O islão delas não é só para homens
As muçulmanas mais influentes da Europa não são mulheres submissas e oprimidas. Religiosas ou laicas, elas valorizam a liberdade, a educação e a ousadia de correr riscos e quebrar tradições. Usar o hijab, diz uma delas, significa apenas “cobrir a cabeça, não esconder as ideias”. (...)

O islão delas não é só para homens
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-11-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: As muçulmanas mais influentes da Europa não são mulheres submissas e oprimidas. Religiosas ou laicas, elas valorizam a liberdade, a educação e a ousadia de correr riscos e quebrar tradições. Usar o hijab, diz uma delas, significa apenas “cobrir a cabeça, não esconder as ideias”.
TEXTO: Suad Mohamed: A imã livre da SuéciaEm 1985, aos 16 anos, quando chegou a Estocolmo, vinda da sua Etiópia natal, Suad Mohamed ficou fascinada ao ver grupos de punks nas ruas. “Se eles exibiam aqueles cabelos excêntricos, eu também poderia usar o meu hijab”, disse a primeira imã (líder espiritual) da Suécia — um título que não é reconhecido oficialmente nos países islâmicos. Ainda assim, não foi fácil. Já naquele tempo, antes de a extrema-direita xenófoba estar em ascensão, uma funcionária de um supermercado foi instruída pelo patrão a não atender Suad Mohamed se esta não retirasse o lenço que lhe cobria a cabeça. O episódio entristeceu-a, mas não modificou a sua opinião sobre o país que a acolheu. “Desde que cheguei à Suécia que me deixei seduzir pelo modo como a sociedade trata as mulheres”, diz-nos a imã, sentada numa poltrona de um hotel de Madrid, cidade onde, a 30 de Outubro, decorreu a gala que elegeu — pela primeira vez — as dez muçulmanas mais infl uentes da Europa. Ela fazia parte de uma short list de 26, seleccionadas pela CEDAR, uma rede pan-europeia de profissionais muçulmanos, mas ficou ausente do top 10. Não ficou incomodada, até porque a amiga Barni Noor, uma jovem de origem somali que é presidente da Associação das Mulheres Muçulmanas da Suécia, foi uma das dez escolhidas. Suad Mohamed estava mais preocupada com o regresso a casa, e a noite já ia longa quando esta entrevista começou. Compreensível, portanto, que a voz doce se arrastasse, o sorriso perdesse luminosidade e os formosos olhos — característicos das mulheres etíopes —, ornados por um eyeliner negro, denunciassem fadiga. O dia tinha sido de muita ansiedade mas, ainda assim, a imã mantinha o porte altivo, numa longa túnica e manto negros, com bordados brancos e brilhantes, a combinar com o hijab que, bem justinho ao queixo e à testa, não deixava vislumbrar uma melena. Quando se fala da Suécia, Suad parece esquecer o cansaço. “Aqui as mulheres são livres. Eu gosto desta liberdade individual. Da capacidade que cada uma tem de fazer as suas escolhas pessoais, de tomar as suas próprias decisões. Foi muito bom para mim —, porque esta é a liberdade que o islão e o Corão me oferecem. Gosto da minha religião, mas não aprecio algumas tradições que impedem as mulheres de agir de sua iniciativa. Olhei para as mulheres suecas como exemplo — absorvi o que gostava nelas; recusei o que não me interessava. Construí desta maneira a minha identidade. ” Ser muçulmana na Europa, acredita Suad Mohamed, fez dela uma pessoa diferente. “Em Marrocos ou na Arábia Saudita, as mentalidades não mudaram. Eu sou muito europeia, mesmo que a minha aparência física não o indique. Os meus filhos são ainda mais europeus do que eu, porque eu nasci na Etiópia mas eles já nasceram na Suécia. Eles são religiosos, por opção, e orgulhosamente suecos. Sou grata por a Suécia ter feito de mim uma mulher livre — não é fácil ser africana, muçulmana e imigrante. ” Suad foi viver para a Suécia, em busca de uma vida melhor, porque já aí se encontrava o seu irmão. Não teve grandes dificuldades de integração e explica porquê: “Falar a língua é a chave, porque quando falamos a língua do país que nos recebe estamos a comunicar, aprendemos os códigos da sociedade. Se não aprendermos — e foi isso que aconteceu com os meus pais —, seremos sempre outsiders. Viveremos como imigrantes isolados. ” Da Suécia, onde fez estudos superiores “para ser professora”, Suad foi para a Universidade de Zarka na Jordânia onde se formou em Shariah, lei islâmica. Quando voltou a Estocolmo, em 2002, deu uma entrevista ao jornal Kyrkans Tidning, órgão oficial da Igreja Protestante sueca [separada do Estado], e foi assim que ganhou o título de imã. “Que coisa extraordinária, não?”, comentou ela, divertida e briosa. “Na realidade, até para mim, tem sido difícil assumir-me como imã. ” Interpretação feminina
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN LIVRE
IKEA encerra revista na Rússia por causa de leis anti-gay
Empresa sueca já tinha retirado um artigo sobre duas mulheres e agora decidiu pôr fim à edição russa da revista. (...)

IKEA encerra revista na Rússia por causa de leis anti-gay
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 11 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Empresa sueca já tinha retirado um artigo sobre duas mulheres e agora decidiu pôr fim à edição russa da revista.
TEXTO: A gigante de vendas de mobiliário IKEA vai deixar de publicar na Rússia a sua revista com conselhos sobre decoração, para evitar ser condenada por veicular "valores sexuais não-tradicionais". A decisão está ligada a uma lei aprovada na Rússia há quase dois anos, que proíbe a "exposição de menores de idade" a declarações ou imagens sobre homossexualidade. Num curto comunicado publicado na edição russa da revista Live, a empresa sueca começa por sublinhar que defende a "igualdade de direitos e de oportunidades para todos", mas conclui que não está disposta nem a ser multada, nem a incluir um aviso de que a revista é imprópria para menores de 18 anos de idade. "A IKEA Family Live revela diferentes aspectos das vidas das pessoas nas suas casas, independentemente da idade, género, orientação sexual, nacionalidade ou religião. A revista reflecte os valores da IKEA, que incluem a igualdade de direitos e de oportunidades para todos. Pugnamos por falar sobre pessoas com estilos de vida, valores, tradições, hábitos e interesses distintos", lê-se no comunicado. De acordo com a agência AFP, o gabinete de imprensa da IKEA na Rússia disse que não recebeu quaisquer "avisos oficiais", mas também não esclareceu se se preparava para publicar algum tipo de conteúdo que pudesse violar a lei aprovada no Verão de 2013. No final desse ano, a empresa sueca foi criticada por ter retirado da edição russa da revista um artigo sobre Clara e Kirsty, duas mulheres que partilhavam um pequeno espaço na casa da mãe de Clara com o filho de ambas, Isaac. Esse artigo (que saiu nos outros 24 países em que a revista é publicada, entre os quais Portugal) foi substituído por outro que não expunha a empresa às sanções previstas na lei russa. A IKEA é uma das empresas de mobiliário mais procuradas pelos consumidores russos – em 2013, a gigante sueca aumentou as vendas em 3, 1% em todo o mundo, o que se traduziu numa receita de quase 30 mil milhões de euros, muito graças ao crescimento na Rússia e na China. A lei em causa entrou em vigor com os votos favoráveis de 436 deputados, nenhum contra e apenas uma abstenção (a do deputado Ilia Ponomarev, de esquerda, opositor de Vladimir Putin e o único que votou contra a anexação da Crimeia pela Rússia). Proíbe a publicação ou transmissão de mensagens sobre "formas não-tradicionais de relações sexuais". A proibição tem como objectivo impedir que "os menores formem predisposições não-tradicionais, ideias distorcidas sobre a igualdade do valor social entre relações sexuais tradicionais e não-tradicionais, ou que seja veiculada informação sobre relações sexuais não-tradicionais que possam suscitar interesse sobre esse tipo de relações". A lei prevê a aplicação de multas entre 5000 rublos (77 euros) para cidadãos russos e um milhão de rublos (15. 000 euros) para empresas. Os estrangeiros acusados de "propaganda de valores não-tradicionais" podem ser condenados a 15 dias de prisão ou ao pagamento de 5000 rublos, sendo também deportados. No comunicado publicado no site da edição russa, a IKEA diz que a revista "é dirigida a uma audiência familiar" e que "não deve ter um limite de idade". "Apesar disso, sabemos que vários artigos publicados na nossa revista podem ser considerados como propaganda (…) Como empresa, cumprimos as leis dos países em que fazemos negócio, e decidimos pôr fim à publicação da revista na Rússia para evitar violações da lei", conclui a IKEA.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei filho prisão social igualdade género sexual mulheres
Lady Gaga: A tia louca da família
Devem recordar-se de uma antiga lenga-lenga a que as crianças ainda acham graça e que reza assim: “Há fogo, há fogo, nas cuecas do Diogo”. A psicanálise muito possivelmente avançaria que o fogo nas cuecas do Diogo que tanto encanta as crianças que o cantam será uma forma de aproximação a uma sexualidade ainda infantil. Mas quem visse o concerto de ontem de Lady Gaga no Pavilhão Atlântico, poderia facilmente tomar a lenga-lenga no seu sentido mais literal – não houve fogo nas cuecas do Diogo, mas houve fagulhas a sair dos bicos do soutien da cantora americana. O que, não por acaso, provocou delírio entre incontáveis raparigas de não mais que oito ou nove ou dez anos de idade. (...)

Lady Gaga: A tia louca da família
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 5 | Sentimento -0.6
DATA: 2010-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Devem recordar-se de uma antiga lenga-lenga a que as crianças ainda acham graça e que reza assim: “Há fogo, há fogo, nas cuecas do Diogo”. A psicanálise muito possivelmente avançaria que o fogo nas cuecas do Diogo que tanto encanta as crianças que o cantam será uma forma de aproximação a uma sexualidade ainda infantil. Mas quem visse o concerto de ontem de Lady Gaga no Pavilhão Atlântico, poderia facilmente tomar a lenga-lenga no seu sentido mais literal – não houve fogo nas cuecas do Diogo, mas houve fagulhas a sair dos bicos do soutien da cantora americana. O que, não por acaso, provocou delírio entre incontáveis raparigas de não mais que oito ou nove ou dez anos de idade.
TEXTO: Que coisa é esta que faz o Pavilhão Atlântico encher-se de meninas pré-adolescentes e respectivas mães mas que está muito longe se ser o Noddy? Que açambarca todas as faixas de mercado excepto a que vai dos vinte aos trinta e cinco, a menos representada (pelo menos no balcão, que foi a zona a que tivemos acesso) no primeiro concerto de Gaga em Portugal? Que põe essas mães a cantarem “I’m a freak bitch, baby” (“Bad romance”) acompanhadas em cada sílaba pelas filhas, aparentemente sem repararem no teor das letras (ou reparando e não se importando)?Foi escrito, inclusive neste jornal (por duas vezes nos últimos dias), que um concerto de Lady Gaga não é um concerto ou não é “apenas” um concerto – a música é “apenas” uma parte do que na realidade se verifica ser um “espectáculo”. Essa dimensão de espectáculo, sabemo-lo, perdoa tudo – os palavrões, a constante exposição da sexualidade, o “grotesco” que se revela na procura incessante do “freak” que marca a imagem de Lady Gaga. Tudo elementos que em princípio deixariam a classe média de cabelos em pé. É difícil de imaginar que um pai gostasse de ver a filha pequenina a imitar a coreografia de um drag-queen vestida de cinto de ligas e couro com um chicote na mão. Mas houve centenas de pais que não só aprovaram, como igualmente imitaram. Que coisa é esta, portanto?Convém explicitar que ao contrário do que a intelligentsia espalhou o “espectáculo” não é propriamente uma coisa nunca vista, nos seus elementos cénicos, de luz ou coreografia. É uma espécie de variação da "obra" cénica de Madonna, com menos polémica religiosa. O concerto abre com uma tela que cobre o palco e funciona como sombra chinesa (lá atrás está Gaga, com um foco nas costas). O primeiro cenário é relativamente simples: há uma escadaria no topo da qual se encontra a artista, há sinais luminosos que imitam os diners americanos e que dão ao palco o ar de beco mal iluminado, há um carro sob cuja capota se esconde um sintetizador. Mais tarde haverá um árvore gótica estilizada, uma espécie de redoma gigante no meio do público de onde se levantará uma plataforma, com a cantora no meio; e uma tenda de campanha de onde Gaga sai com um vestido transparente, os mamilos tapados por pensos em forma de cruz com ar forçadamente surpreendido por ter sido apanhada naqueles trejeitos. A nudez é uma constante nas imagens projectadas na tela que vai aparecendo ou desaparecendo ao longo do concerto. Vê-se Gaga a tapar as maminhas, Gaga nua de lado, Gaga nua com as sombras a tapar as maminhas e/ou mais que isso, etc. Talvez o lado assumidamente teatral que Gaga assume (por exemplo) no momento acima mencionado, quando a tenda se abre e ela é “apanhada” de seios desnudos, talvez a expressão tão forçada, tão teatral invista essa sexualidade de um tom cómico ou burlesco, sublimando a carga erótica (?) ou provocatória (?) da cantora. Tornando-a, por assim dizer, mais digerível para a classe média – afinal, ela própria diz no concerto que a coisa que mais detesta é a verdade. Esse sim é o elemento fundamental do concerto: o constante diálogo de Gaga com o público. Ela é, à vez, pregadora ao jeito da IURD, girl-next-door, patinho feio que deveio cisne, freak que nunca será igual aos outros, ou, como chegou a dizer, “uma prenda” no “castelo de Gaga” onde “cada um de vós [público] é rei”. Tudo no discurso de Gaga é acerca desse público – por exemplo, quando diz “As pessoas pensam que eu sou corajosa, mas eu não sou corajosa sem vocês”. E tudo no seu discurso é acerca de si própria – é ver a citação do castelo e dos reis. Ela tem um twist engraçado na habitual rábula “ninguém acreditou em mim mas eu cheguei até aqui e tornei-me rainha” que os americanos adoram fazer e que consiste em afirmar que, tal como cada um de “vós”, ela era um patinho feio e ninguém acreditava nela mas depois, bem depois, continua um patinho feio.
REFERÊNCIAS:
Personalidade do ano da Time são pessoas que denunciaram casos de assédio sexual
Publicação norte-americana distinguiu as mulheres e os homens que deram “voz a segredos abertos”: “Por moverem redes de murmúrios para as redes sociais, por nos motivarem a todos a parar de aceitar o inaceitável”. (...)

Personalidade do ano da Time são pessoas que denunciaram casos de assédio sexual
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.5
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20181211184503/https://www.publico.pt/n1795089
SUMÁRIO: Publicação norte-americana distinguiu as mulheres e os homens que deram “voz a segredos abertos”: “Por moverem redes de murmúrios para as redes sociais, por nos motivarem a todos a parar de aceitar o inaceitável”.
TEXTO: “As vozes que lançaram um movimento” é a descrição usada na capa da Time para descrever a escolha da Personalidade do Ano. A publicação norte-americana destaca este ano não uma personalidade mas aquilo que chamou como “silence breakers”, as pessoas que denunciaram casos de assédio e abuso sexual. A actriz Ashley Judd, a ex-engenheira da Uber Susan Fowler, a lobista Adama Iwu, a cantora Taylor Swift e a agricultora Isabel Pascual são as personalidades que figuram na capa, mas o grupo não é exclusivamente constituído por mulheres. O actor e ex-jogador de futebol americano Terry Crews, por exemplo, é um dos nomes masculinos na lista, por ter sido um dos primeiros homens a juntar-se às denúncias femininas. A revista considera que as denúncias e acções protagonizadas pelas vítimas criaram um dos movimentos mais rápidos, apoiado pelo impacto da divulgação conseguida através das redes sociais, nomeadamente através da hashtag #MeToo. A distinção é por isso um reconhecimento do papel destas mulheres e destes homens “por darem voz a segredos abertos, por moverem redes de murmúrios para as redes sociais”. “Por nos motivarem a todos a parar de aceitar o inaceitável”, justifica o director da revista Time, Edward Felsenthal. Ao todo, a lista reunida pela Time conta pelo menos 74 personalidades acusadas de assédio e abuso sexual depois da onda de denúncias contra Harvey Weinstein. Ashley Judd, actriz e cantora, foi a primeira a chegar-se à frente. Em Outubro, contou a sua experiência ao New York Times. A ela juntou-se a actriz e activista Rose McGowan. Na lista de acusados de conduta sexual imprópria estão também Kevin Spacey, Dustin Hoffman, Ben Affleck, Ryan Seacrest, Al Franken, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C. K. Tarana Burke, a mulher a quem é atribuída a criação da #MeToo em 2006, já agradeceu a distinção através do Twitter. Burke contou com a ajuda de Alyssa Milano para divulgar e incentivar o uso da hashtag através de um tweet em Outubro. Do Twitter a hashtag saltou para o Instagram e para o Facebook. “As mulheres e os homens que quebraram o seu silêncio chegam-nos de todas as classes sociais, todas as profissões e todos os cantos do globo. Podem trabalhar num campo na Califórnia, ou atrás de uma secretária no Plaza Hotel em Nova Iorque ou até mesmo no Parlamento Europeu. Fazem parte de um movimento que não tem um nome formal. Mas agora têm uma voz”, justifica a revista. Os casos de assédio e abuso sexual citados pela Time, como o denunciado pela cantora Taylor Swift (distinguida na capa), antecedem a onda de denúncias contra o influente e consagrado produtor de Hollywood Harvey Weinstein. Em entrevista à Time, Swift descreve o julgamento em que enfrentou David Mueller, o radialista que a apalpou em 2013 e que, em 2015, processou a artista norte-americana por “difamação” — tinha sido despedido e pedia-lhe uma indemnização de três milhões de dólares. A cantora respondeu com um processo por assédio sexual e Mueller foi considerado culpado pela Justiça e obrigado a pagar a quantia simbólica de um dólar. “Antes das alegações contra Harvey Weinstein e antes de o #MeToo invadir a Internet, Taylor Swift testemunhou em tribunal a 10 de Agosto sobre a experiência de ter sido assediada numa sala cheia de gente”, contextualiza a revista. A cantora considera que esta é uma altura importante para “a consciencialização, para a forma como os pais estão a falar com as suas crianças e para a forma como as vítimas estão a processar os seus traumas, quer sejam recentes ou antigos”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A lista de finalistas anunciada na segunda-feira incluía o vencedor do título de Personalidade do Ano de 2016, o Presidente norte-americano, Donald Trump, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, o Presidente chinês, Xi Jinping, o ex-director do FBI Robert Mueller, o jogador da NFL Colin Kaepernick (que se ajoelhou durante o hino norte-americano, num protesto silencioso), e Patty Jenkins, a realizadora do filme Wonder Woman. Em Novembro, Trump anunciou no Twitter que tinha sido (novamente) a escolha vencedora para a Personalidade do Ano. “A revista Time ligou-me a dizer que eu seria PROVAVELMENTE escolhido como Homem (Personalidade) do Ano, como no ano passado, mas eu teria de aceitar dar uma entrevista e fazer uma grande sessão fotográfica. Eu disse que provavelmente não era grande ideia e recusei. Obrigado de qualquer forma!”, escreveu na publicação. No entanto, a revista desmentiu prontamente o líder da Casa Branca. “O Presidente está incorrecto sobre a forma como escolhemos a Personalidade do Ano. A Time não faz comentários sobre a sua escolha até ao dia da publicação, a 6 de Dezembro”, lia-se no tweet da revista. Alan Murray, um dos directores executivos da publicação, foi mais incisivo na sua reacção: “Nem um bocadinho de verdade aqui. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens campo tribunal mulher ajuda homem sexual mulheres chinês abuso cantora assédio
E de repente Stanley Ho está fora de jogo
Duas das quatro famílias do magnata dos casinos, entre mulheres e descendentes, assumiram o controlo das suas empresas. O caso está em tribunal. (...)

E de repente Stanley Ho está fora de jogo
MINORIA(S): Asiáticos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Duas das quatro famílias do magnata dos casinos, entre mulheres e descendentes, assumiram o controlo das suas empresas. O caso está em tribunal.
TEXTO: No átrio do Grand Lisboa está um busto de Stanley Ho que é diariamente enquadrado nas fotografias de milhares de turistas. O casino faz parte do império do magnata que nos últimos dias tem enchido jornais e televisões devido às disputas familiares pela sua fortuna. Naquele que é dos ícones da Macau dos neóns, novos e velhos que chegam da China Continental ou de Taiwan apontam, sorriem, muitos fazem com os dedos o famoso "V" das fotografias chinesas. Todos sabem qualquer coisa sobre a recente novela que tem um elenco invejável: quatro famílias, três mulheres, 16 filhos e muitos cifrões por repartir. Soube-se na semana passada que Stanley Ho perdera (ou entregara) o controlo da Lanceford (ver infografia), a empresa familiar através da qual tem gerido a sua fortuna - assente na Sociedade de Jogos de Macau (SJM), operadora de jogo avaliada em dez mil milhões de dólares e que detém mais de um terço do mercado local. A Lanceford controla 31, 6 por cento da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) que, por sua vez, detém 55, 7 por cento da SJM. Ho, que tinha 100 por cento das acções, ficou com apenas 0, 02 por cento. O alegado golpe terá sido dado pela sua terceira mulher, Ina Chan, e por Pansy, Daisy, Maisy, Lawrance e Josie, os cinco filhos da relação com a segunda companheira, Lucina Ho. Juntos controlam agora 99, 98 por cento da Lanceford. A revelação desencadeou uma série de acontecimentos que não passaram ao lado dos jogadores que diariamente contribuem para que esta região administrativa especial da China bata sucessivos recordes nos casinos: fechou 2010 com receitas brutas de 189, 6 mil milhões de patacas (18, 9 mil milhões de euros). O primeiro a pronunciar-se foi o advogado de Ho, Gordon Oldham. "Isto é um roubo, é apropriação fraudulenta", disse sobre a manobra familiar. "Stanley Ho acredita que a sua parti- cipação na Lanceford, que controla o grosso dos seus bens, foi alvo de transferências de títulos operadas pelas suas segunda e terceira famílias", explicou Oldham. "Tal teve como efeito a redução dos seus bens para praticamente nada, na realidade nada, e mais uma vez sem o seu conhecimento, sem o seu consentimento e certamente contra os seus desejos", reiterou à imprensa. Ainda o povo tentava perceber quem estava afinal a tramar Stanley Ho e já o 13. º homem mais rico de Hong Kong, de acordo com a Forbes, aparecia na TVB, uma estação de televisão local, ao lado da terceira mulher e de uma das filhas, Florinda Ho. O milionário, debilitado fisicamente desde que em Julho de 2009 caiu e teve ser operado ao cérebro, leu de um placard uma declaração em que afiançou estar tudo bem. Na televisão"A controvérsia deixou-me muito infeliz, bem como à minha família. A declaração que emiti há dois dias resolveu todas as disputas. Agradeço o apoio de Gordon, mas não preciso dele, porque o grande problema já foi resolvido, e isso faz com que a minha família esteja feliz. Não desejo outras mudanças", afirmou Stanley Ho. Seguiu ainda para as redacções uma carta, assinada pelo empresário e por Ina Chan, em que se reforçava que tudo acontecera com o consentimento do patriarca. Os seguidores da novela desconfiaram então que o vilão pudesse ser Gordon Oldham, o causídico. "Não damos grande importância a uma nota de imprensa emitida à meia-noite por uma terceira amante que tem um interesse de mil milhões de dólares nisto", replicou Oldham. "Os negócios são assim. Temos instruções de Stanley Ho e estamos a cumpri-las", disse o advogado ainda na quarta-feira. As instruções seriam o avanço para tribunal.
REFERÊNCIAS:
Entidades INA
[email protected] leitorxs (e utentas)
Tudo isto, a juntar ao suntuoso Acordo Ortográfico, tornaria a nossa língua uma verdadeira geringonça! (...)

[email protected] leitorxs (e utentas)
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tudo isto, a juntar ao suntuoso Acordo Ortográfico, tornaria a nossa língua uma verdadeira geringonça!
TEXTO: Os guardiães da ideologia de género, considerando que a língua portuguesa está muito associada a um modelo machista de sociedade, têm procurado avançar com iniciativas para favorecer a agora chamada linguagem inclusiva, eliminando ou atenuando tal dimensão patriarcal. Bem sabemos que a linguagem oral e escrita é, por natureza, evolutiva e dinâmica. E que há expressões social e culturalmente resilientes, que revelam comportamentos misóginos. Acontece que a exageração vem tomando conta deste propósito de erradicar o que apelidam de um “estereótipo de género”. Um dos seus traços mais visíveis relaciona-se com os substantivos uniformes, sobretudo os comuns de dois géneros – p. ex. , estudante – e os sobrecomuns – p. ex. , pessoa – através de pretensos neologismos tão esdrúxulos, quanto ridículos. Se bem me recordo, uma das primeiras ou mais entusiásticas movimentações foi quando Dilma Rousseff virou presidenta, tendo subjacente a ideia de contrariar a prevalência das desinências masculinas sobre as femininas. Parece que esta moda não pegou tanto quanto as utentas pretendiam. Assim, não vingaram as concorrentas, as estudantas, as dirigentas e gerentas, as comandantas, as adolescentas ou as doentas. Mesmo nos partidos mais envolvidos, não se diz “militantes e militantas”, aqui até com o risco de alguém entender “militantes e mil e tantas”. CITAÇÃO I: Em ciência leia sempre os livros mais novos. Em literatura, os mais velhos (Millôr Fernandes, 1923-2012)CITAÇÃO II: “A linguagem é uma fonte de mal-entendidos” (Antoine de Saint Exupéry, 1900-44)OXÍMORO: Neologismo antigoPLEONASMO: Surpresa inesperadaARCAISMO: OutrossimPALÍNDROMO (capicua de letras): Ato idiotaPARANOMÁSIA: O torneiro chamou uma colega torneira para reparar a torneiraNoutra perspectiva e face à ausência de um género gramatical neutro em português, há quem use o símbolo @ (arroba, ela própria feminina) para se referir a grupos dos dois sexos. Assim temos, por exemplo, [email protected] [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. Entretanto, ainda que mais esparsamente, surgiu o "x", numa versão mais LGBT: carxs, meninxs, delegadxs, etc. e até o tímido asterisco * para el*s, professor*s, trabalhador*s, etc. MUSGOAproxima-se o Natal e o musgo associa-se ao presépio. Talvez porque tenha um envolvimento muito sinestésico. No seu cheiro inigualável em terra molhada, no seu aveludado tatuar, na quietude da sua extensão, na mistura do seu verde e da terra que lhe vem junta. Haverá mais de 700 géneros e 12. 000 espécies de musgos, ainda que para nós musgo é simplesmente o musgo, ponto final. Trata-se de uma planta criptogâmica (isto é, sem flor) briófita tendo caule e folhas, mas não raízes. Vive em colónias de indivíduos semelhantes, que formam tapetes de um verde profundo que implora por humidade e sombra do sol. Com uma lupa, pode ver-se melhor o notável pormenor das suas delicadas cápsulas (esporófitos) em cima de delgados pedicelos. Há quem lhes chame até o fruto dos musgos. Não que o seja, mas porque envolve uns minúsculos esporos que, na hora do parto possibilitado pela abertura da cápsula, caem sobre a terra humedecida e dão novas vidas à vida. Um milagre da natureza: estes minúsculos corpos nem provêm dos óvulos de um ovário, nem têm um embrião e, no entanto, germinam como uma semente. É Natal!Passou também a ser politicamente conveniente referir os dois géneros gramaticais, em frases como “portuguesas e portugueses”, “todos e todas”, “alunos e alunas” e tantas outras, numa prática aritmética de juntar um subconjunto ao conjunto que já o contém. Todavia, tal prática é selectiva e não se aplica a situações negativas ou indesejáveis (por exemplo, ninguém diz “desempregadas e desempregados”, “mortas e mortos”, “presas e presos”). Na mesma lógica, poder-se-ia perguntar se a Loja do Cidadão (ou o cartão de cidadão) não incluiria as cidadãs, se o Conselho de Ministros deveria ser também das Ministras, ou se uma câmara de deputados não teria deputadas? Ou ainda, se numa referência aos seres humanos, deveria acrescentar-se “e humanas”? Voltando ao nosso gentílico, vida facilitada teriam (com o nosso idioma) outros países. É o caso dos belgas (não imagino alguém a dizer “belgas e belgas”), tal e qual como com timorenses, são-tomenses, guineenses, croatas, vietnamitas. Mais recentemente, numa reunião magna do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares interveio começando com “camaradas e camarados” (suponho eu referindo-se aos aderentes e aderentas do partido). Em artigo posteriormente publicado neste jornal, o dirigente bloquista reconhece que foi um “erro prontamente corrigido na frase seguinte”, acrescentando, de seguida, que “há males que vêm por bem, dado que serviu, uma vez mais, para desmascarar o fanatismo da campanha contra a linguagem inclusiva”. Não percebo como de um erro se corporiza alguma vantagem no propósito enunciado. É certo que houve comentários precipitados, como precipitado me parece não se aceitar a ironia de quem também aproveitou o lapsus linguae (quem sabe se originado pelo subconsciente inclusivo do deputado) para, ao invés, criticar o também fanatismo da campanha da linguagem inclusiva. Brincando com o sucedido – se senhores e senhoras inclusivos e inclusivas me permitem –, quase me imaginei a ouvir “bloquistas e bloquistos”, “comunistas e comunistos”, “socialistas e socialistos”, bem como colegos, jornalistos, economistos, atletos ou estrelos de cinema. E, feminizando substantivos machos, por que não dizer o intérprete e a intérpreta? Ou chamar quadra a uma quadro de uma empresa?Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E o que dizer de substantivos sobrecomuns mais femininos (pois que também os há e muitos) passarem a ter dois géneros? Afinal eu fui criança ou crianço? Sou uma pessoa ou um pessoo? Uma criatura ou um criaturo? Bem confuso seria testemunha passar a ser a testemunha só no género feminino e o testemunho no masculino…Começo a pensar que o extremoso PAN possa ter, nesta matéria, uma oportunidade para alargar a ideologia de género ao mundo animal, onde muitos são chamados por um nome epiceno, ou seja, de só um género gramatical para animais de ambos os sexos. Por exemplo: teríamos a foca, mas também o foco, o ouriço e a ouriça, a cigarra e o cigarro, a cobra e o cobro. E nos animais designados pelos dois géneros gramaticais, que bem e animalmente correcto seria dizer “gatos e gatas” e escrever [email protected], “ratos e ratas” ([email protected]), “burros e burras” (burr*s), “javalis e javalinas”?Tudo isto, a juntar ao suntuoso (não confundir com untuoso, e muito menos com sumptuoso) Acordo Ortográfico, tornaria a nossa língua uma verdadeira geringonça!
REFERÊNCIAS:
Dilma, Serra e Marina têm 15 anos e estudam na Paulista
Dilma pode ser um menino de poupa? E Marina um mulato muito vivo? E Serra uma menina de gravata? Numa escola histórica de São Paulo, pode. (...)

Dilma, Serra e Marina têm 15 anos e estudam na Paulista
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 2 Asiáticos Pontuação: 6 | Sentimento 0.1
DATA: 2010-09-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Dilma pode ser um menino de poupa? E Marina um mulato muito vivo? E Serra uma menina de gravata? Numa escola histórica de São Paulo, pode.
TEXTO: À esquerda um arranha-céus, à direita um arranha-céus, no meio isto: um casarão com cem anos. É o número 227 da Avenida Paulista, onde o metro quadrado há-de ser dos mais caros do Brasil. E eis esta resistente de um piso só, a Escola Rodrigues Alves, bela escola pública, memória do fervor republicano. Enquanto aqui à volta moram e trabalham os ricos, nesta escola estudam os filhos dos zeladores, das recepcionistas, das enfermeiras que trabalham no hospital em frente. Meninos de classe média-baixa rodeados de classe alta. E com as turmas do 8. º ano - o último do ensino fundamental, entre os 14 e os 15 anos - a professora de Português Priscilla Obrecht tem estado a trabalhar a matéria do momento: a eleição. Ao longo de semanas, os alunos estudaram os candidatos, os programas, os assuntos. E hoje vão fazer um debate, como na televisão. O PÚBLICO é o convidado, trazido por Priscilla. Aqui vem ela, cheia de dossiers, no corredor centenário. Madeiras, vitrais, eco. "Mas o outro edifício não é assim, não. . . ", vai avisando. No casarão estão as turmas dos pequenos, e no anexo estão os mais velhos. É um espaço bem batido pelo uso, sem charme de restauro, uma verdadeira escola pública brasileira: carteiras riscadas, recreio de cimento, alunos brancos, mulatos, negros, asiáticos. Percorremos corredores, com colegas de Priscilla a aparecer. Vão todas votar em Marina Silva, a candidata do Partido Verde que só tem subido nas sondagens. "Já viu os candidatos exdrúxulos que a gente tem? Tiririca [um comediante]. . . Mulher Pêra, Mulher Melancia [garotas de revista]. . . "7h15 da manhã, aula aqui é cedo. E o 8. º C já está todo na sala, mesas em volta, preparadas para o grande debate. Cada candidato tem um papel à frente com o nome, e uma equipa de assessores, o que significa que toda a turma participa. Espectadores só Priscilla e o PÚBLICO (ah, sim, e aquele par de meninas alheadas, lá atrás). Os candidatos apresentam-se. Género: "Eu sou o João Pedro. Sou a Dilma, do PT. " Um rapazinho de poupa com gel. Ou:"Bom dia, sou o Luís. Sou a candidata Marina Silva, do PV. " Um mulato com jeito de quem vai ganhar o debate. Ou ainda:"Eu sou Rafael. Sou o José Serra, e o meu partido é o PSDB. " Um cabeludo tímido, voz num fio. Depois há os candidatos a governador de São Paulo, nomes que não são tão familiares aos leitores portugueses - Geraldo Alckmin (PSDB), Aloizio Mercadante (PT), Celso Russomanno (PP), Paulo Skaf (PSB) ou Luís Carlos Prates, conhecido como "O Mancha" (PSTU) - mas significam a disputa pelo maior estado do Brasil, 40 milhões de pessoas. Vários estão representados nesta sala. "Marina, começa com a pergunta", diz Priscilla, apontado para Luís, o mulato bem-seguro. "Dilma Rousseff", começa ele. "Há 18 milhões de pessoas em fila de espera para o programa Minha Casa Minha Vida. O que você pretende fazer em relação a isso?"Dilma, o rapazinho da poupa, volta-se para trás e conferencia com os assessores. Resposta: "Manter a calma. " É a idade antes da política. A sala ri. Educação, saúde, ambienteO candidato a governador Skaf pergunta agora ao actual governador Alckmin (que provavelmente vai ser reeleito) se manterá a progressão continuada nas escolas, quando "tem muita gente no 8. º ano que não sabe ler nem escrever". "É que aqui em São Paulo até ao 8. º ano os alunos não reprovam, a progressão continuada é isso", explica Priscilla. Resposta do governador Alckmin: "Essa questão de passar alunos que não sabem ler e escrever é coisa séria. Eu vou aumentar o período escolar. "José Serra, candidato a presidente do mesmo partido, vem em seu socorro. "Nós vamos reforçar a ajuda aos alunos", diz, repetindo as palavras que a sua assessora de rabo-de-cavalo lhe bichana ao ouvido.
REFERÊNCIAS:
Ser mulher é difícil mas também é bom
Mulheres, africanas, guineenses. Trabalham de sol a sol para sustentar a família e pagar a escola dos filhos, que sonham um dia ver na universidade.A 31 de Julho celebra-se o Dia Internacional da Mulher Africana. (...)

Ser mulher é difícil mas também é bom
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 Africanos Pontuação: 3 | Sentimento 0.099
DATA: 2017-09-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mulheres, africanas, guineenses. Trabalham de sol a sol para sustentar a família e pagar a escola dos filhos, que sonham um dia ver na universidade.A 31 de Julho celebra-se o Dia Internacional da Mulher Africana.
TEXTO: Jorgete tem porte de diva, é uma activista pelos Direitos da Mulher embora na Guiné-Bissau não lhe atribuam expressões com tanta pompa. “Inspiração”, “mamã”, “modelo a seguir”, “exemplo de força e coragem”, “alguém que não se cansa de lutar por nós”, é assim que as colegas da associação de costura onde trabalha a referem. Gosta de falar — alto, pausadamente, com garra a transpirar do discurso —, especialmente quando tem muita gente a ouvi-la: “Aqui os homens não trabalham, são as mulheres que batalham para pôr os filhos na escola, para os vestir, para lhes dar de comer. Se tivermos o nosso próprio dinheiro, deixaremos de ser tão dependentes. ”Quase metade da população guineense (46%) não sabe ler nem escrever. As mulheres representam 63, 2% deste universo (a percentagem de analfabetismo masculino é de 36, 8%), de acordo com os últimos censos realizados no país em 2009. Jorgete finta as estatísticas. Sim, gostava de ter estudado mais do que o 6. º ano de escolaridade, mas aprendeu a virar-se como sabia: “Não é preciso ir à escola para trabalhar com agulhas. Mesmo quem vai à escola pode nunca saber coser. ”Viver o melhor que pode, o melhor que sabe, esse é também o lema de Júlia. Há duas coisas a que nunca diz não: ao trabalho e à oportunidade de aprender mais. Produz óleo de palma, vende frutas e legumes na praça, trabalha nos campos de caju e ainda está a aprender Português, Inglês e Francês, duas vezes por semana, ao final da tarde. Julia tem tantos ofícios que, quando os conta com a ponta dos dedos, acaba sempre por se perder. O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), refere que na Guiné-Bissau há mais homens (78, 5%) economicamente activos do que mulheres (68, 1%), mas contabiliza apenas a “força de trabalho que se destina à produção de bens e serviços num determinado período de tempo”, deixando de fora as actividades praticadas pela maioria das mulheres diariamente e que garantem o sustento das famílias. Ao contrário de Júlia, Safieto não sente vontade de ir à escola, lugar que nunca conheceu. Tinha 15 anos quando se casou com um homem três décadas mais velho, que só conheceu no dia do casamento. É uma das mulheres que dão rosto aos números: 37, 1% das meninas guineenses casam-se antes dos 18 anos e 59, 6% das adolescentes entre os 14 e os 19 anos estão casadas com um homem pelo menos dez anos mais velho, segundo o Inquérito aos Indicadores Múltiplos de 2014 publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Hoje, com quatro filhos, Safieto não se queixa do que tem — “acho que vivo bem” — e diz que gosta muito do marido: “Sou eu que trabalho para comprar comida, mas, quando não tenho dinheiro, ele dá-me. ”Cecília está a passar uma fase menos boa. Vive com o marido em Elalab, uma ilha isolada com cerca de 200 habitantes no Norte da Guiné-Bissau. É uma saudosista dos tempos em que tinha a casa cheia com os cinco filhos, que entretanto se mudaram para Bissau, a capital. Diz que está tudo a mudar: “A tabanca [aldeia] não tem nada para oferecer aos mais jovens, só os velhos é que cá ficam. Cada vez faz mais calor, chove menos e quase não há variedade de peixe. ” No ano passado, com a subida do nível da água do mar, a sua plantação de arroz inundou-se e ficou sem comida para enfrentar a época seca [entre Outubro e Junho]. A pobreza não monetária atinge 40% da população da Guiné-Bissau, desta, 60, 3% vive em áreas rurais e apenas 8, 4% em centros urbanos — os números são do relatório “Guiné-Bissau: Segundo Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza”, realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2011. “Tem sido um período difícil mas este ano vai ser diferente. Comemos arroz de manhã, à tarde e à noite. Para os flupes [uma das mais de 30 etnias do país], arroz é riqueza, se não tens arroz, estás na desgraça. ”Como sobrevivi? Os vizinhos convidaram-me a participar na colheita nos seus terrenos e deram-me algum arroz. Comi uma parte com o meu marido e a outra guardei, para ter sementes e poder plantar este ano sem ter de pedir a mais ninguém. Vendi os animais domésticos — cabras e porcos —, e os meus dois filhos que estavam a estudar em Bissau tiveram de ir trabalhar para ganhar algum dinheiro. Compraram-nos três sacas, é isso que temos comido durante a época seca. Quando o meu marido consegue apanhar peixe, eu vou na piroga [canoa de madeira] com outras mulheres e vendo-o no mercado. Procurei alternativas, precisava de fazer alguma coisa para poder comprar outros alimentos: comecei a costurar na máquina que a minha irmã mais velha me ofereceu — as pessoas trazem os tecidos, pagam-me o serviço e com esse dinheiro compro comida. Também tento plantar batatas, milho, tomates, mas não é fácil, o terreno de Elalab é pouco fértil e os porcos destroem as plantações. Na tabanca de Elalab somos todos flupes, a maioria é animista mas a minha família é católica, vivemos no bairro católico. Por tradição, quando o homem morre primeiro do que a mulher, a casa e os animais do casal têm de ser destruídos. A mulher terá de ir viver para um anexo na casa do irmão mais velho do marido ou pedir aos filhos para lhe construírem uma nova casa. Não é bem visto manter os bens de alguém que morreu. Connosco isso não vai acontecer, somos católicos. Se o Zé morrer primeiro do que eu, ficarei com a casa e com os animais. Esta tradição é uma forma de tirar poder às mulheres, não faz sentido nos dias de hoje. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A primeira vez que vi o meu marido foi no dia do casamento, o meu irmão mais velho é que o conhecia. Quando olhei para ele, quis desistir, mas ia fazer a minha mãe passar por uma grande vergonha, tive de aceitar. Casámos há 16 anos, ele tem mais uns 40 anos do que eu, temos quatro filhos. Dantes se a mulher rejeitasse casar, era espancada, mas agora com a escola isso já não acontece… Como não fui à escola, gosto de ver a telenovela na TV Record, aprendo muita coisa que não sabia, dá-me ideias. Aprendi a mimar, a abraçar, a falar bem com o meu marido e os meus filhos. Se não vais à escola e não vês novelas, não sabes nada, nada, ficas burra. Quando chega às nove da noite, as mulheres da vizinhança reúnem-se todas a ver televisão num sítio aqui próximo. Se eu não tiver trabalho para fazer, vou com os meus filhos, só o meu marido é que fica em casa. Gostava de ter um painel solar no telhado para poder ter um ecrã só para mim. Acho que vivo bem: pago a escola dos meninos e compro comida. A diversão é só no Tabaski e no Ramadão [as duas maiores festas muçulmanas] ou quando há um casamento… Se vamos a uma cerimónia, nós os fulas [outra das etnias guineenses] compramos sempre roupa nova, matamos um porco e oferecemos algum dinheiro. Gosto da Guiné-Bissau, aqui és livre, ninguém te chateia. No Senegal há melhores condições, mais limpeza, mais verduras, mas se não tens dinheiro, não vives. Na Guiné podes viver sem dinheiro porque o guineense tem pena do seu companheiro.
REFERÊNCIAS:
O momento em que Patti Smith leu Fernando Pessoa
Casa Fernando Pessoa divulgou vídeo em que cantora lê Álvaro de Campos. (...)

O momento em que Patti Smith leu Fernando Pessoa
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Casa Fernando Pessoa divulgou vídeo em que cantora lê Álvaro de Campos.
TEXTO: 2015 foi um ano em cheio para a relação de Portugal com Patti Smith. Vimo-la em Junho em dose dupla no Nos Primavera Sound, primeiro em concerto de base acústica, depois apresentando o seu histórico álbum de estreia, Horses, com a electricidade indispensável. Em Setembro, Patti regressou a Portugal, desta vez a Lisboa, ao Coliseu dos Recreios, para voltar a recriar Horses. Como documento da visita não ficou apenas a memória do concerto. A convite da EGEAC, Patti Smith visitou a Casa Fernando Pessoa e, em particular, a biblioteca do escritor, onde admirou livros de William Blake, Walt Whitman ou Arthur Rimbaud, poetas da eleição da cantora americana. Tal como o é, de resto, o próprio Pessoa. Em entrevista ao Ípsilon em 2009, ao falar da sua relação com Portugal, recordou como o seu marido, Fred Sonic Smith, falecido em 1994, lhe costumava dizer que, dada a quantidade de livros de fotografia sobre o Portugal dos anos 1930 que detinha, um dia iria acordar e “começar a falar como um pescador português”. Acrescentou então: “Claro que, como muita gente, adorava Pessoa. Tom Verlaine [vocalista e guitarrista dos Television] e eu costumávamos ler Pessoa o tempo todo, quando éramos novos”. Na casa Fernando Pessoa, Patti Smith, terminou a visita com um dois-em-um. Pessoa e Whitman. Ou seja, Patti a ler um excerto de Saudação a Walt Whitman, de Álvaro de Campos. O momento ficou registado e foi disponibilizado esta terça-feira na página de Facebook da Casa Fernando Pessoa.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave cantora
Ariana Grande e o ataque após concerto em Manchester: “Não tenho palavras”
Polícia britânica confirma ainda cerca de 50 feridos na sequência de pelo menos uma explosão à saída de um espectáculo da cantora norte-americana. (...)

Ariana Grande e o ataque após concerto em Manchester: “Não tenho palavras”
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Polícia britânica confirma ainda cerca de 50 feridos na sequência de pelo menos uma explosão à saída de um espectáculo da cantora norte-americana.
TEXTO: A polícia da Grande Manchester afirma através da sua conta oficial no Twitter que há "19 mortes confirmadas" e cerca de 50 feridos na sequência de um "incidente grave" ocorrido esta noite, no final de um concerto da cantora norte-americana Ariana Grande, naquela cidade do Reino Unido. As autoridades estão a tratar a situação como um "incidente terrorista" até prova em contrário. Após relatos de "explosões" no final do espectáculo (o número exacto de rebentamentos não é conhecido), a força policial pediu à população para não se aproximar da zona da Manchester Arena. Latest statement on incident at Manchester Arena pic. twitter. com/BEpLOan3dYSegundo a empresa gestora do recinto de espectáculos, o "incidente" ocorreu à saída do espaço, já na via pública. De acordo com a Reuters, a Manchester Arena é a maior sala de espectáculos do género na Europa, com capacidade para 21 mil pessoas. O público do concerto desta noite era constituído sobretudo por crianças, adolescentes e os respectivos familiares. Um porta-voz de Ariana Grande afirma que a cantora se encontra bem. A artista escreveu mais tarde no Twitter que está "destroçada": "Do fundo do meu coração, lamento tanto, tanto. Não tenho palavras". broken. from the bottom of my heart, i am so so sorry. i don't have words. Um enorme dispositivo policial, incluindo elementos da brigada de minas e armadilhadas e agentes com cães, foi despachado para a zona. Foi ainda realizada uma detonação controlada de um objecto suspeito junto à Catedral de Manchester (mais tarde soube-se que o objecto em causa era apenas uma pilha de roupa abandonada que não representava qualquer perigo). Entretanto, os hospitais da cidade foram colocados em prevenção e os serviços de saúde da região pedem paciência aos utentes perante a mobilização de meios para aquela emergência. A circulação ferroviária na área foi suspensa. De acordo com o correspondente da BBC para asssuntos de segurança interna Daniel Sandford, a cúpula dos serviços britânicos de contraterrorismo está reunida em Londres. A primeira-ministra britânica Theresa May reagiu ao incidente através de um comunicado enviando condolências às famílias das vítimas. "Estamos a trabalhar para estabelecer os detalhes totais daquilo que está a ser tratado pela polícia como um horroroso ataque terrorista", acrescentou ainda, citada pela comunicação social do Reino Unido. Fonte do Partido Conservador de May revelou ainda à Press Association que as acções de campanha para as eleições de Junho foram canceladas. "Mal consigo descrever", conta ao Guardian Elena Semino, mãe de uma fã de Ariana Grande, que esperava pela filha junto à bilheteira quando ouviu uma explosão. "Senti calor no meu pescoço e assim que olhei em redor havia corpos por toda a parte", relata ao jornal britânico. Citado pela Press Association, um funcionário de um bar localizado nas imediações da sala de espectáculos disse ter visto pessoas ensanguentadas no chão. Ainda ao Guardian, uma espectadora, Hannah, disse ter escutado uma “explosão bastante grande" no recinto, e que o edifício "tremeu", tendo "toda a gente" gritado e tentado abandonar o local. “Quando saímos, muita polícia chegou à arena e toda a estação ferroviária de Victoria foi cercada pela polícia”, relatou ainda. #Manchester pic. twitter. com/LzMioNLp0JEXPLOSION AT MANCHESTER ARENA AND EVERYONE RAN OUT SO SCARY?? pic. twitter. com/pJbUBoELtENas redes sociais, estão a ser partilhadas imagens que mostram uma onda pânico no interior do recinto de espectáculos, presumivelmente após a explosão ouvida, mas que não acrescentam informações sobre a possível causa do rebentamento. A informação, de resto, tem estado a ser divulgada a conta-gotas pela polícia da Grande Manchester. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Também através das redes, e à imagem do que aconteceu recentemente perante outros incidentes do género, espalham-se pedidos e ofertas de transporte e alojamento para quem não consegue regressar a casa. A estação de Victoria, uma das principais da cidade, muito próxima da Manchester Arena, foi encerrada por precaução. No Twitter e no Facebook, estão também a ser partilhadas fotografias e mensagens de crianças que poderão ter-se perdido dos pais durante a onda de pânico desencadeada pelo incidente desta noite. Várias dezenas foram acolhidas num hotel da zona. A norte-americana Ariana Grande, de 23 anos, actuava em Manchester no âmbito da sua mais recente digressão mundial, Dangerous Woman Tour. A cantora pop tem um espectáculo agendado em Lisboa, a 11 de Junho, no Meo Arena – não há até ao momento informação sobre um eventual cancelamento do concerto. Nomeada para quatro prémios Grammy e vencedora de quatro prémios MTV, é uma das interpretes com maior sucesso comercial da actualidade, sendo especialmente popular junto do público adolescente. O incidente desta noite acontece a menos de três semanas das eleições legislativas no Reino Unido, para as quais o Partido Conservador da primeira-ministra Theresa May parte em vantagem sobre a oposição trabalhista de Jeremy Corbyn.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha ataque adolescente social género cães cantora pânico