Pequenas aranhas dançarinas vingam no amor com um arco-íris no corpo
Há dois géneros de aranhas que, ao serem conquistadas, vêem várias cores no corpo do seu futuro parceiro – cores essas que não são percepcionadas pelos olhos humanos. (...)

Pequenas aranhas dançarinas vingam no amor com um arco-íris no corpo
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.156
DATA: 2017-02-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Há dois géneros de aranhas que, ao serem conquistadas, vêem várias cores no corpo do seu futuro parceiro – cores essas que não são percepcionadas pelos olhos humanos.
TEXTO: Se fosse em inglês, o nome de duas pequenas aranhas da família Salticidae podia ser confundido com uma música de Elton John: Tiny Dancer. Até a canção do músico britânico podia ser a banda sonora da dança de corte destas pequenas aranhas. “Olhos bonitos, sorriso de pirata”, canta Elton John. Já as aranhas dos géneros Habronattus e do Maratus piscam os olhos com as suas antenas e “sorriem” para as suas conquistas com cores muito variadas no seu corpo. Mas atenção, a visão humana não percepciona estas cores, elas apenas estão acessíveis aos olhos destas aranhas. Quem o disse foi o biólogo Nate Morehouse, da Universidade de Cincinnati (EUA), numa conferência da Sociedade para a Biologia Integrada e Comparada, em Nova Orleães, nos Estados Unidos. As aranhas da família Salticidae, também conhecidas como aranhas-saltadoras, contam com cerca de 500 géneros e 5000 espécies. Contudo, há dois géneros destas aranhas que se distinguem pela dança de corte. São do tamanho das joaninhas e existem em dois sítios bem distantes no mundo: as do género Habronattus são originárias da América do Norte e as do género Maratus são provenientes da Austrália. Aos nossos olhos, ambas surgem como umas galanteadoras e não olham a meios para conquistar os seus parceiros. Mas como vingam no amor estas aranhas? A dançar. Começam tímidas, numa roda sobre si próprias, depois em pequenos passos aproximam-se, e dão oficialmente início à conquista. Quase se movem como dançarinas de flamenco, abrem os braços e rodam duas patas do meio, depois movem a parte de trás do corpo e não há-de tardar muito até que coordenem os vários movimentos com uns passos para a esquerda e outros para a direita. Quase que parece que apresentam uma coreografia ensaiada durante largos meses e este é o espectáculo final, cujo cenário pode ser um tronco de árvore. Até que chega a apoteose, ou seja, conquistaram o seu parceiro. Esta dança foi improvisada no laboratório de Nate Morehouse e algo foi então descoberto. Afinal, o sucesso da conquista é garantido porque estes dois géneros de aranhas têm uma retina que filtra diferentes cores emitidas pelo corpo do parceiro. No fundo, é como se a roupa que os parceiros usam na dança de corte contasse para a apreciação final. O biólogo usou dois métodos para perceber como funcionava a visão destes dois géneros de aranhas. Primeiro, utilizou a microespectrofotometria, para compreender como as células foto-receptoras da retina absorvem a luz. Depois, construiu um modelo do sistema visual das aranhas, para perceber como é que a sua retina percepciona as cores. Nate Morehouse acabou por concluir que estas duas aranhas vêem as cores de duas formas distintas, e essa é a novidade científica. As Habronattus têm um filtro vermelho na retina para criar um outro tipo de foto-receptor capaz de ver esta cor. Além disso, combinam esta capacidade com a das células foto-receptoras para o verde na retina, permitindo-lhes ver no final vermelho, amarelo e laranja no corpo da outra aranha. Já as Maratus têm dois tipos de células foto-receptoras na retina para ver vermelhos e azuis, sem que seja necessário qualquer filtro. “Provavelmente, estas células foto-receptoras adicionais resultam do facto de ter havido uma duplificação de genes, que mais tarde evoluíram para [ver] um espectro mais alargado de cores, semelhante à forma como evoluíram os humanos e outros primatas para ver as cores”, explica Nate Morehouse num comunicado da sua universidade. “Algures cedo na evolução dos primatas os genes responsáveis pela proteína que nos dá sensibilidade ao ver duplicou-se em duas cópias. Um destes genes – o da [proteína] opsina – sofreu mutações sem afectar o outro gene e essas mutações acabaram por permitir que uma das cópias se tornasse sensível ao vermelho. Isto pode ter sido o que aconteceu com a Maratus. ”No espectro electromagnético, as aranhas dos outros géneros apenas vêem cores que vão do ultravioleta até ao verde. Já estes dois géneros, além de serem “dançarinos talentosos”, têm a capacidade de ver laranja, rosa, vermelho e amarelo no corpo dos seus parceiros, o que acaba por facilitar o sucesso no acasalamento. Ambos os sexos possuem estas capacidades visuais. “A descoberta da forma como dois grupos diferentes de aranhas-saltadoras evoluíram em lados opostos do globo é extraordinária. Ambas têm uma rara capacidade para ver um grande comprimento de onda de cores como o vermelho, o laranja e o amarelo”, afirma Nate Morehouse. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O biólogo pensa alargar o âmbito desta investigação e pretende observar um grupo de aranhas da Índia que tem cores brilhantes no corpo (que todos nós conseguimos ver) e que, até agora, não estão associadas ao “fenómeno” que acontece com as Habronattus e as Maratus. “Se aumentarmos o conhecimento sobre mais grupos que fizeram a transição para uma visão das cores mais sofisticada, estaremos em posição de compreender como é que a visão das cores evoluiu em primeiro lugar e que consequências tem no comportamento e na ecologia destas espécies. ”Pelo menos para a Habronattus e a Maratus, uma visão rara das cores entre as aranhas serve-lhes para fazer conquistas amorosas.
REFERÊNCIAS:
Paulo Lima: O antropólogo que conquistou a UNESCO com o chocalho
Alentejano antropólogo, filho de pastores e pescadores, que coordenou as duas últimas candidaturas à UNESCO, alerta que o país que Michel Giacometti percorreu nos anos de 1960 a 1980 em recolhas etno-musicais já não existe. Quem detém este património está hoje circunscrito a lares e centros de dia. (...)

Paulo Lima: O antropólogo que conquistou a UNESCO com o chocalho
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-12-29 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151229183721/https://www.publico.pt/1718494
SUMÁRIO: Alentejano antropólogo, filho de pastores e pescadores, que coordenou as duas últimas candidaturas à UNESCO, alerta que o país que Michel Giacometti percorreu nos anos de 1960 a 1980 em recolhas etno-musicais já não existe. Quem detém este património está hoje circunscrito a lares e centros de dia.
TEXTO: Já lhe chamam “o nosso homem na UNESCO”. Paulo Lima, alentejano de Sines, 49 anos, antropólogo, descendente de pastores e pescadores, foi contemplado na classificação do fado em 2011 e do cante em 2014 e dos chocalhos em 2015. No fado, foi o autor de um estudo prévio e integrou a comissão executiva da candidatura. Três anos depois coordenou a candidatura do cante alentejano a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Em 2015, regressou como coordenador científico de um novo projecto, desta vez a arte chocalheira com a qual conquistou a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura e colocou Portugal como uma referência internacional na salvaguarda do património urgente. Apesar da dimensão do sucesso, o antropólogo não se considera um homem com sorte porque, diz, a inclusão na lista do Património Imaterial da Humanidade implicou “muito esforço, e sobretudo capacidade em transmitir à organização das Nações Unidas as razões que fundamentaram os conteúdos das propostas apresentadas. ”E dá como exemplo a candidatura da arte chocalheira. Quando o comité de especialistas da UNESCO, classificou de “exemplar” a candidatura do fabrico de chocalhos, estavam consumidos na pesquisa do tema cerca de 15 anos. Conta o tempo desde o início do século, quando passou por Alcáçovas para observar o trabalho de um chocalheiro chamado Penetra, o mais velho e o mais antigo na actividade. O momento ficou arquivado na sua memória motivando-o para o conhecimento mais profundo da arte. “Falei com ele para conhecer pormenores da arte e deu-me a observar esta coisa espantosa: agarrou, numa das mãos, um chocalho fabricado em chapa de ferro e na outra, um de latão. Ia batendo nas duas peças para ouvir o som produzido. Este homem está a pesar o som”, pensou. Comprou casa em Alcáçovas, para onde foi viver com a família em 2009, e um dia, o aborrecimento e a falta de vontade na leitura conduziram-no a uma exposição sobre chocalhos do mestre Penetra “que hoje está num lar desligado da vida. ”Como não tinha muito que fazer no campo da investigação, decidiu prosseguir a pesquisa sobre a arte chocalheira. Procurou informação e numa primeira análise recebeu a indicação que não havia muitos elementos sobre o tema. O caminho tinha de ser outro. Convidou um pequeno grupo de amigos para integrar uma equipa de cinco elementos “com um bom currículo” para desenvolver diversificadas funções. “O meu papel foi o de criar uma história e ser assim uma espécie de produtor da coisa”, refere Paulo Lima. O trabalho mais exaustivo e alargado veio a revelar que afinal havia “montes” de informação sobre a tradição chocalheira. A indústria tinha começado em Alcáçovas nos meados do século XVIII e a equipa foi ao pormenor de descobrir os mestres que desenvolveram a arte na freguesia alentejana do concelho de Viana do Alentejo, desde 1750/60 até aos dias de hoje. “Agora olhamos para um chocalheiro de Alcáçovas e sabemos qual a sua ascendência”, realçando-se a família Sim-Sim a mais antiga no desempenho da actividade. E, desta forma, a equipa conseguiu “inventariar o percurso histórico de quase duas centenas de fabricantes de chocalhos, os negócios que as famílias fizeram durante décadas, as suas estratégias económicas e de vendas, só em Alcáçovas” salienta o antropólogo. O tema era tão importante para os investigadores que solicitaram em 2009, à Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, apoio para a apresentação de uma candidatura da arte chocalheira a Património Imaterial da Humanidade, mas a proposta encontrou fraca receptividade. “Quando em 2012 avançámos com a candidatura não tínhamos apoios financeiros para os chocalhos” e a equipa foi obrigada a pagar do “próprio bolso” os encargos iniciais da investigação. Após muitos esforços o único organismo que deu apoio e um quadro de promoção foi a Entidade Regional de Turismo do Alentejo, sobretudo o empenho do seu presidente, Ceia da Silva. No entanto, o caminho não foi fácil pelas reservas que a proposta levantava nas entidades às quais solicitavam apoio. “Levava um chocalho e as pessoas riam-se. Está a trabalhar nessa coisa?”, perguntavam-lhe com demasiados sobrolhos franzidos. Naquele ano ainda havia alguns produtores de chocalhos. “Hoje existem apenas dois, um em Alcáçovas e outro no Cartaxo” constata o antropólogo.
REFERÊNCIAS:
Entidades UNESCO
Plano para a Fonte da Telha prevê demolição de casas e bares de praia
Pescadores vão ser realojados num novo bairro e quase todos os estabelecimentos comerciais terão de ser relocalizados. Execução do plano de pormenor tem um custo estimado de 29,5 milhões de euros. (...)

Plano para a Fonte da Telha prevê demolição de casas e bares de praia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Pescadores vão ser realojados num novo bairro e quase todos os estabelecimentos comerciais terão de ser relocalizados. Execução do plano de pormenor tem um custo estimado de 29,5 milhões de euros.
TEXTO: O Plano de Pormenor da Fonte da Telha, em consulta pública até 12 de Novembro, prevê a demolição de quase todas as construções existentes na zona entre a Arriba Fóssil da Costa da Caparica e o cordão dunar daquela zona de frente atlântica do concelho de Almada. O objectivo é deslocalizar casas e estabelecimentos comerciais construídos sem licença ou em locais demasiado expostos ao avanço do mar, construindo um novo bairro para os pescadores, melhorando acessibilidades e requalificando a área natural envolvente. As intervenções, que segundo o documento terão um custo total de 29, 5 milhões de euros, deverão servir para "lavar a cara" de uma zona das zonas mais procuradas pelos banhistas (8000 a 10. 000 por dia) dos concelhos de Lisboa e da Margem Sul do Tejo durante o Verão, concretizando algumas medidas planeadas há mais de 20 anos. A Fonte da Telha começou por ter um pequeno núcleo de pescadores, no início do século XX, que foram construindo habitações não licenciadas – nos meados da década de 1950 seriam cerca de 30. A ocupação foi evoluindo e no final da década de 1980 foram contabilizados 670 edifícios, sobretudo casas de férias. Apesar da demolição de grande parte das habitações ilegais (576) no final dos anos 80 e início dos anos 90, o desordenamento mantém-se. Casas dispersas, sem qualquer plano urbanístico e sem as infra-estruturas necessárias, encaixadas na arriba ou sobre o cordão dunar, fazem daquela zona “um aglomerado [que se estende ao longo de dois quilómetros] urbanisticamente desqualificado e paisagisticamente degradado”, lê-se no relatório do plano de pormenor. Agora, a Câmara de Almada quer intervir numa área de 85 hectares, na faixa litoral entre o mar e a arriba fóssil, incluindo as áreas de ocupação urbana de origem clandestina, a praia e o cordão dunar. Vão ser demolidas praticamente todas as habitações, onde residem perto de 400 pessoas, e criado um novo bairro com 70 casas destinadas à comunidade piscatória, dando prioridade às pessoas que comprovem ter ali a primeira habitação (pelo menos 20% das casas são ocupadas apenas sazonalmente). Os restantes moradores serão realojados fora da área de intervenção, em habitações municipais. No novo aglomerado serão também relocalizados 19 estabelecimentos comerciais e uma unidade de alojamento local. O restaurante Retiro do Pescador é um dos que terão de se mudar. "Não estou de acordo, mas vamos ver. Não sabemos se nos vão arranjar outro espaço ou não, temos que aguardar", diz o actual proprietário Hélder Silva, que herdou o negócio dos avós. "Estamos aqui há 60 anos, isto começou por ser uma barraquinha de madeira", descreve o também pescador, mais preocupado com o restaurante do que com a habitação, que também irá abaixo. "Sei que vou ter direito a outra", diz, lamentando não saber "mais nada". Segundo a vereadora com o pelouro do Urbanismo na Câmara de Almada, Amélia Pardal, em Outubro serão organizadas sessões de esclarecimento com toda a população envolvida. "Este não é um documento acabado, terá correcções e ajustamentos em função dos resultados da discussão pública", ressalva a autarca, antecipando um "processo difícil" e com resistências por parte da comunidade. Sublinhando que o objectivo deste plano é também salvaguardar "a história, a identidade e a memória" daquela comunidade, Amélia Pardal garante que não se pretende aumentar a procura naquela zona, que considera já "suficiente e importante", mas sim requalificar a oferta. "Aquele território não tem capacidade para acolher mais gente, mas é preciso que acolha bem quem lá vive e quem lá vai". Além das habitações clandestinas, o plano de pormenor prevê também a demolição integral de sete dos dez bares e restaurantes de apoio à praia (o Rampa, o Lareira e o Bambu Bar foram já construídos de acordo com as indicações do plano de ordenamento da orla costeira), e a reconstrução em cotas mais altas, uma vez que a zona está sujeita a galgamentos marítimos e à queda de blocos das arribas. Em 100 anos, a cota de galgamento oceânico (onde o mar pode chegar em dias de tempestade) estará nos 10, 9 metros, segundo os cálculos científicos. Por isso, o documento propõe também a reconstituição do sistema dunar com reposição de areias até à cota dos 12 metros, com a construção de passadiços sobre-elevados para acesso à praia. A zona a demolir será integrada na Rede Ecológica Nacional, estando prevista a sua arborização. Está prevista também a recuperação da vegetação autóctone degradada e a plantação de espécies características das zonas costeiras.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave comunidade
A novidade chama-se PAN
O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) elegeu um deputado pelo círculo eleitoral de Lisboa, juntando-se aos cinco partidos que já tinham representação parlamentar. (...)

A novidade chama-se PAN
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-05 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) elegeu um deputado pelo círculo eleitoral de Lisboa, juntando-se aos cinco partidos que já tinham representação parlamentar.
TEXTO: As projecções que, logo, após o fecho das urnas, apontavam para a eleição de um a dois deputados pelo Partido Democrático Republicano e de um pelo Livre-Tempo de Avançar acabaram por não se confirmar depois da contagem dos votos. No primeiro momento, o presidente do PDR, António Marinho e Pinto, e o cabeça de lista do Livre, Rui Tavares, prometiam fazer a diferença no Parlamento. Depois foi a desilusão. A surpresa da noite estava, no entanto, reservada pelo PAN (Pessoas-Animais-Natureza), que acabaria por conseguir eleger um deputado para a Assembleia da República. André Lourenço e Silva foi eleito por Lisboa com o partido a obter, no total, mais de 74 mil votos (1, 39%). Já o Partido Democrático Republicano (PDR) obteve pouco mais de 60 mil votos (1, 14%), enquanto o Livre ficou mais abaixo (mais de 38 mil votos, correspondentes a 0, 72%). Rui Tavares assumiu no final a derrota do partido por não ter conseguido eleger nenhum deputado, mas disse sentir-se honrado e orgulhoso pelo trabalho desenvolvido. "Nós não atingimos os resultados que queríamos atingir e isso significa evidentemente, do ponto de vista político, uma derrota", afirmou Rui Tavares aos apoiantes presentes no Teatro Maria Matos, em Lisboa, onde o partido acompanhou a noite eleitoral, mas vincando que "uma derrota não envergonha ninguém". Rui Tavares salientou ainda ser necessário juntar forças à esquerda, tendo felicitado o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista pelos "excelentes resultados", e considerado poder "contar com estes dois partidos para a transformação do país". "À esquerda há também sempre uma vontade de mudança e uma vontade de participação que é grande, devemos refletir, devemos trabalhar em conjunto, devemos esforçar-nos para que essa vontade de mudança se materialize e que seja efectiva em Portugal e na Europa e no futuro", afirmou. "A luta continua e nós continuamos nela", disse Rui Tavares, para quem o país continua "numa situação muitíssimo difícil, em crise" e que, "provavelmente, passará agora por uma situação de uma grande indefinição política". Daniel Oliveira, também candidato pelo Tempo de Avançar, consideraria que o partido foi "fortemente derrotado". "É evidente que o projecto que me envolvi foi fortemente derrotado. O voto ‘útil’ levou a melhor", escreveu na sua página do Facebook. PDR prevê novas eleiçõesTambém Marinho e Pinto (PDR) assumiu o falhanço: "Falhámos porque pretendíamos eleger um grupo parlamentar e não conseguimos", disse aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa. O presidente do PDR adiantou que o partido vai começar já a trabalhar nas eleições autárquicas, embora considere que vão realizar-se eleições legislativas antecipadas, tendo em conta que a votação de ontem "não proporciona condições de governabilidade para Portugal". "Portugal vai entrar numa fase de instabilidade e de turbulência política a nível do Estado e de alguns partidos, pelo menos há um partido político que é fundamental que esteja coeso e estável internamente", afirmou, referindo-se ao PS. Marinho e Pinto considerou ainda "improvável" um acordo entre o BE, CDU e PS, sublinhando que o Partido Socialista está mais próximo do PSD. E disse ainda que os resultados das legislativas aproxima Portugal da Grécia, sublinhando que "a votação do Bloco de Esquerda é um espécie de efeito do Syriza retardado". Por seu lado, o cabeça de lista por Lisboa do Juntos Pelo Povo (JPP), Nuno Moreira, lamentou que as eleições tenham demonstrado "que, mais uma vez, os mesmos continuam a ganhar e a controlar", mas garantiu que os resultados que obteve — pouco mais de 14 mil votos (0, 17%) —, são "apenas o início de um trabalho de continuidade", com a consciência que o seu partido fez "o melhor trabalho possível". O partido Juntos pelo Povo nasceu na Madeira e foi a primeira vez que tentou concorrer a nível nacional. A projecção da Intercampus para a TVI e PÚBLICO, realizada à boca das urnas, punha a possibilidade de o JPP poder eleger um deputado, tal como o Livre e o PAN, o que só acabou por acontecer no caso deste último.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PAN PSD LIVRE BE
Tubarões-frade do Reino Unido passam o Inverno ao largo de Portugal
Migração destes animais é ainda pouco conhecida. (...)

Tubarões-frade do Reino Unido passam o Inverno ao largo de Portugal
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-02-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Migração destes animais é ainda pouco conhecida.
TEXTO: Alguns dos tubarões-frade que vivem durante a maior parte do ano em águas das ilhas britânicas passam o Inverno ao largo de Portugal, revela um estudo sobre os hábitos invernais pouco conhecidos da espécie. Para além de Portugal, o estudo, publicado na revista Scientific Reports, revela que golfo da Biscaia e o Norte de África são também destinos de Inverno de uma parte da população de tubarões-frade “britânicos”, enquanto outra parte permanece nas imediações das ilhas britânicas e da Irlanda. Cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, anunciaram que recorreram a sistemas sofisticados de rastreamento por satélite para fazerem “o mais detalhado estudo até ao momento” sobre as movimentações migratórias de Inverno dos tubarões-frade no Atlântico Nordeste, difíceis de estudar porque passam pouco tempo junto à superfície e frequentam habitualmente águas afastadas de terra. Os investigadores colocaram transmissores em 70 tubarões, 28 dos quais transmitiram dados durante mais de cinco meses e revelaram que a maioria dos tubarões viajou para águas ao largo de Portugal, Espanha e Norte de África, enquanto um número menor passou o Inverno no golfo da Biscaia. Os dados recolhidos revelaram que os tubarões que se deslocaram para sul partiram no final do Verão e início do Outono e regressaram às ilhas britânicas no final da Primavera e início do Verão. O estudo confirma indícios recolhidos em anos recentes e refuta a ideia, aceite até há pouco tempo, de que os tubarões-frade hibernavam em águas britânicas e da Irlanda. O tubarão-frade (Cetorhinus maximus), que pode atingir dez metros de comprimento, é a segunda maior espécie de peixe existente nos oceanos, a seguir ao tubarão-baleia (Rhincodon typus), que pode atingir os 12 metros de comprimento e pesar 19 toneladas. Apesar do tamanho, ambas as espécies se alimentam essencialmente de plâncton. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classifica globalmente os tubarões-frade como espécie “vulnerável”, mas a população do Atlântico Nordeste está oficialmente classificada como “em perigo”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. “Saber onde estes animais vivem nas diferentes épocas do ano permite compreender melhor as ameaças que enfrentam. É informação essencial para a protecção da espécie, sobretudo a confirmação de que se afastam bastante de águas britânicas, o que significa que os esforços de protecção e conservação têm de ser internacionais”, afirma, num comunicado da Universidade de Exeter, Philip Doherty, o investigador principal do estudo. “Em termos de ameaças de origem humana, pensa-se normalmente na pesca comercial como o principal risco para estes animais de grande porte, mas questões como colisões com navios, lixo, e ruído são também factores importantes”, adianta Philip Doherty. Matthew Witt, outro dos investigadores que realizaram o estudo, salienta que “é ainda desconhecido se cada tubarão faz a mesma migração todos os anos ou se alteram o comportamento segundo factores como a sua condição física, ciclos reprodutivos ou disponibilidade de alimentos”.
REFERÊNCIAS:
J. K. Rowling tirou um niffler da mala
Uma “extensão” do universo de Harry Potter sobre o David Attenborough dos animais fantásticos é uma pequena surpresa. (...)

J. K. Rowling tirou um niffler da mala
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-01-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma “extensão” do universo de Harry Potter sobre o David Attenborough dos animais fantásticos é uma pequena surpresa.
TEXTO: Com Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los, Joanne Rowling lança aquela que é provavelmente a sua maior aposta desde que os seus sete livros sobre o jovem feiticeiro Harry Potter se tornaram num fenómeno cultural. É uma história escrita propositadamente para o cinema, ambientada no mesmo universo dos livros e inspirada por um seu pormenor (o “manual de animais mágicos” usado nas aulas de Hogwarts), mas decorre numa época completamente diferente e não duplica personagens. Tudo razões suficientes para torcermos o nariz e partir do princípio que por trás deste spin-off ou “extensão” reside apenas a necessidade de ter “produto novo” para manter o franchise a carburar, sobretudo quando a própria Rowling já dissera não querer voltar a escrever sobre Potter e ter parcialmente voltado atrás com a peça teatral entretanto estreada em Londres. O que nos fazia desconfiar ainda mais da operação era a presença aos comandos do britânico David Yates, realizador dos últimos quatro filmes de Harry Potter – precisamente aqueles que eram simples objectos funcionais, sem chama nem alma. Realização: David Yates Actor(es): Eddie Redmayne, Ezra Miller, Colin FarrellÉ por isso com algum alívio e com bastante satisfação que podemos dizer que Monstros Fantásticos é muito melhor do que se poderia esperar. É, até, capaz de estar ao nível do melhor dos oito filmes Potter (O Prisioneiro de Azkaban), embora só o tempo permita vir a dizê-lo. O que é certo é que Rowling tirou um coelho da cartola – ou, mais apropriadamente, um niffler da mala onde Newt Scamander, o seu novo herói, contrabandeou um sem-número destas criaturas mágicas raras para a Nova Iorque dos anos 1920, onde as tensões entre os feiticeiros e os muggles (aqui chamados de sem-mages) estão à beira de explodir. Esta já não é a história de um rapazinho que vai crescendo aos nossos olhos e aprendendo a valorizar a sua diferença; é a história de um adulto que se recusa a ceder ao cinzentismo e à uniformidade dominantes, e que apenas quer partilhar o deslumbre do mundo “natural”. Scamander, sob os traços gentis de professor distraído de Eddie Redmayne, tem aliás qualquer coisa de David Attenborough dos animais mágicos. A grande vantagem de Monstros Fantásticos é não ser um “compacto” de duas horas e meia de um livro de 800 páginas – repleto de piscadelas de olho aos sete livros originais e de pistas para as sequelas que já se anunciam, o filme tem um espaço de respiração natural e próprio onde nunca sentimos que estão a ficar coisas por dizer. David Yates pode continuar a ser simples ilustrador, mas o seu à-vontade com o universo serve-o bem aqui, permitindo-lhe prestar atenção aos actores e brilhar nas sequências de efeitos visuais, das quais duas em particular conseguem reproduzir em imagens a verdadeira magia da escrita de Rowling. Essa magia nunca esteve tanto no universo que criou; antes na sua capacidade de o ancorar em emoções humanas e universais e de no-las transmitir de modo certeiro e honesto. As aventuras de Newt Scamander prometem por isso ser o passo lógico seguinte: como ser adulto num mundo que não é aquele que desejamos. Para já, Monstros Fantásticos, sem ser um grande filme, é suficientemente divertido e desenvolto para dar vontade de acompanhar as próximas aventuras. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Corrigida às 21h24: David Attenborough em vez de Richard Attenborough.
REFERÊNCIAS:
Bill Waterson desenha cartaz para Angoulême, apesar de não participar no festival
Nesta curta história não há Calvin & Hobbes mas há um homem e o seu cão. (...)

Bill Waterson desenha cartaz para Angoulême, apesar de não participar no festival
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-04-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Nesta curta história não há Calvin & Hobbes mas há um homem e o seu cão.
TEXTO: Foi revelado nesta quarta-feira o cartaz da edição 2015 do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême e a novidade é que foi desenhado pelo criador de Calvin & Hobbes. Bill Waterson, porém, já fez saber que não viajará até França, apesar de no início do ano ter conquistado o Grande Prémio do festival. Seria de esperar que, à semelhança do que acontece todos os anos, o premiado em Angoulême, um dos festivais mais importantes do calendário da BD mundial, se envolva na organização da edição seguinte do festival. Bill Waterson deveria presidir à edição 2015. Não se pode dizer, no entanto, que é surpreendente a decisão do cartoonista norte-americano de não participar no evento. Desde 1995 que são raras as presenças públicas de Waterson, que se tornou um nome de culto com as aventuras de um miúdo de seis anos e do seu tigre de peluche (que para ele tem vida). Ao jornal francês 20 Minutes, parceiro do festival de Angoulême, Bill Waterson, de 56 anos, disse que “o universo dos festivais e os seus prémios estão muito longe” das suas preocupações diárias. “Mas sinto-me sempre lisonjeado por saber que continuam a apreciar os meus trabalhos”, continuou o actor numa rara e curta entrevista, explicando então que a sua participação no festival — que arranca a 29 de Janeiro — se limita ao cartaz e ainda ao envio de algumas pranchas para uma exposição a si dedicada. Sobre o cartaz desenhado, no qual os protagonistas não são Calvin e Hobbes mas sim um homem e um cão, Bill Waterson diz ter acedido ao pedido da organização de Angoulême por considerá-lo um desafio. “Procurei evocar o meu próprio trabalho, e por isso desenhei uma prancha sobre a leitura das tiras que vêm nos suplementos dos jornais de domingo nos Estados Unidos”, conta o cartoonista, explicando ter desenhado o cartaz como se se tratasse exactamente de uma página de jornal. “Para que tudo isto fosse mais universal, apaguei todo o diálogo, portanto acabei com a barreira linguística. Contar uma história unicamente em imagens é uma das grandes forças — e dos grandes prazeres — que a banda desenhada oferece. ”Bill Waterson respondeu ainda que Calvin e Hobbes não foram uma opção para o cartaz porque não se trata de promover o seu trabalho, mas a banda desenhada no seu todo. Calvin & Hobbes, série que publicou entre 1985 e 1995, é a obra-prima do cartoonista e com ela vendeu mais de 30 milhões de livros. Foi distribuída e publicada em 2400 jornais, entre os quais, em Portugal, o PÚBLICO e, agora, o diário Correio da Manhã. Retirado há mais 20 anos, desde que decidiu deixar de desenhar, este cartaz é dos raros trabalhos do norte-americano. Ainda este ano, soube-se que Waterson desenhou três tiras da série Pearls Before Swine, do cartoonista Stephan Pastis, sem assumir a autoria.
REFERÊNCIAS:
PAN candidata Inês Sousa Real à presidência da Câmara de Lisboa
A 3 de Abril, Inês Sousa Real renunciou ao cargo de provedora dos Animais de Lisboa, que exercia de forma não remunerada desde Novembro de 2014. (...)

PAN candidata Inês Sousa Real à presidência da Câmara de Lisboa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.2
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: A 3 de Abril, Inês Sousa Real renunciou ao cargo de provedora dos Animais de Lisboa, que exercia de forma não remunerada desde Novembro de 2014.
TEXTO: A ex-provedora dos Animais de Lisboa, Inês Sousa Real, é a candidata do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) à presidência do município, tendo como prioridades a protecção animal e o combate às alterações climáticas, foi anunciado nesta quinta-feira. Em comunicado, o PAN aponta que "Inês Sousa Real foi convidada [. . . ] para dar continuidade ao percurso de dedicação às causas que tem alcançado e que o partido tem trazido ao debate público, que visam alterar consciências e contribuir para uma mudança de paradigma de acordo com valores éticos e ecológicos fundamentais". A 3 de Abril, Inês Sousa Real renunciou ao cargo de provedora dos Animais de Lisboa, que exercia de forma não remunerada desde Novembro de 2014, devido à falta de meios –humanos e técnicos – disponibilizados pela Câmara Municipal. A autarquia pretende agora alterar as regras de funcionamento do cargo de provedor municipal dos Animais, tornando-o remunerado e a tempo inteiro, e deverá voltar a convidar Inês Sousa Real para esta função. As eleições autárquicas estão marcadas para 1 de Outubro.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
Um teatro com 100 anos à procura de reencontrar a cidade
Público do Theatro Circo de Braga cresceu mais de 40% no ano passado. Responsáveis querem atingir 100 mil espectadores no ano do centenário, que se cumpre esta terça-feira. (...)

Um teatro com 100 anos à procura de reencontrar a cidade
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Público do Theatro Circo de Braga cresceu mais de 40% no ano passado. Responsáveis querem atingir 100 mil espectadores no ano do centenário, que se cumpre esta terça-feira.
TEXTO: Entre os elementos que fazem do Theatro Circo uma das salas mais bonitas do país há uma imensa tela pintada que cobre a boca de cena quando não há espectáculos. O que ali se vê é a representação de uma dança exótica, que combina com a exuberância da decoração dourada daquele espaço. Nada disto era desconhecido. O que não se conhecia, porém, era a aguarela de 1914, que serviu de base àquela peça. Até que, há poucos dias, um trineto de um dos fundadores do teatro de Braga enviou uma fotografia da obra por email. Pedro Gil Almeida é um dos membros da quarta geração de herdeiros de Cândido Martins, um dos três homens que liderou a empreitada de construir um teatro na cidade de Braga, passam agora 100 anos. “Tinha ido visitar o teatro e lembrei-me que seria interessante colocar a peça à disposição para que se possa conhecer melhor a sua história”, conta ao PÚBLICO. Tal como Almeida, nos últimos dias mais de uma dezena de bracarenses tem respondido ao apelo feito pelos responsáveis daquela sala de espectáculos para que dêem a conhecer peças que possuam e que pertençam à história do Theatro Circo. “A resposta tem sido muito positiva”, valoriza a administradora Cláudia Leite, para quem esta disponibilidade demonstrada pelos bracarenses é sinal da importância que o teatro tem para a cidade. O actor e encenadora António Durães tem, porém, uma perspectiva diferente. “O Theatro Circo é importante para a cidade na medida em que existe, mas não na medida em que é frequentado”, considera. “A esmagadora maioria das pessoas de Braga talvez tenha lá estado uma vez, ou outra, mas muitas, nenhuma”. Também o líder do estaleiro cultural Velha-a-Branca, o principal espaço cultural independente local, Luís Tarroso Gomes, tem uma perspectiva negativa sobre a relação da cidade com a sala de espectáculos: “Braga continua sem saber o que quer para o teatro”. Os números do último ano de actividade da sala de espectáculos bracarense parecem sugerir, porém, que alguma coisa está a mudar na cidade. Em 2014, passaram pelo Theatro Circo mais de 90 mil espectadores, o que representa um crescimento da afluência de 43%. Ao mesmo tempo, o cartão Quadrilátero – um cartão de fidelização de públicos que é partilhado com as cidades vizinhas de Barcelos, Famalicão e Guimarães – registou, em Braga, um crescimento acentuado do número de clientes, passando de 273, em 2012, para mais de 2. 800. A cidade passou também a ser aquela em que o cartão é mais usado (47% do total). A expectativa dos seus responsáveis é de tal modo positiva que esperam, com os 100 anos, ultrapassar pela primeira vez a barreira dos 100 mil espectadores. “Sem o Theatro Circo, esta seria uma cidade com menos capacidade de se relacionar com o exterior”, defende o director-artístico Paulo Brandão, convencido também de que a sala de espectáculos é incontornável para os bracarenses. Para percebermos este debate, é preciso perceber a história do teatro de Braga. Inaugurado a 21 de Abril de 1915, passam esta terça-feira 100 anos, a obra – assinada pelo arquitecto João Moura Coutinho – foi uma iniciativa privada, que tinha começado a ser idealizada quase uma década antes. O Circo permaneceu privado até 1987, quando foi comprado pela Câmara Municipal de Braga, que promoveu também a sua renovação profunda, entre 1999 e 2006. O processo de degradação que atingiu a sala durante os anos 1980 e os sete anos de encerramento acabaram por afastar o público que, até então, era fiel. “Tínhamos matinés de cinema ao domingo esgotadas”, afirma António Durães, que chegou a programar o Theatro Circo. A sala foi também a primeira onde muitos bracarenses viram ópera ou concertos de música clássica, “num tempo em que a cidade estava muito isolada”, recorda o actor e encenador. O teatro de Braga foi também pioneiro no cinema 3D, tendo exibido o primeiro filme nesse formato numa versão quase pré-histórica da tecnologia, em 1935. O Theatro Circo foi ainda palco da primeira actuação de Amália Rodrigues na cidade, em 1955, e de outros espectáculos menos convencionais, como os combates de pugilismo encenados, nos anos 1950, a performance de Papuss, o jejuador, um faquir que anunciava ir fechar-se num frasco durante sete dias, no ano de inauguração da sala, ou uma “grande exposição de rosas”, que ocupou toda a plateia do teatro em 1918. Seis dias para começar a festejarO Theatro Circo promete que a celebração do centenário vai durar todo o ano. O resultado da recolha de material junto da população local vai dar origem a quatro exposições temáticas (em Julho e Outubro deste ano, e Janeiro e Abril do próximo), dedicadas ao teatro enquanto espaço de reorganização urbanística da cidade, à sua arquitectura e programação. Mas, antes disso, há seis dias completos de festa para começar a assinalar a efeméride, ao longo de toda esta semana.
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Palavras-chave homens circo
Entre o mar e o campo está a Quatro Sóis
Uma anfitriã que nos faz sentir em casa, gatos, cães, uma piscina iluminada à noite, um óptimo pequeno-almoço, encontros inesperados e conversas boas – é assim a Quatro Sóis, uma casa de hóspedes na Ericeira. (...)

Entre o mar e o campo está a Quatro Sóis
MINORIA(S): Animais Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma anfitriã que nos faz sentir em casa, gatos, cães, uma piscina iluminada à noite, um óptimo pequeno-almoço, encontros inesperados e conversas boas – é assim a Quatro Sóis, uma casa de hóspedes na Ericeira.
TEXTO: A palavra Ericeira remete para mar, sol, praia e desportos radicais. Mas pode ser mais do que isso. Pode ser campo, sossego e silêncio só entrecortado pelo canto do galo, logo pela manhã. Pode ser vista de vale com o Convento de Mafra lá ao longe, à esquerda, e o Palácio da Pena, ainda mais ao longe, à direita. É esta a vista da casa de hóspedes Quatro Sóis. Foi em 2010 que Cristina Bento Franco restaurou a casa onde sempre viveu, desde criança. Aquela era uma verdadeira casa de família, onde cresceu com o avô, as tias, os irmãos e as empregadas domésticas. Depois, os mais velhos foram morrendo e os mais novos foram às suas vidas. Cristina cresceu, casou, teve os seus filhos e foi reinventando-se como forma de ir respondendo aos desafios que a vida lhe foi colocando, até que em 2013 decidiu abrir a sua casa ao público. O nome surgiu não como homenagem a José Saramago e ao seu Memorial do Convento que serve de atracção turística – parte da acção passa-se naquela região e uma das personagens principais, Baltazar, tem a alcunha de Sete Sóis –, mas aos seus descendentes. “Tenho quatro filhos, são quatro sóis”, revela Cristina Bento Franco enquanto afaga os cães que lhe pedem festas e correm pelo jardim. Em tempos fez criação destes animais. Além destes, há gatos que se passeiam pela propriedade como se fossem uns senhores, indiferentes a quem passa e a quem fica. Mas há mais. Perto da entrada, onde o carro pode ficar estacionado no parque privativo, já da parte de dentro dos portões, está uma pequena amostra de uma quinta pedagógica com os cabritos Charlie e Kitty que, mal nos aproximamos, pedem atenção; os pavões Duffy e Ally, que têm um espelho suspenso onde se revêem; e os galos e as galinhas que não são chamados pelos nomes, nem os têm pendurados numa tabuleta de madeira com as letras desenhadas a vermelho, como acontece com os outros animais. É perto deste espaço que há uma rampa que nos leva até à piscina quadrada de seis metros, feita à medida, com as suas espreguiçadeiras e a sombra de um pinheiro – talvez a única árvore que ficou de antes das obras – onde está um balouço de madeira. É também ali que fica o espaço de churrasco da casa que pode ser usado pelos hóspedes. Quando chegamos junto à piscina iluminada, os nossos olhos ficam indecisos entre a água e a paisagem nocturna. “Até que horas está o convento iluminado?”, perguntamos. “Não sei. A minha piscina está até à meia-noite!”, exclama a proprietária, fazendo-nos rir. E, de facto, àquela hora as luzes apagam-se, já o convento – a menos de dez quilómetros – mantém-se brilhante. É aqui, junto à piscina que ficam alguns dos quartos da casa. Na verdade, é quase como se de uma casa autónoma se tratasse, já que quando se entra tem uma cozinha completa e uma sala de estar com um sofá de canto enorme. É naquela cozinha que os hóspedes podem preparar as suas refeições, caso queiram fazer umas compras. Cristina Bento Franco tem ainda chás e bolachas que podem ser usados à descrição e tem também algumas garrafas de vinho da região para vender. Além destas, “não há extras, está tudo incluído no preço: o pequeno-almoço, a limpeza diária, as toalhas para uso na piscina… está tudo incluído”, frisa a dona da casa. Entre a cozinha e a sala nasce um corredor que vai dar a três quartos com paredes de pedra. Tudo na casa foi pensado para a comodidade dos hóspedes. Na decoração é o vermelho que domina: as toalhas e os lençóis brancos têm o nome da casa bordado dessa cor, assim como muitos apontamentos decorativos – pequenos candelabros, quadros, bibelots ou mesmo algumas cadeiras – são encarnados. Uma cor que chega ainda à sala de refeições, de volta à parte de cima da casa, onde a proprietária serve o pequeno-almoço. Ali há pratos e até uma torradeira vermelha, sem esquecer a mesa de snooker. Rua da Escola nº1 Seixal, Ericeira Telefone: 919909679 E-mail Preços: 120 euros/noite (época alta), 70 euros/noite (época baixa)É no primeiro andar da casa, que aparenta ser térrea quando se entra pelo portão mas que é constituída por um rés-do-chão, primeiro andar e sótão, que ficam os outros quartos, paredes meias com o espaço que Cristina reservou para si e onde vive todo o ano. A Quatro Sóis oferece um pequeno-almoço com pães diversos, bolo e doces caseiros, sumo de fruta e frutas frescas, além dos queijos, fiambres, cereais e iogurtes. Cristina faz questão de acordar cedo e de preparar tudo para os hóspedes, é ela quem os recebe logo de manhã e lhes dá os bons-dias. É ela quem os ajuda a decidir o que fazer com os seus dias. Afinal, não é por se estar perto da praia – o Seixal, onde fica a sua casa, está às portas da Ericeira – que os hóspedes procuram a Quatro Sóis, mas sim porque em pouco tempo se põem em qualquer parte da zona Oeste. Não parece, pois não se ouve o barulho dos carros a passar, mas a entrada para a A21 fica mesmo ali ao lado. “Aconselho-os a irem a Mafra, visitar o convento; a Sintra – alerto-os que aquilo está um inferno [por causa do turismo] –; a Óbidos – que está pouco referenciado e que é uma surpresa para eles –; ou a Lisboa. Quem vem para a minha casa até pode fazer um dia de piscina ou ir à praia, mas vem para ver outras coisas, para ter outras experiências”, explica a proprietária. O seu público é constituído essencialmente por casais entre os 30 e os 60 anos, que procuram um turismo mais cultural. À Quatro Sóis também chegam famílias mas com filhos adolescentes ou adultos com quem os pais não têm de partilhar o quarto. A maioria dos hóspedes aproveita para ir jantar à Ericeira, aonde chega de carro em menos de cinco minutos. Também pode optar por ir a pé ou de bicicleta pois recentemente foi construída uma pista para esse efeito que passa mesmo à porta da Quatro Sóis, onde também fica uma paragem da carreira que leva os utentes da Ericeira a Mafra ou mesmo a Lisboa. No livro de elogios que está sobre a mesa da sala estão palavras simpáticas em português, de Portugal e do Brasil, francês, alemão, inglês, há desenhos e até uma aguarela. Em comum, a maior parte das mensagens enunciam o nome da proprietária, tecendo-lhe sempre enormes elogios. Cristina Bento Franco ama a sua casa e está sempre a fazer melhoramentos, a comprar um móvel, um candeeiro ou um elemento decorativo. Por isso, não é de estranhar que quem volte uma segunda vez note algumas diferenças. “Ainda agora decapei uma secretária para pôr na entrada”, conta. “Tenho o bichinho das obras, não consigo ficar quieta. À medida que vou tendo dinheiro, faço uma obra, se não tiver uma obra para fazer fico deprimida, depois também fico porque já não tenho dinheiro!”, diz, dando uma forte gargalhada e mostrando os canteiros em tijoleira que se orgulha de ter feito. Cristina Bento Franco confessa que gosta de conhecer pessoas e de as pôr em contacto. É assim que a Fugas fica a conhecer a ex-jornalista brasileira Letícia Coimbra, que em tempos foi hóspede na Quatro Sóis, e que, entretanto, comprou casa na Ericeira, onde passa temporadas com o marido, regressando sempre ao Rio de Janeiro, onde vivem os filhos, já adultos. Comunicativa, Letícia conta como compraram casa e como Cristina os ajudou em tudo, até na montagem dos móveis. “Pareciam dois recém-casados”, brinca a amiga portuguesa. Sentados à mesa do pequeno-almoço, a ex-jornalista oferece à Fugas o livro que escreveu em 2013 e foi publicado um ano depois no Brasil. Chama-se Pedalando no Campo de Estrelas e relata a viagem que fez com o marido, o economista Ricardo Pereira, de bicicleta pela rota jacobea, de França até Santiago de Compostela. A viagem aconteceu em 2003 mas, antes disso, o casal preparou-se física e mentalmente para percorrer mais de 700 quilómetros a pedalar. As bicicletas viajaram com eles do Brasil para Espanha e depois até França. Foi lá, em Saint Jean Pied de Port, que começaram o percurso que os levou por montes e vales e até pelo deserto. Letícia e Ricardo conheceram boas e más pessoas. São as boas que os marcam e dão significado ao caminho. “Como é bom encontrar alguém que nos acolha com atenção, sem nenhum interesse que não seja ajudar”, comenta a autora, referindo que a bicicleta passou a ser o seu meio de transporte em férias, a visitar cidades pelo mundo, mas também outras rotas como a do Douro, que poderá dar origem a um novo livro. Letícia Coimbra sabe que esta viagem, que teve como fonte de inspiração o livro de Paulo Coelho O Diário de um Mago – aliás, escreve que os brasileiros são dos principais povos a percorrer o caminho, em boa parte por causa daquele autor –, fez não só a diferença na sua vida, mas também na de outros que leram este seu diário onde a jornalista dá dicas desde a roupa a levar até ao percurso a fazer, além dos sítios onde comer ou dormir. “Andar de bicicleta faz trabalhar uma série de coisas dentro de si. No fundo, é como a própria vida. Subir a montanha é um tempo de esforço que, depois, tem a compensação da descida, há sempre uma recompensa”, acredita. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em casa de Cristina Bento Franco a recompensa pode ser encontrar pessoas interessantes, a começar pela proprietária, que nos prendem e com as quais aprendemos que é possível viver a vida de forma mais descontraída. A simpatia e facilidade com que se estabelece a comunicação com Cristina Bento Franco, a proprietária da Casa de Hóspedes Quatro Sóis, marca a diferença. Trata-se de uma anfitriã atenciosa e preocupada com o bem-estar de quem a visita. A maior queixa dos hóspedes é a casa não estar no centro da Ericeira. A proprietária lembra que essa informação não está escrita em lado algum – nos sites de reserva diz que está a 1, 9 quilómetros da vila piscatória – e que, por isso, não compreende os turistas que fazem essa crítica. “É uma casa de campo”, esclarece. O Fugas esteve hospedado a convite da Quatro Sóis Guest House
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