A grande festa da democracia
Falou-se de tudo na campanha eleitoral: de reis, de escudos, de austeridade e até de pensos higiénicos. (...)

A grande festa da democracia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2015-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Falou-se de tudo na campanha eleitoral: de reis, de escudos, de austeridade e até de pensos higiénicos.
TEXTO: Hoje, à meia-noite, termina a campanha eleitoral para as legislativas de 4 de Outubro. Quarenta anos depois das primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte e 40 anos depois de Chico Buarque ter saudado a Revolução dos Cravos com a canção Tanto mar, apetece dizer: “Foi bonita a festa, pá. Fiquei contente. ” Não só fiquei contente, como fiquei esclarecido. Foram apresentadas ideias, debatidas propostas, rebatidos argumentos com 16 forças políticas a lutarem pelo voto dos portugueses na grande festa da democracia. Aqui e ali, há sempre alguém a exagerar e a querer estragar a festa. Um deles foi o PCTP/MRPP que afixou cartazes a ameaçar “Morte aos Traidores”. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) disse tratar-se de uma “metáfora”, acrescentando que “os visados não se queixaram”. Pudera! A CNE estava à espera que alguém fosse à esquadra da polícia dizer: "Bom dia, sou um traidor e queria apresentar uma queixa contra o partido do sr. dr. Garcia Pereira que ameaçou matar-me”?Mas o MRPP foi uma excepção numa campanha em que a maioria dos pequenos partidos tentou apresentar propostas pela positiva. Houve propostas para todos os gostos, algumas patetas, algumas ridículas, umas boas, outras nem por isso. Houve quem propusesse o regresso do escudo e outros que alvitraram o regresso do rei. Uns querem proibir o sexo com animais, outros querem acabar com a corrupção. Há quem tenha prometido a felicidade aos portugueses, sugerindo que se passasse a calcular a Felicidade Interna Bruta (FIB). Na intimidade do lar, uns como Marinho Pinto prometem um combate sem tréguas à "cultura onanística que se tem vindo a disseminar na sociedade" e outros como o PAN propõe a substituição do uso de pensos higiénicos e de tampões por um recipiente reutilizável. É a grande festa da democracia. Cabe tudo, cabem todos. Entre os partidos que actualmente têm assento parlamentar, as campanhas eleitorais da CDU e do Bloco de Esquerda surpreenderam pela positiva e ambos estão a lutar para tentar chegar a um número redondo de deputados. Jerónimo de Sousa quer passar dos 16 para os 20 – a última vez que o PCP teve duas dezenas de deputados foi há quase 30 anos. Catarina Martins não vai provavelmente repetir a proeza de 2009 de Francisco Louça dos 16 deputados, mas as sondagens permitem-lhe almejar subir dos oito para os dez. As campanhas de ambos conseguiram surpreender, não tanto pela mensagem, que a cassete continua igual, mas pela energia, capacidade de mobilização e facilidade em agarrar os temas da actualidade e transformá-los em armas de arremesso político contra a direita e contra os socialistas. Às vezes, diga-se, com alguma ligeireza e demagogia à mistura. Mas o nosso sistema político precisa de uma CDU e de um Bloco fortes, o quanto baste. Não para governar, porque têm ideias anacrónicas e nalguns casos descabidas e perigosas, mas para fiscalizar a governação. E isso quer um, quer outro são competentes a fazer. Os socialistas levaram tareia da direita e da esquerda, mas foram sem dúvida a grande desilusão da campanha eleitoral. António Costa chegou tarde à campanha. Chegou tarde, porque demorou uma eternidade para decidir desafiar a liderança de António José Seguro; e uma oposição não se constrói da noite para o dia. Muitos dos erros que António Costa cometeu na recta final da campanha já os devia ter cometido há dois, três, quatro anos. Para isso é que servem as travessias no deserto. Chegou tarde, teve de encurtar caminho e desencantar um programa eleitoral pronto-a-vestir que foi feito, e de uma forma bastante competente, diga-se, por Mário Centeno. Mas até o Excel de Mário Centeno chegou atrasado. O economista gizou um programa para ajudar a tirar o país de uma situação de emergência, mas quando o apresentou a economia já estava a crescer. Centeno faz lembrar aquele bombeiro que chega para apagar o fogo, quando o incêndio já está praticamente dominando. E continua teimosamente a regar, arriscando-se a provocar uma grande inundação. A proposta de baixar a TSU dos trabalhadores para espevitar o consumo, à custa das pensões futuras, é uma ideia brilhante para uma situação de emergência, e arriscada numa altura em que o consumo já está a crescer.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN PCP
Paulo Morais apela a alterações à Lei Eleitoral antes das legislativas
O candidato a Belém propõe criação de um círculo nacional de compensação. (...)

Paulo Morais apela a alterações à Lei Eleitoral antes das legislativas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: O candidato a Belém propõe criação de um círculo nacional de compensação.
TEXTO: O candidato à Presidência da República Paulo Morais defendeu esta terça-feira alterações à Lei Eleitoral com o argumento de que o “sistema de representação proporcional nos actos eleitorais vem sendo sucessiva e reiteradamente violado”. E propôs a criação de um círculo nacional de compensação, corrigindo parcialmente a desproporção entre o número de votos e de eleitos. Numa carta enviada esta terça-feira à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, Paulo Morais adverte que a “Constituição impõe, através do seu artigo 288. º, o sistema de representação proporcional nos actos eleitorais, mas que esse preceito constitucional vem sendo sucessiva e reiteradamente violado”. “Bastará atentar aos inúmeros exemplos de desvio grosseiro à proporcionalidade verificados nos últimos actos eleitorais para verificar que este preceito constitucional tem vindo a ser violado”, aponta. Centrando-se nos resultados das eleições legislativas de 2011, o antigo vereador da Câmara do Porto revela que o “PSD elegeu um deputado por cada 19. 992 votos e, no outro extremo, o BE necessitou de 36. 115 votos para cada deputado eleito”, exemplificou, sublinhando que “os deputados do PSD são, assim, eleitos com praticamente metade dos votos dos do BE”. Para além disso, revela, “as listas do PAN [Partido pelos Animais e Natureza] e do PCTP-MRPP não elegeram qualquer deputado, apesar de terem recebido muito mais votos do que o número de sufrágios por deputado de qualquer uma das listas com deputados eleitos”. A cinco meses das eleições, o candidato a Belém, que faz da luta contra a corrupção a sua bandeira eleitoral, diz que “seria de todo necessário, ainda antes das legislativas, repor a proporcionalidade no sistema eleitoral nos termos em que a Constituição impõe”, pelo que sugere alterações pontuais à Lei Eleitoral para a Assembleia da República. "A distribuição dos mandatos pelos círculos deve obedecer ao critério do quociente eleitoral e não ao método de Hondt, defende, explicando que este método, que vem sendo utilizado para este fim, deveria ser usado apenas para a ‘conversão de votos em mandatos’ como estipulado no artigo 16. º da mesma lei”. Esta proposta decorre do resultado de um estudo de impacto destas medidas nos resultados eleitorais das últimas legislativas feito pelos professores José Matos e Paulo B. Vasconcelos. Os dois professores simularam as consequências do impacto das medidas em termos de distribuição de mandatos parlamentares.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN PSD BE
Na cama com Edward Snowden, longe das breaking news
Citizenfour não é um documentário sobre Edward Snowden na ressaca de se ter tornado o homem mais procurado do mundo. (...)

Na cama com Edward Snowden, longe das breaking news
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Citizenfour não é um documentário sobre Edward Snowden na ressaca de se ter tornado o homem mais procurado do mundo.
TEXTO: Não é, em suma, o retrato de um fugitivo a lidar com as consequências pessoais e planetárias (quando uma borboleta bate as asas…) dos seus actos – ter revelado que o Governo americano recolhe secretamente informação sobre os emails, chamadas de telefone, pesquisas na Internet e os hábitos de navegação online de, virtualmente, toda a gente no mundo, incluindo Angela Merkel. Citizenfour foi filmado precisamente no momento em que Snowden fez essas revelações, num quarto de hotel em Hong Kong, em Junho de 2013. Decorridos quase dois anos, essas revelações são, hoje, old news e o documentário não oferece muito material inédito desse ponto de vista (mesmo a revelação final de que os assassínios de alvos específicos através de ataques de drones são decididos por uma cadeia de comando encabeçada pelo Presidente Obama já tinha sido avançada pelo New York Times). “Fazer um documentário não tem nada a ver com breaking news [notícias de última hora]”, diz a realizadora americana Laura Poitras ao telefone a partir de Nova Iorque. "Eu sabia que o material que tinha era muito diferente da actualidade informativa. E que tinha de ser mais intemporal. O meu filme mostra a História a acontecer e pessoas a arriscarem as suas vidas. Eu sabia que ver isso a acontecer em tempo real seria único. ”Talvez o mundo não tivesse ouvido falar de Edward Snowden até hoje se não fosse Laura Poitras. Em Janeiro de 2013, ela recebeu um email anónimo pedindo a sua chave pública de encriptação (um código que permite trocar mensagens por uma via segura, que só o destinatário poderá ler). Poitras obedeceu e o desconhecido respondeu com instruções para criar um sistema ainda mais invulnerável para proteger a correspondência entre os dois, prometendo revelar informação sensível. Algumas mensagens enviadas então por Snowden tinham o determinismo de uma divindade anónima – o tipo de coisa que faz soar alarmes no espectro das suspeitas. “Você perguntou por que é que eu a escolhi. Não fui eu que a escolhi. Foi você mesma. ” Havia, no mínimo, duas hipóteses que Laura Poitras teria de excluir: que o anónimo fosse um louco ou um espião americano tentando obter informações sobre as fontes que a realizadora contactara para o documentário sobre vigilância estatal que ela andava a fazer. “Fiz-lhe toda a espécie de perguntas no início. 'Como posso saber que isto não é uma armadilha?’ Esse foi o meu segundo email para ele. E ele respondeu de forma muito convincente”, lembra a realizadora. "Ainda assim, mantive algum cepticismo, o que provavelmente é uma atitude sábia em situações como essa. Ele estava a fazer declarações muito arrojadas sobre uma agência do Governo [National Security Agency, ou NSA] de onde não saem muitas fugas de informação. Em todo o caso, o meu instinto inicial é que ele era para levar a sério. ”Glenn Greenwald, um jornalista freelance que escrevia artigos e colunas de opinião críticos e combativos sobre as políticas contraterroristas e sobre a erosão das liberdades individuais na América pós-11 de Setembro, tinha sido contactado por Snowden antes de Poitras, mas a comunicação entre os dois não durou muito: Greenwald ignorou o pedido de Snowden para montar um sistema de encriptação que protegesse a correspondência. O que terá feito Snowden procurar Laura Poitras foi a experiência pessoal da realizadora com a paranóia securitária do Governo americano. Em 2006, depois de concluir um documentário crítico da guerra do Iraque, My Country, My Country, Poitras descobriu que o seu nome fora incluído numa lista do Departamento de Segurança Nacional (Homeland Security). Todas as vezes que viajava de avião tinha de se submeter a ser revistada ou levada para um interrogatório sobre as suas viagens e o seu trabalho. Uma vez, em Viena, o agente de segurança do aeroporto informou-a de que ela estava identificada como uma ameaça de alerta máximo. Ela perguntou se isso era um sistema de classificação europeu ou americano. A resposta foi: “Não, isto foi feito pelo seu Governo e foi ele que nos pediu para a deter. "Poitras calcula que foi retida em aeroportos umas 40 vezes entre 2006 e 2012. Numa dessas ocasiões o seu computador e telemóvel foram confiscados durante semanas. No Outono de 2012, mudou-se para Berlim. Figurar numa lista do seu Governo como uma suspeita tornou-a particularmente sensível ao tema da vigilância de Estado. Mas, mais importante do que isso, diz, deu-lhe a preparação certa para lidar com Snowden quando ele apareceu. “Estar na lista ajudou-me a fazer Citizenfour. Como tive de tomar muito cuidado para proteger as minhas fontes, recorrendo à encriptação e coisas do género, isso deu-me o treino que eu precisava”, ri-se. “Além disso, eu já tinha sido retida tantas vezes no aeroporto que decidira que não ia parar de fazer o meu trabalho só porque o Governo me estava a tentar intimidar. Quando Snowden apareceu, a decisão foi fácil. Não me preocupei com os riscos que poderiam estar envolvidos. ”Se o Garganta Funda tivesse caraEdward Snowden fez saber que não tencionava permanecer anónimo por muito tempo, ao contrário do que é mais comum com whistleblowers, os denunciantes que expõem actividades secretas ou informação considerada sensível pelo Governo americano. Bradley Manning, o militar por detrás da fuga de documentos secretos divulgados pela WikiLeaks em 2010 (relatórios de guerra e documentos diplomáticos), foi exposto por um ex-pirata informático que se tornara seu confidente. “Foi uma surpresa para mim porque pensei que Snowden não quereria ser identificado. Quando ele me disse o contrário pedi que nos encontrássemos pessoalmente”, explica Poitras. “ Pessoas como Bradley Manning nunca tiveram realmente uma voz. As suas opiniões foram filtradas pela comunicação social. É isso que faz com que este caso seja singular. Ao decidir tornar pública a sua identidade, Snowden conseguiu articular a sua perspectiva, em vez de ela ser filtrada apenas pela narrativa do Governo ou dos media. "Em Junho de 2013, Poitras e Glenn Greenwald (por recomendação de Snowden, que avisou Poitras de que ela iria precisar de ajuda) viajaram até Hong Kong para conhecer o ex-analista de infraestruturas subcontratado pela NSA. Um terço de Citizenfour corresponde a esse encontro, que se desenrola ao longo de oito dias num quarto de hotel. Vemos Snowden responder às perguntas de Glenn Greenwald, a explicar as suas motivações ("Estou mais disposto a ser preso do que a aceitar o enclausuramento da minha liberdade intelectual”), a reagir aos acontecimentos à medida que eles ocorrem. Quando os três – Snowden, Poitras e Greenwald – fazem o vídeo de 12 minutos e meio que revela a identidade do informador e a sua cara está em todas as televisões do mundo como se fosse um criminoso foragido, Edward Snowden é, apenas, um homem frustrado com o estado do cabelo. Snowden está em frente ao espelho da casa-de-banho, a compor o cabelo, mas sempre insatisfeito com os resultados. A preocupação com esse detalhe contrasta com a indiferença que parece mostrar em relação ao circo mediático que está a decorrer no televisor do seu quarto, causado por ele próprio. Citizenfour é o que Os Homens do Presidente poderia ter sido se o Garganta Funda, o informador secreto do escândalo de Watergate, que derrubou Richard Nixon e o seu Governo, tivesse tido uma cara (a sua identidade só foi revelada mais de 30 anos depois). Quando Greenwald questiona Snowden sobre as suas motivações pessoais, a resposta é: "Os media concentram-se demasiado em personalidades. Eu não sou a história aqui. ”Mas por mais que Citizenfour procure dar um contexto mais lato, alargando o seu espectro a outras figuras (whistleblowers e activistas como William Binney, Jacob Appelbaum, Julian Assange, e o próprio Greenwald), estas parecem personagens secundárias, quando não efémeras, convocadas para preparar a chegada do verdadeiro protagonista, Edward Snowden, ou mostrar as repercussões dos seus actos, no terceiro acto do filme. Snowden foi imediatamente definido como um herói corajoso que se sacrificou em nome do interesse público, ou um traidor irresponsável que expôs informação sensível aos inimigos da América e fugiu para não ser apanhado – conforme o ponto de vista. A imprensa americana escrutinou a sua biografia, iluminando antecedentes que soaram duvidosos para alguns ou sedutoramente humanos para outros (as inclinações políticas, a namorada stripper, as aparentes contradições de carácter). Vendo Citizenfour, percebe-se até que ponto ele permanecia uma figura abstracta até agora, definido por especulações e suposições. Apesar de ter ouvido o ocasional “Fiquei com uma ideia diferente dele depois de ter visto o seu filme”, Poitras garante que não se preocupou com a percepção pública em relação a Snowden. “Enquanto cineasta, quero fazer filmes que levem as pessoas a conclusões diferentes. Não estou interessada em projectar apenas o que eu penso. ” Poitras, que se descreve como ""uma jornalista visual”, nota que a abordagem jornalística "inclui opiniões diferentes”, concluindo: "Não quero falar em nome do público. ”Não é que o seu filme, que ganhou recentemente o Óscar de melhor documentário, decifre o enigma que é Snowden – felizmente. A sua abnegação tranquila, a sofisticação com que lida com jornalistas apesar da sua inexperiência mediática, a forma excepcionalmente articulada como responde às perguntas que lhe colocam, sugerem outros mistérios. Tudo o que ficamos a saber sobre Edward Snowden é que é um homem preocupado com o cabelo.
REFERÊNCIAS:
Maldita Lituânia
Portugal continua nos cuidados intensivos. Felizmente está melhor, mas ainda não se curou. (...)

Maldita Lituânia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Portugal continua nos cuidados intensivos. Felizmente está melhor, mas ainda não se curou.
TEXTO: Nestes dias de muito boas notícias (o desemprego em baixa, o crescimento em alta, o défice finalmente domado na casa dos 2%), os desmancha-prazeres do Expresso deram-se ao desplante de titular na primeira página do último sábado: “PIB: Lituânia ultrapassa Portugal em 2017”. No actual clima de ranço e ódio que abunda nas redes sociais, quando ter uma opinião é um risco que ou leva à condenação por serventia ao Governo ou submissão à oposição, a notícia de desempenhos como o da Lituânia servirá apenas de festa para alguns e de desdém para outros tantos. Mas, esqueçamos por um momento esse país a preto e branco que a devoção acéfala ou o ódio bafiento à “geringonça” suscita e comparemos os resultados da frente económica com os resultados dos outros. Não, não é para desesperar: é apenas para firmar os pés na terra e evitar o embandeiramento em arco que há tão pouco tempo nos levou ao limiar do precipício. Comecemos pelo princípio, pelos dados da economia e das finanças, para esclarecer o óbvio: Portugal vive um dos seus mais esperançosos períodos da última década. Os resultados que os ministros da Economia, das Finanças ou o primeiro-ministro apresentaram ficaram muito para lá das melhores expectativas. Raramente houve igual fundamento para um Governo abrir o peito às balas da oposição e reclamar louros. Negar é realidade só se faz por ressabiamento, fundamentalismo partidário ou ideológico ou por mau perder. Diga-se o que se disser (e nesta coluna disseram-se muitas coisas sobre os limites do modelo do Governo para a economia), António Costa, Mário Centeno e Manuel Caldeira Cabral estão em alta. Não apenas por causa dos indicadores fechados em 2016 mas, principalmente, porque em causa está uma tendência de aceleração no crescimento, no emprego e no investimento que podem tornar 2017 ainda mais optimista. Só que fazer destes dados uma festa que ilustra a genialidade do Governo e atesta a incompetência da oposição é como comer batatas com batatas e exibir no rosto uma satisfação pantagruélica. Os resultados, principalmente o do crescimento de 1. 4%, só são bons porque deixámos de ter expectativas. Perante os erros da troika, a vacuidade do anterior governo e a fragilidade e inconsistência programática do actual, face à dívida, ao rating da República à condição da Europa e do Mundo, limitamo-nos trocar estados de alma ao ritmo dos resultados trimestrais. Há 30 anos jurávamos a pés juntos que haveríamos de ser prósperos e modernos como os alemães; agora, nem sequer somos capazes de ser tão ricos como a Lituânia, ou Malta, ou Chipre, ou a Eslováquia, ou a República Checa. Ficámos para trás, cada vez mais perto da cauda da Europa. Os resultados só são bons porque contrariam o pessimismo e a falta de confiança que uma boa parte do país depositou no Governo. E são-no também porque depois de 2000 nos viciámos no discurso da sobrevivência, ou da resistência, e alimentámos o vício com doses industriais de desesperança. Foram-nos dizendo que o problema se resolveria com tempo, com dádivas da Europa, com o brilho da nova geração de crânios ou de empresas e muitas reacções aos novos indicadores da economia parecem legitimar essa expectativa sobre a existência de milagres. Com excepção dos anos da troika, em que o sobressalto fez disparar as exportações, reinventou a agricultura e nos levou a desprezar a protecção aos “campeões nacionais” designados na secretária de Ricardo Salgado, José Sócrates e quejandos, gostamos de viver na modorra. O Governo de António Costa, com o floreado do virar da página é de alguma forma o regresso a essa vida calma, previsível, onde crescer 1. 4% até é bom. O mundo, infelizmente, não é bem assim. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A Lituânia passou entre 2008 e 2010 por um ajustamento duríssimo, com reduções dos salários públicos de 20 a 30%, com cortes nas pensões acima de 10%, com toda a coreografia dramática das exigências do FMI (pobreza, desemprego, desesperança) e se está hoje onde está é porque o sacrifício valeu a pena. O mesmo aconteceu na Irlanda. Ou, em parte, na Espanha. Se Portugal continua a ter ainda hoje um PIB abaixo do que registava em 2009, se cresce a ritmo de caracol, se a pobreza se mantém na ordem dos 20% da população e se continua a ser ultrapassado pelo cão e o gato é porque o sacrifício não valeu a pena. Afinal, Portugal não deixou de ser um paraíso para as corporações patrocinadas pelo Estado. Não deixou de ser condescendente com ministros que fogem à verdade. Permite fugas de dez mil milhões de euros para os off-shores perante a passividade das autoridades tributárias. Subalterniza a matemática e o português nas escolas. Dá horários de privilégio a funcionários públicos. Isenta os restaurantes da equidade fiscal. É este nível de abdicação que ora legitima o quanto pior melhor do PSD e do CDS, ora o discurso triunfal dos que vêm na travagem do défice ou na aceleração da economia uma Aljubarrota dos tempos modernos. Se por um instante desviarmos o olhar de Costa, de Passos ou de Assunção Cristas e olharmos para os bálticos havemos de perceber o ridículo da festa. Se a teoria do “virar de página da austeridade” era arriscada e perigosa (e falsa), o mesmo risco e perigo poderá acontecer se o “optimismo crónico e ligeiramente irritante” do primeiro-ministro (a expressão é do Presidente da República), o levar a decretar o estado de graça e o fim da crise. Cair na tentação de crer que tudo corre sobre rodas, que o Governo faz milagres com o beneplácito do Bloco e do PCP, que Deus é português, que a coisa se resolve, que os povos, como os indivíduos ou as famílias, não são sujeitos a tempos de reequilíbrio e de luta árdua, será uma forma de varrer o lixo para debaixo do tapete. Com a dívida pública nos 130% e a dos privados nos 181% do PIB, com a falta crónica de capital para investir, com o rating no lixo e os juros condicionados pela acção do BCE, Portugal continua nos cuidados intensivos. Não é alarmismo, é pura verdade: cuidados intensivos. Felizmente está melhor, mas ainda não se curou. Um diagnóstico optimista pode ser bom de ouvir para o paciente, mas jamais o levará a seguir a dureza da cura. Como se sabe (e os últimos anos confirmaram), o país é muito melhor quando age sob pressão, quando tem de ir para a Índia ou para o Brasil. Quando relaxa com as especiarias, o ouro, os fundos europeus ou discursos delicodoces torna-se tão mole que até os Bálticos que há pouco tempo saíram da tirania colectivista o ultrapassam.
REFERÊNCIAS:
Quando se desliga este gene, os neurónios crescem
Investigadores portugueses perceberam que um gene ligado à dislexia interfere no crescimento dos prolongamentos dos neurónios. A descoberta pode ser útil para a dislexia mas também para tratar lesões medulares. (...)

Quando se desliga este gene, os neurónios crescem
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Investigadores portugueses perceberam que um gene ligado à dislexia interfere no crescimento dos prolongamentos dos neurónios. A descoberta pode ser útil para a dislexia mas também para tratar lesões medulares.
TEXTO: Um dos grandes desafios dos cientistas é encontrar formas de reactivar o crescimento das células nervosas que, depois do desenvolvimento embrionário, perdem essa capacidade. Encontrar soluções para esta limitação pode ajudar a reparar problemas como doenças neurodegenerativas ou lesões na medula. Um grupo de investigadores portugueses investigou um gene que já tinha sido associado à dislexia e percebeu que, quando este gene não está “ligado”, as células nervosas crescem. A descoberta vem descrita num artigo publicado na revista Cerebral Cortex. No processo de formação, os neurónios migram a um determinado ritmo para os sítios onde devem estar quando somos adultos e estendem um prolongamento de fibra (o axónio) que transmite os impulsos eléctricos para os locais certos. É com esta impressionante e coordenada “instalação eléctrica” que o cérebro se organiza. Às vezes, como sabemos, as coisas não correm de forma perfeita. A dislexia é um problema que surge durante este complexo processo do desenvolvimento embrionário. Em estudos anteriores, os cientistas tinham já concluído que as pessoas que sofrem de dislexia (em Portugal estima-se que afecte uma em cada 25 crianças) têm níveis baixos de uma proteína chamada KIAA0319, que permite que os neurónios recebam sinais do meio que os rodeia. Porém, não se sabia, até agora, qual a função deste gene nas células nervosas. O gene KIAA0319, que comanda a produção a proteína com o mesmo nome, ficou conhecido pelas suas ligações íntimas à dislexia e pensava-se que a sua função seria controlar, de alguma forma, a migração dos neurónios. “O que mostrámos foi que não controla a migração dos neurónios, controla o crescimento do axónio”, aponta Mónica Sousa, investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) da Universidade do Porto, que liderou a investigação. Para o estudo da dislexia, estas pistas serão exploradas agora por outra equipa do Reino Unido que colaborou no trabalho. Os cientistas podem, por exemplo, experimentar aumentar os níveis desta proteína durante o desenvolvimento embrionário para perceber se isso produz algum efeito na prevenção da dislexia. Porém, os investigadores portugueses estão centrados sobretudo na regeneração do tecido nervoso e, por isso, apanhando a boleia desta capacidade do KIAA0319, fizeram um desvio para fora do cérebro. “Além do cérebro, este gene é expresso noutras partes do sistema nervoso, na medula espinal, nos nervos periféricos”, explica a investigadora do I3S que quis perceber se esta proteína conseguia fazer com que as células nervosas crescessem num adulto quando é preciso, ou seja, quando existe uma lesão. Assim, a equipa investigou a acção do KIAA0319 em ratinhos adultos, com experiências in vitro e depois in vivo. “Tínhamos dois tipos de animais: um grupo sem KIAA e uns animais que faziam a sobreexpressão do KIAA. Foram provocadas lesões nos dois grupos e o que mostrámos é que, nos animais sem KIAA, os axónios crescem mais. Regeneram mais facilmente. Nos outros não há regeneração”, explicou ao PÚBLICO. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Ou seja, a presença da KIAA0319 e a quantidade em que está presente nos neurónios determina o efeito que um sinal pode ter quando chega à célula”, refere o comunicado de imprensa do I3S sobre o estudo. No mesmo documento, Filipa Franquinho Ferreira, a primeira autora do trabalho, esclarece: “A sobreexpressão do gene que codifica a proteína KIAA0319 reduz o crescimento dos axónios – o prolongamento dos neurónios que estabelece conexão com outros neurónios para estabelecer as redes neuronais –; e a subexpressão estimula o crescimento e desenvolvimento de neuritos [os axónios e as dendrites, a árvore de ramificações dos neurónios]”. Então, menos proteína significa mais crescimento dos axónios das células e isso provoca problemas como a dislexia? “Parece um contra-senso”, admite Mónica Sousa, que sublinha, no entanto, que “crescer mais durante o desenvolvimento não é necessariamente uma coisa boa”. O bom desenvolvimento do nosso cérebro tem de acontecer de uma forma perfeitamente sincronizada e precisa. O axónio de cada um dos neurónios tem de se estender do sítio certo, ao ritmo certo e para o sítio certo. “Se crescerem mais ou menos ou para um sítio diferente é potencialmente mau. ”E agora? Os grupos dedicados à dislexia podem usar este conhecimento para explorar a actuação deste gene e a sua relação com os sinais que recebe, para de alguma forma tentar interferir no processo de desenvolvimento dos neurónios, especula Mónica Sousa. Já a equipa do I3S, vai tentar encontrar formas de “desligar” este gene num modelo animal (adulto), promovendo assim o crescimento dos axónios das células nervosas numa situação em que é preciso que isso aconteça, como é o caso de uma lesão medular. “Vamos montar um ensaio pré-clínico que permita testar alguns inibidores farmacológicos deste gene. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo animal
O MAAT “foi feito muito depressa”, por isso volta às obras antes da reabertura
As obras, iniciadas na semana passada, vão prolongar-se por mais três semanas. Decorrem enquanto o museu está fechado para instalação de novas exposições. (...)

O MAAT “foi feito muito depressa”, por isso volta às obras antes da reabertura
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.216
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: As obras, iniciadas na semana passada, vão prolongar-se por mais três semanas. Decorrem enquanto o museu está fechado para instalação de novas exposições.
TEXTO: A um mês da reabertura, o Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) está novamente em obras. Dezenas de azulejos foram retirados durante a passada semana e estão agora a ser recolocados. Grande parte da escadaria à entrada do museu também foi levantada. “Foi tudo feito muito depressa, por isso agora estamos a fazer melhorias nos acabamentos. Estamos a melhorar os remates” no topo e na base do edifício, um projecto de Amanda Levete, adiantou ao PÚBLICO fonte da empresa responsável pela empreitada, Luís Frazão S. A. Construção Civil e Obras Públicas. Aberto ao público a 5 de Outubro, três anos de obra e 20 milhões de euros depois, o MAAT está encerrado desde dia 6 de Fevereiro até 22 de Março, data da reabertura e inauguração de duas exposições. No final de Janeiro, o administrador executivo e director-geral da Fundação EDP, Miguel Coutinho, explicava à agência Lusa que o encerramento do novo edifício servia para "proceder à instalação das novas exposições que vão decorrer em todas as salas, e fazer algumas pequenas reparações, que já estavam previstas". As obras, iniciadas na semana passada, vão prolongar-se por mais três semanas, assegurou a fonte no local. O piso superior, onde o jardim continua em obras, tem o acesso vedado do lado da Central Tejo, o primeiro edifício do complexo museológico da Fundação EDP. O jardim, projecto do arquitecto paisagista Vladimir Djurovic, vai ter 300 árvores e 3000 arbustos a ladear os dois edifícios ao longo de 38 mil metros quadrados. Segundo as previsões de Miguel Coutinho, o jardim, assim como a ponte pedonal a ligar as duas margens separadas pela linha de comboio, estarão prontos em Maio. O director-geral da Fundação EDP referiu, no mês passado, que já estava a ser preparado a estrutura metálica da ponte em estaleiro. “Até Maio temos garantias de que tanto o jardim como a ponte pedonal estarão concluídos. Quando digo Maio é para ser o mais rigoroso possível, porque podem estar prontos em Abril”, explicou ao PÚBLICO em Janeiro. Quanto ao também previsto restaurante com vista para o Tejo, Miguel Coutinho adiantara que esperava abrir até Junho. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quando reabrir, a 22 de Março, a entrada no MAAT já será paga. Uma visita conjunta ao novo edifício e à Central Tejo vai custar 9 euros. Paga 5 euros quem preferir a visita a apenas um dos espaços. Haverá ainda um cartão anual que, por 20 euros, dá acesso a duas pessoas a todas as exposições. A reabertura coincide com a inauguração da exposição Utopia/Distopia, com obras de arquitectos e artistas plásticos portugueses e estrangeiros, e da performance “Ordem e Progresso” do artista mexicano Hector Zamora, que vai ocupar a galeria oval do MAAT com destroços de tradicionais barcos de pesca portugueses. Situado na margem lisboeta do rio Tejo, em Belém, o novo edifício é o segundo do complexo da Fundação EDP. Ao lado da Central Tejo, um exemplar da arquitectura industrial que se tornou num museu em 2004, o novo edifício com assinatura da arquitecta britânica tem quase 15 mil placas de cerâmica a cobrir a fachada, a entrada do museu e parte do restaurante.
REFERÊNCIAS:
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Armando Silva Carvalho vence Correntes d'Escritas
O livro de poemas A Sombra do Mar recebeu esta quarta-feira o Prémio Literário Casino da Póvoa. (...)

Armando Silva Carvalho vence Correntes d'Escritas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.3
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O livro de poemas A Sombra do Mar recebeu esta quarta-feira o Prémio Literário Casino da Póvoa.
TEXTO: O Prémio Literário Casino da Póvoa de 2017 foi atribuído esta quarta-feira ao livro de poemas A Sombra do Mar (Assírio & Alvim, 2015), de Armando Silva Carvalho, “pela força imagética da sua escrita e pela tensão conseguida entre ironia e melancolia”. Anunciado ao final desta manhã no Casino da Póvoa de Varzim, na sessão oficial de abertura da 18. ª edição do festival literário Correntes d’Escritas, que contou este ao com a presença do Presidente da República e do ministro da Cultura, o prémio, no valor de 20 mil euros, foi atribuído ao livro de Armando Silva Carvalho por um júri constituído por Almeida Faria, Ana Gabriela Macedo, Carlos Quiroga, Inês Pedrosa e Isaque Ferreira. A decisão foi tomada por maioria e, na sua declaração, o júri assume que “mereceram particular atenção” os livros Bisonte, de Daniel Jonas, e O Fruto da Gramática, de Nuno Júdice. Justificando a escolha, o júri considera que A Sombra do Mar “nos traz um conjunto de poemas formando um corpo orgânico de grande unidade estilística e temática, no qual as alusões ao mar e à água constituem um leitmotiv que percorre todo o livro em sucessivas variações (…)” e encontra na obra “um percurso reflexivo capaz de unir a ‘prosa do mundo’ à mais alta expressão lírica da poesia contemporânea em língua portuguesa”. Além dos dois outros finalistas já referidos, a short list do prémio incluía Animais Feridos, de António Carlos Cortez, Auto-retratos, de Paulo José Miranda, Persianas, de Miguel-Manso, Vem à Quinta-Feira, de Filipa Leal, e Outro Ulisses Regressa a Casa, do poeta Luís Filipe Castro Mendes, cujo alter-ego ministerial participou na sessão. No ano passado, o vencedor do prémio foi o ficcionista espanhol Javier Cercas, com o romance As Leis da Fronteira. Tendo-se estreado há mais de 50 anos, em 1965, com o notável Lírica Consumível, que venceu nesse ano o Prémio de Revelação da Sociedade Portuguesa de Escritores, Armando Silva Carvalho, nascido em Óbidos em 1938, entrou no século XXI em grande forma criativa, com títulos como Lisboas (2000), O Amante Japonês (2008), Anthero Areia e Água (2010) ou De Amore (2012). A Sombra do Mar, possivelmente o seu melhor livro desde Lisboas, já tinha recebido os prémios da Sociedade Portuguesa de Autores, da Fundação Inês de Castro e da revista Cão Celeste, assim como o Grande Prémio de Poesia António Feijó, uma parceria da Associação Portuguesa de Escritores com a Câmara Municipal de Ponte de Lima. Em recensão publicada no suplemento Ípsilon em Agosto de 2015, o crítico do PÚBLICO Hugo Pinto Santos escrevia que neste livro "Armando Silva Carvalho ergue de novo a sua língua a realizações de sistemática força rítmica e de uma pulsão metafórica intensa mas sempre medida", sublinhando o seu singular "poder de escrita e de criação". O nome do vencedor do 18. º Correntes d’Escritas foi anunciado por Almeida Faria, logo antes de o presidente da administração do Casino da Póvoa ter intervindo para explicar que a casa perdeu receitas, mas mesmo assim emprega muita gente, numa óbvia resposta à manifestação de trabalhadores do Casino que, aproveitando a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, protestavam à porta contra os baixos salários e um recente despedimento colectivo de 21 funcionários. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O ensaísta e poeta Eugénio Lisboa, homenageado na edição deste ano do Correntes d’Escritas, fez depois uma brevíssima intervenção apenas para agradecer o tributo. Já Castro Mendes assinalou a importância do festival, que conhece bem, na democratização da leitura, sublinhando o acolhimento que a população da Póvoa dá a estes encontros. Esta “participação popular” e a importância da relação do festival com as escolas são bons argumentos, afirmou o ministro, para sustentar a pretensão da Póvoa de obter o estatuto de cidade literária da Unesco, já atribuído a Óbidos. O Presidente da República fechou a sessão, lembrando que o cidadão Marcelo já passara por este festival e evocando o seu próprio contributo para a divulgação do livro nas suas célebres escolhas dos tempos de comentador televisivo. Elogiando o festival, o PR disse que “basta falar com escritores para perceber que o Correntes d’Escritas ganhou um lugar muito especial no calendário dos encontros literários” portugueses. Entre os 80 convidados desta edição, Rebelo de Sousa referiu Pinto Balsemão, que fará a conferência de abertura do festival, o homenageado Eugénio Lisboa, e ainda Luís Filipe Castro Mendes, “um ministro a concurso”, que “veio aqui com o seu ortónimo poeta e o seu heterónimo ministro”.
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O sublime em violoncelo: de Schubert a Tinoco
Duas experiências estéticas de altíssimo nível, tendo como traço de união a proeminência do violoncelo. (...)

O sublime em violoncelo: de Schubert a Tinoco
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Duas experiências estéticas de altíssimo nível, tendo como traço de união a proeminência do violoncelo.
TEXTO: O passado fim-de-semana ofereceu, na área metropolitana de Lisboa, duas experiências estéticas de altíssimo nível, tendo como traço de união a proeminência do violoncelo. No sábado tivemos no Casino Estoril a primeira parte das Schubertíadas organizadas pela Fundação D. Luís, em colaboração com a Sociedade Estoril-Sol, sob proposta do Moscow Piano Quartet (formação residente em Cascais). O quarteto foi reforçado com dois convidados de peso: o violinista Nicolas Dautricourt e o violoncelista Ivan Monighetti. Se Dautricourt pôde evidenciar o seu panache na Fantasia em dó maior para violino e piano de Schubert, Monighetti foi assombroso na sua Sonata em lá menor para arpeggione e piano: nunca a linha do violoncelo, num fraseado de inexcedível e aveludada fluidez, me tinha soado tão naturalmente impregnada de leveza vocal e pujante simplicidade. Ambos os solistas tiveram no pianista Alexei Eremine um parceiro perfeitamente entrosado, ágil, claro e incisivo. Na segunda parte do concerto, o Quinteto em dó maior para dois violinos, violeta e dois violoncelos de Schubert recebeu uma interpretação de primeiríssima água, só deixando margem para pequena maturação futura no longo andamento inicial: tudo nos restantes foi da ordem da intemporal perfeição. SchubertíadasMoscow Piano QuartetFoyer panorâmico do Casino Estoril18 de Fevereiro, 18hSala a 2/3Perfeita foi também, no dia seguinte, a direcção do maestro Pedro Neves à frente da Orquestra Sinfónica Portuguesa, no Centro Cultural de Belém. Uma pouca frequentada, mas bela Abertura da ópera L'hôtellerie portugaise, de Cherubini, abriu o concerto; a fechar, a conhecida Sinfonia Escocesa de Mendelssohn. Em ambas as obras a orquestra mostrou-se na sua melhor forma. A precisão nas entradas, a justeza dos tempos, o cuidado no esculpir das frases, a inteligente exploração das gradações dinâmicas — tudo contribuiu, sem espalhafato, para valorizar a música e seduzir o ouvinte. TrânsitosOrquestra Sinfónica PortuguesaGrande Auditório do Centro Cultural de Belém19 de Fevereiro, 17hSala a 2/3Entre estas duas partituras, escutou-se o novo Concerto para violoncelo e orquestra de Luís Tinoco (estreado no dia anterior em Almada), no qual se destacou o solista Filipe Quaresma. Este tinha já tocado este ano no CCB o Duplo Concerto para violino, violoncelo e orquestra de Brahms, onde, em excelente parceria com Johannes Lorstad e a Orquesta de Extremadura, dirigida por Nuno Côrte-Real, alardeou a sua impressionante técnica, ao serviço de uma rara intensidade expressiva. Mas o violoncelo que nos trouxe o Concerto de Luís Tinoco, apontado para semelhante patamar de virtuosismo, recorre a técnicas de escrita diversas e é, esteticamente, um outro animal, menos ancorado na subjectividade e na exuberância solísticas do que a herança do romantismo nos faz esperar. Aqui, numa das possíveis narrativas, o som do violoncelo começa por se erguer em melancolia sobre uma paisagem desolada, melodicamente inerte, veiculada pela orquestra. Finos raios de luz vão porém animá-la, e ouve-se um ser em tímida expansão; o violoncelo segue-o, aprende-lhe os contornos, é submergido. Então irrompe a solo, e a orquestra ecoa os seus gestos, a sua vontade, um íntimo que em ondas se sacode, colorando-se de sonoridades variegadas. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nova transição: então temos a orquestra em modo de terramoto, com suas réplicas ocres e pétreas. Não há lugar para o subjectivo: ainda não temos concerto, mas antes imersão no magma que se revolve. Mas o motivo enérgico, ziguezagueante da terra em convulsão abre a via de um diálogo, e mantém-se como memória no discurso, agora aceite pela orquestra, do violoncelo, que lhe impõe uma harmonia apaziguadora, ciclicamente iterada em tons de azul. Qualquer que tenha sido o nosso grau de estranheza no desenrolar do Concerto, ficamos no final inteiramente convencidos: Luís Tinoco logrou escrever uma peça que é reconhecivelmente sua, que honra desafiadoramente a tradição e que, na sua coerência e na sua novidade, abre horizontes à imaginação. Filipe Quaresma navegou nesta partitura complexa e sugestiva, rica de combinações tímbricas e texturais, pejada de sobressaltos, como um peixe dentro de água, ora fundindo-se com os naipes de cordas, ora sobressaindo no agudo com total autoridade, a qual lhe valeu, no final, três chamadas ao palco para receber os aplausos.
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Palavras-chave animal
Web Summit vai ter mais espaço após sucesso da primeira edição
O fundador da Web Summit, Paddy Cosgrove, diz que a próxima edição, em Novembro, vai permitir a 500 jovens portugueses acompanhar os mais importantes oradores do evento. (...)

Web Summit vai ter mais espaço após sucesso da primeira edição
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.350
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: O fundador da Web Summit, Paddy Cosgrove, diz que a próxima edição, em Novembro, vai permitir a 500 jovens portugueses acompanhar os mais importantes oradores do evento.
TEXTO: A próxima edição da Web Summit vai ter mais espaço disponível e contará com um programa de voluntariado que vai colocar 500 jovens a acompanhar os mais importantes oradores do encontro, disse o fundador da iniciativa. Paddy Cosgrave foi o orador da sessão de abertura do segundo dia do Fórum Empresarial Algarve, que decorre hoje em Vilamoura, e disse à Lusa, após falar à plateia numa unidade hoteleira, que continua a ser surpreendido pelos números que a Web Summit consegue na capital portuguesa. "Este ano vai ser maior, vamos ter espaço adicional. E tivemos quase dez mil pessoas que se candidataram para ser voluntárias. Vamos fazer um programa de voluntariado, chamado Programa Embaixador, no qual vamos ter 500 líderes de empresas emergentes e de universidades com menos de 25 anos em Portugal que vão acompanhar os mais importantes oradores que vão estar na Web Summit", adiantou Paddy Cosgrave. O fundador da Web Summit mostrou-se convicto de que este programa é benéfico nos dois sentidos, porque "os oradores ganham ao terem um tratamento preferencial" e "há um ganho para Portugal porque estas 500 pessoas vão ser a face do futuro e podem construir relações produtivas com pessoas como um editor do New York Times, por exemplo". A qualidade das infraestruturas em Lisboa também é decisiva para Paddy Cosgrave, em comparação com o local onde a cimeira começou a ser realizada em Dublin, na Irlanda. "Em Dublin, fizemos a cimeira num espaço criado para exposições de vacas, não estava construído para humanos, mas em Lisboa temos locais já preparados para este tipo de evento. Onde na Europa há um local topo de gama para acolher o evento, preparado com todos os cabos de ligações, etc. ", questionou o irlandês, considerando que o Meo Arena é "um dos melhores pavilhões da Europa". Paddy Cosgrave disse ainda que a organização "aprendeu muito da primeira [edição] para a segunda", que se realizará em Novembro, e vai contar também com o "envolvimento de artistas portugueses". "Há muitos artistas portugueses de graffiti, por exemplo, e acho que a Web Summit também deve ser um palco para estes artistas", afirmou. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Questionado sobre o programa previsto para este ano, o fundador da Web Summit respondeu que "só é revelado a quatro semanas do evento", mas frisou que atualmente esse já não é o aspecto mais importante da cimeira. "As pessoas já não vêm pelos oradores, vêm porque o tempo é bem empregue e está toda a gente no mesmo sítio ao mesmo tempo. E podem ter múltiplas reuniões num dia com potenciais parceiros e isso é importante", acrescentou
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Palavras-chave humanos
Supermercados tentam conquistar clientes pela emoção
Inspiradas nos mercados tradicionais, as grandes cadeias de distribuição estão a remodelar as lojas para enaltecer a comida “de verdade” e transformar os hipermercados em espaços de lazer. (...)

Supermercados tentam conquistar clientes pela emoção
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2017-02-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Inspiradas nos mercados tradicionais, as grandes cadeias de distribuição estão a remodelar as lojas para enaltecer a comida “de verdade” e transformar os hipermercados em espaços de lazer.
TEXTO: Para comprar seis maçãs, os portugueses tocam, em média, em 17. Gostam de sentir a firmeza da fruta, observá-la, cheirá-la, antes de seleccionar e pagar. No talho, escolhem o pedaço com mais cor, pedem para tirar as gorduras desnecessárias. Na peixaria, regateiam pelo peixe mais fresco, de olhos brancos e pele brilhante. Fazem uso dos cinco sentidos. Comprar comida é muito mais do que um acto racional e a preocupação com os hábitos de vida saudável elevou a fasquia aos retalhistas. Nos hiper e supermercados há, por isso, uma subtil mudança em curso. As luzes artificiais e iguais em todos os corredores, atulhados de produtos, já não fazem parte dos novos projectos de lojas, onde os metros quadrados estão a encolher discretamente e surgem cantos com sofás, caves de vinho ou padarias onde se faz o pão ao vivo e a cores. Os mercados tradicionais, com as suas cores, odores e sons, inspiraram a mudança. O estímulo aos sentidos e a ligação à comida ganharam protagonismo. Se, antes, no talho do Continente a carne era cortada de costas para o balcão, agora os trabalhadores estão frente a frente com o consumidor. No Pingo Doce de Telheiras, a loja que diz recriar um “mercado de sabores”, há uma tasca onde são feitos petiscos ao vivo e um cheiro a comida acabada de fazer. No Lidl de Sacavém, a padaria está logo à entrada, dando também a ideia de algo “feito na hora”. A cadeia de retalho alimentar da Sonae (grupo dono do PÚBLICO) está a remodelar os hipermercados à luz do conceito que denomina “hiper do futuro”. No Continente do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, Luís Tomás, director da loja, faz uma visita guiada ao espaço, inaugurado em 1997 com 16. 500 metros quadrados. Depois das obras concluídas em Agosto do ano passado, a área disponível diminuiu mais de 30%. “A área actual é de 11. 133 metros quadrados. A intenção não foi reduzir a área de venda, mas potenciar a experiência de compra dos clientes, tornar a loja mais atractiva, mais agradável. Continua a ter a gama diferenciadora, frescos de origem nacional, passando a mensagem de protecção da produção nacional e recriando um mercado tradicional”, diz, percorrendo o hipermercado que recebe 380 mil visitantes por mês. A ideia é diminuir a percepção de grandeza e “facilitar a compra, torná-la mais atractiva”. O estímulo ao consumo começa logo na entrada, onde são dispostos artigos de beleza e cosmética. Há vernizes coloridos à mão de semear, perfeitos para uma compra de impulso. Os trabalhadores daquela área tornaram-se especialistas em maquilhagem e esta tendência estende-se à zona dos vinhos, onde há cinco pessoas com treino em enologia para garantir um “atendimento personalizado”. A intenção é ter uma loja dentro da loja, o conceito “store in store” que cria espaços diferenciados dentro do hipermercado. Na zona de vestuário há cabinas de provas, na Wells (a óptica e parafarmácia da Sonae) é possível fazer massagens. Na área dos produtos para animais, aumentou-se a oferta de acessórios e comida para animais menos convencionais. Luís Tomás garante que os gastos com alimentação de coelhos, hámsteres ou peixes, por exemplo, aumentaram, justificando o alargamento da gama. A iluminação também foi estudada ao pormenor. Mais quente na zona dos livros, onde há lugar para sentar e ler, mais fria e asséptica na peixaria, para dar um “ar de frescura ao peixe”, limpo e amanhado ao pé do cliente. “A iluminação foi toda alterada. Para cada produto, há uma iluminação”, pormenoriza o director. A proximidade com os produtos também tem importância renovada: reduziu-se a altura das prateleiras. Luís Tomás compara a área alimentar a uma praça tradicional, repleta de frutas, legumes, especiarias e leguminosas vendidas a granel, “onde é possível sentir diferentes cheiros”, algo que, antes, “não se trabalhava”. Privilegiam-se os odores naturais. “A intenção é o cliente sentir a frescura do produto e promover a apetência de compra”, vai contando o responsável, negando que sejam usados odores artificiais. No talho, a carne é cortada de frente para o cliente (antes era de costas) e nas vitrinas as peças dispostas vão sendo pulverizadas com água. O móvel é mais baixo, tal como sucede na zona do take away, onde a comida está mais visível. A padaria já confecciona 85 a 90% do pão que é vendido na loja e todo o processo de fabrico pode ser observado através de uma extensa janela de vidro. O tipo de produtos também tem vindo a mudar: a zona de biológicos e alimentos saudáveis tinha cerca de 600 referências e passou, agora, a ter 2000. Há sumo feito na hora e a gama de queijos é cada vez maior, “com um aumento da gama de estrangeiros”. Em Telheiras, Lisboa, o Pingo Doce instalou o seu hipermercado de referência. São seis mil metros quadrados de área de venda onde cerca de 60% dos clientes que chegam durante a manhã tomam o pequeno-almoço antes das compras. Paulo Dias, de 51 anos, o gerente da loja da Jerónimo Martins, explica que o palco principal é ocupado pelos frescos, que abrem logo caminho à entrada da loja, e estão dispostos em cestas, organizados por cores e tipos. “Há um planograma para a disposição dos legumes que é definido pela companhia”, explica, sublinhando que “as frutas e legumes são a base do Pingo Doce” e, por isso, foram colocados logo à entrada. Os citrinos têm lugar de destaque “por uma questão olfactiva” (os odores influenciam decisões de compra). Também há sumos feitos na hora, incluindo os “detox” que misturam legumes e fruta, feitos a pedido do cliente. E, bem perto, uma pequena banca, a “tasquinha” de onde podem sair umas ameijoas à Bulhão Pato. “Esta loja recebe clientes de Cascais, Sintra, da margem Sul que estão dispostos a deslocar-se para fazer compras. O talho, por exemplo, é quatro vezes maior e os tempos de espera diminuíram em dois terços. Foi dada prioridade ao conforto na compra, um hipermercado sem obstáculos e amplo”, explica Paulo Dias. Não é um conceito que se replique em todos os Pingo Doce, até porque a larga maioria é de menor dimensão. Em Telheiras, a cadeia do grupo Jerónimo Martins quis mostrar os melhores produtos, aumentou a gama e apostou em especialidades. “Teremos 22 mil referências, possivelmente. Na Pura Vida [comida saudável] serão três mil itens e em constante alteração”, continua. O foco é na conveniência: tudo é pronto a comer, pronto a cozinhar, pronto a consumir. E de preferência feito na hora e com ingredientes “reais”. “O pão é feito na loja e à vista”, exemplifica. O gerente do Pingo Doce de Telheiras elogia a “equipa fabulosa” com que trabalha, composta por 1400 trabalhadores graças à zona de restauração onde há pizas e massas feitas ao momento, peixe, carne grelhada e sushi. Depois da remodelação do hipermercado (um antigo Feira Nova), Paulo Dias garante que houve “um aumento significativo de clientes e da média de compra”. Mesmo quando em causa não está a criação de um conceito único, como é o caso do Pingo Doce de Telheiras, os maiores retalhistas têm adicionado novas áreas às lojas. O grupo Auchan, dono do Jumbo, aumentou a área de produtos biológicos e de alimentação saudável e criou bancas de sushi para levar para casa. No Lidl, a padaria é a coqueluche, diz Vanessa Romeu, directora de comunicação e responsabilidade social. “Sente-se logo o cheiro a pão quente e a pastelaria. Tudo é feito em função do consumo de cada loja”, destaca. No supermercado de Sacavém, um dos que foram remodelados, há uma cafetaria mesmo à entrada, algo que só será adoptado em lojas de maiores dimensões. A mudança começa na “linguagem de proximidade” que se lê nos cartazes que decoram o espaço, um conceito internacional mas adaptado a cada país. “Sinta-se em sua casa”, apregoa um deles. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A organização mantém-se, há mais espaço entre os corredores e uma melhor “arrumação” dos produtos. Um gestor de frescos faz a vistoria permanente ao estado das frutas e legumes e Vanessa Romeu sublinha que o objectivo é sempre o mesmo: “Facilitar a vida ao cliente”. Há um foco “no tempo que as pessoas gastam em compras” e, por isso, “quanto mais agradável for, melhor”. “Mantemo-nos fiéis à simplicidade e eficiência que é o conceito do Lidl”, continua a responsável, sublinhando que a cadeia alemã deixou de lado o conceito de hard discount que sempre a caracterizou. Nas prateleiras é dada primazia às marcas próprias e ao líder de mercado da indústria, mas há agora “vinhos exclusivos e premiados” e um aumento da área disponível para produtos não alimentares. A marca própria de cosmética, por exemplo, teve um novo investimento, com prateleiras mais cuidadas e o “marketing olfactivo” a funcionar quando os clientes passam. Tudo para enaltecer emoções e estimular os sentidos, numa altura em que o aumento do rendimento das famílias impulsiona o consumo, depois de anos de travão nos gastos.
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