Presidente chinês é “dono disto tudo”. Comentário de chefe de divisão no MNE é “lamentável”, diz ministro
Paulo Chaves chamou ao presidente chinês "DDT" , sigla corrente para “dono disto tudo”. Gabinete do ministro pediu averiguações para saber se foi cometida alguma infracção. (...)

Presidente chinês é “dono disto tudo”. Comentário de chefe de divisão no MNE é “lamentável”, diz ministro
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Paulo Chaves chamou ao presidente chinês "DDT" , sigla corrente para “dono disto tudo”. Gabinete do ministro pediu averiguações para saber se foi cometida alguma infracção.
TEXTO: O chefe de divisão de informação e imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o diplomata Paulo Chaves, não escondeu o seu contentamento com a chegada do Presidente chinês a Portugal. "The dragon has landed", escreveu num post do seu Facebook privado com fotografias de Xi Jinping a aterrar em Lisboa. Depois, num comentário a esse post, em que era perguntado se "já estão todos de cócoras e prontos para beijar a barra do casaco?", Paulo Chaves referiu-se ao presidente chinês como "DDT", a sigla utilizada para significar "dono disto tudo". O comentário de Paulo Chaves no seu Facebook privado correu entre alguns diplomatas que manifestaram desagrado por verem outro diplomata e chefe de divisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) a comentar a chegada do Presidente chinês Xi Jinping daquela forma. Sobretudo porque Chaves não é um diplomata qualquer, é um dos responsáveis pela missão para a presidência portuguesa da União Europeia em 2021 e o chefe de informação e imprensa, que lhe dá o pelouro também das redes sociais. E o incómodo acontece numa altura em que se debate o papel de Portugal na estratégia chinesa e no equilíbrio necessário entre os interesses portugueses e da União Europeia. Esta conduta de Paulo Chaves será alvo de averiguações. O gabinete de Augusto Santos Silva respondeu ao PÚBLICO que, "logo que soube deste episódio lamentável" através das perguntas endereçadas, "o ministro determinou ao organismo competente que averiguasse se foi aqui cometida alguma infracção". Para o MNE este tipo de comentário não é "de todo" adequado, "mesmo que em contexto de conversa privada ou em registo irónico", até porque os diplomatas estão obrigados a algumas regras de conduta nos seus comportamentos em público e, no caso de Chaves, acresce o facto de ser o responsável pela informação e imprensa do ministério. De acordo com as regras do MNE, quem trabalhe no ministério tem de seguir regras e princípios, mesmo em contas pessoais, porque, diz o gabinete de Santos Silva, "tudo o que possa fazer, dizer ou partilhar nessa rede social será potencialmente visto em função dessa associação", uma vez que "nenhuma conta numa rede social é verdadeiramente privada, na medida em que toda a informação é inerentemente partilhada com terceiros". E por isso, acrescenta o MNE, "a partilha de qualquer tipo de informação, opinião ou escolha presente ou passada poderá ter consequências futuras imprevisíveis”. Aliás, no post de Paulo Chaves há um diplomata que questiona se houve alguém que "perdeu a noção" pelo facto de estar na fila de honra para receber o Presidente chinês e tirar fotografias ao mesmo tempo. Nas respostas enviadas ao PÚBLICO, o gabinete de Santos Silva recusa que esta visão do diplomata seja de algum modo compatível com a forma como o Governo português vê o Presidente da China. "Evidentemente que não" reflecte a posição do Governo, "quem reflecte a opinião do Governo em matéria de política externa é o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros, ou os respectivos secretários de Estado", como sucedeu com a entrevista de Santos Silva ao Sol no passado sábado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Paulo Chaves tem uma longa carreira na diplomacia e ligações à China. De acordo com o currículo publicado no Diário da República aquando da sua nomeação, em Outubro de 2018, para o cargo que actualmente ocupa, é dito que esteve na "base principal da delegação do grupo de ligação conjunto luso-chinês e da delegação ao grupo terras luso-chinês" entre 1996 e 1999. Depois disso, esteve nas embaixadas portuguesas de Santiago do Chile, Tóquio e Nova Deli. Nota: Título corrigido às 22h50. O diplomata Paulo Chaves é chefe de divisão de informação e imprensa do MNE e não "porta-voz", como era inicialmente referido.
REFERÊNCIAS:
Entidades MNE
Polícia francesa abre inquérito ao desaparecimento do presidente chinês da Interpol
Mulher do político chinês deu o alerta a 29 de Setembro. Meng Hongwei ficou incontactável quando partir para uma viagem à China. (...)

Polícia francesa abre inquérito ao desaparecimento do presidente chinês da Interpol
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mulher do político chinês deu o alerta a 29 de Setembro. Meng Hongwei ficou incontactável quando partir para uma viagem à China.
TEXTO: A polícia francesa abriu uma investigação para apurar o paradeiro do presidente da Interpol, o político chinês Meng Hongwe, cujo paradeiro é desconhecido desde que partiu para uma viagem à China. A mulher de Meng, que vive na cidade francesa de Lyon, onde a polícia internacional tem a sua sede, deu o alerta no dia 29 de Setembro. Meng foi visto pela última vez a sair da sede da Interpol — ia viajar para a China. "Não desapareceu em França", garantiu uma fonte policial à agência AFP. Meng, de 64 anos, chegou à chefia da Organização Internacional de Polícia Internacional em Novembro de 2016 — a Interpol foi criada em 1914 e tem 192 membros. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nascido em Harbin, na China, foi vice-ministro dos Serviços Públicos (controlava os serviços secretos) e director da Guarda Costeira chinesa. Explicam as agências noticiosas internacionais que Meng ?Hongwei foi um "peso pesado" do Partido Comunista Chinês. Razão pela qual organizações de defesa dos direitos humanos expressaram dúvidas quando foi nomeado para a Interpol — alertaram para o facto de o Governo de Pequim usar o cargo para vigiar ou perseguir dissidentes no estrangeiro. A China usou por várias vezes a Interpol para conseguir a extradição de dissidentes. Segundo o jornal China Daily, quando tomou posse como director da Interpol, Meng Hongwei disse que pretendia "tornar o organismo policial internacional numa plataforma mais eficaz de cooperação entre os Estados". Em resposta à decisão francesa de abrir um inquérito, a Interpol emitiu um comunicado (citado pela Reuters) de teor ambíguo a dizer que o paradeiro de Meng Hongwei é "um assunto" que vai ser tratado pelas "devidas autoridade francesas e chinesas" e que o presidente não se ocupa dos assuntos do dia-a-dia da organização, estando esta função a cargo do secretário-geral, Jürgen Stock.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos humanos mulher chinês
Será que andas a engordar o teu animal de companhia com mimos?
A comida demasiado gulosa — ou dada em quantidades não medidas — e os extras para compensar a tua ausência ou a falta de tempo, associados a um estilo de vida sedentário, podem ser responsáveis pelo teu cão ou o teu gato estarem a ficar gordinhos. (...)

Será que andas a engordar o teu animal de companhia com mimos?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 Homossexuais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-12 | Jornal Público
SUMÁRIO: A comida demasiado gulosa — ou dada em quantidades não medidas — e os extras para compensar a tua ausência ou a falta de tempo, associados a um estilo de vida sedentário, podem ser responsáveis pelo teu cão ou o teu gato estarem a ficar gordinhos.
TEXTO: Se fazes parte do clube de tutores de coração mole (como eu) e não resistes à patinha do teu cão a bater-te na perna enquanto comes ou ao ar de "Gato das Botas" do teu bichano enquanto preparas a sandes de fiambre, então este texto é para ti. Repito, eu também faço parte deste clube. Adoro os meus animais e não sou imune aos seus encantos. Mas, pela saúde deles, obrigo-me a não ceder à tentação e recompenso-os de outras maneiras, de forma mais saudável e apropriada à sua natureza. A comida demasiado gulosa — ou dada em quantidades não medidas — e os extras para compensar a tua ausência ou a falta de tempo, associados a um estilo de vida sedentário, podem ser responsáveis pelo teu cão ou o teu gato estarem a ficar gordinhos. Apesar de achares muita graça ao refego fofinho ou à pele pendente da barriga que já toca no chão, a verdade é que “gordura não é formosura” — e esse excesso de peso que ele carrega também traz problemas de saúde e menos anos de vida. Recompensá-lo com comida ou snacks em vez de atenção, festinhas, passeios e brincadeiras, é “estragá-lo” com mimos de uma forma que lhe pode fazer mal. Eu sei que a intenção é boa, que ele fica feliz e nos agradece com lambidelas ou turrinhas e ronrom, mas a verdade é que, da mesma maneira que uma goma ou um chocolate não substitui um abraço e um beijo de um pai, também aqui as recompensas na forma de comida nem sempre são as mais saudáveis para os animais — tanto em termos físicos como emocionais. Ao contrário de ti, o teu animal de companhia não tem controlo sobre a alimentação e o exercício que faz, conta contigo para estabeleceres as regras e um plano. Isso inclui uma atenção especial da tua parte para reparar se algo não está bem: se o teu gato já não sobe para os móveis ou salta para a janela como antes; se o teu cão já não corre para a porta assim que dizes “vamos à rua” ou passou a ressonar muito mais enquanto dorme; se se cansa mais do que era costume. É importante saberes que a obesidade é considerada uma doença crónica. E que está intimamente associada ao aparecimento mais precoce de uma série de patologias — osteoartrite, diabetes mellitus, problemas cardiovasculares e respiratórios, entre outros — que provocam uma perda significativa de qualidade de vida nestes animais. Tal como reparas quando ele está doente e o levas ao veterinário de imediato, também aqui o médico dele te poderá ajudar a decidir se está na altura de dar início a um programa de perda e controlo de peso, com uma dieta especialmente formulada para o efeito e um plano de exercício adequado à idade e condição física. Atenção: cortar apenas nas quantidades do alimento de manutenção é batota, pouco saudável e pode mesmo provocar-lhe desequilíbrios nutricionais. Na consulta de controlo do peso, o veterinário terá a oportunidade de perceber se o teu animal tem apenas excesso de peso (10-20% acima do peso ideal) ou se já sofre de obesidade (>30% de excesso de peso). A partir daí, desenha um plano alimentar e de exercício de acordo com as suas necessidades e particularidades específicas, que o ajude a voltar ao peso ideal. E para quem não consegue deixar de dar algum “miminho” extra, o veterinário poderá até incluir alguns snacks saudáveis e de baixo teor calórico (como courgette, cenoura ou o alimento húmido da dieta de perda de peso), que não estraguem o resto do plano. O importante é teres noção de que os “extras” nunca devem ultrapassar os 10% do aporte calórico diário. Aqui, mais uma vez, a moderação e o bom senso devem imperar. O tratamento deste problema depende sobretudo de ti e das mudanças que deves fazer nos teus hábitos e no ambiente que o rodeia. Para o sucesso, há que voltar a equilibrar a balança de consumo/gasto calórico. Daí a importância do exercício físico e da escolha de um alimento adequado no seu todo em termos calóricos e nutricionais, que seja eficaz na perda de peso, mas que o faça de uma forma saudável. Há muitas maneiras de se fazer isto. Não tem de ser um “castigo” nem um regime militar. O compromisso de toda a família e o acompanhamento contínuo assegurado pela equipa veterinária são fundamentais. Se não estiverem todos “a bordo” deste barco, não vão conseguir levá-lo a bom porto. Porque o caminho é longo, trabalhoso, pode ser frustrante e haver a tendência para desistir, tal como acontece nas nossas dietas. E, por isso, sempre que tenhas alguma dúvida ou questão, não deixes de falar com a equipa veterinária que acompanha o teu animal. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Raramente as recomendações iniciais da quantidade de alimento são as que depois prevalecem no longo prazo. Há animais que atingem o seu peso ideal em três ou quatro meses, outros levam seis meses a um ano. Há outros até que nunca o chegam a atingir (é por exemplo o caso dos mais seniores). Mas, nestes, por pouco peso que percam, ganham muito mais vitalidade e qualidade de vida. Têm de se ir fazendo os ajustes necessários, pois há animais que vão perder peso demasiado rápido (o que pode ser muito perigoso, especialmente nos gatos) e outros que vão precisar de fazer uma maior restrição calórica e intensificar o exercício para voltarem a ficar fit. Muito mais do que os números na balança, o que interessa são as melhorias que vais notar ao longo das semanas ao ver o teu animal de estimação mais brincalhão, feliz, e a fazer coisas que não fazia desde que era jovem. Quando perdem peso, parece que “ganham pilhas novas”. E tu ganhas um companheiro mais activo e saudável por mais tempo.
REFERÊNCIAS:
China treina cães para detectar tráfico de espécies selvagens
Projecto tenta travar o crescente movimento ilegal de marfim, cornos de rinocerontes, partes de tigres e até de animais vivos. (...)

China treina cães para detectar tráfico de espécies selvagens
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Projecto tenta travar o crescente movimento ilegal de marfim, cornos de rinocerontes, partes de tigres e até de animais vivos.
TEXTO: Cães farejadores de drogas é o que não falta em aeroportos internacionais. Mas cães que farejam outros animais escondidos em malas, nisto provavelmente a China está a ser pioneira. São três labradores, treinados especificamente para ajudar no combate ao tráfico ilegal de espécies selvagens. No final de Julho, passaram com sucesso pelo seu exame final, detectando peças de marfim, ossos de tigres, cornos de rinocerontes e até tartarugas vivas nas esteiras de bagagens de um aeroporto, num contentor e numa centro dos correios. É o resultado de uma parceria das autoridades chinesas e da organização não-governamental Traffic, com o apoio da WWF. O país-alvo não foi escolhido por acaso. A China é um destino privilegiado do tráfico ilegal de espécies selvagens, recebendo animais ou partes de animais sobretudo do Sul e Sudeste asiático. Segundo a Traffic, entre 2000 e 2012, as autoridades chinesas fizeram apreensões de ossos, patas, carcaças, peles e exemplares vivos de tigres equivalentes a 156 animais. O marfim entra no país seja em grandes carregamentos em contentores, seja trazido nas malas de turistas, no seu regresso ao país. “A China está a fazer mais apreensões de marfim do que qualquer outro país do mundo neste momento”, disse ao PÚBLICO Richard Thomas, porta-voz da Traffic. “São quase duas por dia, sem contar com as centenas de chineses que são identificados noutros países com marfim ilegal”. Em muitas apreensões, há vários itens proibidos juntos. Na quarta-feira, as autoridades de Hong Kong confiscaram um lote de 1120 presas de elefante, 13 cornos de rinoceronte e cinco peles de leopardo, avaliados em cerca de quatro milhões de euros. “A utilização de cães farejadores é uma nova abordagem para detectar o contrabando de espécies selvagens e irá aumentar a eficácia na linha de frente do nosso trabalho”, afirma o chefe do programa agora lançado pelo Departamento Anti-Contrabando dos serviços alfandegários chineses, Jun Tan, citado num comunicado da Traffic. O programa está a atrair o interesse de países próximos, como o Butão, Índia, Laos, Nepal, Vietnam e Rússia. Em meados de Junho, as autoridades chinesas encontraram 213 patas de urso numa carrinha proveniente da Rússia. A Traffic está a cooperar com a China desde 2011 neste projecto. Os três labradores, mais os seus treinadores, serão os primeiros a serem posicionados em postos de fronteira, na província de Yunnan - que é uma das principais portas de entrada do contrabando de espécies selvagens.
REFERÊNCIAS:
Portugal tem um novo sinal de trânsito: “Atenção, linces”
Para reduzir o risco de atropelamentos, a libertação dos linces em Mértola está a ser rodeada de cuidados adicionais. (...)

Portugal tem um novo sinal de trânsito: “Atenção, linces”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Para reduzir o risco de atropelamentos, a libertação dos linces em Mértola está a ser rodeada de cuidados adicionais.
TEXTO: O pior que pode acontecer a Katmandu e >i>Jacarandá, o casal de linces ibéricos que será libertado esta terça-feira no concelho de Mértola, numa iniciativa inédita no país, é um dia virem a ser atropelados. Este risco real é uma das maiores apreensões que envolvem o programa de reintrodução desta espécie em Portugal, que entra agora numa fase decisiva, com a libertação de dez animais nos próximos oito meses no vale do Guadiana. “A nossa principal preocupação de facto é a questão dos atropelamentos, que é a principal causa de mortalidade em Espanha”, afirma o secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto. Outrora abundante, a espécie Lynx pardinus tinha quase desaparecido da Península Ibérica – o único lugar onde existe – ao longo do século XX, até se transformar no felino mais ameaçado de extinção em todo o mundo. Nos últimos dez anos, a sua população voltou a crescer em Espanha, através de um plano de reintrodução conjunto com Portugal. Mas os animais regressaram a um território modificado, com mais estradas e maior circulação de automóveis. Em Espanha, o número de linces atropelados subiu de nove em 2012 para 14 em 2013, e este ano a conta já vai em 20. O último caso foi o de Ketamina, uma fêmea nascida em Portugal, no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, e libertada em Julho passado na Extremadura espanhola. Teve apenas três meses de vida selvagem. Em Outubro, morreu sob as rodas de um automóvel, perto de Badajoz. Para reduzir o risco de atropelamentos, a libertação dos linces em Mértola está a ser rodeada de cuidados adicionais. Um deles é a instalação de placas específicas de sinalização nas estradas da região. Na verdade, trata-se de um novo sinal de trânsito, para alertar para a presença de animais. Ao invés de um gamo ou de uma vaca, como os que figuram nos sinais já existentes, neste caso o contorno é o da face de um lince ibérico. O novo sinal, segundo o Ministério do Ambiente, já foi homologado, embora a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária tenha informado o PÚBLICO de que o processo de autorização não está ainda completamente concluído. Os sinais foram instalados nos pontos considerados de maior perigo, identificados a partir de registos de atropelamentos de outros animais. A preparação também inclui a limpeza das bermas, para melhorar a visibilidade dos condutores e afastar os animais da estrada. Só dentro de algumas semanas é que os linces Katmandu e Jacarandá de facto correrão riscos. Serão soltos primeiro numa área cercada com dois hectares, onde permanecerão em adaptação até serem finalmente libertados na natureza, possivelmente dentro de um mês. Jacarandá, a fêmea, nasceu em 2012 no centro de reprodução de Silves, uma de três crias do casal Flora e Foco. Já Katmandu, o macho, nasceu em 2013 em Zarza de Granadilla, onde fica um dos quatro centros espanhóis de reprodução de lince ibérico. Os nomes dados aos animais no programa luso-espanhol seguem uma ordem alfabética regular, com a mesma inicial para todas as crias nascidas num mesmo ano. Por pouco os dois linces não ficam em Portugal. Há uma programação para a libertação das crias dos cinco centros de reprodução. Em Silves, já nasceram 58 e outros 28 por lá passaram, provenientes de Espanha. De todos estes, 38 foram libertados do outro lado da fronteira e 22 morreram. “Este ano havia um conjunto de animais reservado para serem soltos em Portugal. Se não fossem reintroduzidos cá, seriam em Espanha”, afirma o secretário de Estado da Conservação da Natureza. “Vínhamos há meses a acompanhar a situação no terreno para ver se isto seria possível ou não”, completa. Linces no zooA ideia inicial era realizar a operação no princípio do Verão. Mas as populações de coelho bravo, o principal alimento do lince, não tinham recuperado da razia que a doença hemorrágica viral lhes causara no ano passado. Em Mértola, o secretário de Estado assegura que a situação agora é favorável. “Em Agosto/Setembro, dados no terreno indicavam que na zona onde vamos reintroduzir o lince tínhamos valores superiores a 3, 5 coelhos por hectare, sendo que o mínimo que está definido para podermos pensar na reintrodução são dois coelhos por hectare”, explica. A temporada de caça pode ter reduzido a concentração de coelhos, mas apenas ligeiramente, segundo Miguel de Castro Neto. Depois de Katmandu e Jacarandá, quatro outros casais serão libertados no vale do Guadiana, um a cada dois meses. Numa segunda fase, está prevista a libertação de mais linces na região de Moura-Barrancos. Só numa terceira fase, se as condições forem favoráveis, é que a mesma operação será realizada na serra da Malcata, região a que ficou associado o lince na cultura popular, devido a uma campanha pioneira pela sua preservação há quase 40 anos.
REFERÊNCIAS:
O lince-ibérico viaja agora em cinco selos portugueses
Acabam de ser libertados na zona de Mértola mais dois animais desta espécie única da Península Ibérica. (...)

O lince-ibérico viaja agora em cinco selos portugueses
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Acabam de ser libertados na zona de Mértola mais dois animais desta espécie única da Península Ibérica.
TEXTO: É uma história contada em quadradinhos ou, mais exactamente, em cinco selos e o lince-ibérico é o protagonista. Este felino — um dos que estão mais ameaçados de extinção em todo o mundo, classificado como “criticamente em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza — foi desenhado pelo biólogo e ilustrador científico Fernando Correia em cinco selos dos CTT, que esta quinta-feira são lançados no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e passam a estar à venda nas estações de correio. A partir de agora, o lince-ibérico (Lynx pardinus) pode viajar pelo mundo fora em cartas e postais, ou nas mãos de coleccionadores, comemorando o programa de reintrodução desta espécie em Portugal, através do trabalho desenvolvido desde 2009 no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves. Em 1950, estimava-se existirem cerca de 5000 linces-ibéricos na natureza, enquanto hoje restam menos do que 350, refere Fernando Correia, que é docente do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. O programa, conjunto com Espanha, de reintrodução em Portugal desta espécie única da Península Ibérica prevê a libertação de dez animais no vale do Guadiana: já se tinham soltado seis e, na terça-feira de manhã, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas libertou mais dois em Mértola — as fêmeas Lluvia e Lagunilla, segundo foi anunciado esta quarta-feira. O Katmandú e a Jacarandá foram os primeiros a ser libertados, em Dezembro de 2014, também em Mértola, e encontram-se bem, tal como acontece com Kempo, Loro e Liberdade. Já a fêmea Kayakweru, libertada a 25 de Fevereiro deste ano, teve pouca sorte: apareceu morta a 12 de Março e a causa da morte, como se apurou entretanto, foi envenenamento. Nos cinco selos, Fernando Correia ilustrou cinco momentos do ciclo de vida desta espécie, organizados como se fossem uma “tira de banda desenhada”, o que lhe ocupou quatro semanas de trabalho. Começou por representar dois animais em cativeiro — neste caso, o macho Gamma e a fêmea Azahar, do Jardim Zoológico de Lisboa, e que foram os principais “modelos” para o trabalho do ilustrador científico, que passou ali alguns dias a tirar-lhes fotografias para captar certos pormenores, bem como a fazer esboços e “apontamentos gráficos de alguns comportamentos, como a maneira como saltavam, como se esticavam ou arranhavam as árvores”. A todo este trabalho juntaram-se ainda pesquisas bibliográficas e na Internet e a consulta de imagens de fotógrafos profissionais. Depois do cativeiro, onde se espera que nasçam crias para serem libertadas na natureza, o momento seguinte que Fernando Correia ilustrou foi o do lince-ibérico já no seu habitat natural e a caçar a sua presa favorita, o coelho. Como o lince-ibérico é solitário e paciente, descreve o biólogo, tanto pode perseguir os coelhos, como esperá-los durante horas atrás de um arbusto, até aparecer um que fique ao seu alcance. O terceiro momento representado foi o do descanso após uma refeição (um macho precisa de comer um coelho por dia e uma fêmea, se estiver grávida, pode ir até três). Já no quarto momento representa-se uma fase importante da vida destes animais: a procura de companhia para se reproduzirem, passando pelo chamamento de outro reprodutor. E, por fim, surge a reprodução da espécie na natureza, um quadro “mais esperançoso”, onde a progenitora está rodeada de quatro crias, o máximo que nascem em estado selvagem. “Os selos podem contribuir para divulgar uma situação em que há um perigo e tornar as pessoas mais conscientes dele”, sublinha Fernando Correia, referindo-se à ameaça de extinção do lince-ibérico.
REFERÊNCIAS:
Há mais um lince português a viver em terras de Espanha
Junípero é o nome do lince nascido em Silves há dois anos e libertado nesta quarta-feira na Andaluzia. A população desta espécie em risco de extinção aumentou em 2013. (...)

Há mais um lince português a viver em terras de Espanha
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195028/http://www.publico.pt/1619900
SUMÁRIO: Junípero é o nome do lince nascido em Silves há dois anos e libertado nesta quarta-feira na Andaluzia. A população desta espécie em risco de extinção aumentou em 2013.
TEXTO: O lince Junípero, nascido no centro de reprodução de Silves, inaugurou a temporada de 2014 da libertação de linces-ibéricos (Lynx-pardinus) na natureza, em Espanha. A libertação, prevista no programa de conservação da espécie ex-situ, ocorreu nesta quarta-feira, dia em que a Junta de Andaluzia revelou os resultados do censo mais recente, referente a 2013, que apontam para um aumento, ainda que ligeiro, da população. Nascido em 2012, filho da fêmea Fruta e do macho Fresco, Junípero é uma das crias bem-sucedidas no centro de Silves, que se revelou em 2013 a melhor maternidade para o lince-ibérico, com uma taxa de sobrevivência superior à dos centros de reprodução espanhóis. À semelhança dos outros linces-ibéricos já libertados, também Junípero tem um colar de radiotransmissão para que seja possível saber a sua localização. O animal foi libertado na zona de Guadalmellato, na Andaluzia, Sul de Espanha, ao abrigo do projecto luso-espanhol LIFE Iberlince, que arrancou em 2011. Este projecto promove a reprodução em cativeiro como solução para reforçar as duas únicas populações existentes em estado selvagem, em Doñana e na Serra de Andújar, na região da Andaluzia – que é, por isso, a única onde até agora foram introduzidos indivíduos nascidos nos centros de reprodução. No entanto, o objectivo é também recuperar as populações que existiam em Portugal, na Extremadura espanhola e em Castela-La Mancha. As próximas zonas de reintrodução da espécie serão definidas em Fevereiro, numa reunião que vai juntar todos os parceiros envolvidos no projecto, portugueses e espanhóis. Pela primeira vez, este ano poderá haver libertações em Portugal, como foi anunciado em Outubro pelo secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Miguel Castro Neto. Em estudo está a zona do vale do Guadiana, em Mértola (Alentejo). Do lado espanhol, estão a ser analisadas as as zonas do vale de Matachel (Badajoz), Guadalcanal-Valdecigüeñas (Sevilha-Badajoz), Montes de Toledo e Cabañeros (Toledo) e o Campo de Calatrava (Cidade Real). "O lince-ibérico não conhece fronteiras, mas antes de fazermos a introdução dos animais nascidos em cativeiro é preciso fazer um estudo das condições, e tanto em Portugal como em Espanha esse estudo ainda está a ser concluído", afirma Eduardo Santos, da Liga para a Protecção da Natureza, coordenador do projecto LIFE Habitat Lince-Abutre, cujo objectivo é a promoção do habitat destas duas espécies no sudeste de Portugal. Uma das condições obrigatórias para a libertação é garantir, por exemplo, a população de coelho-bravo, que está na base da dieta do lince-ibérico. "A reintrodução é apenas uma ferramenta para a conservação do lince, não é um objectivo em si. Por isso, e porque este é um esforço ibérico, os linces deverão ir para os locais com melhores condições, em Portugal ou em Espanha, na Andaluzia ou fora dela", explica. População aumentou, mas poucoCom a libertação de Junípero, aumenta para 37 o número de linces de cativeiro introduzidos na natureza. Desses 37, 12 nasceram no centro do Algarve, tendo seis sido soltos na zona de Guadalmellato (Córdoba) e os restantes seis na zona de Guarrizas (Jaén), também na Andaluzia, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Nesta quarta-feira, a Junta de Andaluzia divulgou os resultados do censo de 2013 efectuado à população desta região, que apontam para um ligeiro aumento no número de indivíduos em relação a 2012: existem actualmente 319 linces-ibéricos, mais oito do que em 2012. A maior parte (169) habita nos parques naturais de Cardeña-Montoro (Córdoba) e a Serra de Andújar (Jaén), e 85 vivem na zona de Doñana-Aljarafe, segundo os dados divulgados pela Junta. Estes números estão, porém, já desactualizados. Nas primeiras duas semanas de Janeiro foram encontrados os cadáveres de dois linces-ibéricos, segundo as notas divulgadas no site do projecto LIFE Iberlince: um macho de dois anos, encontrado a 6 de Janeiro após ter sido atropelado na zona de Azuel (Córdoba), e outro com quase dois anos, encontrado morto três dias depois na linha ferroviária Linare – Alcázar de San Juan, em Guarrizas (Jaén). Além de um aumento populacional, a Junta de Andaluzia registou mais fêmeas territoriais, que representam o potencial reprodutor da espécie em liberdade. O número de fêmeas fixadas num território e em idade de reprodução aumentou para 92, mais sete do que em 2012. Apesar disso, o número de crias é menor: 54 indivíduos, menos 24 do que no ano anterior. Segundo o Conselho de Meio Ambiente e Ordenamento do Território da Andaluzia, a redução estará relacionada com a diminuição de alimento disponível em Andújar-Cardeña, devido à nova estirpe da doença hemorrágica do coelho-bravo.
REFERÊNCIAS:
Primeiros linces vão ser libertados em Mértola na próxima semana
Programa de reintrodução do lince ibérico em Portugal entra em fase decisiva, com dois animais soltos numa grande área cercada, onde permanecerão durante algumas semanas. (...)

Primeiros linces vão ser libertados em Mértola na próxima semana
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 | Sentimento 0.125
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195028/http://www.publico.pt/1678789
SUMÁRIO: Programa de reintrodução do lince ibérico em Portugal entra em fase decisiva, com dois animais soltos numa grande área cercada, onde permanecerão durante algumas semanas.
TEXTO: Depois de anos de esforços e de avanços e recuos, os primeiros linces ibéricos criados em cativeiro a serem reintroduzidos em Portugal deverão ser libertados dentro de uma semana, no concelho de Mértola. É o primeiro passo de um plano para soltar oito animais em território nacional, de onde o lince tinha praticamente desaparecido ao longo do século XX. A espécie Lynx pardinus é endémica da Península Ibérica – ou seja, só existe em Portugal e Espanha e em mais lugar nenhum do mundo. Mas a sua população foi minguando até restarem pouco mais de uma centena em Espanha e quase nenhum em Portugal no princípio década passada. É um animal considerado em “perigo crítico” de extinção, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza. Nos últimos anos, vários linces criados em cativeiro em Espanha e Portugal foram libertados em território espanhol. Agora é a vez de Portugal, que pela primeira vez o fará em solo nacional. Se tudo correr como o previsto, no próximo dia 16 de Dezembro, terça-feira, dois linces serão alvo de uma “soltura branda”, ou seja, serão libertados numa zona cercada, com cerca de dois hectares. Aí permanecerão durante algumas semanas, para se adaptarem à vida selvagem. Quando os técnicos que os irão monitorizar estiverem seguros de que os animais estão prontos para uma vida completamente independente, então serão por fim soltos na natureza. O principal elemento necessário para o sucesso da reintrodução do lince é o coelho bravo, o seu principal alimento. Uma variante da doença hemorrágica viral, que afecta ciclicamente os coelhos, provocou drástica redução da sua população nos últimos anos. Sem coelhos, não há hipótese de os linces se fixarem em território nacional. O Ministério do Ambiente sempre garantiu que os linces só seriam libertados quando a situação dos coelhos fosse comprovadamente favorável. O PÚBLICO solicitou mais detalhes, mas o ministério remeteu quaisquer esclarecimentos para um momento mais próximo do dia da libertação, argumentando que a data poderia ser alterada. Em Mértola, porém, há sinais de que a situação melhorou. “A percepção que temos é a de que houve uma ligeira recuperação em relação ao ano passado”, afirma António Paula Soares, presidente da Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade, que representa os donos de zonas de caça. Quercus pede "justificação técnica"Em 2013, praticamente não houve caça ao coelho na região. A doença hemorrágica viral dizimou os animais. Mas este ano tem havido uma maior actividade cinegética, embora a população de coelho bravo esteja ainda longe dos números de há dois anos. António Soares acredita que “as coisas estão bem encaminhadas”. A associação ambientalista Quercus estranha que a libertação ocorra agora. “Gostaríamos de conhecer a justificação técnica”, afirma Paulo Lucas, dirigente da Quercus. “Estava prevista para Janeiro ou Fevereiro, estranhamos a pressa”, completa. O que mais preocupa a Quercus é haver poucos incentivos para que os proprietários melhorarem o habitat do lince. Os prémios anuais de 10 a 100 euros por hectare, conforme o tamanho da propriedade, não são atractivos, segundo a associação. “A libertação em si do lince é um fogacho. A reintrodução de uma espécie é uma corrida de longo prazo”, diz Paulo Lucas. Outras associações têm manifestado preocupações quanto à libertação dos linces. Em Julho, a Federação Portuguesa de Caça e a Confederação Nacional de Caçadores Portugueses criticaram vários aspectos do processo, manifestando o temor de que haja uma espécie de competição com o lince pelo coelho bravo e maior ingerência do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em matérias de gestão que estão hoje na esfera dos gestores cinegéticos. O período de caça ao coelho termina no final do ano. O Ministério do Ambiente, segundo António Soares, comprometeu-se a avançar com a libertação dos linces apenas após o fim do período das montarias, que se estende até Fevereiro. Isto significa que os primeiros linces deverão permanecer dois meses na área cercada, que fica numa zona de caça turística de Mértola. A Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza garantiu dois mil hectares de terrenos favoráveis para os linces, através de contratos com proprietários da região. Foi também lançado um “pacto” para a preservação da espécie, envolvendo gestores de caça, investigadores, organizações não-governamentais, representantes da agricultura e instituições oficiais, no qual diz-se que “a presença do lince ibérico não implicará a criação de limitações ou proibições” nos sectores cinegético, agrícola e florestal.
REFERÊNCIAS:
Mais um lince libertado em Espanha veio viver para Portugal
Kentaro foi identificado dia 4 de Agosto em Vimioso, depois de percorrer centenas de quilómetros em Espanha. Agora há 12 linces ibéricos no país. (...)

Mais um lince libertado em Espanha veio viver para Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 | Sentimento 0.136
DATA: 2015-08-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Kentaro foi identificado dia 4 de Agosto em Vimioso, depois de percorrer centenas de quilómetros em Espanha. Agora há 12 linces ibéricos no país.
TEXTO: Mais um lince ibérico foi identificado em Portugal, no Nordeste do país, depois de andar centenas de quilómetros em Espanha, desde a região de Toledo. É o 12. º exemplar deste felino ameaçado de extinção a viver neste momento em Portugal – de onde a espécie tinha praticamente desaparecido ao longo do século XX. Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), o lince Kentaro chegou a Portugal no dia 4 de Agosto, terça-feira passada. Está neste momento no Nordeste transmontano, a norte de Vimioso, a cerca de 350 quilómetros em linha recta do local onde foi libertado, em Novembro de 2014, juntamente com seu irmão Kahn. Ambos nasceram em Portugal, no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, e foram soltos em Espanha ao abrigo de um projecto conjunto de reintrodução da espécie na Península Ibérica. Nenhum deles permaneceu na sua nova morada. Partiram em direcções opostas, mas vieram ambos dar a Portugal. Kahn fez uma longa caminhada em Espanha, de cerca de 1500 quilómetros, até ser identificado em Portugal, em Junho passado. Agora está no concelho de Ourique, segundo um comunicado do ICNF. Kentaro ainda ficou cerca de dois meses na zona de Toledo, e depois rumou para norte, passando pelas províncias de Madrid, Cuenca, Guadalajara, Soria e Zaragoza, depois aproximando-se de Portugal via Zamora. Entrou no país pelo seu extremo nordeste e agora está em Vimioso. Com isso, há agora pelo menos 12 linces ibéricos em liberdade em Portugal. Desde Dezembro do ano passado, foram já libertados dez linces em Portugal, na zona de Mértola, no âmbito do programa luso-espanhol de reintrodução. Um deles, a fêmea Kayakweru, acabou por morrer envenenada, apenas duas semanas depois de ter sido solta. Os outros três linces vieram de Espanha: Kahn, Kentaro e também Hongo que foi fotografado em Vila Nova de Milfontes em 2013. O lince ibérico (Lynx pardinus) tinha praticamente desaparecido de Portugal no século XX, vítima da transformação do seu habitat, da caça e de doenças que dizimaram a sua principal presa – o coelho-bravo. Com os esforços de reintrodução, a espécie deixou recentemente de ser considerada “em perigo crítico” de extinção, embora continue com o estatuto de ameaçada.
REFERÊNCIAS:
Não, os animais não são pessoas
Os animais devem merecer a adequada proteção do Direito, o que é muito diferente de atribuição de direitos. (...)

Não, os animais não são pessoas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 17 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os animais devem merecer a adequada proteção do Direito, o que é muito diferente de atribuição de direitos.
TEXTO: No passado dia 15 de maio, o jornal PÚBLICO deu à estampa um artigo de opinião (“Tertium genus: nem pessoa, nem coisa”, de Eduardo Castro Marques) onde, a propósito do Estatuto dos Animais recentemente aprovado pela Lei n. º 08/2017, de 3 de março, são proferidas algumas afirmações que não podem deixar de merecer reflexão. Em primeiro lugar, deve começar por lembrar-se que, ao contrário do que sustenta o autor, esta temática do enquadramento jurídico dos animais está ainda longe de reunir consenso no mundo do Direito. Não se discute que a realidade social e a evolução civilizacional dos nossos dias tornou quase inevitável a afirmação da ideia de que os animais (ou melhor, alguns animais, o que constitui um paradoxo incontornável), se por um lado não podem ser olhados como “pessoas”, também são insuscetíveis de ser reconduzidos ao conceito jurídico de mera “coisa”. Nesse sentido, a concessão de um “estatuto jurídico” traduz, genericamente, um esforço do legislador português para acompanhar a tendência já seguida noutros ordenamentos jurídicos europeus, de reconhecimento da natureza própria dos animais enquanto seres sensíveis, e merecedores como tal de enquadramento autónomo e de proteção jurídica. Deixemos aqui de lado, no entanto, a questão da sensibilidade e inteligência emocional existente nalguns animais. São atributos conhecidos, pelo menos empiricamente, por todos os caçadores “sapiens” e ainda melhor desde o momento em que se iniciou o processo de domesticação de animais selvagens. Portanto, não é a descoberta de nenhuma nova qualidade dos animais que legitima a utilização da chamada “senciência” (a única coisa nova nisto tudo é mesmo o neologismo), em substituição da razão, que se associa à mudança do estatuto jurídico de alguns animais. São de ordem política e cultural, e não científica, os fatores dessa mudança. Do ponto de vista jurídico, o relevo agora concedido no plano da legislação civil aos animais não humanos, para além de ser já visível em diversa legislação setorial, a começar pela própria lei de bases de proteção dos animais (LPA), acompanha em certa medida a evolução da legislação penal, que desde a aprovação da Lei n. º 69/2014, de 29 de agosto, consagrou definitivamente a proteção do bem-estar animal, sancionando criminalmente determinados comportamentos que atentem contra esse bem-estar, embora essa proteção se limite, algo hipocritamente, aos animais de companhia. Trata-se, obviamente, de uma tendência legislativa que densifica a carga penalizadora do nosso sistema jurídico, já carregado de lógicas punitivas (há quantos anos não se legisla em Portugal no sentido de criar novas liberdades?), mas que não deixa de representar uma clarificação política e legislativa que a nosso ver é de saudar, já que não deve merecer contestação em qualquer sociedade evoluída a ideia de que um animal é muito mais do que uma mera coisa, devendo, nesse sentido, merecer a adequada proteção do Direito, o que é muito diferente de atribuição de direitos. Note-se, porém, que essa desqualificação jurídica dos animais como meras coisas apenas se aplica aos ditos animais “socializados”, ou não selvagens, já que, na prática, apenas esses detinham essa qualidade, em virtude da diferenciação operada pelo artigo 1319. º do Código Civil, que relega a ocupação dos animais selvagens para regulação específica, que não sofreu qualquer alteração. Prossigamos com as imprecisões do artigo em referência. Com efeito, o autor parece defender, algo timidamente, que a consagração legislativa de um estatuto para os animais abre a porta para uma personificação jurídica, total ou parcial, dos animais, traduzida na suscetibilidade de estes serem sujeitos de relações jurídicas e, consequentemente, de serem titulares de direitos, clamando, a esse propósito, por vitória numa suposta “guerra” civilizacional. Imaginamos Eduardo Castro Marques a sonhar já com um novo amanhã que canta, no qual pessoas e animais são exatamente a mesma coisaOra, entendamo-nos: em nenhum dos preceitos alterados ou introduzidos pela Lei n. º 08/2017 se descortina uma intenção de equiparação entre animais não humanos e humanos, tendo em vista a personificação jurídica dos primeiros. Porventura ciente dos riscos de um choque civilizacional que uma solução mais radical implicaria, o legislador optou antes — bem, em nosso entender — pela via moderada de reforço dos deveres do homem para com os animais, como se retira, paradigmaticamente, do aditamento do artigo 1305. º-A ao Código Civil. Nesse sentido, se é verdade que o regime agora instituído é mais "protecionista"? dos animais (repete-se, alguns animais), não é verdade que essa proteção jurídica se traduza na atribuição de “direitos" aos animais, como sustenta a dado passo o articulista. Com efeito, para além de não especificar que "direitos" são esses, tal afirmação não tem suporte legal, uma vez que em nenhum momento o legislador chega a esse ponto da atribuição de direitos a quem não confere, nem pode conferir, personalidade jurídica. De resto, esse argumento é, em sim mesmo, “copernicano”: o próprio autor reconhece que a alteração legislativa efetuada não equipara os animais às pessoas, considerando-os como um "tertium genus", mas sustenta, embora timidamente, ?que eles devem ter direitos, sem precisar quais são, e sem explicar como e quem os exerceria. Porventura por saber que, a prosseguir com essa linha de raciocínio, desembocaria num beco sem saída, do ponto de vista da argumentação jurídica, e com o desmascaramento aos olhos dos cidadãos sobre as reais intenções dos animalistas radicais. Na verdade, apenas nas linhas finais emerge a real intenção do artigo. A nova legislação não é tida como um ajustamento aos tempos que vivemos, mas como um mero passo para atingir outros fins. Nomeadamente atacar a tauromaquia na “liça mediática”. Ora, esse é um tema que nos faz sair do plano jurídico para o plano cultural. Será essa a intenção de Eduardo Castro Marques, mas não foi essa a decisão do legislador. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Toda a relação dos homens com os animais (e com a natureza em sentido mais vasto) é culturalmente orientada. Incluindo a relação jurídica. Seria, pois, um grande erro para as nossas sociedades democráticas e para a cultura humanista que sustenta todo o progresso civilizacional instituir como arbítrio jurídico o preconceito cultural. Não se pode aceitar que a perseguição a uma cultura passe de contrabando com medidas sensatas sobre as responsabilidades dos homens para com os animais. Os autores escrevem segundo as normas do novo Acordo Ortográfico
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens guerra lei humanos cultura homem social deveres animal perseguição