Marrocos altera lei para proibir que violador case com a vítima
Mudança na lei foi posta em marcha pelo suicídio de uma adolescente de 16 anos, forçada a casar com homem de 23 anos que a violara aos 15. Activistas pedem reforma mais profunda do Código Penal. (...)

Marrocos altera lei para proibir que violador case com a vítima
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.07
DATA: 2013-01-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Mudança na lei foi posta em marcha pelo suicídio de uma adolescente de 16 anos, forçada a casar com homem de 23 anos que a violara aos 15. Activistas pedem reforma mais profunda do Código Penal.
TEXTO: Quase um ano depois do suicídio de uma adolescente que tinha sido forçado a casar com o homem que a violou, o Governo marroquino anunciou que vai alterar o Código Penal para proibir uma prática tradicional que continua a ser aceite pelos tribunais. A decisão foi saudada por activistas dos direitos humanos, que lamentam, porém, que a reforma se limite ao artigo 475 da lei penal que, numa das suas alíneas, prevê que quem for condenado por “corromper ou sequestrar uma menor” pode ser libertado se casar com a vítima. Foi esta dupla punição que a família e um juiz impuseram a Amina al-Filali, que, aos 16 anos e após sete meses de casamento, engoliu veneno para ratos por não suportar mais os abusos do homem de 23 anos que a violara. O caso, noticiado em Março, chocou a opinião pública num país que continua a ser muito conservador, levando vários partidos, organizações civis e activistas a exigir uma revisão da lei. O Governo, dominado por islamistas moderados, afastou inicialmente a ideia – o ministro da Justiça chegou a afirmar em público que a relação entre Amina e o agressor tinha sido consensual – mas acabou por ceder à pressão. “Alterar este artigo é positivo, mas não responde a todas as nossas exigências”, disse ao jornal britânico The Guardian Khadija Ryadi, presidente da Associação de Direitos Humanos de Marrocos. Para a activista, é urgente reformar todo o Código Penal, que “contém inúmeras provisões que discriminam as mulheres e não as protegem da violência”. Ao mesmo jornal, a presidente da Liga Democrática dos Direitos das Mulheres, Fouzia Assouli, lembrou que a lei “não reconhece certas formas de violência contra as mulheres, como a violação conjugal”, que representará 50 por cento de todos os casos reportados no país, “enquanto continua a criminalizar comportamentos normais como o sexo fora do casamento entre adultos”. A prática de forçar as vítimas de violação a casar é ainda comum em vários países, do Afeganistão à Índia, onde a perda de virgindade das jovens é vista como uma mancha na honra da família, seja de que forma tenha acontecido, e defendem o casamento como remédio para o “mal”. Em Marrocos, a lei impõe também os 18 anos como idade mínima para o casamento, mas nas zonas rurais a disposição é frequentemente ignorada. Em 2004, por iniciativa do Rei Mohamed VI, o país reformou a Lei da Família (Mudawana), mas uma lei específica para prevenir e punir a violência contra as mulheres está desde então parada no Parlamento, recorda o Guardian. A actual ministra para o Desenvolvimento Social, Bassima Hakkaoui, anunciou há meses que vai tentar que o diploma tenha em breve luz verde.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos lei humanos violência suicídio homem adolescente social violação sexo mulheres casamento agressor
Escritora Hilary Mantel ganha prémio Costa
É caso para dizer “tragam mais prémios”. O júri não teve dúvidas na hora de justificar por que razão atribuía o prestigiado Costa Book of the Year a Bring Up the Bodies, de Hilary Mantel: “É simplesmente o melhor livro.” (...)

Escritora Hilary Mantel ganha prémio Costa
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.3
DATA: 2013-01-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: É caso para dizer “tragam mais prémios”. O júri não teve dúvidas na hora de justificar por que razão atribuía o prestigiado Costa Book of the Year a Bring Up the Bodies, de Hilary Mantel: “É simplesmente o melhor livro.”
TEXTO: A escritora inglesa, que para muitos reinventou o romance histórico com o humor negro que todos lhe reconhecem, ganhou terça-feira, por unanimidade, o mais importante dos prémios da galáxia Costa, batendo os outros quatro concorrentes. O romance que lhe valeu agora 30 mil libras (35 mil euros), o mesmo com que ganhou o seu segundo Man Booker no ano passado, é o segundo de uma trilogia que tem por pólo de atracção Thomas Cromwell, o filho de um ferreiro que ascendeu à condição de duque de Essex, tornou-se o braço direito de Henrique VIII e acabou no cadafalso. A trilogia de Mantel, que neste segundo livro se centra, sobretudo, na figura de Ana Bolena, uma das muitas mulheres do rei de Inglaterra, e na sua família, foi já muito premiada. O livro que a abre, Wolf Hall (ed. Civilização), garantiu à autora o seu primeiro Man Booker. A sequela deu-lhe o segundo (foi a primeira mulher a receber esta distinção duas vezes), mais um Costa. O último, que vai chamar-se The Mirror & the Light e cuja publicação no Reino Unido está prometida para o próximo ano, gera, como seria de esperar, muitas expectativas. Respondendo aos que a criticam por ganhar prémios de mais e abafar outros escritores talentosos, Mantel disse ao receber o prémio que não tenciona pedir desculpa. “Obrigada aos jurados por não terem deixado que ninguém lhes dissesse como deviam fazer o seu trabalho. ” Em palco, e segundo a BBC, a escritora acrescentou ainda: "Não estou arrependida, estou feliz e farei questão de tentar escrever mais livros que mereçam mais prémios. "O júri dos prémios Costa, que anualmente distinguem livros de autores a viver no Reino Unido e na Irlanda, em cinco categorias (poesia, literatura infantil, biografia, romance e primeiro romance), precisou de uma hora para deliberar. Aos jornalistas, a presidente do júri, Jenni Murray, revelou que chegou a ser tido em consideração que Bring Up the Bodies tinha já recebido o Man Booker, mas isso acabou por não pesar na hora de escolher o livro do ano. “Não podíamos permitir que o número de vezes que já foi premiado afectasse a nossa decisão”, disse Murray, elogiando a escrita de Mantel: “A sua prosa é tão poética, tão bela, tão inserida no tempo a que se refere que sabemos exactamente onde estamos e com quem estamos. Mas é também incrivelmente moderna. Moderna na sua análise da política. Todos sentimos que havia coisas [no romance] que tinham ficado na nossa cabeça e nas quais vamos pensar durante muito tempo. ”Na corrida ao livro do ano dos prémios Costa, Mantel deixou para trás James Meek, Stephen May e Joff Winterhart. “Já escrevia há muitos anos e, ou não era sequer referida nos prémios, ou era uma eterna candidata”, disse Mantel, citada pelo diário britânico The Independent. “As coisas mudaram muito. Sinto que a minha sorte mudou, mas isso não é verdade. O que mudou foi aquilo em que estou a trabalhar” – a trilogia à volta de Thomas Cromwell, ministro de Henrique VIII quando o monarca decide romper relações com Roma para poder casar com Ana Bolena. Apesar de estar já a escrever o último livro, Mantel garante que ainda não se cansou do protagonista: “Devia ter percebido que Thomas Cromwell era maior do que eu. É como se tivesse renascido com vontade de conquistar. ”Pela primeira vez na história dos prémios Costa, que começa em 1971 com os Whitbread Literary Awards, os vencedores nas cinco categorias são mulheres: o prémio para a biografia foi atribuído a um romance gráfico, Dotter of Her Father’s Eyes, escrito por Mary Talbot e com ilustrações do seu marido, Bryan; o romance de estreia distinguido pertence a Francesca Segal (The Innocents); Sally Gardner ganhou na literatura para crianças com Maggot Moon; e Kathleen Jamie na poesia com The Overhaul (cinco mil libras para cada). Bring Up the Bodies vai ser publicado em Portugal pela Civilização esta Primavera.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filho mulher negro mulheres infantil
Novo precipício orçamental, nova discórdia nos EUA
Um novo corte automático na despesa do Estado norte-americano está marcado para 1 de Março. O Governo de Obama anunciou no domingo que haverá consequências graves. (...)

Novo precipício orçamental, nova discórdia nos EUA
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-02-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um novo corte automático na despesa do Estado norte-americano está marcado para 1 de Março. O Governo de Obama anunciou no domingo que haverá consequências graves.
TEXTO: O Governo norte-americano alertou no domingo para os perigos do corte automático de 85 mil milhões de dólares na despesa dos estados, que entrará em vigor no dia 1 de Março na ausência de um consenso entre republicanos e democratas. A discussão que consome agora as negociações partidárias não é substancialmente diferente daquela que houve durante as negociações para evitar o apelidado precipício orçamental: os democratas querem substituir os cortes automáticos na despesa com aumento de impostos nos rendimentos mais altos; os republicanos não. Agora, porém, o corte automático na despesa é relativamente inferior – 85 mil milhões contra os anteriores 600 mil milhões de dólares -, mas um acordo entre os dois partidos norte-americanos é menos provável. O partido republicano não se mostrou alarmado pelo quadro negro pintado pela administração de Barack Obama. Vários congressistas republicanos afirmaram no domingo que o Governo está a promover uma campanha de alarmismo e que um corte de 3% do orçamento federal para os estados dos EUA não levará às consequências anunciadas. Numa rara tomada de posição num domingo, a Casa Branca anunciou o impacto que o corte de 85 mil milhões de dólares teria, estado por estado: “O Ohio perderá aproximadamente 25, 1 milhões de dólares em financiamento para o ensino primário e secundário, colocando cerca de 350 professores e auxiliares em risco de perder o trabalho”, lê-se no comunicado do Governo, citado pelo New York Times. A administração Obama vai mais longe ainda, afirmando que, no estado de Geórgia, “cerca de 4180 crianças vão deixar de receber vacinas” e que, na Pensilvânia, haverá “menos 271 mil dólares em financiamento para um fundo orientado para vítimas de violência doméstica”. Os democratas querem substituir estes cortes automáticos por cortes em programas do Governo e de poupança em prestações sociais. Mas há uma proposta do Executivo de Obama que está a barrar o caminho ao acordo bipartidário; a mesma, aliás, que quase impediu o acordo sobre o primeiro precipício orçamental: o aumento de impostos para as empresas e famílias com os rendimentos mais elevados. Os republicanos preferem a via dos cortes ao Orçamento do Estado, tendo afirmado até agora que estão dispostos a preparar uma lei que mantém o valor dos cortes mas que permita ao Governo escolher as áreas sobre as quais os cortes vão incidir. “Eles [democratas] deram início a um grande teatro político sobre como um corte de menos de 3% do orçamento federal irá causar estas consequências terríveis”, afirmou no domingo o governador republicano do Louisiana, na cadeia televisiva NBC. Uma expressão semelhante foi utilizada pelos governadores republicanos do Nebraska e da Pensilvânia. Para Dave Heineman, do Nebraska, “a Casa Branca entrou numa tática de terror” e, para Tom Corbett, da Pensilvânia, a mesma “Casa Branca está em modo de campanha para tentar assustar toda a gente”. Os cortes automáticos na despesa federal norte-americana estão agendados desde 2011, de acordo com o Washington Post. A Casa Branca aprovou esta medida para forçar o poder legislativo a reduzir o endividamento federal através de um consenso bipartidário; algo que agora parece escapar ao Congresso norte-americano. O Congresso norte-americano é composto por uma câmara baixa e uma câmara alta. Enquanto os republicanos dominam a Câmara dos Representantes, os democratas têm o controlo da câmara alta, o Senado.
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Entidades EUA
Presidente sul-coreana avisa Pyonyang de que não vai "tolerar" novos ensaios nucleares
Park Geun-Hye tomou posse perante milhares de pessoas em Seul. Primeiras palavras foram de alerta para o risco de segurança dos ensaios balísticos do país vizinho. (...)

Presidente sul-coreana avisa Pyonyang de que não vai "tolerar" novos ensaios nucleares
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-02-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Park Geun-Hye tomou posse perante milhares de pessoas em Seul. Primeiras palavras foram de alerta para o risco de segurança dos ensaios balísticos do país vizinho.
TEXTO: Milhares de pessoas assistiram hoje à tomada de posse de Park Geun-Hye, a filha do antigo ditador Park Chung-He e líder do partido conservador que é a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da Coreia do Sul. A cerimónia, em frente à Assembleia Nacional de Seul, contou com uma salva de 21 tiros e uma actuação do músico sul-coreano Psy, que se tornou um fenómeno mundial com a sua música “Gangnam Style”. Mas para além do espectáculo, a ocasião foi marcada pela sua advertência ao líder da vizinha Coreia do Norte, acompanhada por um apelo directo ao regime de Kim Jong-un para “abandonar as suas ambições nucleares sem mais demoras e embarcar no rumo da paz e desenvolvimento”. “O recente teste nuclear da Coreia do Norte representa um claro desafio à sobrevivência e futuro do povo coreano”, advertiu Park Geun-Hye, que durante a campanha eleitoral tinha prometido trabalhar para reatar o diálogo e construir a confiança com Pyongyang, argumentando que o status-quo não servia a nenhum dos países. Mas as manifestações de boa-vontade deram lugar a uma linguagem bastante mais dura após o ensaio nuclear do passado dia 12 de Fevereiro na Coreia do Norte, o terceiro consecutivo da era de Kim Jong-un. Sublinhando que o seu Governo “não tolerará qualquer acção que possa ameaçar a vida do nosso povo e a segurança da nossa nação”, a Presidente sul coreana deixou claro que se o regime de não arrepiar caminho, acabará por ser “a principal vítima” das suas próprias iniciativas. “Que não fique nenhuma dúvida sobre isso”, reforçou. “A confiança só pode ser construída através do diálogo e do respeito pelas promessas feitas. A minha esperança é que a Coreia do Norte cumpra as normas internacionais e faça as escolhas certas para que esse processo possa avançar”, disse. Park Geun-Hye, de 61 anos, assume a presidência do país 50 anos depois do seu pai, que ascendeu ao poder num golpe militar e governou durante 18 anos, até ser assassinado (a Presidente também perdeu a mãe num ataque a tiro). Até hoje, o seu legado político é motivo de discórdia entre os sul-coreanos: para muitos, foi o principal responsável por um período de estabilidade e crescimento económico sem paralelo na história; para outros foi um líder autocrático que ignorou os direitos humanos e inviabilizou a oposição democrática. Durante a campanha eleitoral, Park Geun-Hye reconheceu os excessos do regime do pai, e pediu desculpa às vítimas da violência do Estado, num saudado esforço de reconciliação no país. Hoje de manhã, prometeu um “Governo limpo, transparente e competente”. Os comentadores dizem que a reinterpretação do passado é uma questão arrumada – Park Geun-Hye traçou a sua própria carreira política desde que foi eleita pela primeira vez para a Assembleia Nacional, em 1998 – e que o principal desafio da nova Presidente tem a ver com a reanimação da economia sul-coreana, que se encontra num estado de estagnação. A Presidente falou na necessidade de diversificar a economia e torná-la mais “criativa”, e repetiu as suas promessas de “democratização económica”, uma referência ao circuito fechado dos “chaebols” – os poderosos conglomerados dominados por algumas famílias, como por exemplo a Samsung, a LG ou a Hyundai. “Temos de pôr fim às práticas que promovem injustiças e desequilíbrios [económicos] e rectificar alguns hábitos do passado, para que todos os agentes económicos possam desenvolver o seu máximo potencial”, disse.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos filha humanos violência ataque mulher
Charles Saatchi vai leiloar 50 esculturas da sua colecção milionária
A venda está marcada para Outubro e decorrerá num antigo armazém dos correios devido ao tamanho das peças, que vão à praça sem um preço estipulado. (...)

Charles Saatchi vai leiloar 50 esculturas da sua colecção milionária
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-04 | Jornal Público
SUMÁRIO: A venda está marcada para Outubro e decorrerá num antigo armazém dos correios devido ao tamanho das peças, que vão à praça sem um preço estipulado.
TEXTO: O conhecido publicitário e coleccionador de arte contemporânea Carles Saatchi, que recentemente se divorciou de estrela televisiva da culinária Nigella Lawson, depois de os seus actos de violência doméstica se verem publicamente expostos pela imprensa mundial, vai leiloar 50 esculturas da sua conhecida colecção. O leilão acontece em Outubro e ao contrário do que é habitual todas as obras vão à praça sem um preço inicial estipulado. A ideia de quebrar o modelo tradicional dos leilões partiu de Saatchi, considerado um dos maiores coleccionadores de arte contemporânea do mundo, e já está a gerar algum desconforto no meio, que teme a desvalorização dos artistas em questão. Sem uma base de licitação mínima, como sempre acontece, e que estabelece o preço mínimo a que certa obra pode ser compradas, o mundo das artes plásticas teme o risco de preços de saldo. Em causa, segundo o jornal britânico The Guardian, estão obras conhecidas de autores tão emblemáticos da arte britânica das últimas décadas como Tracey Emin, que terá em leilão a sua cama de dossel, comprada por Saatchi em 2002. Mas, na venda, que ficará a cargo da Christie’s de Londres, estarão também esculturas da alemã Isa Genzken, da belga Berlinde de Bruyckere, da escocesa Karla Black e do canadiano David Altmejd, artistas que este ano representam os seus países na Bienal de Veneza. Kader Attia, David Batchelor, Björn Dahlem e a dupla Jake e Dinos Chapman. A Christie's ainda não tem online qualquer tipo de informação sobre o leilão nem as peças que serão vendidas. Os nomes avançados pelo Guardian, apontam, porém, para o tipo de artista que sempre interessou a Saatchi, que foi um dos orquestradores do movimento informal conhecido como Young Bristish Art que na década de 1990 revolucionou a cena internacional da arte contemporânea. O leilão está marcado para 17 de Outubro, coincidindo com a data de abertura da feira de arte contemporânea de Londres, a Frieze Art Fair. Fugindo também ao habitual, a venda não acontecerá na leiloeira mas num antigo armazém dos Correios no centro de Londres, devido à dimensão das peças e instalações que vão à praça. Sobre a forma como a venda vai acontecer, sem preços marcados, o The Guardian escreve que algumas das peças poderão ser licitadas pelos próprios artistas, numa tentativa de garantir que o seu valor de mercado não desça, mantendo assim a sua reputação. Segundo Philippa Adams, directora da Saatchi Gallery, que fica em Londres, e à qual pertencem estas obras, o lucro do leilão reverterá para programas educacionais e para manter as entradas gratuitas na galeria. Ainda segundo esta responsável, citada pelo Guardian, o anúncio do leilão não está em nada relacionado com o divórcio de Saatchi, oficializado esta semana. O jornal britânico diz, na verdade, que houve quem sugerisse que este anúncio surgiu agora para tentar fazer esquecer os mais recentes incidentes. Em Junho um tablóide britânico publicou fotografias em que o coleccionador de arte apertava o pescoço à mulher com quem estava casado há dez anos. Nigella acabou depois por apresentar queixa por violência doméstica, estando a Scotland Yard a analisar o caso. Mas Adams garante: “Não tem absolutamente nada a ver com o divórcio. Há muito tempo que estamos a trabalhar nisto. ”Adams explicou ainda ao The Guardian que a ideia deste leilão sem preços é que as obras possam ser compradas para colecções públicas, onde possam ser apreciadas por todos. “Achamos que é muito importante abrir as coisas e dar uma oportunidade aos museus para poderem adquirir estes trabalhos – eles precisam de ser apreciados e vistos. ”Vender obras antes acarinhadas é já habitual em Saatchi, que, como escreve o The Guardian, não tem uma colecção “estática”, mas sempre “fluida”. Pontualmente, o coleccionador vende peças para, com os lucro, adquirir outras. Em 2010, Saatchi, actualmente com 70 anos, anunciou que quando se reformar, a Saatchi Gallery e 200 das suas obras de arte passarão para as mãos do Estado britânico, tornando-se propriedade pública.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência mulher doméstica divórcio
J. D. Salinger vezes sete: uma biografia, um documentário e cinco inéditos
Antes de morrer, em 2010, o solitário e temperamental autor norte-americano deixou indicações para que fossem publicados cinco dos seus inéditos entre 2015 e 2020. É pelo menos isto que defendem um documentário e uma biografia que chegam já no início de Setembro. (...)

J. D. Salinger vezes sete: uma biografia, um documentário e cinco inéditos
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-08-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Antes de morrer, em 2010, o solitário e temperamental autor norte-americano deixou indicações para que fossem publicados cinco dos seus inéditos entre 2015 e 2020. É pelo menos isto que defendem um documentário e uma biografia que chegam já no início de Setembro.
TEXTO: J. D. Salinger, o autor de À Espera no Centeio, que escolheu uma vida solitária e publicou o seu último original há quase 50 anos, ficará em breve mais acessível. Há uma nova biografia e um documentário a estrear no início de Setembro que, segundo o diário The New York Times, vão lançar um novo olhar à vida e à obra de um dos maiores – e mais misteriosos – escritores norte-americanos de sempre. Mas as revelações sobre o autor que prezava a sua privacidade acima de tudo e que trocou Manhattan por Cornish, uma pequena cidade no New Hampshire onde viveu meio século, não ficam por aqui. Garantem a biografia e o documentário, com base em duas fontes anónimas, que os gestores do património de Salinger (o seu filho Matthew e a sua viúva, Colleen O’Neill) receberam ordens expressas do autor, que morreu em Janeiro de 2010 aos 91 anos, para publicarem cinco obras inéditas entre 2015 e 2020. David Shields e Shane Salerno, os autores da biografia Salinger, já fortemente criticada pelos familiares do autor, que recusaram envolver-se nela ou no documentário, avançaram até pormenores sobre os livros que deverão começar a sair dentro de dois anos. Uns serão completamente originais, outros, ainda que inéditos, pegarão em personagens já conhecidas do mundo de Salinger. Entre estas personagens estão Holden Caulfield, o protagonista de À Espera no Centeio (The Catcher in the Rye no original, também traduzido como Uma Agulha no Palheiro), romance sobre a angústia adolescente nos EUA da década de 1950, que começou por ser banido das livrarias e acabou como leitura obrigatória nos currículos de liceu; e os Glass, uma complicada família que o escritor criou, composta por dois actores de vaudeville e os seus sete filhos. O naipe de obras a publicar até 2020 inclui ainda, diz o New York Times, um romance que parte da relação de Salinger com a sua primeira mulher, Sylvia Welter, uma alemã com quem casou logo a seguir à Segunda Guerra Mundial, conflito que o deixou profundamente traumatizado (o escritor terá feito parte dos primeiros grupos de soldados americanos a entrarem nos campos de concentração libertados). É também nos anos da guerra que se baseia outro dos inéditos - uma novela em formato de diário. E para atestar da diversidade de interesses do autor, há ainda uma espécie de “manual” sobre a filosofia vedanta. Ainda segundo o diário norte-americano, Shields e Salerno defendem na nova biografia que Salinger nunca recuperou dos horrores que testemunhou durante a guerra e que toda a sua vida foi “uma missão suicida em câmara-lenta”. Para os dois autores, o escritor começou por tentar lidar com o stress pós-traumático através da arte e, depois, virou-se para a religião: “A guerra destruiu-o enquanto homem e fez dele um grande artista; a religião ofereceu-lhe conforto espiritual no pós-guerra e matou a sua arte. ”O documentário, com selo da Weinstein Company, estreia a 6 de Setembro e o livro, uma edição da Simon & Schuster, deverá chegar às livrarias três dias antes. Biografia e documentário partilham o título e um trabalho de investigação de nove anos que envolveu 200 entrevistas a académicos, amigos, colegas, críticos literários, fotógrafos, jornalistas, fãs ou simples conhecidos, e a consulta de jornais, excertos de livros, correspondência e documentos oficiais. Shields e Salerno reconhecem também que as anteriores biografias do autor, de Paul Alexander e Kenneth Slawenski, foram fundamentais, assim como os livros de memórias da sua filha Margaret (Dream Catcher: A Memoir) e de Joyce Maynard (At Home in the World), que manteve uma relação com o escritor. O retrato que Salinger faz de Salinger expõe a sua “arrogância desmedida”, que comprometeu boa parte das suas relações afectivas, e a necessidade de controlar a vida das pessoas que lhe eram mais próximas, isolando-as de um mundo que ele rejeitava. Além disso, defendem os autores, a família era muitas vezes obrigada a disputar a sua atenção com as personagens que criava. “[Salinger] vai ter direito a um segundo acto como nenhum outro escritor teve”, disse Salerno, citado pelo jornal britânico The Independent. “Não há qualquer precedente para isto. ”Escrever até ao fimO Independent fez as contas e diz que, até hoje, J. D. Salinger (1919-2010) publicou apenas um romance e 13 short-stories e novelas. O seu último original, Hapworth 16, 1924, apareceu nas páginas da revista americana The New Yorker em Junho de 1965. Dizem críticos e biógrafos que o escritor não se dava bem com o mundo e que, depois do sucesso tremendo de À Espera no Centeio em 1951 (a última edição em Portugal é da Difel, de 2010), procurou afastar-se dos holofotes cada vez mais, tendo ainda publicado Nove Histórias (1953), Franny e Zooey (1961) e um volume com duas novelas: Carpinteiros, levantem alto o pau de fileira e Seymour – Introdução (1963). Desde então, o silêncio só foi quebrado por raríssimas entrevistas, a última das quais dada 30 anos antes de morrer. Mas isso não significa que Salinger tenha deixado de escrever. Pelo contrário, fê-lo praticamente todos os dias, até ao fim. “Há uma sensação de paz maravilhosa em não publicar”, disse em 1974, lembra o Independent. “Publicar é uma invasão terrível da minha privacidade. Gosto de escrever. Vivo para escrever. Mas escrevo só para mim e para meu próprio prazer. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Malala e Snowden na lista de candidatos ao prémio Sakharov
Lista foi divulgado pelo Parlamento Europeu. Vencedor será conhecido a 10 de Outubro (...)

Malala e Snowden na lista de candidatos ao prémio Sakharov
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-09-17 | Jornal Público
SUMÁRIO: Lista foi divulgado pelo Parlamento Europeu. Vencedor será conhecido a 10 de Outubro
TEXTO: A adolescente paquistanesa baleada na cabeça pelos taliban, Malala Yousafzai, e o ex-analista da NSA exilado na Rússia, Edward Snowden, integram a lista de candidatos ao Prémio Sakharov, divulgada esta terça-feira pelo Parlamento Europeu, em Bruxelas. A lista - que inclui sete candidaturas, das quais quatro colectivas, -- foi aprovada na segunda-feira pelas comissões dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento do Parlamento Europeu (PE) e será reduzida a três finalistas no dia 30. A candidatura de Malala Yousafzai, que aos 11 anos, em 2009, começou a defender a educação feminina no vale de Swatt, no Paquistão, é apoiada pelos líderes dos três maiores grupos políticos do PE. Em 2012, Malala sobreviveu a um ataque de um taliban, que a baleou na cabeça, tendo-se tornado um símbolo da luta pelos direitos das mulheres e pelo acesso à educação. Por seu lado, Edward Snowden, um informático contratado pela Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla inglesa), é o candidato indicado pelos Verdes e o Grupo da Esquerda Unitária. Em nome da transparência, Snowden divulgou informação classificada sobre programas de vigilância dos EUA, tendo sido acusado de espionagem e estando asilado na Rússia. Um grupo de 41 deputados europeus, encabeçado por Ana Gomes, propôs as jornalistas Reeyot Alemu e Eskinder Nega (Etiópia), que estão presas, acusadas de terrorismo, depois de terem criticado o Governo. Em representação de todos os presos políticos bielorrussos, 43 eurodeputados nomearam o presidente de uma ONG de defesa de direitos humanos, Ales Bialatski, o activista Eduard Lobau, e Mikola Statkevich, que foi candidato presidencial. Os três estão presos desde Dezembro de 2010 depois de terem participado em protestos contras as eleições “fraudulentas” que reelegerem o Presidente Alexander LukashenkoA lista inclui ainda o prisioneiro político russo Mikhail Khodorkovski, que já cumpriu 10 anos de uma sentença de 14 por denúncias de corrupção, envolvendo o Presidente Vladimir Putin. O turco Erdem Gunduz integra a lista de candidatos por ter lançado o protesto dos “Standing man”, na praça Taksim, a 17 de Junho de 2013, um movimento pacífico defendendo a liberdade e os direito humanos. A lista termina com a campanha global da cadeia norte-americana de televisão CNN para acabar com a escravatura e o tráfico de seres humanos, “Ending Modern. Day Slavery”. O vencedor será escolhido no dia 10 de Outubro, em conferência de presidentes do PE, em Estrasburgo, e o prémio será entregue a 20 de Novembro. O Prémio Sakharov para a liberdade de pensamento, no valor de 50 mil euros, foi atribuído, em 2012, ao cineasta Jafar Panahi e à advogada e ativista Nasrin Sotoudeh, ambos iranianos. Nelson Mandela e o dissidente soviético Anatoli Marchenko (a título póstumo) foram os primeiros galardoados, em 1988. Em 1999, o prémio Sakharov foi entregue a Xanana Gusmão (Timor-Leste) e, em 2001, a Zacarias Kamwenho (Angola).
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
PJ liberta criança de 13 anos que esteve em cativeiro durante 30 horas
Raptor exigia três mil euros aos pais e que abandonassem o imóvel que lhes tinha arrendado. (...)

PJ liberta criança de 13 anos que esteve em cativeiro durante 30 horas
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2013-09-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Raptor exigia três mil euros aos pais e que abandonassem o imóvel que lhes tinha arrendado.
TEXTO: A Polícia Judiciária (PJ) libertou uma criança de 13 anos que esteve em cativeiro durante 30 horas na zona da Amadora e deteve o raptor, agora em prisão preventiva, divulgou nesta quarta-feira esta polícia. Segundo a Unidade Nacional Contra o Terrorismo (UNCT) da PJ, o homem detido, de 41 anos, sem profissão, tinha antecedentes criminais por crimes especialmente violentos, nomeadamente sequestro, ofensas à integridade física e violência doméstica, tendo exigido aos pais e familiares da criança raptada o pagamento de um resgate em troca da sua libertação com vida. O rapto, explica a PJ, foi o culminar de um longo conflito que opunha o detido aos pais da criança, motivado pelo não pagamento por parte dos segundos das rendas da casa em que habitavam. Fonte policial revelou à agência Lusa que o rapto ocorreu na comarca do Seixal e que a criança ficou em cativeiro numa residência na Amadora com a qual o arguido não tinha ligação, o que dificultava, à partida, a sua localização. Após subjugar fisicamente a criança, torcendo-lhe o braço, o raptor manteve-a fechada na casa de banho daquela residência. Durante esse período telefonou aos pais e familiares a exigir três mil euros e que abandonassem o imóvel arrendado.
REFERÊNCIAS:
Entidades PJ
Governo do Iraque convida Zaha Hadid a projectar novo Museu de Bagdad
Edifício substituirá o Museu Nacional do Iraque, que foi alvo de pilhagens na guerra de 2003, e ainda hoje se encontra fechado ao público. (...)

Governo do Iraque convida Zaha Hadid a projectar novo Museu de Bagdad
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.136
DATA: 2013-10-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Edifício substituirá o Museu Nacional do Iraque, que foi alvo de pilhagens na guerra de 2003, e ainda hoje se encontra fechado ao público.
TEXTO: A arquitecta inglesa de origem iraquiana Zaha Hadid (n. Bagdad, 1950) foi convidada pelo governo de Bagdad a apresentar um projecto para a construção de um novo museu que venha a acolher as colecções do Museu Nacional do Iraque. A notícia foi avançada, na semana passada, pela publicação britânica The Art Newspaper, mas não foi confirmada pelo atelier da arquitecta, cujo porta-voz se limitou a dizer que não havia qualquer comentário a fazer. Citando uma notícia do jornal iraquiano Azzaman, o The Art Newspaper diz que o ministro do Turismo e das Antiguidades deste país, Liwa Sumaism, anunciou a localização do novo museu a oeste da capital, num terreno de 500 mil m2 junto ao antigo aeroporto militar de Muthanna. Ainda segundo o Azzmann, “as extraordinárias relíquias do país serão todas transferidas para o novo museu, enquanto o antigo Museu Nacional do Iraque será transformado num centro de investigação e de estudo de antiguidades”. Não são avançadas datas, e o orçamento também não está ainda fixado, mas o The Art Newspaper diz que um porta-voz do Centro Cultural do Iraque em Londres falou de uma verba de mil milhões de dólares (cerca de 740 mil milhões de euros) para o lançamento de um empreendimento que incluirá, para além do museu, uma biblioteca, um centro comercial, hotéis e restaurantes. A confirmar-se o interesse de Zaha Hadid em corresponder ao convite do governo iraquiano – e se o seu projecto for aceite –, será a primeira obra de vulto da primeira mulher a ser distinguida com o Prémio Pritzker (2004) a ser construída no seu país de origem. Zaha Hadid, cujo projecto do MAXXI, Museu Nacional de Arte do Século XXI, em Roma, lhe valeu o também prestigiado Stirling Prize, em 2010, tem estado no centro de uma polémica na China, com a associação de protecção do património Beijing Cultural Heritage Protection Centre a acusá-la de ter violado a paisagem tradicional de Pequim com o seu centro comercial Galaxy Soho. Enquanto escasseia a informação sobre o projecto do novo Museu de Bagdad, encontra-se em curso a transformação em instituição museológica de um antigo palácio de Saddam Hussein na cidade de Baçorá, no sul do país, com abertura agendada para o próximo ano. O British Museum de Londres está a colaborar com o governo do Iraque na construção deste novo museu, cujo projecto foi lançado em 2008. Parte das colecções que o irão preencher serão provenientes do Museu Nacional de Bagdad, cujo valioso espólio foi objecto de pilhagens durante a Guerra do Iraque, em 2003. O museu da capital permanece fechado ao público, abrindo apenas para visitas de escolas e de grupos VIP.
REFERÊNCIAS:
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A autobiografia foi editada e Morrissey, o clássico, chegou por fim
Morrissey Autobiography, editada pela Penguin Classics, revela Morrissey, vocalista dos Smiths, como nunca antes. (...)

A autobiografia foi editada e Morrissey, o clássico, chegou por fim
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.083
DATA: 2013-10-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: Morrissey Autobiography, editada pela Penguin Classics, revela Morrissey, vocalista dos Smiths, como nunca antes.
TEXTO: Desde as quatro da tarde de quarta-feira que cresce uma fila à porta da livraria Akademibokhandeln Nordstan, em Gotemburgo, Suécia. O responsável por tamanho alvoroço não tem outra ligação à Suécia para além de ali ter exercido o seu trabalho, de apreciar o país e de, certa vez, se ter apresentado perante o público sueco como “Sven”. Sim, foi esta quinta-feira, que Morrissey, ex-vocalista dos Smiths, ícone por direito próprio da cultura popular, editou a sua muito aguardada autobiografia. Lançada à meia-noite, já escalou ao primeiro lugar de vendas na Amazon britânica. Nada de surpreendente. Falamos, afinal, de um clássico – antes de o ser. Morrissey Autobiograhpy é uma edição Penguin. Da colecção Penguin Classics, estreada há sete décadas com a Odisseia de Homero e na qual figuram obras que sobreviveram à passagem do tempo com esse estatuto. Morrissey quis: quando se começou a falar do livro de 480 páginas agora editado, o cantor de How soon is now especificou que só aceitaria juntar-se à Penguin se este fosse incluído nos Classics. Morrissey quis e a Penguin aceitou. “Diz-se que a maioria das estrelas pop têm que morrer antes de atingir o estatuto de ícone que Morrissey já atingiu em vida", justificou a editora, sem mais comentários, perante a discussão que a decisão espoletou no Reino Unido. Isso, porém, é agora passado. A autobiografia foi editada e os fãs suecos e os fãs de outras paragens que aguardaram até às 17h na livraria de Gotemburgo (estava lá gente vinda directamente de Manchester, cidade natal do músico) desejavam, além do autógrafo do ídolo naquela que será a única sessão para o efeito, conhecer a prosa e os segredos que as páginas da obra têm para revelar. Sem revelar demasiado: “Quero descobrir algo novo sobre ele, sobre a sua infância em Manchester e a separação dos Smiths”, declarava ao Guardian em Gotemburgo um estudante de Lund, que acrescentava: “mas não demasiado – quero manter o mistério, o enigma”. Os primeiros relatos sobre o livro mostram, porém, que Morrissey se revelará nas páginas de Autobiography como nunca antes – ou seja, será mais próximo do totalmente exposto Keith Richards de Life que do nublado Bob Dylan de Crónicas: Vol. 1. Os grandes destaques, assim manda a cultura voyeurista, têm sido dados às revelações de alcova. Saiba-se então que "a primeira mulher" por quem o celibatário, diz o próprio, Morrissey se apaixonou se chamava Jerry Nolan. Era o baterista dos New York Dolls e a paixão foi platónica (foi o seu ar andrógino na capa do primeiro álbum da banda nova-iorquina que cativou o adolescente Morrissey). Saiba-se, depois, que o cantor de Margaret on the guillotine, hoje com 54 anos, teve o seu primeiro relacionamento sério na década de 1990, com um fotógrafo chamado Jake Owen Walters. “A primeira vez na minha vida em que o eterno ‘eu’ se transformou em ‘nós’”, escreve. E que, mais tarde, namorou a possibilidade de ter um filho (ou, nas suas palavras, “um monstro chorão em miniatura”, com uma mulher iraniana, Tina Dehgani). No site da revista Mojo, o livro é descrito como “sedutoramente franco, brilhantemente indiscreto e autenticamente idiossincrático”. O humor e a bílis, o amor pela cultura pop e os ódios de estimação são presença obrigatória. Morrissey classifica Iggy Pop, Lou Reed e Patti Smith como os “Goethe, Gide e Gertrude Stein” da sua geração. Conta como desmaiou da primeira voz que viu o futebolista do Manchester United, George Best, deslizar pelo relvado. Explica que se descobriu verdadeiramente no momento em que se aproximou de um microfone e cantou: “Libertei-me das definições de uma vida que os outros faziam de mim, e as suas opiniões deixam de interessar. Estou, entregue a mim próprio, a cantar a verdade, que pode ser também a verdade dos outros… e a oferecer-me toda uma vida… deixo a voz erguer-se de uma vez por todas”. A voz deu-lhe então uma vida. Mas essa voz que cantou Hand in glove, como está bem documentado, não se limitou a cantar. O homem que afirmou que é fácil ser polémico no mundo da pop, “porque ninguém o é”, dedica 50 páginas da autobiografia a discorrer sobre o processo judicial que o opôs nos anos 1990 à secção rítmica dos Smiths, formada por Mike Rourke e Andy Joyce, e a desancar no juiz que o descreveu como “tortuoso, truculento e traiçoeiro”. É a maior porção de texto dedicada a um tema específico. Não será, certamente, a mais interessante para aqueles que querem conhecê-lo a fundo, desde que era um rapazinho em uniforme de escola a esticar a mão para David Bowie, “o visionário Wilderiano à beira de remodelar a Inglaterra”, até à chegada de uma das bandas mais marcantes da história da música popular urbana, os Smiths, chegando por fim à actualidade das declarações polémicas e dos concertos cancelados que, nos últimos tempos, se têm sobreposto à música gravada. Tudo isso está agora disponível à descobeta. Um clássico, chamam-lhe.
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