Meghan Markle aparece de surpresa nos Fashion Awards, em Londres
A duquesa de Sussex entregou o prémio de designer do ano de roupa de mulher a Clare Waight Keller, directora criativa da Givenchy, que desenhou o seu vestido de casamento. (...)

Meghan Markle aparece de surpresa nos Fashion Awards, em Londres
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DATA: 2018-12-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A duquesa de Sussex entregou o prémio de designer do ano de roupa de mulher a Clare Waight Keller, directora criativa da Givenchy, que desenhou o seu vestido de casamento.
TEXTO: Na cerimónia de entrega dos Fashion Awards, organizada pelo British Fashion Council, esta segunda-feira, as surpresas foram além do anúncio dos vencedores. Meghan Markle fez uma visita inesperada para anunciar o prémio de designer do ano de roupa de mulher. A distinção foi dada a directora criativa da Givenchy, Clare Waight Keller, que desenhou o vestido de casamento que Meghan Markle usou na igreja. "É um prazer estar aqui estar a celebrar a moda britânica na minha nova casa do Reino Unido", começou por dizer, depois de a duquesa receber o microfone de Rosamund Pike. "Temos uma ligação profunda ao que vestimos — às vezes é muito pessoal e às vezes é emocional. Para mim, está enraizada na capacidade de compreender que [a moda] tem a ver com apoiar e empoderar-nos, a nós e aos outros — especialmente enquanto mulheres. Quando escolhemos vestir um certo designer não somos apenas um reflexo da sua criatividade e visão, somos também uma extensão dos seus valores", declarou Markle. A duquesa aproveitou ainda para abordar o tema da crueldade animal, referido como a indústria está a caminhar na direcção contrária e aproveitou para elogiar Clare Waight Keller — "uma designer britânica a liderar o palco global com visão e criatividade, mas também com uma incrível bondade. "Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De resto, entre os vencedores da noite contaram-se a Gucci (marca do ano), Kaia Gerber (modelo do ano), Miuccia Prada (outstanding achievement) e Virgil Abloh (urban luxe), pela sua marca Off-White. Até Janeiro, o vestido de casamento desenhado por Clare Waight Keller está em exposição no Castelo de Windor, o local onde foi celebrado o matrimónio. Faz parte da exposição A Royal Wedding: The Duke and Duchess of Sussex, que inclui também uma série de outras peças usadas pelo casal, damas de honor e pajens. Conta, por exemplo, com o véu de cinco metros de tule de seda com flores bordadas à mão representativas da flora dos 53 países da Commonwealth, a tiara de diamantes que pertenceu à rainha Maria, mulher de Jorge V (e trisavó de Harry), e uma réplica do uniforme de Harry. Quanto ao segundo vestido de Meghan, desenhado pela também britânica Stella McCartney, há uma versão semelhante à venda numa colecção de noivas lançada recentemente pela própria marca. São ao todo 17 criações, desde um macacão de renda a um vestido de lantejoulas, passando por um fato clássico de casaco e calças.
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Cachopo: “Morre-se assustadoramente” e quem chega é de visita
No ano passado morreu o albardeiro, o último ferreiro não tem filhos e a tecedeira, mesmo sendo a presidente da junta, não encontra ninguém para ensinar. Todos têm a luz acesa, mas Cachopo está às escuras. (...)

Cachopo: “Morre-se assustadoramente” e quem chega é de visita
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.5
DATA: 2018-08-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: No ano passado morreu o albardeiro, o último ferreiro não tem filhos e a tecedeira, mesmo sendo a presidente da junta, não encontra ninguém para ensinar. Todos têm a luz acesa, mas Cachopo está às escuras.
TEXTO: Os galos de Vivelinda atraem muita gente. “Vêm pessoas lá de baixo de propósito”, de Tavira pela nacional, sempre a subir às curvas. É a melhor maneira (e das poucas) para chegar ao Monte da Ribeira. Os galos vivem numa capoeira a 200 metros do Paraíso da Serra, o restaurante que Vivelinda abriu com o marido há 19 anos, junto a um U bem aberto da ribeira de Odeleite, depois de 20 anos “a trabalhar na terra e na fruta em Perpignan”. Vivelinda até gosta do monte algarvio, onde tem oito vizinhos, mas brilham-se-lhe mais os olhos quando fala de França. “A vida era boa. ”De Outubro a Março, ainda assim, lá vai matando saudades do sotaque. “Há muitos estrangeiros que vêm para aí. Dormem na ribeira, ao pé das canas, com tendas e caravanas. ” No Monte da Ribeira, freguesia de Cachopo, passou a haver mais gente em todas as outras estações do que no Verão (tirando as queridas visitas de Agosto). “Já contei umas 14 [autocaravanas]. Vêm cá comer e beber, às vezes encomendam galo assado ou javali, e eu preparo. ” O 1. º de Maio é particularmente forte e o Paraíso da Serra até já pôs anúncios na Internet para atrair mais gente à festa. Este ano, houve o baile com Sandrine e o espectáculo do conjunto musical Os Malteses, além dos habituais comes e bebes. Ainda assim, apesar do silêncio de Junho pregado aos montes, Vivelinda atenta, arregalando os olhos ao sinal de perigo: “Não se pode ficar a dormir em qualquer lado. ” Se se quiser ficar ali, ao lado do Paraíso, tudo bem. Ela até deixa usar a casa de banho. Há também quem fique, livre, junto à fonte férrea de Cachopo, onde existe um parque de merendas, um lavatório, churrasqueiras e uma piscina de água natural aberta ao público. Mas a presidente da junta, olhando para este vaivém de caravanistas na serra do Caldeirão, está a adiantar-se num projecto de área de serviço para autocaravanas na aldeia. Acredita que vai “atrair gente”. “Cachopo atingiu o apogeu nos anos 1950”, década em que chegou o primeiro telefone à aldeia, conta Anabela Rosa, de 48 anos, “das mais novas” entre os 115 habitantes da sede de freguesia. Os registos do núcleo museológico, onde Anabela trabalha, mostram tudo, ou quase: a tradição da ferraria e da tecelagem, fotografias do último albardeiro da terra (que faleceu há meses), o mel, a cortiça, o medronho, o queijo de ovelha, a caligrafia enviada do Ultramar. Agora entra-se em Cachopo pelo cemitério e o dominó de sepulturas relata o mesmo que em todo o interior: “As pessoas morrem assustadoramente. ” E, acrescenta Anabela, “já não há burros nem rebanhos, nem mesmo para mostrar aos mais novos”. “Parece mentira, mas é como se vivêssemos na cidade. Nem às laranjas vamos. ”José Zacarias, o último ferreiro do povo, nem quer confessar a idade. “Diga lá quantos me dá. . . ” Pela fundura das rugas, deve andar na casa dos 90, mas a vida corre bem. “Como não há mais ninguém a fazer isto, tenho muitos serviços”, explica. Na encomenda mais recente, um espanhol paga-lhe “sete contos” (35 euros) pelo arranjo de cada mola e Zacarias tem mais de 30 sobre um degrau. “Dos espanhóis vêm muitas destas [armadilhas para lebres], porque eles não percebem lá muito de trabalhar o ferro e o aço. Eu comecei com dez ou 12 anos, tinha amizade a isto, ainda hoje tenho. E agora já tempero uma mola a brincar. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Porque Zacarias mantém o ofício vivo pela quarta geração, Otília Cardeira decidiu afixar uma placa na parede caiada da ferraria. “As pessoas devem ser homenageadas em vida, não é?”, diz a presidente da junta, uma das primeiras mulheres a chegar ao cargo entre as freguesias serrenhas do Algarve. “Da primeira vez perdi por 12 votos, por ser mulher”, não tem dúvidas. “Isto estava parado no tempo. Mesmo a minha mocidade só começou aos 45 anos. Até aí, a vida foi trabalho, estava na escuridão. ”Agora a luta é outra: trazer gente para Cachopo, além dos visitantes que chegam pela Via Algarviana – “das melhores coisas que aconteceram”; a correr o Algarviana Ultra Trail; ou à procura dos núcleos museológicos, da fonte férrea, do quiosque O Moinho, da tecelagem e do selo 7 Maravilhas de Portugal, que Cachopo foi aldeia pré-finalista. Ainda assim, já houve dias piores. “Já estivemos seis anos sem crianças, agora temos quatro. ” Há quem tenha vontade de arriscar na terra, mas, tirando no bairro social de Cachopo, os valores a pagar pelas casas disponíveis não são para qualquer um. Depois, é claro, falta emprego. Como em muitas outras localidades pequenas do interior, “os maiores empregadores são o lar [de idosos] e a junta”, mas há “dificuldade em recrutar pessoas”, até mesmo para a presidência, pensa Otília a longo prazo. “Quem é o jovem que quer ser presidente de uma junta destas por 274 euros por mês?”, questiona-se a algarvia, aos 67 anos. A presidente da junta de freguesia é também a única tecedeira da região “a fazer o linho desde o semear ao tear” e não é fácil encontrar sucessores. O mesmo se aplica ao museu, para onde Otília precisa de um estagiário, mas não encontra. “Tenho feito pressão no litoral. Nós comprometemo-nos a dar casa e emprego. ” Quem quer viver na aldeia de Cachopo?O caminho mais fácil para Cachopo faz-se desde o Norte de Tavira, pela margem Este do rio Séqua, tomando a Nacional 397. São cerca de 30 quilómetros de estrada pela serra do Caldeirão. Onde dormirA Área de Serviço de Autocaravanas e Parque de Merendas do Pereiro fica na EN124, a cerca de meia hora de Cachopo, frente a uma barragem de regadio. O parque permite abastecer de água potável, carregar baterias (mediante a utilização de um moedeiro) e depositar águas residuais. Já no Ameixial, existem duas áreas de serviço: no centro da aldeia, no campo de futebol (Rua do Moinho) e em Azinhais dos Mouros, em contacto com a natureza. De Cachopo ao Ameixial são também cerca de 30 minutos, pela EM504, na direcção de Almodôvar.
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E que tal uma visita ao espaço em Lisboa e à beira-mar?
A exposição Cosmos Discovery é uma viagem através de 200 artefactos originais da exploração espacial e de réplicas. A partir de sexta-feira vai estar em Belém (Lisboa). (...)

E que tal uma visita ao espaço em Lisboa e à beira-mar?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-07-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A exposição Cosmos Discovery é uma viagem através de 200 artefactos originais da exploração espacial e de réplicas. A partir de sexta-feira vai estar em Belém (Lisboa).
TEXTO: Tudo começa com Júlio Verne e os seus livros de aventuras Da Terra à Lua e À Volta da Lua. Ao lado do escritor pioneiro da ficção científica, está também um dos precursores do cinema, Georges Méliès. É com estas referências que começa a exposição Cosmos Discovery, a partir da próxima sexta-feira no Terreiro das Missas, junto à Estação Fluvial de Belém, em Lisboa. José Araújo, produtor da empresa World Crew Events e desta exposição, escolheu começar com Júlio Verne e Georges Méliès esta aventura da humanidade no espaço. “Foram estes sonhadores que inspiraram os pioneiros do espaço e temos de mostrar isso aos mais jovens”, diz. Depois de ter passado por Bratislava, na Eslováquia, ainda numa fase experimental, a Cosmos Discovery chega a Lisboa para a estreia mundial. Dentro de uma tenda branca entre o MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia e o Padrão dos Descobrimentos, a exposição tem seis salas e 2500 metros quadrados para explorar. É aí que se pode percorrer o passado, o presente e o futuro da exploração espacial. “Demorámos cerca de um ano para fazer experiências, conceber o design da exposição e ter ideias”, diz-nos o checo Petr Suchanek, director da exposição, que envolveu uma equipa de cerca de 30 pessoas. Apesar de já ser experiente na produção de exposições, nunca tinha feito uma sobre o espaço e assume que teve de ler muito para chegar ao resultado final da Cosmos Discovery. Afinal, a exposição é feita de muitas histórias da exploração espacial. Ao longo das seis salas, assinalam-se vários nomes determinantes como Von Braun, pioneiro alemão na construção de foguetões; Iuri Gagarin, o soviético primeiro homem a ir ao espaço em 1961; Alan Shepard, o primeiro norte-americano no espaço; e John Glenn, o primeiro norte-americano em órbita da Terra. Também são destacados animais como a cadela soviética Laika, o primeiro ser vivo na órbita da Terra, em 1957; e o Enos, o primeiro chimpanzé em órbita da Terra. Já José Araújo mostra-se um entusiasta dos temas sobre o espaço e não se cansa de falar sobre todos os objectos da exposição, que vieram do museu Cosmosphere, no Kansas, Estados Unidos. É lá que há mais de 9028 objectos espaciais. E poderemos fazer mesmo uma viagem em Lisboa com objectos que já foram ao espaço? Pode-se dizer que sim. Em toda a exposição, há cerca de 200 artefactos originais de missões norte-americanas, soviéticas e de outras agências espaciais. “Quando as pessoas nos vêm visitar, querem saber qual foi a motivação política dos astronautas para viajarem para o espaço, mas também querem saber como é o seu dia-a-dia no espaço”, diz José Araújo. Como tal, nas vitrinas da exposição, há comida embalada em plástico que chegou a ir na missão norte-americana Apolo 8, como salada de atum, bolachas de água e sal e sanduíches de queijo. “Aqui mostramos o processo de liofilização [desidratação a baixas temperaturas], porque no espaço o peso é muito importante. Tirava-se o líquido da comida para ficar mais leve, e depois voltava-se a colocar lá água [já durante a missão]”, explica. Ao longo da exposição, também há kits de higiene e fraldas usadas pelos astronautas no espaço. “E para quem ainda duvidar que fomos à Lua, temos aqui as câmaras Hasselblad”, anuncia José Araújo em frente a exemplares na exposição. Foram cerca de 15 câmaras fotográficas Hasselblad ao espaço e 12 ficaram na superfície lunar. Ao lado, há também um gravador de voz usado pela primeira vez na missão Apolo 7, e depois na Apolo 17 por Eugene Cernan, em 1972, o último homem na Lua. Além disso, ainda há fatos de voo, como o do astronauta Charlie Duke, usado na missão Apolo 16, e do sétimo homem a caminhar na Lua, David Scott, em 1971, durante a Apolo 15. Há ainda um fato de arrefecimento, garrafas da Coca-Cola e da Pepsi (embora nunca tenham sido bebidas no espaço) ou ainda capacetes para saírem da nave espacial. Para lá dos objectos que estiveram mesmo no espaço, há também réplicas. “Nem os americanos nem os russos deixavam sair as suas naves originais do sítio”, explica José Araújo sobre o facto de não existirem na exposição naves originais. Por isso, foram feitas réplicas à escala real da nave Mercury, por exemplo. Também há réplica do robô Opportunity, que se encontra em Marte, ou do veículo Lunar Rover. “Estas réplicas foram feitas no Cosmosphere, onde há artesãos, em que alguns trabalharam na NASA e têm os planos de construção das naves. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Entre todos os objectos da exposição, José Araújo destaca ainda o motor com um sistema de propulsão do veículo Lunar Lander. Este motor era uma verdadeira “prova de vida” para os astronautas, porque era apenas testado na partida para a Terra. Outras das peças que destaca é o pneu dianteiro de um vaivém espacial ou o primeiro computador portátil usado em voos do vaivém espacial nos anos 80. “Queremos mostrar às pessoas que foi a miniaturização dos computadores nesta altura que permitiu que hoje tenhamos a tecnologia que temos. ” Já Petr Suchanek destaca a parte original do motor F1 usado no foguetão Saturno V, que levou para o espaço as missões Apolo para a Lua. Esta peça foi resgatada há anos do oceano Atlântico. Também haverá momentos em que os visitantes poderão experimentar fazer treinos como os dos astronautas, num giroscópio. Ou ver o espaço com óculos de realidade virtual. Ainda antes de abandonar a exposição, há uma homenagem a vários homens e mulheres que deram a vida pela exploração espacial. Os bilhetes custam entre 10 e 16 euros (as crianças com menos de quatro anos não pagam). Ainda sem data de encerramento, José Araújo salienta que, nos próximos cinco anos, a Cosmos Discovery vai estar em países como a Alemanha, a Espanha e o Japão.
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Há duas centenas de oliveiras com mais de dois mil anos em Portugal
Através de um método considerado inovador, uma equipa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem datado as oliveiras mais antigas de Portugal e arredores. Qual é o top 3? (...)

Há duas centenas de oliveiras com mais de dois mil anos em Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-10-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Através de um método considerado inovador, uma equipa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem datado as oliveiras mais antigas de Portugal e arredores. Qual é o top 3?
TEXTO: Quando nos confrontamos com uma oliveira milenar, é quase impossível não notarmos a sua majestosidade. Sendo uma boa parte da paisagem de Portugal dominada por oliveiras, quantas nasceram há mais de dois mil anos? De acordo com as datações feitas por uma equipa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro liderada pelo engenheiro florestal José Luís Louzada, são cerca de 200. Em primeiro lugar, com 3350 anos, está uma oliveira em Abrantes. Logo a seguir, com 2850 anos, fica uma oliveira em Santa Iria de Azóia. E em terceiro está uma com 2450 anos em Monsaraz. Esta aventura para desvendar a idade das oliveiras começou porque André Soares dos Reis, proprietário da empresa Oliveiras Milenares – que vende oliveiras ornamentais –, queria garantir aos seus clientes quantos anos tinham essas árvores tão antigas. José Louzada aceitou o desafio e desenvolveu um método matemático que relaciona a idade com características do tronco, como o seu raio, diâmetro, altura ou perímetro. Nos modelos desenvolvidos, consegue-se – sem destruir a árvore e em árvores ocas – saber a idade de oliveiras até três mil anos. Até agora, José Louzada diz que já se dataram “aproximadamente 200” com mais de dois mil anos. “A grande maioria é portuguesa e meia dúzia é espanhola. ”Como este método pode ser adaptado a outras espécies, no futuro José Louzada gostaria de calibrá-lo para os castanheiros, por exemplo. Mas façamos um percurso pelo top 3 destas oliveiras anciãs. No primeiro lugar está uma oliveira situada em Mouriscas, no concelho de Abrantes. Tem um diâmetro de cerca de 2, 5 metros, 3350 anos e chama-se “oliveira do Mouchão”. Porquê? “ [Era] onde os pescadores se juntavam e o primeiro que chegava era o que ia pescar para a pesqueira [lugar no Tejo onde há armações de pesca] do Mouchão, que era muito boa para pescar”, conta Pedro Matos, presidente da Junta de Freguesia de Mouriscas. Além disso, é um local de memórias: “Sempre ouvi que era onde se jogava às cartas e [as pessoas] se abrigavam do mau tempo. ” Actualmente, é considerado arvoredo de interesse público e ainda produz azeitonas. A seguir, no pódio, está uma oliveira com 2850 anos em Santa Iria de Azóia, concelho de Loures. José Louzada até se recorda de uma história recente desta oliveira em meio urbano. “A dada altura, quiseram deitar abaixo a oliveira para alargar uma estrada”, revela. “Entretanto, houve algumas pessoas que se insurgiram e acharam que era um crime abater uma árvore majestosa. ” Como tal, a Associação de Defesa do Património Ambiental e Cultural de Santa Iria de Azóia contactou a equipa de José Louzada para se saber a idade dessa oliveira. “Quando as pessoas se aperceberam da antiguidade da árvore, a impossibilidade de fazer obras sem a sacrificar foi alterada completamente. ” José Louzada diz que até arranjaram o espaço que envolve a árvore e há placas a indicar onde fica. O top 3 termina com uma oliveira com 2450 anos em Monsaraz, e o seu tronco precisa de sete pessoas para a abraçar. Essa oliveira está entre outras (cerca de 20) e, como estão alinhadas, o engenheiro florestal salienta que se nota que houve ali intervenção humana para que se aproveitasse aquele olival. Se continuarmos pelo país fora, encontramos mais árvores milenares (nem todas com mais de dois mil anos) em Estremoz, Montemor-o-Novo, Lagoa, Beja ou Évora. Paremos em Évora, nomeadamente no Convento do Espinheiro. Aqui há uma oliveira com cerca de 1100 anos. Portanto, se o seu “nascimento” foi por volta do ano de 920, já terá visto o próprio convento a erguer-se no século XV. Este convento está ligado a várias lendas, como a visão da presença de Nossa Senhora sobre um espinheiro em chamas. Mas José Louzada destaca uma história sobre os encontros amorosos clandestinos entre um futuro rei português e uma filha dos reis católicos de Espanha, antes do seu casamento. “O príncipe subia através dessa oliveira para chegar aos aposentos da princesa. Entretanto, a coisa veio a descobrir-se e dizia-se que a princesa já não estava pura quando se consumou o casamento. Foi um imbróglio desgraçado. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mas nem só em Portugal se têm datado as oliveiras. Já se classificaram em Bordéus, Girona ou em Málaga. “A mais majestosa é a da ilha de Menorca, em Espanha. É muito grande”, descreve o engenheiro florestal, referindo que tem 2310 anos. Já agora, qual o segredo da longevidade das oliveiras? “Por um lado, estão bem adaptadas ao ecossistema mediterrânico. Mas há outra particularidade: têm uma grande capacidade de regenerar tecidos novos”, indica. “Quando se diz que têm dois mil anos, é óbvio que não há nenhuma célula com dois mil anos. À medida que a parte mais velha vai morrendo, vai rejuvenescendo e emitindo novos rebentos. ” São então estes novos rebentos que mantêm a perpetuidade desta árvore. “Faz este processo de forma quase infinita. Desde que não ocorra nenhum processo anormal à árvore, esta poderia ter uma longevidade quase eterna. ”
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Figueira da Foz vai ter navios maiores e quer mais operações ferroviárias
Projecto envolve os principais operadores do porto e a Câmara Municipal. Objectivo é alargar o hinterland (zona de influência do porto) e abranger a zona Centro e Oeste. (...)

Figueira da Foz vai ter navios maiores e quer mais operações ferroviárias
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.233
DATA: 2018-08-06 | Jornal Público
SUMÁRIO: Projecto envolve os principais operadores do porto e a Câmara Municipal. Objectivo é alargar o hinterland (zona de influência do porto) e abranger a zona Centro e Oeste.
TEXTO: Se em 2005 as dragagens efectuadas no porto da Figueira da Foz para aumentar de 5, 5 para 6, 5 metros o calado dos navios permitiu a duplicação da carga movimentada, há boas razões para crer que novas obras para aceitar embarcações de oito metros levem a um ainda maior aumento da procura. E não se trata só de crer. A Comunidade Portuária do Porto da Figueira da Foz, que é composta pelos principais empresas que ali operam, tem estudos de mercado que demonstram que basta um investimento de 16 milhões de euros para reposicionar aquela infra-estrutura no mapa dos portos marítimos nacionais. “O movimento portuário tem vindo a crescer imenso. Entre 2008 e 2017 passámos de um para dois milhões de toneladas movimentadas, sobretudo devido às obras de prolongamento do molhe Norte em 400 metros e às dragagens que permitiram receber navios com 6, 5 metros de calado”. Gonçalo Vieira, presidente da Comunidade Portuária, sublinha que a Figueira da Foz , entre 2008 e 2017 foi o segundo porto com maior crescimento médio anual (7%) logo a seguir a Sines (8%). Em média, os principais portos portugueses cresceram 4%. Operadores, carregadores e a própria câmara municipal querem agora avançar com um investimento de 16 milhões de euros para fazer três coisas relativamente simples: dragar até aos 10 metros para se poder receber navios com oito metros de calado, alargar a bacia de manobras do porto e melhorar a frente de acostagem através da expansão dos cais. A rentabilidade estimada do projecto permite que os privados estejam dispostos a entrar com 25% do financiamento, contando que o restante seja suportado em partes iguais pelo Estado e por fundos comunitários. Para Gonçalo Vieira este projecto é imprescindível até porque os navios de pequena dimensão que hoje ali atracam estão a desaparecer. “A quantidade que existe a nível mundial é muito reduzida e já não se constroem navios destas dimensões. Os que restam ligam alguns portos no Norte da Europa ou fazem cabotagem na costa de África. O futuro são os navios de maior calado e a Figueira da Foz não pode deixar de se preparar para os receber”. Navios de maior dimensão, significa maior capacidade de carga e por isso está em curso um plano de promoção do porto para atrair mais clientes. O presidente da Comunidade Portuária da Figueira da Foz diz que o projecto tem o apoio da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e que o investimento previsto não é apenas importante pela movimentação das cargas que vai proporcionar, mas também pela dinamização do cluster da economia do mar, dado que dinamiza também a pesca, os desportos náuticos, a reparação naval e o turismo. “Já tivemos um navio de cruzeiro de pequena dimensão aqui atracado e contamos que as obras permitam receber mais “, diz Gonçalo Vieira. Mas o grande impacto do investimento é mesmo o alargamento do hinterland (zona de influência do porto) da Figueira da Foz e um maior uso da ferrovia dado que, em média, só dois comboios de mercadorias servem diariamente o porto. Trata-se de um transporte de pasta de papel da Altri que vem de Vila Velha de Ródão, mas Gonçalo Vieira, ele próprio director logístico da Navigator (antiga Portucel), diz que haverá condições para receber mais e maiores comboios quando os navios tiverem maior calado. A Comunidade Portuária da Figueira da Foz é uma entidade sem fins lucrativos destinada a defender os interesses do porto e dos seus operadores. É, por isso, composta pelos seus principais clientes. À cabeça está a Navigator (uma das maiores papeleiras do mundo e principal cliente do porto), seguindo-se a Celbi (grupo Altri), do mesmo ramo, e a Maltha Glass, Secil, Acembez, Fapricela e diversos fornecedores de madeira de pinho e argila. Integram ainda esta associação os operadores portuários Ylport (ex Liscont) e Operfoz, bem como a autarquia local. A Navigator foi reeleita para o segundo mandato na comunidade portuária, cargo que exerce através do seu director de logística, Gonçalo Vieira. Com um negócio que implica fazer chegar carga aos cerca de 130 países para onde aquela empresa exporta e com seis fábricas em Portugal (Figueira da Foz, Vila Velha de Ródão, Aveiro e Setúbal) às quais não pode faltar um abastecimento regular de matéria-prima, Gonçalo Vieira é um defensor da ferrovia como o modo de transporte mais eficiente e mais sustentável na cadeia logística. A sua actividade e experiência leva-o a afirmar que é urgente o país modernizar as linhas que possui, resolvendo estrangulamentos da rede ferroviária, ao invés de afectar recursos milionários em projectos de rentabilidade duvidosa como é o caso da linha Aveiro – Mangualde. “O importante é modernizar a linha da Beira Alta quanto antes”, diz, elogiando a estratégia do Governo em avançar com o plano de electrificação das linhas pois permite custos de transporte mais baixos e menos emissão de CO2. O responsável está atento a um concurso que a Infraestruturas de Portugal (IP) vai lançar em 2019 para a concessão do terminal de mercadorias da estação de Leiria e diz que isso vai permitir que as empresas do eixo industrial Leiria/Marinha Grande façam transportar os seus produtos em contentores para aquele terminal, que seguirão depois, em comboio, para a Figueira da Foz. Segundo os seus cálculos, basta um comboio com 24 vagões entre Leiria e Figueira da Foz para que o preço do contentor transportado seja 25% a 30% mais barato do que por via rodoviária. “A linha do Oeste é uma oportunidade que não está a ser aproveitada”, diz Gonçalo Vieira, que lamenta que a modernização prevista seja só de Meleças até às Caldas da Rainha e não se prossiga já com a electrificação de toda a linha pois, com a melhoria da infra-estrutura e electrificação da linha, os custos do transporte de mercadorias para a Figueira da Foz reduzir-se-iam consideravelmente. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De resto, a ideia é que o hinterland se alargue até Alcobaça e Caldas da Rainha, cujas empresas exportadoras beneficiarão em escoar os seus produtos pela Figueira da Foz. Por outro lado, a Comunidade Portuária conseguiu que a IP não desmantelasse a antiga via férrea da Figueira da Foz a Pampilhosa e mantivesse o canal ferroviário, que poderá vir um dia a ser útil numa ligação directa para a Beira Alta e Espanha.
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“De nada serve termos um modelo de prevenção e combate se a paisagem não mudar”
Nas suas mãos está a reestruturação do todo o sistema de prevenção e combate no país, numa tentativa para que 2017 não se repita. Já há passos a serem dados para que a redução dos riscos deixe de ser o parente pobre nesta equação e para envolver todos os actores na resposta. Mas nada terá êxito se a paisagem não mudar, alerta. (...)

“De nada serve termos um modelo de prevenção e combate se a paisagem não mudar”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.5
DATA: 2019-03-14 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20190314165040/https://www.publico.pt/n1805104
SUMÁRIO: Nas suas mãos está a reestruturação do todo o sistema de prevenção e combate no país, numa tentativa para que 2017 não se repita. Já há passos a serem dados para que a redução dos riscos deixe de ser o parente pobre nesta equação e para envolver todos os actores na resposta. Mas nada terá êxito se a paisagem não mudar, alerta.
TEXTO: Tiago Oliveira é presidente da comissão instaladora da Agência de Gestão Integrada dos Fogos Rurais (AGIF) e está a preparar o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que irá coordenar e entrecruzar as estratégias de prevenção e combate. Quem combate, previne e quem previne, combate é uma das pedras de toque deste novo plano de ataque aos incêndios. Já estão a ser dados passos para a concretização desta estratégia mas só em 2019 se verão mudanças mais concretas. Na sua primeira entrevista, ao PÚBLICO e Renascença, diz acreditar que é desta que se vai mudar o paradigma mas não tem ilusões: Não é por haver uma melhor prevenção e melhor combate que se vai resolver o problema. Tem de se mudar a floresta. Como? Há pistas mas também não há ilusões: esqueçam a ideia romântica de recolonizar o país. Em Outubro, o primeiro-ministro anunciou uma reforma profunda do sistema de prevenção e combate a incêndios florestais. Nesta altura, que garantias é que pode dar que 2018 será diferente?2018 será certamente um ano difícil, tanto por questões meteorológicas, mas essencialmente porque há uma pressão grande para que as coisas corram bem. Vamos estar mais bem preparados, o esforço que está a ser feito é nesse sentido. Há uma maior discussão em volta do tema da prevenção, da limpeza do mato, as pessoas estão mais preparadas e têm mais consciência que a Protecção Civil começa em si mesmos. As autarquias estão envolvidas e entusiasmadas em fazer um trabalho mais consistente. Estamos a começar um trabalho que devia ter sido feito no passado e que não foi e agora estamos todos a fazer um bocadinho à pressa. Mas há uma preparação grande por parte do dispositivo da prevenção, com o ICNF e o Ministério da Agricultura a fazer bastantes coisas em termos de planeamento e obra, e há um reforço grande na musculatura do ataque inicial com a participação da GNR e dos GIPS [Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro] e também com o envolvimento dos bombeiros e de outros órgãos da Protecção Civil. E como é que isso se pode avaliar na prática? A Comissão Técnica Independente que estudou os incêndios de Junho identificou várias falhas, que é suposto corrigir. Desde as telecomunicações até a gestão operacional dos meios. Em concreto, o que é que já está em curso, o que é que já está a mudar?Uma fractura exposta não se resolve com um penso rápido. Há problemas profundos que são sistémicos, que vieram à luz do dia com o relatório da CTI. Isso implica uma alteração grande. O modelo futuro está a ser discutido e analisado e também em fase de alguma aplicação. Ele vai funcionar a partir de 2019. A estrutura de missão a que eu presido - eu não presido à agência pois esse cargo vai ser nomeado por concurso através da CRESAP [Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública] – tem de apresentar e implementar as recomendações da Comissão Técnica Independente, isso implica desenvolver um modelo para 2019/2021 e depois, avançar sobre novos territórios. Ou seja, é necessário alterar também a paisagem mas isso é um processo de mais longo prazo e tem a ver com reforma florestal. No curto prazo, há uma preocupação de ensinar às pessoas como é que elas devem proceder num incêndio, quer os portugueses, quer os estrangeiros que nos visitam. Preparar as aldeias, as áreas industriais, as pequenas casas isoladas, responsabilizando o proprietário, que pode agir com o apoio do município. Depois, o ataque tem de ser pronto e musculado para que os grandes incêndios não ocorram. Quando esses ocorrerem, a AGIF vai participar já enquanto estrutura embrionária e, através de peritos nacionais e internacionais, ajudar e apoiar a decisão. O problema é muito complexo e só com conhecimento vamos ultrapassar isto. Portanto, quanto a questões mais estruturais que foram anunciadas como tendo que mudar, como a gestão de meios aéreos na Força Aérea ou o profissionalismo de bombeiros, só serão respondidas lá para 2019, 2020. Não podemos esperar que isso aconteça já em 2018?Há orçamentos aprovados que estão a ser implementados e que indicam que 70% do dinheiro vai ser envolvido na da prevenção, portanto, já se está a dar um sinal de que as coisas estão a mudar para o lado da prevenção. No presente ano temos que estancar a hemorragia enquanto vamos fazendo o processo de transição. A Força Aérea já está envolvida, há um grupo de trabalho que irá produzir um relatório e a 19 de Março vai surgir mais um relatório da CTI que vai trazer novas informações que vão enriquecer o trabalho para o desenho do modelo futuro, Mas é preciso ter a campanha de 2018 bem estruturada, bem organizada, bem comandada. O General Mourato Nunes, que foi comandante da GNR durante muitos anos, está a liderar o processo dentro da ANPC [Autoridade Nacional de Protecção Civil]. É uma tarefa que depende dele e ele tem tido os recursos para fazer. Em 2019 já vai haver a implementação em algumas áreas piloto do modelo futuro. Vamos aprender com o processo, ver como é que está a ser internalizado pelos actores e vamos avançando até 2021, altura em que pretendemos ter o futuro modelo em total implementação em todo o território. Há depois aqui um aspecto muito importante: não é por haver uma melhor prevenção e melhor combate que vamos resolver o problema. Temos de mudar a floresta, o que implica ter uma floresta com mais pastorícia e mais gestão, isso vai demorar mais tempo. O que nós podemos garantir é que o sistema montado para 2018 tem o apoio das competências que necessita, que os peritos nacionais e internacionais estarão a ajudar enquanto nós montamos o sistema futuro, com uma prevenção e um combate mais integrado, com outro modelo de prevenção do risco. Se tudo isto é para arrancar mais a sério em 2019, tanto mais que até Dezembro de 2018 há apenas uma comissão instaladora da AGIF, como é que é até lá? Entidades como a Protecção Civil, a GNR, Forças Armadas, estão à espera de saber exactamente como é que fazem as suas directivas, como é que planeiam 2018. Que tipo de intervenção é que a estrutura de missão a que preside vai ter nestes processos específicos de cada uma destas entidades?Enquanto Comissão Instaladora da Agência vamos apoiar, com peritos nacionais e internacionais, o processo de decisão, quer a nível estratégico e operacional, quer ajudando o ICNF a planear algumas obras em alguns sítios importantes e quer a ANPC, em que os especialistas vão estar à disposição do comando Coronel Paixão para serem colocados em operações onde são relevantes e em sítios críticos. Não estamos à espera que 2019 chegue. 2018 é um ano muito importante para consolidar um conjunto de ideias e perspectivas: vai haver uma unidade mecanizada, vai haver observação aérea e coordenação de combate aéreo. Vai haver mais gente no terreno, mais GNR, mais gente no ar a fazer um trabalho melhor para que os meios aéreos sejam geridos de uma forma mais eficaz. A participação da comissão instaladora da futura agência faz-se através de instituições novas. Não está no nosso lado o comando e o controlo dos meios. É uma estrutura que injecta o conhecimento na operação. Saiu na quinta-feira em Diário da República a directiva operacional de prevenção e combate que estrutura e define claramente quem faz o quê e quando. Essas orientações estratégicas vão permitir que cada uma das organizações desenhe e implemente as suas directivas operacionais. A agência é um órgão de apoio, de facilitação, de coordenação, de avaliação e de melhoria contínua. É uma função que existe noutros países. Agora, é importante saber que, na nossa paisagem e com as alterações climáticas, ou mudamos o contexto ou qualquer modelo de prevenção e combate falhará havendo um ou dois incêndios de grande dimensão. O fogo é guloso pelo combustível e é isso que nós temos que mudar. Habituámo-nos a ter um sistema assente em três pilares: a prevenção a cargo do Ministério da Agricultura, a vigilância a cargo da GNR e o combate também tutelado pelo Ministério da Administração Interna. Como será no futuro?O modelo futuro, como já é enunciado na resolução do conselho de ministros de 21 de Outubro, vai assentar em duas prioridades. Essas duas prioridades são as pessoas, por um lado, e a floresta por outro. Isso implica que proteger pessoas e proteger a floresta implica meios, abordagens e técnicas diferentes. A ANPC ficará focada em proteger as pessoas, coordenando todas as entidades envolvidas na protecção da vida e dos bens, incluindo a limpeza da vegetação à volta das casas. Esse é o pilar da Protecção Civil. O outro pilar é o da floresta, do mundo rural, em que, com técnicas diferentes, vão estar pessoas envolvidas a fazer a prevenção e combate, ou seja: quem previne, combate e quem combate, previne. É um sistema com segmentação de prioridades e com a especialização dos agentes, tudo submetido a um comando único, não há dois patrões para o mesmo problema, há um. Que será quem?A Protecção Civil vai sempre coordenar todo o processo, vai comandar e liderar as operações. O que temos de ter é uma segmentação da especialização, ou seja, vamos ter no futuro dois pilares - um que protege pessoas, outro que protege a floresta e o mundo rural - mas os incêndios vão ser combatidos pelos mesmos actores. Os bombeiros, a GNR, as Forças Armadas e as autarquias são sempre fundamentais, vão ser o suporte destes dois pilares. E como é que isto acontece? O ataque inicial é feito pela equipa que está mais próxima, em triangulação. Se está resolvido, passa a histórico. Se não está, os meios começam a agregar-se em volta daquele evento e este começa a escalar em termos de gestão das operações. Aí entra a ANPC, como entra hoje, com um sistema de comando único. Nesse comando único há sectorização das operações e há um afluxo de especialistas para cada um dos sectores, uns mais florestais, outros mais de Protecção Civil. Enquanto o incêndio florestal é um incêndio em que as técnicas ofensivas são importantes, aplicadas no momento certo, no local correto com base em conhecimento, a perspectiva da Protecção Civil ao defender uma aldeia é defensiva, são usadas outras ferramentas, outras soluções. Faz sentido separar. Não é nada que já não tenha acontecido no passado mas agora vai ficar mais institucionalizado, vai haver mais competências profissionais do lado da floresta mas também vai mais competências profissionais do lado dos bombeiros. O que é que é importante aqui? Credenciação. Combate o incêndio quem tem credenciais para o fazer, quem tem conhecimentos para o fazer, cumprindo os standards internacionais. A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), criada por decreto-Lei 12/2018 de 16 de Fevereiro, está ainda na sua fase embrionária. Tiago Oliveira lidera a comissão instaladora, tendo já definido alguns dos principais pilares do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, cujo planeamento, coordenação e avaliação é competência da AGIF. Esta estrutura responde apenas ao primeiro-ministro e as suas directivas condicionarão a actuação das estruturas que compõem o sistema, concretamente o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a quem caberá a prevenção, e a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), responsável pelo combate. Montar este novo sistema, que alia prevenção e combate tal como aconselhado pela Comissão Técnica que avaliou o incêndio de Pedrógão, custará 150 milhões de euros. A AGIF será uma estrutura eminentemente técnica que terá, quando entrar em velocidade cruzeiro em 2021, 26 funcionários, com um orçamento de 1, 2 milhões de euros. No terreno haverá um comando único que orientará a actuação das estruturas da ANPC e o ICNF. Este último serviço, que tem vindo a perder recursos humanos e capacidade de intervenção há já vários anos, terá de ser reforçado, a sua presença nos distritos tem de ser efectiva e terá de ser capaz de absorver um conjunto de peritos cujo concurso de recrutamento começará em breve. Estes peritos, que podem ser bombeiros, militares, técnicos florestais ou sapadores, serão formados pela AGIF para as acções de prevenção e combate, passando para o ICNF em 2022. Haverá uma distinção clara entre o combate a grandes incêndios e a protecção de pessoas e bens e primeira intervenção. No primeiro caso, que exige uma forte componente técnica, as chamas serão enfrentadas com maquinaria, meios aéreos e pessoal formado especificamente em fogos florestais. Quer isto dizer que os bombeiros ficariam apenas com a defesa de pessoas e bens? Tiago Oliveira diz que não pois todos os que se mostrarem interessados poderão integrar a estrutura técnica de combate. Uma coisa é já dada como certa: a Escola Nacional de Bombeiros irá mudar e a formação irá integrar novas componentes. No futuro, ambos os pilares vão estar totalmente comprometidos politicamente, ou seja, há um dono do programa da floresta e há um dono do programa da protecção civil . Em cada pilar vai haver prevenção, vigilância, combate, rescaldo e recuperação, ou seja, há um dono político para defender a floresta, há um dono político para defender as pessoas e os bens e isto vai percolar pelas organizações. Vai haver um dirigente, vai haver recursos, vai haver responsáveis, vai haver orçamentos balanceados. O que é que é importante nisto tudo? Informação, análise de dados, conhecimento de meteorologia, predictabilidade do apoio à decisão, coisa que tem sido uma pecha e que nós, lá está, mais uma vez este ano vamos tentar injectar no sistema. Teremos peritos internacionais a apoiar a decisão. Temos que ganhar esta batalha, não só este ano, mas nos próximos anos, porque o futuro do país, o interior, depende da nossa capacidade de gerir a paisagem e criar um território menos vulnerável ao fogo. Indo ao problema de fundo: vivemos num clima mediterrâneo, onde o fogo sempre esteve presente, as espécies, aliás, até estavam adaptadas a isso. Com a intervenção humana houve desflorestação, houve alteração de espécies. Mas entretanto, o interior despovoou-se e a natureza ocupou espaços antes cultivados, os matos cobrem os terrenos, há monoculturas, enfim, há o problema que conhecemos. Dificilmente voltaremos atrás no repovoamento do interior, com a agravante que as alterações climáticas irão potenciar mais secas e, portanto, mais incêndios. Isto parece um problema irresolúvel, é verdade?É um problema difícil, complexo, que vai exigir o empenho e o envolvimento de todos e o suporte de políticas públicas, integradas, inteligentes e focadas no longo prazo. Para tal é muito importante ter a ciência a apoiar estas decisões todas, porque a pressão é de curto prazo, as eleições são de quatro em quatro anos e os políticos têm uma lógica de curto prazo. Mas não nos podemos esquecer que Portugal está muito vulnerável a alterações climáticas e é preciso maturidade e independência para tomar decisões difíceis e elas vão ter de ser tomadas. O interior é uma delas e vai ser muito difícil implementar a ideia romântica de recolonizar o país. Sem pessoas, como é que se vai fazer?Um território abandonado não quer dizer um território não gerido. Mas temos de ser capazes de criar, através da floresta e da silvo-pastorícia, territórios que atraiam emprego qualificado, que atraiam pessoas, em particular, mulheres férteis que permitam a perpetuidade das famílias naqueles locais. Vai haver menos gente daqui a 10, 15 anos. Mas isso não significa paisagem não gerida. O que temos é de ter capacidade de atrair quadros qualificados, com lideranças locais para fazer mudar e para fazer acontecer alterações no território. Isso implica usar a floresta e a silvo pastorícia como âncoras, porque é da água, da sombra, do silêncio, da nossa memória, do oxigénio, da caça, de todos os outros produtos que a floresta gera que nós também dependemos. Temos de saber gerir o nosso território e confrontamo-nos com um desafio muito grande, que é: como é que isto se faz? Como é que conseguimos inventar uma nova paisagem que seja mais viável?Mas o certo é que as políticas de revitalização do sector florestal não têm dado certo, aliás, há quem diga que são praticamente inexistentes. Não há um investimento sério em, por exemplo, as madeiras nobres, que seria importante neste caso, serrações, etc. No modelo futuro, segmentamos e colocamos dentro da ANPC a protecção das pessoas e das vilas. O outro pilar irá colocar 60 a 70% do território sob administração do ICNF, tutelado pelos ministérios do Ambiente e da Agricultura. Essa pressão vai fazer com que esses ministérios se envolvam mais no problema. Vão ter que resolver o problema das políticas públicas e de orçamentos associados à prevenção e também apoiar o combate, vão ter um dispositivo integrado nessa perspectiva. Mas qual é a paisagem, qual é o território que queremos? Isso é outra unidade de missão. Vai haver mais pressão da opinião pública sobre as políticas públicas e a sua eficácia. A agência vai ter uma espécie de técnicos especializados, que é uma incubadora que depois transita para dentro do ICNF, que vai ter de lidar com a questão estabelecendo uma relação diferente com os proprietários e com o movimento associativo. O nosso modelo assenta no associativismo, e isso implica uma maior partilha de responsabilidades, implica separar aquilo que é a totalidade dos prédios daquilo que são as necessidades da gestão. Na pastorícia, por exemplo, um rebanho com 100 ovelhas com um pastor não permite ter um quadro bem qualificado a tomar conta daquele rebanho. Mas para ter duas mil ovelhas, tem de intervir num espaço maior, ocupando outros territórios e isso implica alterar a titularidade, implica alterar o acesso à terra, implica uma reforma profunda. Neste momento está em curso a obrigatoriedade da limpeza das faixas de combustível em volta da populações e das casas. As pessoas estão um pouco desinformadas sobre o assunto, não sabem muito bem o que têm que fazer. Além disso, não existem empresas suficientes para responder a tão grande procura. Não teria sido preferível, face à falta de meios humanos e financeiros, definir claramente quais são as faixas de combustível onde deveria haver uma intervenção para conseguir controlar um incêndio grande, em vez de estar a dispersar meios e os recursos pelo território, em locais que até podem nem ser cruciais?A lei é igual para todos e todos têm que ser mobilizados a cumpri-la. A lei está aprovada e não me compete comentá-la. Pelo menos, o tema da prevenção aparece na agenda logo em Janeiro, coisa que nunca tinha visto, e está a haver um grande movimento por parte dos proprietários, dos municípios, das pessoas, que estão a fazer o máximo para fazer o melhor que podem. Há 40 anos que não acontecia muita actividade nesta área. Este é um princípio. Podemos melhorar? Podemos e nesse sentido, em relação ao que queremos implementar nos anos que vêm, já envolvemos a Ordem dos Engenheiros para que haja mais conhecimento sobre que árvores cortam, que mato é que tem de sair. A intervenção será suportada por um guia de boas práticas. França, Estados Unidos começaram essa experiência há mais anos. França tem um debate grande sobre o que limpar, o que não limpar, Barcelona também tem este conflito entre proprietários e Estado. Portanto, nós estamos a começar e como todos aqueles que começam a dar novos passos, nem sempre o fazem na cadência certa mas acho que a direcção é correta. Há aldeias que pela sua circunstância geográfica, pelo seu histórico de incêndios, pela sua vegetação, são mais prioritárias para uma intervenção agressiva, quer pelas autoridades, quer pelos proprietários. Essa prioridade deve ser cumprida. Mas a lei é a lei, importa mobilizar a sociedade neste sentido. Haveria formas diferentes de fazer a comunicação, mas acho que é importante que também se perceba que a situação é de risco, que o país está colocado perante uma urgência e todos somos parte da solução. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Estamos a falar muitas vezes, de populações idosas e sem meios e um problema que entronca é a pressão para que apostem em espécies autóctones ou mais resistentes ao fogo. Como é que se convence um proprietário a investir nestas espécies, cujo rendimento virá daqui a uma geração ou duas em vez de investirem em pinheiro ou eucalipto, que dará um retorno mais rápido?Isso sai um bocadinho fora do âmbito da nossa estrutura de missão que é a prevenção e combate e se o sistema estiver organizado já é um contributo grande para que o proprietário perceba o risco de uma forma diferente e diga “eh pá, isto está a mudar e eu já posso investir na floresta!” No entanto, ele não o irá fazer no médio prazo e isso vai obrigar a que façamos as contas e consigamos influenciar, enquanto estrutura de missão, a elaboração e melhoria da reforma da floresta. Enquanto estrutura de missão temos a função de criar uma agência que seja flexível e pequena, que contribua para ajudar o primeiro-ministro a pensar e a reflectir sobre estas matérias de operações de combate. Mas resolvendo isso, fica todo o resto – que é a parte mais importante - para resolver e como é que vamos mobilizar os proprietários num contexto de risco, numa economia descapitalizada? Tem de haver aqui um grande esforço da sociedade para pensar modelos mais eficazes. De nada serve termos um modelo de prevenção e combate se a paisagem não mudar. A paisagem tem de mudar em três perspectivas: floresta gerida, conservação da natureza e silvo-pastoríciaSe soubesse o que sabe hoje voltava a aceitar esta tarefa?Eu sou uma parte da solução, eu não sou a solução. Por um lado, sou um porta-voz do conhecimento e contactos que estou a trazer: vem gente de todos os lados, da Austrália, África do Sul, do Canadá , que nos podem ajudar a fazer uma coisa mais bem-feita. Não vou conseguir fazer tudo, vou tentar fazer o meu melhor. Não tenho a certeza de tudo, ninguém tem a certeza de nada. Com humildade e perseverança, e muito conhecimento, eu acho que vamos chegar a um sítio melhor. Sim, voltava a aceitar.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
Museu Nacional do Brasil era o “maior museu de história natural da América Latina”
Fundado durante a época colonial, o Museu Nacional foi antes casa da família real. Tinha 20 milhões de peças, incluindo o fóssil mais antigo da região. "É uma catástrofe insuportável", diz um dos vice-directores. (...)

Museu Nacional do Brasil era o “maior museu de história natural da América Latina”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fundado durante a época colonial, o Museu Nacional foi antes casa da família real. Tinha 20 milhões de peças, incluindo o fóssil mais antigo da região. "É uma catástrofe insuportável", diz um dos vice-directores.
TEXTO: Não era só a mais antiga instituição científica e de história natural do Brasil, era “o maior museu de história natural da América Latina”, afirmou ao site G1 Cristiana Serejo, uma das vice-directoras do Museu Nacional do Rio de Janeiro, consumido por um incêndio na noite de domingo. Com um acervo de 20 milhões de peças, o Museu Nacional, que chegou a ser residência da família real portuguesa e da família imperial brasileira, teve origem no antigo Museu Real, fundado por decreto do rei João VI, em 1818, quando o país era ainda uma colónia portuguesa, há exactamente 200 anos. O objectivo da sua criação passava por disseminar o conhecimento e o estudo das ciências naturais pelo Brasil. Com a independência do Brasil, em 1822, passa a chamar-se Museu Imperial e Nacional; depois, com a implantação da República, em 1889, recebe finalmente o nome de Museu Nacional. Grande parte do que viriam a ser as suas colecções foi reunida ainda durante os períodos da Regência e do Império – incluindo as trazidas do chamado Museu do Imperador, uma das salas do Paço da Boa Vista. Tanto D. Pedro II, que foi o último imperador do Brasil, como a sua mãe, a Imperatriz Leopoldina, tinham grande interesse pelo coleccionismo e pelo estudo das ciências naturais. As peças etnográficas vindas das ilhas Sandwich para o Imperador Pedro I, assim como múmias egípcias que este tinha adquirido, são disso exemplo. No museu estava também um diário da Imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, oferecido em 1811 ao então príncipe regente D. João VI. O Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, também conhecido como Palácio de São Cristóvão ou Palácio Imperial, onde se erguia o Museu Nacional, foi a primeira residência da família real portuguesa e ali nasceu a princesa Isabel. Depois do golpe que derrubou D. Pedro II, pertenceu à família imperial brasileira e viria ainda a abrigar, durante um breve período, a primeira Assembleia Constituinte da República. Com a proclamação da República e depois de a família imperial ter sido banida, os aposentos do palácio foram bastante descaracterizados e grande parte do seu mobiliário foi leiloado. Antes, a zona onde se localiza o palácio integrara uma quinta jesuíta nos arredores do Rio de Janeiro. A ordem religiosa foi expulsa em 1759, altura em que a propriedade foi dividida. Para além das peças doadas directamente pela família real portuguesa, as primeiras colecções foram constituídas ainda a partir do património reunido pela Casa dos Pássaros, antiga Casa de História Natural, criada pelo vice-rei Luiz de Vasconcelos e Sousa em 1784, e por diferentes colecções particulares, incluindo a do geólogo alemão Abraham Gottlob Werner (1749-1817). Espécies geológicas, mineralógicas e zoológicas recolhidas por diferentes naturalistas estrangeiros no Brasil também foram ali reunidas. Da colecção do museu fazia também parte o meteorito Bendegó, o maior alguma vez encontrado no Brasil e o 16. º a nível mundial. Por ser constituído de ferro maciço, o objecto sobreviveu a altas temperaturas. Estava no museu desde 1888, tendo sido encontrado no interior do estado da Bahia no final do século XVIII. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Integraram também o acervo inicial do museu uma colecção de objectos mineralógicos doada pelo príncipe da Dinamarca e uma colecção ornitológica oferecida pelo Museu de Berlim. Entre os objectos mais valiosos do museu conta-se o fóssil mais antigo da América Latina, conhecido como Luzia, com quase 12 mil anos. O museu albergava também o Centro de Documentação de Línguas Indígenas (CELIN), especializado na documentação de materiais linguísticos textuais e sonoros das diferentes línguas indígenas e variedades do português do Brasil. Só 3000 objectos estavam em exibição permanente e actualmente apenas dez dos seus 30 espaços estavam abertos. Desde 1946 que o Museu Nacional estava associado à Universidade Federal do Rio de Janeiro. “É uma catástrofe insuportável. São 200 anos da herança deste país. São 200 anos de memória. São 200 anos de ciência”, lamentou, ouvido pela TV Globo, outro vice-director do museu, Luiz Duarte. “São 200 anos de cultura e de educação. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura educação estudo princesa
Papa diz que os católicos não devem procriar "como coelhos”
O líder da Igreja Católica defende a “paternidade responsável” e recusa a ideia de que os católicos devem ter o maior número possível de filhos. (...)

Papa diz que os católicos não devem procriar "como coelhos”
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DATA: 2015-07-22 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20150722182005/http://www.publico.pt/1682749
SUMÁRIO: O líder da Igreja Católica defende a “paternidade responsável” e recusa a ideia de que os católicos devem ter o maior número possível de filhos.
TEXTO: Para o Papa Francisco, os bons católicos “não devem procriar como coelhos”. Numa conferência de imprensa a bordo do avião que o transportou de Manila, nas Filipinas, para Roma, o líder da Igreja Católica recusou a ideia de que os casais católicos devem ter o maior número de filhos possível, mas sublinhou que é contra a contracepção artificial. Estas declarações surgem depois de um jornalista perguntar a Francisco o que diria a uma família católica que tem mais filhos do que economicamente lhe é possível, mas a quem a Igreja proibe de fazer contracepção. Nas Filipinas, o Papa foi confrontado com a realidade de milhares de crianças abandonadas nas ruas por pais que não as conseguem sustentar. “A abertura à vida é uma condição do sacramento do matrimónio, mas isso não significa que os católicos devam fazer crianças em série. Falei com uma mulher, grávida do seu oitavo filho depois de sete cesarianas, e disse-lhe: ‘Você quer deixar órfãs sete crianças’”, contou o Papa, defendendo que o exemplo desta mãe “é de irresponsabilidade”, embora reconheça que, para os mais pobres, um filho é visto como um tesouro. Em resposta, a mulher disse ao Papa Francisco que confiava em Deus. Ao que ele lhe respondeu: “Deus deu-te os meios para seres responsável. Alguns crêem, perdoem-me a expressão, que para serem bons católicos devem ser como coelhos”, rematou. Alguns casais são assim, reconhece Luís Cabral, presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), mas essa é uma “posição incorrecta que não revela uma maternidade responsável. Uma pessoa que teve várias cesarianas corre o sério risco de deixar os filhos sem mãe e isso não é admissível”, diz ao PÚBLICO. “O nosso sentido vem na linha do que a Igreja sempre disse: a paternidade deve ser responsável e as decisões de ter muitos filhos devem pertencer ao casal”, acrescenta Luís Cabral. Esta ideia está patente na Carta dos Direitos da Família, de 1983, onde se diz que o casal “tem o direito inalienável de constituir uma família e de determinar o intervalo entre os nascimentos e o número de filhos que desejam”. Anterior a este documento assinado pelo Papa João Paulo II está a encíclica Humanae Vitae, saída do Concílio Vaticano II, outorgada por Paulo VI, onde se fala da “paternidade responsável” como missão do casal. Francisco, durante a mesma conversa com os jornalistas, apelidou Paulo VI de "profeta", porque se preocupou com o "neomalthusianismo universal" que "procura controlar a humanidade". Francisco referiu, aos jornalistas, que os especialistas recomendam três filhos por casal. "A ideia-chave que a Igreja defende é a paternidade responsável. Como é que esta se faz? Pelo diálogo. Este existe no seio da Igreja, nos grupos matrimoniais, nos especialistas, nos pastores", insistiu o Papa. Maria José Vilaça, presidente da Associação de Psicólogos Católicos, confirma que esse apoio existe em grupos no interior das paróquias mas também é feito por associações e outras organizações. Um apoio que pode começar ainda durante o namoro e que se estende às famílias. Para a psicóloga, o que Francisco diz não é novo mas "é inovadora" a forma como o diz. "O que faz é dizer às pessoas para usarem a razão. É dizer que Deus nos deu a razão não para procriarmos como animais mas para nos reproduzirmos como seres humanos. "Regular a natalidadeDesde 1968, quando a Humanae Vitae foi publicada, que a Igreja não pede aos católicos que procriem como coelhos, antes indica como devem regular a natalidade, começando por lhes lembrar a sua “missão de paternidade responsável”. Esta passa por respeitar as “leis biológicas que fazem parte da vida humana”. No que diz respeito às condições físicas, económicas, psicológicas e sociais, a “paternidade responsável exerce-se tanto com a deliberação ponderada e generosa de fazer crescer uma família numerosa, como com a decisão, tomada por motivos graves e com respeito pela lei moral, de evitar temporariamente, ou mesmo por tempo indeterminado, um novo nascimento”, recomenda a encíclica, que condena os métodos de regulação artificial da natalidade. Francisco, com as suas declarações, também sublinha que é contra a contracepção artificial, o que Duarte Vilar, director executivo da Associação para o Planeamento da Família (APF), lamenta. “É lamentável que uma instituição com a importância da Igreja Católica continue a defender ideias de há 50 anos [desde o Concílio Vaticano II], quando, do ponto de vista humano, apenas uma minoria usa métodos naturais”, diz, acrescentando que em Portugal, um país maioritariamente católico, só 2% das mulheres usam esse tipo de métodos. O país é o segundo do mundo onde mais se usam contraceptivos, a seguir à Noruega.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei humanos filho mulher minoria mulheres
A profissão mais sexy do século XXI
De entre as novas profissões criadas merece destaque aquela que se poderá designar em português por engenheiro, cientista ou analista de dados. (...)

A profissão mais sexy do século XXI
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: De entre as novas profissões criadas merece destaque aquela que se poderá designar em português por engenheiro, cientista ou analista de dados.
TEXTO: A capacidade para automatizar determinadas tarefas, que começou com a primeira revolução industrial e se reforçou com os inúmeros desenvolvimentos tecnológicos posteriores, trouxe consigo uma questão que continua por responder: a automação cria ou não desemprego, ao tornar desnecessárias certas profissões? Aqueles que acreditam que a tecnologia não criará desemprego argumentam com o facto de que novas profissões estão permanentemente a ser criadas pelas alterações tecnológicas, muitas das quais não existiam há apenas poucas dezenas de anos, tais como gestor de redes sociais, engenheiro de aplicações móveis e web designer. De entre as novas profissões criadas pelas tecnologias da quarta revolução industrial merece, porém, destaque aquela que se poderá designar em português por engenheiro, cientista ou analista de dados (traduções sempre desconfortáveis dos originais em inglês: data engineer, data scientist e data analist), descrita pela Harvard Business Review em 2012 como “a mais sexy do século XXI”. Mas o que é um engenheiro de dados e, exactamente, o que faz? É uma pergunta de difícil resposta, porque esta área é, por inerência, multidisciplinar e multifacetada. Genericamente, um engenheiro, ou analista, de dados tem como função principal extrair valor dos dados disponíveis numa empresa, instituição ou serviço. Para tal, deve ter a capacidade de compreender as questões que têm de ser respondidas, processar e estruturar os dados por forma a poderem ser analisados, e, por fim, executar as análises estatísticas e tirar as inferências necessárias para extrair conhecimento dos dados. Um dos casos mais paradigmáticos desta abordagem teve lugar em 2002, numa loja da empresa de distribuição Target, em Minneapolis, EUA. A empresa guardava registos das aquisições dos clientes e foi pedido a um analista, graduado em Estatística e em Economia, que tentasse identificar, com base no historial de compras, se uma cliente estava ou não grávida. A análise dos dados demonstrou que existiam padrões de compras que permitiam efectivamente prever, com grande precisão, se uma cliente estava grávida. Por exemplo, a aquisição de loções hidratantes acentuava-se marcadamente no segundo trimestre de gravidez, assim como a aquisição de suplementos de cálcio, magnésio e zinco. Este caso tornou-se conhecido, porque, com base nesta análise, a loja começou a enviar coupons de produtos para bebés às clientes identificadas como estando grávidas, aumentando as vendas, mas causando também alguns efeitos colaterais. O episódio mais divulgado teve lugar quando um pai irado apareceu na loja, perguntando a razão por que tinham enviado à sua filha adolescente cupões para berços e roupas de bebés. O gerente desculpou-se profusamente e até ligou uns dias mais tarde para reforçar o pedido de desculpas, mas foi atendido por um pai consternado que se desculpou pelo comportamento anterior e lhe disse que a filha estava efectivamente grávida e iria ter um bebé no mês de Agosto seguinte. Este episódio, e outros semelhantes, levaram a que a loja passasse a disfarçar o envio de coupons para mulheres grávidas, juntando-os a outros coupons mais genéricos, mantendo assim o efeito positivo nas vendas, mas reduzindo as complicações. Se ignorarmos as questões éticas subjacentes, este caso particular ilustra a abordagem geral que um engenheiro de dados deve ter para extrair valor da informação existente. Com base no historial e no conhecimento do negócio, os dados são transformados e analisados, por forma a revelar padrões de comportamento que são úteis para a definição de políticas de actuação. Esta abordagem pode ser usada em praticamente todos os domínios da economia e da sociedade e penso ser útil sugerir, a título meramente exemplificativo, algumas áreas de aplicação que são de interesse nacional, nas áreas do território, mobilidade, saúde e recursos naturais. Uma análise estatística das ocorrências de incêndios em Portugal poderá permitir determinar quais os factores que aumentam o risco de incidente e/ou de propagação descontrolada do mesmo. Será o factor mais importante o tipo de árvores plantadas (nomeadamente os eucaliptos), a topografia do terreno, a inexistência de quebra-fogos, a demora na resposta dos bombeiros ou a hora da deflagração? A análise dos dados acumulados que, tanto quanto sei, nunca foi feita, poderá dar importantes informações sobre as políticas a seguir no futuro. A análise dos dados de ocupação e mobilidade de uma grande cidade, como Lisboa, poderá permitir determinar quais as acções a tomar para reduzir a congestão e a poluição, através do controlo dos semáforos, horários dos transportes públicos e restrições ao tráfego. Este é, aliás, um dos objectivos do Portal de Dados Abertos de Lisboa, que disponibiliza aos potenciais interessados um manancial cada vez maior de informação sobre a cidade, que poderá ser transformada, por engenheiros de dados, em políticas de actuação com valor económico e social. A análise integrada da informação disponível em bases de dados da área da saúde poderá ajudar a tornar mais eficaz o sistema, reduzindo os custos e melhorando a qualidade do serviço. Para tal será necessário integrar muitas bases de dados diferentes, e também criar algumas novas, mas o valor acrescentado deste tipo de informação é, potencialmente, enorme, como já foi demonstrado por numerosos países e estados, entre os quais o estado de Nova Iorque, como já aqui referi numa anterior crónica. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A aplicação de técnicas preditivas aos dados históricos da pesca de espécies com valor económico poderá permitir detectar padrões relevantes que permitam optimizar a captura e assegurar a sustentabilidade das reservas piscícolas, um recurso essencial para o futuro do país. Este conjunto, necessariamente limitado, de exemplos permite perceber a razão pela qual um engenheiro (ou analista) de dados é, idealmente, uma pessoa com uma formação muito variada. Para além da uma sólida formação em estatística, em inteligência artificial aplicada à análise de dados (especialmente aprendizagem automática e inferência) e em computação, um analista de dados precisa de conhecimentos do domínio que lhe permitam dirigir a análise. Para os exemplos que dei atrás serão particularmente valiosos analistas de dados com formação de base em Agronomia ou Engenharia Florestal, Engenharia de Transportes, Gestão de Sistemas Hospitalares e Ciências do Mar. Mas, naturalmente, estas áreas são apenas exemplos de aplicação, a lista é quase infindável. Face às necessidades do mercado e tal como já acontece com muitas outras escolas e universidades, o Instituto Superior Técnico identificou a necessidade de passar a oferecer formação específica nesta área. Assim, a partir de 2019, irão ser oferecidas formações em Engenharia e Ciência de Dados, ao nível executivo e de formação profissional avançada, incluídas na iniciativa Técnico+, que integrará toda a formação de curta duração do IST. Existe também o plano para oferecer um curso de mestrado nesta área, mas tal só acontecerá quando o IST conseguir convencer a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) de que uma formação flexível nesta área, acessível a partir de diversas formações básicas e sem pré-requisitos demasiado específicos, é relevante e do interesse do país.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Atividade física, exercício ou desporto?
Em 1975 falava-se em incentivar o "desporto para todos". Hoje promovemos a prática de "atividade física", em todas as suas formas. O que aconteceu entretanto? (...)

Atividade física, exercício ou desporto?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em 1975 falava-se em incentivar o "desporto para todos". Hoje promovemos a prática de "atividade física", em todas as suas formas. O que aconteceu entretanto?
TEXTO: Sobretudo para quem nasceu antes de 1980, a expressão “vou fazer desporto” servia para tudo o que tinha a ver com fazer atividade física. Nos anos 70 do século XX apareceu na Europa e também em Portugal o movimento “desporto para todos”, que procurava generalizar a prática desportiva a todas as pessoas, de todas as idades. Nasci em 1970 e lembro-me de ter na parede do meu quarto de criança autocolantes deste movimento, que o 25 de abril também ajudava a democratizar. Lembro-me, por exemplo, dos que tinham crianças e avós em brincadeiras ativas. E recordo especialmente o cartaz de uma menina com tranças e sorriso na cara, a praticar um salto de cavalo por cima das costas de um menino. Tudo isto era desporto. Entretanto, vieram os anos 80 e com ele o jogging, presença frequente nas séries de TV, normalmente com atores de calção curtinho e meia branca. E logo a seguir a Jane Fonda e com ela o fitness, com a perneira colorida e o elástico para o suor na testa — que John McEnroe (curiosamente um desportista) imortalizaria. E assim começava a divulgar-se para a população a ideia de fazer exercício físico. Na altura, algo como um “desporto” que se fazia para melhorar a saúde ou a aparência. Mas que, na verdade, já não era desporto como tradicionalmente definido. Paralelamente, a prática dos desportos tradicionais crescia muito nos anos 70 e 80, bem como a procura de locais e oportunidades para todos o praticarem, sobretudo crianças e jovens. Foi notável a iniciativa de clubes desportivos e recreativos, que expandiam a oferta de equipas de futebol, basquetebol, voleibol e andebol, mas também da prática de natação, judo, rugby, ténis e das várias ginásticas. Para quem vivia em Lisboa ou na linha de Cascais, instituições como o Ginásio Clube Português ou o Sport Algés e Dafundo foram marcantes em vários destes desportos, mesmo com presenças Olímpicas. Infelizmente, estes dois clubes são ainda hoje exceções de um setor – o movimento associativo representado pelo clube desportivo local – que foi perdendo o fulgor de outrora. Pese embora iniciativas recentes para o apoiar. No espaço público, bem como em “fatia de mercado” e representatividade social, o desporto tradicional perdeu terreno para as novas e várias formas de exercício físico e, em poucos anos, muitos dos clubes desportivos locais parecem ter-se transformado em clubes de fitness. Contudo, é de destacar a semelhança entre o propósito do "desporto para todos" dos anos 70 e a corrente do exercício físico das décadas seguintes: melhorar o bem-estar dos cidadãos através do movimento físico. De facto, tanto o desporto tradicional como o exercício estruturado (ex. atividades de fitness) podem promover a saúde. Tal como a dança, a caminhada, qualquer brincadeira ativa, subir escadas, fazer ginástica de grupo, ou ir para o emprego ou para a escola de bicicleta. Hoje sabemos que todos são importantes para um país que se quer mais ativo. Surgiu assim a necessidade de uma expressão que reflita o facto de todas as formas de movimento humano serem potencialmente benéficas para a saúde, mas também úteis para o desenvolvimento social e económico. A adoção da designação "atividade física" cumpre esse critério e é por isso hoje consensual e universalmente abrangente. É adotada por todos os países e instituições governamentais internacionais, também como uma meta para que se atinjam os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável do planeta em 2030. Aliás, a fotografia deste artigo é reflexo da perceção de que o termo "desporto" não serve para caracterizar o que fazem estas pessoas. A novidade é que "exercício físico" também não!Uma analogia pode ser útil: "atividade física" é como "alimentação". É para todos, pois todos nos mexemos no dia-a-dia, tal como todos nos alimentamos diariamente (uns mais, outros menos; uns melhor, outros pior). Atividade física inclui todas as formas de motricidade humana, tal como alimentação inclui todos os comportamentos alimentares (de beber água da torneira a saborear um prato confecionado). E inclui também tudo o que é necessário para lá chegar: ir ao ginásio, escolher usar mais as escadas no dia-a-dia – ou comprar alimentos e preparar uma refeição para a família. São ambos termos abrangentes, como chapéus de sol grandes que, no seu território, incluem tudo sob a sua sombra. Já "desporto" é assim como a restauração (e juntamos a culinária para ajudar à analogia). Em ambos os casos, precisam de um local próprio para se “praticarem”; ambos têm regras próprias (vinagre na mousse de chocolate não funciona!); e nem sempre fazem bem à saúde, como demonstra a ocorrência de lesões graves em desportistas e as calorias (tantas vezes excessivas) da dita mousse. Embora atividade física e alimentação sejam acessíveis a todos, ambas comportam elementos de exclusividade, como são disso exemplo o atleta de alta competição ou o superchefe com estrela da marca de pneu. É importante não esquecer que tanto o desporto como como a culinária/restauração, sendo atividades e setores bem circunscritos, apresentam características que os tornam insubstituíveis e bens a proteger para a sociedade como um todo: são fonte (e expressão) de educação, cultura e tradição, em ambos os casos com uma história longa e rica. E o exercício, onde fica na analogia? O exercício físico é como uma dieta ou plano alimentar. Um como o outro não são para todos, mas para quem precisa. Têm uma finalidade específica – geralmente proteger ou melhorar algum aspeto da saúde – e ambos contêm princípios técnicos e científicos que fazem com que devam ser prescritos e supervisionados por profissionais diferenciados, para garantir que são seguros e eficazes. Pelo contrário, a atividade física e a alimentação saudável devem ser recomendados por todos e dirigidos a todos. Faria sentido Portugal ter um Programa Nacional para a Promoção da Dieta (qualquer que fosse)? Não. Tal como não faz sentido existir um Programa Nacional para a Promoção do Exercício. E é por isso que não existe. Conclui-se que a atividade física pode ser exercício físico, pode ser desporto, mas pode também ser algo que fazemos de outras formas. Estas especificidades são importantes porque se traduzem em diferentes opções para uso do tempo e dos nossos recursos (pensando no cidadão) mas também diferentes opções políticas e económicas (pensando na população). Embora exista uma relação, dizer que devemos promover o desporto, mesmo que "para todos", é diferente de dizer que devemos incentivar a atividade física. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Assim, fará sentido que o Estado tenha simultaneamente um Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (como tem o Ministério da Saúde, através da Direção-Geral da Saúde) e um Programa Nacional de Desporto para Todos (como tem o Ministério da Educação, através do Instituto Português do Desporto e Juventude), mesmo quando existe uma Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto que claramente diferencia os dois setores de atividade?Faz, porque promover o desporto e valorizá-lo socialmente é um objetivo com elementos comuns mas outros diferentes do de termos uma população mais ativa. Faz, porque envolve mais recursos e mais agentes na promoção da atividade física, desportiva e não-desportiva, abrangendo assim mais contextos de atividade e chegando potencialmente a mais pessoas. Faz, mas apenas se todos os programas, e todos os agentes envolvidos, convergirem naquilo que os une – a promoção da saúde, bem-estar e o desenvolvimento dos cidadãos e do país – à semelhança do que acontece nos melhores exemplos internacionais (ex. , o Reino Unido) e não instrumentalizarem a sua ação para fins demasiado setoriais ou vincadamente políticos. Faz, se existirem plataformas intersetoriais onde as metas para promover a atividade física (de todas as formas) sejam discutidas e os processos para lá chegar sejam articulados sendo assim muito mais eficazes. E faz, se aceitarmos que os desígnios do país – bem como o uso da melhor terminologia – não podem estar isolados dos desígnios internacionais que instituições como a Comissão Europeia, a Organização Mundial da Saúde, ou mesmo o Comité Olímpico Internacional definem atualmente – e no topo estão o desenvolvimento sustentável do planeta e uma vida com saúde para todos. Felizmente, na promoção de (todas as formas de) atividade física, Portugal tem uma equipa cada vez mais unida, joga hoje ao ataque e recentemente marcou um daqueles golos que ficam na memória!
REFERÊNCIAS: