Wikileaks: Julian Assange já saiu da prisão
Julian Assange já foi libertado, e agradeceu "a todos os que continuaram a acreditar" em si, numa declaração à saída do Supremo Tribunal em Londres, em que aludiu de forma indirecta ao soldado que será a fonte da fuga de informação que o tornou um inimigo dos EUA. (...)

Wikileaks: Julian Assange já saiu da prisão
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Julian Assange já foi libertado, e agradeceu "a todos os que continuaram a acreditar" em si, numa declaração à saída do Supremo Tribunal em Londres, em que aludiu de forma indirecta ao soldado que será a fonte da fuga de informação que o tornou um inimigo dos EUA.
TEXTO: "Durante o tempo em que estive preso naquela prisão vitoriana, pude reflectir nas condições em que estão a viver muitas pessoas noutros locais do mundo, muito pior do que eu, em solitária, que merecem a nossa atenção e apoio", disse Julian Assange, ao sair até à porta do tribunal. Estas palavras correspondem à situação em que está a viver o soldado Bradley Manning, um analista de informação detido há sete meses, no Iraque, descrita pelo jornalista Glenn Greenwald na revista online "Salon" ontem. Manning está preso em isolamento durante 23 horas por dia, em Quantico, na Virginia, e foi acusado de ser a origem da fuga de informação - mas ainda não foi a julgamento. E, segundo Greenwald, além do isolamento - que pode ser considerado uma forma de tortura -, são-lhe negadas algumas condições básicas, como o mero uso de uma almofada. De acordo com o "New York Times", a estratégia norte-americana para tentar acusar Julian Assange pela divulgação dos telegramas diplomáticos do Departamento de Estado poderá passar por tentar provar que Manning e o editor do site Wikileaks estiveram em comunicação desde o início. Dessa forma, tentariam provar que houve conspiração, fugindo aos problemas espinhosos da liberdade de expressão e de impresa defendidos pela Primeira Emenda a que esta fuga de informação está ligada, até porque os telegramas estão a ser trabalhos jornalisticamente por cinco grandes jornais internacionais. Corrida contra o tempoHouve uma verdadeira corrida contra o tempo esta tarde para que Julian Assange não voltasse para a prosão. O juiz exigiu que mais cinco pessoas se responsabilizem pelo paradeiro de Assange, quando sair da prisão, além das duas que já o tinham feito, já que o dinheiro da fiança - paga por apoiantes célebres do editor do Wikileaks, como o realizador Michael Moore - não estava ainda todo reunido. Só que algumas dessas pessoas não estão em Londres, para assinar os documentos legais necessários, o que poderia impedir a libertação de Assange já hoje. Essas pessoas, diz o "Guardian", são são o ex-jornalista e escritor Phillip Knightley, o editor Felix Dennis, o biólogo molecular (e galardoado com o Nobel) John Sulston, o ex-ministro trabalhista e membro da administração da casa editorial Faber & Faber Lord Matthew Evans e a professora Patricia David. Mas como duas destas pessoas estão ausentes de Londres, o juiz aceitou que fossem substituídos pelo solicitador Geoff Shears e pela baronesa e ambientalista Tracy Worcester. O juiz Duncan Ouseley, que presidiu à sessão, dissera antes da decisão que "a história da forma como os procuradores suecos têm lidado com este [caso] daria ao senhor Assange algumas bases para ser absolvido se houver julgamento", descreveu o site do jornal britânico "The Guardian", que tinha vários jornalistas a acompanhar a sessão. Assange recebeu inicialmente luz verde para se sair em liberdade condicionada na terça-feira, dada pelo juiz Howard Riddle, mantendo-se no Reino Unido, onde foi detido ao abrigo de um mandado de captura internacional e extradição para a Suécia – contra o pagamento de fiança de 240 mil libras (cerca de 282 mil euros). Terá de usar uma pulseira electrónica, apresentar-se diariamente numa esquadra. Terá ainda de voltar a tribunal a 11 de Janeiro, enquanto é avaliado o pedido de extradição para a Suécia, onde as autoridades querem que Assagen colabore no inquérito sobre as queixas de violência sexual apresentadas contra ele por duas mulheres. Não foi ainda formalizada qualquer acusação.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência tribunal prisão sexual mulheres
Polícia britânica mantém que investigação ao desaparecimento de Madeleine cabe a Portugal
A polícia britânica recusa comentar a referência ao desaparecimento de Madeleine McCann feita nos telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados pela organização WikiLeaks, alegando que a investigação cabe às autoridades portuguesas. (...)

Polícia britânica mantém que investigação ao desaparecimento de Madeleine cabe a Portugal
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: A polícia britânica recusa comentar a referência ao desaparecimento de Madeleine McCann feita nos telegramas diplomáticos norte-americanos divulgados pela organização WikiLeaks, alegando que a investigação cabe às autoridades portuguesas.
TEXTO: “A investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann é liderada pela [polícia] portuguesa”, vincou uma porta-voz da polícia de Leicestershire, que recusou comentar qual a contribuição feita pelos agentes britânicos neste caso. Segundo o embaixador inglês em Lisboa na altura do desaparecimento de Madeleine McCann (2007), Alexander Wykeham Ellis, a polícia inglesa ajudou a encontrar provas contra os pais da menina, que foram constituídos arguidos e mas finalmente ilibados. "Sem aprofundar nos detalhes do caso, Ellis admitiu que a polícia inglesa tinha desenvolvido as provas actuais contra os pais McCann, destacando que as autoridades dos dois países [Portugal e Reino Unido] estavam a cooperar", escreve o embaixador norte-americano, Alfred Hoffman, num telegrama descrito como "confidencial". O documento, agora revelado pela WikiLeaks, relata uma conversa entre os dois diplomatas a 21 de Setembro 2007 sobre o caso, que na altura era alvo de grande atenção mediática no país. A polícia de Leicestershire, que coordena a colaboração com a Polícia Judiciária por ser nesta região que reside a família McCannn não confirma o conteúdo do telegrama nem se considera importante para a reabertura do processo. PGR não vê motivos para reabrir o processo“O nosso papel desde o primeiro dia tem sido, e continua a ser, coordenar e completar quaisquer investigações no Reino Unido e dar seguimento às diligências que tenham sido pedidas pelas autoridades portuguesas para serem concluídas no Reino Unido”, disse a mesma fonte. Para o porta-voz dos pais de Madeleine, “esta é uma nota completamente histórica, que tem mais de três anos” e que deve ser lida tendo em conta o contexto em aconteceu. Clarence Mitchell lembrou que, desde então, “Kate e Gerry viram o seu estatuto de arguidos levantado, com as autoridades portuguesas a tornar perfeitamente claro que não havia absolutamente qualquer prova que os implicasse no desaparecimento de Madeleine”. Também o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, afirmou na terça-feira não ver motivos para reabrir o processo que, disse, “foi arquivado e muito bem” pelo Ministério Público. "Conversas de jornal e propaganda publicitária não dá para abrir [inquéritos]", vincou. Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 3 de Maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve. Os pais, Kate e Gerry McCann, jantavam nessa altura num restaurante a cerca de 50 metros do apartamento. A mãe da criança, Kate, e o pai, Gerry McCann, foram constituídos arguidos pelas autoridades judiciais portuguesas em Julho de 2007. Mas a 21 de Julho de 2008, a Procuradoria-Geral da República anunciou o arquivamento das suspeitas contra o casal e um terceiro arguido, Robert Murat.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave criança desaparecimento
Escolhas: 10 sugestões pop para este Natal
O P2 termina esta série de sugestões de presentes, desafiando-o a oferecer música pop. Mário Lopes e Vítor Belanciano propõem-lhe extraterrestres como Iggy & The Stooges, adolescentes luminosos como os Avi Buffalo, canções de amor intemporais assinadas pelos Orange Juice e, no meio disto tudo, ainda lhe prometem, como Robert Wyatt, um mundo maravilhoso. (...)

Escolhas: 10 sugestões pop para este Natal
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: O P2 termina esta série de sugestões de presentes, desafiando-o a oferecer música pop. Mário Lopes e Vítor Belanciano propõem-lhe extraterrestres como Iggy & The Stooges, adolescentes luminosos como os Avi Buffalo, canções de amor intemporais assinadas pelos Orange Juice e, no meio disto tudo, ainda lhe prometem, como Robert Wyatt, um mundo maravilhoso.
TEXTO: 1. Uma lenda indonésiaO mundo das reedições é um poço sem fundo de revelações. Quando o coleccionador de garage-rock pensa que já nada o surpreende, eis que algo surge para lhe alargar os horizontes. Apresentem-se as Dara Puspita, quatro indonésias que, em 1964, decidiram pegar em guitarras, baixo e bateria para tocar rock"n"roll no então país de Suharto. O ditador classificava-o como "uma doença mental", e a doença espalhou-se rapidamente. As Dara Puspita (Raparigas Floridas) causaram furor em Jacarta ou em Banguecoque com as harmonias vocais cristalinas, melodias inspiradas no surf-rock e na British Invasion e uma "pinta" em palco que, diz quem viu, as tornou lendárias. Entre 1969 e 1971 viveram e tocaram na Europa. Em 1973 acabaram. Quatro décadas depois, estão aí novamente para as ouvirmos, numa compilação editada pela portuguesa Groovie Records, com loja nas Escadinhas da Oliveira, junto ao Largo do Carmo, em Lisboa. M. L. The Garage YearsDara PuspitaGroovie Records15 euros2. Um diabólico NatalEm 1973, Iggy & The Stooges renasceram em Londres. Eram seres de outras paragens (a industrial e lúgubre Detroit), a descobrir com o apoio de David Bowie como seres novamente perigosos e excitantes, definitivamente relevantes. Raw Power foi uma granada que rebentou com qualquer hipótese de conforto no rock"n"roll. O punk que se seguiria anos depois deve-lhe tudo, a música popular urbana, tal como a conhecemos hoje, não seria a mesma sem a predatória Search & destroy, sem a icónica capa de Iggy em tronco nu. Para um álbum histórico, tratamento a condizer. A Deluxe Edition, disponível por encomenda em www. sonymusicdigital. com/iggy-and-the-stooges, inclui a mistura original de David Bowie, um CD extra com o registo de um concerto em Atlanta, em 1973, um livro com textos de Lou Reed ou Jim Jarmusch e o documentário Search and Destroy: Iggy & The Stooges Raw Power. M. L. Raw Power Deluxe Edition Iggy & The StoogesColumbia; distri. Sony Music43, 59 euros3. Luminosa adolescênciaAos Avi Buffalo, aos incrivelmente novos Avi Buffalo, aborrece que os seus 21 anos e menos que isso sejam sempre referidos, quando se fala da sua música. Mas como escapar ao facto, quando as canções que lhes ouvimos nos deixam perplexos. Perplexos por reconhecermos na doçura das vozes e no tom sonhador das melodias essa marca de inocência, enquanto a música, pelo talento da interpretação, soa a trabalho com muito mais anos em cima. Reunidos em volta do guitarrista, vocalista e compositor Avigdor Zahner-Isenberg, os Avi Buffalo do álbum homónimo são uma banda em estado de graça. Solares e surpreendentes, surgem como uma versão de sorriso travesso dos Shins de outrora e transformam-se em digníssima descendência da Califórnia que, na década de 1960, invadiu a Sunset Strip com discos dos Byrds, dos Buffalo Springfield e dos Love debaixo do braço. Uma pequena maravilha. M. L. Avi BuffaloAvi BuffaloSub Pop; distri. Popstock15, 99 euros
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave doença
Metade dos portugueses queixa-se de cansaço e falta de energia
Metade dos portugueses sente cansaço e falta de energia e aponta três causas para esta situação: emprego, falta de exercício físico e alimentação pouco saudável, revela um estudo realizado em 14 países europeus. (...)

Metade dos portugueses queixa-se de cansaço e falta de energia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.16
DATA: 2010-12-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Metade dos portugueses sente cansaço e falta de energia e aponta três causas para esta situação: emprego, falta de exercício físico e alimentação pouco saudável, revela um estudo realizado em 14 países europeus.
TEXTO: O estudo, que em Portugal decorreu entre 16 e 29 de Novembro e envolveu 500 pessoas, com idades entre 25 e 65 anos, revela também que sete em cada 10 portugueses (74%) afirmam não ter tempo para fazerem aquilo que mais gostariam. “O objectivo do estudo foi avaliar como é que as pessoas se sentem na vida quotidiana em relação à sua saúde, forma de estar, postura, estado mental e quais as razões que atribuem a algum mal-estar que têm”, afirma à Lusa a endocrinologista Isabel do Carmo, que analisou os resultados do estudo. Segundo a investigação, 47% da população portuguesa sente-se cansada ou com falta de energia. Os principais motivos apontados pelos inquiridos são o emprego (62%), falta de exercício físico (54%) e alimentação pouco saudável (44%). Para Isabel do Carmo, o que é “impressionante” é estas pessoas serem jovens adultos (grupo etário com mais de 55 anos representa 7% dos inquiridos) e, eventualmente, sem doenças queixarem-se de cansaço (58%), falta de energia e de não terem tempo livre. Mais de metade dos inquiridos (51%) afirma que se sente mais cansado no Inverno, por oposição à Primavera, estação do ano em que apenas 3% sente maior fadiga. Isabel do Carmo explica que “é fisiológico, porque no Inverno há menos luz solar, mais dificuldade em adaptação ao ambiente com chuva e frio, mais exigência do metabolismo”. A primeira actividade de que os inquiridos abdicam quando se sentem cansados é, maioritariamente, a prática de exercício físico (44%), seguida de hobbies/tempo de lazer (17%) e dedicar tempo para si próprio (11%). Questionados sobre o que fariam se pudessem ter mais uma hora por dia, os respondentes afirmam que iriam passar mais tempo de qualidade com a família e amigos (52%) e dormir mais (41%). Para os inquiridos, praticar mais exercício físico (52%), ter mais tempo para si próprio (50%) e comer de forma mais saudável (44%) seriam as três principais formas de aumentar o sentimento de equilíbrio emocional e de saúde. A maioria das mulheres (56%) acredita que tem mais energia do que os homens, mas queixam-se mais do cansaço motivado pelo trabalho doméstico (57%) do que eles (27%). O estudo conclui, também, que 68% dos portugueses acreditam que a falta de energia tem impacto na vida amorosa. Este estudo é um “alerta” e “teremos que ver se estas pessoas poderão ter falta de alguns nutrientes (vitaminas e sais minerais) e se isso lhes pode melhorar um pouco todas as queixas que têm”, disse Isabel do Carmo. A endocrinologista no Hospital Santa Maria explica que, “numa vida quotidiana em que as pessoas estão sujeitas a stress e a esforço, a alimentação saudável e o exercício físico terão que ser formas de compensação”. O estudo realizado pela Braun Research e pela Pfizer Consumer Healthcare consistiu num inquérito online e decorreu na Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Portugal, Polónia, Irlanda, Eslovénia, Espanha e Reino Unido.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
Julian Assange vai receber 1,2 milhões de euros para escrever a sua biografia
O homem por detrás do site WikiLeaks, Julian Assange, disse hoje numa entrevista publicada no jornal “The Sunday Times” que assinou acordos no valor de 1,2 milhões de euros (um milhão de libras) para escrever a sua auto-biografia. (...)

Julian Assange vai receber 1,2 milhões de euros para escrever a sua biografia
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O homem por detrás do site WikiLeaks, Julian Assange, disse hoje numa entrevista publicada no jornal “The Sunday Times” que assinou acordos no valor de 1,2 milhões de euros (um milhão de libras) para escrever a sua auto-biografia.
TEXTO: Assange disse ao jornal que esse dinheiro irá servir para se defender perante a justiça contra as alegações de crimes sexuais apresentados por duas mulheres suecas. “Não quero escrever este livro, mas tenho que o fazer”. “Já gastei 235 mil euros em custas legais e preciso de me defender e de manter o Wikileaks em funcionamento”, disse o australiano. Assange especificou que irá receber 600 mil euros da editora americana Alfred A. Knopf e 380 mil euros da editora britânica Canongate. O dinheiro que lhe chegará de outros mercados editoriais deverá fazer com que a soma total ascenda aos 1, 2 milhões de euros. A recente divulgação de milhares de mensagens de diplomatas norte-americanos - num escândalo conhecido como Cablegate - projectou o site Wikileaks e Julian Assange para a fama internacional. Assange, que está em liberdade sob fiança e que combate a sua extradição para a Suécia na sequência das alegações de crimes sexuais cometidos contra duas cidadãs, tem assumido algumas dificuldades em financiar o site Wikileaks. Empresas como a Visa, a MasterCard e a PayPal bloquearam as suas doações à WikiLeaks, o que levou a que Assange as classificasse de “instrumentos da política diplomática norte-americana”. O Bank of America, o maior banco norte-americano, também suspendeu todas as transferências monetárias para a Wikileaks. Washington endureceu o tom contra o Wikileaks depois do site ter divulgado cerca de 250 mil mensagens secretas do Departamento de Estado dos EUA e a nação estuda a hipótese de processar Assange pela exposição. Assange tem permanecido na casa de um amigo, no leste de Inglaterra, desde que foi libertado da prisão - sob fiança - no dia 16 de Dezembro. O australiano tem o dever de se apresentar todos os dias perante a Polícia e deverá usar um dispositivo electrónico de geo-localização.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
São Bernardo à espera de Lula, o filho pródigo
Gijo tem todo o Lula em arquivo. Wanderley lembra como mudou de vida. Sérgio nem se senta na cadeira de presidente. Zelinha vai visitá-lo, já dia 1 de Janeiro. (...)

São Bernardo à espera de Lula, o filho pródigo
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2010-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Gijo tem todo o Lula em arquivo. Wanderley lembra como mudou de vida. Sérgio nem se senta na cadeira de presidente. Zelinha vai visitá-lo, já dia 1 de Janeiro.
TEXTO: A casa de Lula não fica em nenhuma das cidades que dão nome ao Brasil. É o último andar de um prédio alto na cintura industrial conhecida como ABC. A de Santo André. B de São Bernardo do Campo. C de São Caetano. Três cidades-cintura no Sul de São Paulo. A maior é São Bernardo, e foi aqui que, em 1966, chegou um jovem operário de 20 anos à procura de emprego. Chamava-se Luis Inácio da Silva, era torneiro mecânico, deixara a pobreza do Nordeste em criança, vivia com a mãe e muitos irmãos em São Paulo, longe do pai alcoólatra. Em São Bernardo, estavam grandes fábricas de montagem de automóveis, Volkswagen, Ford, Scania, Toyota, Mercedes-Benz, Karmann Ghia. Ainda estão, e vamos encontrá-las a almoçar no restaurante do Gijo, onde Lula sempre vai quando cá está. Mas para se ter uma ideia do que é esta paisagem talvez seja melhor partir com o leitor de São Paulo. Primeiro há que apanhar aquela linha de metro que vai até Jabaquara, extremo sul da rede, e sair na última estação. Daí saem os autocarros Diadema-Piraporinha-São Bernardo. A sofisticação do centro de São Paulo dá lugar a barracos de tijolo, graffiti e bancos partidos, rapazes de boné encolhidos na chuva. Uma súbita onda fria abateu-se sobre esta zona do Brasil e está quase um dia de Inverno. Seguem-se uns longuíssimos 45 minutos entre vias rápidas e fábricas, prédios e armazéns. Ao todo, desde a Avenida Paulista, leva quase hora e meia de transportes públicos. Chegando a São Bernardo, o prédio da Prefeitura é uma torre antiquada do outro lado de uma passagem aérea. Num pequeno gabinete lá no alto está o assessor Raimundo Silva. Trabalha sob o olhar de um Lula todo sorridente e de faixa ao peito, na sua fotografia oficial. Raimundo também veio de Pernambuco, como o Presidente e tanta gente aqui, filhos de nordestinos pobres. É um homem exuberante, logo a abrir sites para mostrar aquele documentário de Eduardo Coutinho sobre os peões das greves de 1979-80 no ABC, ou seja, os operários que as fizeram e continuam a ter uma vida operária. Como os irmãos de Lula: "Todos vivem de forma muito humilde. " Os mais conhecidos são "Frei Chico" (assim conhecido por causa da careca em forma de frade), que mora em São Caetano, e Vavá, que mora em São Bernardo. Raimundo telefona-lhe, para apresentar a repórter portuguesa, mas Vavá declina, cansado de jornalistas. Neste exacto momento, Lula está reunido com todos os seus ministros e ex-ministros, para fazer o balanço de oito anos de Governo. É por isso que o prefeito Luís Marinho, chefe de Raimundo, hoje está ausente de São Bernardo: foi chamado a Brasília, como ex-ministro do Trabalho. À mesa com GijoO cartão diz "Gijo's - Chuleta Paulista desde 1984". É um daqueles restaurantes que à hora de almoço se enchem de trabalhadores, num bruá geral de comezaina e gargalhada. Gijo, o genro, a filha e várias empregadas correm de uma mesa para a outra com potezinhos de feijão a ferver, e travessas de arroz, carne, farofa, salada. A mulher de Gijo controla as operações na cozinha. Um negócio de família, 150 refeições diárias. As paredes estão cheias de fotografias a preto e branco, incluindo várias de Lula com Gijo, e uma foto oficial de Lula dedicada: "Para o querido Gijo, um abraço. "Gijo é um homem pequenino, de pêra, sorridente e eléctrico. "Aquele pessoal que saiu era da Toyota e da Mercedes-Benz, e aqueles são da termomecânica", aponta ele, quando as coisas acalmam e se pode sentar enfim à mesa. Mas logo vai buscar uma rapariga à mesa do lado: "Esta é a Renata, assessora da Scania, porque a primeira greve coordenada por ele foi lá, em 1979!" Claro que "ele" é Lula. A encantadora Renata deixa o seu cartão e volta à chuleta. Gijo respira fundo, ganha fôlego. "Aqui é um pólo de encontro de metalúrgicos. O dono deste prédio é de Portugal, de Coimbra, eu alugo há 27 anos. "
REFERÊNCIAS:
Marina Silva: "O Brasil avançou muito, mas na política há um atraso sem tamanho"
Cresceu a vender borracha, lá na Amazónia. Aprendeu a ler aos 16 anos. Em 2010 conquistou 20 milhões de brasileiros na primeira volta das eleições. Será de novo candidata a Presidente se em 2014 isso fizer sentido. (...)

Marina Silva: "O Brasil avançou muito, mas na política há um atraso sem tamanho"
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.183
DATA: 2010-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cresceu a vender borracha, lá na Amazónia. Aprendeu a ler aos 16 anos. Em 2010 conquistou 20 milhões de brasileiros na primeira volta das eleições. Será de novo candidata a Presidente se em 2014 isso fizer sentido.
TEXTO: Delgada, e com uma voz de menina, mas vibrante de uma forma que arrebatou 20 milhões de votos, Marina Silva mudou as eleições no Outono passado. Não passou à segunda volta, mas fez com que ela existisse, quebrando o que se preparava para ser um simples plebiscito ao poder de Lula. Prestes a completar 53 anos, volta agora à sociedade civil, ao fim de 16 anos no Senado. Ao candidatar-se a Presidente não podia recandidatar-se a senadora. Sabia que ia perder essa tribuna. Recebeu o P2 antes do Natal, durante uma visita a São Paulo. Vai preparar agora a candidatura à presidência em 2014?Não quero ficar a priori nesse lugar de candidata. Volto à condição de cidadã. A decisão de candidatura não deve ficar já colocada. Porquê?Porque é muito ruim quando você não trabalha com o imponderável. E se surgir um nome melhor que o meu para liderar esse processo? Não sei. Tem de se trabalhar como um todo para uma candidatura que represente de facto a luta sócio-ambiental, a transformação que é precisa na política. O Brasil avançou em muitos aspectos, económico, social, cultural. Mas onde identifico um atraso sem tamanho é na política. A política pode, inclusive, significar perdas para os avanços. Então quero trabalhar isso de forma ampla, suprapartidária. Se chegar a 2014 e esse chamado for legítimo, espero ter forças para responder sim, mas se for outra coisa não quero já ficar aprisionada. Nunca me programei dizendo: "Ah vou ser senadora, ministra, deputada. " Até brinco, dizendo que a única coisa que me programei para ser acabou não dando certo: eu queria ser freira. Você tem de trabalhar, participar dos processos, sem achar que existe uma cadeira cativa. Parte do património que conquistou nas eleições tem a ver com o facto de muita gente se sentir inspirada pelo seu percurso desde a Amazónia. Foi a mais jovem senadora no Brasil, e provavelmente a única nascida num lugar tão remoto, numa família com 11 irmãos, que conheceu a pobreza, que acendia o fogo para fazer o café. Como era essa família?O meu pai e a minha mãe vieram do Nordeste, do Ceará, por volta de 1945. Chegaram no Acre, o meu pai como soldado da borracha, para o esforço de guerra na Segunda Guerra Mundial, suprindo os aliados de borracha natural. Era uma família simples, humilde, mas muito sofisticada, porque havia ali um grande espaço de estímulo. Minha mãe era uma mulher muito corajosa e determinada. Sou de uma família de matriarcas pelos dois lados, e entre nós, as irmãs, isso continua. As mulheres decidem tudo?Não é que decidam tudo, mas se constituem na referência. A minha avô materna era a referência, a minha avó paterna era a referência, quando os meus avós ficaram velhinhos, a minha mãe era a referência. E hoje somos sete irmãs e um irmão, e a minha quinta irmã é a referência. Não é um processo em que alguém diga: vou ser a matriarca. É algo que acontece, muito natural, e não tem como desconstruir isso. Eles estão onde?Lá no Acre. A minha mãe morreu quando eu tinha 14 anos, mas o meu pai, as minhas irmãs, o meu irmão, os meus sobrinhos e sobrinhos-netos, estão lá. Eu é que estou em Brasília com os meus quatro filhos, e o meu marido fica dividido entre o Acre e Brasília, porque trabalha no Acre. Com que idade aprendeu a ler?Aos 16 anos. Fiquei analfabeta para escrever e ler até aos 16 anos, ainda que soubesse as quatro operações de matemática, porque se não, quando ia vender a borracha, acabava sendo enganada pelos patrões que calculavam de forma desonesta o peso da produção de látex que a gente fazia.
REFERÊNCIAS:
Três mortos nas estradas nos últimos dois dias
Desde as 00h00 de hoje, a Operação Ano Novo da GNR já contabiliza dois acidentes graves nas estradas, dos quais resultou um morto, um ferido grave e um ferido ligeiro. O balanço provisório, dos últimos dois dias, totaliza três mortos em cinco acidentes graves. (...)

Três mortos nas estradas nos últimos dois dias
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -0.22
DATA: 2011-01-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Desde as 00h00 de hoje, a Operação Ano Novo da GNR já contabiliza dois acidentes graves nas estradas, dos quais resultou um morto, um ferido grave e um ferido ligeiro. O balanço provisório, dos últimos dois dias, totaliza três mortos em cinco acidentes graves.
TEXTO: O primeiro acidente sinalizado como “grave” pela Guarda Nacional Republicana (GNR), do qual resultou um ferido grave, ocorreu às 01h55, na Estrada Nacional 9, na localidade de Gibraltar, em Torres Vedras. O outro acidente aconteceu uma hora mais tarde, na Estrada Nacional 360, em Trabalhias, próximo das Caldas da Rainha. Até às 00h00 deste sábado, a GNR tinha registado 631 acidente, dos quais resultaram dois mortos, cinco feridos graves e 173 feridos ligeiros, confirmou ao PÚBLICO o major Galvão da Silva, da GNR. No local, estiveram os bombeiros de Caldas da Rainha com quatro viaturas e oito elementos, adiantou a Lusa. Quanto aos acidentes de ontem, dos quais resultaram dois mortos, o primeiro aconteceu na Estrada Nacional 109, à saída da Guia, em direcção à Figueira da Foz, e o segundo em Porto de Mós, no distrito de Leiria. Este ano, a Operação Ano Novo dura quatro dias – até às 24 horas de amanhã –, menos um dia do que no ano passado, pelo facto de a quadra de Ano Novo coincidir com um fim-de-semana. O balanço da mesma operação no ano passado tinha contabilizado 1259 acidentes rodoviários, dos quais resultaram oito vítimas mortais, 28 feridos graves e 396 feridos ligeiros. Há uma semana, a Operação Natal da GNR totalizou oito mortos em 868 acidentes de viação, 21 feridos graves e 240 feridos ligeiros. Notícia actualizada às 12h15
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR
As escolas estão em paz à espera que venha o pior
A ministra da Educação, Isabel Alçada, cumpriu o objectivo anunciado para o acordo alcançado há quase um ano (8 de Janeiro) com os sindicatos dos professores - as escolas estão calmas. Mas será que estão ou vão estar melhores? Professores e directores contactados pelo PÚBLICO são unânimes na negativa. Entraram no novo ano, que agora começa, em estado de consternação. (...)

As escolas estão em paz à espera que venha o pior
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento -1.0
DATA: 2011-01-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A ministra da Educação, Isabel Alçada, cumpriu o objectivo anunciado para o acordo alcançado há quase um ano (8 de Janeiro) com os sindicatos dos professores - as escolas estão calmas. Mas será que estão ou vão estar melhores? Professores e directores contactados pelo PÚBLICO são unânimes na negativa. Entraram no novo ano, que agora começa, em estado de consternação.
TEXTO: Isabel Le Gué, directora da Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, diz que o "grande desafio" que os responsáveis das escolas do ensino básico e secundário vão ter pela frente será "o de como conseguir continuar a motivar os professores e fazer o que deve ser feito". O orçamento das escolas vai ser reduzido. À semelhança dos outros trabalhadores da Administração Pública, no final dos mês os professores também ficarão a saber o que perderão em salários. E, para uma parte deles, estes meses poderão ser também os últimos que estão numa escola. "Vamos ter menos dinheiro, menos pessoas a trabalhar e mais responsabilidades", resume Isabel Le Gué. Aquela responsável fala de uma situação recorrente em tempos difíceis: "Quanto mais falíveis são todas as instâncias, mais se espera das escolas". Mas, adverte, "há um limite para tudo, até para o amor à camisola". Manuel Pereira, director do agrupamento de Cinfães e presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, fala de "um nó górdio": "A escola está a ser asfixiada e com o que aí vem corremos o risco de se registar uma grande inversão no trabalho que tem sido feito nos últimos anos", que se traduziu em melhores resultados, maior inclusão, menor abandono. Este dirigente confessa que não sabe "como é que as escolas vão sobreviver". Não só porque "têm cada vez mais despesas e irão ter menos dinheiro", mas também e sobretudo devido aos cortes no capital humano. Segundo o Ministério da Educação, neste ano lectivo registou-se uma redução de cinco mil professores devido à aglutinação de agrupamentos de escolas e ao encerramento dos estabelecimentos com menos 20 alunos. No próximo ano lectivo, segundo os sindicatos, mais de 30 mil poderão ficar sem emprego. "Estamos perante uma escola desmotivada e a redução drástica no número de professores criará sérias limitações à capacidade de aplicabilidade dos projectos pedagógicos", adverte Manuel Pereira. "Neste momento o que está em causa é a escola pública em Portugal. Este é um problema que é de todos e exige uma resposta de todos", afirma Mário Nogueira, líder da Federação Nacional de Professores. Para João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, este pacote anticrise constitui uma "forma fácil e rápida de encaixar dinheiro" que vai deixar "uma pesada factura para o futuro". As pessoas estão com medoO que vem aí será muito pior do que aquilo que os levou à rua na anterior legislatura, mas por enquanto reina a apatia. "O facto de os professores sentirem mais a ameaça da precariedade e do desemprego não os leva só por si a lutarem mais. Pelo contrário, é um inibidor da luta. As pessoas estão com medo", constata Mário Nogueira. Durante quatro anos os professores multiplicaram-se em protestos contra a anterior ministra Maria de Lurdes Rodrigues. A paz foi alcançada a 8 de Janeiro passado. Com o acordo então celebrado terminou a divisão entre professores e professores titulares, o que abre portas a que todos possam chegar ao topo e não só 30 por cento, e vários milhares de docentes puderam progredir já em 2010, frisa Nogueira. Em troca os sindicatos aceitaram um modelo de avaliação, com o qual não concordavam e que, segundo Le Guê, não só "não difere substancialmente do anterior" como poderá envenenar ainda mais o ambiente nas escolas.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola educação rainha medo desemprego
Reportagem: A emoção de Dilma a chegar e de Lula a partir
Expedito Soares é "duro de chorar". Não chorou, a ver Dilma tornar-se presidente do Brasil e o seu velho companheiro Lula a sair. Mas eles choraram. (...)

Reportagem: A emoção de Dilma a chegar e de Lula a partir
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-01-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Expedito Soares é "duro de chorar". Não chorou, a ver Dilma tornar-se presidente do Brasil e o seu velho companheiro Lula a sair. Mas eles choraram.
TEXTO: Luiz Inácio Lula da Silva, ex-operário de São Bernardo do Campo, pega na faixa de seda amarela e verde que hoje usou pela última vez, coloca-a ao pescoço de Dilma Rousseff, e abraça-se a ela. São 16h50 em Brasília. Trinta mil pessoas assistem de pé. O presidente mais popular da história acaba de entregar o país à mulher que escolheu. Toca o hino nacional. Lula canta e chora. Depois, como nas despedidas difíceis, desaparece sem uma palavra, cumprindo o protocolo à risca. A tribuna agora é de Dilma, que pela primeira vez vai falar ao povo como presidente do Brasil. "Pronto, acabou a era Lula", comenta Expedito, sentado como um buda em frente à televisão, nem uma lágrima. "Sou duro de chorar. O Lula não, o Lula é um chorão. " O Brasil tem visto. Mas o que agora vai ver é como Dilma também se emociona a ponto de interromper o discurso, beber água, recomeçar. A mulher que muitos viram na campanha como um robô chorou perante os deputados no congresso e agora vai chorar perante a multidão que se concentrou em frente ao Palácio do Planalto. "Mas ela segura legal", assegura Expedito. "Ela é dura. " Nascido mineiro tal como ela, Expedito Soares, 58 anos, fez-se à vida nesta cintura industrial paulista, São Bernardo do Campo, ao lado de Lula. Jogaram futebol juntos, foram dirigir o Sindicato dos Metalúrgicos juntos, a ditadura prendeu-os 31 dias juntos, e depois fizeram juntos o PT. "Quem desenhou a bandeira do PT fui eu, com a estrela de cinco pontas. "Há oito anos, quando Lula se tornou presidente, Expedito comprou um bilhete do seu bolso e foi a Brasília assistir à posse no meio da multidão. Sabe todos os passos do ritual. E agora, oito anos depois, aqui estamos, frente à televisão, em São Bernardo do Campo. Porque Lula vai voltar a casa ainda esta noite, e a casa dele é aqui. Rolls com chuvaLá em Brasília chovia tanto quando, no começo da cerimónia, Dilma Rousseff entrou no Rolls Royce presidencial, que o tradicional desfile pela Esplanada dos Ministérios não pode ser feito de pé, com a capota aberta. O Rolls - prenda de Isabel II, há anos - deslizou a seis à hora com Dilma e a filha Paula sentadas lá dentro, uma mão de fora a acenar, e uma equipa de seguranças toda formada por mulheres correndo no meio da chuva, de cada lado do carro. Um espectáculo certamente inédito. Expedito Soares está radiante por ver Dilma "enfrentar uma sociedade machista". Fecha o pulso: "Ela é uma mulher assim. Vai ser muito dura, corajosa, destemida. O Lula é diplomata, é mais de ouvir, mais de diálogo. Ela é de comando. O Lula é líder e ela é comando. É de rédea na mão. Tem coisa que ela não vai tolerar, não. "O Rolls deixou Dilma no Congresso, onde a posse vai acontecer perante deputados e senadores. Dilma faz o juramento, assina o livro, é empossada. No longo discurso que se segue compromete-se em todas as áreas: erradicação da pobreza, justiça social, combate à droga e à violência, avanços na educação e na saúde, liberdade de imprensa, investimento na cultura, crescimento "acelerado sem destruir o meio-ambiente", uma política externa "pela paz, pela não intervenção e pela defesa dos direitos humanos". Cada bloco do discurso é pontuado por "Queridas brasileiras e queridos brasileiros". A tónica é de "continuar a mudança". A promessa é de "governar para todos". E é aqui, na recta final, que a voz de Dilma treme pela primeira vez e ela tem de interromper. "A partir desse momento. . . A partir desse momento sou presidente de todos os brasileiros e brasileiras. " Garante que "a corrupção será combatida permanentemente". Diz que entregou "a juventude ao sonho de um país livre e democrático", aludindo à sua militância na guerrilha contra a ditadura e à tortura na prisão. "Não tenho arrependimento e não tenho qualquer ressentimento nem rancor. " Quando homenageia os que morreram na luta contra a ditadura a voz volta a tremer.
REFERÊNCIAS: