FEST começa esta segunda-feira em Espinho com mais de 240 filmes a exibir durante uma semana
Edição deste ano tem por tema Fronteiras: abre com a longa-metragem Homes, do francês Vladimir Fontenay, e tem em Lupo, de Pedro Lino, o único filme português a concurso. (...)

FEST começa esta segunda-feira em Espinho com mais de 240 filmes a exibir durante uma semana
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-07-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Edição deste ano tem por tema Fronteiras: abre com a longa-metragem Homes, do francês Vladimir Fontenay, e tem em Lupo, de Pedro Lino, o único filme português a concurso.
TEXTO: A 14. ª edição do FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema arranca esta segunda-feira em Espinho, com mais de 240 filmes em toda a programação, que inclui ainda um programa de formação e várias actividades paralelas. Subordinado ao tema Fronteiras, o festival abre este ano com Mobile Homes, longa-metragem de estreia do francês Vladimir Fontenay, que abriu a Quinzena dos Realizadores na última edição do Festival de Cannes, pelas 21h00 no auditório do Centro Multimeios. O filme, que acompanha uma jovem mãe "que deambula em vários motéis com o filho de oito anos e um namorado toxicodependente", até o trio descobrir "uma comunidade de casas pré-fabricadas" que se revela "uma alternativa de vida", conta com Imogen Poots e Callum Turner, nos principais papéis. Na luta pelo Lince de Ouro, prémio atribuído a longas-metragens documentais ou de ficção que sejam primeiras ou segundas obras, estará também Winter Brothers, do islandês Hlynur Palmason, premiado no Festival de Locarno. O documentário Lupo, de Pedro Lino, é o único filme português a concurso, que tem ainda Photon, do polaco Norman Leto, Killing Jesus, de Laura Mora, e Blockage, um olhar sobre Teerão por Mohsen Gharaei. Também incluídos no lote de 11 filmes estão Das Fest - Impreza, obra documental da alemã Alexandra Wesolowski, Lemonade, da romena Joana Uricaru, e a comédia negra I'm Not a Witch, da realizadora de nacionalidade zâmbia e galesa Rungano Nyoni, distinguida nos últimos Prémios BAFTA (Melhor estreia) da Academia Britânica de Cinema e Televisão. "O tema deste ano do festival é fronteiras, e sentimos que tudo isto que se passa no mundo, hoje em dia, em todas as suas partes, é algo com muito forte presença no trabalho destes novos realizadores", disse à Lusa o director do FEST, Filipe Pereira. A "visão social destes autores é uma visão heterogénea", sublinhou o responsável, mas tem "um fio condutor de como a nova geração vê o mundo", como em Sand and Blood, documentário feito através de vídeo publicados no YouTube sobre a guerra na Síria e no Iraque. O filme realizado pelos austríacos Angelika Spangel e Matthias Krepp também compete pelo Lince de Ouro, cuja lista final inclui igualmente a estreia como realizadora da actriz suíça Lisa Bruhlmann, com Blue My Mind. À margem das várias secções da competição principal, decorrem ainda várias outras actividades, como sessões de cinema na praia ou o FESTinha, dedicado a cinema para famílias e para os mais novos, o Grande Prémio Nacional, para curtas-metragens nacionais, um outro prémio para realizadores recém-graduados (NEXXT) e o foco sobre o cinema japonês, austríaco e sueco. Na secção de retrospectiva, Be Kind Rewind, Filipe Pereira assumiu que o destaque para a Coreia do Norte é um desejo de "há muito tempo", e tem agora "um acréscimo de interesse curioso", pelo encontro de Kim Jong-Un com Donald Trump. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "Estamos a falar do único país do mundo em que era obrigatório por lei ir ao cinema, e tem algumas particularidades, sobretudo pela parte da propaganda. Teremos, por exemplo, versões norte-coreanas de clássicos do cinema, como Titanic. É uma janela para o cinema desse país e dessa sociedade, até porque serão apresentados filmes de épocas diferentes". Por outro lado, o habitual programa de oficinas, masterclasses, conferências, palestras e debates sobre as várias áreas ligadas ao cinema, Training Ground, reúne este ano em Espinho o produtor norte-americano Roman Coppola, filho de Francis Ford Coppola, a italiana Gabriella Cristiani, editora galardoada com um Óscar pelo trabalho de montagem de O Último Imperador (1987), de Bernardo Bertolucci, e o cineasta iraniano Asghar Farhadi, que abriu o último Festival de Cannes com o filme Todos Lo Saben. O realizador, de 46 anos, já recebeu dois Óscares de Melhor Filme Estrangeiro, primeiro, em 2012, por Uma Separação, e depois, em 2017, por O Vendedor. Farhadi é um dos nomes mais premiados entre os convidados e intervenientes do festival. Tendo lugar em quatro espaços distintos da cidade de Espinho, em particular no Centro Multimeios, a edição de 2018 do FEST, a decorrer entre esta segunda-feira e o próximo dia 25, visa assim exibir e premiar "alguns dos mais inovadores e essenciais trabalhos lançados nos últimos 12 meses", em cerca de 40 países, entre os quais se incluem filmes de "mais de 50 escolas de cinema", de diferentes nacionalidades.
REFERÊNCIAS:
Partidos BE
Atum rabilho vendido por mais de 605 mil euros no leilão de Ano Novo em Tóquio
O mercado de Tsukiji, considerado uma das atracções em Tóquio, abastece a maioria dos restaurantes da cidade. Esta é a primeira licitação do ano, com um valor recorde. (...)

Atum rabilho vendido por mais de 605 mil euros no leilão de Ano Novo em Tóquio
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.318
DATA: 2017-07-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: O mercado de Tsukiji, considerado uma das atracções em Tóquio, abastece a maioria dos restaurantes da cidade. Esta é a primeira licitação do ano, com um valor recorde.
TEXTO: Um atum rabilho foi vendido esta quinta-feira por 74, 2 milhões de ienes, mais de 605 mil euros, ou seja, 2857 euros o quilo, naquela que pode ser a última licitação de Ano Novo no mítico mercado de peixe de Tsukiji, uma vez que este vai mudar de instalações. O atum, com 212 quilos, pescado em Oma, em Aomori, no norte do Japão, tem um preço equivalente a cerca de 350 mil ienes (2857 euros) por quilo, sendo a segunda licitação mais alta num leilão de Ano Novo em Tsukiji. Pelo sexto ano consecutivo, um exemplar deste atum foi licitado pelo presidente da cadeia de restaurantes Sushizanmai, Kiyoshi Kimura.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMA
Há quem esteja a pagar mais IMI por falta de actualização de dados
Fisco exige que sejam os contribuintes a pedir a actualização de vários dados, como o do valor de construção, que desceu nos últimos. Mas quem pede arrisca-se a ficar a pagar mais e não há devolução do que pagou em excesso. (...)

Há quem esteja a pagar mais IMI por falta de actualização de dados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-11-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Fisco exige que sejam os contribuintes a pedir a actualização de vários dados, como o do valor de construção, que desceu nos últimos. Mas quem pede arrisca-se a ficar a pagar mais e não há devolução do que pagou em excesso.
TEXTO: É caso para recorrer à expressão popular de “preso por ter cão e preso por não ter”. O Fisco não actualiza e diz que não tem que actualizar, de forma automática, o valor médio de construção, que desceu nos últimos anos e que é um dos critérios considerados na determinação do valor patrimonial tributário (VPT) dos imóveis, sobre o qual incide o imposto municipal sobre imóveis (IMI). A não actualização deste dado, que é publicado anualmente por portaria do Ministério das Finanças, e de outros, penaliza milhares de proprietários. O fisco também não actualiza outros critérios, num total de seis que contam para a determinação do VPT, uns que são favoráveis ao contribuinte e outros que podem não o ser. É o caso do coeficiente de vetustez, ou seja, de antiguidade do imóvel, factor que reduz a factura do imposto com o avançar dos anos. E o do coeficiente de localização, revisto em 2015, e que subiu ou desceu conforme as zonas. Há um dado que o Fisco actualiza de forma automática, que é o da correcção da desvalorização da moeda (vulgo inflação), a cada três anos, sobre o total do VPT apurado. Para além de se recusar a fazer a correcção automática, deixando isso nas mãos dos proprietários - a larga maioria dos quais desconhece essa possibilidade - o Fisco exige aos contribuintes que peçam uma reclamação das matrizes, ou Modelo 1 do IMI, o que pode representar uma armadilha. Isto porque, ao pedirem “uma reclamação das matrizes”, é feita uma reavaliação do imóvel e o contribuinte arrisca-se a ficar a pagar mais no futuro (se o coeficiente de localização for mais elevado, por exemplo). E não recupera o que pagou a mais no passado. Estabelece o Código do Imposto Municipal que só há direito a retroactivos se o valor cobrado a mais resultar de um erro ou falha dos serviços das Finanças, situação que as Finanças descartam. O assunto da não actualização das matrizes com informação que as próprias Finanças têm na sua posse é recorrente, mas foi notícia, na semana passada, no Correio da Manhã, na sequência de uma resposta dada pelo Ministério das Finanças a um pedido de esclarecimento relativamente ao valor de construção. O valor médio de construção desceu em 2010 - por proposta da CNAPU, uma comissão onde estão representadas entidades públicas e privadas - para 603 euros por metro quadrado, contra valores que variaram entre 609 e 615 euros entre 2005 e 2010. Desde 2010 que se mantém nos 603 euros (482, 40 euros, acrescidos de 25% do terreno). Com a avaliação geral dos imóveis, levada a cabo em 2012/13, o valor de 603 euros foi actualizado em aproximadamente cinco milhões de imóveis. Mas nos restantes, cerca de um milhão (se não foram transaccionados entretanto), o valor de construção considerado no VPT é mais elevado. Os cerca de um milhão de imóveis ficaram fora da avaliação de 2012 porque mudaram de mãos (foram vendidos ou herdados) entre 2003 e 2010, o que fez com que já tivessem sido avaliados para efeitos fiscais com os critérios do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis. A ANP pediu esclarecimentos ao Ministério das Finanças sobre a exigência, que algumas repartições de Finanças estão a fazer, para que os contribuintes entreguem o Modelo 1 do IMI (reclamação à matriz), quando estes solicitam a actualização do valor de construção, o que dá origem a uma nova reavaliação. No entanto, noutros casos, explicou ao PÚBLICO o presidente da ANP, António Frias Marques, tem sido possível actualizar aquele valor, sem a exigência do Modelo 1, que pode inclusive obrigar à apresentação de plantas de arquitectura. A resposta das Finanças deixou o presidente da ANP, António Frias Marques, “perplexo”, uma vez que é reiterada a necessidade do Modelo 1. Ao PÚBLICO, o Ministério das Finanças também assegura que, “sempre que há mudanças no valor médio de construção, tem de ser o contribuinte, no quadro do procedimento de reclamação de matrizes, a promover essa alteração”. Sobre o diferente entendimento dos serviços (uns a exigir o Modelo 1 e outros não), o ministério diz, ao PÚBLICO, que “apenas nos casos em que os serviços de Finanças já disponham dos elementos relativos aos prédios a avaliar (como é o caso das plantas de arquitectura, por exemplo) pode o Chefe de Finanças dispensar a junção desses elementos aquando da entrega da declaração Modelo 1 do IMI”. Tal como António Frias Marques, o fiscalista Rogério Fernandes Ferreira defende que “a actualização da informação deve ser feita de forma automática pelas Finanças, não fazendo sentido que fique dependente dos contribuintes, muitos dos quais desconhecem esta situação”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Fernandes Ferreira lembra que “não é a única situação que, em desfavor dos contribuintes, as Finanças não utilizam informação que têm em seu poder, ou dificultam as reclamações, como é o caso da exigência do Modelo 1 do IMI, que não faz qualquer sentido para esta situação”. Refere ainda que “o fisco cria verdadeiros alçapões aos contribuintes, como poderem ficar a pagar mais IMI em resultado da nova reavaliação”. “Mude-se a lei”, desafia Rogério Fernandes, para este e outros casos (como em algumas situações relacionadas com o mais recente Adicional ao IMI), sublinhando ainda a impotência de ser criado um provedor do contribuinte, que poderia ser muito útil neste tipo de casos. A grande maioria dos contribuintes desconhece que a Autoridade Tributária e Aduaneira não actualiza de forma automática os critérios que definem o valor patrimonial tributário (VPT), e que o seu reflexo é feito apenas quando mudam de dono ou é pedida uma reavaliação. Não sabem e também não são informados, já que a nota de liquidação do imposto municipal sobre imóveis (IMI) que é enviada aos contribuintes nada refere sobre o valor de cada coeficiente. A Deco, associação de defesa do consumidor tem chamado à atenção para a desactualização de alguns dados, mas também para a importância de os contribuintes pedirem um simulação de quanto ficarão a pagar, que pode não compensar em alguns casos, dada a actualização recente do coeficiente de localização, que tem um peso importante no resultado final do imposto a pagar. Através do Portal das Finanças é possível obter informação sobre o coeficiente de localização e é possível fazer uma simulação dos montantes a pagar com a actualização de três critérios: localização, antiguidade e valor de construção. O pedido de actualização às Finanças é gratuito, desde que não tenha existido um pedido idêntico há menos de três anos. O valor do IMI resulta da aplicação da taxa entre 0, 3% e 0, 45% (são os municípios a determinar o valor) sobre o VPT. Os municípios podem bonificar ou agravar a taxa de imposto municipal sobre imóveis a aplicar.
REFERÊNCIAS:
A quinta nómada que passa metade do ano em Barcelos e a outra na Tailândia
Aborrecem-se rápido, precisam de novos estímulos e aprendizagens diárias — como as que têm numa quinta onde passam o Verão português, sempre com desconhecidos. Quando chega o Inverno, partem para a Ásia, sempre com novos amigos. O escritório de Marina e António vai na mochila, já não tem morada fixa. (...)

A quinta nómada que passa metade do ano em Barcelos e a outra na Tailândia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.14
DATA: 2018-10-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Aborrecem-se rápido, precisam de novos estímulos e aprendizagens diárias — como as que têm numa quinta onde passam o Verão português, sempre com desconhecidos. Quando chega o Inverno, partem para a Ásia, sempre com novos amigos. O escritório de Marina e António vai na mochila, já não tem morada fixa.
TEXTO: Aborreceram-se os dois muito cedo. Cansaram-se de acabar um dia e de o ver a repetir-se, qual déjà vu, no dia a seguir. Sempre os mesmos caminhos para chegar ao mesmo destino. Tudo a passar-se exactamente no mesmo escritório, à mesma exacta hora. Com as mesmas caras. Sentados lado a lado, António Araújo e Marina Arantes, 28 e 26 anos, dizem-no em coro: “Não era para nós. ”Ela, farmacêutica, pensava em despedir-se de cada vez que entrava na farmácia onde trabalhava, em Belinho, uma aldeia em Esposende a meia hora do centro de Barcelos. “Tentei entrar lá ainda antes de terminar o curso para perceber o que era o mundo da farmacêutica e aborreci-me muito cedo. Foi o que aconteceu”, ri-se. Ele, engenheiro electrotécnico, estudou no Porto, foi trabalhar para a Bélgica. Seis meses depois, já se tinha despedido e mudado para a Tailândia. O “objectivo era começar a trabalhar online durante um ano e meio”. Até agora ainda não parou. Por essa altura, a hipótese de um emprego independente, remoto, ainda não se tinha atravessado no pensamento de Marina Arantes. Mas desde que António Araújo se atravessou no seu caminho, com um plano já em marcha, não muito longe de onde ela vivia e trabalhava, que não pensa noutra coisa. Três meses depois de se conhecerem, também ela se despedia. Ela nasceu em Esposende, ele em Guimarães. Mas encontraram-se a meio do caminho, Barcelos, através do Tinder — “toda a gente nos diz que devemos ser caso único” —, onde António começava a reabilitar a quinta da família na freguesia de Barcelinhos, com a ajuda de um grupo de estrangeiros. É lá, num jardim enorme em frente ao casarão vermelho vivo, sempre com o som dos pássaros como fundo, que falam com o P3. “Quando aqui entrei achei que estava no mundo errado”, atira Marina. “O que é que eu estou a fazer ali na farmácia? Comecei a vir cá [à quinta] cada vez mais vezes e preferia isto a ir trabalhar. ” A partir daí, ir trabalhar “começou a ser cada vez mais difícil”. Agora, ela dá cursos online sobre marketing, Instagram (reúnem 166 mil seguidores nesta rede) e TripAdvisor. Ele escreve guias de viagem no site 55secrets e, juntamente com Marina, é instrutor de marketing digital. É daí que chegam os rendimentos mensais dos dois trabalhadores independentes. Não precisar de mais do que um computador com ligação à internet para trabalhar dá-lhes liberdade para viverem onde quiserem. Não é uma rotina rígida, mas nos últimos três anos têm-se dividido mais ou menos assim: seis meses em Portugal e seis meses na Ásia. Pelo meio tentam viajar "o máximo possível". “Não gostamos muito do Inverno”, confessa António. “Por isso estamos na quinta de Abril a Setembro e quando começa a ficar frio vamos embora para destinos mais quentes. ” Marina só se ri. Já não está aborrecida. A casa portuguesa do casal, agora reabilitada e com habitantes que mudam de Verão para Verão, “estava praticamente em ruínas” depois de mais de 20 anos de total abandono. Não tinha frigorífico ou casa de banho, tinha problemas de canalização, buracos no chão. António decidiu que iria recuperar a casa onde o pai nasceu depois de saber, enquanto trabalhava e viajava pela Ásia, que o pai estava doente. “Eu decidi voltar porque queria estar perto da minha família. Mas não queria voltar para o Porto, nem queria morar na cidade. ”Desde pequeno que via o pai vir, uma vez por mês, cuidar dos jardins, cortar a relva. “Só para isto não se transformar numa selva. ” Por falta de tempo, nunca cuidava da casa. Há três anos, António chegou-se à frente. “Decidi recuperar a quinta. E como estava habituado a viver fora, queria ter pessoas estrangeiras a ajudar. ” Até lhe deu um nome, como se fosse mais um dos seus projectos: The Nomad Farm (em português, a quinta nómada). A quinta tem uma vespa e uma autocaravana estacionada à porta, comprada recentemente, para uma viagem de dois meses pela Europa. Há flores por todo o lado, uma horta, uma piscina e um grelhador. Os quartos têm mandalas desenhadas e murais em inglês, pintados de cores vivas. Os móveis de madeira antigos revestem-se de computadores e máquinas de filmar. À entrada, foram pousadas mochilas de 20 quilogramas e botas de montanha. Pelo "refúgio para almas nómadas de todo o mundo" já deverão ter passado mais de 50 pessoas. Os primeiros dois meses “foram os mais complicados”. Só tinham o básico: faltava pintar e remodelar tudo (inclusive os próprios móveis). No segundo ano, quando voltaram, o objectivo já não era arranjar a quinta mas sim viver e trabalhar lá. Morar com pessoas desconhecidas e partilhar tudo como se fôssemos família”, resume. “E no fim ganhar novos amigos. ”As tarefas dividem-se entre todos e estão terminadas ao fim de uma hora: arrumar a área comum, regar as plantas, alimentar os animais (cães, uma cabra anã e algumas aves), cozinhar. Comem sempre juntos, saem à noite e tentam fazer uma viagem por semana. Porto, Gerês, o caminho de Santiago. À quinta-feira é dia de churrasco. Em troca, cada um tem direito a um quarto gratuito, despesas incluídas. Normalmente, os colegas de casa que encontram através do Facebook e do couchsurfing — no primeiro ano apareceram 200 candidatos, dos quais foram seleccionados três — são nómadas digitais que procuram uma coabitação fora dos grandes centros para desenvolver os projectos que carregam sempre na mochila, independentemente da localização flexível. “É diferente de um espaço de coworking devido ao sentimento de comunidade. É coliving, mas são boas amizades. Nos outros espaços só partilhas uma secretária”, diz Stephanie Morrison, de Liverpool, licenciada em matemática, que voltou este ano à quinta para aprender a programar. “É bom viver com pessoas que tenham o mesmo espírito de trabalho, mas ao mesmo tempo é ainda mais solitário, por vezes”, confessa Marina Arantes. “Porque trabalhar online é solitário. Se estivermos mesmo a trabalhar, ao computador, não há interacção social. ” Por ali, “procuram um equilibro”, acha António. Metade trabalhadores remotos, metade “pessoas que acabaram de se despedir e estão à procura do que vão fazer a seguir". "Caso contrário temos todos a mesma forma de pensar e acaba por se perder o espírito de entreajuda e de quinta, que é o mais importante para nós. ”FacebookEmailJoey Sandim, de Portland, Estados Unidos, já voltou para casa. “O dinheiro para viajar acabou”, diz-nos, com um encolher de ombros, o chef norte-americano. No mesmo dia, também Melissa, uma blogger de viagens canadiana que veio só de visita, partia para o próximo destino: a Holanda. Anda a viajar desde 2014. Ao grupo juntava-se Julia Borke, uma alemã que tirou férias sem vencimento da empresa do ramo da moda onde é gerente de marketing. “As coisas não estavam bem na empresa”, explica. “Eu não me sentia bem e isto parecia perfeito, como se fosse um reset, sair da cidade por algum tempo. ” O tempo que ali passou serviu para decidir o próximo passo. Vai voltar à empresa, mas o plano a médio prazo “é sair e dedicar-se ao fitness”. Em Barcelos, corre todos os dias e, pela primeira vez, ganhou coragem para percorrer os 21 quilómetros da meia maratona de Esposende. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Desta vez, quando o casal voltou em Março, António, Marina e os colegas de casa da Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos focaram-se na agricultura. “Queremos começar a plantar as nossas próprias sementes, o nosso jardim. ” Todas as quintas-feiras visitavam o mercado local e traziam as sementes. Marina aprendeu com a mãe a cultivá-las; António passava horas a ver tutoriais no YouTube. E as cenouras e o alho francês cresceram, em quadradinhos ordenados de terreno que visitam antes de cozinharem cada refeição. “Nós temos uma característica: aborrecemo-nos muito facilmente com tudo. E acho que aprender o que quer que seja de novo, para nós desperta-nos curiosidade e estamos muito interessados”, dizem, quase em conjunto. Na quinta, “há muitas oportunidades para fazer coisas diferentes e óbvias todos os dias”. Em Agosto deixam Barcelos, mas despedem-se sempre com um “até para o ano”. Ainda ninguém se queixa de estar aborrecido. “E isso é o mais importante. ”
REFERÊNCIAS:
Jerónimos e Museu Nacional de Arqueologia com bilheteiras automáticas a partir de Novembro
Medida é para estender a todos os museus, palácios e monumentos tutelados pela Direcção-Geral do Património Cultural. Torre de Belém, mosteiros de Batalha e de Alcobaça e Convento de Cristo serão os próximos. (...)

Jerónimos e Museu Nacional de Arqueologia com bilheteiras automáticas a partir de Novembro
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Medida é para estender a todos os museus, palácios e monumentos tutelados pela Direcção-Geral do Património Cultural. Torre de Belém, mosteiros de Batalha e de Alcobaça e Convento de Cristo serão os próximos.
TEXTO: Questionada sobre a greve iniciada esta quinta-feira pelos funcionários do Mosteiro dos Jerónimos, Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e Torre de Belém, a directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, revelou que o Mosteiro dos Jerónimos e o Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa, terão bilheteiras automáticas a funcionar a partir de Novembro, libertando, assim, trabalhadores para outras funções. Paula Silva revelou a medida à agência Lusa e à Antena 1, à margem da conferência Património Cultural Desafios XXI, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. "Estamos a tomar medidas que contrariam e tentam resolver muitas das questões que são colocadas nesta greve, mas são demoradas a implementar", disse a directora-geral. Os funcionários daqueles três espaços culturais encetaram quatro dias de greve, que afecta sobretudo a hora de abertura, em protesto pela falta de condições de trabalho, nomeadamente falhas na limpeza e na condições sanitárias, atrasos no pagamento de trabalho suplementar, impedimento de gozo de descanso e alteração de período de férias. Paula Silva explicou que alguns dos funcionários que trabalham como assistentes de bilheteira, e que actualmente estão sujeitos a uma "pressão enorme" devido às "filas imensas de pessoas", poderão passar a ter outras funções, nomeadamente de vigilância, depois da entrada em funcionamento da bilhética automática. "Estamos a fazer uma mudança de pensamento e espero bem que os trabalhadores fiquem menos sobrecarregados. "A partir de Novembro, entrarão em funcionamento as bilheteiras automáticas no Mosteiro dos Jerónimos e no MNA e, posteriormente, na Torre de Belém, nos mosteiros da Batalha e de Alcobaça, e no Convento de Cristo, em Tomar. Para já, serão colocadas cinco máquinas de venda de bilhetes na entrada do MNA que se destinam também ao Mosteiro dos Jerónimos, já que partilham espaços na zona de Belém, mas a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) já terá adquirido mais equipamentos para poder estender o sistema, que com o tempo abarcará "todos os museus, palácios e monumentos da DGPC". "Esta é a experiência-piloto, mas também a mais importante, porque é onde circula mais dinheiro", disse Paula Silva. Questionada sobre a possibilidade de contratação de mais assistentes técnicos para a DGPC, Paula Silva remeteu o assunto para a tutela: "A nova senhora ministra [Graça Fonseca] tem isso na sua agenda como um dos pontos mais importantes e provavelmente irá dar informação muito proximamente sobre esse assunto. "Outra das razões da paralisação dos trabalhadores relaciona-se com falta de condições sanitárias, com a presença de ratos nas instalações, um caso que Paula Silva circunscreveu à Torre de Belém, "um monumento muito pequeno situado dentro do rio, que tem alguns constrangimentos de animais que circulam e é muito difícil de controlar". Segundo a responsável, a DGPC tem um "contrato com uma empresa e tem feito regularmente as desinfestações, e por vezes é preciso fazer desinfestações extra". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De acordo com o relatório de actividades da DGPC referente a 2017, no ano passado o Mosteiro dos Jerónimos recebeu mais de um milhão de visitantes (1. 080. 902), enquanto o Museu Nacional de Arqueologia, que funciona numa das alas deste mosteiro, contou com 167. 634 entradas. Em 2017, a Torre de Belém teve 575. 875 visitantes. Paula Silva falava no primeiro dia da conferência de dois dias Património Cultural Desafios XXI, organizada pela DGPC, e que considera "um momento alto do Ano Europeu do Património Cultural", com a presença de vários estudiosos, especialistas e personalidades ligadas ao património. "O Ano Europeu do Património Cultural é um momento marcante em que a Europa decide falar de Património, mas deverá ser o primeiro ano em que a Cultura é posta como um dos pilares de desenvolvimento da Europa e o reconhecimento da identidade europeia e isso é muitíssimo importante e tem de ser falado e discutido", disse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura
Direcção-Geral do Património Cultural vai ter mais 10 milhões de euros
Orçamento para a Cultura terá 501 milhões de euros em 2019, mais 12,6% do que este ano. (...)

Direcção-Geral do Património Cultural vai ter mais 10 milhões de euros
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.1
DATA: 2018-10-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Orçamento para a Cultura terá 501 milhões de euros em 2019, mais 12,6% do que este ano.
TEXTO: O Governo anuncia no seu projecto de OE para 2019 uma despesa total consolidada de 501, 3 milhões de euros (ME), o que equivale a um aumento de 12, 6% (e 56 milhões de euros) relativamente ao corrente ano. Estes números configuram “um valioso reforço na trajectória de crescimento, de investimento e de consolidação das estruturas públicas”, com especial atenção “à criação artística e à valorização do património”, diz o preâmbulo do projecto de OE para 2019, apresentado na noite desta segunda-feira na Assembleia da República (AR). Os números detalhados na distribuição das verbas por cada um da dezena de organismos dependentes do Ministério da Cultura (MC) confirmam esse aumento, de resto prometido em Julho passado pelo primeiro-ministro na AR, quando disse que o orçamento para este sector em 2019 seria “o maior de sempre”. Não sendo possível, para já, aferir do rigor da comparação histórica, a verdade é que oito dos dez organismos do Ministério da Cultura citados no projecto de OE registam subidas nas suas dotações, sendo a mais relevante a da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), que obterá mais perto de 10 milhões de euros (ME): 50, 1 milhões em vez dos 40, 7 milhões no ano anterior, significando um acréscimo de 22, 8%. No entanto, e seguindo a informação complementar disponibilizada esta terça-feira pelo gabinete do MC, o organismo que registou a maior percentagem de aumento foi a Direcção-Geral das Artes, cuja dotação de 28, 8 ME significa mais 6, 6 milhões (+29, 6%) do que no orçamento anterior. Registarão também aumentos o Opart – Organismo de Produção Artística (que gere o Teatro Nacional de São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado), com 22, 4 ME (21, 1 milhões no ano passado); a Fundação Centro Cultural de Belém, com 17, 3 ME (contra 16, 8); o Instituto do Cinema e Audiovisual, com 16, 2 ME (15, 9); o Teatro Nacional D. Maria II, com 7, 2 ME (5, 9), o Teatro Nacional São João, com 6, 4 ME (5, 4); a Cinemateca Portuguesa, com 4, 7 ME (4, 1); a fundação Côa Parque, com 1, 8 ME (1, 5). A única entidade que terá uma verba inferior à do orçamento anterior é o Fundo de Fomento Cultural – 31, 6 milhões de euros, menos cerca de 300 mil; enquanto o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural regista exactamente a mesma verba: 383. 278 euros. Na declaração de intenções que precede os números do OE 2019, o Governo de António Costa reclama que, “na presente legislatura, o orçamento para a Cultura aumentou 39, 6%”, e enumera uma lista de realizações e avanços registados nos últimos dois anos – alguns deles com expressão ou conclusão no decorrer de 2019. Serão os casos da inauguração, anunciada para o dia 27 de Abril do próximo ano, do Museu da Resistência e da Liberdade, em Peniche, e da instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional de Mafra, além da "recuperação e valorização do património cultural da Sé Patriarcal de Lisboa". O texto do OE refere ainda que o investimento no sector das artes “ultrapassou o patamar de 2009”, reivindicando um aumento de 74% face a 2015. Ainda neste sector, promete-se a chegada do Plano Nacional das Artes ao público escolar, em ligação com os programas nacionais de Leitura e de Cinema, cuja “fase inicial de implementação terá um orçamento de 368 mil euros” no próximo ano. No âmbito da promoção da actividade cultural, em 2019 estabelece-se a aplicação da taxa reduzida do IVA – de 6% no Continente, 4% na Região Autónoma dos Açores e 5% na Região Autónoma da Madeira –, nas entradas em espectáculos de canto, dança, música, teatro e circo realizados em recintos fixos ou em circos ambulantes. Em paralelo, prevê-se uma autorização legislativa para que o Governo crie um regime simplificado de tributação em IVA, que inclua eventualmente um regime especial de compensação do IVA direccionado para salas independentes de cinema e espaços de exibição pública de obras cinematográficas e audiovisuais de carácter independente. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Também para 2019 é prometida a criação do Arquivo Sonoro Nacional, e, no plano da afirmação internacional, depois da presença portuguesa na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México, já no próximo mês de Novembro, é anunciada a celebração de “festivais de cultura recíprocos com a China”. Como é habitual desde a inclusão da RTP na pasta da Cultura, a maior fatia da proposta do Orçamento do Estado para o sector é precisamente para a rádio e televisões públicas. A RTP, um dos organismos com receitas próprias sob a tutela da Cultura, contará com uma despesa consolidada de 252, 3 milhões de euros – uma ligeira diminuição em relação aos 259, 8 milhões que o Governo previu para o ano corrente. A rádio e televisão pública não contarão com um aumento da contribuição para o audiovisual (CAV) e devem voltar a receber cerca de 186 milhões de euros através dessa taxa paga pelos portugueses, ao contrário do que desejava o presidente da RTP. O Governo decidiu não actualizar a taxa, que se mantém desde 2016 em 2, 85 euros mensais. Este ano, a RTP deve receber cerca de 186 milhões de euros através da CAV. com J. A. C. e M. L. Texto actualizado com o acrescento da verba atribuída à Direcção-Geral das Artes, fornecida esta terça-feira pelo gabinete do MC.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cultura circo
Quase metade dos directores de museus da DGPC estão em regime de substituição
Os directores dos mosteiros dos Jerónimos, de Alcobaça e de Mafra, e os responsáveis dos museus nacionais Machado de Castro, Soares dos Reis, Chiado, Azulejo, Música, Teatro e da Dança, e dos Coches, bem como o diretor-adjunto do Museu Nacional de Arte Antiga estão nesse formato. (...)

Quase metade dos directores de museus da DGPC estão em regime de substituição
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2018-10-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os directores dos mosteiros dos Jerónimos, de Alcobaça e de Mafra, e os responsáveis dos museus nacionais Machado de Castro, Soares dos Reis, Chiado, Azulejo, Música, Teatro e da Dança, e dos Coches, bem como o diretor-adjunto do Museu Nacional de Arte Antiga estão nesse formato.
TEXTO: Quase metade dos directores dos 23 museus e monumentos sob alçada directa da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) estão em regime de substituição, nalguns casos desde 2017, embora a maioria ocupe os mesmos cargos há anos. De acordo com os documentos publicados em Diário da República (DR) ao longo dos últimos meses, e confirmados pela própria DGPC, encontram-se neste momento em regime de substituição os directores dos mosteiros dos Jerónimos, de Alcobaça e de Mafra, além dos responsáveis dos museus nacionais Machado de Castro, Soares dos Reis, Chiado, Azulejo, Música, Teatro e da Dança, e Coches, assim como o director-adjunto do Museu Nacional de Arte Antiga. Para alguns casos adicionais, já foram concluídos os concursos, como é exemplo o Panteão Nacional, em Lisboa, cujo resultado aguarda apenas publicação em DR, referiu à Lusa a DGPC. Noutros, como o Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, "o resultado do concurso, aberto em Abril de 2018, aguarda a homologação da directora-geral", segundo a DGPC, que recorda que o mecanismo de designação de directores em regime de substituição é "uma figura prevista na lei, que em nada interfere com o pleno exercício das funções em causa", sendo justificado o seu uso por "razões de gestão". De acordo com a lei, a "substituição cessa na data em que o titular retome funções ou passados 90 dias sobre a data da vacatura do lugar, salvo se estiver em curso procedimento tendente à designação de novo titular". Neste momento, há situações como a do Mosteiro dos Jerónimos, em que a directora, Isabel Cruz de Almeida, no cargo desde 1989 segundo a nota biográfica publicada em DR, viu a sua comissão de serviço terminar em 5 de Janeiro de 2017, mas foi mantida em funções, em regime de substituição, através de um despacho datado de 8 de Agosto de 2018, com efeitos a Abril do ano passado. O aviso de abertura do concurso foi publicado em DR em Março de 2017, sem resultado conhecido. Já Silvana Bessone, directora do Museu Nacional dos Coches, está em regime de substituição pela segunda vez desde que é responsável daquela estrutura há 28 anos. Por entre as várias comissões de serviço exercidas (com prazo de três anos), foi mantida no cargo através deste mecanismo em 2007, antes de nova renovação da comissão de serviço, segundo o currículo disponibilizado em DR. Com excepção do caso do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, em que o director, António Filipe Pimentel, é por inerência subdirector-geral do Património Cultural, os directores de museus e monumentos são cargos de direcção intermédia, pelo que, segundo a actual lei, não é necessário concurso por via da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, como confirmou à Lusa fonte daquela instituição. Os restantes, terminadas — e não renovadas — as comissões de serviço, são escolhidos por via de concurso, aberto pela DGPC. Apesar de ser uma figura comum na administração pública, a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, afirmou à Lusa que é uma situação "que não se deve eternizar". "A substituição é só para casos em que é necessário abrir concurso", explicou Ana Avoila, realçando que há "efeitos perniciosos" decorrentes da utilização deste método sem limite de tempo, uma vez que, embora não tenha limitações de acção, a pessoa em regime de substituição "nunca estará à vontade no cargo". Ao mesmo tempo, caso essa pessoa se venha a candidatar ao cargo, depois da eventual abertura de concurso, "tem vantagens que não devia ter sobre [outros candidatos]", o que põe em causa o princípio da transparência. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (Starq), Regis Barbosa, ressalvou à Lusa que aquela entidade não tem "grande implantação" no contexto da questão em causa, e declarou que o maior enfoque da acção do Starq tem sido no combate à precariedade, "já que ela se reveste de diferentes maneiras". No entanto, Regis Barbosa salientou que, perante um quadro de ausência de uma "política clara do Ministério da Cultura para o sector", o que se vêem são "soluções desses 'jeitinhos', desses improvisos, sempre com a justificação da impossibilidade de investir". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, recordou que são casos que se repetem e considera que um ano em regime de substituição não é sequer muito tempo, salientando que um director nessa situação tem "zero limitações". No entanto, questiona: "Justifica-se que os cargos dirigentes estejam um, dois, três anos em regime de substituição? Não faz sentido", antes de dizer que existem questões "bom senso, de transparência, de razoabilidade". Na resposta à Lusa, a DGPC acrescentou ainda ter aberto "concursos para todos os dirigentes dos Serviços Centrais, num total de 13 procedimentos concursais, dos quais oito já se encontram concluídos e um está a decorrer".
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave lei cultura
Gastronomia, recriações e visitas guiadas marcam Dia Nacional das Linhas de Torres
Memória das invasões francesas assinalada com actividades em seis municípios. (...)

Gastronomia, recriações e visitas guiadas marcam Dia Nacional das Linhas de Torres
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Memória das invasões francesas assinalada com actividades em seis municípios.
TEXTO: Homenagear a memória e a resistência do povo português às invasões francesas e divulgar o património associado a esta época conturbada da história portuguesa, são os objectivos principais do recém instituído Dia Nacional das Linhas de Torres. A data assinala-se a 20 de Outubro e vai motivar um programa extenso de actividades distribuídas pelos seis municípios da zona a norte de Lisboa por onde se estenderam as linhas de fortificações que, há 207 anos, impediram a 3ª. Invasão Francesa de entrar na capital portuguesa. Promovidas no âmbito da Rota Histórica das Linhas de Torres (RHLT), as comemorações estendem-se pelo próximo fim-de-semana e terão como ponto central o concelho de Sobral de Monte Agraço, onde haverá “Marcha da Vitória” logo pela manhã de sábado com desfile de grupos de recriadores. À tarde, o antigo Forte do Alqueidão (situado no território sobralense) acolhe uma recriação histórica intitulada “Crónica de uma (quase) batalha”. Este que foi um dos principais fortes das Linhas de Torres albergou o quartel-general de Wellington, comandante das forças luso-britânicas que travaram as tropas de Napoleão. Serão recriados ali três momentos, que incluem o memorando escrito por Wellington ordenando a construção de três linhas defensivas a norte de Lisboa para defender Portugal da terceira invasão francesa; a construção dos fortes com recurso ao esforço da população portuguesa e o acampamento, a ocupação e a ação militar nas Linhas de Torres. Na noite de sábado haverá, ainda, uma cerimónia comemorativa no Cine-Teatro do Sobral de Monte Agraço, com a apresentação dos vencedores do II Concurso de Curtas INVADE! e animação musical com o Grupo de Câmara de Cordas da Orquestra de Vialonga. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outra das principais facetas destas comemorações do Dia Nacional das Linhas de Torres está ligada à gastronomia. O programa “À Mesa com os Generais” conta com a adesão de 18 restaurantes de cinco dos seis municípios envolvidos: Arruda dos Vinhos (1), Loures (2), Mafra (7), Torres Vedras (7) e Vila Franca de Xira (1). Nestes espaços, ao longo do fim-de-semana, os visitantes poderão encontrar ementas de algum modo relacionadas com a época das invasões francesas. Haverá, por exemplo, “Bife Wellington”, “Mexilhão à General Wellington”, “Carne de Porco das Linhas” e até “Prego à Napoleão” e umas intrigantes “Josefinas”, em forma de sobremesa. De acordo com os organizadores, estas comemorações do Dia Nacional das Linhas de Torres são dirigidas ao público em geral e às famílias em particular, procurando “aliar a cultura e a história a experiências de descontração e lazer que incluem percursos a cavalo, batismos equestres, geocaching, ateliers, visitas guiadas, mostra gastronómica e jantares com história, provas de vinhos e espetáculos, que decorrem nos vários municípios envolvidos na Rota Histórica das Linhas de Torres (RHLT). No concelho de Arruda dos Vinhos destaca-se a apresentação do Projecto Arruda Base (base de dados online sobre o património e a história locais) e em Loures o realce vai para os passeios pedestres e a cavalo pelos fortes das Linhas de Torres. Já em Mafra haverá visitas orientadas subordinadas ao tema “Um palácio ocupado, o Palácio de Mafra e as Invasões”. Em Torres Vedras o destaque principal vai para as actividades com as famílias programadas para o Forte de São Vicente e para o jantar com recriação do ambiente do seculo XIX. Em Vila Franca de Xira haverá “batismos equestres”, visitas guiadas ao Centro Interpretativo das Linhas de Torres no Forte da Casa e provas de vinhos.
REFERÊNCIAS:
Descoberto o desenho mais antigo do mundo
Equipa internacional de cientistas encontrou numa gruta da África do Sul uma pequena rocha onde foram desenhadas nove linhas horizontais e verticais. É quase como se tivesse feito uma hashtag há 73 mil anos. (...)

Descoberto o desenho mais antigo do mundo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Equipa internacional de cientistas encontrou numa gruta da África do Sul uma pequena rocha onde foram desenhadas nove linhas horizontais e verticais. É quase como se tivesse feito uma hashtag há 73 mil anos.
TEXTO: Há já algum tempo que Luca Pollarolo estava a analisar milhares de peças recolhidas de uma gruta na África do Sul. Mas, de repente, encontrou uma lasca com cerca de quatro centímetros de comprimento que era diferente. “Nem queria acreditar naquilo que tinha nas minhas mãos. Foi mesmo entusiasmante! Percebi que tinha feito uma grande descoberta”, recorda. Como tal, o arqueólogo contactou outros cientistas para saber se partilhavam da mesma opinião. Depois de várias análises, concluiu-se que essa pequena rocha com 73 mil anos tinha o desenho mais antigo do mundo que se conhece até ao momento. Num artigo científico na última edição da revista Nature, que tem como um dos autores Luca Pollarolo (da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul), revela-se que esse desenho foi feito pelo homem moderno (Homo sapiens) e – até agora – é considerado abstracto. A lasca com o desenho foi encontrada na gruta de Blombos. Situada no Sul da África do Sul, a cerca de 300 quilómetros a leste da Cidade do Cabo, esta gruta tem recebido escavações arqueológicas desde 1991 e tem mostrado ter provas muito antigas de actividades culturais do humano moderno. Lá têm-se recolhido milhares de artefactos com entre 70 mil e 100 mil anos como conchas ornamentais e fragmentos de ocre com gravuras. Mas concentremo-nos (por enquanto) no desenho encontrado nessa gruta e descoberto, em 2015, entre outras peças analisadas por Luca Pollarolo. Num pequeno fragmento de rocha siliciosa, há nove linhas verticais e horizontais – seis dessas linhas são cruzadas por outras três, o que se assemelha a uma hashtag. Esse símbolo terá sido feito com um “lápis” de ocre vermelho com entre um e três milímetros de espessura. A lasca onde está esse desenho tem 38, 6 milímetros de comprimento, 12, 8 milímetros de espessura e 15, 4 milímetros de altura. E como as extremidades do fragmento têm cortes abruptos, pensa-se que esse desenho faria parte de uma superfície maior composta por um símbolo mais complexo. Esta equipa internacional de cientistas considera que este desenho é abstracto. “Dizemos que é abstracto porque não representa nada figurativo (como um animal, por exemplo)”, explica ao PÚBLICO Karen van Niekerk, da Universidade de Bergen (Noruega) e outra das autoras do trabalho. “Contudo, pode ter sido usado como um símbolo para algo mais figurativo. Mas não o conseguimos provar nesta fase. ”Agora, a equipa revela também que o mais desafiante foi provar que as linhas tinham sido feitas por humanos. E o que fizeram os cientistas para o confirmar? Primeiro, reproduziram as mesmas linhas do desenho com técnicas diferentes. Essas reproduções foram feitas com fragmentos de ocre afiados e também com diluições de ocre em pó que foram aplicadas com pincéis. Depois, através de técnicas de microscopia ou químicas, comparam os novos desenhos com o antigo. No final, confirmaram que o desenho na lasca encontrada na gruta de Blombos tinha sido feito deliberadamente pelos humanos. “Soubemos assim que as linhas na pedra não eram naturais”, frisa Karen van Niekerk. Além disso, acrescenta: “Encontrámos o desenho numa camada que tinha muitos outros artefactos feitos pelos humanos como conchas perfuradas, gravuras em ocre ou ferramentas de pedra e osso. Também descobrimos vestígios humanos, nomeadamente dentes, na gruta. Não temos dúvida que o desenho foi feito por um humano, o Homo sapiens. ”Como o desenho foi encontrado num estrato com 73 mil anos, isso faz dele o mais antigo do mundo que se conhece até agora. “Esta notável descoberta precede os anteriores desenhos figurativos e abstractos mais antigos, pelo menos, 30 mil anos”, lê-se no artigo. Até agora, os desenhos mais antigos abstractos ou figurativos vinham de sítios arqueológicos mais recentes como das grutas de Chauvet Pont d’Arc (França), de El Castillo (Espanha), Apollo 11 (Namíbia) e de Maros (Indonésia). Alguns deles tinham cerca de 42 mil anos. Para que não haja dúvidas, Karen van Niekerk refere que um desenho é diferente de uma pintura e de uma gravura. No caso deste desenho, usou-se uma peça de ocre para desenhar linhas numa pedra. “Já a gravura é um método totalmente diferente, que implica usar uma pedra para fazer cortes nalguma coisa”, explica a cientista. Na gruta de Blombos foram encontradas algumas gravuras com um padrão semelhante ao do desenho e também com mais de 70 mil anos. Para a equipa, isto demonstra que, há cerca de 70 mil anos, os humanos modernos na África do Sul já faziam sinais semelhantes em diferentes materiais, o que “apoia a ideia que essas marcas tinham uma função simbólica”, lê-se num comunicado sobre o trabalho. Mas a gravura mais antiga que se conhece é um ziguezague esculpido numa concha que foi encontrada no sítio paleoantropológico de Trinil (na Indonésia) e num estrato com 540 mil anos, segundo o comunicado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Quanto às pinturas, revelou-se este ano na revista Science que os neandertais (também humanos) foram os primeiros artistas a pintar grutas. Nesse estudo, apresentavam-se provas fortes – através da datação de pinturas rupestres em três grutas em Espanha – que esses humanos pintavam intencionalmente grutas há 65 mil anos. Concluiu-se assim que os neandertais já desenvolviam esta actividade mesmo antes dos humanos modernos. Afinal, estas pinturas ultrapassaram as de Chauvet Pont d’Arc com cerca de 32 mil e as de várias grutas da ilha de Celebes, na Indonésia, com 40 mil anos. Mesmo assim, Karen van Niekerk salienta que, por agora, a sua equipa tem hesitado em considerar o desenho descoberto na África do Sul como arte. E resume tudo o que, por agora, se sabe sobre ele: “É definitivamente um desenho abstracto, temos quase a certeza que tinha algum significado para o criador e, provavelmente, formava uma parte de um sistema simbólico comum compreendido por outras pessoas do seu grupo. ” Talvez um dia se saiba o que esta hashtag com 73 mil anos representa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos homem estudo animal
Alguns dinossauros tinham ovos com cores, pintas e manchas
Até agora, pensava-se que os ovos coloridos tinham tido origem nas aves. (...)

Alguns dinossauros tinham ovos com cores, pintas e manchas
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Até agora, pensava-se que os ovos coloridos tinham tido origem nas aves.
TEXTO: Alguns dinossauros metiam ovos coloridos com manchas e pintas em tons de azul e castanho, anunciou uma equipa de cientistas esta quinta-feira num artigo na revista científica Nature. Esta descoberta desconstrói a ideia de que estas características surgiram nas aves. Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos e da Alemanha analisou 12 cascas de ovos fossilizadas de dinossauros da Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul. Nessa análise, detectaram-se dois pigmentos existentes em ovos coloridos de aves num grupo de dinossauros chamado eumaniraptoransos . Esse grupo inclui dinossauros carnívoros bem conhecidos como o Velociraptor e pequenos dinossauros com penas antepassados das aves. “Descobrimos que os ovos coloridos não são uma característica única das nossas aves modernas, mas que evoluíram nos dinossauros não-avianos”, diz Jasmina Wiemann, paleontóloga da Universidade de Yale (Estados Unidos) e líder do estudo publicado na Nature. “Fundamentalmente, o nosso estudo muda a nossa compreensão da evolução dos ovos coloridos e dá cor aos ninhos dos dinossauros naquilo que seria um verdadeiro ‘Mundo Jurássico’. ”Por exemplo, o predador Deinonychus tinha um ovo azul com manchas castanhas. Já o Oviraptor (que significa ladrão de ovos), conhecido por ter seu bico semelhante ao de um papagaio, tinha ovos azuis-escuros. As aves evoluíram a partir dos dinossauros eumaniraptorans no período Jurássico (entre há 200 milhões e 145 milhões de anos). A primeira ave que se conhece, o Archaeopteryx, viveu há cerca de 150 milhões de anos na Alemanha. Os eumaniraptorans – parte de um grande conjunto de dinossauros bípedes carnívoros conhecido como terópodes, geralmente eram pequenos e semelhantes a aves – estavam cobertos de plumagem colorida. Este grupo incluía predadores até com nove metros de comprimento ou outros tão pequenos quanto um gato doméstico. Não faziam parte deste conjunto dinossauros como o Tyrannosaurus rex e o Giganotossauro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Todos os outros dinossauros estudados tinham ovos brancos. Desta forma, concluiu-se que os ovos coloridos têm uma única origem nos dinossauros eumaniraptorans que terão transmitido esta característica para as aves. Nos eumaniraptorans, os cientistas encontraram provas de um pigmento verde e azul chamado “biliverdina” e de um pigmento vermelho e castanho chamado “protoporfirina IX” que estão estruturalmente integrados na matriz cristalina da casca de ovo, assim como se observa nas aves. “Alguns [ovos] são uniformemente coloridos”, afirmou Mark Norell, autor do estudo e paleontólogo do Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque. “Outros têm pintas e manchas, tal como nos ovos das aves actuais. Enquanto o ovo do tordo é uniformemente azul, já o da codorniz tem pintas e manchas. ” O paleontólogo acrescenta ainda que outras características como as penas – que inicialmente se supunha que tivessem origem nas aves –, também foram herdadas dos dinossauros.
REFERÊNCIAS: