Dois meses depois e ainda não há acordo com Alemanha por causa de refugiados
Governo pediu mais tempo ao Parlamento para dar informações. PSD questiona atraso em celebrar um acordo com Alemanha, como a Espanha já fez. (...)

Dois meses depois e ainda não há acordo com Alemanha por causa de refugiados
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-08-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Governo pediu mais tempo ao Parlamento para dar informações. PSD questiona atraso em celebrar um acordo com Alemanha, como a Espanha já fez.
TEXTO: Há dois meses, à saída do Conselho Europeu informal, António Costa anunciou que estava em negociações com a chanceler alemã Angela Merkel para que os dois países celebrassem um acordo que permitisse o regresso a Portugal de refugiados que pediram asilo no nosso país, mas que entretanto emigraram para a Alemanha. Passado este tempo, o acordo ainda não existe e tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros como o Ministério da Administração Interna pediram mais tempo ao Parlamento para darem informações, pedidas pelo PSD. Em duas respostas a perguntas de deputados sociais-democratas enviadas à Assembleia da República, os dois ministérios dizem que se trata de informação com muita "complexidade" e que, como tal, não conseguem responder no prazo de 30 dias previsto na lei. Um atraso que o PSD não entende. "Em Portugal, o Governo socialista demonstra sintomas de desfasamento entre o ideal europeu que advoga e a letargia que pratica em matérias europeias. Das duas uma: ou o Governo português fez mais um dos seus números de propaganda oca sobre os seus supostos compromissos europeus, ou então pretende surpreender e ocultar informação ao Parlamento português, à semelhança do que fez noutros domínios europeus", começa por dizer a deputada Rubina Berardo que, no início de Julho, pediu aos dois ministérios a documentação que daria corpo ao acordo bilateral. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Perante a inexistência de resposta, e depois dos pedidos de prorrogação de prazo, a deputada considera que qualquer "é lamentável" que não se conheçam os contornos do que está a ser negociado entre os dois países. "Instamos o Governo a partilhar de imediato com o Parlamento o ponto de situação negocial sobre as condições de um futuro acordo bilateral com a Alemanha", acrescenta a vice-presidente da bancada social-democrata. A social-democrata não entende o porquê de não receber informação, mas, mais do que isso, não entende o porquê de o Governo ainda não ter firmado esse acordo com o Governo de Angela Merkel. "O Governo espanhol - que está há pouco tempo em exercício - conseguiu já negociar e assinar um acordo bilateral desta natureza com a Alemanha, algo que o Governo português continua a protelar", diz. O acordo em causa visa dar corpo à resolução dos estados-membros de repartirem o acolhimento de refugiados, mas pretende sobretudo dar resposta a um problema que assola a Alemanha, as chamadas "migrações secundárias". Este tipo de migração, ou seja, de pessoas que foram acolhidas por outros países europeus, como Portugal, e que na tentativa de reunificação familiar ou à procura de melhores condições de vida, se mudam para a Alemanha. O problema deste tipo de migrações afecta aquele país e tornou-se tema recorrente do discurso anti-imigração dos partidos de extrema-direita. Para aliviar a pressão sobre o seu Governo, Merkel anunciou que iria apresentar acordos bilaterais com vários países, entre eles Portugal.
REFERÊNCIAS:
Partidos PSD
Portugal recebeu quase 47 mil estrangeiros em 2016 e acolheu 400 refugiados
Em 2016, viviam em Portugal 397.700 estrangeiros, num aumento de 2,3% relativamente ao ano anterior. E, entre Janeiro e Julho de 2017, Portugal concedeu mil vistos gold, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. (...)

Portugal recebeu quase 47 mil estrangeiros em 2016 e acolheu 400 refugiados
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em 2016, viviam em Portugal 397.700 estrangeiros, num aumento de 2,3% relativamente ao ano anterior. E, entre Janeiro e Julho de 2017, Portugal concedeu mil vistos gold, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
TEXTO: Quase 47 mil estrangeiros chegaram a Portugal em 2016, o valor mais elevado desde 2010, tendo o país dado estatuto de refugiado ou protecção internacional a 400 pessoas, o dobro de 2015, revela um relatório da OCDE divulgado esta quarta-feira. Os dados fazem parte do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre migrações, divulgado no Dia Mundial dos Refugiados, no qual o organismo analisa os recentes desenvolvimentos em matéria de movimentos migratórios e, pela primeira vez, o impacto do acolhimento de refugiados no mercado laboral. Concretamente em relação aos refugiados, a OCDE aponta que Portugal concedeu estatuto de refugiado ou protecção internacional a 400 pessoas em 2016, duas vezes mais do que em 2015, sendo que em dois terços dos casos foi dado visto humanitário e aos restantes estatuto de refugiado. "Portugal continua a cumprir com o seu compromisso, no âmbito da agenda europeia para a migração, de acolher e instalar 4574 pessoas vindas da Grécia e de Itália, até Dezembro de 2017", refere a organização, acrescentando que, entre Janeiro e Junho desse ano, foram recolocadas 2250 pessoas, aproximadamente 50% do número total acordado. Em relação aos imigrantes, a OCDE salienta que em 2016 entraram no país 46. 900 pessoas, "o nível mais elevado registado desde 2010 e um aumento de 24% em relação a 2015", e que teve como consequência o "primeiro aumento do número da população estrangeira desde 2009". Em 2016, viviam em Portugal 397. 700 estrangeiros, mais 2, 3% do que em 2015, refere a OCDE. "Mais de metade do aumento da entrada anual pode ser relacionado com a livre circulação na União Europeia. O número de migrantes da União Europeia aumentou mais de 40% em dois anos", lê-se no relatórioO documento acrescenta que em 2014 eram 14. 700 pessoas, número que passou para 21. 200 em 2016, ano em que a maioria veio de França (3500), Itália (3100) e Reino Unido (3100). "Estes aumentos foram em parte justificados com o regime fiscal favorável para os residentes não habituais aplicável a novos residentes fiscais", diz a OCDE. Por outro lado, o número de autorizações de residência para a actividade de investimento (modalidade conhecida como 'vistos gold') também aumentou em 2016 e 2017 "quando recuperaram dos atrasos depois da suspensão do programa em 2015 por causa de investigações judiciais a casos de corrupção". A OCDE refere que, entre Janeiro e Julho de 2017, foram autorizados mil vistos, além de outros dois mil adicionais para membros da família, em comparação com 1400 vistos em 2016, aos quais se somam mais 2300 para membros do agregado familiar. Já no que diz respeito à emigração, depois de um aumento entre 2010 e 2013, a saída de portugueses para viverem noutro país estabilizou em 2013, com um número estimado de 38. 300 emigrantes permanentes e 58. 900 temporários, em 2016. "Foram apresentadas várias iniciativas para aumentar a atractividade de Portugal tanto para os estrangeiros como para os portugueses emigrados", refere a OCDE. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A organização sublinha que 2016 foi o ano em que se assinalaram dez anos desde a entrada em vigor da Lei da Nacionalidade, "que facilitou a aquisição de nacionalidade portuguesa a crianças filhas de imigrantes nascidas em Portugal ou que chegaram ainda bebés", acrescentando que, entre 2008 e 2016, 225. 000 pessoas adquiriram a nacionalidade portuguesa. "Em 2016, 29 mil pessoas adquiriram a nacionalidade portuguesa, mais 30% do que em 2015", lê-se no relatório. As referências a Portugal incluem ainda as alterações recentes feitas à Lei da Nacionalidade, mas também à Lei da Imigração, destacando as restrições na expulsão de imigrantes sem documentos, além de terem sido transpostas três directivas europeias sobre as condições de entrada e permanência de residentes de países terceiros para trabalho sazonal.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE
A divisão europeia sobre os refugiados vê-se nos dezenas de milhares que saíram à rua
Multidões em Londres e Copenhaga exigiram aos seus governos que façam mais. Aos apelos do Ocidente, responderam concentrações nacionalistas e anti-imigração nos países do Centro da Europa. (...)

A divisão europeia sobre os refugiados vê-se nos dezenas de milhares que saíram à rua
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 18 Migrantes Pontuação: 9 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Multidões em Londres e Copenhaga exigiram aos seus governos que façam mais. Aos apelos do Ocidente, responderam concentrações nacionalistas e anti-imigração nos países do Centro da Europa.
TEXTO: O dia da defesa dos refugiados foi também o dia das grandes divisões europeias. Quarenta mil pessoas em Londres e 30 mil em Copenhaga exigiram este sábado que os seus governos fizessem mais para acolher as centenas de milhares de refugiados que chegaram este ano à Europa. No Ocidente, dezenas de cidades europeias fizeram eco destes dois epicentros da reivindicação por uma Europa inclusiva. Mais a Leste, porém, sobressaiu o tom anti-imigração. Os protestos enquadram as divisões europeias à entrada para uma semana de decisões importantes em Bruxelas. E, nos casos de Londres e Copenhaga, são dedos apontados a governos conservadores que resistem em abrir portas. O Reino Unido anunciou na semana passada que vai dar asilo a 20 mil refugiados sírios ao cabo de cinco anos, mas só os que estão agora em campos de países vizinhos à Síria. Na sexta-feira, o Governo dinamarquês disse que não faria parte do novo sistema de quotas proposto pela Comissão Europeia. Copenhaga espera receber 20 mil refugiados este ano, embora o novo Governo conservador tenha recentemente cortado nos benefícios sociais a requerentes de asilo. A multidão de Londres recebeu em ovação o recém-coroado líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn. Corbyn e o seu partido defendem que o Reino Unido pode receber mais refugiados do que os que diz estar pronto para aceitar. “São seres humanos, tal como vocês, tal como eu. Vamos lidar com esta crise de refugiados com humanidade, com apoio, com a compaixão de tentar ajudar pessoas que estão a tentar chegar a segurança”, afirmou, na Praça do Parlamento, em Westminster. “Estou aqui para apoiar os refugiados que foram arrastados de suas casas pelo que está a acontecer na Síria, pelas bombas e a matança”, dizia em Copenhaga um homem identificado como Harra, nascido em Marrocos. Ao lado, a vizinha Suécia espera receber 80 mil pedidos de asilo este ano. Assistiu-se ao mesmo tom em várias cidades francesas, em Haia marcharam centenas em silêncio e, em Viena, ponto-chave do fluxo de refugiados na Europa, cerca de 6000 pessoas repetiram as palavras de ordem que chegaram às redes sociais: “Refugiados bem vindos”. Em Berlim esperavam-se 5000 pessoas para uma vigília à luz das velas e, em Hamburgo, onde se proibiu um protesto da extrema-direita, mais de 10 mil pessoas apoiaram quem foge à guerra, fome, perseguição e discriminação. A Alemanha já recebeu 450 mil pedidos de asilo este ano e prepara-se para quase o dobro. Só neste fim-de-semana devem chegar 40 mil pessoas ao país. Segundo o Der Spiegel, escolas, hospitais e centros de acolhimento estão no limite. Europa anti migranteA Leste nada de novo. Às marchas de solidariedade em Praga, Bratislava e Varsóvia, corresponderam protestos contra a chegada de refugiados à Europa. Em alguns casos, os protestos são comparáveis, mas noutros, como em Varsóvia, lideraram as marchas nacionalistas. “Isto é guerra! Guerra entre duas civilizações”, ouviu-se da boca de “vários milhares” de pessoas na capital polaca, segundo escreve o Gazeta Wyborcza. A pequena multidão de mil pessoas que pedia um melhor acolhimento não se comparava à massa de cartazes negros, bandeiras vermelhas e brancas e os gritos que acusavam a Alemanha de lhes roubar a soberania. O mesmo tom em Bratislava. “Atraiçoaram a Europa”, lia-se num cartaz da marcha nacionalista. Nele, as caras da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Ou, como eram retratados, “Frau Sharia” e “Mohamed Juncker”. Os movimentos de protesto na Europa Central não se comparam às demonstrações a Ocidente, mas vincam as grandes divisões europeias. Segunda-feira reúnem-se os ministros europeus do Interior e, nos dois dias seguintes, encontram-se os líderes dos Vinte e Oito. Discutem as propostas do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que, para além da revisão das regras de asilo na Europa, sugere um novo sistema de quotas que distribua 160 mil refugiados. Tem por diante as oposições da Hungria, República Checa e Eslovénia, e a ambiguidade do Governo polaco. A proposta de OrbánAs cisões parecem ter resistido a um encontro na sexta-feira entre os ministros dos negócios Estrangeiros do bloco dos menos inclusivos com o líder da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier. O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, líder informal do movimento anti migração na Europa, insiste em dizer que o que está em causa são pessoas que querem “uma vida alemã, ou talvez sueca”, e não refugiados. E este sábado avançou com uma proposta alternativa ao “mundo de sonho” em que diz viver a Europa Ocidental. Em entrevista ao tablóide alemão Bild, um dos jornais que mais activamente faz campanha pelo acolhimento de refugiados na Europa, Orbán defendeu a sua postura não inclusiva: para quem vem para a Europa, “as condições de vida na Grécia, Macedónia, Sérvia, Hungria e Áustria não são boas o suficiente”. E, dizendo Orbán que as mais de 430 mil pessoas que atravessaram este ano o Mediterrâneo estavam “protegidas” em países “como o Líbano, Jordão e Turquia”, em campos de refugiados, a sua solução é a União Europeia enviar “um gigantesco apoio financeiro aos países vizinhos da Síria para reduzir o número de refugiados”. Como? “Sugiro que cada país dê mais 1% ao Orçamento da União Europeia e que ao mesmo tempo reduzamos a despesa para outros propósitos”. Hungria e Áustria são os grandes canais do interior europeu para a massa de gente que quer chegar à Alemanha. Mas as práticas de Viena e Budapeste são muito diferentes. Enquanto na Áustria há organizações de apoio humanitário nas estações de comboio sobrelotadas e equipas que recebem quem atravessa a fronteira a pé, na Hungria, onde se ergue um novo muro de quatro metros e arame farpado na sua fronteira Sul, milhares de refugiados são enviados todos os dias para centros de identificação. Uma voluntária austríaca acusou estes centros de tratarem refugiados "como se fossem animais". Tanto que, neste sábado, o chanceler austríaco comparou o tratamento húngaro de refugiados com as deportações nazis. “Pôr refugiados em comboios e enviá-los para um local completamente diferente do que o que esperavam lembra-nos do capítulo mais negro da história do nosso continente”, diz Werner Faymann, numa entrevista publicada este sábado na revista Der Spiegel.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra humanos imigração fome negro homem perseguição discriminação
Chipre é a grande barreira ao acordo sobre os refugiados com a Turquia
Na cimeira de Bruxelas, a Comissão Europeia propõe medidas para que o processo de devolução seja legal. Prevê acelerar análise dos pedidos de asilo e criar centros de detenção nas ilhas gregas. (...)

Chipre é a grande barreira ao acordo sobre os refugiados com a Turquia
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2016-10-25 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20161025003625/https://www.publico.pt/1726377
SUMÁRIO: Na cimeira de Bruxelas, a Comissão Europeia propõe medidas para que o processo de devolução seja legal. Prevê acelerar análise dos pedidos de asilo e criar centros de detenção nas ilhas gregas.
TEXTO: Convencer Chipre a aceitar o acordo da União Europeia com a Turquia para impedir que os refugiados da guerra da Síria continuem a chegar à Grécia é a grande tarefa da Comissão Europeia, que tenta o tudo por tudo para o fazer passar na cimeira de quinta e sexta-feira. Sublinhando o seu carácter “extraordinário e ao mesmo tempo temporário”, e que “não há alternativa” a esta proposta, a Comissão mobilizou-se numa ofensiva diplomática para tentar afastar as dúvidas sobre a sua legalidade. O Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, ameaçou vetar qualquer progresso nas negociações de acesso da Turquia à UE – uma contrapartida do acordo para Ancara receber todos os migrantes que a Europa recusar. Só não o fará se a Turquia abrir os portos e aeroportos turcos aos aviões e navios cipriotas, reconhecendo a República de Chipre. Desde 1974 que a ilha está partida ao meio, quando o Norte, após uma invasão turca, declarou a independência. Anastasiades resiste a esta pressão. “É despropositado, contra-produtivo, para não dizer inaceitável, colocar o peso da responsabilidade da crise dos migrantes às minhas costas, ou às costas da República de Chipre”, afirmou. Mas é isso que a diplomacia europeia está a fazer – embora esteja também a insistir com Ancara para que apoie as negociações de reconciliação em Chipre, que pela primeira vez em muitos anos parecem bem encaminhadas. A Comissão Europeia divulgou vários documentos, antes da cimeira, para concretizar a proposta de Ancara, que tem como ideia central a devolução à Turquia de quem tenha chegado à Grécia por vias ilegais, ainda que seja sírio. Por cada pessoa mandada para trás, a UE compromete-se a receber um refugiado que esteja na Turquia legalmente. O objectivo desta troca por troca será acabar com “os fluxos irregulares de migrantes a viajar no mar Egeu, substituindo-os por um processo legal e ordeiro de reinstalação”, afirmou o principal vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. Em Bruxelas, considera-se que com as fronteiras da Europa fechadas, e com os migrantes que entrem de forma irregular na Grécia a serem mandados para trás, mata-se a galinha dos ovos de ouro dos traficantes. “Temos a oportunidade de pôr fim de uma vez por todas ao modelo de negócio dos traficantes e acabar com o sofrimento humano ligado a estas actividades criminais”, afirmou. No entanto, a Comissão Europeia quer garantir que cumprirá a lei. “As devoluções só podem ocorrer de acordo com o quadro legal internacional e da UE”, disse Timmermans. Só que para mandar para trás alguém com necessidade de protecção internacional, é preciso ter a certeza de que vai para um país seguro. E é preciso garantir que, antes, teve a possibilidade de pedir asilo na Grécia, que o seu caso foi apreciado de forma individual, e que pôde recorrer da decisão, no caso de a resposta ter sido negativa. Tudo isto leva tempo, muito tempo numa situação normal. O que a Comissão propõe é uma grande aceleração desse processo na Grécia, ao abrigo de um ponto da Directiva de Procedimentos de Asilo que reconhece que, “em algumas circunstâncias, pode aplicar-se um processo expedito em que não é necessário examinar a substância de um pedido”, explicou Timmermans. Isto pode acontecer se a pessoa já foi reconhecida como refugiada, se puder ter protecção considerada suficiente “num primeiro país de asilo” ou se vier para a UE a partir de “país terceiro seguro” que possa garantir protecção, sublinhou o comissário europeu. Essa descrição aplica-se à caracterização que está a ser feita da Turquia. Centros de detençãoA Grécia e a Turquia precisarão de fazer alguns ajustes na sua legislação, diz um dos relatórios divulgados esta quarta-feira. Muitos têm a ver com a aceleração dos processos de reenvio dos migrantes em situação irregular para a Turquia – com custos estimados em 20 milhões de euros por mês em transportes. De Atenas espera-se ainda que aumente, muito, a capacidade de resposta do Serviço Grego de Asilo “para possibilitar o reenvio expedito, bem como a rápida aceitação das requisições de asilo”, diz o relatório, desta vez sem quantificar os custos. Nada é dito sobre a possibilidade de Ancara reconhecer plenamente o estatuto do refugiado, aprovado após a II Guerra – aplica-o apenas a refugiados da Europa. “A Turquia devia acabar com todas as restrições à Convenção de Genebra”, disse à Reuters Zeid Ra'ad Al Hussein, o Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados. “Temos muitas preocupações com a situação dos direitos humanos na Turquia. ”Zeid Ra'ad Al Hussein alertou que os hotspots nas ilhas gregas se podem tornar “centros de abuso”, ainda antes de o relatório da Comissão ter reconhecido que os actuais centros de registo dos refugiados vão ter de ser muito ampliados e mudar de carácter. Terão de ter “espaço de detenção suficiente para os indivíduos que apresentam um risco de evasão. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades UE
Papa quer transformar conventos vazios em asilos para refugiados
Francisco defende que os conventos não devem servir para a Igreja ganhar dinheiro. Portugal tem um projecto que responde ao apelo do Papa. (...)

Papa quer transformar conventos vazios em asilos para refugiados
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.05
DATA: 2013-09-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Francisco defende que os conventos não devem servir para a Igreja ganhar dinheiro. Portugal tem um projecto que responde ao apelo do Papa.
TEXTO: O Papa Francisco apelou nesta terça-feira às ordens religiosas em Roma para que dêem abrigo aos refugiados nos conventos vazios, ao invés de os transformarem em hotéis de luxo. "Caríssimos religiosos e religiosas: os conventos vazios não devem servir para a Igreja os transformar em hotéis para ganhar dinheiro. Os conventos vazios não são nossos, são para a carne de Cristo, que são os refugiados”, afirmou o Papa durante uma visita a um centro de acolhimento Astalli, gerido por jesuítas, na capital italiana. Segundo o El País, a Igreja Católica italiana é proprietária de 20 a 30% do património imobiliário no país. Entre centros educativos, conventos, igrejas ou hospitais, é o maior senhorio italiano – em muitos casos isento do pagamento de impostos. Algumas ordens religiosas converteram os seus edifícios em hotéis rentáveis. Francisco entende que a Igreja é chamada a “fazer mais, recebendo e compartilhando” os bens materiais. “Todos os dias, aqui e em outros centros, muitas pessoas, especialmente jovens, estão na fila para terem uma refeição quente. Essas pessoas lembram o sofrimento e o drama da humanidade. Mas isso também nos diz que é preciso fazer algo, agora, todos”, afirmou. Durante a visita, o Papa defendeu também que os refugiados têm direito à integração e à participação activa na sociedade e destacou o papel da Igreja nesse processo. E deixou um recado às autoridades: “A misericórdia requer justiça. Só através da justiça se pode fazer com que o pobre encontre o caminho para deixar de o ser. A Igreja, a cidade de Roma, as instituições têm que se unir para que ninguém tenha mais necessidade de uma cantina social, de um abrigo, de um serviço de assistência jurídica para ver reconhecido o próprio direito a viver e a trabalhar, para ser plenamente uma pessoa”. Portugal antecipou desafio do PapaA mensagem do Sumo Pontífice, também ele jesuíta, é “um desafio” ao qual o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal se antecipou. O director, André Costa Jorge, adianta ao PÚBLICO que o JRS tem, em parceria com as Irmãs Missionárias da Consolata, um projecto que visa a transformação de um antigo seminário desta congregação, situado na Quinta do Castelo, no Cacém (Sintra), num centro de acolhimento para refugiados. "Em Portugal não há nenhuma experiência do género, nem na Europa. Vamos ser pioneiros", afirma. Desocupado há menos de um ano, o antigo seminário é um edifício do século XIX instalado numa quinta. Terá capacidade para acolher 30 pessoas. Para o transformar, é preciso adaptar os espaços, garantir alimentação, vestuário, recursos humanos. “Temos o apoio do Ministério da Administração Interna, para a comparticipação nacional”, diz André Costa Jorge. O projecto aguarda apoio do Fundo Europeu para os Refugiados para avançar. “Esperamos poder receber refugiados até ao final do ano”, afirma. Mas o apoio financeiro não é o principal. “Transformar espaços em lares de acolhimento até é fácil, difícil é que estes espaços sirvam realmente para a integração das pessoas na sociedade”, considera o director do JRS. Os imigrantes podem permanecer cerca de um ano nestes centros mas depois têm de encontrar o seu lugar na comunidade. Um emprego, uma casa. “Respondemos a uma emergência social mas depois as pessoas têm de continuar a viver”, diz Costa Jorge. "É preciso prudência", avisa. Este responsável admite que a ideia de converter antigos conventos ou mosteiros em asilos para refugiados, ou mesmo para idosos e crianças mais vulneráveis, não é nova mas “era preciso que alguém com autoridade na Igreja o dissesse”. Por isso, recebeu a mensagem do Papa com agrado. Mas lembra que, no caso português, “boa parte dos conventos foram expropriados e são hoje edifícios do Estado, que este não cuida ou vendeu a privados”. Como exemplo, aponta o antigo Convento da Cartuxa, em Caxias (Oeiras), propriedade do Ministério da Justiça, actualmente "mal tratado", mas com condições para se tornar um centro de acolhimento. A maioria dos imóveis que se mantiveram na mão das ordens religiosas “continuam a ter uso, embora com menos pessoas e mais envelhecidas do que há 50 anos”. Além disso, o director do JRS sublinha que algumas ordens estão, tal como o país, a braços com dificuldades financeiras, pelo que a eventual reconversão dos espaços em hotéis será uma importante fonte de receitas para a sua sobrevivência. “Muitas vezes, [os responsáveis] também não sabem como fazer para colocar o espaço ao serviço dos refugiados, porque não trabalham no terreno”, aponta Costa Jorge. Actualmente, o JRS gere o Centro Pedro Arrupe, na Ameixoeira (Lisboa), onde acolhe temporariamente imigrantes em situações de emergência. Desde 2006, já acompanhou quase 300 pessoas. Além deste, Portugal tem outro centro de acolhimento para refugiados na Bobadela, em Loures, a cargo do Conselho Português para os Refugiados, uma organização não-governamental, parceira do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave humanos carne comunidade social género
Sete refugiados olham-nos nos olhos: e agora?
Sanctuary, de Brett Bailey, coloca os espectadores no labirinto burocrático e moral em que a União Europeia se transformou desde a crise migratória de 2015. Na nova instalação-performance do polémico encenador sul-africano – até dia 24 em Lisboa, a partir de dia 2 no Porto – não há cadeiras confortáveis, só arame farpado. (...)

Sete refugiados olham-nos nos olhos: e agora?
MINORIA(S): Animais Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 2 Africanos Pontuação: 5 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-06-21 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sanctuary, de Brett Bailey, coloca os espectadores no labirinto burocrático e moral em que a União Europeia se transformou desde a crise migratória de 2015. Na nova instalação-performance do polémico encenador sul-africano – até dia 24 em Lisboa, a partir de dia 2 no Porto – não há cadeiras confortáveis, só arame farpado.
TEXTO: Não é algo de que ele goste de se gabar, mas a realidade não tem parado de dar razão a Brett Bailey – só na última semana, por exemplo, a realidade deu-lhe 629 razões, uma por cada migrante resgatado pelo navio Aquarius que a Itália se recusou a receber (“Na nossa casa mandamos nós”, declarou para memória futura Matteo Salvini, o novo ministro do Interior, imediatamente aplaudido por 59% dos eleitores do país) e que após vários empurrões e o habitual non-sense europeu acabaram por encontrar um porto em Espanha. “Bom, e entretanto temos o ministro do Interior da Alemanha [Horst Seehofer] num braço-de-ferro com a chanceler [Angela Merkel], a ameaçar com deportações unilaterais. Definitivamente, as tensões na Europa estão a ficar descontroladas. E há mais tempestades a caminho”, diz o polémico encenador e artista visual sul-africano ao PÚBLICO, sempre no seu flow torrencial, antes de desligar o telefone. À hora em que nos dá esta entrevista sobre Sanctuary – a instalação-performance que até dia 24 acampa na Tobis Portuguesa, em Lisboa, e que de 2 a 7 de Julho sobe ao terceiro andar do Palácio dos Correios, no Porto –, Brett Bailey ainda não sabe que 86% dos alemães subscrevem a ideia de deportar os imigrantes ilegais rapidamente e em força, mas adivinha. Os meses que passou a visitar campos de refugiados, fronteiras “difíceis” e centros de acolhimento para migrantes e requerentes de asilo nos países europeus onde a questão migratória se tornou mais crítica foram bastante elucidativos – e antes disso já tinha aprendido tudo o que havia para aprender na África do Sul, “que após o fim do Apartheid, quando as fronteiras se abriram, se tornou a terra das oportunidades para milhões de pobres de toda a África subsariana” e, paralelamente, um viveiro de “violência xenófoba” que teve o seu apogeu em 2008, quando só numa semana 41 estrangeiros foram assassinados e 60 mil pessoas fugiram para campos de refugiados. Há mais de 15 anos que a África do Sul também é essa história pouco edificante de pobres contra pobres, e há mais de 15 anos que, com a sua Third World Bunfight, Brett Bailey a vem querendo contar nos seus espectáculos sempre apontados ao coração das trevas. Num dos últimos, Macbeth, que em 2014 trouxe ao Teatro Maria Matos, atirava à cara dos seus vizinhos africanos, mas também do Ocidente, a avidez com que os traficantes de diamantes e as multinacionais dos smartphones continuam a predar a República Democrática do Congo, onde nos últimos 20 anos se amontoaram 5, 5 milhões de cadáveres. Entretanto, como era de prever, África trouxe-o à Europa – Exhibit A (2010) e Exhibit B (2013), os seus esforços para denunciar a persistência dos “sistemas raciais” do colonialismo, visaram, respectivamente, o passado alemão da Namíbia e o passado belga da República Democrática do Congo – e aqui estava em 2015, quando as notícias cada vez mais apocalípticas sobre a “crise migratória” e os inquietantes sinais “do crescendo da resposta xenófoba” o puseram nervoso, ou seja desejoso de entrar em campo. O espectáculo a que chegou (muitos relatórios, muitas reportagens, muitos vídeos amadores, muitos documentários, muitas entrevistas presenciais e muitas visitas de estudo depois) é a sua maneira de dar voz às tensões “que estão a dilacerar a Europa” – vista de fora, diz, “a fractura é cada vez mais ostensiva”. E também a sua maneira de colocar os espectadores europeus, ainda que muito temporariamente, no labirinto burocrático e moral em que se transformou o lugar a que chamam casa, e que vários milhares de pessoas por ano morrem a tentar atingir. Aqui não há cadeiras confortáveis nem distância de segurança: apenas vedações, arame farpado, funcionários de rosto fechado, câmaras de vigilância e um fio de lã vermelho, cor de sangue, a conduzir o público, dividido por grupos de seis ou sete pessoas, até às histórias que Brett Bailey quis contar. Não são histórias reais. Mahmoud, o proprietário de uma loja de vestidos de Yarmouk, na Síria, que acaba sozinho com um bebé nos braços no campo de refugiados de Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedónia, ou Fatima, a vendedora de frutas e legumes de Turalei, no Sudão do Sul, que acaba em soutien num peep-show de Nápoles depois de uma odisseia de violências e violações, são ficções. Mas são ficções que nos olham directamente nos olhos, e nunca desviam o olhar. Tal como Simone, a reformada francesa, vizinha da “Selva” de Calais, que se entusiasma com os slogans xenófobos de Marine Le Pen na televisão, ou Marcel, o funcionário municipal alemão que até aplaudiu a disponibilidade de Angela Merkel para receber migrantes e refugiados mas agora acha sinistros os bandos de homens sem mulher e sem família que se juntam no jardim ao fim da tarde. São nove flashes, nove quadros-vivos da Europa tal como Brett Bailey a vê hoje. “Quis contar histórias similares às que encontrei nos campos de refugiados de Lesbos e de Calais, ou nos centros de acolhimento de Hamburgo, ou na fronteira entre a Áustria e a Eslovénia: histórias de migrantes que dão por si presos num limbo quando chegam à Europa, vindos de um país que viram violado ou destruído, e descobrem que afinal o lugar a que chegaram não é o santuário que tinham imaginado; e histórias de europeus que sentem que o seu próprio santuário tem sido violado por intrusos”, explica. Uma parte do que está em Sanctuary, “talvez uns 10%”, vem do que viu nos meses em que deambulou por esses purgatórios, “à procura de sons, de imagens, dos pequenos detalhes que tornam as coisas reais” – o rasto de “malas, roupas e coletes de salvação fluorescentes espalhados pela praia” em Lesbos depois da "relocalização" dos refugiados para a Turquia, as condições atrozes da “Selva” de Calais, entretanto desmantelada, a espera interminável, reunião após reunião, formulário após formulário, do nigeriano há 12 anos retido num abrigo em Palermo. Os restantes 90% são uma mistura de coisas – reais, como parte dos intérpretes, que a cada apresentação Brett Bailey recruta localmente a partir de entrevistas com refugiados, imigrantes ou activistas (em Portugal, haverá quatro performers novos: um iraquiano, um sírio, e dois cidadãos da União Europeia), e imaginárias, como o mito do Minotauro, a metáfora em que o encenador encontrou um chão para isto tudo. Sentados numa cadeira de rodas à porta de uma loja, entre cartazes do Syriza e anúncios de marcas de roupa, ou mantidos à distância por uma barreira policial, os figurantes de Sanctuary não abrem a boca. Mas Brett Bailey acredita que os vemos melhor aqui do que em mais um zapping apressado pelos telejornais, em mais um scroll pelo mural do Facebook, em mais uma corrida pelos corredores do metro: “Eu não estou só a pedir aos espectadores para olharem, talvez até lhes esteja a pedir o contrário. A principal instrução que dou aos performers é: olhem para os espectadores fixamente, sem desviarem os olhos. É muito desconfortável. E torna impossível não reflectir sobre a situação. Principalmente porque estamos habituados a ver estas pessoas entre anúncios, o último tweet idiota do Trump ou o gatinho fofinho que alguém postou. Aqui não há mais nada, não há distracções, não há interrupções: tens mesmo de te confrontar com estas histórias. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nesse processo, a história dos outros acabará por tornar-se nossa. Porque é aqui, em casa, que isto está a acontecer, e está a acontecer há muito tempo, desde a Antiguidade. O mito que estrutura a peça é a história do neto de uma princesa fenícia raptada por um deus grego, meio homem, meio touro, preso num labirinto e condenado a devorar rapazes e raparigas até à eternidade – e a princesa chama-se Europa. “Era irresistível ir buscar um mito grego, que ainda por cima é um mito sobre as relações entre a Europa e o Médio Oriente, via Mediterrâneo, porque parte desta crise está a desenrolar-se na Grécia e tem a sua origem na Síria”, diz o encenador. E quem é o Minotauro desta história? “Ah, boa pergunta… Acho que é a ganância. É a ganância que nos desumaniza, que nos faz perder de vista que as pessoas são pessoas e esquecer que somos em parte responsáveis pela destruição dos países de onde estas pessoas estão a fugir. ”Ao contrário do que aconteceu quando replicou os infames zoos humanos que divertiram os europeus do século XIX para mostrar como o colonialismo não é uma história totalmente ultrapassada – a apresentação de Exhibit B acabou cancelada em Londres e Paris na sequência de petições e protestos violentos –, ainda ninguém lhe perguntou o que é que dá a um branco sul-africano o direito de falar em nome de migrantes e refugiados sírios, sudaneses, iraquianos ou eritreus. “Aprendi muita coisa com esse terrível episódio. Muita coisa má, também, porque trouxe imensa auto-censura ao meu trabalho. A sensação que às vezes tenho é de que fui atropelado por um carro e tive de aprender a caminhar outra vez. Na primeira versão de Sanctuary ainda estava nitidamente a cambalear; entretanto, reescrevi a peça completamente”, conta. Depois da estreia em Atenas, e de uma digressão que passou por Hamburgo e Marselha, Sanctuary chegou esta terça-feira a Portugal para integrar o ciclo com que o Teatro Maria Matos se despede, dedicado ao tema das Migrações, e que inclui também, esta quinta-feira, às 18h30, uma conferência com o sociólogo argelino Mehdi Alioua e a jurista francesa Claire Roudier, e, a partir de dia 28, uma série de apresentações da peça Provisional Figures, que Marco Martins construiu com a comunidade de imigrantes portugueses de Great Yarmouth. Será o primeiro país no roteiro desta peça onde a presença dos refugiados não tem uma “dimensão cataclísmica”, nota Brett Bailey. Estamos longe desses lugares onde ele encontrou a “desesperança” que, se tudo correr bem, dominará por estes dias os corredores da Tóbis e do Palácio dos Correios. “É uma sensação difícil de descrever: a sensação de estar encurralado num lugar tão longe do sonho, sem poder sair, e de mesmo assim o sonho permanecer. ”
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Refugiados barrados na Macedónia cosem os lábios e pedem: "Abram a fronteira"
Política de selecção das nacionalidades adoptada por países dos Balcãs é criticada pela ONU. À Grécia deixaram de chegar milhares de pessoas, não se sabe bem porquê. (...)

Refugiados barrados na Macedónia cosem os lábios e pedem: "Abram a fronteira"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento -0.12
DATA: 2015-11-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Política de selecção das nacionalidades adoptada por países dos Balcãs é criticada pela ONU. À Grécia deixaram de chegar milhares de pessoas, não se sabe bem porquê.
TEXTO: Está frio, até nevou, mas aqueles homens estão de tronco nu e coseram os lábios com fio de nylon. Estão em greve de fome. Um escreveu “Iran” na testa. Estão sentados em cima dos carris da linha de comboio na fronteira da Grécia com a Macedónia, impedindo o tráfego ferroviário entre os dois países. “Open the border”, diz um cartaz improvisado com um pedaço de cartão. São iranianos, fazem parte dos cerca de mil refugiados que se acumularam nos Balcãs, desde que vários países da região decidiram que só deixariam transitar nas fronteiras como refugiados pessoas vindas de países que estivessem em conflito. Os critérios variam um pouco de país para país, mas aos sírios todos deixam avançar, aos iraquianos em princípio também. Afegãos depende da interpretação, mas iranianos, paquistaneses e africanos de várias nações estão a ser barrados – numa violação da lei internacional, afirmam as Nações Unidas. “Toda a gente tem o direito de pedir asilo e de que o seu caso seja ouvido, seja qual for a sua nacionalidade”, sublinhou o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Adrian Edwards. Um grupo de bangladeshianos chama a atenção para a sua situação: “Disparem contra nós ou salvem-nos. Não podemos voltar ao Bangladesh”, escreveram a vermelho no peito nu. Cerca de 200 pessoas juntaram-se a estes protestos, relata a Reuters. Outros mantêm-se à espera, alguns voltaram para a Grécia, em busca de uma rota alternativa. A ONU diz não ter informações de que esta nova política de fronteiras tenha sido suscitada pelos atentados de Paris de 13 de Novembro – ou apenas pela falta de soluções europeias para a crise dos refugiados do Médio Oriente. A Suécia anunciou esta terça-feira que a sua lei iria ser adaptada para reduzir o enorme afluxo de refugiados que recebeu este ano. “É preciso aliviar a enorme pressão [sobre o sistema de acolhimento sueco], para que mais pessoas peçam asilo noutros países da UE. A legislação vai ser reduzida ao nível mínimo da União Europeia por um período de três anos”, anunciou o primeiro-ministro, Stefan Löfven. Não é possível manter a situação actual, afirmou o governante: o país de 9, 8 milhões de habitantes já recebeu este ano 80 mil refugiados. À escala à UE, disse, cita-o a AFP, é como se tivesse recebido 25 milhões de pessoas. Mas, pela primeira vez este ano, a chegada de refugiados às ilhas gregas abrandou, tornou-se desde o fim-de-semana quase um fio de azeite, em vez de uma torrente. Apenas 155 pessoas chegaram no domingo às ilhas e 478 aos portos de Atenas e Kavala, vindos dessas mesmas ilhas, anunciou a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Às praias de Lesbos, somente 24 pessoas tinham chegado até às 15h00. Três dias antes, recorda a AFP, tinham chegado 2500 pessoas. A Itália também não chegam barcos com migrantes há vários dias. Será uma nova tendência? As organizações humanitárias não arriscam fazer previsões. “Pode ser por causa do tempo. ” Há ventos violentos nesta zona do Mediterrâneo. Podem também ser as notícias do bloqueio nas fronteiras dos Balcãs, ou uma pressão extra da Turquia, que está a ser pressionada pela UE para travar a partida de embarcações com refugiados a partir das suas costas, admite a AFP. Seja o que for, é “um fenómeno significativo”, diz a OIM. Este ano, 858. 805 refugiados e migrantes chegaram à Europa através do Mediterrâneo, sobretudo através da Grécia, segundo esta organização. Na viagem, morreram 3548. Apenas 148 foram feitos seguir para outros países da UE: Finlândia, Luxemburgo e Suécia.
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU UE
Nasceu um campo de refugiados no centro da capital da Europa
“Aqui sente-se que há humanidade”, diz um sírio que acabou de chegar a Bruxelas para testemunhar uma vaga de solidariedade inédita. (...)

Nasceu um campo de refugiados no centro da capital da Europa
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento -0.1
DATA: 2015-09-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: “Aqui sente-se que há humanidade”, diz um sírio que acabou de chegar a Bruxelas para testemunhar uma vaga de solidariedade inédita.
TEXTO: Um jovem iraquiano com a mão ligada espera para receber assistência médica de uma ONG, voluntários descarregam fraldas de bebé de um carro. Por trás de uma cantina de campanha onde se faz a distribuição da comida foram montadas 300 tendas de vários tamanhos… Bem-vindos ao campo de refugiados que nasceu no centro de Bruxelas, fruto de uma mobilização cidadã sem precedentes. “Se a Bélgica nos mandar de volta para o Iraque, eu e a minha mulher decidimos que nos suicidamos”, diz à AFP um dos ocupantes deste campo que começou a crescer no início do mês no Parque Maximilien, perto da Gare du Nord. Engenheiro em Bagdad, casado com uma psicóloga, o homem de cerca de trinta anos que prefere não dizer o nome continua nervoso e desconfiado. Diz ser “ateu” e espera que a Bélgica lhe atribua o estatuto de refugiado. Tal como centenas de homens, mulheres e crianças também ele encontrou um refúgio inesperado neste acampamento improvisado, onde reina uma atmosfera surpreendentemente descontraída. Todos eles, tenham vindo do Iraque, Síria, Somália, Eritreia ou Afeganistão, têm que esperar três a cinco dias para submeter o seu dossier no Serviço de Estrangeiros”. O campo nasceu em frente da sede desse organismo no momento em que o número de refugiados ultrapassou a capacidade de processamento destes serviços administrativos, que só conseguem tratar de 250 inscrições por dia. Sem saberem para onde ir, totalmente desprotegidos, os refugiados não tiveram outra escolha a não ser instalarem-se neste pequeno parque rodeado de edifícios de escritórios e prédios de habitação social, local de encontro habitual para os sem-abrigo e os toxicodependentes, situado não muito longe da sede das instituições europeias e do parlamento belga. Nos primeiros dias, cidadãos anónimos chegaram com algumas tendas, roupa ou comida. Depois estes bem-feitores criaram uma “plataforma cidadã” que contava no final desta semana com dez mil inscritos no Facebook. Em poucos dias, os voluntários, na maioria jovens, montaram uma pequena aldeia, com a ajuda de organizações não-governamentais. Fazer a triagem das doações que chegam em grande quantidade, organizar um posto médico e uma cozinha, orientar os novos voluntários e informar os refugiados sobre os passos a seguir: tudo está organizado no terreno. Mas o sistema permanece frágil, reconhece um dos voluntários. As famílias belgas continuam a chega com brinquedos e comida, propondo-se, às vezes, dar uma ajuda. “Eu até vi um senhor de fato e gravata a despejar o lixo dos caixotes”, conta Zained, um belga de origem iraquiana que ajuda como intérprete no campo. Alguns voluntários, no entanto, dizem-se chocados. “Estou orgulhoso de ver a velocidade com que esta solidariedade se organizou, mas também estou escandalizado. Um campo de refugiados é para países que não tem meios para fazer de outra maneira. Seria a última coisa que devíamos ver na capital da Europa”, critica Jean Pletinckx. Face à pressão mediática e das associações de apoio aos refugiados, o secretário de Estado para o Asilo e Migrações, o nacionalista flamengo Théo Francken, acabou por instalar 500 camas de campanha para os recém-chegados num edifício de escritórios ao lado do Serviço de Estrangeiros. Mas este centro de urgência só está aberto à noite, não tem duches e lá dentro não é permitido comer. “É completamente inadequado e indigno”, protesta Jean Pletinckx. Depois da sua abertura, há uma semana, o centro de urgência só recebe cerca de 20 pessoas por noite. Théo Francken censurou os refugiados que “preferem as suas tendas acolhedoras” e exigiu “um pedido de desculpa” aos críticos, provocando uma vaga de indignação entre a oposição e as agências humanitárias. Já esta segunda-feira, o primeiro-ministro Charles Michel deu ordem para que as condições de estadia no centro seja melhoradas, que ai sejam colocadas mais camas, e que este passe a estar aberto 24 horas por dia. O objectivo é "evacuar progressivamente" o acampamento do Parque Maximilien. Longe da polémica, um sírio de 52 anos, que partiu de Lattakia há um mês e chegou na passada quarta-feira a Bruxelas, recupera forças num banco do Parque Maximilien. “Aqui sente-se que há humanidade”, diz. Separado na Grécia dos seus filhos de 18 e 21 anos, que o regime sírio queria recrutar à força para o exército, ele considera “fantástico” o acolhimento recebido na Bélgica, e espera encontrar muito em breve os seus dois rapazes. AFP
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens campo mulher ajuda homem social mulheres refugiado
Algum dinheiro, mas poucas soluções para uma crise de refugiados sem fim à vista
Mais de meio milhão de pessoas cruzaram o Mediterrâneo desde Janeiro. Na ONU discute-se "abordagem global" aos êxodos mas a Europa continua divida na resposta (...)

Algum dinheiro, mas poucas soluções para uma crise de refugiados sem fim à vista
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 Mulheres Pontuação: 2 Migrantes Pontuação: 11 Refugiados Pontuação: 18 | Sentimento -0.2
DATA: 2015-10-01 | Jornal Público
URL: https://arquivo.pt/wayback/20151001171629/http://www.publico.pt/1709639
SUMÁRIO: Mais de meio milhão de pessoas cruzaram o Mediterrâneo desde Janeiro. Na ONU discute-se "abordagem global" aos êxodos mas a Europa continua divida na resposta
TEXTO: O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, convocou a reunião na esperança de que nela fosse definida uma “abordagem global” aos êxodos sem precedentes a que o mundo assiste, até agora sem respostas. A situação dos refugiados sírios – os milhões que sobrevivem nos países vizinhos e os milhares que tentam a sua sorte na Europa – sobrepõe-se na agenda, mas a Nova Iorque chegaram sobretudo ecos da divisão europeia e promessas de acção que vão pouco além do envio de dinheiro. A reunião, realizada no vórtice diplomático da Assembleia-Geral, acontece logo depois de a Rússia ter desencadeado os primeiros ataques aéreos na Síria, uma operação que dificulta um entendimento internacional para pôr fim ao conflito e pode desencadear novas vagas de refugiados. A iniciativa de Ban Ki-moon surge também depois de, na terça-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ter revelado novos números sobre a situação no Mediterrâneo: desde Janeiro, mais de meio milhão de pessoas arriscaram a vida no mar para chegar à Europa e perto de três mil morreram durante a travessia. As últimas vítimas foram uma mulher e uma criança, de que não se sabe ainda o nome ou a idade, que viajavam num barco insuflável que naufragou junto à ilha grega de Lesbos. E o ritmo não abranda. Só na terça-feira, chegaram mais seis mil pessoas às costas da Grécia e Itália, o que eleva para 520. 957 os refugiados que entraram na Europa por mar, adianta o ACNUR. Antecipando-se aos planos da União Europeia – que pretende que todos os refugiados sejam registados à chegada – milhares continuam a fazer-se à estrada, seguindo para norte através dos Balcãs. Terça-feira 6600 pessoas entraram na Hungria vindas da Croácia e na manhã desta quarta-feira mais uma dezena de autocarros chegou à fronteira. O corrupio que pode estancar em breve se a Hungria fechar aquela passagem, à semelhança do que fez a 15 de Setembro com a fronteira sérvia. Restará aos refugiados a passagem para a Eslovénia e Ljubljana já avisou que está apenas preparada para deixar passar alguns milhares em direcção à Áustria e à Alemanha. Pressionados pelos milhares que continuam a chegar e desiludidos com a falta de uma acção europeia concertada, estes dois países dão sinais de que estão a chegar ao limite: o Governo alemão reduziu o montante da ajuda financeira atribuída aos refugiados, ao mesmo tempo que duplicou as verbas atribuídas aos estados para acolherem os recém-chegados; a ministra do Interior austríaca, Johanna Milk-Leitner, avisou que se não houver um acordo internacional o país “poderá adoptar uma atitude mais estrita nas fronteiras, incluindo o uso da força”. Mais a norte, a Finlândia suspendeu a concessão de asilo a refugiados do Iraque e da Somália até concluir “uma avaliação sobre a segurança” nos dois países. Ban Ki-moon, que não calou a indignação ao ver a polícia húngara carregar contra os refugiados que tentavam entrar no país, insiste que os países europeus “devem fazer mais” para ajudar quem foge da guerra. Um apelo a que o primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, respondeu indo a Nova Iorque pedir “quotas mundiais” para a distribuição dos refugiados. “O estado da nossa União Europeia não é bom, as fissuras na solidariedade multiplicam-se”, lamentou o presidente da Comissão, Jean Claude Juncker. Divisões que o director-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacy Swing, vê como uma prova do “longo caminho que há a percorrer” até que seja possível “definir uma política global de longo prazo” para responder aos êxodos em curso no Médio Oriente e em África. Algo se mexe, porém. Na véspera do encontro sobre refugiados, o G7 (grupo de nações mais industrializados) e os países do Golfo prometeram um total de 1800 milhões de dólares para o ACNUR e o Programa Alimentar Mundial. O Japão anunciou, em separado, mais 1600 milhões, metade dos quais canalizados para a ajuda aos refugiados sírios e iraquianos. Uma ajuda que o alto comissário António Guterres agradeceu, lembrando que a ONU não está a conseguir assegurar o “mínimo vital” às pessoas ao seu cuidado. “Essa é uma das razões por que vemos cada vez mais refugiados partir para longe, porque se tornou impossível subsistir nos primeiros países de acolhimento”. Mas poucos parecem disponíveis para levar mais longe a solidariedade. Ao mesmo tempo que prometeu mais dinheiro, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, recusou a possibilidade de o Japão, um dos países mais envelhecidos do mundo, aceitar refugiados sírios. “Antes de aceitarmos imigrantes ou refugiados temos de conseguir ter mais mulheres e pessoas de idade a trabalhar e de aumentar a taxa de natalidade”. E numa entrevista à Reuters, o chefe da diplomacia do Qatar rejeitou as acusações de falta de solidariedade dos países do Golfo, afirmando que a população síria no país passou de 20 para 54 mil desde o início da guerra. Uma “hipocrisia” que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, denunciou na ONU. Muitos países aqui representados lidam com o problema de uma forma muito mais simples, não permitindo que migrantes e refugiados entrem de todo no seu território”
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
Nações Unidas contam já 100 mil refugiados
Quase cem mil pessoas, na maioria trabalhadores imigrantes, fugiram já da Líbia para os países vizinhos – sobretudo Egipto e Tunísia –, face à escalada da violência, só na última semana, foi indicado hoje pelo alto comissariado das Nações Unidas para os refugiados. (...)

Nações Unidas contam já 100 mil refugiados
MINORIA(S): Refugiados Pontuação: 16 Migrantes Pontuação: 3 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-02-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: Quase cem mil pessoas, na maioria trabalhadores imigrantes, fugiram já da Líbia para os países vizinhos – sobretudo Egipto e Tunísia –, face à escalada da violência, só na última semana, foi indicado hoje pelo alto comissariado das Nações Unidas para os refugiados.
TEXTO: Só na fronteira tunisina de Ras Jedir passaram mais de dez mil pessoas no sábado, precisou o Crescente Vermelho. “É uma crise humanitária e as nossas capacidades estão exaustas. Já há pessoas a dormirem ao relento”, contou o chefe da organização na Tunísia, Monji Slim, apelando a “ajuda urgente de todos para resolver este problema”. As Nações Unidas anunciaram que já têm uma operação na fronteira líbio-tunisina, com 20 funcionários e vários milhares de tendas para dar assistência de urgência aos refugiados. O Programa Mundial Alimentar lançou, entretanto, o alerta de que a rede de abastecimentos alimentares na Líbia está “à beira do colapso” e a Cruz Vermelha fez um apelo para ajuda médica de mais de seis milhões de dólares. A televisão estatal líbia desmentiu esta manhã que os guardas fronteiriços líbios tenham abandonado os seus postos naquela região – apesar de vários correspondentes de medias de todo o mundo testemunharem que os responsáveis pelos controlos fronteiriços já não se encontrarem na zona há pelo menos dois dias, tanto na passagem de Ras Jedir como na de Dahiba. É avançado porém pela agência noticiosa francesa AFP que ainda estão no local tropas leais a Khadafi.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda humanitária