Era uma vez a vida há muito, muito tempo, após a pior extinção em massa
Um ecossistema fossilizado nos Estados Unidos veio mostrar que a vida recuperou rapidamente após a extinção de 90% das espécies da Terra. (...)

Era uma vez a vida há muito, muito tempo, após a pior extinção em massa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.36
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um ecossistema fossilizado nos Estados Unidos veio mostrar que a vida recuperou rapidamente após a extinção de 90% das espécies da Terra.
TEXTO: Fósseis de animais como tubarões, répteis marinhos e criaturas parecidas com lulas revelaram um ecossistema marinho próspero a recuperar depois da pior extinção em massa na Terra, há mais de 250 milhões de anos, contrariando uma noção já antiga de que a vida demorou muito tempo a reconverter-se depois desta calamidade. Uma equipa de cientistas descreveu a surpreendente descoberta destes fósseis num artigo, publicado na quarta-feira, na revista Science Advances, no qual mostraram que as criaturas prosperam no rescaldo de uma mortandade global no fim do período geológico do Pérmico, há cerca de 252 milhões de anos, que atingiu cerca de 90% das espécies. Ainda que um asteróide tenha provocado uma extinção em massa há 66 milhões de anos, que condenou os dinossauros, não foi tão destrutiva como a extinção do Pérmico. Fósseis de cerca de 30 espécies foram descobertos no condado de Bear Lake, perto da cidade de Paris, no estado do Idaho (Estados Unidos), revelaram a ocorrência de uma recuperação rápida e dinâmica do ecossistema marinho, ilustrando uma assinalável resiliência da vida. “A nossa descoberta foi totalmente inesperada”, disse um dos autores do artigo científico, o paleontólogo Arnaud Brayard, da Universidade Franche-Comté de Borgonha, em França. O ecossistema deste período geológico importante inclui predadores como tubarões (com cerca de dois metros de comprimento), répteis marinhos, peixes ósseos, criaturas parecidas com lulas, algumas com conchas cónicas e outras com conchas encaracoladas, crustáceos necrófagos com grandes olhos e garras finas, estrelas-do-mar, esponjas e outros animais. A extinção no Pérmico ocorreu há 251, 9 milhões de anos e o ecossistema do Idaho já estava a florescer 1, 3 milhões de anos mais tarde, no início do período Triásico, “uma escala geológica muito rápida”, de acordo com Arnaud Brayard. A causa da extinção em massa ainda é matéria de debate. Muitos cientistas defendem que as enormes erupções vulcânicas no Norte da Sibéria lançaram na atmosfera uma grande quantidade de gases tóxicos com efeito de estufa, provocando assim um grande aquecimento global do planeta e grandes flutuações químicas nos oceanos, incluindo a acidificação e a falta de oxigénio. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O ecossistema do Idaho, já no Triásico Inferior, período em que surgiram os primeiros dinossauros, incluía algumas criaturas inesperadas. Havia também um tipo de esponja que se pensava que se teria extinguindo 200 milhões de anos mais cedo, e um grupo parecido com as lulas que se pensava que tinha surgido 50 milhões de anos mais tarde. Os investigadores encontraram também ossos do que pode ser um dos primeiros ictiossauros, um grupo de répteis marinhos que prosperou durante 160 milhões de anos, ou de um antepassado directo deles. “O Triásico Inferior é complexo e uma altura altamente conturbada, mas certamente não tão devastadora como muitas vezes se pensa e ainda não foram descobertos todos os seus segredos”, disse Arnaud Brayard.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave extinção
"Nem todo o sofrimento é tratável", diz PAN em projecto de lei sobre eutanásia
Proposta do PAN sobre morte assistida obriga ao parecer favorável de três médicos. O projecto de lei é apresentado nesta terça-feira. (...)

"Nem todo o sofrimento é tratável", diz PAN em projecto de lei sobre eutanásia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Proposta do PAN sobre morte assistida obriga ao parecer favorável de três médicos. O projecto de lei é apresentado nesta terça-feira.
TEXTO: Numa semana, é a segunda proposta de diploma sobre morte medicamente assistida a dar entrada no Parlamento. Depois do Bloco de Esquerda, o PAN entrega nesta terça-feira o seu projecto de lei. São 34 artigos que regulam o acesso à morte medicamente assistida — que implica obrigatoriamente o parecer favorável de três médicos diferentes, deixando de fora os menores e as pessoas com doenças do foro mental. “Nem todo o sofrimento é tratável”, defende o PAN na longa exposição de motivos do projecto de lei, em que considera que a diferença entre matar e deixar morrer não é assim “tão nítida” e cita a frase de um deputado francês (Caillaout): “O indivíduo não deve acabar como carne de laboratório, irrigado, desintoxicado, bombeado para uma máquina, deve admitir-se um direito de viver com dignidade a sua própria morte. ”As questões relacionadas com o fim de vida e a morte “necessitam de ser discutidas sem tabus”, acrescenta, considerando que a despenalização da morte medicamente assistida que propõe (e que implica a alteração dos artigos 134 e 135 do Código Penal) não exclui nem entra em conflito "com a oferta e o investimento nos cuidados paliativos". Cuidados estes que, porém, segundo este partido, "não eliminam por completo o sofrimento em todos os doentes". De resto, tal como acontecia no anteprojecto de lei do Bloco de Esquerda, apresentado na semana passada, é garantido aos médicos o direito à objecção de consciência e sublinha-se que o pedido apenas é admissivel nos casos de “doença ou lesão incurável, causadora de sofrimento físico ou psicológico intenso, persistente e não debelado ou atenuado para níveis suportáveis”. Em comunicado, o PAN recorda que este tema constava do seu programa eleitoral e anuncia que, após “um intenso processo de estudo e de audições”, iniciado em Março de 2016, decidiu formalizar agora a entrega do seu projecto de lei em que estipula que o doente tem de estar “consciente e lúcido”. Será ele, aliás, a redigir o seu pedido por escrito e a entregá-lo ao médico assistente, devendo ambos discutir outras possibilidades, como as oferecidas pelos cuidados paliativos. Uma das diferenças em relação ao anteprojecto do BE é a de que o parecer de um psiquiatra é obrigatório no caso do diploma do PAN (o Bloco apenas prevê esta possibilidade em determinadas situações específicas), e está prevista a criação de uma comissão de controlo e avaliação da aplicação da lei, que tem três médicos, três juristas, mas apenas um especialista em ética (no do BE são três). O diploma do PAN prevê igualmente que o doente possa revogar o seu pedido em qualquer momento e, se ficar inconsciente entretanto, o processo é interrompido. Da mesma forma, a prática da eutanásia (quando o fármaco letal é administrado por um médico ou um enfermeiro, desde que supervisionado por um clínico) ou do suicídio medicamente assistido (quando é o próprio doente a administrar o fármaco, sob a orientação de um médico) pode ser efectuada em unidades de saúde públicas ou privadas ou no domicílio do paciente. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Na exposição de motivos, o PAN defende que "viver é um direito e não uma obrigação" e lembra que a prática médica tem, cada vez mais, sido "caracterizada pela autonomia e liberdade do paciente". Recorda ainda a posição de vários constitucionalistas que defendem que uma lei que permita a eutanásia ou o suicídio medicamente assistido "não é inconstitucional", nomeadamente "Luísa Neto, Teresa Beleza e Faria Costa", além de Jorge Reis Novais, para quem é a situação actual, ao "não atender à vontade da pessoas", que é "inconstitucional". Sublinhando que não entra "em discussões alarmistas relacionadas com o argumento da ´rampa deslizante`", o PAN lembra que na Suiça as mortes por eutanásia e suicídio medicamente assistido representam "1, 4% do total de mortes" e, na Holanda, 2. 9%, "não constituindo esta situação um excesso de mortalidade dado que antes da entrada em vigor da lei morria o mesmo número de holandeses que agora morrem (cerca de 140 000/ano)". Os países que despenalizaram a eutanásia, acrescenta, são "países evoluídos".
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Partidos PAN BE
Fantasporto arranca esta segunda-feira voltado para o "cinema dos nossos tempos"
Festival decorre no Teatro Rivoli até 5 de Março. O realizador holandês Ate de Jong é distinguido com o Prémio Carreira. (...)

Fantasporto arranca esta segunda-feira voltado para o "cinema dos nossos tempos"
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170221180510/http://publico.pt/1762651
SUMÁRIO: Festival decorre no Teatro Rivoli até 5 de Março. O realizador holandês Ate de Jong é distinguido com o Prémio Carreira.
TEXTO: O Festival Internacional de Cinema do Porto (Fantasporto) dá início, esta segunda-feira, à 37. ª edição, com o chamado pré-Fantas, antes da abertura oficial, na sexta-feira, com um cartaz virado para o que a organização designa de "cinema dos nossos tempos". Descrito pelos organizadores, numa das conferências de imprensa que antecederam o arranque do evento, como "um festival generalista com dois focos, o cinema fantástico e o oriental", o certame inclui este ano 132 filmes de 35 países diferentes, que vão ser exibidos até 5 de Março, no Teatro Rivoli. "O tema deste ano é o cinema dos nossos tempos, porque tanto na área fantástica como na área generalista temos filmes que retratam a história dos nossos tempos, nomeadamente dos conflitos", realçou, na altura, a directora do evento, Beatriz Pacheco Pereira. O festival começa esta segunda-feira, às 21h30, com dois filmes de duas das linhas da programação: The Swordsman of All Swordsmen, de Joseph Kuo, no âmbito da retrospectiva de cinema de acção de Taiwan, e Malditos Sean!, de Fabián Forte e Demián Rugna, no contexto da retrospectiva do cinema argentino. A abertura oficial de sexta-feira vai dar-se com o sul-coreano The Age of Shadows, de Jee-woon Kim, realizador já premiado no festival portuense por A Tale of Two Sisters. Em competição, marcam presença, este ano, três produções portuguesas em antestreia: A Floresta das Almas Perdidas, de José Pedro Lopes; Comboio de Sal e Açúcar, de Licínio Azevedo; e A Ilha dos Cães, de Jorge António, o último trabalho em cinema do actor Nicolau Breyner (1940-2016), homenageado na edição anterior do Fantas. A organização anunciou ainda a exibição da longa-metragem Rewind, uma produção suíça do português Pedro Joaquim. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O Prémio Carreira do Fantasporto 2017 vai para o cineasta holandês Ate de Jong – que esteve no festival em 2016 –, e dele serão exibidos os filmes Drop Dead Fred (1991) e Love is Thicker Than Water (2016). Adicionalmente, na sequência da já anunciada parceria com a TV Globo, vão estar no Porto as actrizes Mariana Ximenes (Super Max), Marina Ruy Barbosa (Amorteamo) e a argumentista Gloria Perez, esta para apresentar o documentário daquela cadeia de televisão Dupla Identidade (2014), realizado por René Sampaio e Mauro Mendonça Filho.
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Palavras-chave filho cães
Última paragem antes dos Óscares premeia Moonlight e Primeiro Contacto
Argumentistas distinguem ainda Atlanta, The Americans e John Oliver, mas não dão sinais conclusivos para os prémios da Academia. (...)

Última paragem antes dos Óscares premeia Moonlight e Primeiro Contacto
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.125
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Argumentistas distinguem ainda Atlanta, The Americans e John Oliver, mas não dão sinais conclusivos para os prémios da Academia.
TEXTO: É a última grande data da temporada de prémios antes dos Óscares de 2017 – a Writers Guild of America (WGA) distingiu neste domingo os argumentos de Moonlight (e não de La La Land ou Manchester by the sea), Primeiro Contacto (e não de Fences ou Elementos Secretos) e as séries Atlanta e The Americans. Em vésperas do “fecho das urnas” dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, cuja votação decorre desde dia 13 e termina dia 21 (ou seja, já esta terça-feira), a guilda dos argumentistas norte-americana entregou os seus prémios pela 69. ª vez num evento simultâneo em Los Angeles e em Nova Iorque, e a dois guiões que concorrem directamente nos Óscares. Moonlight e Primeiro contacto (Arrival) venceram nas categorias de Argumento Original e Argumento Adaptado, respectivamente, mas nos Óscares do próximo domingo estarão na mesma secção: a de Argumento Adaptado. Sinais para os prémios máximos do cinema americano em 2017, portanto, são inconclusivos – salvo na constatação de que Barry Jenkins (também realizador de Moonlight) e Eric Heisserer são ambos fortes candidatos nessa categoria. Nos últimos 22 anos, a maioria dos vencedores da WGA vence o Óscar respectivo, mas este ano estas contas estão baralhadas. “Não posso dizer-vos que escrever vai levar-vos de onde estão até este palco, mas vai aproximar-vos mais de quem são”, disse Jenkins ao aceitar o prémio. “Permaneçam curiosos. Façam perguntas críticas. É assim que as boas histórias acontecem e que a ciência prevalece”, incentivou por seu turno Heisserer. La La Land – A Melodia do Amor, Manchester By the Sea, Loving e Hell or High Water estavam também nomeados para melhor Argumento Original, e Deadpool, Fences, Elementos Secretos e Animais Nocturnos eram os candidatos a Argumento Adaptado. No périplo para os Óscares e a tempo de influenciar de alguma forma a votação não restam mais galardões de organizações relevantes para o elenco de votantes da Academia, e na véspera dos Óscares decorrem sim os Independent Spirit Awards, que premeiam o cinema indie de 2016. A cerimónia reserva também um espaço para a televisão, com uma das temporadas mais elogiadas do drama The Americans (Fox Crime) a ser distinguida em detrimento de recém-chegados como Stranger Things (Netflix) e Westworld (HBO/TVSéries) e pesos-pesados como A Guerra dos Tronos (HBO/SyFy) e Better Call Saul (AMC/Netflix). O vencedor anterior fora Mad Men. Na comédia, houve um duplo triunfo. A inovadora série de Donald Glover Atlanta (FX/Fox Comedy) ultrapassou a vencedora dos últimos anos, Veep (HBO/TVSéries), e bateu ainda Sillicon Valley e Transparent (ambas no TVSéries), além de Unbreakable Kimmy Schmidt (Netflix). Mas Atlanta não foi premiada apenas na categoria de série de comédia e também na secção dedicada a novas séries – Donald e Stephen Glover levam dois troféus para casa, deixando batidos séries dramáticas como Stranger Things, Westworld, This is Us (NBC e com estreia esta semana na FoxLife) e Better Things (FX). Nas mini-séries ou séries de antologia (com temporadas curtas e estanques), os prémios foram, no guião original para Confirmation (HBO, sem exibição em Portugal) e no adaptado para American Crime Story: O Caso de O. J. (transmitida na Fox). Nos talk-shows de comédia e variedades John Oliver, que acaba de regressar à RTP3, levou o prémio que poderia ter sido de Stephen Colbert, Seth Meyers ou de Trevor Noah, e nas comédia de sketches a instituição Saturday Night Live foi mais uma vez a distinguida. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Num evento apresentado por Patton Oswalt, Oliver Stone e Aaron Sorkin receberam ainda prémios de carreira quanto aos seus trabalhos no cinema e na TV, respectivamente. A lista completa de nomeados e vencedores pode ser consultada aqui. Notícia corrigida às 12h45: corrigida ordem de distinguidos com prémios carreira
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Palavras-chave crime guerra
Nos tempos livres, Trump vê televisão, escreve tweets e dorme pouco
Ao contrário dos antecessores, o magnata não lê livros e não pratica desporto. (...)

Nos tempos livres, Trump vê televisão, escreve tweets e dorme pouco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.18
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ao contrário dos antecessores, o magnata não lê livros e não pratica desporto.
TEXTO: Donald Trump é um Presidente atípico em vários aspectos: para além de não ter experiência política, a sua rotina diária é muito diferente face aos seus antecessores. O magnata não lê livros, não pratica desporto e não se preocupa em manter uma alimentação saudável. Obama gostava de acabar o dia a ler sozinho na Sala Oval. De acordo com o El País, esta rotina permitia-lhe parar e reflectir sobre o que estava a acontecer no mundo. Antes dele, George W. Bush entrava na Sala Oval às 7h30 da manhã e fazia pausas para correr ou brincar com os cães. Costumava fazer as refeições com a família e fazia questão de descansar oito horas. Bill Clinton, por sua vez, tinha o hábito de correr três vezes por semana, para espairecer. Donald Trump não adoptou nenhum destes hábitos. Devorador ávido de programas televisivos, o Presidente norte-americano não lê, não pratica desporto e dorme menos do que as oito horas recomendadas. O The New York Times escreve que Trump acorda às seis horas da manhã (tal como denunciam os tweets matutinos), hábito antigo que manteve quando se mudou para a Casa Branca. “Não dorme mais do que quatro horas por noite, em média”, disse Gwenda Blair, a sua biógrafa, ao The Guardian. No entanto, só começa a trabalhar às nove horas da manhã. Durante esse intervalo de três horas, o republicano vê televisão (e aparentemente prefere os programas da Fox News e da MSNBC) e passa os olhos pelos jornais de referência como o The New York Times ou o Washington Post. Ainda que os classifique como jornais “desonestos”, tal como escreve no Twitter. Thr coverage about me in the @nytimes and the @washingtonpost gas been so false and angry that the times actually apologized to its. . . . . . . . dwindling subscribers and readers. They got me wrong right from the beginning and still have not changed course, and never will. DISHONESTÀs nove horas, vai para a Sala Oval, para reuniões com assessores, empresários de vários ramos e outros membros do Governo. Normalmente, a hora do almoço é passada com o vice-presidente Mike Pence, numa das salas de jantar privadas da Casa Branca. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De acordo com o relato do The Washington Post, o Presidente acaba o dia de trabalho por volta das seis ou das sete da tarde. A partir dessa hora, dedica-se à sua agenda pessoal: que é como quem diz, a ver televisão e a tweetar sobre o que vê. “Não é um leitor, como sabemos”, diz a sua biógrafa, Gwenda Blair. “Normalmente fica em frente a uma televisão enorme, com um telemóvel, a enviar tweets”. Ocupar a Casa Branca não é tarefa fácil e ocupá-la sozinho é ainda mais difícil. Melania Trump e o filho, Barron, ainda vivem na Trump Tower, em Nova Iorque, e só se vão mudar para o 1600 da Avenida Pensilvânia quando o ano escolar acabar. Talvez por isso o republicano tenha optado por trazer um pouco de Nova Iorque, para Washington. As cortinas douradas, colocadas em todas as janelas da Casa Branca, fazem lembrar os pormenores a ouro de 24 quilates que o magnata tem na sua penthouse. Aos fins-de-semana, costuma viajar para a casa de férias, Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, à qual chamou “Casa Branca de Inverno”. Aproveita esses dias para jogar golfe e ter reuniões com membros da sua equipa e amigos.
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Palavras-chave filho cães
O regresso de Emir Kusturica com um cinema que não volta mais
Há uma enorme melancolia, como se toda a promessa de reinvenção de Na Via Láctea não pudesse evitar o horizonte de perda. Está aqui um adeus. (...)

O regresso de Emir Kusturica com um cinema que não volta mais
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170215095759/http://www.publico.pt/1756342
SUMÁRIO: Há uma enorme melancolia, como se toda a promessa de reinvenção de Na Via Láctea não pudesse evitar o horizonte de perda. Está aqui um adeus.
TEXTO: O que é solitário e comovente em Na Via Láctea é lembrar-nos do cinema como ele já foi. Não haverá muito por onde errar: este renascimento de Emir Kusturica nove anos depois da sua última longa-metragem (Promise me this) não é um regresso porque este cinema não volta mais. Podemos saborear-lhe um gosto antigo, recordá-lo como reencontro, descobri-lo como bizarria. Será sempre um engano — não existe mais. Vamos arriscar e errar — isto não vai ter continuidade, já acabou. Mesmo que Emir Kusturica, 62 anos, cineasta de Sarajevo, não troque os filmes pela agricultura biológica que agora o entusiasma (framboesas e maçãs, precisou no último Festival de Veneza), mesmo que faça mais filmes (mas alguém crê? “É muito difícil fazer filmes. Sou um cineasta cuja mise-en-scène é desencadeada pelo espaço, é difícil. Fazer filmes é como construir pirâmides, se levarmos o cinema a sério”, disse), estes gestos do demiurgo a criar o mundo a partir da desordem, sempre no limite, a conduzir multidões no estúdio, mesmo que seja a céu aberto, e na sala de cinema, já tiveram os seus dias contados. (Um último hurrah: três anos de rodagem, 2013, 2014, 2015, várias interrupções e recomeços: por causa de um falcão que não havia o filme começou a ser desenvolvido com essa ausência, depois o falcão apareceu e voltou-se à estaca zero; ainda, 47 dias de chuva na Sérvia; ainda as dificuldades de o cineasta estar atrás e à frente da câmara. )Realização:Emir Kusturica Actor(es):Monica Bellucci, Emir Kusturica, Sergej TrifunovicO próprio Emir parece ter contribuído para o seu fim: A Vida é um Milagre (2004) e Promise me this (2007) ficam como caricaturas desse cinema que antes sacudia as salas como música para casamentos e funerais. Foi uma certidão de óbito. Data dessa altura a cristalização da auto-indulgência de rock star com charuto ameaçador, a No Smoking Orchestra, o afago de egos com o futebolista Maradona, etc. , e foi essa a imagem dele que sobrou para hoje. Talvez seja ela a responsável pela cortina de fumo que impede que se aceda verdadeiramente a Na Via Láctea — um dos filmes mais displicentemente ignorados destes últimos meses e dos próximos –, talvez seja ela que impede que se oiça a música que ali se compõe. Que é diferente do carrossel que fez a apoteose de Underground (1995) e Gato Preto, Gato Branco (1998). Se se der uma vista de olhos pelos textos que já acusaram a recepção do filme percebe-se que antes de se ver Na Via Láctea o filme já tinha sido “visto”: o confronto não foi com as suas imagens, o confronto foi com uma imagem cristalizada. Sempre a falar-se de Underground e de Gato Preto, Gato Branco, mas como é possível, se em Na Via Láctea, história de amor entre um leiteiro (Kusturica) e A Noiva, uma italiana em fuga pelos Balcãs em guerra (Monica Bellucci), o cineasta inverte os dados do seu cinema?Em pano de fundo o carrossel de animais, gansos, sim, sempre os gansos. Até as moscas parecem ter sido dirigidas. Mas mesmo se há papéis importantes para um burro, para um urso que Kusturica conhece há cinco anos e por isso se atreve a partilhar com ele uma refeição de laranjas, para um falcão e para uma cobra, o zoo funciona sobretudo como sinalização de um território cinematográfico, sendo para o espectador (e também para um cineasta que regressou do mundo dos mortos) uma afectuosa aide memoire. A guerra? Nada a ver com Underground. Na verdade, a imagem de marca ensurdecedora é delicadamente amainada. A fragilidade passa a ser a demonstração de força. Sobrepõem-se os sons da natureza, há um novo tom para uma melodia que achávamos que conhecíamos e, afinal, não: é agora o vento que toma conta da guerra e do filme. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E por isso. . . em vez de Underground e Gato Preto, Gato Branco fecha-se o círculo com o reencontro com o intimismo dos primeiros filmes, Lembras-te de Dolly Bell? (1981) e O Pai Foi em Viagem de Negócios (1984). Em vez de Fellini, em quem Kusturica se reconhece (disse, aliás, isto: também ele manda construir todo um set e depois coloca a câmara para filmar apenas um canto dele), a promessa é o delicado bailado aquático de um casal, como no L’Atalante (1934) de Jean Vigo. O casal, então. Eis o mais bonito casamento do ano: Emir Kusturica e Monica Bellucci. Ele é um leiteiro e músico que atravessa a Guerra dos Balcãs como dissidente do jogo da História, ela é uma italiana em fuga. Encontro de iguais, cada um descobre em si, por causa do outro, o que de si já tinha esquecido. Monica traz a Na Via Láctea a sua capacidade de iludir, pela sua simples presença, a catástrofe (como no Irreversível, de Gaspar Noé). Emir faz uma versão de si próprio, ele que interpreta um leiteiro, um músico e que observa o vale com um monóculo (também é um cineasta, então). É um homem fora da História, figura de fragilidade pícara, um derrotado. Há uma enorme melancolia no olhar que aqui se deixa a descoberto, como se toda a promessa de reinvenção da última hora do filme não pudesse evitar o horizonte de perda — não passa despercebido o facto de alguns efeitos digitais entrarem pelo filme adentro confirmando a impossibilidade deste cinema poder ser como era. Apostamos que neste olhar de Kusturica está um adeus.
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O velho Oeste
Jeff Bridges é imperial num filme que tem tudo de western moderno mas apenas prova como o género apenas pertence ao passado: Custe o que Custar. (...)

O velho Oeste
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20170302031505/http://www.publico.pt/1753841
SUMÁRIO: Jeff Bridges é imperial num filme que tem tudo de western moderno mas apenas prova como o género apenas pertence ao passado: Custe o que Custar.
TEXTO: Há ladrões de bancos, um xerife que os persegue, e um rancho hipotecado que precisa de ser salvo das garras dos latifundiários, e uma perseguição com tiros por planícies poeirentas. Mas, como às tantas diz um velhote que não tem mais nada que fazer a não ser jogar dominó no café, ladrões de bancos é coisa que hoje já não há; o xerife está à beira da reforma por velhice; o latifundiário que quer o rancho é um banco, daqueles que não tem problema em expropriar propriedades por falta de pagamento das hipotecas. E a perseguição com tiros? Em vez de cavalos, são carrinhas, camiões de caixa aberta e todo-o-terrenos, e em vez de pistolas são espingardas e metralhadoras. Realização: David Mackenzie Actor(es): Dale Dickey, Ben Foster, Chris Pine, Jeff BridgesNão é difícil perceber porque é que se olha para Custe o que Custar como um western moderno, mas o que torna o filme do britânico David Mackenzie mais do que apenas isso é a consciência desarmante que o atravessa de que, mesmo hoje que as planícies do Texas continuam poeirentas e as comunidades habitadas por um punhado de gente teimosa continuam espalhadas pelo território, o tempo já não volta atrás. O que os irmãos Howard querem fazer, roubando pequenas quantias em bancos para “lavar” o dinheiro jogando em casinos e salvar no processo o rancho da família, é travar o ciclo da pobreza, da exploração do rancheiro pelo barão de gado que agora é o banqueiro: logo no espantoso primeiro plano do filme, um longo travelling silencioso que estabelece tudo o que se vai seguir sem palavras, há uma pichagem numa parede que diz “três comissões de serviço no Iraque mas para gente como nós não há resgate”. Se o velho western se construía sobre a esperança de um novo recomeço, sobre a capacidade e resiliência de indivíduos que desbravava território, hoje sobra apenas o desalento e a sobrevivência e o “cada um por si” num mundo onde os dados estão viciados à partida. Custe o que Custar, então, joga com a iconografia toda do western para a desmontar como uma simples projecção, mais uma imagem do “sonho americano” que a realidade se encarrega brutalmente de desintegrar. Fá-lo apegando-se àquilo que de mais telúrico e permanente ela tem – a paisagem e os homens - mas sem se deixar iludir pela esmagadora grandeza de uma nem pela postura sólida dos outros, e, sobretudo, desfazendo-se por completo do maniqueísmo bem-contra-o-mal. Em seu lugar, apenas uma paleta de cambiantes queimados pelo sol e cobertos pela poeira, com um Jeff Bridges imperial no papel do velho ranger que já viu tudo, testemunha impotente do modo como os tempos mudaram e como o velho Oeste já desapareceu. E um encontro improvável mas certeiro entre a visão desencantada de um argumentista (Taylor Sheridan, já responsável pelo excelente Sicario de Denis Villeneuve) e o olhar exterior de um realizador de visita (o britânico David Mackenzie, que assina aqui, de muito longe, o seu melhor filme). Uma surpresa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens pobreza perseguição
RAR investe 15 milhões em condomínio de luxo em Lisboa
A RAR Imobiliária está de volta aos projetos em Lisboa, onde vai investir 15 milhões de euros num novo condomínio de luxo de autor, com a assinatura de Souto Moura. (...)

RAR investe 15 milhões em condomínio de luxo em Lisboa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-02-07 | Jornal Público
SUMÁRIO: A RAR Imobiliária está de volta aos projetos em Lisboa, onde vai investir 15 milhões de euros num novo condomínio de luxo de autor, com a assinatura de Souto Moura.
TEXTO: Susana CorreiaApresentando informalmente no último Salão Imobiliário de Portugal, o novo projeto do braço imobiliário do grupo RAR será totalmente financiado com recurso a capitais próprios e é composto por 17 moradias em banda em plena Lisboa, colocando no mercado seis casas T4+1 e onze T3+1 por preços que arrancam no milhão de euros. Falamos da Quinta do Paço Lumiar, que se estende por uma área de 14. 557 m² na freguesia do Lumiar. “Decidimos avançar com este formato por ele ser diferenciador”, conta ao Público Imobiliário o Presidente da RAR Imobiliária, José António Teixeira. “Na realidade, para além de neste momento haver pouco produto residencial para o segmento alto de mercado, também não existem dentro de Lisboa condomínios de moradias com todas as vantagens que este tipo de produto tem para o utilizador final como, por exemplo, privacidade, segurança ou zonas próprias de lazer, com jardim e piscina”. “O facto deste projeto ser assinando por um dos mais consagrados arquitetos portugueses, a sua localização numa zona classificada como Zona de Quintas Históricas com elevado interesse histórico, cultural e social (perto do Museu do Traje e do Museu do Teatro), a sua proximidade do centro de Lisboa, do aeroporto, de um campo de golfe e de alguns dos melhores colégios de Lisboa” são outras das vantagens identificadas pelos responsáveis do grupo e que, acredita José António Teixeira, “contribuirá para a excelente recetividade” do mercado ao projeto. Em fase de licenciamento na Câmara Municipal de Lisboa, as obras deverão arrancar no fim do próximo ano e prolongar-se por um prazo de 18 meses, findo o qual se prevê a conclusão da construção e a entrega das primeiras moradias. Tendo como público-alvo, “o segmento médio alto e alto nacional e de alguns países europeus e do Brasil”, as “vendas irão arrancar no mais curto espaço de tempo e serão coordenadas diretamente pela RAR Imobiliária, embora se vá formalizar parcerias com alguns agentes imobiliários”, diz o presidente da empresa, revelando ainda que “o preço das moradias situar-se-á entre 1 milhão e 1, 5 milhões de euros durante o período de lançamento”, avança aquele responsável. Projetos em carteira valem mais de 60 milhõesConhecida pela sua aposta em projetos residenciais de gama alta, nos últimos anos a RAR Imobiliária esteve mais focada na cidade do Porto, onde desenvolveu os premiados Edifício Monchique e o Edifício do Parque, cuja comercialização está agora na reta final. Mas, foi em Lisboa que a empresa iniciou a sua atividade com dois projetos na década de 90: o Jardim das Laranjeiras, junto ao Jardim Zoológico, e o Parque de Palmela, no Estoril. Além desta aposta no Lumiar, na carteira de projetos da RAR Imobiliária constam ainda a Quinta de São José de Ribamar, em Oeiras, o empreendimento de São Simão da Junqueira, em Vila do Conde, e o Tibães Golfe, em Braga, e que representam um valor global de cerca de 60 milhões de euros.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave campo social
Cantas como cantam os marinheiros
Na sua crónica mensal, a poeta Matilde Campilho presta uma sentida homenagem a Leonard Cohen pelos seus 81 anos e pede-lhe que aceite "um beijo deste planeta derrotado". (...)

Cantas como cantam os marinheiros
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DATA: 2015-10-13 | Jornal Público
SUMÁRIO: Na sua crónica mensal, a poeta Matilde Campilho presta uma sentida homenagem a Leonard Cohen pelos seus 81 anos e pede-lhe que aceite "um beijo deste planeta derrotado".
TEXTO: Há poucas semanas Leonard Cohen celebrou 81 anos de idade. Às vezes confundo o Cohen com outros tipos mas depois penso num famoso casaco de chuva azul e lembro-me logo da cara dele. Do timbre dele. Lembro-me do discurso que fez no púlpito das Astúrias em 2011, um que começa meio gago mas que logo diz assim na frente dos reis: “Ontem fiquei acordado toda a noite pensando no que iria dizer a esta assembleia. E depois de ter comido todos os chocolates e amendoins do minibar, escrevinhei algumas palavras”. Durante o discurso, vestindo terno e gravata preta, Mr. Leonard Cohen fala sobre a grande história de uma guitarra espanhola e de um rapaz suicida. Conta o princípio das canções dele, e por arrasto de algumas canções nossas. Tremi quando ele disse "a madeira nunca morre". Falava da tal guitarra, falava da poesia e da ambiguidade que nos vem às mãos quando acontece um prémio de poesia. Suspeitei que falasse da vida toda. Volto ao discurso asturiano muitas vezes, assim como volto àquele referido court de ténis em Montreal onde as pessoas iam só para ver os jovens jogadores correr de um lado para o outro. Há qualquer coisa de brilhante nos corpos dos jogadores de ténis que atravessam a cidade. Há qualquer coisa de mais brilhante ainda numa guitarra Conde. Cohen nasceu em 34, e em 34 as histórias de fronteiras e de gente subindo às janelas de comboios como quem sobe um pé de feijão que promete a magia ainda não tinham entrado na Europa. Isto é mentira. Foi de 1939 a 1945 que nós vimos as janelas e as cabeças serem todas estilhaçadas e rebentadas. Depois disso nunca mais nos levantámos da cama sem poeira nos ombros. Eis-nos repetindo as bofetadas de novo, vezes e vezes sem conta, à beira da porta grega e da porta húngara, mesmo à beirinha da porta do coração do mundo. Somos uns brutos e esquecemo-nos constantemente do cheiro da madeira. Ignorámos o acorde secreto de David. Deixámos para trás a visão de uma mulher tomando banho no terraço ao fim do dia. Brutos completos. Esquecemos os tigres e falsificámos as montanhas, arrasámos com o sagrado, substituímos a palavra liberdade pela pontinha trémula do icebergue. Mentimos aos nossos pais e fingimos usar a camiseta da democracia enquanto cuspíamos na cara do príncipe da paixão. Quero dizer a Leonard Cohen que foi entre terramotos e brigas feias que nossa geração perdeu a chave enferrujada do Chelsea Hotel. Apesar de nossa cegueira e de nossos gritos nos corredores do metropolitano, aproveito para dizer: oitenta e um anos de vida, Leonard, parabéns. Que saibas que foi um bocado por tua culpa que aprendi a amar Suzanne e todas as declinações dela. I travelled blind por muitos anos mas havia sempre a tua canção ao fundo. Com o tempo aprendi a gostar de laranjas tanto quanto gosto de maçãs, aprendi a descascar as flores como se descascam os frutos, aprendi que também na curva de um supermercado se acham as espigas de trigo e que as espigas de trigo podem ser boas para amar. There are Salvation Army counters everywhere, man. Ainda penso em frágeis animais e às vezes desenho as penas deles sobre o balcão de um bar. Obrigada por isso, homem. Leio as frases um bocado assustadoras do Adorno e lembro-me de ti. Vejo os corredores de mármore que sempre atravesso em meus sonhos e muitas vezes tu andas por lá. Encosto a cabeça às omoplatas de um anjo impressionante e aparece sempre o teu canto. Cohen, os seis acordes que te foram ensinados pelo suicida espanhol estão connosco até hoje. E a gratidão que tu foste revelando devagar até àquele glorioso "Popular Problems" vai entrando hora após hora em nossos automóveis, por debaixo de nossas portas, no túnel escondido de nossos corações. Nossos corações estão um bocado estilhaçados, isso é certo. Veio a morte, veio o medo, veio a guerra e o espirro terrível que antecede a guerra. Fecharam as fronteiras à democracia e fecharam as portas àquele amor que se vinha anunciando desde os anos oitenta. Seja como for ainda temos o teu tom, e de noite ainda comparamos mitologias. Leo, olha, está tudo explodindo em nossas mãos. Mas nós continuamos assobiando as Sisters of Mercy sempre que o sol se põe no mar. Happy birthday, menino. You really got us singing, e portanto aceita um beijo deste planeta derrotado. Crónica mensal da escritora Matilde Campilho
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave morte guerra mulher homem medo
Poderá a doença de Alzheimer ser transmissível em certas condições?
Análise de cérebros de pessoas tratadas com hormona de crescimento derivada de cadáveres – e que morreram da doença de Creutzfeld-Jakob – levanta questões acerca da transmissibilidade da doença da Alzheimer entre seres humanos. (...)

Poderá a doença de Alzheimer ser transmissível em certas condições?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.214
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Análise de cérebros de pessoas tratadas com hormona de crescimento derivada de cadáveres – e que morreram da doença de Creutzfeld-Jakob – levanta questões acerca da transmissibilidade da doença da Alzheimer entre seres humanos.
TEXTO: Um pequeno estudo, realizado por cientistas britânicos, sugere que, em circunstâncias extremamente invulgares, certas alterações cerebrais características da doença de Alzheimer poderão ter sido transmitidas entre humanos, há várias décadas, através da injecção de extractos de tecidos, colhidos em cadáveres, a pessoas com deficiências da hormona de crescimento. Os resultados foram publicados esta quarta-feira na revista Nature. A ideia não é totalmente descabida. Existe de facto uma outra doença, muito bem estudada, que apresenta precisamente essa capacidade: a doença de Creutzfeld-Jakob (DCJ), em que uma proteína anormal, chamada prião, se multiplica no cérebro das suas vítimas transformando-o literalmente numa esponja. Pertence à categoria das encefalites espongiformes – tal como a tristemente célebre doença das vacas loucas, que atingiu proporções epidémicas na Europa nos anos 1980. Recorde-se aliás que a doença bovina deu origem, por transmissão através da ingestão de carne infectada, a uma nova forma de DCJ no ser humano. Seja como for, uma outra forma conhecida de DCJ deve-se justamente à transmissão de priões aquando de tratamentos realizados, entre 1958 e 1985, em crianças que não cresciam normalmente devido a deficiências da hormona de crescimento. Naquela altura não havia hormonas sintéticas e, para obter extractos da hormona, colhia-se a glândula pituitária de milhares de cadáveres. Cerca de 30. 000 pessoas receberam este tratamento no mundo ao longo desses anos. Mas quando começaram a aparecer casos de DCJ entre elas, o tratamento foi abandonado. Como salientou John Collinge, do University College de Londres e um dos líderes do estudo agora publicado, durante uma teleconferência de imprensa que precedeu a publicação do trabalho, das quase 2000 pessoas que receberam o tratamento no Reino Unido 77 já morreram com DCJ. No mundo inteiro, estima-se que sejam cerca de 450 e, em certos países, a proporção atinge os 6, 3% das pessoas tratadas. A título comparativo, o número de casos de DCJ na população geral é de cerca de um por milhão de habitantes por ano. O que motivou de facto o presente estudo foi a DCJ e não a doença de Alzheimer – e a descoberta agora anunciada foi acidental. “Fizemos autópsias aos cérebros de oito vítimas do tratamento com hormona de crescimento e ficámos muito surpreendidos ao vermos que alguns apresentavam extensos depósitos de proteína beta-amilóide”, explicou Collinge. A beta-amilóide é uma proteína anormal que forma placas no cérebro dos doentes com Alzheimer. “Alguns tinham placas no cérebro, outros depósitos da proteína anormal à volta dos vasos sanguíneos cerebrais. Só um deles não apresentava este tipo de alteração. ”Como os doentes eram muito novos na altura da morte (tinham entre 36 e 51 anos), os autores começaram por descartar as razões mais óbvias para a presença dessas placas no seu cérebro, tais como a predisposição genética à Alzheimer precoce. Não encontraram nenhuma. Também compararam os cérebros de 116 vítimas de DCJ que nunca tinham recebido hormona de crescimento e, mesmo nas pessoas dez anos mais velhas, não encontraram qualquer sinal de patologia associada à proteína beta-amilóide. Num artigo de comentário publicado na mesma edição da Nature, Mathias Jucker (Universidade de Tubingen, Alemanha) e Lary Walker (da Universidade Emory, EUA) resumem bem a conclusão – muito prudente – que se impõe à luz dos resultados: foram descobertos “indícios de que alterações cerebrais características da Alzheimer foram transmitidas entre humanos [e que] a transmissão ocorreu provavelmente através da injecção de hormona de crescimento humana derivada de cadáveres”. Se já se sabia que era possível induzir a formação de depósitos de beta-amilóide injectando “sementes” desta proteína (minúsculos agregados) no abdómen de ratinhos, esta é a primeira vez que o fenómeno é observado no ser humano. Contudo, como explicou ainda Collinge, isso não significa que, se não tivessem morrido com DCJ, aqueles doentes teriam um dia desenvolvido Alzheimer. Aliás, a equipa não detectou, nos cérebros dessas pessoas, um outro ingrediente essencial da doença: os “emaranhados fibrilares”, compostos de uma outra proteína, chamada tau. Mas apesar de os autores – e muitos peritos a cujas reacções a imprensa internacional teve acesso antes da publicação dos resultados – enfatizarem que este estudo é puramente observacional e portanto não demonstra de maneira alguma que a doença de Alzheimer seja “contagiosa”, as conclusões não deixaram de suscitar, na já referida teleconferência, questões acerca da potencial transmissibilidade da doença de Alzheimer.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA