PAN defende criação da Carta e do Tribunal dos Direitos dos Animais
O cabeça de lista ao Parlamento Europeu do PAN, Orlando Figueiredo, defendeu esta segunda-feira no Funchal a criação da Carta e do Tribunal dos Direitos dos Animais e do Ambiente na União Europeia. “Nós temos uma proposta de criação do Estatuto Jurídico do Animal a nível europeu assim como uma proposta de criação de uma Carta dos Direitos dos Animais e do Ambiente e a constituição do Tribunal Europeu dos Direitos do Animais e do Ambiente", declarou o candidato Orlando Figueiredo, no Funchal. "A nossa ideia é fazermos disto uma iniciativa pioneira da União Europeia", acrescentou. Orlando Figueiredo defendeu ainda ... (etc.)

PAN defende criação da Carta e do Tribunal dos Direitos dos Animais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-12 | Jornal Público
TEXTO: O cabeça de lista ao Parlamento Europeu do PAN, Orlando Figueiredo, defendeu esta segunda-feira no Funchal a criação da Carta e do Tribunal dos Direitos dos Animais e do Ambiente na União Europeia. “Nós temos uma proposta de criação do Estatuto Jurídico do Animal a nível europeu assim como uma proposta de criação de uma Carta dos Direitos dos Animais e do Ambiente e a constituição do Tribunal Europeu dos Direitos do Animais e do Ambiente", declarou o candidato Orlando Figueiredo, no Funchal. "A nossa ideia é fazermos disto uma iniciativa pioneira da União Europeia", acrescentou. Orlando Figueiredo defendeu ainda a criação do Rendimento Básico Incondicional a atribuir a todos os cidadãos europeus, uma "matéria que poderia ser debatida a nível académico, designadamente na Universidade da Madeira". Orlando Figueiredo salientou, contudo, que a defesa destas matérias não desvaloriza a discussão das questões económicas que afectam alguns estados-membros da União Europeia. Antes do encontro com o reitor e vice-reitor da Universidade da Madeira, o candidato do PAN tinha previsto ser recebido pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafofo, mas o encontro foi cancelado.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
Felinos, macacos e até tubarões: Interpol apreende milhares de animais
A acção foi coordenada em Junho pela Interpol e pela Organização Mundial das Alfândegas em 109 países. (...)

Felinos, macacos e até tubarões: Interpol apreende milhares de animais
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 2 Animais Pontuação: 14 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: A acção foi coordenada em Junho pela Interpol e pela Organização Mundial das Alfândegas em 109 países.
TEXTO: Milhares de animais, incluindo felinos, macacos, tartarugas, répteis, aves e até tubarões, foram apreendidos durante uma operação mundial contra o tráfico de animais selvagens que resultou na detenção de quase 600 suspeitos, anunciou esta quarta-feira, 10 de Julho, a Interpol. Durante esta operação, coordenada em Junho pela Interpol e pela Organização Mundial das Alfândegas em 109 países, a polícia deteve 582 suspeitos e apreendeu 440 presas de elefante, mais de meia tonelada de objectos de marfim, 2550 metros cúbicos de madeira e 2600 plantas. No total, foram apreendidos nas mãos dos traficantes 23 primatas, 30 felinos, mais de 4300 aves, quase 10. 000 animais marinhos, incluindo corais, cavalos-marinhos, golfinhos e tubarões, perto de 10. 000 tartarugas e cerca de 1500 outros répteis. As fotografias, divulgadas online pela Interpol, mostram peles de crocodilo apreendidas no Reino Unido, dezenas de papagaios amontoados numa pequena gaiola na Índia e peixes-zebra que morreram durante o seu transporte ilegal no Brasil. Também foi apreendida, na Nigéria, meia tonelada de escamas de pangolim, às quais a medicina tradicional chinesa atribui muitas propriedades. A operação desmantelou vários canais de comércio ilegal online, permitindo, em particular, a detenção de 21 pessoas em Espanha e a apreensão de 1850 aves na Itália. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Estas detenções e apreensões foram desencadeadas por uma equipa internacional de investigadores e agentes aduaneiros reunidos nas instalações da Interpol em Singapura. Segundo a Interpol, outras detenções e processos podem ocorrer nas próximas semanas e meses. Esta é a terceira operação desta magnitude realizada pela Interpol, depois de 2018 e 2017, com apreensões de vários milhões de dólares.
REFERÊNCIAS:
Porque é que não comemos cães?
“Comum a todas as ideologias violentas é o fenómeno do saber sem saber”. Quem o diz é a activista vegan norte-americana Melanie Joy, para quem comer carne é uma dessas ideologias violentas – ela chama-lhe "carnismo". (...)

Porque é que não comemos cães?
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 6 Homossexuais Pontuação: 6 Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Comum a todas as ideologias violentas é o fenómeno do saber sem saber”. Quem o diz é a activista vegan norte-americana Melanie Joy, para quem comer carne é uma dessas ideologias violentas – ela chama-lhe "carnismo".
TEXTO: Comer carne não é apenas uma opção — é uma ideologia. Melanie Joy, professora de Psicologia e Sociologia na Universidade de Massachusetts e autora do livro Porque Gostamos de Cães, Comemos Porcos e Vestimos Vacas (Bertrand Editora), defende que, para encararmos de frente a questão, temos de a poder nomear: ela chama-lhe “carnismo”, palavra que, diz, “já está na Wikipédia e em diferentes dicionários”. O argumento é simples: se não lhe dermos um nome, não a veremos como ideologia, é apenas o “normal”. E para Melanie, que é também fundadora da associação Beyond Carnism e co-fundadora da ProVeg International, não há nada de normal na relação que hoje mantemos com os animais. “Quando um comportamento — neste caso, comer animais — se torna uma escolha e não já uma necessidade, assume uma dimensão ética que não tinha antes. ”É pela psicologia que tenta provar aquilo que vê como uma profunda contradição, a dualidade com que nos relacionamos com o mundo animal, criando uma enorme empatia com algumas espécies e massacrando milhares de milhões de outras para as comer. “A maior parte das pessoas pensa que é cruel massacrar um golden retriever perfeitamente saudável só porque gostamos do sabor das pernas dele”, explica numa conversa com o P2 durante a sua recente visita a Portugal para fazer uma palestra no festival VeggieWorld. É precisamente com o exemplo do cão (noutro país, não ocidental, poderia ser uma espécie diferente) que começa o seu livro. Descreve um jantar de amigos, ambiente acolhedor, uma “travessa fumegante de um apetitoso guisado”. Todos estão deliciados com a carne e alguém pede a receita, ao que o anfitrião responde: “Começamos com 2, 5 quilos de carne de golden retriever. ” A frase é o suficiente para congelar o gesto de levar o garfo à boca. “Se formos como a maior parte dos norte-americanos, ao sabermos que estávamos a comer um cão, as nossas sensações vão passar automaticamente de prazer a um certo grau de repulsa”, escreve a autora. Porque é que não temos o mesmo tipo de empatia com outros animais?O cenário de produção de carne a nível industrial que Melanie Joy descreve no livro — no qual refuta também argumentos como o de que os animais não sofrem, não sentem dor ou medo — é impressionante. Destinados exclusivamente a serem transformados em alimento, os animais criados para este fim têm vidas muito curtas, durante as quais sofrem continuamente. Um artigo do The Washington Post de 2011, assinado por Joby Warrick e citado no livro, incluiu a entrevista a um trabalhador de um matadouro que explicava que, embora o gado devesse chegar já morto à sala de corte, frequentemente isso não acontecia. “Eles pestanejam. Fazem barulhos, mexem a cabeça, arregalam os olhos e olham em volta”, descrevia o funcionário, que continuava a cortá-los. “Eles morrem pedaço a pedaço. ”Esqueçamos as vacas por um momento e vejamos o que se passa em algumas produções onde se amontoam milhões de galinhas: “Como as galinhas têm sido geneticamente modificadas para porem dez vezes mais ovos do que as suas antepassadas, os seus frágeis ossos partem-se com frequência, visto o cálcio do esqueleto ser desproporcionalmente desviado para a formação das cascas dos ovos. Uma outra consequência desta selecção artificial para a produção de quantidades antinaturais de ovos é o prolapso uterino. Quando um ovo fica agarrado à parede uterina, pode trazer o útero com ele ao sair. A não ser que seja recolocado no corpo da galinha, o útero será alvo das bicadas das outras galinhas, levando-a a sangrar até à morte ou a perecer devido às infecções; em ambos os casos, a galinha costuma morrer ao fim de dois dias. ”Um exemplo de algo que pode horrorizar um leitor ocidental é a descrição dos restaurantes sul-coreanos onde se come carne de cão, retirada de uma reportagem de 2002 do jornal britânico The Telegraph: “A morte dos cães é tão desumana como a sua criação. Quase todos são espancados até à morte, pois acredita-se que tal estimula a produção de adrenalina, vista pelos homens coreanos como estimulante para a sua virilidade. Uma vez mortos ou quase mortos, os cães são atirados para água a ferver, esfolados e pendurados pela mandíbula num gancho de carne. Muitos cozinheiros usam então um maçarico para lustrar a carcaça. ”E, para quem não estiver já profundamente perturbado, Melanie acrescenta ainda descrições sobre a vida dos trabalhadores da indústria da carne (muitos deles imigrantes ilegais), que classifica como “o emprego fabril mais perigoso nos EUA, sendo também o mais violento”. Para além do desgaste emocional provocado pelo facto de se trabalhar num ambiente em que animais estão permanentemente a ser massacrados, existem muitos riscos físicos, das quedas aos cortes e amputações. “Em 2005, pela primeira vez, a Human Rights Watch publicou um relatório em que criticava um sector específico dos EUA — o sector da carne — por nele vigorarem condições de trabalho tão chocantes que violavam os direitos humanos básicos. ”Por fim, a questão da higiene (e mais uma vez as referências no livro são sobretudo relativas aos EUA, embora a autora diga que, com algumas diferenças na legislação e nas regras, a situação na Europa é também grave). Se a carne pudesse ter avisos na embalagem semelhantes aos do tabaco, segundo Melanie seriam algo como isto: “O animal convertido neste produto pode ter sido alimentado com gatos e cães mortos para o efeito; com penas, cascos, pêlos, pele, sangue e intestinos processados; com animais mortos por atropelamento, com estrume, com granulados de plástico extraídos dos estômagos de vacas mortas; com carcaças de animais da sua própria espécie. ”“Sabemos que a produção de carne é um negócio sujo”, escreve. “Mas preferimos não saber quão sujo é. (. . . ) Comum a todas as ideologias violentas é o fenómeno do saber sem saber. ” Esta realidade é, de vez em quando, denunciada numa reportagem ou num filme, mas a maior parte das pessoas, ainda que suspeitando que ela existe, prefere ignorá-la, afirma Melanie. Ela própria começou por ser “a rapariga da pizza apaixonada por carne”. Pedia sempre pizza com todo o tipo de carnes e ainda extra queijo. Só mais tarde começou a aperceber-se de uma contradição. “Eu era ao mesmo tempo uma consumidora de carne e uma pessoa que se preocupava com os animais”, explica ao P2. “Não fazia a ligação entre as duas coisas e quando finalmente a fiz fiquei tão chocada que quis contar a toda a gente o que tinha aprendido sobre a produção industrial de carne. ” Foi então que se lhe deparou “uma terrível resistência em relação ao que [lhe] parecia ser uma informação verdadeiramente importante”. As pessoas pareciam não querer ver, nem ouvir. Esta descoberta levou-a a estudar mais profundamente a psicologia da violência e da não-violência. “Queria saber porque é que pessoas boas voltam as costas a problemas sérios, permitindo que eles continuem a existir e a proliferar. ”Se pensarmos nesta questão em termos mais alargados, podemos questionarmo-nos sobre até que ponto esta vontade de não ver nos pode levar a assumir certos posicionamentos políticos — e Melanie não tem problemas em usar neste livro a palavra “holocausto” para se referir ao que está a acontecer a milhões de animais todos os dias. “Entrevistei talhantes, cortadores de carne, comedores de carne, pessoas que criavam e matavam os seus próprios animais para alimentação. Todas tinham os mesmos comportamentos contraditórios, preocupavam-se com eles, mas massacravam-nos e comiam-nos. ” Percebeu, então, que “algo maior devia estar a acontecer”: “A única explicação para este paradoxo generalizado tinha de ser um sistema de crença espalhado, ou seja, uma ideologia. ”Mas, questionamos, comer carne não foi algo que fizemos desde sempre? Se é uma ideologia, como é que começou e quem a propagou? “As ideologias não têm de nos ser vendidas. Podem simplesmente desenvolver-se ao longo do tempo, baseadas na forma como nos relacionamos com o poder. Se pensarmos no sistema patriarcal ou no sexismo como uma ideologia, não houve alguém a vender a ideia de superioridade masculina”, argumenta. “É um conjunto de ideias que começou há muito tempo e foi crescendo, porque um grupo de pessoas, neste caso os homens, tinha poder e agarrou-se a esse poder. ”O que aconteceu depois, segundo Melanie, foi que todo o sistema passou a assentar num mecanismo quase invisível, uma “indústria de milhares de milhões de dólares” que tem todo o interesse em manter o mundo a consumir enormes quantidades de carne. E o grande trunfo deste sistema é a sua invisibilidade. A máquina trituradora de animais é mantida longe dos olhares de quem os vai comer. No entanto, mesmo quando a morte acontece à nossa frente, não nos mostramos tão chocados como seria expectável — basta pensarmos na matança do porco, tradicional em países como Portugal, ou na forma como os animais mortos, inteiros, são apresentados nos talhos. “Para algumas pessoas, a questão é não ver fisicamente, com os olhos”, argumenta. “Para outras, é não ver com o coração. A visibilidade é física, mas também emocional. E as pessoas têm uma capacidade extraordinária para se tornarem insensíveis. No passado, viam a matança de humanos, o tempo todo, à frente delas. Eram insensíveis a isso. Usamos mecanismos de defesa psicológicos. ”As pessoas que lidam directamente com o negócio da carne, que trabalham nos matadouros, por exemplo, são das que mais usam esses mecanismos de defesa. “Os carniceiros que entrevistei têm como trabalho transformar os animais mortos em pedaços de carne, mas quando recebiam os animais, eles nunca tinham cabeças. Eles estavam completamente habituados àquele trabalho, não os incomodava nada, excepto quando, ocasionalmente, um animal chegava ainda com a cabeça. Isso era muito perturbador, porque viam os olhos dele e estabeleciam uma relação emocional que tornava mais difícil manter a distância. ”Quando perguntamos a alguém porque é que, sabendo as condições em que os animais vivem e morrem e conhecendo o impacto que a produção industrial de carne tem no ambiente, continua a comê-la, muitas das respostas assentam em duas ideias principais: porque é “natural” e porque é “cultural”. E estes argumentos parecem ser mais fortes do que os primeiros. Porquê?“É aquilo que aprendemos. É uma ideia, um mito que herdámos, geração após geração. Lemos sobre isso, vemos na televisão, a nossa família diz-nos isso, a religião diz-nos isso, ouvimos a mensagem, uma e outra vez, repetidamente. Por isso, nem questionamos até que ponto é racional. ”Todavia, há na natureza animais que são herbívoros e outros que são carnívoros, contrapomos. O aparelho digestivo humano tem capacidade para digerir carne e derivados, portanto será “natural” fazê-lo. “Sim, os nossos aparelhos digestivos permitem isso, mas também sabemos que dietas com excesso desses ingredientes podem fazer-nos adoecer. ” Dá outros exemplos de adaptação do organismo humano: “Os nossos corpos não foram feitos para viver em climas nórdicos, onde temos de acender aquecedores, ou em climas muito quentes, onde temos de ligar o ar condicionado. Há muitas coisas que fazemos hoje que não fazíamos na natureza, e isso não as torna boas nem más. Não somos os mesmos seres que éramos, quando tínhamos de caçar a nossa comida. ”Melanie defende, por outro lado, que o argumento da tradição — por exemplo, comer peru no Natal ou no Dia de Acção de Graças — é facilmente contornável. “A tradição tem que ver sobretudo com a família estar junta, celebrando, ouvindo as histórias uns dos outros. O que comem não é assim tão importante. ”Quanto à identidade nacional e gastronómica, que em muitos países está profundamente ligada à carne, acredita que “a cultura é dinâmica, não é estática”. “Tal como um casamento, a cultura não fica igual o tempo todo, cresce, desenvolve-se. É, no fundo, uma relação entre milhões de pessoas. Se pensarmos nisso à escala mais pequena, como a do casamento, percebemos que a relação muda, as coisas que eram normais no passado deixam de ser normais. Há tantas coisas que deixámos de fazer — nos EUA enforcavam pessoas, na Roma antiga celebravam os assassinatos públicos. Evoluímos. ”Outro argumento que contesta é o utilizado por quem critica a indústria alimentar para apresentar uma versão romantizada da morte de animais selvagens (a caça) ou que vivem em condições aceitáveis (aqueles que a indústria, e não só, apelida de “felizes”). Para Melanie, isso é uma falácia. “De certa forma, é ainda pior matar um animal feliz, que quer continuar a viver e que estabeleceu laços com outros. Não é racional. Mais uma vez, se nesse raciocínio substituirmos a vaca, o porco ou a galinha por outro animal, vemos que não é racional. Não é respeitável matar um ser vivo só porque queremos comer as pernas dele, mesmo não precisando disso para sobreviver. ”A activista vê, contudo, sinais de mudança. E alguns deles vindos até da indústria. O marido de Melanie, que, tal como ela, está ligado à ProVegg International, deu uma conferência para produtores de carne na Europa e detectou alguns desses sinais. “Disseram-lhe que o objectivo deles não é necessariamente vender proteína animal, querem vender produtos de proteína, seja vegan ou animal. Muitas dessas empresas começaram já a vender produtos vegan. ” Na Alemanha, onde vive, “o mais antigo produtor de salsichas do país começou a fazer salsichas vegetarianas”, depois de ter concluído que “as salsichas são o cigarro do futuro”. Há já muitas pessoas a reduzir o consumo de carne, ou a abandoná-lo definitivamente, mesmo que o façam com motivações diferentes, algumas pela preocupação com o bem-estar dos animais, outras pelo ambiente e outras ainda pela saúde. “Mas”, sublinha, “no fundo são tudo questões éticas. ” “A forma como tratamos os nossos corpos também é uma questão ética. Não temos de fazer uma escolha entre o nosso corpo e os animais ou entre o nosso corpo e o ambiente. ”Sabe que “o mundo não vai tornar-se vegan de um dia para o outro”, até porque estamos a falar de “uma profundíssima transformação social na forma como nos relacionamos com os animais e com a nossa comida”. Mas o movimento está aí, mesmo que “ainda não tenhamos todas as respostas”. Uma das respostas que não temos é para esta pergunta: se não precisarmos de criar certas espécies de animais para a nossa alimentação, será que elas vão continuar a existir? Melanie confessa que não sabe. Questionamo-la também sobre os desequilíbrios que existem no planeta relativamente a esta questão. Se no mundo ocidental é possível haver um número crescente de pessoas a afastar-se da carne, em países como a Índia e a China, com todo o impacto que têm pela força dos números, o consumo de carne está a aumentar à medida que as condições de vida o permitem. Tal como aconteceu na Europa no passado (e ainda acontece em grande medida hoje), a carne é vista como um sinal de riqueza e de estatuto. Sim, reconhece, mas “mesmo a China está a tentar reduzir o seu consumo de carne”. O problema, segundo Melanie, é que a grande indústria alimentar “está a exportar os seus problemas para as nações em desenvolvimento, ou seja, o carnismo está a exportar os seus problemas”. O que lhe dá esperança é que tanto na China como na Índia já existem “grupos activistas que estão a tentar despertar as consciências para que os seus países não sofram os mesmos problemas de diabetes, doenças cardíacas e de ambiente que os nossos enfrentam há tanto tempo”. Estão também a surgir alternativas para substituir o consumo de carne, tal como existe hoje. Uma delas é a carne feita em laboratório, a partir de células retiradas aos animais. Por enquanto, este processo ainda está no início e o primeiro hambúrguer feito a partir de células de bovinos custava uma fortuna. Mas, com o desenvolvimento da técnica, os seus promotores acreditam que um pedaço desta carne, que não implica a morte de um animal, poderá atingir um preço bastante razoável. Melanie, que se apresenta como uma “grande foodie”, considera-a “interessante como alternativa”, mas por enquanto está mais entusiasmada com os produtos semelhantes à carne mas feitos à base de vegetais. “A comida é a minha paixão e descobri que a dieta vegan me permitiu apreciar o que como a um nível completamente diferente. ”A mudança pode não ser tão rápida como ela desejaria; para isso talvez seja preciso uma nova geração. “É geralmente assim que a mudança progressiva acontece. Com cada geração as coisas tornam-se mais fáceis e mais normais. Vemos isso com o feminismo, o anti-racismo, os temas LGBT. ” No entanto, mesmo pessoas mais velhas mudam de hábitos e de ideias — ela acredita que quando envelhecemos nos tornamos mais aquilo que já éramos e que se sempre fomos abertos à mudança, seremos ainda mais. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Até lá, porém, continuaremos a ver muitas reacções. “Uma forma de defender o carnismo é criar uma série de mitos sobre os vegans, estereótipos negativos, para desacreditar a mensagem, apresentando-os como militantes que querem limitar a liberdade de escolha de cada um. ”Apesar disso, as coisas estão a melhorar entre os vegan e não-vegan e uma certa tensão que existia no passado tende a esbater-se — até porque há cada vez mais quem se aproxime desse tipo de alimentação sem ter de abandonar completamente a outra. “Muitas vezes pensamos que ou somos vegan e parte da solução ou não somos vegan e fazemos parte do problema. É importante ver o carnismo e o vegetarianismo num espectro e o lugar que ocupamos nesse espectro é menos importante do que a direcção em que estamos a caminhar. Eu encorajo as pessoas a serem tão vegan quanto possível, de uma forma que encaixe com elas. ”Tudo isto leva-a a ter uma convicção: a alimentação no futuro será diferente do que é hoje. “Para mim isso é muito claro, quando olho a trajectória do veganismo. O carnismo está a seguir outros ismos, como o sexismo. Acredito que um dia o veganismo vai substituir o carnismo como ideologia dominante. E nessa altura nem será uma ideologia, será simplesmente a forma como as pessoas comem. ”
REFERÊNCIAS:
Casais chineses apressam-se a ter filhos antes do Ano da Ovelha
Diz a superstição que estes são bichos que seguem e não lideram. (...)

Casais chineses apressam-se a ter filhos antes do Ano da Ovelha
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 9 Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2014-05-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Diz a superstição que estes são bichos que seguem e não lideram.
TEXTO: Algumas pessoas nascem com sorte. Mas os chineses preferem não deixar que o acaso dite a sorte dos seus filhos. Muitos casais estão a tentar desesperadamente engravidar antes do fim de Maio, numa corrida contra o tempo para que os seus bebés nasçam no auspicioso Ano do Cavalo. Não querem ter um bebé em 2015, o temido Ano da Ovelha. As ovelhas são bichos mansos cujo destino é o matadouro. Diz a superstição que, quando crescerem, os bebés nascidos no Ano da Ovelha vão tornar-se seguidores e não líderes. Muitos chineses acreditam que estas crianças serão infelizes no casamento e não terão sucesso nos negócios. Um ditado popular diz que só 10% das pessoas nascidas no Ano da Ovelha encontram a felicidade. Os profissionais de Saúde confirmam que a procura de consultas de fertilidade aumentou nos últimos meses. E alguns médicos mostraram-se preocupados por se poder vir a assistir a um correspondente aumento de abortos no final do ano, quando os casais fizerem as contas e perceberem que os filhos não vão nascer no Ano do Cavalo. Segundo o calendário lunar chinês, o Ano da Ovelha (também chamado da Cabra ou do Carneiro) começa a 19 de Fevereiro de 2015, por isso a janela para a concepção termina no fim do mês. Muitos casais estão a ir ao médico perguntar se podem adiantar o parto fazendo uma cesariana, diz Li Jianjun, obstetra no hospital Família Unida de Pequim. A febre dos bebés está tão propagada que a agência noticiosa estatal emitiu um despacho tentando desmistificar a má sorte dos nascidos no Ano da Ovelha — são mitos “infundados”, lia-se no texto. “Damos o nosso melhor para que os casais não acreditem na superstição da ovelha”, diz uma funcionária do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças. A mulher, que pediu anonimato porque não foi autorizada a dar entrevistas, diz que o assunto se tornou tão recorrente que é mencionado nas aulas frequentadas pelos futuros pais. Os profissionais médicos não têm uma tarefa fácil nesta luta contra a superstição. A funcionária diz que mesmo os seus colegas no Centro de Controlo de Doenças são obcecados com a suposta boa sorte que o Ano do Cavalo dá. Não se sabe ao certo como o Ano da Ovelha ganhou tão má reputação. Cada um dos 12 animais do zodíaco chinês tem virtudes e defeitos. Os favoritos são o dragão, que é seguido pelo tigre e pelo cavalo — um animal energético e associado ao sucesso, segundo os provérbios chineses. Até os ratos (considerados espertos e ágeis) e as cobras (que parecem dragões em miniatura) estão associados à boa sorte. Mas as ovelhas têm poucas qualidades, segundo algumas interpretações. Os nascidos nos anos da ovelha são considerados passivos, leais, generosos e bondosos. Algumas destas características são virtudes num mundo perfeito, mas não são qualidades neste mundo real e cão. “É uma superstição infeliz e anacrónica”, diz Dong Mengzhi, de 74 anos, presidente honorário da Sociedade de Literatura Popular e Arte de Pequim. “Mas para muitos é uma forma conveniente de explicarem as imprevisibilidades do mundo”. Justa ou injustamente, uma das primeiras coisas que os pais de Zhang Xiaolei fizeram quando ela ficou noiva, em 2012, foi sentarem-se com o calendário à frente a planear o nascimento do primeiro neto. “Decidimos por unanimidade apressar as coisas para evitarmos o Ano da Ovelha”, diz esta mulher de 27 anos, que é funcionária pública na província de Shangdong. O seu marido deixou imediatamente de beber e começou a fazer exercício para aumentar a sua fertilidade. Zhang começou uma dieta e a dormir mais horas. Mas passados um ano e meio, Zhang continua sem engravidar. “Não sei o que se passou”, diz Zhang. “Talvez tenha sido a pressão”. Zhang e o marido — ambos nascidos num Ano do Dragão, o mais auspicioso de todos — consolam-se com a ideia de que o seu filho não será uma das tais dez ovelhas que não vão encontrar a felicidade, caso não consigam engravidar ainda este ano. Alguns demógrafos reconhecem a importância cultural dos signos, mas outros não concordam com a tese que diz que afecta a taxa de natalidade a nível nacional. Algumas províncias e hospitais mostram aumentos de natalidade em anos de signos relacionados com a boa sorte e um decréscimo nos anos da ovelha. Mas não se nota uma influência decisiva na demografia nacional, diz Duan Chengrong, um especialista em população, que em 2003 publicou um dos raros estudos sobre este fenómeno na China. “Não quer dizer que não seja um factor. Mas é um factor cujos resultados se diluem, e são secundarizados, nos números globais“, diz numa entrevista telefónica.
REFERÊNCIAS:
Pode um documentário sobre vacas mudar os nossos hábitos?
Chamam-lhe a conspiração da indústria da carne. Já exibido em Portugal, o documentário reabriu a discussão sobre a alimentação sustentável — e até já mudou hábitos. (...)

Pode um documentário sobre vacas mudar os nossos hábitos?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Chamam-lhe a conspiração da indústria da carne. Já exibido em Portugal, o documentário reabriu a discussão sobre a alimentação sustentável — e até já mudou hábitos.
TEXTO: Não tem (muitas) imagens que impressionem, ao contrário do que acontece com outros documentários que alertam para a realidade da criação de animais para consumo. São os números, apresentados em hora e meia, que mais chocam quem assiste a Cowspiracy — A Sustainability Secret. Entre tentativas falhadas de chegar à fala com associações de defesa do ambiente, entrevistados que evitam questões incómodas e especialistas que sublinham o impacto altamente nocivo da exploração pecuária intensiva para a saúde da Terra, Kip Andersen e Keegan Kuhn criaram um documentário “que incentiva as pessoas a agir, sem ser impositivo”. A análise é de Rita Silva, presidente da Animal há já 11 anos. “Tenho recebido dezenas de e-mails de pessoas, que me conhecem ou não, que depois de verem o filme ficaram mesmo mudadas, tiveram um clique”, diz. No início de Janeiro, Cowspiracy foi exibido num cinema de Lisboa, com sessão dupla. A iniciativa partiu de Rita e do apresentador de televisão João Manzarra. A primeira é amiga de um dos realizadores do filme e desde que ouviu falar dele que o queria passar em Portugal. O segundo reconheceu o impacto que ver o documentário teve na sua vida: perante milhares de seguidores nas redes sociais, Manzarra assumiu uma nova dieta baseada em produtos de origem vegetal e vendeu a participação numa petisqueira da qual era sócio, por uma questão de consciência. Sheila Teodoro foi uma das espectadoras no cinema do Saldanha Residence. Já tinha ouvido falar do filme, mas não sabia propriamente o que esperar. Como veterinária, a jovem tinha noção de algumas das consequências ambientais da agro-pecuária mas não estava preparada para os números: “Depois de ver os factos foi fácil mudar. ” Sheila, que não come carne há perto de 20 anos, abandonou de vez os derivados de origem animal e o peixe. Sente-se bem com esta mudança alimentar — “hoje em dia é tão mais fácil ser-se vegano do que era há 20 anos” —, consequência assumida dos factos revelados por Kip e Keegan. “Para mim, faz todo o sentido, sobretudo depois de saber a percentagem de emissão de gases, o gasto de água na produção de lacticínios e o impacto nos oceanos”, enumera. A mesma reacção teve Raquel Graça, designer freelancer de 30 anos: “Tu olhas para aqueles dados e pensas: tenho que fazer alguma coisa para contrariar isto. ” Assim Raquel pensou, assim o fez: a carne deixou de fazer parte da dieta, bem como o leite de vaca. Reduziu o consumo de queijos e ovos e passou a comprar aqueles cuja origem conhece, com a preocupação de optar por produtos locais — agir localmente para alcançar um impacto global. “Não sou defensora de radicalismos, apenas de agir de forma sustentável. É isso que tenho tentado fazer”, explica. Má distribuição dos alimentos produzidos“Não seria necessário todos deixarmos de comer carne. Seria, isso sim, que todos deixássemos de comer tanta carne”, defende a jovem que vive no Porto. Opinião similar tem o presidente da Quercus, Nuno Sequeira, que acrescenta outros dados à discussão. A média anual de consumo de carne está, actualmente, nos 40 quilogramas por pessoa; na década de 60 do século XX, ficava-se pelos 25. “Mais do que discutir se devemos optar por um regime exclusivamente vegetariano ou não, o documentário reitera que todos temos que fazer um esforço para alterar a nossa dieta alimentar. ”O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) faz saber que é “fácil concordar” com a redução de ingestão de proteínas de origem animal, mas que esta implicaria “enormes desafios”. “Será, sem dúvida, uma revolução global inevitável para a civilização humana, tal como a conhecemos, poder sobreviver. ” Até porque, de acordo com o filme, uma dieta vegetariana reflecte-se numa diminuição de 50% da pegada de carbono de cada um na Terra. Há estimativas da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO) que confirmam esta ideia: é produzida uma quantidade suficiente de alimentos, a nível mundial, para alimentar de forma satisfatória toda a população terrestre. São é mal distribuídos — há 1. 500 milhões de pessoas com excesso de alimentos. Podem 51% das emissões globais de gases com efeitos de estufa ter origem na pecuária e em todos os seus produtos derivados, um valor muito superior àquele que é da responsabilidade de todos os transportes combinados (13%)? Segundo dados da associação World Watch, sim. Mas para a FAO, a percentagem desce para os 18%. A discrepância pode explicar-se, sugere o presidente da Quercus, pelo facto de nas contas da FAO estar apenas considerada a produção e não o transporte, por exemplo. Portugal com elevada pegada hídricaA dupla de realizadores norte-americanos centrou-se, sobretudo, na realidade do seu país. Mas, e em Portugal? “A nossa realidade é comparável numa outra dimensão”, alega Rita Silva, concepção que o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, partilha. “A forma de alimentação dominante nos EUA é uma aberração em termos de carga calórica e de quantidade, levando aos graves problemas de obesidade que todos conhecem. Um exemplo: num restaurante americano serve-se uma costeleta com 700 gramas, o que é impensável em Portugal”, afirmou ao Expresso. Portugal é dos países europeus com maior pegada hídrica, aponta Nuno Sequeira: 80% da água consumida é para efeitos de agricultura. A nível mundial, de acordo com o documentário, um terço da água doce da Terra é gasta na indústria da carne e dos lacticínios; o valor médio da União Europeia é ainda mais elevado, chegando aos 46%. Na introdução do filme, Kip conta como Uma Verdade Inconveniente (2006), do antigo vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, teve um impacto impressionante na sua vida. Os dados que o Prémio Nobel da Paz de 2007 revelou fizeram com que Kip se tornasse “obcecado pelo ambiente”: passou a reciclar absolutamente tudo, a usar a bicicleta como principal transporte, a tomar duches mais curtos e a fechar a torneira na hora de lavar os dentes. Achava que estava a fazer tudo o que podia para “mudar o mundo” — afinal, parece que não. Estes gestos ajudam, claro, considera Raquel. Mas, tal como o realizador de Cowspiracy, também a jovem se apercebeu que um banho mais curto “representava uma coisa mínima”. “Isso foi mesmo o choque maior”, confessa, porque “não tinha noção dos números”: 2500 litros de água são suficientes para dois meses de banhos de chuveiro, mas apenas chegam para a produção de um hambúrguer. Ao não mencionar o impacto da pecuária nas alterações climáticas, Al Gore deixou Kip “desiludido”, que juntamente com Keegan trabalhou durante meses para perceber como o assunto está a ser tratado. Associações de defesa do ambiente de nível global recusaram-se a prestar esclarecimentos ou sequer a recebê-los. A Greenpeace — provavelmente a mais conhecida e mediática — foi uma das que declinou. Raquel sentiu-se “muito enganada”. “Tu achas que são elas que têm um papel importante em tentar mudar algumas coisas e estão é a encobrir dados, a varrer para debaixo do tapete. ”Kip e Keegan, que a meio das filmagens viram uma das fontes de financiamento retirar o apoio, recorreram a uma campanha de crowdfunding em 2014. Inicialmente pediram 54. 000 dólares (mais de 47. 600 euros), terminaram com mais de 117. 000 (cerca de 103. 500 euros). O DVD do documentário pode ser adquirido por perto de 18 euros e a visualização online não chega aos nove euros. Parte dos objectivos dos dois amigos — revelar a conspiração que acreditam existir na indústria agro-pecuária e pôr as pessoas a pensar sobre o assunto — parece ter sido alcançada.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU EUA
Os burros mirandeses estão em vias de extinção e tu podes apadrinhar um
Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) promove campanhas de apadrinhamento de burros de Miranda desde 2005. Com 30 euros por ano podes apadrinhar um deles (...)

Os burros mirandeses estão em vias de extinção e tu podes apadrinhar um
MINORIA(S): Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) promove campanhas de apadrinhamento de burros de Miranda desde 2005. Com 30 euros por ano podes apadrinhar um deles
TEXTO: A Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) está, mais uma vez, à procura de padrinhos e madrinhas para os burros de raça mirandesa que tem ao seu cuidado. O valor mínimo para apadrinhar um dos doze animais, “considerados património genético, ecológico e cultural único de Portugal” e que estão em vias de extinção, é de 30 euros por ano. Além de um certificado e de uma fotografia do "afilhado", depois do apadrinhamento é possível visitar o burro escolhido no Centro de Valorização do Burro de Miranda (CVBM), em Atenor, Miranda do Douro, sempre que quiseres, explica Joana Braga, da organização. Já se a contribuição for da parte de uma instituição ou empresa, o valor mínimo é de 250 euros. Este Natal a AEPGA voltou a disponibilizar pacotes oferta, "uma alternativa de presente" com valores entre os 35 e os 40 euros, que, além do certificado de apadrinhamento, incluem também um saco de pano e um íman de cortiça, ou um mealheiro, por exemplo. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os interessados podem visitar o CVBM para conhecer os diferentes animais ou aprender mais sobre as suas características — que incluem o “cognome”, a “habilidade especial” e a “peripécia do ano” — na página da associação. A inscrição é feita através de um formulário online e o pagamento deve ser efectuado por cheque ou transferência bancária. A AEPGA foi fundada em 2001 e é uma associação sem fins lucrativos para proteger e promover o burro de Miranda. A associação desenvolve estas campanhas de apadrinhamento desde 2005 com o objectivo de reunir fundos para assegurar o bem-estar dos animais ao seu cuidado. Quem contribui está a ajudar a assegurar serviços veterinários e logísticos, a apoiar todo o trabalho de campo e a patrocinar a dinamização de actividades de sensibilização e investigação da raça. Desde o primeiro ano, já se inscreveram 1200 pessoas nas campanhas de apadrinhamento que "têm tido um crescimento exponencial", garante Joana Braga.
REFERÊNCIAS:
Professores e IVA das touradas geram desacordo na "geringonça"
Bancadas apresentaram muito perto de mil propostas de alteração ao Orçamento de Estado para 2019. (...)

Professores e IVA das touradas geram desacordo na "geringonça"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Bancadas apresentaram muito perto de mil propostas de alteração ao Orçamento de Estado para 2019.
TEXTO: Entre centenas de propostas de alteração ao Orçamento do Estado (OE) para 2019 entregues há pelo menos duas que deixam adivinhar um desentendimento à esquerda: a contagem do tempo de carreira congelado à função pública (incluindo professores) e o IVA aplicado às touradas. No caso da função pública, o PCP admite como prazo máximo sete anos para que os funcionários sejam totalmente ressarcidos, nos respectivos salários, com a contagem integral do tempo de serviço das carreiras. Mas o pagamento tem de iniciar-se já em Janeiro de 2019. O BE prevê que essa recuperação se faça em cinco anos, a contar já a partir de 2019, a um ritmo a definir pelas negociações. Contudo, se as negociações falharem, essa recuperação terá de ser paga a 20% ao ano, a partir de 2019. Os trabalhadores que estejam perto da reforma podem optar pela conversão do tempo de serviço não contabilizado em antecipação da idade da reforma em termos a definir por negociação. Estas propostas entram em choque com a posição do Governo que estabeleceu a contagem de dois anos, nove meses e 18 dias em decreto-lei, mas este ainda nem sequer foi publicado em Diário da República. À direita, PSD e o CDS têm propostas idênticas sobre as carreiras da função pública e que remetem para as negociações entre Governo e sindicatos. Os dois partidos têm pedido ao Governo a divulgação de dados relativos ao impacto financeiro da contagem do tempo de serviço, mas só o CDS inscreveu essa exigência nas propostas de alteração. Com a polémica acesa entre a bancada parlamentar do PS e o próprio primeiro-ministro, o IVA a aplicar as touradas também divide a "geringonça". O PCP coloca-se ao lado do CDS e PSD ao defender o IVA reduzido a 6% para todos os espectáculos, independentemente do local onde se realizem, incluindo as touradas. O próprio PS apresentou uma proposta contra o Governo ao avançar com a redução para 6% do IVA, quando a ministra da Cultura Graça Fonseca tinha defendido a taxa em 13% para a tourada por considerar que “as civilizações evoluíram”. Já o BE discorda frontalmente e avança mesmo com a subida para a taxa máxima de 23% do IVA para os espectáculos tauromáquicos, com o argumento de que não são “forma de arte” e por isso o Estado pode dispensar-se do seu financiamento. E o PAN veio entretanto admitir repensar o seu sentido de voto favorável ao OE, se o IVA das touradas descer. O PSD propõe que, em sede de IRS, seja diferenciada a tributação das mais-valias imobiliárias em função do tempo de duração da titularidade do imóvel. Se os particulares venderem o imóvel em menos de um ano, a tributação incidirá sobre a totalidade das mais-valias e se venderem entre um e dois anos sobre 75% das mesmas. Se a venda ocorrer entre dois e 15 anos, incidirá apenas sobre 50%. Esta percentagem desce para 25% se o negócio ocorrer entre 15 e 30 anos. A partir dos 30 anos, haverá isenção sobre as mais-valias obtidas. Mantêm-se as isenções em caso de reinvestimento noutra habitação permanente e abre-se a excepção para as heranças. A proposta do BE pretende criar um novo regime de tributação das mais-valias imobiliárias que tem em conta não só o valor da compra e venda do imóvel, mas também o montante aplicado em obras de reabilitação e o tempo durante o qual se conserva a propriedade do imóvel. Os bloquistas criam um adicional para empresas e fundos imobiliários (estes últimos até aqui isentos). O PS limita-se a querer um regime especial para os maiores de 65 anos, que podem vender a sua casa e reinvestir esse dinheiro noutros produtos que não habitação, mas com algumas condições de prazos. O PSD propõe o aumento do valor que fica isento de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis), passando de 90 para 130 mil euros. No IMI, o PSD propõe a descida para 0, 25% do limite mínimo a cobrar pelas autarquias. O PS não faz qualquer proposta nesta área, porque tenciona tratar disso no grupo de trabalho sobre a habitação logo a seguir à aprovação final do Orçamento – ou seja, durante o mês de Dezembro. Por proposta do PS, os filhos de pais separados com guarda partilhada passarão a ter acessos para o registo de despesas no IRS específicos para cada progenitor. Para incentivar a poupança, o PS propõe que o regime fiscal para o resgate de planos de poupança reforma seja uniformizado, quer os planos sejam recebidos de uma só vez ou faseadamente. O PAN – Pessoas-Animais-Natureza propõe o alargamento da isenção do IVA de dez mil para 15 mil euros para os trabalhadores sem contabilidade organizada para efeitos do IRS (recibos verdes) ou IRC (empresas em nome individual). O PS propõe que os donativos em dinheiro ou género aos comités olímpico e paralímpico ou a entidades desportivas com estatuto de utilidade pública fiquem isentos de IVA em 10% do seu valor (agora é de 5%). O CDS insiste na revogação do adicional do Imposto sobre Combustíveis (ISP), o que permitiria regressar a valores de 2016. A mesma causa é agora adoptada pelo PSD em sede de OE. Depois de o Governo ter prometido a redução do adicional sobre a gasolina, o PCP admitiu estar a negociar com o Governo em torno destas matérias, mas prefere esperar pela publicação da portaria. O PCP e o BE propuseram a redução do IVA para 6% na electricidade da potência contratada até 6, 9kw. É uma questão que nenhuma das duas bancadas dá como fechada e que ainda pode ter desenvolvimentos até ao final do processo orçamental. O OE prevê que a propina máxima no ensino superior passe a ter o valor de dois Indexantes dos Apoios Sociais (IAS), fixando-se nos 856 euros, uma queda de mais de 200 euros relativamente ao valor actual. A medida foi negociada pelo BE, mas à direita não é pacífica. O PSD e o CDS estão contra, mas divergem na solução: os sociais-democratas preferem aplicar o montante relativo à redução de propinas na construção de residências universitárias, enquanto os centristas querem canalizar a mesma verba para as bolsas, permitindo o aumento do número de alunos carenciados com apoio. Os socialistas estão dispostos a corrigir o valor para a elegibilidade dos alunos do ensino superior para continuarem a ter direito a bolsas apesar da redução das propinas, propõem o aumento das bolsas para as regiões do interior e de baixa densidade (de 1500 para 1700). O PEV conseguiu compromisso da criação de mais de 100 salas na educação pré-escolar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A criação de uma taxa municipal para a protecção civil está condenada. Depois de PSD, CDS e BE terem anunciado que votaram contra, o PCP veio juntar-se, o que implica o chumbo da medida que serviria para financiar a protecção civil. Como contraproposta, os comunistas vão apresentar uma medida para que as receitas provenientes dos prémios de seguro possam assegurar o financiamento das câmaras municipais para que cumpram as competências que lhes estão atribuídas na protecção civil. O PS quer que os municípios possam contrair empréstimos para aquisição da participação que privados tenham em empresas semipúblicas municipais desde que seja para passarem a deter uma participação qualificada.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD PCP BE PEV
Poupança entre bruxas e touros
A actual taxa da poupança atingiu mínimos históricos, estando actualmente em 4,4% do rendimento disponível. (...)

Poupança entre bruxas e touros
MINORIA(S): Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-03-14 | Jornal Público
SUMÁRIO: A actual taxa da poupança atingiu mínimos históricos, estando actualmente em 4,4% do rendimento disponível.
TEXTO: Em todos os dias há sempre um dia mundial, internacional ou nacional de qualquer coisa. A procura já excede a oferta dos 365 dias. A proliferação destes dias celebratórios tem até o mesmo efeito da inflação em relação à moeda: de tanto excesso, desvaloriza-se o valor e a forma superioriza-se ao conteúdo. Vem isto a propósito do Dia Mundial da Poupança – não sei se em vias de extinção, não o dia, mas a poupança – que ocorre em 31 de Outubro. O curioso é que, de há anos a esta parte, este dia coincide com o Dia das Bruxas, mais conhecido pelo termo inglês Halloween, importado da tradição americana e britânica e, por sua vez, herdado dos druidas celtas. O Halloween vai ganhando mais notoriedade e expressão, sobretudo nas camadas jovens da população. A sociedade de consumo agradece mais esta oportunidade a juntar à série infindável de dias disto ou daquilo que sempre movimentam bens, serviços e dinheiro. As cucurbitáceas abóboras sentir-se-ão socialmente promovidas, olhando, com algum desdém, para as flores (inchadas no preçário) que se depositam, no Dia dos Finados, junto dos que já partiram. CITAÇÃO: “Não criarás prosperidade se desestimulares a poupança” (Abraham Lincoln, 1809-65)METÁFORA: Fez um discurso muito poupado. Estava sempre a dizer idem aspasPARANOMÁSIA: Aquela pança precisa de poupança na papançaCATACRESE: Pé-de-meiaOXÍMORO: Amendoins valiososEm suma, convergem no dia 31 de Outubro o tímido elogio da poupança e o avassalador corrupio do consumo. A primeira que anda pelas ruas da amargura, o segundo que se estabeleceu urbi et orbi, mesmo que, para tal, se apele ao endividamento que mais não é que poupança negativa. Como na senha do Halloween, o dilema da actualidade é, alegoricamente, “doce ou travessura”. . . O assunto da poupança – que nesta coluna já tratei – é um dos mais decisivos para o nosso futuro e para uma saudável equidade intergeracional, mas que, tal qual a demografia, é negligenciado pelas autoridades políticas e secundarizado pelos media. Cactos e suculentasPor falar em poupança, escolho hoje para esta secção botânica plantas que fazem da reserva alimentar o seu modo de vida. Refiro-me às cactáceas e às suculentas. Todo o cacto é uma planta suculenta, mas nem toda a suculenta é um cacto. A sua principal distinção à vista desarmada consiste nos pequenos círculos salientes de onde nascem rebentos, espinhos, pêlos e flores que os cactos possuem e as outras suculentas não têm. Ambas têm uma notável capacidade de sobrevivência e de reprodução em ambiente de carência acentuada de água e humidade e de temperaturas diurnas bastante elevadas. Para tal, armazenam água sobretudo nas raízes e caule. Além disso, possuem uma textura espessa e algo cerosa, pelo que perdem pouca água e mantêm-se hidratadas por mais tempo. Muitos cactos exibem, ainda que com curta duração, expressivas e cromáticas flores. Os espinhos também os protegem da acção dos animais. Na foto, um dos mais vulgares e populares cactos Opuntia ficus-indica (figueira-da-Índia ou piteira), sobretudo no Algarve e Alentejo, e cujo fruto – depois de retirados os espinhos – é comestível. O certo é que a actual taxa da poupança atingiu mínimos históricos, estando actualmente em 4, 4% do rendimento disponível. Este valor é menos de metade da taxa média na União Europeia (12, 1%), já de si significativamente diminuta. A nossa taxa que, outrora, já atingiu valores bem superiores a 20%, tem vindo a cair ano após ano. Era de 11% em 2009, e nos últimos três anos desceu de 5, 3% para 5, 1% e agora 4, 4%, ainda que, em parte, resulte da fase de recuperação de decisões adiadas quanto à aquisição de bens duradouros, como automóveis e electrodomésticos. Vários factores têm contribuído para esta preocupante tendência. Refiro-me, em primeiro lugar, à escassa educação para a poupança, que tende mesmo a ser irrelevante nas gerações mais novas, bem como à débil cultura previdencial, particularmente preocupante num tempo em que as expectativas quanto à evolução da Segurança Social e do seu sistema de pensões são mais baixas. Também a política de expansão monetária protagonizada pelo Banco Central Europeu, que tem induzido uma ideia de “dinheiro fácil”, está a estrangular o aforro das famílias que praticamente tem uma remuneração igual ou próxima de zero, seja no sistema bancário, seja agora mais acentuadamente em produtos de poupança disponibilizados pelo Tesouro (que somam já 15% do total da dívida pública). A taxa média de juro para depósitos de um ano é, actualmente, de 0, 1%, antes de impostos!Como afirmou o SE do Tesouro Mourinho Félix, “uma baixa taxa de poupança deixa as famílias mais vulneráveis para os chamados ´dias chuvosos´, seja por uma redução dos rendimentos, como se verifica em situações de desemprego, doença ou na idade da reforma, seja por um aumento das suas despesas”. Acontece, porém, que o próprio Estado tem contribuído para desvalorizar o valor económico, social e familiar do aforro. Basta verificar o agravamento em 40% (oito pontos percentuais) da taxa liberatória do IRS sobre depósitos e obrigações que era de 20% há dez anos, mas que foi sujeita a quatro aumentos (para 21, 5%, depois para 25%, a seguir para 26, 5%, fixando-se em 28%), sem que tenha havido uma contestação política e cívica à altura, como acontece com aspectos orçamentais bem menos determinantes. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Acresce que com taxas de remuneração da poupança bem inferiores à taxa de inflação, o IRS acaba por, em termos reais, atingir o próprio capital, assim se transformando parcialmente um imposto sobre o rendimento num tributo sobre o próprio património. Como pude ler num excelente trabalho na revista da Deco Proteste Investe, trata-se de uma tributação que é a mais alta na Europa e que incide cegamente sobre as poupanças, independentemente do seu valor e da sua natureza. Bem superior à taxa na vizinha Espanha (19%) e sem paralelo com a tributação belga que isenta de imposto os juros das poupanças até um valor anual de 960 euros. Perante um OE 2019 que praticamente ignora a poupança, bom seria que este tema fosse recuperado na discussão na especialidade, devidamente escrutinado e votado de modo a reduzir este brutal contra-incentivo ao aforro, em vez de assanhadas “iniciativas civilizacionais”, com tourada ou sem ela, do solitário PAN e de certa esquerda (mas não toda), armados em polícias talibã de gostos e costumes. Ou será que quem poupa nem um touro vale?
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
Cavalo Lusitano: Terra de puro sangue
O Campino tem pêlo castanho-escuro, 27 anos e uma vida plena. Filho do Maravilha, nasceu aqui mesmo, na Herdade de Muge, da Casa Cadaval, galopou pelo mundo e voltou, para este estábulo onde é mantido com gratidão, apesar da idade, ao lado do Burundi, outro garanhão do seu tempo. (...)

Cavalo Lusitano: Terra de puro sangue
MINORIA(S): Animais Pontuação: 13 | Sentimento 0.214
DATA: 2010-09-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Campino tem pêlo castanho-escuro, 27 anos e uma vida plena. Filho do Maravilha, nasceu aqui mesmo, na Herdade de Muge, da Casa Cadaval, galopou pelo mundo e voltou, para este estábulo onde é mantido com gratidão, apesar da idade, ao lado do Burundi, outro garanhão do seu tempo.
TEXTO: O Campino tem tudo o que um Puro Sangue Lusitano deve ter: porte, funcionalidade, beleza, docilidade, coragem e carácter. Ainda jovem, foi vendido ao toureiro David Ribeiro Telles, que o treinou e usou na lide tauromáquica. Foi o início de uma carreira brilhante. Na arena, emocionou um brasileiro, António de Toledo Mendes Pereira, proprietário da Fazenda Barra do Tietê, em Castilho, que o comprou. Toni Pereira era filho de fazendeiros e apaixonado por cavalos. Fazia criação e ganhara muitos prémios, já antes dos anos 70. Trabalhava com puros-sangues ingleses e árabes até que, em 1971, veio a Portugal ver uma corrida de touros. Assistiu ao desempenho do Broquel, um cavalo branco e imponente pertencente à Coudelaria Nacional, e decidiu que o queria levar para o Brasil. O Broquel já tinha sido recusado a um aristocrata austríaco, por estar prometido ao rei de Marrocos. Mas Toni Pereira era já na altura um homem poderoso. Conseguiu uma audiência com Marcelo Caetano e convenceu o Presidente do Conselho a autorizar a venda do cavalo. Foi assim que se iniciou a linhagem de puros-sangues Lusitanos no Brasil. Toni Pereira criaria, em 1992, uma marca brasileira de cavalos lusitanos, a Top, para a qual se empenhou em importar garanhões portugueses. O Campino foi um deles. No Brasil, foi treinado para actividades mais sofisticadas do que o toureio: a dressage, modalidade olímpica criada pelos aristocratas europeus do Renascimento, também conhecida por "ballet equestre". Os cavalos lusitanos não foram educados para estas finesses. Mas o Campino, habituado às touradas, adaptou-se facilmente. Ganhou muitos prémios, e fecundou muitas éguas, que deram à luz outros tantos campeões. Campino foi mesmo o Puro Sangue Lusitano que mais prémios ganhou no Brasil. Um dia, no ano de 2002, quando o Campino já era demasiado velho para competições, Teresa Álvares Pereira de Shoenborn-Wiesentheid, condessa de Cadaval, encontrou Toni Pereira e, entre vários temas de conversa, perguntou-lhe pelo cavalo que ela própria, anos atrás, adorava montar. "Que é feito do Campino?"Toni deve ter percebido o afecto antigo nos olhos caleidoscópicos de Teresa, e respondeu-lhe apenas: "Quere-o?" A condessa queria, e o Campino foi mandado regressar. Já não tem idade para nenhuma das actividades que o tornaram famoso, excepto uma. Menos encorpado, de pelagem grisalha e expressão grave, o Campino ainda está apto para a reprodução. Enquanto for vivo, mantém intacto o seu património mais valioso: os genes. Não se pode dizer o mesmo do seu colega de estábulo, o Burundi, que na realidade já não serve para nada. Mas na Casa Cadaval não se abatem velhos heróis. Tal como o Campino, o Burundi tem direito a uma velhice tranquila, ainda que já não consiga cobrir uma égua, e portanto só dê prejuízo. A vida sexual do Campino, diga-se de passagem, também já só ocorre por via da inseminação artificial. A dele e a de toda a população equina da herdade, desde há quatro anos. É "mais seguro, mais saudável e mais higiénico", explica Miguel Bliebernicht, 32 anos, veterinário. O sémen é tratado com antibióticos e a inseminação é feita em condições ideais. Miguel tem uma clínica dentro da herdade. É um centro de reprodução chamado Embriovet, onde trabalha ele, outro veterinário e um enfermeiro. Vendem sémen para fora e alugam barrigas de égua (éguas de aluguer, não reprodutoras - uma prática cada vez mais usada). Tem a seu cargo a reprodução dos cavalos e também todos os cuidados médicos, não só dos animais da casa, mas também de outras quintas da região. Estabeleceu um acordo com Teresa, usando as instalações da propriedade, à qual presta vários serviços.
REFERÊNCIAS:
Homem morre após graves ferimentos em tourada à corda na Graciosa
Um homem de 78 anos foi colhido na Graciosa, nos Açores, durante uma tourada à corda realizada naquela ilha açoriana, tendo vindo a falecer na sequência dos graves ferimentos que apresentava, disse hoje o comandante dos bombeiros. O Comandante dos Bombeiros Voluntários de Santa Cruz da Graciosa, Carlos Melo, acrescentou à agência Lusa que, "quando a corporação foi chamada ao local, o homem ainda estava com vida", mas viria a falecer "cerca de uma hora depois, com ferimentos graves, pois tinha um pulmão perfurado e partiu um maxilar". O acidente ocorreu "na tarde de terça-feira, na vila de Santa Cruz, no lugar do ... (etc.)

Homem morre após graves ferimentos em tourada à corda na Graciosa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 13 | Sentimento -0.33
DATA: 2013-08-14 | Jornal Público
TEXTO: Um homem de 78 anos foi colhido na Graciosa, nos Açores, durante uma tourada à corda realizada naquela ilha açoriana, tendo vindo a falecer na sequência dos graves ferimentos que apresentava, disse hoje o comandante dos bombeiros. O Comandante dos Bombeiros Voluntários de Santa Cruz da Graciosa, Carlos Melo, acrescentou à agência Lusa que, "quando a corporação foi chamada ao local, o homem ainda estava com vida", mas viria a falecer "cerca de uma hora depois, com ferimentos graves, pois tinha um pulmão perfurado e partiu um maxilar". O acidente ocorreu "na tarde de terça-feira, na vila de Santa Cruz, no lugar do Corpo Santo", segundo indicou o comandante dos Bombeiros. Além deste homem, os bombeiros transportaram um outro para o centro de saúde local por ter ficado também ferido na tourada, adiantou a fonte da corporação.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homem corpo tourada