Cumprimentos caninos
Os cumprimentos dos cães fazem parte da alegria da vida. São surpresas com que se pode contar. São cumprimentos curtos. (...)

Cumprimentos caninos
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os cumprimentos dos cães fazem parte da alegria da vida. São surpresas com que se pode contar. São cumprimentos curtos.
TEXTO: Os cumprimentos dos cães fazem parte da alegria da vida. São surpresas com que se pode contar. São cumprimentos curtos. Não se pode levar a mal que não sejam prolongados. Um cão simpático pode ter de cumprimentar dezenas depessoas por dia. Às vezes é só um encosto de cabeça ou até, de passagem, o levantamento do queixo acompanhado por um olhar amigo. O cão está a fazer-nos o favor de reconhecer a nossa existência. Quanto mais atarefado fôr mais telegráfico terá de ser. Há um cão que passeia sozinho pela praia. Nunca tem fome nem sede. Só curiosidade. A maneira que tem de me cumprimentar é deixar caír a cabeça pesadamente na minha perna. Como tem as barbas encharcadas da água do mar sou sempre o primeiro a saber se está muito fria. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Antes de eu poder protestar já ele seguiu caminho. Não há chamamento humano que o convença a voltar. Bem me apetecia que ele passasse mais tempo comigo - até para conhecê-lo melhor - mas ele tem uma rotina inflexível. Os encontros fortuitos com pessoas como eu não estão contemplados no timing do circuito. Daí a breve duração mas também a intensidade de cada cumprimento. Os gatos são conforme lhes dá: tanto podem ser chatos de tão melosos como reagir histericamente, fugindo como quem odeia o monstro que acaba de lhes estragar o dia. Já as pessoas demoram-se tempo de mais, tendendo para a insinceridade e para o sacrifício escusado. Os cães é que são mestres cumprimentadores. Os políticos ganhariam em estudá-los mais e imitá-los menos.
REFERÊNCIAS:
Apresentada uma nova versão do Anchiornis, um dinossauro-ave
Reconstituição feita com uma inovadora técnica a laser. Do tamanho de uma galinha, a espécie viveu na China há 160 milhões de anos. (...)

Apresentada uma nova versão do Anchiornis, um dinossauro-ave
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.136
DATA: 2017-03-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Reconstituição feita com uma inovadora técnica a laser. Do tamanho de uma galinha, a espécie viveu na China há 160 milhões de anos.
TEXTO: À primeira vista, o Anchiornis parece-se mais com uma ave do que com um dinossauro. A reconstituição detalhada da sua imagem, apresentada esta terça-feira por uma equipa de investigadores na revista Nature Communications, reforça esta percepção. Do tamanho de uma galinha, com uma crista vermelha, corpo coberto de penas pretas e cinzentas com algum branco à mistura, antebraços ligados ao corpo por uma camada de pele e pernas em forma de baqueta, a nova versão do Anchiornis confirma que este dinossauro partilhava muitas características com as aves modernas. Porém, há um mistério que permanece: será que conseguia voar?A imagem do Anchiornis foi reconstituída através de uma técnica de fluorescência estimulada por lasers. Trata-se de nova ferramenta de imagem para os cientistas que permite recuperar as formas dos ossos e tecidos moles de um fóssil de um animal que viveu há milhões de anos (neste caso, há cerca de 160 milhões) e que dificilmente chega aos nossos dias em boas condições. Há sempre “partes” impossíveis de preservar e que se perdem no tempo. Com a nossa técnica, a equipa de Michael Pittman, da Universidade de Hong King, e Xiaoli Wang, da Universidade Linyi (na China), conseguiram recuperar formas invisíveis a olho nu e apresentaram o retrato mais aproximado possível desta criatura do período Jurássico que viveu na altura em que as aves se separaram dos dinossauros. Os resultados do trabalho comprovam a previsível mistura. O Anchiornis tinha braços, cauda e patas semelhantes aos de uma ave. Aliás, após a sua descoberta em 2009, no Nordeste da China, esta criatura foi originalmente descrita como uma ave. Porém, os estudos feitos ao longo do tempo acabaram por demonstrar que seria um dinossauro muito parecido com uma ave. E está longe de ser o único dinossauro com penas alguma vez descoberto. O Archaeopteryx, que viveu na Alemanha há cerca de 150 milhões de anos, é considerada a mais antiga e conhecida ave. Este dinossauro-ave estará algures no meio, em termos de evolução das espécies. Se hoje alguém visse este animal vivo, a reacção seria algo como “é uma ave com aspecto estranho”, admite o paleontólogo Michael Pittman, citado pela agência Reuters, considerando que este estudo representa “um verdadeiro marco no conhecimento das origens das aves”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O trabalho revelou que esta criatura tinha, por exemplo, uma membrana em frente ao cotovelo, chamada “propatágio”, que é uma das partes essenciais das asas de uma ave e é crucial para o voo. Apesar deste dados, ainda não é possível afirmar com certeza que o Anchiornis sabia voar. “Alguns cientistas acreditam que poderia planar com base nos braços longos, robustos e emplumados – asas –, mas outros discordam porque as suas penas não eram boas para voar”, nota Xiaoli Wang, arriscando: “Acreditamos que ele provavelmente tinha algum tipo de capacidade aerodinâmica. ”Além das plumas, tinha também dentes pequenos e afiados como os das primeiras aves e, ao que tudo indica, alimentava-se de pequenos animais como lagartos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo corpo animal aves
PAN propõe criação de "pombais contraceptivos", com ovos de gesso, em Lisboa
A ideia é que as aves estabeleçam os seus ninhos nesses pombais e que os seus ovos sejam trocados por outros de gesso ou plástico, para "controlar" a natalidade da espécie. (...)

PAN propõe criação de "pombais contraceptivos", com ovos de gesso, em Lisboa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: A ideia é que as aves estabeleçam os seus ninhos nesses pombais e que os seus ovos sejam trocados por outros de gesso ou plástico, para "controlar" a natalidade da espécie.
TEXTO: O partido Pessoas, Animais, Natureza (PAN) quer que a Câmara de Lisboa instale na cidade “pombais contraceptivos”, para resolver o “problema” do “excesso populacional de pombos”. A ideia é que as aves estabeleçam os seus ninhos nestas estruturas, sendo depois os seus ovos retirados do local e substituídos por outros “em gesso ou plástico”. Uma recomendação nesse sentido vai ser apresentada esta terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa. No texto, o deputado do PAN sublinha que os pombais contraceptivos são já uma realidade em cidades como Paris, Munique, Amesterdão, Nova Iorque e Londres, e recomenda ao município lisboeta que adopte também esta forma de “controlar” a natalidade da espécie. “É um método que respeita 100% as necessidades etológicas dos pombos, não invasivo, barato e que já é usado há largos anos com sucesso em outras cidades”, diz Miguel Santos. Para o deputado, são evidentes as “vantagens” para os pombos, esses “animais não humanos com quem partilhamos o mesmo espaço urbano há muito, muito tempo”: estes passam a ter “um local seguro para fazer os seus ninhos, por sua livre vontade, permitindo-lhes usufruir de voos livres pela cidade, tornando ao pombal sempre que queiram para se alimentarem e chocarem os ovos”. Mas Miguel Santos acrescenta que a instalação de pombais contraceptivos tem também vantagens para os humanos, “a nível de custos, de logística, de enquadramento paisagístico e de higiene”. Isto porque, explica, “uma vez concentrados no pombal para nidificar e comer, as aves não irão mais procurar parapeitos ou telhados de casas e monumentos para o fazerem”. Em termos práticos, aquilo que o PAN propõe é que se instalem na cidade “estruturas simples, para as quais os animais são atraídos a nidificar através da oferta de alimento, água e sombra”. Depois de as aves aí estabelecerem os seus ninhos, “equipas responsáveis limpam e cuidam do espaço, retirando também os ovos e assim prevenindo nascimentos”. A ideia, segundo se explicita na recomendação, é que os ovos retirados sejam depois substituídos por outros “em gesso ou em plástico”. E o que é que acontece aos ovos que são retirados aos pombos? “Imagino que sejam destruídos. Não tenho o know-how completo”, diz ao PÚBLICO Miguel Santos. Aquele que é o único eleito do PAN na Assembleia Municipal de Lisboa frisa que aquilo que se pretende é “controlar a população de pombos para um nível em que não se transforme naquilo que as pessoas designam por uma praga”. Miguel Santos sublinha que esta é também uma forma de acabar com o abate de pombos na cidade, ou com “as matanças cíclicas”, como lhes chama. “Têm uma morte muito sofrida, que não se justifica”, diz, acrescentando que tanto quanto sabe nalguns casos os animais “são gaseados”. No site da Câmara de Lisboa diz-se que o “programa de controlo da população de pombos” em prática “inclui a utilização de um contraceptivo oral”, que “não esteriliza as aves, mas apenas diminui a capacidade reprodutiva”. Num conjunto de perguntas e respostas sobre “pragas”, o município explica ainda que procede à “captura” de animais, “alguns” dos quais “são encaminhados para análise, a fim de despistar doenças de declaração obrigatória”. “Os restantes são abatidos”, conclui-se. Também em informação divulgada na sua página, a autarquia lembra que “os incómodos causados pelos pombos traduzem-se em riscos para a saúde pública através da transmissão de agentes patogénicos existentes nas aves”, alertando para a possibilidade de estas transmitirem “doenças como a Salmonelose, a Criptococose, a Ornitose, especialmente aos grupos mais vulneráveis da população”. Alimentar os pombos, acrescenta-se, "é proibido, constitui contraordenação e é sujeito a coima". Num outro documento que vai ser discutido esta terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa, a informação escrita do presidente da câmara relativa ao período entre 1 de Junho e 31 de Agosto, refere-se que nesse horizonte temporal foram realizadas, “no âmbito do controlo de pragas”, “318 intervenções com pombos”. O PÚBLICO perguntou à câmara em que consistiram mas não obteve resposta. Também sem resposta ficou a pergunta sobre quantos foram os abates de pombos realizados no ano passado. À semelhança do que sugere agora o PAN, também na mais recente edição do Orçamento Participativo de Lisboa, cujas votações arrancam em Outubro, foi apresentada uma proposta para a construção de um pombal contraceptivo na cidade. “Poderá começar-se com um ‘pombal piloto’, instalado na famosa Praça do Comércio e, caso dê frutos, alargar posteriormente a outras zonas da cidade”, diz-se na proposta, na qual se defende que “é vital que a gestão do pombal seja feita pela câmara, em cooperação com ONG [Organizações Não Governamentais], por forma a garantir o cuidado necessário a um maneio ético do espaço”. Já a recomendação do PAN fala em “projectos pilotos” sem avançar locais concretos. “Acho que será importante fazer em vários sítios, não tem qualquer contra-indicação”, diz Miguel Santos, que considera que a Praça do Comércio é uma possibilidade a considerar, por ser “uma zona simbólica importante”, na qual se poderia “mostrar como se faz”.
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Partidos PAN LIVRE
Cada uma em seu assento, duas araras voaram como passageiras da TAP para o Brasil
O tráfico de espécies é uma mina de ouro – até o Boko Haram explora este manancial. Nas alfândegas tenta-se deter os piratas e há histórias felizes: duas aves encontradas em Portugal vão poder voltar a voar nos céus brasileiros. (...)

Cada uma em seu assento, duas araras voaram como passageiras da TAP para o Brasil
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-11-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: O tráfico de espécies é uma mina de ouro – até o Boko Haram explora este manancial. Nas alfândegas tenta-se deter os piratas e há histórias felizes: duas aves encontradas em Portugal vão poder voltar a voar nos céus brasileiros.
TEXTO: No voo que esta quarta-feira de manhã descolou de Lisboa em direcção a São Paulo, dois lugares do avião estavam ocupados apenas por duas caixas cobertas por panos. Em cada uma, um ser raríssimo: a arara de Lear (Anodorhynchus leari). Chegaram a Portugal pela mão de contrabandistas, que as pretendiam vender por valores que poderiam atingir os 80 mil euros cada uma. Apanhadas pela Polícia Judiciária, regressaram a casa de forma a serem reintroduzidas na natureza. É a primeira vez que no âmbito do combate à pirataria de espécies é possível reenviá-las para o Brasil. O tráfico de ovos de papagaios é uma mina de ouros para os traficantes de animais. Depois de eclodirem, valem milhares de euros, sobretudos os espécimes de espécies protegidas, que são extremamente valiosas no mercado negro (muitas entre 3000 a 10. 000 euros cada exemplar, podendo atingir outras até 75. 000 a 90. 000 euros), explica João Loureiro, chefe da Divisão de Gestão de Espécies de Flora e Fauna do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). É ele que se senta ao lado das aves no avião rumo ao Brasil, uma viagem oferecida pela TAP. São dez horas de viagem e João Loureiro espera que as araras não queiram, repetidamente, vocalizar angústias ou expectativas. “Vão cobertas com um pano para ver se vão sossegadas”, diz, esperançoso. Já não são uns bebés, têm nove ou dez meses, mas talvez por isso se sintam com mais vontade de dar o ar da sua graça. Não há certezas sobre a sua entrada em Portugal mas, segundo João Loureiro, terão vindo num voo a 18 de Janeiro, altura em que foram apreendidos no aeroporto de Lisboa 18 ovos da Amazona autumnalis diadema, uma subespécie do papagaio-diadema. Na altura, os ovos da arara-azul-de-Lear terão passado desapercebidos na alfândega. Terá sido mais tarde, já com três meses, que a Polícia Judiciárias as apreendeu quando já estavam à venda. “A idade dos juvenis parece coincidir com a apreensão dos ovos de papagaio-diadema, em Janeiro”, avança o responsável do ICNF. Daí para cá, as duas araras passaram para a guarda de um especialista na criação de psitacídeos. A sua identidade não foi divulgada por razões de segurança, dado o extraordinário valor que estas aves alcançam no mercado negro. Agora, já estão de regresso ao local de origem. Como sublinha João Loureiro, é a primeira vez que tal acontece com as espécies apreendidas, que na maioria das vezes acabam em zoológicos nacionais. Só que se está perante uma espécie muito rara e o Brasil tem feito um imenso esforço para defendê-la e dar-lhe condições para que a sua população aumente. Não haverá mais de mil em meio natural. Daí o seu interesse para os contrabandistas. As apreensões regulares de espécies ameaçadas em Portugal – desde 1999 já foram detectadas pelas polícias e autoridade aduaneira milhares de espécimes de aves, alguns sob a forma de ovos – são feitas ao abrigo da CITES, a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção, de que o ICNF é a autoridade nacional. “O tráfico de espécimes de vida selvagem é considerado, de forma unânime, o terceiro a nível mundial, logo atrás do tráfico de armas e de drogas. Por exemplo, os dados mais recentes parecem indicar que a principal fonte de financiamento do grupo Boko Haram seja o tráfico de vida selvagem”, adianta João Loureiro. “Portugal é uma porta de entrada ilegal de espécimes de espécies listadas nos anexos da CITES e do Regulamento (CE) n. º 338/97, situação facilmente justificável pela situação geográfica do nosso país na Europa e na União Europeia, principal destino do tráfico de espécimes vivos de espécies de fauna e flora protegidos, e pelo facto de sermos um dos Estados-membros com mais voos directos do Brasil, um dos países com maior biodiversidade do mundo e onde estão as espécies mais ameaçadas de papagaios, araras e tucanos, entre outras”, acrescenta. Quanto aos traficantes, decorrem ainda investigações criminais e o caso está entregue ao Ministério Público. Em casos anteriores, foram aplicadas penas de prisão a alguns dos intervenientes.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave prisão negro espécie extinção ilegal aves
Enquanto dormem, os ratos “sonham” com um amanhã mais radioso
A actividade do cérebro destes animais durante o sono sugere que estarão a simular o percurso que vão ter de fazer para apanhar alimentos que cobiçaram, mas sem os conseguirem alcançar, quando estavam acordados. (...)

Enquanto dormem, os ratos “sonham” com um amanhã mais radioso
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-06-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A actividade do cérebro destes animais durante o sono sugere que estarão a simular o percurso que vão ter de fazer para apanhar alimentos que cobiçaram, mas sem os conseguirem alcançar, quando estavam acordados.
TEXTO: Numa entrevista ao PÚBLICO em 2012, o psiquiatra norte-americano Allan Hobson, pioneiro no estudo da neurobiologia dos sonhos, dizia que os sonhos eram "programas de treino em realidade virtual". E acrescentava que “fazia todo o sentido” pensar que os animais que têm fases de sono dito REM (sono acompanhado de movimentos oculares rápidos, ou rapid eye movement sleep em inglês) – que nos seres humanos correspondem aos momentos em que sonhamos – vinham equipados com capacidades de treinar, enquanto dormem, as suas respostas a situações do mundo real que ainda não aconteceram. Quando sonhamos, “inventamo-nos a nós próprios, inventamos o espaço no qual nos inserimos e depois desenvolvemos aí uma série de comportamentos”, salientava Hobson. Não sabemos se os ratos sonham, mas uma coisa é certa: quando dormem, apresentam fases de sonho REM tal como os humanos e muitos outros animais (aves e mamíferos, nomeadamente). E agora, um estudo publicado há dias na revista online de acesso livre eLife e realizado no Reino Unido vem reforçar, com base em registos da actividade cerebral de ratos a dormir a sesta, a ideia de que eles são efectivamente capazes de simular, de planificar virtualmente, percursos que ainda não fizeram na realidade. Hugo Spier e os seus colegas do University College de Londres (UCL) monitorizaram a actividade cerebral de quatro ratos de laboratório machos – e mais precisamente, de certas células do hipocampo destes animais. O hipocampo é uma estrutura situada nas profundezas do cérebro que se sabe estar envolvida na memória espacial e na navegação pelo mundo 3D que nos rodeia. Sabe-se ainda que a memória dos locais específicos por onde um rato já passou fica armazenada em conjuntos de células, chamadas células de localização, que se activam em simultâneo quando o animal torna a passar pelo mesmo local e o reconhece. “Durante a exploração de um espaço, os mamíferos rapidamente constroem um mapa desse espaço no seu hipocampo”, explica Spier em comunicado do UCL. “E durante o repouso, o hipocampo torna a ‘correr o filme’ dos percursos através desse mapa, o que poderá permitir reforçar a memória desse local. Há quem diga que essas simulações poderiam constituir o conteúdo dos sonhos. Não sabemos se os ratos vivem ou não essa experiência como um sonho, porque para isso teríamos de lhes perguntar! Mas o que mostrámos foi que, quando os ratos descansam, o seu hipocampo também constrói fragmentos de um futuro que ainda não aconteceu. ”Para realizar o estudo, os cientistas colocaram os ratos, cada um por sua vez, numa espécie de corredor, no fim do qual seria possível virar para a esquerda ou a direita, não fosse o acesso a esses “ramos” estar vedado por uma barreira. Contudo, os animais conseguiam observar que, lá ao fundo de um dos ramos (e apenas de um deles) alguém tinha deixado um apetecível bocado de comida. A seguir, os ratos tiveram a oportunidade de descansar durante uma hora. Por último – e depois de a vedação que impedia o acesso ao alimento ter sido removida –, os animais tornaram a ser colocados no corredor, tendo agora a possibilidade de circular na totalidade do espaço. Enquanto os ratos dormiam, os cientistas tinham registado, graças a eléctrodos colocados no cérebro dos animais, padrões de activação das células de localização do hipocampo. E quando, uma vez acordados, os ratos se dirigiram directamente para o lado em que sabiam que iam encontrar o cobiçado manjar, o padrão de activação das células do seu hipocampo revelou-se semelhante ao padrão de activação registado durante o sono. “O hipocampo é em geral visto como importante para a memória dos locais que já visitámos”, explica no mesmo comunicado a co-autora Freyja Ólafsdóttir. “Mas o que é surpreendente aqui é que vemos o hipocampo a fazer planos para o futuro, ensaiando trajectos totalmente novos, trajectos que os animais vão precisar de efectuar para alcançar a comida. ”“Por enquanto, não sabemos o que essas simulações neuronais significam”, diz por seu lado o também co-autor Caswell Barry. “Parece possível que se trate de um processo de avaliação das opções disponíveis com vista a determinar qual delas é mais susceptível de conduzir a uma recompensa – com o animal a ponderar essas opções, por assim dizer. Mas não sabemos ao certo. E uma das coisas que gostaríamos de fazer é tentar estabelecer uma relação entre essa aparente planificação e o que os animais fazem efectivamente a seguir. ”Os cientistas também pensam que os seus resultados poderão permitir explicar por que é que as pessoas com lesões no hipocampo também têm dificuldade em imaginar o futuro.
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Simba foi morto em Monsanto e a indignação veio de todo o país
Caso de cão abatido em aldeia de Idanha-a-Nova criou onda de solidariedade nacional após post no Facebook. (...)

Simba foi morto em Monsanto e a indignação veio de todo o país
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento -0.2
DATA: 2015-03-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Caso de cão abatido em aldeia de Idanha-a-Nova criou onda de solidariedade nacional após post no Facebook.
TEXTO: Esta não é uma história inédita mas não costuma chegar às notícias. Mas este caso, a história de Simba, um Leão da Rodésia de quatro anos, está a tornar-se um caso de mobilização nacional, depois de os donos terem publicado um post no Facebook a denunciar a morte do seu cão, no último sábado, numa quinta da aldeia de Monsanto, concelho de Idanha-a-Nova. Desde o fim-de-semana receberam mais de 2500 comentários de apoio. O casal exige justiça e apela à indignação pelos “animais que sofrem nas mãos da crueldade do homem”. José Diogo Castiço e a mulher Andreia Mira moram em Monsanto. Ele trabalha na empresa Monsanto a Cavalo, ela tem uma loja de produtos da Terra na aldeia. Têm uma quinta, onde além de passeios a cavalo, cultivam vários produtos agrícolas. No último sábado, Andreia estava na quinta quando ouviu dois disparos. Um dos seus cães, Simba apareceu a cambalear e a ganir. Deitado ao pé de Andreia, o animal morreu pouco depois com ferimentos provocados por chumbos. Simba terá sido abatido por um vizinho do casal, por razões ainda por confirmar. Até ao último sábado, Diogo Castiço lembra ao PÚBLICO que nunca teve qualquer problema significativo com o vizinho, que utilizava com frequência o poço do terreno do casal para regas na sua propriedade. Os cães do homem eram também presença frequente no terreno do lado. Apenas numa ocasião Diogo Castiço diz ter tido uma “conversa mais azeda” com o vizinho, há dois anos, por causa de uma utilização abusiva do poço numa altura de seca na região. “Chamei-o à atenção e disse-lhe que assim teria que lhe cortar a água”, recorda. Depois, tudo voltou ao normal. No sábado, momentos antes de Simba ter morrido, Andreia cumprimentou o vizinho quando se cruzou com este ao chegar à sua quinta. Meia hora depois deram-se os disparos. Diogo contactou o posto territorial da GNR de Monsanto, que se deslocou ao local e interpelou o suspeito dos disparos. “Disse que tinha disparado para o ar, que já tinha avisado o cão, mas negou que o tivesse morto. Disse que o cão tinha ido às galinhas”, conta Diogo. Diogo descreveu cada minuto do dia da morte de Simba várias vezes desde então. A primeira vez foi na página do Facebook da empresa, sob o título “Mataram o meu melhor amigo”, e a partir daí tudo mudou. “Escrevo-vos lavado em lágrimas choradas durante toda a noite de ontem. O nosso Simba foi assassinado por um criminoso, alegadamente, porque a justiça assim o obriga”, começou por escrever. “Indagado por mim num estado de perfeito nervosismo, o autor do disparo, que diz ter sido de aviso. . . para o ar, negou. . . negou tudo, negou ter morto o meu cão, negou ser um assassino, negou ser cruel, negou não possuir uma réstia de amor pela vida animal, respeito pela vida dos outros, respeito pela minha mulher que minutos antes o cumprimentara ao chegar à quinta enquanto este podava uma parreiras, na presença da GNR, ontem e hoje, tudo negou”, acrescenta depois. Diogo assegura que Simba era “simpático com todos” e que o veterinário local passou mesmo uma declaração de não-agressividade em conjunto com o óbito, onde foi declarada morte por arma de fogo. O animal foi sepultado no dia seguinte, mas esta terça-feira o corpo era exumado para se proceder à autópsia, um conselho que Diogo seguiu "para garantir que nada fica por registar" quanto à causa da morte de Simba. O tenente-coronel João Brito, do Comando Territorial de Castelo Branco da GNR, confirmou ao PÚBLICO o incidente e indicou que “tudo se terá passado devido a uma situação que envolveu cães e galinhas”. “O suspeito foi identificado e foram apreendidos uma espingarda-caçadeira e um cartucho. O caso foi depois remetido para o Ministério Público, que irá decidir se haverá a abertura de um inquérito”, adiantou o militar. O PÚBLICO tentou falar com o suspeito, mas não foi possível. Desde sábado, Diogo e Andreia já apresentaram três queixas na GNR de Monsanto. A primeira pela morte de Simba, a segunda, no domingo, por invasão de propriedade e destruição de bens e a terceira por ameaça através de mensagem telefónica. Diogo liga os dois casos mais recentes à morte do seu cão. O post de domingo no Facebook mudou a vida do casal. Nos últimos dias, o telefone de trabalho de Diogo não pára de tocar, a caixa de email da empresa acumulou centenas de mensagens e os pedidos de entrevista de órgãos de comunicação social são muitos, alguns vindos de países como a Suíça. Mas o que mais está a sensibilizar Diogo e Andreia são os milhares de comentários e mensagens de apoio recebidas de pessoas amigas mas também de desconhecidos. Esta terça-feira, o post de Diogo tinha mais de 2500 comentários e tinha sido partilhada perto de 25 mil vezes. Foi ainda criada uma petição pública a exigir justiça pelo Simba. Mais de 17. 500 pessoas tinham subscrito o documento até à tarde desta terça-feira.
REFERÊNCIAS:
Javalis estão a destruir flora protegida na Arrábida
Número de animais não pára de aumentar e a população está preocupada. Além de prejuízos económicos, há perda de vegetação emblemática daquela área protegida. (...)

Javalis estão a destruir flora protegida na Arrábida
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento -0.05
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Número de animais não pára de aumentar e a população está preocupada. Além de prejuízos económicos, há perda de vegetação emblemática daquela área protegida.
TEXTO: O aumento desenfreado do número de javalis na Serra da Arrábida, no concelho de Setúbal, está a ameaçar espécies de flora protegida pelo parque natural, como orquídeas raras e tulipas selvagens. Os suínos têm também destruído culturas agrícolas e jardins, e quando a comida nas matas escasseia descem até às praias para revirar caixotes do lixo. A situação está “fora de controlo”, avisa a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, pedindo uma intervenção urgente das autoridades. Nos últimos meses têm-se intensificado os danos em propriedades privadas naquela zona e os avistamentos dos suínos na via pública, até no parque urbano de Azeitão, onde revolveram a relva. “As pessoas estão abaladas com isto. Já houve um acidente na Estrada Nacional 10, uma colisão entre um veículo e um javali, à noite”, relata Celestina Neves. Não há registo de danos pessoais mas a autarca teme que possa acontecer o pior, até porque algumas pessoas aproximam-se dos animais e dão-lhes comida, esquecendo que são animais selvagens e, logo, imprevisíveis. E os bichos parecem cada vez mais afoitos. Neste sábado, por volta das três da tarde, três javalis passeavam à beira-mar na praia do Creiro, perto do Portinho da Arrábida, indiferentes a um grupo de jovens, tendo acabado por procurar refúgio na vegetação. Além dos prejuízos para os proprietários das culturas afectadas – a região tem várias quintas com actividadea importantes para a economia local, como a vinha – e dos riscos para a saúde e segurança da população, há outra ameaça a pairar sobre o ecossistema da Arrábida. Além de bolotas, os javalis comem também os bolbos de flores como as orquídeas, endémicas e emblemáticas daquela região calcária, onde ocorrem cerca de 30 sub-espécies. “Os javalis estão concentrados em habitats mais densos, sobretudo nos sítios de maior protecção, como a Mata do Solitário e a Mata Coberta”, explica o botânico Jorge Capelo. “Em busca de comida, reviram o solo e não só eliminam as plantas bolbosas como também alteram a estrutura do terreno, através dos dejectos, que normalmente não existem neste ecossistema”, acrescenta. O resultado é, por um lado, a erosão dos terrenos, e por outro lado a substituição da flora natural desta zona por outras plantas “de carácter oportunista”, pondo em causa os factores que levaram à criação da área protegida. Segundo este investigador na área da ecologia da vegetação, naquelas duas matas próximas do Portinho da Arrábida “os efeitos são já muito visíveis”. Há “áreas muito grandes devastadas”, incluindo clareiras onde antes cresciam as orquídeas, consideradas habitats prioritários por uma directiva comunitária. “Esta flora não vai regressar com facilidade, nem no curto nem no médio prazo”, alerta Jorge Capelo. Cerca de 400 porcos selvagensA presença de javalis na zona não é novidade – os animais terão sido introduzidos pelo proprietário de uma quinta há cerca de uma década e depois avançaram pela serra, segundo a autarca de Azeitão. Como o plano de ordenamento do Parque Natural da Arrábida (PNA) impõe restrições à caça e a espécie se reproduz facilmente, com ninhadas que podem chegar a uma dezena de crias, os efectivos foram aumentando. “Se se tivesse caçado o javali, seguramente que a população estaria mais controlada”, garante João Carvalho, secretário-geral da Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPPC), lembrando que não existe na zona qualquer predador natural do javali. Segundo a estimativa facultada à Junta de Freguesia de Azeitão por uma fonte do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), actualmente haverá cerca de 400 porcos selvagens na serra. O PÚBLICO questionou a directora do Departamento de Conservação da Natureza e Floresta de Lisboa e Vale do Tejo, Maria Jesus Fernandes, sobre as medidas que estão a ser tomadas para resolver o problema, mas não obteve resposta. Os proprietários rurais e florestais daquela região podem pedir ao ICNF autorização para abater os animais, alegando que foram ou prevêem ser atacados. “As pessoas já sabem que quando termina a produção de bolota, eles viram-se para os caixotes do lixo e os jardins, à procura de minhocas”, explica João Carvalho. Em articulação com o ICNF, a Junta de Freguesia de Azeitão, a GNR e o Clube da Arrábida, a ANPPC participou já em algumas acções “de correcção de densidade”, que podem ir do abate à captura de javalis. Em Janeiro houve uma montaria mas a mudança imprevista das condições meteorológicas levou ao fracasso da operação. Foram também feitas “esperas” ao animal, que resultaram no abate de oito javalis, um número “insuficiente”, diz João Carvalho.
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Um peluche telecomandado conseguiu infiltrar-se em colónias de pinguins
Não é um brinquedo perdido no gelo, mas uma ferramenta científica para estudar estas aves ameaçada sem as perturbar em demasia. (...)

Um peluche telecomandado conseguiu infiltrar-se em colónias de pinguins
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não é um brinquedo perdido no gelo, mas uma ferramenta científica para estudar estas aves ameaçada sem as perturbar em demasia.
TEXTO: O interesse que os rovers, pequenos veículos telecomandados sobre rodas, apresentam para o estudo das colónias de pinguins acaba de ser demonstrada por cientistas da Universidade de Estrasburgo (França) e do Centro Científico do Mónaco, que colocaram um rover “mascarado” de pinguim bebé no meio de uma colónia destes animais. Na origem deste estudo, liderado por Yvon le Maho, especialista de pinguins, uma constatação: os pinguins constituem um bom indicador do estado de saúde dos recursos marinhos do Oceano Austral. Portanto, o estudo da sua reprodução e sobrevivência permite perceber melhor o impacto das alterações climáticas sobre a biodiversidade. Mas para isso, é preciso marcá-los individualmente. Ora, como a anatomia particular das suas patas não permite a colocação de braçadeiras nessa parte do corpo, o cientistas tinham optado por colocá-las numa das asas – o que, para mais, apresentava a vantagem de a informação poder ser lida à distância. Mas em 2011, um estudo também realizado por Yvon le Maho mostrou que um tal sistema incomodava os pinguins quando se deslocavam na água – com consequências, justamente, em termos de sobrevivência e de sucesso reprodutivo. Os cientistas encontraram então uma alternativa: a introdução, debaixo da pele das aves, de “uma etiqueta’ electrónica com menos de um grama de peso”, explica Yvon le Maho. Mais precisamente, de um circuito electrónico que emite um sinal de identificação. Este sistema, que não incomoda os pinguins, tem contudo uma limitação técnica: o sinal de identificação que o circuito emite por radiofrequência (mais conhecido como RFID) tem um alcance muito pequeno, de cerca de 60 centímetros. Até aqui, para localizar um pinguim assim “etiquetado”, era portanto preciso que um cientista circulasse dentro da colónia com o leitor de RFID na mão. E isso levantava o “risco óbvio de perturbar” os animais, segundo os autores do estudo. Fato de camuflagemFoi assim que estes cientistas tiveram a ideia de substituir o ser humano por uma antena sobre quatro rodas – ou seja, por veículos telecomandados equipados com leitores de RFID. Numa primeira fase, utilizaram um rover disponibilizado pelos serviços de desminagem do Ministério do Interior francês. A equipa começou a testar o sistema em pinguins-reais na Ilha da Possessão, no arquipélago de Crozet (situado no Oceano Índico Austral, a uns 2500 quilómetros a sul de Madagáscar). Trata-se de animais que defendem o seu território. Para comparar o stress gerado pela presença humana com o stress provocado pelo rover, os cientistas mediram a frequência cardíaca de pinguins-reais que estavam a chocar o seu ovo. As aves defenderam o seu território da intrusão do rover com bicadas e batendo as asas, como se de um dos seus congéneres se tratasse – “e com um aumento equivalente da sua frequência cardíaca” ao que acontece quando defendem o seu território de outros elementos da colónia. E mal o rover parava de andar, passava a ser totalmente ignorado pelos pinguins. Quanto à intrusão humana, os autores constataram ainda que ela se traduzia “num aumento muito maior da frequência cardíaca [dos animais] quando comparada com o aumento suscitado pela aproximação do rover”, diz Yvon le Maho. E que a presença humana também provocava “uma desorganização da estrutura da colónia”. Os cientistas prosseguiram o estudo numa outra colónia, desta vez de pinguins-imperador, situada nas proximidades da estação antárctica francesa de Dumont d’Urville, na Terra de Adélia (território reivindicado pela França). Mas estes animais, que não defendem o seu território, começaram a recuar quando viram o rover a aproximar-se. Os cientistas tiveram então a ideia de “camuflar” o rover colocando em cima do veículo um falso pinguim-imperador bebé. O engenho conseguiu assim aproximar-se das aves sem as afugentar – e elas tentaram mesmo “comunicar com ele através de vocalizações”, fazem notar os autores. Estes resultados abrem o caminho “a pesquisas mais aceitáveis do ponto de vista ético (…), evitando ao mesmo tempo os enviesamentos científicos ligados à perturbação dos animais no seu habitat natural”, frisa Yvon le Maho. Os rovers também poderiam ser utilizados na identificação electrónica de mamíferos marinhos, tais como os elefantes-marinhos, salientam os cientistas. Estes trabalhos, cujos resultados foram publicados no último domingo na revista Nature Methods, foram realizados com o apoio do instituto polar francês (Instituto Paul-Emile Victor), da fundação da empresa petrolífera francesa Total e da Agência francesa da Investigação Científica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave estudo corpo aves
Espécies em perigo de extinção nos 35 hectares para abate na Serra da Cabreira
Associação alerta para o impacto desta acção junto de espécies animais protegidas como o lobo ibérico, cervo e garrano, que têm aqui o seu habitat. (...)

Espécies em perigo de extinção nos 35 hectares para abate na Serra da Cabreira
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Associação alerta para o impacto desta acção junto de espécies animais protegidas como o lobo ibérico, cervo e garrano, que têm aqui o seu habitat.
TEXTO: O pinheiro-silvestre, em perigo de extinção, está entre as inúmeras espécies incluídas nos 35 hectares de floresta marcada para abate entre os concelhos de Vieira do Minho e Montalegre, aparentemente sem conhecimento das autoridades. “Contactadas todas as instituições da região, como as câmaras de Montalegre e Vieira do Minho, e associações de baldios, ninguém sabe do porquê, de onde partiu a iniciativa. O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) aparentemente também desconhece e pediu-nos informação mais detalhada”, revela o porta-voz do grupo SOS – Serra da Cabreira, Rui França. O porta-voz disse à Lusa que tem “documentado” um conjunto de “espécies protegidas” inseridas nas “milhares de árvores marcadas para abate” sem que o ICNB admita o seu conhecimento, apesar de alegadamente ter sido este organismo a dar indicação aos guardas-florestais para a marcação da “ampla zona”. “Estão marcadas milhares de árvores, inclusivamente espécies em risco ou mesmo em extinção, como o pinheiro-silvestre. As marcadas são resinosas, mas a envolvente toda é um bosque bastante denso. Abarca uma diversidade enorme de espécies”, alertou, denunciando ainda o impacto desta acção junto de espécies animais protegidas como o lobo ibérico, cervo e garrano, que têm aqui o seu habitat. O responsável do movimento de defesa da Serra da Cabreira conta que o ICNB pediu “informações mais detalhadas sobre o local exacto” e que o levantamento já foi feito por GPS e entregue ao organismo, do qual espera “bom senso”. “Quem faz a marcação são os vigilantes da natureza. Quem tomou a iniciativa do projecto inicial, ainda não sabemos e já questionamos o ICBN há 30 dias. Criamos então o movimento SOS – Serra da Cabreira que o questionou massivamente e tivemos, finalmente, uma resposta do director a pedir a localização da zona marcada para abate”, relata Rui França. O membro do SOS – Serra da Cabreira fala em “aparente desconhecimento” do responsável do ICNB, mas recorda que foi o vigilante, “alegadamente com ordens do ICNB”, quem marcou “uma área gigante de floresta para abate”. “Parece que toda a gente desconhece, excepto nós que vimos e documentamos o terreno”, lamenta. Caso o abate se verifique para venda da madeira, o seu fruto será “obrigatoriamente repartido pelo ICNB e a associação de baldios” - a área para abate pertence a Caniçó (Montalegre) e, eventualmente, ainda envolve árvores de Linharelos (Montalegre) e Campos (Vieira do Minho). “Área de pastagem? Esta zona está a quilómetros em linha recta dos baldios a que pertence. Não acredito que haja gado suficiente para tantos hectares de pasto, sendo que há uma enorme zona a norte para o efeito. A área de prado é gigante e não é necessário deitar enormes áreas abaixo para pastagens. Os únicos que lá pastam são garranos selvagens”, vinca. O movimento SOS – Serra da Cabreira já reúne cerca de 1500 membros “com paixão comum pela serra e floresta”, nomeadamente “pessoas escandalizadas” com o que se está a passar. “Deixo o desafio aos responsáveis para irem ao terreno antes de decidirem administrativamente o abate. Depois de verem a riqueza, diversidade e beleza do local, certamente não é num gabinete que vão tomar essa decisão”, concluiu. A Lusa tentou contactar o ICNB, tanto a delegação do Norte como o departamento central, sem qualquer resposta.
REFERÊNCIAS:
Japão: veados de Nara estão a morrer por ingestão de plástico
Turistas estão a ser impedidos de alimentar indevidamente os animais depois de terem sido encontrados sacos de plástico no estômago de nove veados. Em 2017, mais de dois milhões de turistas visitaram Nara. (...)

Japão: veados de Nara estão a morrer por ingestão de plástico
MINORIA(S): Animais Pontuação: 10 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Turistas estão a ser impedidos de alimentar indevidamente os animais depois de terem sido encontrados sacos de plástico no estômago de nove veados. Em 2017, mais de dois milhões de turistas visitaram Nara.
TEXTO: As autoridades de Nara, cidade japonesa que já foi capital do país, estão a alertar os turistas para não alimentarem os veados, uma vez que vários cervos morreram após engolirem sacos de plástico. Acredita-se que os sacos e as embalagens — encontrados em grandes quantidades no estômago de nove de 14 animais mortos desde Março — foram descartados por visitantes que alimentaram os veados, ignorando os sinais de aviso que dizem que estes apenas podem comer bolachas senbei (feitas de arroz japonês e adequadas à alimentação destes animais). De acordo com a Fundação de Preservação de Cervos de Nara, um dos animais chegou a engolir 4, 3 quilogramas de plástico. Os veados “acabam por comer os sacos de plástico que estão no chão”, disse o responsável pela fundação, Yoshitaka Ashimura, em declarações citadas pelo Channel News Asia. Ashimura acredita que estes casos aumentaram recentemente devido “ao número crescente de visitantes”, que se dirigem para Nara para ver os santuários e templos e interagir com os cerca de 1300 cervos que vivem no principal parque da cidade. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Rie Maruko, veterinário e membro da Fundação de Preservação de Cervos de Nara, contou ao Guardian que “os veados que morreram eram muito magros”, acrescentando que até conseguiu “sentir-lhes os ossos”. “Por favor, não lhes dêem mais nada além dos lanches designados”, alertou. As autoridades locais, que planeiam investigar a situação, avisaram que iriam intensificar os pedidos para que as pessoas não forneçam aos animais lanches não autorizados — até porque o número de visitantes de Nara subiu quase dez vezes desde 2012. Em 2017, foram contabilizados mais de dois milhões de turistas. Os membros da fundação conservacionista estão também a patrulhar regularmente a área para proteger os veados, considerados tesouros nacionais, e impedir que engulam acidentalmente sacos de plástico descartados ou outros itens que não sejam seguros para consumo.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave consumo japonês