduzido as emissões de carbono para os níveis de 1992. O sentido de sorte norte-americano, uma frase que actualmente não é muito ouvida no mundo, aumentou com a descrição dos participantes de como os preços mais baixos da energia para a produção norte-americana tem um impacto positivo na competitividade da economia dos EUA. Como resultado, as reservas energéticas do país também se tornaram num chamariz para os investimentos. O ministro da Economia e da Tecnologia alemão, Philipp Rösler, disse que muitas empresas alemãs já estão neste momento a deslocalizarem-se para os EUA, devido aos baixos preços da energia. Igualmente importante, os participantes referiram a crescente importância do gás líquido natural relativo ao gasoduto, o que tem enormes implicações geopolíticas. Em poucas palavras, se o gás é exportado no estado líquido, é fungível. Por outras palavras, se a Rússia restringir a circulação de gás para a Ucrânia por motivos políticos, mas se o resto da Europa tiver gás de outras fontes, eles podem simplesmente revender o seu gás à Ucrânia e exportá-lo via Mar Báltico. Jorma Ollila, presidente da Royal Dutch Shell, descreveu o mapa mundial dos maiores depósitos de óleo de xisto e de gás. A própria Ucrânia tem a terceira maior reserva da Europa; outros países com grandes depósitos incluem a Polónia, a China, a Indonésia, a Austrália, a África do Sul, a Argentina e o México. E os EUA já estão à frente da Rússia como maior produtor de gás mundial. Todos estes dados chamaram a atenção do ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, António de Aguiar Patriota. Num debate intitulado “As potências emergentes e a governação mundial”, Patriota referiu a discussão em torno da energia e mencionou que as potências emergentes não se devem esquecer de que “as potências estabelecidas não são potências que estão a afundar-se”. Em suma, a narrativa penetrante do declínio ocidental, subitamente inverteu-se. O horizonte também parecia mais prometedor do lado europeu. No debate aberto “A crise do euro e o futuro da UE”, prevaleceu o optimismo cauteloso. Ninguém achava que os problemas da União Europeia estavam resolvidos, mas também ninguém achava que a zona euro estaria a “desfazer-se”. Pelo contrário, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, deixou claro que a resolução dos alemães em olharem para a zona euro através dos seus problemas era firme. E um distinto economista da assistência, que muitas vezes predisse a extinção da zona euro, rapidamente mudou de ideias. Além dos relatórios sobre uns EUA em ascensão (não obstante a desgraça fiscal) e sobre uma Europa estabilizada (apesar dos problemas da moeda única europeia), a conferência realçou um discurso efectuado por Biden que foi muito além da retórica animadora que os governantes norte-americanos costumam oferecer nas capitais europeias. Biden disse ao público que o Presidente dos EUA, Barack Obama, acredita que a “Europa é o pilar do nosso envolvimento com o resto do mundo” e “o catalisador para a nossa cooperação global”. Biden salientou que a “Europa é o maior parceiro económico da América”, relembrando números que a administração de Obama focada na Ásia pareceu muitas vezes esquecer: “mais de 600 mil milhões de dólares em comércio anual que criam e sustentam milhões de postos de trabalho, no continente e no país, e cinco biliões em toda a relação comercial”. Biden chegou a sugerir “um acordo abrangente de comércio e investimento transatlântico”; uma semana depois, no seu discurso sobre o estado da União, Obama anunciou precisamente o início das negociações para tal acordo. Biden terminou com um discurso todo floreado. “A Europa continua a ser o parceiro indispensável da América de primeira escolha”, declarou. “E, perdoem-me alguma presunção, acredito que continuamos a ser o vosso parceiro indispensável”. Estas palavras de peso reflectem uma nova sensibilidade em Washington. Tal como a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, referiu num dos seus últimos discursos sobre a política externa, os EUA não estão a planear afastarem-se da Europa para a Ásia, mas sim juntarem-se à Europa até à Asia. A sorte do Ocidente está a aumentar, lentamente mas seguramente. Juntos, a Europa e os EUA representam mais de 50% do PIB mundial, têm a maior força militar do mundo, em muitos aspectos, e controlam uma proporção crescente de reservas de energia mundiais. Também têm uma capacidade diplomática e de ajuda ao desenvolvimento formidável, representando uma comunidade pacífica de democracias que partilham um compromisso comum com os direitos, a dignidade e o potencial de todos os seres humanos. Imaginem essa comunidade a estender-se à costa oriental da América Latina e à costa oeste de África. Poderá muito bem ser, afinal de contas, um século do Atlântico. Anne-Marie Slaughter, ex-directora da planificação de políticas no Departamento de Estado norte-americano (2009-2011), é professora na Universidade de PrincetonTradução: Project Syndicate
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA NATO UE
Acesso generalizado a anti-retrovirais contra o HIV leva a aumento espectacular da esperança de vida
Pela primeira vez, foi possível avaliar o impacto destas terapias numa população real de pessoas infectadas pelo vírus da sidaQuando, em 2004, todas as pessoas infectadas pelo vírus da sida de uma dada região da província de KwaZulu-Natal, na África do Sul, passaram a poder usufruir gratuitamente de uma terapia anti-retroviral, a esperança de vida da população adulta aumentou com uma rapidez sem precedentes. De 49, 2 anos, passou, em 2011, para 60, 5 anos. E mais: apesar da despesa envolvida, esta intervenção maciça revelou-se "extremamente positiva" em termos de custos-benefícios, conclui um estudo hoje publicad... (etc.)

Acesso generalizado a anti-retrovirais contra o HIV leva a aumento espectacular da esperança de vida
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.6
DATA: 2013-02-22 | Jornal Público
TEXTO: Pela primeira vez, foi possível avaliar o impacto destas terapias numa população real de pessoas infectadas pelo vírus da sidaQuando, em 2004, todas as pessoas infectadas pelo vírus da sida de uma dada região da província de KwaZulu-Natal, na África do Sul, passaram a poder usufruir gratuitamente de uma terapia anti-retroviral, a esperança de vida da população adulta aumentou com uma rapidez sem precedentes. De 49, 2 anos, passou, em 2011, para 60, 5 anos. E mais: apesar da despesa envolvida, esta intervenção maciça revelou-se "extremamente positiva" em termos de custos-benefícios, conclui um estudo hoje publicado na revista Science. "Trata-se de um dos ganhos de esperança de vida mais rápidos jamais observados na história da saúde pública", diz em comunicado Till Bärnighausen, da Universidade de Harvard (EUA), que dirigiu o estudo. A epidemia de sida surgiu tarde na África do Sul. Mas a seguir explodiu, com a prevalência da infecção pelo HIV a crescer de 1% para 25% entre 1990 e 1998 - e os adultos a perderem entre 10 e 20 anos de esperança de vida, explica num podcast no site da Science o co-autor Jacob Bor, também de Harvard. "O alargamento de escala das terapias anti-retrovirais permitiu inverter em grande parte o declínio da esperança de vida adulta devido ao HIV", acrescenta. Estes cientistas, juntamente com colegas do Centro Africano de Saúde e de Estudos Populacionais da Universidade de KwaZulu-Natal (UKZN), registaram, entre 2000 e 2011, as datas de morte de mais de 100 mil pessoas residentes numa zona rural, 29% das quais eram seropositivas. Para isso, realizaram, ao longo desses 12 anos, inquéritos de casa em casa duas vezes por ano. "Não fizemos amostragens, contámos toda a gente", diz Bor. "Foi um empreendimento muito, muito maciço". O tratamento anti-retroviral representa um custo de 500 a 900 dólares (570 a 670 euros) por ano e por pessoa. Mas Bor e os seus colegas também mostraram que os benefícios do tratamento ultrapassam largamente os custos médicos - que, no caso sul-africano, totalizaram 10, 8 milhões de dólares (oito milhões de euros) ao longo dos oito anos que durou o estudo propriamente dito. Já houve tentativas de calcular os efeitos e os custos de programas de administração de anti-retrovirais a populações inteiras. Mas consistiam em extrapolar resultados obtidos com pequenos grupos de pessoas tratadas nos hospitais. O novo estudo permitiu, pela primeira vez, "saltar" para a vida real, determinando directamente, para além do aumento efectivo da esperança de vida adulta, a efectiva relação custo-benefício desta estratégia terapêutica. O resultado obtido não parece deixar lugar para dúvidas: "Salvar um ano de vida custa 1593 dólares (1190 euros)", o que corresponde "a menos de um quarto do PIB per capita da África do Sul em 2011", diz Bor. "Ora, uma relação de custo-benefício inferior a três vezes o PIB anual per capita já é considerada boa - e se for inferior a um PIB anual per capita, é muito boa. Portanto, a relação custo-benefício desta intervenção é extremamente boa. " Bor faz notar que o aumento da esperança de vida poderá ter ainda outros efeitos positivos, uma vez que as pessoas passam a encarar o seu futuro de outra maneira e a investir nele. Um outro estudo, também publicado na mesma edição por Bärnighausen e Frank Tanser (da UKZN), mostra que, na mesma região, o risco de ser infectado pelo HIV diminuiu significativamente desde 2004, ano em que as pessoas seropositivas começaram a tomar anti-retrovirais. Estes cientistas acompanharam 17 mil pessoas não infectadas e concluíram que as que viviam em zonas de elevada cobertura anti-retroviral tinham um risco de infecção 38% inferior ao das que viviam em zonas de baixa cobertura.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA