Em Lisboa, o único contrato de associação é do S. João de Brito
O Colégio de S. João de Brito é o único com contrato de associação na cidade de Lisboa. Nenhuma das escolas públicas vizinhas, as secundárias do Lumiar e Dom José, têm ensino de adultos. O S. João de Brito oferece ensino recorrente, desde 1952, diz António Valente, director do colégio. (...)

Em Lisboa, o único contrato de associação é do S. João de Brito
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Colégio de S. João de Brito é o único com contrato de associação na cidade de Lisboa. Nenhuma das escolas públicas vizinhas, as secundárias do Lumiar e Dom José, têm ensino de adultos. O S. João de Brito oferece ensino recorrente, desde 1952, diz António Valente, director do colégio.
TEXTO: Desde a década de 1980 que o Ministério da Educação (ME) começou a assinar contratos de associação com o colégio dos jesuítas, para que estes mantenham o ensino de adultos para "alunos carenciados". António Valente lembra que, apesar de os estudantes do ensino diurno pagarem e de serem de classe média e média alta, os alunos da noite são daquela zona da cidade, onde há vários bairros sociais, além de imigrantes. O colégio começou recentemente a receber estudantes que querem um "ensino diferenciado e de qualidade" diferente da actual "educação de adultos, que se tornou massificadora e pouco potenciadora", explica o responsável. Com 256 alunos à noite, o ME está a pagar apenas 150. Desde o início do ano lectivo que o colégio espera receber do Estado pelos restantes estudantes. Entretanto, "o dia suporta o défice da noite", ou seja, a gestão é feita com os dinheiros recebidos pela frequência dos alunos do ensino diurno. Golfe e cavalosAnteontem, Isabel Alçada disse recusar-se a pagar "privilégios e lucros de algumas instituições que constroem piscinas, que oferecem golfe, que têm equitação". O PÚBLICO fez uma ronda pelas páginas de Internet de algumas das escolas com contrato de associação e verificou que várias têm piscinas, pavilhões, pistas de crosse e há uma com um centro de estágios. No âmbito do desporto escolar existem pelo menos duas escolas públicas que oferecem equitação, a básica de Trancoso e a secundária Alves Martins, em Viseu. E meia dúzia oferecem golfe, na região Oeste.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave educação
Reportagem: "Somos um país tranquilo. Não somos o país de Laurent Gbagbo"
O histórico PAICV pede uma inédita terceira maioria absoluta. O MpD, que governou nos anos 1990, tenta regressar ao poder (...)

Reportagem: "Somos um país tranquilo. Não somos o país de Laurent Gbagbo"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: O histórico PAICV pede uma inédita terceira maioria absoluta. O MpD, que governou nos anos 1990, tenta regressar ao poder
TEXTO: Os ecos da campanha ainda se ouvem em Cabo Verde, que amanhã, pela quinta vez em 20 anos, elege democraticamente o seu Parlamento. O calor da luta eleitoral e mesmo as trocas de acusações mais duras, que passaram por denúncias recíprocas de compra de votos, não parecem beliscar o modo sereno como as eleições estão a ser encaradas. "Somos um país tranquilo. Não há essas coisas de violência. Nós não somos como o país de Laurent Gbagbo", respondeu ontem José António, um motorista cabo-verdiano da Cidade da Praia, quando questionado sobre o dia seguinte às eleições. Gbagbo, Presidente cessante da Costa Marfim, recusa-se a deixar o poder, apesar de ter perdido as eleições de Novembro do ano passado. Camilo da Graça, diplomata e professor universitário cabo-verdiano de Relações Internacionais, confirma que os cidadãos "recusam a comparação com alguns exemplos tristes de países vizinhos nessa matéria de democracia" e têm orgulho na boa imagem externa. A tranquilidade com que as eleições estão a ser encaradas é também o resultado da experiência de duas décadas de democracia com alternância pacífica, factor que contribuiu em muito para construir a imagem de serenidade e progresso do país, independentemente da orientação política do Governo. A boa governação é outro traço associado a este país muito dependente do exterior - quer das remessas de emigrantes quer da ajuda pública ao desenvolvimento, que nos últimos anos perdeu peso em favor do investimento directo estrangeiro, como assinala Vítor Reis, economista português que se doutorou com uma tese sobre estratégias de desenvolvimento em Cabo Verde. "À espera do melhor"Em vésperas de eleições, os cabo-verdianos parecem ter interiorizado a ideia de que a sua vida continuará sem sobressaltos, que não haverá grandes rupturas e que o melhor está para vir. "Ou fica José Maria Neves ou ganha Carlos Veiga, esperamos sempre o melhor", confirma José António. Neves é o actual primeiro-ministro e líder do PAICV, o "PAI", antigo partido único, de esquerda, e procura um inédito terceiro mandato consecutivo, após as vitórias de 2001 e 2006. Tem agora 41 deputados. Veiga será o chefe do Governo se o MpD, partido da família política do PSD português, conseguir regressar ao poder que deteve na década de 1990, após a adopção do multipartidarismo. São os únicos que concorrem em todos os 13 círculos eleitorais. Têm agora 29 deputados. Quando ontem chegaram à Cidade da Praia, vindos da ilha de São Vicente, a segunda com maior peso eleitoral, os dois líderes adoptaram um discurso optimista nas declarações que fizeram ao PÚBLICO. "Espero reforçar a maioria", disse José Maria Neves. "Fui recebido com um extraordinário carinho em todas as ilhas", referiu o presidente do "PAI", que destacou a "boa adesão" à campanha e pediu aos eleitores que "votem sobretudo em Cabo Verde, porque Cabo Verde não pode parar, não pode fazer marcha atrás". Um par de horas antes Carlos Veiga manifestara-se "animadíssimo", com o modo como correram as duas semanas de campanha, e esperançado na boa adesão dos eleitores. "Vamos ganhar. Não tenho dúvidas de que vamos ganhar, afirmou. "Os cabo-verdianos podem estar tranquilos. A alternância de poder é boa e não vai haver problemas nenhuns. Vamos criar condições para que a vida das pessoas melhore. " "Muda" ou "Manti""A resposta que amanhã será pedida aos cabo-verdianos é entre o "Mesti Muda" - slogan em crioulo que defende a necessidade de mudar - lançado pelo MpD; e o "Mesti Manti" - algo como: É preciso continuar - com que respondeu o PAICV, invocando a obra feita.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD
EUA dizem que Portugal compra “brinquedos caros e inúteis” por “orgulho”
Um telegrama divulgado pela WikiLeaks e enviado para Washington pelo então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, arrasa os negócios do Ministério da Defesa português. (...)

EUA dizem que Portugal compra “brinquedos caros e inúteis” por “orgulho”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento -0.5
DATA: 2011-02-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um telegrama divulgado pela WikiLeaks e enviado para Washington pelo então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, arrasa os negócios do Ministério da Defesa português.
TEXTO: “No que diz respeito a contratos de compras militares, as vontades e acções do Ministério da Defesa parecem ser guiadas pela pressão dos seus pares e pelo desejo de ter brinquedos caros. O ministério compra armamento por uma questão de orgulho, não importa se é útil ou não. Os exemplos mais óbvios são os seus dois submarinos (actualmente atrasados) e 39 caças de combate (apenas 12 em condições de voar)”, lê-se num pequeno parágrafo a meio do telegrama de seis páginas citado pelo Expresso. O semanário anunciou esta semana que se juntou aos jornais mundiais que divulgam os documentos da WikiLeaks e vai, assim, analisar os 722 telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa que integram o seu espólio. O telegrama intitulado “O que há de errado no Ministério da Defesa português” foi enviado em 5 de Março de 2009 e a diplomacia norte-americana é a arrasadora para a pasta da Defesa, apesar de incorrer em alguns erros factuais. Thomas Stephenson, que foi embaixador em Lisboa entre Novembro de 2007 e Junho de 2009, escreve também que o país não tem sistemas de mísseis, o que significa que os submarinos não têm capacidade de ataque em caso de missão. “Complexo de inferioridade”Depois, o diplomata diz que Portugal sofre de um complexo de inferioridade e que tem a percepção de que é mais fraco do que os aliados, acabando por gastar em submarinos dinheiro que faz falta noutras áreas. E dá o exemplo de que Portugal tem poucos navios patrulha para a defesa do litoral e para lutar contra o narcotráfico e a imigração e pescas ilegais. “Com 800 quilómetros de costa e dois arquipélagos distantes para defender, os submarinos alemães comprados em 2005 não são o investimento mais sensato”, explica Stephenson que, contudo, mostra algum desconhecimento, já que os submarinos estão equipados com torpedos, minas e um sistema de mísseis Harpoon – curiosamente fabricado nos Estados Unidos. O diplomata explica também que Portugal é pressionado a fazer compras aos parceiros europeus, em vez de optar por material dos Estados Unidos, dando o exemplo das fragatas holandesas adquiridas em 2006, em detrimento das norte-americanas, por decisão do então ministro da Defesa, Luís Amado. “O Ministério da Defesa optou por gastar mais de 300 milhões de euros em fragatas holandesas usadas. As americanas teriam exigido apenas cerca de 100 milhões de euros na sua modernização e apoio logístico”, especifica. Nas mensagens enviadas a Washington, o embaixador passa a imagem de um país de “generais sentados”, dizendo que o Ministério da Defesa não é capaz de tomar decisões e que “os militares têm uma cultura de status quo, em que as posições-chave são ocupadas por carreiristas que evitam entrar em controvérsias”. O embaixador sublinha ainda que o dinheiro na Defesa é gasto de forma imprudente e que Portugal tem mais almirantes e generais por soldado do que quase todas as outras forças armadas. Thomas Stephenson tece comentários específicos sobre antigo ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira, num outro telegrama enviado a 6 de Março de 2009: “Embora seja reconhecido como um académico brilhante, Teixeira é considerado um ministro da Defesa fraco, não muito respeitado pelas chefias militares, ridicularizado pela imprensa e com pouca influência dentro do Governo português. ” O embaixador diz que quando Severiano Teixeira sucedeu a Luís Amado no cargo “não tinha experiência em liderança nem experiência militar”. Por seu lado, o secretário de Estado da Defesa, João Mira Gomes, actual embaixador português na NATO, é descrito como “quase o oposto de Teixeira”. Nenhum dos dois quis fazer comentários ao Expresso.
REFERÊNCIAS:
Entidades NATO
Telegramas norte-americanos também se ocuparam de questões bizarras
Chips em detidos de Guantánamo, debate sobre ursos alemães ou o whiskey do Iémen... Aqui ficam algumas das revelações mais estranhas da WikiLeaks. (...)

Telegramas norte-americanos também se ocuparam de questões bizarras
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.2
DATA: 2010-12-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chips em detidos de Guantánamo, debate sobre ursos alemães ou o whiskey do Iémen... Aqui ficam algumas das revelações mais estranhas da WikiLeaks.
TEXTO: Arábia Saudita e os chipsO Rei Abdullah, da Arábia Saudita, sugeriu ao conselheiro contraterrorismo do Presidente norte-americano, Barack Obama, que implantasse cirurgicamente chips de localização nos detidos que seriam libertados da prisão norte-americana em Guantánamo, conta o diário norte-americano "Christian Science Monitor", com base nos telegramas divulgados pela WikiLeaks. Afinal, argumentou Abdullah com John Brennan, isso é feito frequentemente com cavalos e falcões. A resposta de Brennan: “Os cavalos não têm bons advogados. ”Whiskey contrabandeado no Iémen, só se for de qualidadeO Presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, disse ao general norte-americano David Petraeus estar preocupado com contrabando de armas e drogas vindas do Djibouti, relata o "Christian Sciente Monitor". Mas queria passar uma mensagem para o Presidente do país vizinho: “Diga a Ismail Guelleh que não me importo se ele contrabandear whisky para o Iémen”, afirmou Saleh, ponto apenas uma condição: “Mas só se for bom whiskey. ”Os (maus) modos do príncipe AndréA monarquia britânica também sofre com as divulgações do Cablegate. Num telegrama, um diplomata norte-americano relata um encontro com o príncipe André, num hotel no Quirguistão em 2008, em que o duque falou mal dos jornalistas de investigação, das forças anti-corrupção do Reino Unido, da atitude francesa em relação à corrupção e ainda troçou da ignorância americana em relação à geografia. Tudo em “linguagem obscena no melhor estilo britânico”, comentou o diplomata, citado pelo "New York Times". O telegrama deu manchetes na imprensa e o tablóide britânico "Daily Mirror" não hesitou em chamar “Duke of Yuk” ao duque de York. A morte do urso alemãoUm dos assuntos a receber atenção dos telegramas vindos da Alemanha em 2006 foi a novela à volta de Bruno, o primeiro urso selvagem a entrar na Alemanha em 170 anos, que acabou morto por caçadores na Baviera, diz a revista alemã “Der Spiegel”. As declarações do governador bávaro, Edmund Stoiber, foram restransmitidas a Washington pelo consulado de Munique. Stoiber discorreu sobre as várias categorias de ursos – “o urso normal, o urso maldoso e o urso problemático”. Disse que a Baviera teria “todo o gosto em acolher” o “urso normal”, “um urso que normalmente vive na floresta, não sai de lá e mata provavelmente uma ou duas ovelhas por ano”. No entanto Stoiber declarou que Bruno, que tinha vindo dos Alpes italianos, era “um urso problemático”. E assim, foi abatido. Análise dos diplomatas: o urso foi abatido porque não estava disposto a “adaptar-se à cultura e tradições alemãs”, como exige aos imigrantes repetidamente o ministro do Interior da Baviera. E os alemães, concluíram , apesar da capa ecológica e “verde”, ainda tem dificuldade em aceitar “natureza não domada”. Kadhafi, do flamenco à tenda na ONUOs telegramas norte-americanos revelaram ainda mais excentricidades do líder líbio do que as que já eram agora conhecidas. Num dos episódios, ocorrido em Novembro do ano passado, dá-se conta de um Muammar Kadhafi em fúria por não o terem autorizado a erguer a sua tenda beduína perto da ONU em Nova Iorque - o que viu como uma “humilhação”. Assim, deixou material nuclear guardado por apenas uma pessoa e ameaçou não o enviar para ser destruído, como tinha prometido. O potencial desastre nuclear acabou no entanto por se resolver, e Kadhafi deu autorização a que o urânio seguisse para a Rússia. Um outro detalhe no telegrama sobre as “excentricidades” de Kadhafi mencionava, entre outras, o facto de o líder líbio ser um grande fã de flamenco.
REFERÊNCIAS:
A recessão política da América
Presentemente, há 36% de probabilidades de que os Estados Unidos estejam em recessão no próximo ano. A razão é inteiramente política: a polarização partidária alcançou níveis nunca antes vistos, ameaçando empurrar a economia dos EUA para o fundo de um “abismo fiscal” – os aumentos de impostos e cortes na despesa automáticos que produzirão efeitos no início de 2013, a não ser que Democratas e Republicanos concordem em contrário. Há mais de um século, durante a primeira Era Dourada, a política Americana estava também profundamente polarizada. Em 1896, o futuro Presidente Theodore Roosevelt era um cão de ataque Repu... (etc.)

A recessão política da América
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2012-12-02 | Jornal Público
TEXTO: Presentemente, há 36% de probabilidades de que os Estados Unidos estejam em recessão no próximo ano. A razão é inteiramente política: a polarização partidária alcançou níveis nunca antes vistos, ameaçando empurrar a economia dos EUA para o fundo de um “abismo fiscal” – os aumentos de impostos e cortes na despesa automáticos que produzirão efeitos no início de 2013, a não ser que Democratas e Republicanos concordem em contrário. Há mais de um século, durante a primeira Era Dourada, a política Americana estava também profundamente polarizada. Em 1896, o futuro Presidente Theodore Roosevelt era um cão de ataque Republicano. Denunciou o candidato presidencial Democrata William Jennings Bryan como um mero fantoche do sinistro governador do Illinois, John Peter Altgeld. Bryan, disse Roosevelt, “seria como barro nas mãos do oleiro sob o astuto controlo do ambicioso e sem escrúpulos comunista do Illinois. ” A “livre cunhagem de prata” seria “não mais que um passo na direcção do socialismo geral que constitui a doutrina fundamental da sua crença política. ” Ele e Altgeld “tentaram subverter as … políticas essenciais que têm controlado o governo desde a sua fundação. ”Essa linguagem é tão extrema como a que ouvimos actualmente – e vinda de um homem que estava prestes a tornar-se Vice-Presidente (e mais tarde Presidente, após o assassinato de William McKinley). Ouvimos o Governador do Texas Rick Perry apelar obliquamente ao linchamento do seu colega Republicano, o Presidente da Reserva Federal Ben Bernanke, caso ele fosse ao Estado da Estrela Solitária (NdT: Lone Star State no original). E vimos o Secretário de Estado do Kansas Kris Kobach explorar a possibilidade de suspender o Presidente Barack Obama da votação no Kansas, porque, sugeria Kobach, Obama “não é um cidadão natural dos EUA”. Mas nem Perry nem Kobach deverão algum dia ser presidentes dos EUA, ao passo que Theodore Roosevelt era mais que um correligionário. Estabelecia alegremente acordos com os Democratas – para se colocar na liderança não apenas do Partido Republicano mas também da bipartidária coligação Progressiva, quer tentando submeter as duas forças em simultâneo, quer avançando e recuando entre elas para atingir objectivos legislativos e políticos. Obama segue genericamente a política de segurança de Ronald Reagan (do segundo mandato), a política de despesas de George H. W. Bush, a política fiscal de Bill Clinton, a política regulatória financeira do apartidário Squam Lake Group, a política de imigração de Perry, a política de mudança climática de John McCain, e a política de cuidados de saúde de Mitt Romney (pelo menos enquanto Romney foi governador do Massachusetts). E, no entanto, Obama está perto de não ter quaisquer Republicanos a apoiar as suas próprias políticas. De facto, como Clinton antes dele, Obama não tem sido capaz de conseguir que senadores Republicanos como Susan Collins votem na sua própria política de financiamento de campanhas, que McCain vote na sua própria política de mudança climática, e – mais risivelmente – que Romney apoie o seu próprio plano de cuidados de saúde. Do mesmo modo, não tem sido capaz de fazer com que o candidato Republicano a Vice-Presidente Paul Ryan apoie as suas próprias propostas de controlo de custos no Medicare. Há razões óbvias para isto. Uma grande fatia das bases Republicana, incluindo muitos dos maiores financiadores do partido, acredita que qualquer presidente Democrata é um inimigo ilegítimo da América, fazendo com que tudo o que é proposto por um titular deva estar errado e por isso deva ser contrariado. E os quadros Republicanos acreditam ainda mais nisto relativamente a Obama do que acreditavam relativamente a Clinton. Este ponto de vista influencia claramente os Republicanos que ocupam cargos oficiais, que temem a besta partidária que opera as bases de contactos telefónicos das suas campanhas e detém os cordões da bolsa. Além disso, logo desde a eleição de Clinton em 1992, os que lideravam o Partido Republicano acreditaram que criar impasses de todas as vezes que um Democrata está na Casa Branca, demonstrando assim a incapacidade governamental de agir, é o melhor caminho para o seu sucesso eleitoral. Estes foram os cálculos dos Republicanos em 2011-2012. E a eleição de Novembro não mudou o equilíbrio do poder em qualquer instância do governo Americano: Obama permanece Presidente, os Republicanos continuam com o controlo da Casa dos Representantes, e os Democratas controlam o Senado. Agora, é possível que os legisladores Republicanos se revoltem contra os seus líderes, argumentando que concorreram ao governo para governar, e não para paralisar o governo na esperança de que, assim fazendo, dariam ao partido o poder para reinar como quisesse após a próxima eleição. É possível que líderes Republicanos como os Representantes John Boehner e Eric Cantor e o Senador Mitch McConell concluam que a sua política de obstrução tem sido um falhanço. Podem notar que, embora a economia permaneça profundamente perturbada e deprimida no rescaldo de uma crise financeira que eles próprios encenaram, as políticas de Obama têm sido de longe as mais bem-sucedidas em todos os países desenvolvidos, e concluir que ele tem sido um presidente relativamente bom, e que vale a pena apoiar. Mas não contem com isso. Neste momento, todos os políticos experientes da América estão a dizer aos seus favoritos na imprensa que estão confiantes que o compromisso sobre o “abismo fiscal” será conseguido antes do fim de Dezembro. Mas dizem isto aos seus favoritos porque pensam que um seu pessimismo no presente levará a que os culpem mais tarde pelo impasse. Parece-me que há cerca de 60% de probabilidades de que a verdadeira negociação não comece até que as taxas de imposto subam, a 1 de Janeiro. E parece-me que, se o impasse continuar em 2013, haverá 60% de probabilidades de que os EUA sejam empurrados outra vez para a recessão. Vamos esperar que seja curta e superficial. Traduzido do inglês por António Chagas
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Um novo fôlego
O discurso de Passos Coelho na festa no PSD no Algarve pretendeu dar o mote para a linha de argumentação do Governo e de quem o apoia para as próximas semanas: os sacrifícios ainda não acabaram mas a situação está a melhorar, o Governo está coeso e capaz de um novo fôlego. É um discurso que vai ser repetido até à exaustão, mas que não tem qualquer correspondência com a realidade. Os portugueses que vivem do seu trabalho ou da sua reforma, os desempregados, os que foram obrigados a emigrar, os que usam os serviços públicos, sabem que a situação se degrada dia a dia e que as perspectivas de recuperação não se concr... (etc.)

Um novo fôlego
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-08-20 | Jornal Público
TEXTO: O discurso de Passos Coelho na festa no PSD no Algarve pretendeu dar o mote para a linha de argumentação do Governo e de quem o apoia para as próximas semanas: os sacrifícios ainda não acabaram mas a situação está a melhorar, o Governo está coeso e capaz de um novo fôlego. É um discurso que vai ser repetido até à exaustão, mas que não tem qualquer correspondência com a realidade. Os portugueses que vivem do seu trabalho ou da sua reforma, os desempregados, os que foram obrigados a emigrar, os que usam os serviços públicos, sabem que a situação se degrada dia a dia e que as perspectivas de recuperação não se concretizarão mantendo o mesmo rumo e a mesma política. Basta aliás pensar nos outros anúncios de recuperação que o Governo já fez, nas anteriores festas do Pontal, a cada avaliação da troika ou nas apresentações dos Orçamentos do Estado. Por mais propaganda que se queira fazer, por mais que se martelem os números, o resultado de dois anos de aplicação do pacto de agressão das troikas subscrito pelo PS, PSD e CDS está à vista de todos: uma espiral recessiva que destruiu mais de 400 mil postos de trabalho e condena ao empobrecimento a generalidade do povo português. Os mais recentes dados do desemprego e do PIB mostram isso mesmo. A taxa de desemprego do segundo trimestre de 2012 para o período homólogo de 2013 subiu de 15% para 16, 4%, o que significa pelo menos mais 60 mil pessoas desempregadas inscritas nos Centros de Emprego. Comparando o período homólogo, o PIB caiu mais 2%. O que o Governo já anunciou sobre a preparação do Orçamento do Estado para 2014 – que ao que parece este ano só conheceremos depois das eleições autárquicas - indica que teremos novos cortes na educação, na saúde, na protecção social, novos roubos nas reformas e nas pensões, mais despedimentos. Nem se pode dizer que seja "mais do mesmo": é somar crise à crise, miséria à miséria, regressão social à regressão social. O novo fôlego que Passos Coelho anuncia não passa de uma ameaça de cavar mais o buraco em que querem enterrar o país. Cada dia que o Governo de Passos e Portas governa é mais um dia em que os portugueses vêem a vida a andar para trás. E por isso é imperativa e urgente a demissão deste Governo. É imperativa e urgente uma política patriótica e de esquerda que ponha de novo o país a crescer. Que rompa com o pacto de agressão das troikas e que renegoceie a dívida nos seus prazos, juros e montantes. Que aumente salários e pensões e reponha os direitos roubados – não só porque se vive mal no nosso país com estes salários e estas pensões, mas também como elemento central de dinamização do mercado interno, sem a qual não saíremos da crise. Que ponha Portugal a produzir, na agricultura, nas pescas, na indústria, criando emprego, substituindo importações por exportações, recuperando para o Estado sectores estratégicos da economia. Que altere radicalmente a política fiscal, parando o esbulho aos trabalhadores e aos pequenos empresários e o favorecimento escandaloso dos grupos económicos. Que valorize os serviços públicos, não só porque são direitos do povo, mas também porque nenhum país se desenvolve sem saúde, educação, protecção social, transportes, comunicações. Um Governo que governe Portugal para o povo português – e não para pagar juros à banca ou garantir mercado aos grupos financeiros mundiais. O Governo e as troikas podem contar com um novo fôlego, sim. Mas de indignação, protesto e luta contra a sua política. Margarida Botelho é membro da Comissão Política do Comité Central do PCP
REFERÊNCIAS:
“Faz-me falta muita coisa. Faz-me falta Portugal”
Nuno Ferreira, de 30 anos, é mais um português que está fora do país por não ter alternativa. É informático e vive na República Checa, à espera de juntar o dinheiro necessário para voltar e cumprir o sonho de se dedicar “à produção animal”. Mais exactamente “às vacas”. É um dos protagonistas da reportagem sobre jovens emigrantes.... (etc.)

“Faz-me falta muita coisa. Faz-me falta Portugal”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-20 | Jornal Público
TEXTO: Nuno Ferreira, de 30 anos, é mais um português que está fora do país por não ter alternativa. É informático e vive na República Checa, à espera de juntar o dinheiro necessário para voltar e cumprir o sonho de se dedicar “à produção animal”. Mais exactamente “às vacas”. É um dos protagonistas da reportagem sobre jovens emigrantes.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave animal
Compatriotas nossos
Os andorinhões da colónia cá de casa já estão nos ninhos. Uns já tinham cá ninho e voltaram para ele, defendendo-os dos andorinhões novatos. Os novatos nasceram cá há um ano ou dois e andam à procura dum lugar entre as telhas para fazerem o primeiro ninho. É muita a gritaria, mas, de vez em quando, há pancada. Também há ovos, tanto férteis como inférteis, que são expulsos dos ninhos, ninguém sabe porquê. Os andorinhões é que sabem. Os andorinhões acasalam para toda a vida e ajudam-se uns aos outros nos ninhos. A maioria dos andorinhões que chega na Primavera não vem acasalar e ter filhos. Mas os casais que vêm co... (etc.)

Compatriotas nossos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-31 | Jornal Público
TEXTO: Os andorinhões da colónia cá de casa já estão nos ninhos. Uns já tinham cá ninho e voltaram para ele, defendendo-os dos andorinhões novatos. Os novatos nasceram cá há um ano ou dois e andam à procura dum lugar entre as telhas para fazerem o primeiro ninho. É muita a gritaria, mas, de vez em quando, há pancada. Também há ovos, tanto férteis como inférteis, que são expulsos dos ninhos, ninguém sabe porquê. Os andorinhões é que sabem. Os andorinhões acasalam para toda a vida e ajudam-se uns aos outros nos ninhos. A maioria dos andorinhões que chega na Primavera não vem acasalar e ter filhos. Mas os casais que vêm contam com a ajuda dos outros. Tal como as várias andorinhas, os andorinhões que cá voltam nasceram todos cá. São portugueses. É verdade que depois emigram para a África do Sul. Mas, por isso mesmo, são emigrantes portugueses. Têm direito às protecções da nacionalidade. Dizer que são espécies migratórias é esconder a realidade. É verdade que vêm cá passar o Verão, mas passam também a Primavera: muitas estão cá metade do ano. Os emigrantes portugueses – os que podem – passam cá um mês por ano, mas não são menos portugueses por isso. Os andorinhões nasceram cá e passaram cá os primeiros meses de vida. Foi aqui que aprenderam a voar. Foi aqui que aprenderam a comer. Por alguma razão nunca mais se esquecem. Por alguma razão voltam cá, ano após ano, durante dez, quinze, até vinte anos. São uma sorte que temos: é lindo.
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Palavras-chave ajuda
Ericeira prepara-se para ser a grande maternidade dos ouriços em Portugal
O país, afirmam os peritos, tem boas condições para apostar no ouriço-do-mar, em meio natural ou aquacultura – e responder assim ao interesse crescente dos consumidores mundiais. (...)

Ericeira prepara-se para ser a grande maternidade dos ouriços em Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.8
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O país, afirmam os peritos, tem boas condições para apostar no ouriço-do-mar, em meio natural ou aquacultura – e responder assim ao interesse crescente dos consumidores mundiais.
TEXTO: Em alguns locais do mundo “os mananciais do ouriço-do-mar foram já explorados até à exaustão” e os países que são grandes consumidores desta iguaria, como o Japão ou a França, começam a procurar alternativas. É com base nesta constatação que surge o projecto Ouriceira, uma iniciativa conjunta da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche do Instituto Politécnico de Leiria, da Universidade de Évora e da Faculdade de Ciências de Lisboa, apresentada por José Lino, professor desta faculdade, durante o recente Festival do Ouriço, na Ericeira. A zona, afirmam os especialistas que participaram nas jornadas técnicas do festival, tem um bom potencial para o aumento da produção, tanto na apanha como na aquacultura. A par do interesse dos mercados externos, verifica-se também já um aumento da procura no mercado interno – que o Festival do Ouriço quis reforçar, convidando chefs portugueses e espanhóis a encontrar novas formas de apresentar o ouriço nos seus pratos. Mas, explicou José Lino, para dar resposta a este interesse é fundamental fazer-se primeiro um estudo que deverá incidir em três pontos: cultivo, mananciais selvagens e repovoamento. O que se come do ouriço-do-mar são as gónadas (o sistema reprodutor muitas vezes, incorrectamente, chamado ovas) e o seu valor é maior no período pré-reprodutor, entre Janeiro e Abril, quando se encontram mais desenvolvidas. Isto significa, naturalmente, que a apanha está a comprometer os futuros stocks, impedindo a reprodução natural dos ouriços. Por isso, salientou José Lino, é fundamental “evitar a sobre-exploração generalizada”. No entanto, em Portugal “existe pouca informação”. Daí que seja “imperativo” estudar as populações de ouriço em Portugal, caracterizar a apanha e desenvolver técnicas de cultivo em cativeiro e de repovoamento em zonas que já são muito exploradas. Serão estes os objectivos do projecto Ouriceira, que está actualmente na fase de procurar financiamento, e que, segundo o biólogo, deverá começar em Janeiro de 2016 e tem uma duração prevista de 36 meses. Actualmente, segundo dados apresentados na mesma ocasião por Edgar Afonso, da Direcção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, a venda em lota de ouriço é (números de 2014) de apenas 9100 quilos, mas o número de licenças dadas para a apanha tem vindo a aumentar: em 2003 foram emitidas 46 licenças a nível nacional e em 2014 o número subiu para 211. Quando à aquacultura, “tem havido manifestações de interesse mas poucas concretizações”, disse, referindo a existência de apenas um estabelecimento licenciado, na região de Aveiro, cuja actividade é de crescimento e engorda dos ouriços. Não existe ainda nenhuma unidade licenciada para a “reprodução de juvenis”. Na opinião de Ana Pombo, do Politécnico de Leiria, e também envolvida no projecto Ouriceira, “o ouriço é um bom candidato” à aquacultura que “em Portugal precisa de se diversificada”. A água tem a temperatura adequada (entre os 18 e os 22 graus) e o que é necessário para o desenvolvimento de boas gónadas é que os animais recebam poucas horas de luz. “Na escola de Peniche já conseguimos fazer a reprodução”, afirmou. Quando os ouriços atingem entre 5 e 10 milímetros passam a um sistema de engorda, sendo que “nas fases larvares são alimentados com micro-algas e nas seguintes passam a alimentar-se com macro-algas”. Ana Pombo explicou que no que diz respeito à alimentação “já existem rações desenvolvidas por noruegueses e norte-americanos, mas não dão a cor laranja que os consumidores apreciam nas gónadas”. Esse é, no entanto, um problema que pode ser ultrapassado com a adição de carotenóides naturais “como se faz com o salmão”. A bióloga, coordenadora do Mestrado em Aquacultura do Politécnico de Leiria, defende que as empresas que já se dedicam à aquacultura para a produção de peixes podem “aproveitar zonas das suas explorações que não são usadas para fazer a produção de ouriços”, através da reprodução ou apenas do melhoramento das gónadas. Identificou também os principais problemas: “as dietas são muito caras, a janela de maturação das gónadas é curta pelo que é necessário manipular o fotoperíodo, há uma mortalidade elevada das larvas o que significa que é necessária mais investigação e há pouca disponibilidade de juvenis para a engorda. ”Se, com maior conhecimento e investigação neste domínio, Portugal conseguir ultrapassar estes problemas, tem, segundo os especialistas, boas condições para se juntar ao grupo de países produtores que existe hoje no mundo, como o Chile, o Canadá, os Estados Unidos, a Noruega, a Rússia ou o Japão.
REFERÊNCIAS:
Não falam português, mas a nova casa é Pedrógão
Procuram a calma, a natureza, o clima ou, simplesmente, o sentimento de comunidade. Apesar de o território ainda não estar completamente recuperado do incêndio de 2017, há quem venha de fora e queira estabelecer-se na região. (...)

Não falam português, mas a nova casa é Pedrógão
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 5 | Sentimento 0.136
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Procuram a calma, a natureza, o clima ou, simplesmente, o sentimento de comunidade. Apesar de o território ainda não estar completamente recuperado do incêndio de 2017, há quem venha de fora e queira estabelecer-se na região.
TEXTO: Jelle e Sietske vivem por estes dias no Parque de Campismo de Pedrógão Grande, enquanto esperam que o terreno que compraram não muito longe dali esteja pronto a instalar uma habitação provisória. O casal de holandeses mudou-se para Portugal acompanhado pelos três filhos, depois de na Primavera de 2017 ter por ali passado em férias. Com eles veio também Hugo, o buldogue francês com um olho e dez anos, que exerce com pouca convicção e demasiada amabilidade as funções de guarda à carrinha vermelha que os aloja. Tal como esta família holandesa, há quem tenha decidido comprar casa e instalar-se nas zonas afectadas pelos incêndios do ano passado, sem que o ambiente negativo causado pelas notícias da tragédia os tivesse convencido do contrário. Embora também haja portugueses nesse universo, há um número significativo de estrangeiros a fazê-lo, explicam os agentes imobiliários da região contactados pelo P2. Sentados à mesa de madeira instalada no exterior da carrinha, com a albufeira da Barragem do Cabril em pano de fundo, Jelle Schrooten começa por oferecer pastéis de nata para introduzir a conversa sobre o projecto que tem para o futuro no terreno que o casal comprou na aldeia da Graça, concelho de Pedrógão Grande. A ideia é fazer das ruínas (que já o eram antes do incêndio) uma casa e montar um pequeno complexo de quatro tendas para turistas. Parte das encostas da margem do rio Zêzere lembra ainda a passagem do fogo, embora o tom inicial de antracite tenha dado lugar a manchas de castanho-esbatido. Mas a área que sobreviveu ao incêndio que deflagrou a 17 de Junho mostra também uma das razões que os levaram a mudar-se dos arredores de Roterdão para o centro de Portugal, destaca Sietske van den Oord: verde, montanhas e água. Acrescente-se o clima. Ela, agora com 40 anos, tinha um restaurante, e ele, 41, era músico. Tinham também um estabelecimento de ocupação de tempos livres para crianças. Decidiram vender tudo no ano passado e viajar pela Europa, começando pela Bélgica, passando depois por França, Espanha, Portugal e Itália. “Se encontrássemos algo e se nos sentíssemos bem num sítio”, mudar de país era desde logo uma opção, diz Jelle. A história de Anita e Andrew Crompton é diferente. Ainda não se mudaram definitivamente para Portugal e ainda não abriram mão de uma casa em Brackley, localidade britânica a meio caminho entre Londres e Birmingham. O processo de decisão também foi mais prolongado. “Tínhamos pensado comprar uma casa no estrangeiro há algum tempo e tomámos a decisão de comprar um imóvel na região centro em 2016”, conta Anita ao P2 por email. Desde aí, o casal britânico na casa dos 50 anos tinha andado a procurar o lugar ideal. Encontraram-no numa moradia de quatro quartos com “um jardim adorável” em Pedrógão Grande, que “precisa de alguma modernização, mas é habitável”. A descrição é feita por Anita, uma agente imobiliária aposentada, que explica que, como o casal ainda tem negócios em Inglaterra, dividirão o tempo entre os dois países durante os próximos anos. A irmã e o cunhado já viviam em Alvares, no concelho de Góis, não muito longe de Pedrógão, quando o casal britânico visitou a região há quatro anos. A notícia do incêndio devastador chegou à família holandesa pelas notícias. “Ficámos em choque”, recorda Jelle, até porque tinham deixado a região há poucos dias, prosseguindo a viagem em direcção ao Norte de Espanha. Na hora de fazer opções, o incêndio teve peso na escolha de um lugar? “É um ponto a ter em atenção”, diz Jelle. Contudo, acaba por relativizar. Cada localização tem a sua circunstância: das proximidades a falhas tectónicas à cidade italiana de Nápoles, nas imediações do vulcão Vesúvio. A própria Holanda está abaixo do nível do mar. “Vivemos numa banheira. Se o dique rompe, metade do país já era. Estamos habituados a essa ideia e provavelmente as pessoas aqui também estão habituadas a incêndios. ”Anita Crompton diz que os incêndios não influenciaram a decisão. “De forma nenhuma. Já nos tínhamos comprometido a encontrar uma casa aqui. ” Depois de Junho, a eventualidade da repetição do fenómeno não ficou a pairar. Na verdade, nem sequer se colocou, assegura. O processo de compra começou em Novembro de 2017 e terminou já no início deste ano. Tem a convicção de que “não se pode tomar decisões sobre a vida a pensar em todas as coisas terríveis que podem acontecer”. Mas a diferença entre o antes e depois não passa ao lado de quem voltou à região. “Ainda há partes verdes, mas a paisagem mudou”, nota Sietske. No percurso pela estrada desde a fronteira com Espanha, no regresso a Portugal, descreve Jelle, começaram a ver os esqueletos das árvores calcinadas. “Estendia-se por horas e horas. Então começámos a aperceber-nos do quão grande foi o incêndio. ”Discutem e questionam o papel do eucalipto na combustão, a preocupação de que a floresta volte ao mesmo, as políticas de prevenção e as possibilidades de mudança. Com três filhos pequenos e um negócio direccionado para turismo, “é preciso ter um plano”, caso alguma coisa aconteça. Mas não deixaram que isso fosse um factor impeditivo. Paul Brownlie fala com o P2 ao telefone a partir de Kelso, uma pequena cidade escocesa na fronteira com Inglaterra. Esteve em Portugal pela primeira vez há dez anos, em trabalho, e já na altura viu “o potencial óbvio da zona”. Mas só em Outubro o escocês de 34 anos tomou a decisão de se mudar com a família – mulher e dois filhos, de seis e dois anos – para a aldeia de Aveleira, no concelho de Vila de Rei. A “abordagem relaxada dos portugueses à vida”, o clima e o vinho foram factores que os levaram a escolher o país. Mas houve mais: “Penso que as zonas rurais de Portugal têm um forte sentimento de comunidade que se perdeu no Reino Unido. Desde as festas, as conversas no supermercado até à gentileza e bondade que encontrámos. ”Acabaram por comprar uma casa que fora destruída pelas chamas. Da moradia de rés-do-chão e 1. º andar só sobraram as paredes. “Não tem telhado, janelas, nem portas”, descreve, “mas algumas árvores da propriedade, como oliveiras e laranjeiras, sobreviveram”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os incêndios de Pedrógão não chegaram àquela zona do distrito de Castelo Branco, mas, em Agosto, um fogo que não causou vítimas mortais acabou por destruir algumas casas. Apesar de Paul Brownlie ter a intenção de se mudar para Portugal com a família, ainda não tem um calendário definido. “Pode demorar entre três e cinco anos”, afirma. Tudo depende do tempo que leve a reconstruir a casa, trabalho que ainda nem começou. Jelle e Sietske já estão a viver em Pedrógão e por cá vão ficar com os três rapazes, de cinco meses, de três e de seis anos, até que o novo lar esteja pronto. É também nessa perspectiva de se integrarem na comunidade que escolheram o país. “Grande parte da decisão de vir para Portugal foram os portugueses. São extremamente amigáveis e hospitaleiros em relação às crianças e aos animais, muito diferente dos países em que estivemos”, avalia Jelle. E preferiram instalar-se numa zona do país cuja tendência é a de perder população jovem. A propósito, o filho mais velho entra este ano para a escola primária e o casal quer que ele comece a aprender português. Os compradores estrangeiros significam uma boa parte dos negócios de casas e terrenos no Pinhal Interior, mas este mercado também sofreu o impacto dos incêndios de 2017. Carlos Rosa, agente imobiliário da Esfera Real, diz ao P2 que se sentiu uma quebra significativa nas vendas de propriedades em relação ao ano anterior. A Esfera Real vendeu 21 imóveis nos concelhos de Pedrogão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos entre 17 de Junho de 2017 e o final do mês de Maio deste ano. Isto significa “uma redução nas vendas de cerca de 60%”, quando comparado com o volume de vendas do anterior, explica. Das 21 propriedades vendidas, “apenas três ou quatro” foram para primeira habitação. Sete casas foram adquiridas por portugueses e apenas um dos compradores nacionais o fez para primeira habitação. O que significa que os restantes 14 são estrangeiros, principalmente de Inglaterra e da Holanda, revela Carlos Rosa, mas há também cidadãos alemães e escandinavos. Não foi só na queda das vendas que o impacto dos incêndios se fez sentir. Também houve quem tivesse desistido da ideia na sequência da tragédia que fez 66 vítimas mortais, 250 feridos e destruiu casas, empresas, terrenos e área florestal. “Tivemos três escrituras canceladas imediatamente após o fogo simplesmente porque as casas arderam”, refere. Nesses casos, o negócio ficou sem efeito e os valores do sinal foram devolvidos. Carlos Rosa não nota que tenha havido mais gente a colocar a casa ou terrenos à venda e diz que o número de imóveis que a agência tem em carteira manteve-se idêntico ao do ano anterior. Pode ter havido um ligeiro aumento, refere, mas não muito expressivo. Houve, no entanto, quem baixasse o preço, “Arderam alguns terrenos, jardins, não ficou tão atractivo, como é evidente”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola filho mulher comunidade