Portugueses procuram uma refeição sem sangue para mosquito da malária
Fundação Bill e Melinda Gates atribuiu mais de 90.000 euros a projecto do Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Objectivo é produzir “montanhas de mosquitos” para a luta contra a malária. (...)

Portugueses procuram uma refeição sem sangue para mosquito da malária
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DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fundação Bill e Melinda Gates atribuiu mais de 90.000 euros a projecto do Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Objectivo é produzir “montanhas de mosquitos” para a luta contra a malária.
TEXTO: O mosquito Anopheles gambiae é uma chave importante para encontrar uma solução definitiva para a doença da malária. Os humanos partilham o parasita que causa a malária com este mosquito conhecido como anófeles. É nas picadas das fêmeas do anófeles nos humanos que o famoso Plasmodium falciparum passa ora da saliva do mosquito para o sistema circulatório humano, ora do sangue humano para o estômago do mosquito, causando doença e morte neste ciclo. Para o parar, é inevitável estudar o parasita plasmódio, e isso só é possível produzindo mosquitos no laboratório. No entanto, esta produção de anófeles necessita de sangue de mamíferos para as fêmeas gerarem os ovos. Esta exigência traz limitações na produção de anófeles no laboratório, o que dificulta não só a investigação científica mas também a almejada produção em massa de vacinas contra a malária. Agora, uma equipa de cientistas do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) e do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve ganhou uma bolsa da Fundação Bill e Melinda Gates de 100. 000 dólares (93. 120 euros) para descobrir a receita de uma refeição sem sangue para a fêmea do anófeles, foi divulgado nesta quinta-feira. Estes investigadores, liderados por Henrique Silveira, já identificaram a pequena molécula no sangue que torna a picada do mosquito um acto fundamental para a reprodução da fêmea do anófeles. E vão, nos próximos 18 meses, desenvolver mais estudos para se aproximarem daquela receita. O prémio foi atribuído no concurso Grand Challenges Explorations da fundação. “O objectivo deste Grand Challenges era encontrar uma dieta artificial para o mosquito que fosse tão eficaz como a refeição sanguínea”, explica ao PÚBLICO Henrique Silveira. “Se quisermos ter algumas ferramentas para o controlo de vectores [organismos que transmitem doenças], como uma vacina ou a introdução na natureza de mosquitos transgénicos ou estéreis, precisamos de produzir em massa mosquitos e a necessidade de sangue é uma limitação grande. ”Só elas é que comem sangueNormalmente, nos laboratórios pelo mundo fora que estudam o parasita da malária e o seu mosquito, usam-se ratos ou refeições preparadas com sangue para alimentar as fêmeas de anófeles. “As fêmeas que não conseguem alimentar-se de sangue não conseguem produzir ovos”, diz Henrique Silveira. Esta relação é antiga na evolução, porque há mosquitos a picar aves, répteis e muitos outros mamíferos além dos humanos. “Algures no processo evolutivo, a refeição sanguínea passou a ser uma vantagem para os mosquitos. Deu-se uma especialização, e só a fêmea é que precisa de sangue para produzir os ovos. ”Há cerca de 150 milhões de anos, os antepassados do plasmódio da malária aproveitaram esta adaptação e passaram a infectar os animais picados pelos mosquitos. Ao longo das eras, os antepassados do plasmódio continuaram a infectar espécies até chegarmos aqui. Pensa-se que o parasita da malária tenha saltado de um grande símio, como o gorila ou o chimpanzé, para o humano. Hoje, a malária continua a matar muito, principalmente na África subsariana. Só em 2013, morreram 453. 000 crianças com menos de cinco anos devido a esta doença, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde. A maioria delas em África. O número total foi de 584. 000 mortes. E 198 milhões de pessoas ficaram doentes nesse ano, o que é um fardo enorme para a sociedade, já que se está perante uma doença cujos sintomas são muitos fortes. O plasmódio passa por uma sucessão de transformações ao longo da sua vida. Quando entra na corrente sanguínea da pessoa, o parasita infecta primeiro as células do fígado, onde se multiplica e muda de forma. De seguida, dirige-se para o sangue, onde se reproduz repetidamente nos glóbulos vermelhos, explodindo-os e causando os sintomas da malária — febre altas, dores no corpo, dores de cabeça e, por vezes, a morte. Depois, alguns destes parasitas transmutam-se para uma forma capaz de se reproduzirem entre si. Mas a reprodução só acontece dentro do mosquito, depois de serem sugados pela fêmea do anófeles. Aí, o ciclo fecha-se.
REFERÊNCIAS:
Cidade do futuro dentro de uma nave espacial estacionada em Braga
Praça da República recebe peça arquitectónica que junta micro-organismos vivos e tecnologia digital capaz de absorver 1,5 quilogramas de dióxido de carbono por dia e produzir proteínas. (...)

Cidade do futuro dentro de uma nave espacial estacionada em Braga
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DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Praça da República recebe peça arquitectónica que junta micro-organismos vivos e tecnologia digital capaz de absorver 1,5 quilogramas de dióxido de carbono por dia e produzir proteínas.
TEXTO: A estrutura metálica pintada de negro e o complexo sistema de tubagens, onde corre um líquido esverdeado, parecem saídos de um filme de ficção científica. O contraste com a Arcada e os demais edifícios históricos da Praça da República, no centro de Braga, não podia ser mais evidente. Talvez por isso, mais de uma centena de curiosos juntaram-se à sua volta, na manhã desta terça-feira, enquanto o criador da peça a apresentava. “Nos últimos dias, enquanto fazíamos a montagem, veio muita gente ter connosco perguntando se isto é uma nave espacial”, conta o arquitecto Marco Poletto que assina a peça. Chama-se Urban Algae Folly e é uma estrutura arquitectónica, que reúne micro-organismos vivos, no caso algas, e tecnologia digital, que faz a monitorização dos processos biológicos e físicos que ocorrem no seu interior. A intenção é “testar o que pode ser o futuro das cidades”. “De certo modo, isto é mesmo uma nave espacial”, continua Poletto. No entanto, esta não nos vai levar a viajar para fora do planeta, mas “vai permitir-nos continuar a viver nele durante muito mais anos”. A peça é o resultado de seis anos de investigação deste arquitecto italiano radicado no Reino Unido, que tem vindo a debruçar-se sobre os problemas da sustentabilidade do planeta. “Temos que encontrar novas formas de gerar energia, alimento e limpar a atmosfera que nos rodeia”, explica. É precisamente isso que a Urban Algae Folly faz. O líquido esverdeado que corre nas tubagens que captam a atenção de quem passa no centro de Braga está carregado com chlorella vulgaris, uma alga com elevada eficiência fotossintética, que contém até 7% de clorofila natural – a percentagem mais alta de qualquer planta conhecida na terra. A intenção deste arquitecto é que, no futuro, seja possível construir infra-estruturas urbanas que, não só incorporam elementos da natureza, como “intensificam as propriedades da natureza”, como é o caso. A alga que aqui vai desenvolver-se pode ser colhida e transforma-se num produto alimentar com vitaminas, minerais e ácidos gordos essenciais, fundamentais para o corpo humano, bem como proteínas. Todos os dias, a estrutura vai gerar 35 gramas de chlorella, o que, em termos de proteína, é o equivalente a 750 gramas de carne. Nos três meses em que vai estar instalada em Braga, será capaz de produzir o equivalente de proteína de meia vaca de pequeno porte. Os micro-organismos e a tecnologia incorporadas nesta peça são também dez vezes mais eficazes do que dez árvores de grande porte a fazer a purificação da atmosfera urbana, garante o seu autor. A promessa é que esta estrutura absorva 1, 5 quilogramas de dióxido de carbono por dia e produza metade desse valor de oxigénio, o equivalente ao consumo de um humano adulto diário. Assim será o futuro, garante Marco Poletto: “vamos cada vez mais incorporar bio-tecnologia e tecnologia digital nos ambientes urbanos”. A visão do arquitecto italiano é que, tal como as urbes da Revolução Industrial — que faziam das suas centrais de produção de energia o seu verdadeiro coração —, possa haver nas cidades do futuro estruturas capazes de devolver a produção às zonas urbanas e possamos voltar a saber de onde vem a energia ou a comida que consumimos. A Urban Algae Folly foi criada pelo estádio londrino ecoLogicStudio, liderado pelo arquitecto italiano e teve a sua primeira apresentação na exposição mundial de Milão, que aconteceu entre Maio e Outubro naquela cidade de Itália. A peça agora instalada em Braga usa o mesmo conceito e a mesma tecnologia, mas é uma estrutura totalmente nova, que custou 50 mil euros e foi comissariada pelo Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL, na sigla internacional), Câmara de Braga e Fundação Francisco Manuel dos Santos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave negro carne consumo corpo vaca
E se os pagantes exigirem bis?
Com uma identidade plástica singular, a peça inverte a relação de poder entre intérpretes e audiência. (...)

E se os pagantes exigirem bis?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Com uma identidade plástica singular, a peça inverte a relação de poder entre intérpretes e audiência.
TEXTO: O arranque da peça é impactante: um súbito clarão revela-nos um aglomerado colorido de indivíduos elevados sobre um andaime, qual enorme escultura viva. Uma alusão, diz a folha de sala, a Le Crayon Guidant le Peuple, foto tirada na estátua à República (Paris) e tornada viral aquando das manifestações após o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo. Os 15 minutos seguintes são potentes: 20 bailarinos da Companhia Nacional de Bailado (CNB) e quatro actores do Cão Solteiro (CS - com a cadelinha Zuzu), de garridos figurinos a evocar ícones do espectáculo (personagens shakespearianos, uma actriz de musicais em amarelo berrante, bailarinas clássicas de tutu azul cobalto, cossacos de vermelho e negro, das danças de carácter do ballet, uma artista circense de maillot de lantejoulas…) formam uma amálgama heterogénea a avançar e recuar no proscénio, repetindo ao paroxismo acções de agradecimento e suas hierarquias protocolares, sob incessantes e estrondosíssimas ovações (em off) de um hipotético público. A relação de poder é invertida: reféns da audiência, os intérpretes estão no centro de um circo romano. Com a repetição o ritual perde o nexo: os sorrisos estampados acercam-se do esgar, quase sofrimento. Entre a apreensão e a indiferença dos demais, um dos artistas esvai-se, como se acometido de uma síncope, mas a cena surreal prossegue, “o espectáculo tem de continuar”. Em Morceau de bravoure (momento performativo particularmente virtuoso) a parada é alta: a peça começa pelo final. É uma variação em torno do território conceptual do colectivo Cão Solteiro: a forte dimensão visual, a problematização do elo assimétrico entre palco e assistência. Não sendo novo, o tema é bem lançado. Há, porém, propostas por explorar (a escultura viva, a morte do actor em cena) e o eixo organizador da peça deriva numa rapsódia sobre a fatuidade da ribalta: vistosos solos e pas de deux de Lago dos Cisnes e Quebra-Nozes alternam com tiradas teatrais (de Ricardo III, de Shakespeare, e textos originais), transfiguram-se em concerto pop, numa discoteca ou em musicais (evocam-se os Beatles, as Doce, Cândida Branca Flor, Judy Garland…). Teatro e dança justapostos retiram, porém, a primazia ao texto (há dicções difíceis de seguir) e colocam os bailarinos num registo teatral, sem favorecer os respectivos potenciais ou criar a espessura de um “terceiro corpo”: é o caso do grupo a perfilar-se como um exército (ou são manifestantes?) obediente, da rábula do actor acossado pelo stage frigth, ou do pranto da actriz a desmascarar-se durante a desmontagem do cenário (representa, ou é finalmente ela mesma?), que nos lembra (por contraste) a intensidade trágica minimal dos versos de Beatriz (Chico Buarque), a actriz que chora no quarto de hotel, entre paredes feitas de giz… "Se ela um dia despencar do céu/E se os pagantes exigirem bis…"Morceau… tem, sem dúvida, uma identidade plástica singular, a envolvência insólita é amiúde divertida e há apontamentos felizes: quando as luzes se acendem ao fundo do palco, a súbita perspectiva dos intérpretes em contraluz dá-nos a ver o espectáculo a partir dos bastidores. A destacar, ainda, a aposta corajosa da CNB ao associar-se a colectivos artísticos fora do mainstream. Mas quando (realmente) o pano cai, paira uma ambiguidade: paradoxalmente, esta crítica ao lado fátuo (da sociedade) do espectáculo sobrevive, em parte, graças à colagem ao registo de entretenimento do qual se quer desagrilhoar.
REFERÊNCIAS:
Câmara de Lisboa desviou 800 mil euros do Orçamento Participativo para outras obras
Mais de 1500 pessoas deram o seu voto, em 2011, para que a câmara decidisse fazer, com o dinheiro do Orçamento Participativo, uma obra por ela avaliada em 800 mil euros. Afinal a obra custa 480 mil euros e é paga pela EDP. O dinheiro do OP foi para fazer outras coisas na mesma zona. (...)

Câmara de Lisboa desviou 800 mil euros do Orçamento Participativo para outras obras
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.12
DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mais de 1500 pessoas deram o seu voto, em 2011, para que a câmara decidisse fazer, com o dinheiro do Orçamento Participativo, uma obra por ela avaliada em 800 mil euros. Afinal a obra custa 480 mil euros e é paga pela EDP. O dinheiro do OP foi para fazer outras coisas na mesma zona.
TEXTO: Três anos depois da data prevista para o seu acabamento, está actualmente em construção a última fase do Parque Urbano do Rio Seco, junto ao pólo universitário da Ajuda, em Lisboa. Designada como “Parque Urbano do Rio Seco - 4ª fase”, a obra é da responsabilidade da EDP, que a financia integralmente no quadro de um protocolo celebrado com o município em 2011. Os 800 mil euros que a câmara inscreveu no seu plano de investimentos de 2012 e 2013 para pagar um projecto exactamente com o mesmo nome e para o mesmo local, eleito pelos munícipes no âmbito do Orçamento Participativo (OP) de 2011, foram desviados para a empreitada de qualificação do espaço público do vizinho Bairro 2 de Maio, já terminada. A construção da 4ª fase do Parque Urbano do Rio Seco, no vale situado entre a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa e o bairro camarário 2 de Maio, perto do Palácio da Ajuda, é uma das quatro obras que a EDP se comprometeu a realizar e financiar. O compromisso consta de um protocolo aprovado em Junho de 2011 pelo executivo camarário e assinado no mês seguinte por António Costa e pelo presidente da EDP. Para lá da conclusão do Parque Urbano do Rio Seco, cujas segunda e terceira fases — relativas à zona do monumento geológico e das grutas do Rio Seco, situadas na parte inferior do vale —, tinham sido financiadas pelo OP de 2008 e 2010, a EDP obrigou-se então a criar um espaço verde na Quinta do Zé Pinto, em Campolide, e outros dois em Marvila e no Alto de São João. Eleito com 1539 votosA intervenção da EDP nestes locais correspondia a uma parte das compensações negociadas com o município em troca dos terrenos necessários à construção, naquelas zonas, de quatro sub-estações de distribuição de electricidade. Embora o protocolo tenha sido aprovado em Junho de 2011 e contemplasse o financiamento da conclusão do parque do Rio Seco pela EDP, no valor de 480 mil euros, a câmara deixou nesse mesmo Verão que o projecto da obra, elaborado pelos seus serviços com um orçamento muito superior, de 800 mil euros, fosse incluído no OP desse ano, recebendo 1539 votos. O projecto com o nome “Implementação do Parque Urbano do Rio Seco - 4ª Fase”, elaborado pelos serviços camarários a partir das propostas dos munícipes que desejavam ver o parque terminado, foi o quarto mais votado entre os 227 submetidos a votação e foi contemplado com 800 mil euros. Nesse ano, conforme o regulamento do OP então em vigor e em resultado da votação, a câmara comprometeu-se a financiar e concretizar, no prazo de 24 meses, os cinco projectos vencedores com um total de 4, 6 milhões de euros saídos do seu orçamento. A execução do projecto do Rio Seco foi inscrita no plano de investimentos do município para 2012 e 2013 na rubrica correspondente às despesas em “parques e jardins” do Departamento da Estrutura Verde, com a verba atribuída de 800 mil euros. Até há alguns meses, porém, a parte superior do vale do Rio Seco, ao lado e por baixo do Instituto Superior de Ciência Sociais e Políticas, permaneceu ao abandono, sem qualquer obra. No princípio do Verão, um painel de grandes dimensões instalado no local anunciava que a obra então iniciada era da responsabilidade da EDP e intitulava-se “Parque Urbano do Rio Seco - 4ª fase”. De então para cá foram abertos caminhos, montada a respectiva iluminação, construído um conjunto de pombais em madeira, um picadeiro e instalações apropriadas para os 20 cavalos de moradores na zona que ali ocupavam algumas barracas, mas ainda falta fazer muita coisa. Tudo faz pensar que está finalmente em construção a última fase do parque urbano cujo projecto venceu o OP de 2011. A obra, no entanto, está a ser paga pela EDP, ao abrigo do protocolo que lhe atribuiu 480 mil euros, e não pelo orçamento camarário onde tinha sido inscrita com 800 mil euros do OP. A explicação da câmaraQuestionada insistentemente pelo PÚBLICO sobre o destino dado a esta verba do OP, a Câmara de Lisboa respondeu por escrito que “o Parque Urbano do Rio Seco 4ª fase, divide-se em duas frentes: envolvente do Bairro 2 de Maio, resultante do projecto vencedor do Orçamento Participativo 2011/12, e qualificação do Vale e Planalto do Rio Seco, cuja execução está em curso a cargo da EDP. ”
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Palavras-chave ajuda
Morreu o Nobel da Literatura alemão Günter Grass
O autor de O Tambor de Lata (1959), considerado por muitos a mais importante figura literária alemã do pós-guerra, tinha 87 anos. (...)

Morreu o Nobel da Literatura alemão Günter Grass
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: O autor de O Tambor de Lata (1959), considerado por muitos a mais importante figura literária alemã do pós-guerra, tinha 87 anos.
TEXTO: O escritor alemão Günter Grass morreu aos 87 anos, informou nesta segunda-feira a sua editora Steidl. O Prémio Nobel da Literatura morreu no hospital da cidade de Lübeck, na Alemanha. Tinha acabado há poucos dias de terminar um livro de contos, poemas e desenhos, estava “cheio de planos literários” para o futuro próximo, e a sua morte apanhou os mais próximos de surpresa, disse ao PÚBLICO a directora do Instituto Alemão de Lisboa, Claudia Hann-Rabe, que logo após a morte do escritor falou com a sua secretária. “Estava de férias, voltou a Lübeck para se tratar desta infecção respiratória, tomou antibóticos durante um dia ou dois, e morreu de forma completamente inesperada”, diz Claudia Hann-Rabe. Ainda segundo as informações recolhidas pela directora do Instituto Alemão de Lisboa, o funeral de Günter Grass será uma cerimónia “muito privada”, mas está já a ser preparada uma sessão oficial de homenagem ao escritor, que deverá ocorrer no dia 1 de Maio, data ainda sujeita a confirmação. “Isto é muito triste. Um verdadeiro gigante, inspiração e amigo”, escreveu no Twitter o escritor Salman Rushdie. Günter Grass foi ao longo da vida uma personagem controversa, algumas vezes contraditória, mas sempre com o cuidado (ou foi o acaso que assim o quis) de não se afastar muito daquilo que é “politicamente correcto” para o momento. Grass, um homem de esquerda que no debate público sempre criticou ferozmente os defeitos da Alemanha, foi visto por muitos, durante mais de 30 anos, como uma espécie de “consciência moral da nação alemã”. A publicação do primeiro volume da sua autobiografia Descascando a Cebola (Casa das Letras, 2007), que descreve o período entre 1939 e 1959, quase atingiu a dimensão de escândalo nacional com a revelação de que aos 17 anos de idade se alistara voluntariamente nas SS. Mas a sua “honestidade tardia”, como alguns lhe chamaram, acabou por não manchar muito a imagem dos que sempre o viram como uma figura livre e desassombrada com os traumas alemães. Depois de Descascando a Cebola, o escritor alemão escreveu A Caixa (Casa das Letras, 2009) para continuar a falar da sua vida, agora focando-se mais no campo familiar e não no político. Günter Grass escreveu aqui sobre o período entre 1959 e 1999, ano em que lhe é atribuído o Nobel, por retratar “a face esquecida da história”. Para a Academia Sueca, Günter Grass concedeu um novo começo à literatura alemã, “depois de décadas de destruição linguística e moral”. Em 2011, com a publicação do terceiro volume da autobiografia, ainda inédito em português, Grimms Wörter. Eine Lieberserklärung (As Palavras dos Grimm. Uma declaração de amor), o escritor deu por terminada a sua longa actividade literária. Precocemente, como se constata pelo novo livro que afinal escreveu e deixou pronto a publicar. Quando da apresentação de Grimms Wörter em Bamberg (uma pequena cidade no norte da Baviera), disse numa entrevista ao PÚBLICO: “Falta-me o ânimo para escrever. Acabou o meu prazo de validade. Já escrevi tudo. Na minha idade, já se começa a ficar surpreendido quando chegamos à próxima Primavera. E eu sei o tempo que um livro pode demorar a escrever. ” Mais adiante deixou um recado aos jovens escritores: “A minha geração parece ser a última que foi activa politica e socialmente. Os escritores mais jovens, especialmente os da última geração, parecem já não querer saber. Fazem mal, porque há cada vez mais temas onde poderiam ser úteis intervindo. E muitas razões para o fazerem. ”Membro da Academia das Artes de Berlim, Günter Grass, que ganhou o reconhecimento internacional com O Tambor de Lata, publicado em 1959, recebeu, além do Nobel, distinções tão importantes como o Prémio Literário Príncipe das Astúrias, o Prémio Internacional Mondello ou a Medalha Alexander-Majakovsky. O Tambor de Lata é o primeiro volume da chamada Trilogia de Danzig (os outros são O Gato e o Rato e O Cão de Hitler), em que Grass recria com ironia e humor cáustico o ambiente da sua cidade natal, Danzig (actualmente a cidade polaca de Gdansk), antes e durante a II Guerra Mundial. Na Alemanha, o escritor discutiu ao longo da sua vida ideias com veemência, sobretudo as do chanceler Helmut Kohl sobre a reunificação alemã, mas sempre invocando argumentos “fáceis” e que cairiam bem a muitos, sobretudo os que receavam a mudança, argumentos como o de que a divisão alemã foi uma maneira de proteger a Alemanha de si própria e, ao mesmo tempo, uma espécie de punição pelo Holocausto: “[…] face a Auschwitz, o pretenso direito à unidade alemã, no sentido de uma nacionalidade reunificada, não pode senão fracassar”, escreveu num ensaio. De entre todas as afirmações feitas na época, a que esteve mais perto da “incorrecção” política talvez tenha sido a de pôr em causa a legitimidade democrática do Bundestag, o parlamento alemão, para decidir sobre a unificação.
REFERÊNCIAS:
Chauvet: a caverna das maravilhas já tem uma réplica
Gruta no Sul de França guarda as mais antigas pinturas rupestres. A original está fechada, mas a réplica que foi agora inaugurada pelo Presidente francês deverá abrir já no dia 25. (...)

Chauvet: a caverna das maravilhas já tem uma réplica
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DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gruta no Sul de França guarda as mais antigas pinturas rupestres. A original está fechada, mas a réplica que foi agora inaugurada pelo Presidente francês deverá abrir já no dia 25.
TEXTO: A original está guardada e interdita a turistas. Os únicos que a podem visitar são os investigadores autorizados, uma comunidade restrita que tem o privilégio de ficar frente a frente com algumas das mais antigas manifestações artísticas do homem. E, a avaliar pelas reproduções amplamente difundidas, Chauvet não é “apenas” uma gruta no Sul de França repleta de pintura rupestre (só isto já seria extraordinário, é claro), é uma galeria impressionante com mais de 30 mil anos que permaneceu intocada. Nela é notória a aplicação de várias técnicas de pintura e de gravação que contribuem para a criação de imagens de grande impacto e movimento – sim, é possível pensar nos primórdios do cinema (Werner Herzog fê-lo em 2010 com o documentário A Gruta dos Sonhos Perdidos) quando se olha para as panteras, rinocerontes, ursos, auroques, leões, mamutes e cavalos que os artistas do paleolítico ali deixaram, exibindo um imenso domínio no uso das sombras e dos volumes. Teriam sido feitas só para passar o tempo ou como forma de transmitir conhecimento no domínio da caça, essencial à sobrevivência das comunidades que ali viviam? Estariam ligadas a um ritual? Haveria nelas já uma intenção artística?Para Jean Clottes, o historiador francês que foi o primeiro especialista em Pré-história a entrar em Chauvet, há 20 anos, a gruta, como todas as cavernas para o homem deste período, está ligada ao universo do simbólico. É também este professor, referência nos estudos da arte rupestre, que diz agora que a réplica, de tão exacta, vai "deslumbrar" os visitantes e "despertar emoções". Os inventores da pinturaDescoberta por espeleólogos em 1994 - Jean-Marie Chauvet, Christian Hillaire e Eliette Brunel localizaram-na a 18 de Dezembro - e desde Junho de 2014 património mundial, Chauvet foi protegida pela natureza – há 20 mil anos a queda de uma rocha tapou a entrada desta “caverna das maravilhas” – e precisava agora de ser salvaguardada pelo homem. Por isso, as autoridades francesas ordenaram a construção de uma réplica, num projecto ambicioso que levou quatro anos a concluir e que exigiu um investimento de 55 milhões de euros, de acordo com a AFP. A ideia é mostrar o que a caverna original esconde por trás de uma porta de metal que pesa meia tonelada e que tem um código de acesso que só três pessoas conhecem, escreve a agência de notícias francesa. Se aos turistas fosse permitido entrar, as mais de 1000 pinturas de Chauvet – 425 das quais representando animais – ficariam imediatamente em risco, isto porque o delicado equilíbrio de humidade e temperatura que existe nesta gruta a 25 metros de profundidade, e que tem permitido a conservação desta arte pré-histórica, seria comprometido de imediato. Todos os dias, os responsáveis por este sítio arqueológico, o mais antigo dos bens registados como património da humanidade pela UNESCO (organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura, na sigla em inglês), monitorizam as condições de conservação na gruta, procurando bactérias, algas, cogumelos e outros fungos que possam ameaçar a integridade do conjunto. Na réplica que o Presidente francês François Hollande inaugurou esta sexta-feira, e que deverá abrir a 25 de Abril, foi recriada a atmosfera da caverna original, embora a luz seja bem diferente. Vista do céu, assemelha-se a uma pata de urso e, por dentro, tal como a descoberta em 1994, é fria e húmida. Diz quem conhece as duas que até o cheiro é igual. Criada com recurso às mais evoluídas tecnologias 3D, a réplica de 3000 m2 situada na comuna de Vallon-Pont-d’Arc foi construída por engenheiros, escultores, pintores e artistas visuais que reproduziram fielmente, e a carvão, as figuras com 36 mil anos, mais do dobro da idade das representações que se podem encontrar noutra gruta do Sul de França, também famosa pela sua arte rupestre – Lascaux. François Hollande, que esteve mais de uma hora a passear pela réplica que, espera-se, venha a atrair mais de 350 mil visitantes por ano, não poupou elogios às equipas que ali trabalharam. “Foi aqui que o homem inventou a pintura… Aqui, com uma impressão da mão, inventou o auto-retrato… E quando brincou com a luz e a sombra, inventou o cinema”, disse o Presidente francês. E acrescentou: “Nunca deixarei de dizer aonde quer que vá: ‘Queres saber de onde vens? Vai a uma caverna em Pont-d’Arc e estarás precisamente em casa. ”
REFERÊNCIAS:
Perder uma cidade é perder a história
As cidades antigas do norte do Iraque têm vindo a ser atacadas pelos radicais islâmicos, que depois transformam os raides de destruição em vídeos-propaganda. Dois arqueólogos falam da Mesopotâmia e da importância de fazer a desconstrução crítica destas imagens. No terreno, garantem, o desastre é ainda maior. (...)

Perder uma cidade é perder a história
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: As cidades antigas do norte do Iraque têm vindo a ser atacadas pelos radicais islâmicos, que depois transformam os raides de destruição em vídeos-propaganda. Dois arqueólogos falam da Mesopotâmia e da importância de fazer a desconstrução crítica destas imagens. No terreno, garantem, o desastre é ainda maior.
TEXTO: É um território de revoluções, daquelas que ficam para a história. Foi na antiga Mesopotâmia que nasceu a escrita e que surgiram as cidades. Foi também ali, nos vales dos rios Tigre e Eufrates, que se fundaram os primeiros impérios e que se fixaram as primeiras leis. É esta região, abrangendo hoje o Iraque, parte da Síria e parte do Irão, que tem aparecido sistematicamente nas notícias por causa de ataques ao património. Sobretudo o norte do Iraque, onde o autoproclamado Estado Islâmico (EI) tem vindo a saquear cidades milenares como Hatra e Nimrud e a destruir artefactos e esculturas em museus e sítios arqueológicos. No dia 11, os extremistas divulgaram mais um vídeo com que, alegadamente, documentam a destruição de Nimrud. Um vídeo que chega um mês depois de fontes no terreno terem informado as autoridades iraquianas de que os jihadistas tinham avançado sobre esta cidade com 3000 anos com bulldozers, arrasando várias estruturas e esmagando diversas esculturas, entre elas exemplares dos célebres lamassu – seres híbridos representados com corpo de leão ou de touro, asas de águia e rosto humano – que guardavam os templos e palácios assírios. Não é a primeira vez que o EI recorre ao vídeo como forma de propaganda – fê-lo em Fevereiro no Museu de Mossul e outra vez quando quis mostrar a ofensiva sobre Hatra, um dos melhores exemplos das cidades fortificadas do Médio Oriente – e também não é a primeira vez que as imagens levantam dúvidas. Sem confirmações independentes no terreno – as notícias chegam, por regra, através de fontes anónimas ou ligadas ao Partido Democrático do Curdistão (KDP) – é difícil aferir a extensão dos danos. Mesmo que a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) já tenha classificado os raides dos extremistas contra estas duas cidades-Estado que formam com Nínive um triângulo de referência do mundo antigo como “crimes de guerra”. Que a destruição tem vindo a ocorrer parece ser consensual, até porque não há quem tenha dúvidas de que o tráfico de antiguidades é uma das fontes de financiamento do EI. Mas, o que foi realmente destruído já é matéria de debate. Os radicais que avançaram sobre estas cidades património mundial querem eliminar os vestígios do passado pré-islâmico, defendendo que a destruição de esculturas, frisos, relevos e documentos milenares ligados a este berço da civilização faz parte do seu combate contra a idolatria, proibida pelo Profeta. O PÚBLICO falou com dois arqueólogos que fizeram parte de uma missão ibérico-síria que, entre 2005 e 2011, escavou uma garganta no Eufrates, entre a Síria e o Iraque, à procura de uma fronteira. Francisco Caramelo, professor da Universidade Nova, e Juan Luis Montero, da Universidade da Corunha, defendem uma desconstrução crítica das imagens veiculadas pelo EI e dizem que a situação no terreno é ainda mais grave do que parece. A destruição, garantem, acontece há anos e não se limita ao Iraque nem aos jihadistas. “O EI nunca vai desaparecer – vai mudar de nome, mas vai continuar lá”, diz Montero. Evitar manipulaçõesPara os dois arqueólogos é preciso ter muito cuidado com a análise dos vídeos dos radicais. No Museu de Mossul, por exemplo, terá havido uma montagem que não é imediatamente perceptível: “São introduzidas imagens de baixos-relevos que não estão lá, que não fazem parte da colecção do museu. Mas isso só quem é profundamente conhecedor daquele património é capaz de ver”, explica Francisco Caramelo. “O EI tem sido exímio no uso dos media, da imagem, e nós temos de estar preparados para evitar manipulações”, acrescenta, sublinhando que isto não implica a “desvalorização do desastre”. Muitas informações que vão chegando, lembra Juan Luis Montero, não são verificáveis por fontes idóneas no terreno. Há interesses de parte a parte e é preciso tê-los em conta para que a propaganda de um dos lados não seja contestada pela do outro. No caso de Nimrud e Hatra, há património integrado que não seria facilmente transportável – os touros e leões alados pesam mais de 20 toneladas -, mas há outro que é muito apetecível em termos comerciais. Caramelo garante que o “desastre” é muito maior do que o que mostram as imagens recentes, porque resulta de um processo que se alastra há vários anos e que tem afectado centros tão ou mais significativos que Hatra e Nimrud. Refere-se, em concreto, a Mari, uma das primeiras e mais importantes cidades da Mesopotâmia, hoje em território sírio, a 15 quilómetros da fronteira com o Iraque. Mari, nas margens do Eufrates, fundada em 2900 a. C. , é saqueada há um ano sem que nada seja feito. A destruição é permanente, diz, porque os sítios arqueológicos são devassados por caçadores de tesouros. E estes caçadores existem, acrescenta Montero, “porque há uma máfia organizada que assegura o tráfico” e que tem como principais mercados negros o Reino Unido, os EUA e a Suíça. Montero escavou cinco anos em Mari e conhece bem a realidade arqueológica da Síria e do Iraque. Garante que o saque organizado não é o único responsável pela destruição e lembra que a invasão americana do país, em 2003, deixou danos irreparáveis: “Babilónia, uma das cidades mais importantes da história universal, foi transformada pelos Estados Unidos e os seus aliados num acampamento militar para quatro mil soldados. E o mundo assistiu, sem escândalo. ”Tal como esta última, Mari é uma cidade ligada ao império babilónio e a Hammurabi, o rei do célebre código – um dos mais antigos conjuntos de leis, hoje no Museu do Louvre, em Paris -, centro sofisticado em que é notória a relação que os povos desta região mantinham com a escrita, pondo-a desde logo ao serviço da difusão de procedimentos administrativos ou de textos religiosos e proféticos. A revolução da escrita“Sempre que um sítio é saqueado, o que se perde é a história, não é só património iraquiano, é história universal”, diz Montero, defendendo que a escrita é a maior revolução da humanidade. “A Mesopotâmia é um território de grandes experiências humanas. Só a escrita, a ideia de que se pode deixar um pensamento para o futuro, uma ideia, é absolutamente transcendental. ” Primeiro usada como forma de fixar procedimentos administrativos, a escrita cedo evoluiu para a esfera do pensamento religioso e mesmo para aquilo a que hoje chamamos literatura. Falar de Mesopotâmia implica falar de revoluções, já que à da escrita podemos juntar a das cidades. E aqui falamos de cidade não apenas como espaço físico, mas como “construção mental”, explica o arqueólogo espanhol. “É um mundo de grande complexidade este em que a cidade e a escrita nascem. ” Em que surge a ideia de Estado, acrescenta Caramelo, uma “abstracção importante” que se torna difícil de substanciar com artefactos. “Infelizmente, não posso escavar e encontrar um Estado”, ironiza Juan Luis Montero, “nem posso perguntar a Hammurabi que ideia tem de monarquia ou para que é que serve a burocracia, mas posso e devo correlacionar isto tudo se quero pensar sobre este território”. E que território é este?A Mesopotâmia compreende os territórios dos vales dos rios Tigre e Eufrates e seus afluentes. Política e geograficamente falando, abrange o Iraque, parte da Síria e parte do Irão, embora culturalmente, adverte Francisco Caramelo, ultrapasse as fronteiras actuais. “É um espaço de muitos encontros entre os finais do 4. º milénio a. C. e o 1. º milénio a. C. . ” Um mundo que é uma “simbiose” de que os assírios, e depois os babilónios, são herdeiros. E uma simbiose que resulta em avanços notáveis na matemática e nas artes, na astronomia e noutras ciências. “Em Nimrud está congelado o que é a civilização mesopotâmica, o período neo-assírio, que vai do século X ao VII a. C. . Era o maior império até àquele momento”, sublinha Caramelo, acrescentando que os seus domínios iam da parte ocidental do planalto iraniano ao antigo Egipto. Apresentados como bárbaros por gregos e persas – há muita propaganda negativa na Bíblia e nos textos clássicos, defendem os dois arqueólogos – os assírios só começaram a contar a sua própria história no século XIX, quando foi decifrada a escrita cuneiforme, desenvolvida por volta de 3500 a. C. . E, desde então, têm vindo a ser definidos como conquistadores, é certo, mas também como um povo de “grande sensibilidade”. A irmã pobre do EgiptoO saque no Museu de Mossul ou no de Bagdad é gravíssimo, reconhece Montero, mas a destruição de um sítio arqueológico como Nimrud ou Mari também, ainda que o público em geral tenda a desvalorizá-la. “Quando um sítio é destruído perdemos os objectos e os seus contextos, quando um museu é saqueado perdemos ‘apenas’ os objectos”, diz. Em qualquer dos casos, resume, perde-se conhecimento, algo que é já escasso nestes territórios, sobretudo quando comparados com o do antigo Egipto. Mesmo a Babilónia, talvez a mais estudada das cidades da região, a do poderoso Nabucodonosor II, o rei dos célebres jardins suspensos, foi muito pouco escavada. “Sabemos que a arqueologia é um processo longo, mas quando se escavou apenas 3% da Babilónia, não podemos dizer que sabemos muito sobre a Babilónia. E se não conhecemos não podemos valorizar. A Mesopotâmia é a irmã pobre do Egipto. Ninguém sabe o que é Nimrud, mas muitos sabem o que é Abu Simbel. ” E este desequilíbrio torna-se ainda mais estranho, acrescenta Caramelo, quando percebemos que, como civilização, devemos muito mais à antiga Mesopotâmia: “A própria ideia de Deus dos textos religiosos da Mesopotâmia conduz-nos à Bíblia, ao Antigo Testamento. A continuidade é muito maior. ”A continuidade pode ser maior, mas a arte, menos figurativa, e a arquitectura em terra, que deixou menos estruturas imponentes, parece afastar as pessoas deste passado colectivo. “Até a escrita cuneiforme repele quando comparada com os hieróglifos”, acrescenta este professor da Nova. Quando hoje toma conhecimento de mais um raid de destruição dos extremistas do EI no Iraque ou lê outra notícia sobre as consequências dos bombardeamentos no património de Alepo, na Síria, Francisco Caramelo pensa, sobretudo, nos miúdos que conheceu nas escavações do Eufrates, pergunta-se o que terá acontecido às famílias que os recebiam todos os dias ao pequeno-almoço. E pensa também no espólio recolhido pela equipa, em depósito no museu local. As autoridades sírias, garante, estavam até 2011, ano do início da guerra, a trabalhar com muito empenho na protecção do património do país, mas todos os seus esforços pararam. Sabe-se que reuniram as principais colecções num mesmo local em Damasco, cuja localização não foi, como é natural, divulgada. Antes do começo do conflito, acrescenta Montero, havia mais de 200 missões arqueológicas estrangeiras a trabalhar na Síria, muitas delas vindas do Iraque. Desde aí, muitas foram forçadas a fazer o movimento inverso e instalaram-se no Curdistão iraquiano. A equipa de Montero e Caramelo também está, aliás, a ponderar voltar ao terreno no próximo ano e o Iraque é um dos destinos possíveis, tal como a Turquia e o Irão. Se a escolha recair sobre o Líbano ou os territórios palestinianos – outro dos cenários em cima da mesa – já não se tratará de um projecto a abranger o universo cultural mesopotâmico, mas os fenícios e o mundo do Mediterrâneo. Sem fim à vistaAlepo foi arrasada e parte de Palmira destruída. Hatra e Nimrud terão sofrido perdas irreparáveis, mas a acção do EI, defendem, só agora começou. E é por isso que “a arqueologia do Médio Oriente vive o seu pior momento de sempre”, diz Montero. “Não há nada comparável, sobretudo porque está no começo e abrange todos os períodos. E falamos da destruição de um património único, excepcional, irrepetível. ”É ainda mais grave do que o saque autorizado conduzido pelas potências da arqueologia europeia em período colonial? “É claro que a arqueologia do objecto que se praticava no século XIX e no início do século XX fez com que cidades como Nínive e Nimrud perdessem alguns dos seus maiores tesouros assírios, que hoje estão nos museus de Paris [Louvre], Londres [Museu Britânico], Nova Iorque [Metropolitan] e Berlim [Pérgamo]. Mas aqui falamos de uma destruição completa sem fim à vista”, e que pode estender-se a outros países da região, como a Líbia. Em Nínive e Nimrud, cidades em que predomina a arquitectura de terra, a preservação levanta ainda mais desafios do que em Hatra ou Palmira, já ligadas ao mundo clássico. Mas, quando se trata de “provocar o Ocidente” através da destruição sistemática de sítios arqueológicos que fazem parte da história universal, tanto umas como outras cumprem, sem esforço, os objectivos dos extremistas, argumentam os dois arqueólogos. “Estes bombardeamentos e saques são uma aberração que nada têm a ver com o islão nem com as populações locais, que se sentem profundamente orgulhosas do seu passado. Falamos de países com situações sociais extremamente difíceis e, que ainda assim, fazem um esforço para proteger o património”, conclui Caramelo. A Síria, lembra, pôs a deusa de Mari nos selos dos correios.
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A juventude enquanto tempestade
Um filme sempre na contradição entre uma leitura “simbólica”, e pormenores, reais, vivos, que vêm interromper o desfile da simbologia (...)

A juventude enquanto tempestade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um filme sempre na contradição entre uma leitura “simbólica”, e pormenores, reais, vivos, que vêm interromper o desfile da simbologia
TEXTO: É o primeiro filme da japonesa Naomi Kawase, há algum tempo uma habituée do circuito dos festivais internacionais, a estrear em Portugal. Nota-se, talvez excessivamente, que Kawase filma a pensar numa audiência global, a tal ponto o Japão do seu filme vive à beira de um exotismo calculado e até – tudo o que tem a ver com a filosofia e a religiosidade ancestrais – sobre-explicado ou pelo menos sobre-verbalizado, duma maneira mais pitoresca, mais turística, do que verdadeiramente sentida e orgânica. Apesar de tudo, e se a aposta distintiva do filme é esse olhar sobre algo que vem do “fundo” do Japão cruzado com a sociedade moderna (de resto, um tema perene do cinema do japonês, de ontem e de hoje), A Quietude da Água mostra uma cineasta com talento suficiente para não ser reduzida à “Mira Nair japonesa”. É basicamente uma história de crescimento e passagem, e no seu centro está um par de semi-namorados, cada um com os seus problemas. A miúda tem a mãe a morrer, o miúdo tem os pais separados, e o núcleo do filme acompanha uma dupla aprendizagem: o entendimento da morte e da separação, mas também o entendimento da atracção (os primeiros sentimentos sexuais) entre eles. A força do filme está essencialmente nisto, e na presença do par adolescente, de uma delicadeza que também conserva alguma coisa em bruto. Kawase envolve-os na natureza, a natureza de uma pequena ilha habitada por camponeses e pescadores, animais e vegetação – e se por vezes se sente que o lado “paisagístico” do filme é forçado, que os seus longos planos “vazios” sobre o mar ou sobre o bosque são mais um artifício do que outra coisa, há na integração dos miúdos nessa natureza uma espontaneidade, mesmo uma naturalidade, que acaba por ser convincente. Por outro lado, se Kawase usa e abusa dos elementos folclóricos (as canções e as cerimónias musicais de preparação para a morte da mãe da miúda, por exemplo) eles ganham pleno sentido quando a vida, a imperfeição, toma conta deles (e a miúda se engana durante a execução musical de uma canção). O filme está sempre nesta contradição entre o que parece artificioso e “programado”, em excesso de abertura a uma leitura “simbólica”, e pequenos pormenores, muito reais, muito vivos, que vêm interromper o desfile da simbologia. E embora seja com ela que o filme termina (os miúdos e a “quietude da água”) antes disso há a melhor sequência do filme, que resolve muito bem a confluência do clima narrativo com o clima meteorológico – uma noite de tempestade e vendaval, que abre para um dia de onde todos emergem pacificados. De certa forma, é também essa sequência que nos pacifica, espectadores, com um filme desequilibrado e frequentemente exasperante mas que, como se costuma dizer, tem “qualquer coisa”.
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Palavras-chave morte adolescente japonês
No Sri Lanka ainda ferido da guerra o Papa apelou à reconciliação
Visita, primeira etapa da segunda deslocação à Ásia, acontece dias depois da inesperada derrota do Presidente que derrotou rebelião tâmil e endureceu repressão no país. (...)

No Sri Lanka ainda ferido da guerra o Papa apelou à reconciliação
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Visita, primeira etapa da segunda deslocação à Ásia, acontece dias depois da inesperada derrota do Presidente que derrotou rebelião tâmil e endureceu repressão no país.
TEXTO: Um coro de crianças, danças tradicionais, elefantes revestidos com panos festivos e uma imensa multidão acolheram nesta terça-feira o Papa à chegada ao Sri Lanka, etapa inicial da sua segunda deslocação à Ásia, uma das regiões onde o catolicismo está em rápida expansão. Auspiciosamente, a visita coincide com a surpreendente eleição de Maithripala Sirisena, o novo Presidente que prometeu pôr fim à repressão e à perseguição das minorias religiosas, num país onde seis anos depois do fim da sangrenta guerra civil as feridas continuam abertas. Francisco não perdeu tempo e, mal aterrou em Colombo, deixou o primeiro de vários apelos à reconciliação e ao respeito pelos direitos humanos, temas explosivos numa nação que viveu 26 anos de um conflito com raízes étnicas e religiosas. Em 2011, um relatório das Nações Unidas concluiu que até 40 mil civis poderão ter morrido, em 2009, no cerco final do Exército aos Tigres Tâmil, guerrilha que lutava pela instauração de um estado independente para aquela etnia, maioritária no norte da ilha. A derrota dos rebeldes deu ao ex-Presidente Mahinda Rajapakse o estatuto de herói entre a maioria cingalesa, permitindo-lhe reforçar o poder e rejeitar qualquer investigação independente ao desfecho do conflito. “A grande obra da reconciliação deve atender às necessidades materiais mas deve também, e ainda de forma ainda mais importante, promover a dignidade humana, o respeito pelos direitos humanos e a plena integração de todos os membros da sociedade”, disse o Papa, num clara referência à governação de Rajapakse, que presidiu a anos de rápido crescimento económico, mas também de crescente autoritarismo e corrupção. Num aparente apoio à comissão que o novo chefe de Estado prometeu criar para investigar as atrocidades cometidas por ambas as partes, Francisco defendeu que “a busca da verdade é essencial, não para abrir velhas feridas, mas como um meio necessário para promover a justiça, a cura e a unidade”O budismo é a religião dominante no Sri Lanka, seguido por 70% da população, sobretudo da maioria cingalesa, enquanto o hinduísmo é a religião prevalecente entre a minoria tâmil. Os católicos não serão mais de 7%, mas o Vaticano acredita que pode ter um papel importante no processo de reconciliação, aproveitando o facto de ter crentes entre as duas etnias. Mas na partida para a Ásia, Francisco disse igualmente querer contribuir para “encorajar as diferentes formas de diálogo inter-religioso” no país, confrontado nos últimos anos com uma vaga de ataques a mesquitas e igrejas, atribuídos a fundamentalistas budistas. “Todos os membros da sociedade devem trabalhar em conjunto e terem voz. Todos devem ser livres de expressar as suas preocupações, necessidades, aspirações e medos”, acrescentou o Papa, antes de subir a bordo de um jipe descapotável em que percorreu os mais de 20 quilómetros que separam o aeroporto da cidade de Colombo, a capital comercial da ilha. Ao longo de todo o percurso, multidões saudaram efusivamente Francisco, chegando a fazer parar o cortejo. A longa marcha, sob um calor abrasador, deixaram exausto o Papa, que acabou por cancelar um encontro com bispos locais, poupando energia para os dois momentos altos da visita. Na manhã de quarta-feira celebra uma missa à beira mar durante a qual será canonizado Joseph Vaz, missionário goês que no século XVII reergueu a presença católica na ilha, instituída pelos portugueses e perseguida depois durante a ocupação holandesa. Francisco segue depois para o santuário de Madhu, o principal local de peregrinação católica no país, situado numa das regiões mais devastadas pela guerra. Para Sirisena, a visita do Papa é um importante palco para demonstrar a seriedade das promessas que fez depois de sexta-feira ter vencido, contra todas as expectativas, o homem que há uma década governava o Sri Lanka. Antigo ministro de Rajapakse, só em Novembro se distanciou do ex-Presidente, mas conquistou os eleitores comprometendo-se a inverter o caminho de autoritarismo e repressão seguido nos últimos anos – acabaria por vencer com 51, 2% dos votos, beneficiando de uma inédita afluência às urnas, notada sobretudo nas regiões de maioria tâmil. Na tomada de posse, no domingo, prometeu “proteger os direitos dos hindus, muçulmanos e católicos”, definiu como prioridade o combate à corrupção, convidou dissidentes e opositores exilados a regressarem ao país e anunciou o fim da censura na Internet e nos jornais. As organizações de defesa dos direitos humanos não acreditam, no entanto, que Sirisena autorize uma investigação da ONU aos crimes de guerra cometidos na fase final do conflito, altura em que liderava o Ministério da Defesa.
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Religiões Budismo Hinduísmo
Quem passa recibo verde é obrigado a entregar um anexo extra com o IRS
Quem acumula trabalho dependente com recibos verdes também é obrigado a preencher o chamado Anexo SS. Segurança Social diz que obrigação vem de 2014 mas que não irá aplicar multas. (...)

Quem passa recibo verde é obrigado a entregar um anexo extra com o IRS
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quem acumula trabalho dependente com recibos verdes também é obrigado a preencher o chamado Anexo SS. Segurança Social diz que obrigação vem de 2014 mas que não irá aplicar multas.
TEXTO: Os trabalhadores por conta de outrem que também têm recibos verdes são obrigados, este ano, a preencher o Anexo SS juntamente com a declaração do IRS. O período de entrega do Modelo 3 do IRS começou a 1 de Maio e termina a 31, mas só no dia 7 o Instituto de Segurança Social (ISS) publicou no seu site uma nota a dar conta desta obrigação. Em causa estão várias categorias de trabalhadores que em 2013 tinham sido isentados dessa obrigação, nomeadamente os trabalhadores independentes que acumulem recibos verdes com uma actividade profissional por conta de outrem e os trabalhadores a recibos verdes não atingiram um rendimento superior a 2515, 32 euros (seis vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais - IAS). É também obrigado a entregar o Anexo SS quem acumula trabalho independente com pensões de invalidez ou de velhice e com pensão por incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70%. Na mesma situação estão os independentes que também sejam titulares de rendimentos da categoria B resultantes exclusivamente da produção de electricidade por intermédio de unidades de microprodução. Quem já entregou o Modelo 3 e não preencheu o Anexo SS poderá ainda corrigir, até ao final do mês, a sua declaração de rendimentos. Em todos estes casos, porém, não é necessário preencher o quadro 6 do anexo, alerta o ISS. Na nota publicada no site, o instituto esclarece que este quadro destina-se apenas ao “apuramento das entidades contratantes” e deve ser preenchido “apenas” pelos trabalhadores independentes que prestam serviços a pessoas colectivas e a pessoas singulares com actividade empresarial e que estejam sujeitos ao cumprimento da obrigação de contribuir e tenham um rendimento anual obtido com a prestação de serviços igual ou superior a 2515, 32 euros (seis vezes o IAS). Continuam excluídos da obrigação de preenchimento do Anexo SS os advogados e os solicitadores que estejam integrados obrigatoriamente na respectiva Caixa de Previdência; os trabalhadores que exerçam em Portugal, com carácter temporário, actividade por conta própria e que provem o seu enquadramento em regime de protecção social obrigatório de outro país. Na mesma situação estão os agricultores que recebam subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola Comum de montante anual inferior 1676, 88 euros (quatro vezes o IAS) e que não tenham quaisquer outros rendimentos de trabalho independente; assim como os titulares de direitos sobre explorações agrícolas, ainda que nelas desenvolvam alguma actividade, desde que os produtos se destinem predominantemente ao consumo dos seus titulares e agregado familiar e desde que os rendimentos da actividade não ultrapassem os 1676, 88 euros. Ficam também isentos da obrigação os proprietários de embarcações de pesca local e costeira, que integrem o rol de tripulação e exerçam efectiva actividade profissional nestas embarcações; os apanhadores de espécies marinhas e os pescadores apeados; e finalmente, os titulares de rendimentos da categoria B resultantes exclusivamente da produção de electricidade por intermédio de unidades de microprodução, quando estes rendimentos sejam excluídos de tributação em IRS. O Anexo SS é destinado unicamente à Segurança Social e a informação aí constante "é necessária para que a Segurança Social possa aferir com o rigor, para além do apuramento do rendimento relevante, as situações de isenção e exclusão do regime dos trabalhadores independentes", adianta o ISS numa resposta ao PÚBLICO. Nesse sentido, a informação agora solicitada "servirá para obviar que a mesma seja solicitada ao trabalhador independente posteriormente”. Entrega já era obrigatória em 2014, diz ISSA Segurança Social garante que os procedimentos seguidos em 2015 são os mesmos que foram seguidos no ano anterior. Mas, aparentemente, nem os trabalhadores, nem os oficiais de contas sabiam disso. Numa nota publicada no site do ISS a 8 de Maio de 2013 (durante o período de entrega do Modelo 3 do IRS relativo ao ano de 2012), os trabalhadores agora abrangidos eram excluídos da obrigatoriedade de entregar o Anexo SS. No ano passado, porém, não foi publicada qualquer nota ou esclarecimento, pelo que o entendimento dos trabalhadores nestas condições e dos oficiais de contas foi manter os procedimentos de 2013. Em resposta ao PÚBLICO, o ISS garante “não ter havido qualquer alteração aos grupos contribuintes sujeitos à obrigação declarativa” no corrente ano. “A única diferença que houve este ano é que o ISS optou por incluir também no seu portal a informação que é prestada na rede de atendimento da Segurança Social, informação essa que também foi prestada na rede de atendimento no ano de 2014”, garante o instituto.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos trabalhador exclusão social consumo