Tiros e casas queimadas lançam o pânico nas comunidades de Santo Aleixo
Desde Setembro que se sucedem actos de vandalismo contra a família cigana que mora nesta pequena freguesia do concelho de Moura. (...)

Tiros e casas queimadas lançam o pânico nas comunidades de Santo Aleixo
MINORIA(S): Ciganos Pontuação: 14 Africanos Pontuação: 7 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Desde Setembro que se sucedem actos de vandalismo contra a família cigana que mora nesta pequena freguesia do concelho de Moura.
TEXTO: Em Santo Aleixo da Restauração, freguesia do concelho de Moura, vive uma única família cigana, um agregado com cerca de meia centena de pessoas. E, ao contrário do que acontece no Bairro das Pedreiras em Beja, é uma comunidade sedentária que reside há 15 anos na freguesia, integrada na comunidade autóctone, em casas adquiridas pelos vários membros da família de José Manuel Caixinha, irmãos, filhos e sobrinhos, sem que haja registo de conflitualidade. . . até meados do passado mês de Setembro. Um sobrinho de Manuel Caixinha conta como se deu início ao conflito que lançou em sobressalto as comunidades cigana e autóctone. “Um membro da nossa família teve uma discussão com um espanhol do Rosal de la Frontera [povoação espanhola vizinha de Barrancos, a cerca de 20 quilómetros de Santo Aleixo da Restauração]. ” Foi o “álcool” que provocou o incidente que viria a ter consequências que deixaram as duas comunidades em sobressalto, acrescenta Manuel Caixinha, que também é pastor na Igreja Evangélica de Filadélfia. O pequeno templo que mandaram construir há oito anos, e onde realizavam o culto, foi incendiado na madrugada de 20 Setembro. A estrutura exterior, feita em chapa metálica, resistiu às chamas, mas no seu interior “ardeu tudo”, salienta o sobrinho de Manuel Caixinha, convicto de que a sua comunidade “está a ser vítima de racismo e de vandalismo”. Duas semanas depois, “puxaram fogo” à casa de um membro da comunidade cigana e a um carro que estava para abate, acrescenta o pastor evangélico. Seguem-se a um ritmo semanal os incêndios em duas casas habitadas e mais três carros. “Ainda hoje não sabemos quem pegou fogo e quais as razões”, garante o sobrinho de Manuel Caixinha. O PÚBLICO quis saber como é o relacionamento com as outras pessoas da freguesia. “Uns falam-nos bem, a outra parte não quer nada connosco”, diz o pastor evangélico. “Ainda se nós fizéssemos mal a alguém”, lamenta-se, realçando como os incidentes assustaram as crianças. O presidente da Associação dos Mediadores Ciganos, Prudêncio Canhoto, está a acompanhar a situação e confirmou ao PÚBLICO que as pessoas “sentem-se inseguras com receio do que lhes possa acontecer”. Sérgio Escoval Baião, natural de Santo Aleixo da Restauração e reformado, confirma a existência de conflitos e que a GNR “até à noite tem vindo à freguesia por causa dos tiros”. Está convicto que os culpados não estão entre a população. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “As razões são dos dois lados”, sentencia o major Carlos Bengala, oficial de Relações do Comando Territorial de Beja da GNR, deixando claro que a situação está a ser acompanhada e que foram reforçados os patrulhamentos. Os inquéritos às causas dos incidentes ainda não estão concluídos e a Polícia Judiciária continua a investigar, assinala Carlos Bengala, afirmando não haver indicação que “tenha ardido um carro que estivesse em condições de funcionar”. E numa das casas “o incêndio terá sido provocado uma ligação ilegal de energia”, observa. O porta-voz da GNR de Beja diz que numa comunidade tão pequena e maioritariamente idosa, “é incompreensível a existência de 14 ocorrências só no mês de Outubro”, o que prova que a conflitualidade em Santo Aleixo “atingiu uma proporção que não é normal” . O presidente da Câmara de Moura, Santiago Macias, diz que autarquia tem vindo “a reclamar mais meios de segurança para o concelho”, como o reforço da presença da GNR nas áreas rurais.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
“Todas as pessoas têm direito a ser o que quiserem”
Vídeos, cartazes nos autocarros de Lisboa, Porto, Braga — e também nos cinemas. Campanha governamental quer combater a discriminação nas comunidades ciganas — e dar às crianças a oportunidade de ser o que quiserem (...)

“Todas as pessoas têm direito a ser o que quiserem”
MINORIA(S): Ciganos Pontuação: 14 | Sentimento 0.285
DATA: 2018-06-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Vídeos, cartazes nos autocarros de Lisboa, Porto, Braga — e também nos cinemas. Campanha governamental quer combater a discriminação nas comunidades ciganas — e dar às crianças a oportunidade de ser o que quiserem
TEXTO: Todas as crianças podem ser o que quiseremEsta é a "primeira vez que o governo português se associa e promove uma campanha contra a discriminação nas comunidades ciganas", salientou a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade em declarações à agência Lusa. E é um momento simbólico. "Temos consciência de que as comunidades ciganas são as que sofrem mais discriminação em Portugal, entendemos que é preciso a mensagem clara de que independentemente da nossa etnia todas as pessoas têm o direito de ser aquilo que querem, a ter um projecto de vida e um futuro", defendeu Catarina Marcelino. A campanha, feita em associação com a Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN), consiste para já em dois vídeos, disponíveis no Youtube, que mostram várias crianças ciganas a revelarem quais são os seus sonhos para o futuro e que profissão gostavam de ter quando forem adultos. A condução das "entrevistas" é feita por Catarina Furtado num dos vídeos e Francisco George, director-geral da saúde, no outro. De acordo com a secretária de Estado, a mensagem é muito clara: "As crianças ciganas, tal como todas as outras, têm um sonho e têm o direito de tornar esse sonho realidade". Catarina Marcelino apontou, por isso, que todas devem ter as mesmas oportunidades para alcançar os seus sonhos, algo que, denunciou, ainda não acontece. "O que acontece, e o que sabemos, é que o facto de se ser pessoa cigana condiciona aquilo que pode ser o seu projecto de vida e aquilo que pode ser a sua realização no futuro e isso não está certo. Nós todos temos direito a ser aquilo que queremos ser porque somos todos portugueses e portuguesas com direitos e deveres iguais", sustentou. Estratégia Nacional está a ser desenhadaA secretária de Estado admitiu que não será certamente só com esta campanha que a realidade entre a comunidade cigana, e sobretudo entre as crianças, vai mudar, mas adiantou que a iniciativa insere-se num plano mais vasto e mais global, já que está a ser revista a Estratégia Nacional para as Comunidades Ciganas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Catarina Marcelino salientou que a área da educação é uma das mais importantes, onde está a ser feito trabalho relativamente ao abandono e absentismo escolar das crianças ciganas ou incentivo de prolongamento dos estudos ao ensino secundário e superior. "Estamos a fazer uma grande aposta nesta área da educação para que estas crianças de facto possam ser o que quiserem e para que esta mensagem desta campanha se torne real e possível", revelou. Para isso, acrescentou, é também necessário que a sociedade olhe para a comunidade cigana de uma forma integradora e que as comunidades ciganas se aproximem da comunidade maioritária. Os dois vídeos da campanha vão passar nas televisões a 24 de Junho, Dia Nacional das Comunidades Ciganas, o mesmo dia em que a mensagem da campanha está disponível na rede multibanco. Na próxima semana vai estar nos autocarros de Lisboa, Porto e Braga e também nos cinemas. Além destes formatos, vai haver cartazes preferencialmente disponíveis nas localidades onde há mais comunidades ciganas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos educação comunidade igualdade pobreza deveres discriminação
Reintrodução do lince em Portugal pode começar depois do Verão
Governo, caçadores, agricultores, ambientalistas e cientistas assinam pacto pela conservação do felino mais ameaçado do mundo. (...)

Reintrodução do lince em Portugal pode começar depois do Verão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195028/http://www.publico.pt/1661232
SUMÁRIO: Governo, caçadores, agricultores, ambientalistas e cientistas assinam pacto pela conservação do felino mais ameaçado do mundo.
TEXTO: A primeira libertação em Portugal de linces nascidos em cativeiro pode ocorrer depois do Verão, se se mantiver a recuperação que se tem observado nas populações de coelhos-bravos – o principal alimento do felino mais ameaçado do mundo. Esta é a esperança do secretário de Estado do Ordenamento e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, que presidiu nesta terça-feira à assinatura de um Pacto Nacional para a Conservação do Lince Ibérico. A libertação marcará o início da reintrodução dos linces em Portugal, de onde praticamente desapareceram ao longo do século XX. Serão oito animais, nascidos na rede de centros de reprodução em cativeiro de Espanha e Portugal e que irão experimentar a vida selvagem na zona de Mértola. O lince ibérico (Lynx pardinus) só existe na Península Ibérica e está "criticamente ameaçado" de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. Há quatro centros de reprodução em Espanha e um em Portugal – em Silves, inaugurado em 2009, como medida de compensação da construção de uma barragem, a de Odelouca. Entre 2005 e 2013, nasceram 236 linces. Este ano, foram mais 36. Dos que sobreviveram, vários já foram libertados na natureza, todos em Espanha. Alguns, inadaptados para a vida selvagem, foram para zoológicos. Em Portugal, a reintrodução estava dependente de condições ideais do habitat, sobretudo no que toca à alimentação. E neste domínio, os coelhos bravos pregaram uma partida aos planos do Governo de celebrar a primeira libertação no primeiro semestre deste ano. Uma avassaladora mortalidade afectou os coelhos, vítimas de uma variante da doença hemorrágica viral – que afecta ciclicamente aqueles animais. A libertação dos linces, que esteve marcada para Junho, teve de ser adiada. A situação dos coelhos nas áreas escolhidas para a reintrodução dos linces – Mértola e também a região de Moura-Barrancos – tem sido monitorizada quinzenalmente. As populações mostram sinais de recuperação, mas nos próximos meses será feito um censo mais alargado aos coelhos. “Precisamos de ter a certeza de que existem no terreno”, afirma Miguel de Castro Neto, apontando para depois do Verão a possível libertação. Tudo dependerá do que ocorrer nos próximos meses. Se os coelhos não resistirem a um novo surto da hemorrágica viral, dificilmente haverá condições para a reintrodução. “A situação ainda está longe da ideal”, afirma António Paula Soares, presidente da Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade, que representa os donos de zonas de caça. Para os caçadores, é importante que haja coelhos suficientes tanto para os linces como para a actividade cinegética. “O que está em causa não é a libertação dos linces, é quando”, diz Soares. Os caçadores e gestores da caça estão entre um conjunto de agentes que subscreveram, esta terça-feira, o pacto para a preservação do lince. Investigadores, organizações não-governamentais, representantes do sector agrícola e instituições oficiais também juntaram-se ao pacto. O documento fixa um quadro de referência para que todos caminhem no mesmo sentido. “Era importante haver esta formalização da confiança”, afirma o secretário de Estado. A actividade cinegética tem um relevo especial. O pacto contém um contrato-tipo de colaboração entre zonas de caça e o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), que prevê medidas concretas para a conservação do lince nas áreas cinegéticas. O ICNF acena com um apoio às zonas de caça nas áreas onde sejam libertados linces, com um mínimo de 50% das taxas anuais cobradas às concessões – que são de 0, 75 euros por hectare nas zonas de caça associativa e 1, 71 euros por hectare nas zonas de caça turísticas. Um ponto importante do pacto é o que diz que “a presença do lince ibérico não implicará a criação de limitações ou proibições” nos sectores cinegético, agrícola e florestal. “Fica escrito que o lince não vai causar restrições ao modo como fazemos a gestão da caça”, afirma António Paula Soares. O pacto para o lince ibérico está disponível no sítio do ICNF na Internet e pode ser subscrito online por qualquer pessoa ou entidade.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave doença extinção cativeiro
Temos um problema com linces
A política de reprodução em cativeiro é um êxito, mas as condições de libertação na natureza são deploráveis. (...)

Temos um problema com linces
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150501195028/http://www.publico.pt/1631620
SUMÁRIO: A política de reprodução em cativeiro é um êxito, mas as condições de libertação na natureza são deploráveis.
TEXTO: Há anos que a população de linces da Península Ibérica está em risco. E há anos que existe uma discussão sobre o peso relativo que devem ter, na conservação e na recuperação das populações de linces, as acções in situ (directamente ligadas à conservação das populações na natureza) e as acções ex situ (recorrendo a populações em cativeiro). As políticas de conservação in situ são, de maneira geral, mais eficazes e mais baratas, portanto ninguém defende acções de conservação ex situ como primeira opção. Quando o estado das populações é desesperado e os processos naturais de recuperação não estão garantidos, é normal recorrer-se a acções de manutenção artificial, enquanto se restauram as condições de sobrevivência na natureza. O objectivo é libertar indivíduos na natureza, a partir das populações que foram mantidas artificialmente, quando as condições de sobrevivência voltarem a ser favoráveis. Quando comecei a interessar-me pela conservação do lince, tinha uma posição claramente desfavorável à reprodução em cativeiro. Não porque não fosse eventualmente útil, mas porque os recursos que seria preciso dedicar a essa tarefa poderiam ser aplicados mais eficazmente no estabelecimento de corredores de dispersão da população de linces que subsistia na Andaluzia. A minha opinião foi evoluindo à medida que fui dando mais importância ao coelho como factor determinante da evolução da população de linces, e à medida que o estado de conservação do lince se foi tornando mais desesperado, em consequência da rarefacção de coelho provocada pelas doenças. Passei, por isso, a defender que os investimentos na conservação do lince deveriam concentrar-se na resolução dos problemas da população de coelhos e, como seguro para o caso de alguma coisa correr mal, manter uma população de linces em cativeiro que permitisse a reintrodução ou o reforço de populações, se necessário. Por volta do ano 2000, tornou-se evidente que a população de coelhos estava a recuperar da razia provocada pelas doenças dos anos 80 e, consequentemente, a população de linces tinha iniciado uma recuperação com crescimentos populacionais na ordem dos 10% ao ano. Por essa razão, discordei do desperdício de recursos em pesados programas de recuperação em cativeiro de linces, cuja utilidade é discutível, e que consomem recursos que fazem falta a outros problemas bem mais graves, mas menos mediáticos, de conservação. Por volta de 2012/2013, uma nova doença se declarou no coelho, fazendo desaparecer o coelho dos nossos campos. Desde os anos 50 (não sabemos o que se passou antes), a dinâmica da população de coelhos tem sido uma quebra repentina e brutal de efectivos a cada 30 anos, por via de doenças novas, seguida de lentas recuperações cuja velocidade dependerá: 1) das características da doença; 2) da informação genética presente nas populações de coelhos. Ora, é neste contexto que o Governo vem anunciar a libertação de linces em Portugal. Porque as condições de sobrevivência na natureza são óptimas? Não, penso que não. Na verdade, com o apuro técnico e o empenho e a paixão das pessoas envolvidas, estamos a ter muito êxito na reprodução de linces em cativeiro e é preciso dar destino aos linces produzidos. Chegámos, portanto, a uma encruzilhada: a política de reprodução em cativeiro é um êxito, mas as condições de libertação na natureza são deploráveis. “O que fazer?”, perguntaria Lenine. Por mim, a resposta é tecnicamente simples e politicamente impossível: distribuir os linces reproduzidos em cativeiro pelos jardins zoológicos do mundo, vinculados a programas de reintrodução se tal for necessário, como um seguro de vida para as populações de linces. Com os recursos libertados, investir seriamente na melhoria da situação das populações de coelhos no terreno para que a população de linces que existe na natureza possa recuperar naturalmente. Resumindo: poucos linces na natureza por falta de condições de sobrevivência e muitos em cativeiro por razões políticas e de comunicação. Uma típica situação de uso ineficiente de recursos que bem falta fazem noutros sectores da conservação.
REFERÊNCIAS:
O novo circo à mesa do velho
Novo-Velho Circo, criação conjunta de Clara Andermatt e da companhia Radar 360º, estreia-se este sábado em mais um capítulo do programa Circus Lab, em Viseu. (...)

O novo circo à mesa do velho
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.118
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Novo-Velho Circo, criação conjunta de Clara Andermatt e da companhia Radar 360º, estreia-se este sábado em mais um capítulo do programa Circus Lab, em Viseu.
TEXTO: Tem alçapões e fundos falsos por onde cospe e engole bailarinas sem pernas (mas que dão à perna), balões, cabeças de bonecas e copos de cristal, o chapiteau que a coreógrafa Clara Andermatt e a companhia de novo circo Radar 360º construíram a partir de memórias já bastante longínquas do velho circo (aquele em que ainda havia palhaços, muito antes dos reality-shows) e das irresistíveis aliterações do poeta, crítico e tradutor brasileiro Haroldo de Campos. Algures entre uns e outros, as portas da percepção que um Aldous Huxley movido a LSD e mescalina abriu em meados do século XX escancararam-se diante deles e por aí foram, em direcção a uma estranha e hipnótica festa onde encontraram ainda, de copo na mão, Angela Carter, a ficcionista de Noites no Circo e de As Infernais Máquinas de Desejo do Dr. Hoffman, a História do Soldado, de Igor Stravinsky, e os universos paralelos de Jorge Luis Borges. Foi uma longa viagem, estrada fora em direcção a este Novo-Velho Circo que este sábado se estreia na Tenda Grande do Teatro Viriato, em Viseu – como, logo ali no pós-guerra, Gelsomina e Zampanò, os sem eira nem beira de Fellini ou, mais à frente, muito depois dos reality-shows, Os Idiotas de Lars von Trier. Novo capítulo do programa Circus Lab – operação de reflexão e criação artística aplicada às artes circenses que Giacomo Scalisi coordena até ao final de 2016 para o Teatro Viriato, em colaboração com o Cirkus Xanti, da Noruega –, Novo-Velho Circo é ao mesmo tempo a celebração dos dez anos da Radar 360º, uma companhia do Porto especialmente vocacionada para o espaço público, e uma celebração do próprio circo, nem novo nem velho. “Sempre gostámos de trabalhar para além do núcleo duro da companhia e dos colaboradores regulares com que nos identificamos artisticamente – Joana Providência, John Mowatt. . . – e os dez anos pareceram-nos um pretexto irresistível para festejar”, explica ao PÚBLICO um dos directores da Radar 360º, António Oliveira. “Se havia alguma coisa em particular que nos interessava nesta fase era um trabalho de desconstrução da linguagem do circo em paralelo com um investimento na composição coreográfica e na criação de objectos que são mais orgânicos do que mecânicos. Ao mesmo tempo, queríamos encontrar um novo olhar sobre as matérias e os materiais do circo – um olhar que a Clara, com o seu percurso transdisciplinar na dança, no teatro e na música, podia acrescentar às artes do circo”, continua. Debaixo dos sobretudos que André Araújo, Bruno Machado, Francesco Cerutti, Jolanda Loellmann, Julieta Rodrigues e Mickaella Dantas – o conjunto de intérpretes e co-criadores que Clara Andermatt encontrou sobretudo em audições – vestem e despem em Novo-Velho Circo, há roupas fluorescentes e figuras de fantasia que podiam ter saído de uma caixinha de música ou de uma garrafa atirada ao mar, à atenção do novo mundo. Aqui, como chega a dizer uma das personagens, “o tempo não passa” e “o avesso da história” pode ser “escória (tudo depende da glória)”. E há glória nisto de fazer uma festa não propriamente pelo passado mas pelo futuro, porque “o circo não é nem novo nem velho, é circo”, repete António. “Mas sim, as imagens do novo, do velho e do circo estiveram sempre nas nossas cabeças”, admite Clara, que a Radar 360º foi buscar para desarrumar este espectáculo-celebração. “Houve muito desbravar de caminho, muita conversa, muita decisão, muita abertura para que este encontro entre a dança, o circo e a música pudesse acontecer – com imensas dúvidas em relação ao espaço, à cenografia, à montagem financeira. . . De resto, esta vai ser uma história de adaptação, porque quando chegarmos a Guimarães, em Junho, faremos o espectáculo ao ar livre e depois no Porto estaremos no palco do Grande Auditório do Rivoli. ”Entre o que cedeu e o que descobriu – com a direcção artística da Radar, com o músico Jonas Runas e com os intérpretes, “que deram muito de si ao espectáculo” e para aqui trouxeram personalidades e bagagens alegremente assimétricas –, Clara Andermatt viu-se a “tentar explicar o inexplicável” e a tomar partido “em relação às questões mais essenciais da própria existência”, a maior parte delas “completamente fora do âmbito da razão e do óbvio”. Figuras “icónicas” do velho circo como a roda-cyr, os malabares e a própria tenda (gorado o plano de “descobrir uma nova arquitectura e reinventar o lugar onde o circo acontece”, a Radar regressou à tenda “como espaço de resistência, nómada e efémero”) fizeram o seu caminho até Novo-Velho Circo, assim como uma espécie de máquina invisível, a máquina do subpalco e dos bastidores, organismo mutante e vivo que vai atirando estímulos para a arena ou fazendo desaparecer objectos da vista dos espectadores. Este sábado, às 21h30, e amanhã, às 16h, o circo recompõe-se para se festejar a si e ao facto de continuar vivo – não apenas como entretenimento mas como espaço aberto à autoria e como ponto de encontro de várias gerações de públicos e de artistas. Diz António Oliveira: “É importante que o circo deixe de ser periférico e volte a ser nuclear. O Circus Lab é uma segunda oportunidade que se abre nesse sentido, depois do esforço que nos anos 2000 a Isabel Alves Costa dedicou à criação de uma rede. ” Mesmo que seja próprio do circo não precisar dela.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Fêmea de lince encontrada morta em Mértola foi envenenada
Equipa da GNR vai agora vasculhar a região para detectar a presença de venenos. (...)

Fêmea de lince encontrada morta em Mértola foi envenenada
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Equipa da GNR vai agora vasculhar a região para detectar a presença de venenos.
TEXTO: A fêmea de lince ibérico encontrada morta duas semanas depois de ter sido libertado em Mértola, há um mês e meio, foi afinal vítima de envenenamento. É este o resultado da necrópsia ao animal e das análises realizadas pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, segundo um comunicado do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). A fêmea Kayakweru tinha sido libertada na zona dia 25 de Fevereiro, no âmbito de um programa de reintrodução em Portugal desta espécie, única da Península Ibérica e ameaçada de extinção. No total, seis animais já foram soltos. Mas Kayakweru apareceu morta duas semanas depois, dia 12 de Março, sem nenhuma explicação imediatamente aparente. Só agora, quase um mês depois, surgem os resultados das análises, que indicam morte por envenenamento. O comunicado do ICNF não esclarece que veneno foi identificado, nem fornece nenhuma explicação suplementar. Uma das hipóteses, porém, é a de que o lince tenha sido vítima de uma prática ilegal e persistente no país, a de matar predadores da caça – como raposas ou saca-rabos – com venenos que se podem comprar livremente em qualquer drogaria. Pedaços de carne contaminados com doses elevadas de pesticidas e ou com produtos para matar caracóis são um veículo comum nestes casos. “O lince pode ter encontrado iscos que estavam destinados a outras espécies”, avalia o veterinário Ricardo Brandão, membro da equipa que coordena o Programa Antídoto, uma plataforma lançada em 2004 para combater a utilização ilegal de venenos em Portugal. “Ainda há gestores de caça que acham que o envenenamento é uma forma eficaz de controlar predadores”, completa Brandão, dizendo que a região do vale do Guadiana “é problemática”. Venenos também são usados em conflitos de vizinhos, relacionados com cães, ou no controlo de predadores do gado. Na sequência deste episódio, uma brigada cinotécnica – cão e treinador – do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR (Sepna) vasculhará a região para detectar a presença de venenos. O ICNF, diz o comunicado, “continuará a desenvolver todos os esforços necessários à minimização de riscos de morte, quer como o que vitimou Kayakweru, quer por utilização de laços ou outras armadilhas que possam ameaçar a boa reintrodução desta espécie”. O programa de reintrodução dos linces em Portugal previa a libertação de dez animais no vale do Guadiana. Quatro ainda aguardam a sua vez. A monitorização dos animais tem sido feita à distância, através de coleiras que transmitem a sua posição via rádio e por foto-armadilhas instaladas na zona onde estão a ser libertados. Foi este sistema de monitorização que permitiu identificar que algo não estava bem com Kayakweru. A fêmea estava a ter comportamentos normais mas, de um dia para o outro, deixou de se mover. Estava morta. Segundo Ricardo Brandão, o número de ocorrências de envenenamentos de animais selvagens em Portugal tem vindo a cair nos últimos anos, mas isto reflecte sobretudo o facto de se estar a dar menos atenção ao problema. “A luta contra os venenos tem estado estagnada”, diz. Pelo seu simbolismo e por ser o lince a espécie ameaçada mais emblemática de Portugal, a morte de Kayakweru possivelmente integrará a lista dos casos mais importantes de envenenamento de animais selvagens no país. O maior de todos, pela sua dimensão, ocorreu em Idanha-a-Nova, em 2003, quando 33 grifos, três abutres-pretos e três milhafres-reais morreram depois de se alimentarem de cadáveres de ovelhas contaminados com veneno, presumivelmente para matar cães assilvestrados que estavam a atacar o gado. No papo das aves, foram encontrados os brincos de identificação das ovelhas, que indicavam claramente a sua proveniência. O caso foi três vezes investigado, mas três vezes arquivado. O envenenamento de Kayakweru está agora nas mãos do Ministério Público em Beja, segundo o comunicado do ICNF.
REFERÊNCIAS:
Festival de rock apoia advogadas que tratam de animais abandonados em Viseu
Os bilhetes são pulseiras que estão numeradas e custam 2,5 euros cada. (...)

Festival de rock apoia advogadas que tratam de animais abandonados em Viseu
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os bilhetes são pulseiras que estão numeradas e custam 2,5 euros cada.
TEXTO: Várias bandas de rock participam na sexta-feira à noite em Viseu num festival solidário para apoiar o trabalho de duas advogadas que tratam diariamente de animais abandonados e doentes. O Beny Sound Fest realiza-se em Pereiras de Bodiosa e conta com a actuação das bandas Bulldozer, Black Bird, Smoking Beer e Cepa Torta, e a animação de DJ. Há alguns anos, a vontade de ajudar animais abandonados ou doentes levaram a advogada Catarina Beirão a aventurar-se na costura para criar peças de artesanato, revertendo a sua venda a favor de causas à escolha do comprador. Inspirada por outros projectos que conheceu no Facebook, criou o Cat (h)and Love e com o dinheiro que conseguia foi ajudando associações e pessoas de todo o país que tratavam de animais. “Agora, ajudo mais no terreno. Eu e a minha amiga fazemos alguns resgates, ajudamos animais que precisam de cuidados veterinários e, diariamente, eu cuido de uma colónia de gatos e ela de cães”, contou à agência Lusa Catarina Beirão. A amiga é Roberta Almeida, que faz colares artesanais. Os valores que recolhem com as peças são sobretudo para ajudar os casos com que lidam directamente, mas não só. “Já este ano houve um gato que foi encontrado por outra pessoa, atropelado, que encaminhámos para o veterinário e ajudámos a angariar valores para pagar a despesa”, contou. Quando há “alguma despesa com veterinário ou alguma despesa mais urgente”, fazem leilões ou outras iniciativas para angariar dinheiro, acrescentou. Catarina Beirão referiu que a organização do Beny (de beneficência) Sound Fest, que se realiza pela primeira vez, teve conhecimento do trabalho que faziam e decidiu ajudá-las. Os bilhetes são pulseiras que estão numeradas e custam 2, 5 euros cada. Haverá sorteios de prémios oferecidos por empresas que se quiseram juntar a esta festa solidária. Quem aparecer no festival com mantas ou ração para animais tem descontos nas bebidas ou nas barraquinhas.
REFERÊNCIAS:
Projecto do BE propõe mais formação para pescadores e renovação da frota pesqueira
Renovar a frota pesqueira e investir no sector da construção naval são outras das medidas. (...)

Projecto do BE propõe mais formação para pescadores e renovação da frota pesqueira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.5
DATA: 2017-06-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Renovar a frota pesqueira e investir no sector da construção naval são outras das medidas.
TEXTO: Depois de ter conversado com pescadores em Portimão, o Bloco de Esquerda apresentou um projecto de resolução no qual propõe uma aposta na formação dos profissionais do sector, a renovação da frota pesqueira, e investimento na construção naval. O partido também entende que deve ser promovida uma ligação entre quem trabalha no mar e quem faz investigação sobre ele. O anúncio foi feito pela própria coordenadora do partido, Catarina Martins, nesta sexta-feira, primeiro dia das jornadas parlamentares que decorrem no Algarve. A bloquista começou por considerar que “os pescadores sempre foram muito maltratados” em Portugal e que “o país não pode abandonar os sectores primários”. Aliás, o BE aproveitou o tema para tecer mais críticas à direita, que acusou de ter uma “posição preguiçosa” em relação ao sector e de nada fazer pela modernização das pescas. Com o projecto de resolução, o BE pretende “proteger quem vive da pesca”, mas também “proteger o ambiente”. Porque ser pescador é uma “profissão de risco e mal paga”, Catarina Martins defende que se deve apostar na formação dos pescadores e garantir a ligação entre quem trabalha no mar e quem investiga sobre este – tendo em conta questões ambientais, questões como as das quotas, entre outras. A deputada sublinhou ser também necessário renovar a frota pesqueira, para que os pescadores não continuem a “trabalhar sem condições”, e investir no sector da construção naval. No projecto de resolução, que recomenda ao Governo que tome medidas de apoio à pesca e à gestão sustentável dos recursos marítimos nacionais, pode ler-se ainda, entre muitas outras propostas, que deve ser criado um balcão único ou similar para pedidos de registo, processamento e alteração de documentação para as embarcações e que se deve rever, em baixa, os custos das taxas e emolumentos aplicados ao sector das pescas, particularmente às pequenas embarcações.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
É o fim do abate de animais errantes por motivos de sobrelotação
Parlamento aprovou por unanimidade o fim dos abates como forma de controlo da população (...)

É o fim do abate de animais errantes por motivos de sobrelotação
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento -0.12
DATA: 2019-11-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Parlamento aprovou por unanimidade o fim dos abates como forma de controlo da população
TEXTO: O parlamento aprovou esta quinta-feira, por unanimidade, em votação final global, o fim do abate de animais errantes como forma de controlo da população, que passa a ser permitida apenas por motivos de "saúde ou comportamento". O texto final resulta de um processo iniciado há cerca de um ano a partir de uma iniciativa legislativa de cidadãos e de um projecto do PCP para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais. No final da votação, o deputado do PAN, André Silva, aplaudiu de pé a alteração, tal como alguns cidadãos que se encontravam a assistir à sessão nas galerias. "É proibido o abate ou occisão de animais por motivos de sobrepopulação, de sobrelotação, de incapacidade económica ou outra que impeça a normal detenção pelo seu detentor, em Centros de Recolha Oficial de Animais, excepto por motivos que se prendam com o seu estado de saúde ou comportamento", prevê o diploma aprovado. O "abate ou a eutanásia" de animais, nos casos em que for permitida, deve "ser realizada por médico veterinário" devendo "a morte ser imediata, indolor e respeitando a dignidade do animal". A lei, que entra em vigor 30 dias após a publicação, dá um prazo de dois anos para que os Centros de Recolha Oficial de Animais estejam aptos a cumprir a proibição do abate de animais. Segundo o diploma, os animais acolhidos nestes centros e que não sejam reclamados no prazo de 15 dias "presumem-se abandonados e são obrigatoriamente esterilizados e encaminhados para a adopção". A lei prevê ainda que o Estado "assegura a integração de preocupações com o bem-estar animal no âmbito da Educação Ambiental desde o 1. º Ciclo do Ensino Básico" e, em conjunto com o movimento associativo e as organizações não-governamentais de ambiente e de protecção animal "dinamiza anualmente" campanhas contra o abandono.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN PCP
Fóssil com 500 milhões de anos pode ajudar a esclarecer o mistério dos primeiros animais
Estranha criatura marinha, semelhante a uma esponja, teria cerca de 50 centímetros e alguns pequenos espinhos. (...)

Fóssil com 500 milhões de anos pode ajudar a esclarecer o mistério dos primeiros animais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.175
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Estranha criatura marinha, semelhante a uma esponja, teria cerca de 50 centímetros e alguns pequenos espinhos.
TEXTO: Uma equipa de cientistas descobriu, na China, um fóssil de uma estranha criatura marinha que terá 500 milhões de anos e que pertence a um misterioso grupo de animais que os cientistas têm dúvidas onde encaixar na “árvore da vida”. A investigação foi publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B, da Royal Society de Londres. A criatura pertence ao grupo dos Chancelloriidae, animais fósseis que fazem lembrar esponjas do período Câmbrico (há cerca de 500 milhões de anos), em forma de tubo, que terão sido extintos rapidamente. No entanto, a semelhança com esponjas não é consensual entre cientistas. A nova descoberta, por uma equipa de cientistas das universidades de Leicester e Oxford, no Reino Unido, e Yunnan, na China, junta novos indícios que podem ajudar a resolver o mistério dos Chancelloriidae. A nova espécie, a que os investigadores deram o nome de Allonnia nuda, foi descoberta na China e teria cerca de 50 centímetros e alguns pequenos espinhos. Também dá indicações sobre o padrão de crescimento, pois tem ligações claras às esponjas modernas. Ainda que seja cedo para dizer que o mistério dos Chancelloriidae esteja resolvido a descoberta evidencia o papel central dos fósseis idênticos a esponjas no debate sobre a mais antiga evolução animal. “Os fósseis Chancelloriidae foram descobertos há quase um século mas resistiram às tentativas de os colocarem na árvore da vida. Consideramos que o padrão de crescimento corporal suporta uma ligação com esponjas, dando força a uma hipótese antiga. Não achamos que o caso esteja encerrado mas esperamos que os nossos resultados inspirem novas investigações sobre a natureza dos primeiros animais”, disse Thomas Harvey, da Universidade de Leicester e um dos autores do trabalho.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie animal