Filipe Lima: má sorte ter de jogar última volta
Reedita em Itália mau dia final da semana anterior no Open de Portugal (...)

Filipe Lima: má sorte ter de jogar última volta
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.34
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Reedita em Itália mau dia final da semana anterior no Open de Portugal
TEXTO: Pela segunda semana seguida, Filipe Lima colocou-se no top-5 de um torneio do European Tour no início da última volta, mas acabou o torneio fora dos 20 primeiros. De qualquer modo, continua a subir todas as semanas na Corrida para o Dubai e hoje melhorou 24 posições para o 200. º posto do ranking da primeira divisão europeia. A 1. ª edição do Rocco Forte Open deverá ter tido o mesmo sabor agridoce para Filipe Lima do 55. º Open de Portugal@Morgado Golf Resort da semana passada. Tal como em Portimão, também hoje (Domingo) o nº2 português começou bem, com birdies nos buracos 1 e 2. Nessa altura estava no 3º lugar, ele que tinha terminado os primeiros 18 buracos em 7. º, os primeiros 36 em 6. º e os primeiros 54 em 5. º. Mas no final da prova siciliana de 1 milhão de euros em prémios monetários, tinha tombado para o grupo dos 31º classificados, com 280 pancadas, 4 abaixo do Par, após voltas de 64, 67, 73 e 76. As 5 acima do Par de hoje, no campo do Verdura Golf Club, ficaram sobretudo a dever-se a 1 triplo-bogey no buraco 4, onde tinha feito birdie nos dois dias anteriores, com destaque para o birdie de ontem alcançado com 1 chip-in!Foi a partir daí que o atleta olímpico descarrilou, perdendo mais pancadas nos buracos 5, 6, 10 e 11. Tentou reerguer-se com birdies no 12 e 13, mas voltou a sofrer bogeys no 15 e 16. Uma volta, realmente, muito parecida com a última de há uma semana no Morgado Golf Course. Sente-se, sem dúvida, que Filipe Lima poderia ter entrado facilmente no top-150 da Corrida para o Dubai se tivesse conseguido um top-5 num destes dois torneios, ele que não alcança um top-5 no European Tour desde o Madeira Islands Open BPI de 2011. Mas, por outro lado, percebe-se que o português residente em França tem andado a bater à porta e não anda longe de um grande resultado. Em Itália passou o seu segundo cut seguido no European Tour, algo que não conseguia desde 2014, e com os 7. 785 euros que embolsou hoje, a juntar aos 5. 425 da semana passada no Algarve, começa a recuperar os gastos efetuados sem retorno no início desta época, depois de cuts falhados na Índia, Marrocos e China. O nº1 português, Ricardo Melo Gouveia, optou por não jogar no Rocco Forte Open e não foi demasiado penalizado por isso, caindo na Corrida para o Dubai de 95º para 99º. Na semana que amanhã começa, o português residente em Inglaterra irá jogar o conceituado BMW PGA Championship, nos arredores de Londres, onde poderá fazer uma grande prova. Voltando ao torneio siciliano, foi conquistado pelo espanhol Álvaro Quirós, que viu desvanecer-se hoje a vantagem de 5 pancadas de que dispunha e só conseguiu triunfar no segundo buraco de play-off frente ao sul-africano Zander Lombard. Quirós alinhou voltas de 63, 64, 70 e 73, para um agregado de 270 (-14), enquanto Lombard agregou cartões de 62, 68, 72 e 68. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O espanhol de 34 anos, campeão do Portugal Masters em 2008, conquistou o seu 7. º título no European Tour, mas apenas o seu primeiro após um jejum de seis anos. Quirós, muito popular em Portugal por ter vivido quatro anos em Vilamoura – agora reside no Dubai –, regressa assim ao European Tour e deixa de ser um rival para Ricardo Santos no Challenge Tour. Veja mais em www. golftattoo. com
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
O modo de vida ocidental é cada vez mais um alvo para o Daesh
As eleições de 8 de Junho realizar-se-ão ainda em estado de alerta máximo? Terroristas põem em causa valores democráticos. (...)

O modo de vida ocidental é cada vez mais um alvo para o Daesh
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: As eleições de 8 de Junho realizar-se-ão ainda em estado de alerta máximo? Terroristas põem em causa valores democráticos.
TEXTO: Ainda não é de esperar que andem nas ruas com grandes metralhadoras de forma tão óbvia como em Paris ou Bruxelas, mas os primeiros 980 soldados dos perto de 4000 que serão mobilizados para proteger os cidadãos britânicos, uma vez declarado o estado de alerta máximo, estão já em acção, em resposta ao atentado de Manchester, que teve como alvo crianças e adolescentes. Foi um ataque contra o modo de vida ocidental, que a Al-Qaeda poderia hesitar em cometer. Mas o Daesh, empenhado numa guerra sem tréguas com o Ocidente, que o faz perder terreno na Síria e no Iraque, não hesitou. O Daesh quer cometer uma atrocidade terrorista “enorme e espectacular” no Reino Unido, e pode ter treinado paramilitares para fazer ataques, disse no início de Março Mark Rowley, especialista em contraterrorismo e comissário adjunto da Scotland Yard, citado pelo Guardian. “Nos últimos meses, verificámos que há muitos mais planos para atacar alvos relativos ao estilo de vida ocidental. O foco deixou de ser apenas matar polícias e militares, como símbolos do Estado, para algo muito mais vasto”, disse Rowley, referindo-se ao que tem sido notado na vigilância do Daesh. “E vemos um grupo terrorista que tem grandes ambições para ataques espectaculares, não apenas os que conseguimos debelar até agora. ”Tudo isto acontece num período pré-eleitoral – os britânicos vão às urnas a 8 de Junho, numas legislativas antecipadas. O que levou alguns críticos a considerarem que havia aproveitamento eleitoral da primeira-ministra Theresa May ao declarar o estado de alerta máximo. “Ninguém quer que este estado marcial dure tanto que nos habituemos a ele, que se normalize, como talvez tenha acontecido em França. Especificamente, devemos esperar que não haja tropas nas ruas do Reino Unido a 8 de Junho. Isso seria como votar debaixo de um cerco”, escreveu Jonathan Freedland no Guardian. “Nada agradaria mais ao Daesh do que ver as democracias ocidentais abraçarem a sua visão louca de uma guerra santa que oponha muçulmanos contra cristãos”, escreveu o New York Times em editorial, do outro lado do Atlântico. A polícia britânica suspeita de que exista uma rede por trás do atentado de Manchester, e isso não seria estranho – Manchester, junto com Birmingham, onde vivia o autor do ataque contra o Parlamento de Londres, a 22 de Março, é um dos pontos quentes do radicalismo islâmico no Reino Unido, e também uma das cidades de maior diversidade cultural. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A ideia de que os atentados na Europa são cometidos por “lobos solitários”, incentivados através da Internet, está a ser abandonada, à medida que se compreende melhor o funcionamento das redes jihadistas. Por trás dos atentados que parecem cometidos por um homem sozinho, existe muitas vezes uma série de apoios – que lhe arranjam as armas, viaturas de fuga ou de atentado, e identificam os alvos. É que, para além de ser um ataque contra o estilo de vida ocidental, diz o jornal de Nova Iorque, detecta-se uma vontade nos terroristas “de provocar uma sede de vingança e um desejo de segurança absoluta tão intenso que pode varrer até os valores democráticos mais preciosos e acabar com as sociedades mais inclusivas”. Sinal da facilidade com que as coisas acontecem: a polémica editorialista do Daily Mail Kathie Hopkins, conhecida pelas declarações racistas, escreveu no Twitter que é necessária uma “solução final” contra o terrorismo. Depois apagou, alertada para a analogia nazi, e escreveu “verdadeira solução. ”
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave guerra ataque homem
Norte-americano recebeu louvor por álbum de rap que entregou como dissertação
Em Harvard, nunca tinha acontecido. Um aluno entregou uma dissertação de final de curso em disco e não se arrependeu. (...)

Norte-americano recebeu louvor por álbum de rap que entregou como dissertação
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2017-05-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em Harvard, nunca tinha acontecido. Um aluno entregou uma dissertação de final de curso em disco e não se arrependeu.
TEXTO: Em vez de um ensaio, uma colecção de poemas ou um romance, o americano Obasi Shaw, 20 anos, estudante de Literatura na Universidade de Harvard, escolheu entregar como monografia um álbum de rap com dez faixas. O trabalho recebeu a segunda maior nota no seu departamento, além de um louvor, apesar de ser a primeira vez que um trabalho semelhante é entregue em Harvard. O álbum, que se intitula Liminal Minds, tem dez temas originais, compostos e interpretados por Shaw, sendo cada uma das faixas contadas a partir da perspectiva de personagens diferentes. O formato é inspirado numa peça do século XVI de Geoffrey Chaucer (Os Contos de Cantuária), que aborda a identidade negra nos Estados Unidos. O jovem músico de 20 anos, que nasceu nos subúrbios de Atalanta, afirmou que nunca pensou conseguir entrar em Harvard, acrescentando que com o álbum tentou apenas “fazer algo de diferente”. As suas grandes referências são rappers como Kendrick Lamar ou Kanye West, citando também o romancista, ensaísta, poeta e activista James Baldwin, como um influência. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Em alguns temas, tal como Baldwin, o jovem Obasi Shaw discorre sobre escravidão e violência. "Os afro-americanos são livres mas os efeitos da escravatura ainda existem", disse à CBS Boston. "Cada canção é uma análise desse estado entre a escravatura e a liberdade". Afirmou ainda que a ideia de apresentar os seus poemas em forma de rap, em vez de entregar uma dissertação escrita, lhe surgiu depois de ter actuado no campus da universidade. Por sua vez a instituição refere que o projecto de Shaw combina “elementos da poesia inglesa com questões da identidade racial na América”. Ele, por sua vez, afirma que “o rap é um género que me permite dizer o que eu preciso dizer”, sendo o seu meio de expressão ideal.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave violência género negra escravatura
Autódromo do Estoril está ilegal há 45 anos
Histórico circuito foi edificado sem licença de construção e não tem licença de utilização. Câmara de Cascais desconhecia o caso e admite expropriação. (...)

Autódromo do Estoril está ilegal há 45 anos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.5
DATA: 2017-05-25 | Jornal Público
SUMÁRIO: Histórico circuito foi edificado sem licença de construção e não tem licença de utilização. Câmara de Cascais desconhecia o caso e admite expropriação.
TEXTO: Faz parte da paisagem da freguesia de Alcabideche, no concelho de Cascais, e é um dos mais emblemáticos equipamentos desportivos nacionais. Oficialmente inaugurado a 17 de Junho de 1972, o Autódromo do Estoril (AE) foi o primeiro circuito totalmente dedicado às competições motorizadas em Portugal, tendo acolhido grandes provas internacionais de Fórmula 1 e MotoGP. Por lá passaram chefes-de-Estado, alguns dos pilotos mais consagrados da história e multidões de fãs entusiastas mais ou menos anónimos. Mas, 45 anos depois de ter aberto as portas, esta infra-estrutura continua em situação ilegal, sem licença de construção ou de utilização. E foi assim que foi parar às mãos do Estado, há já duas décadas. Começou a ser edificado, no início dos anos de 1970, sem as devidas autorizações; a escritura de compra e venda do grosso dos terrenos onde foi construído foi celebrada dois anos após a inauguração, pouco depois do 25 de Abril de 1974; tomou posse ilegal de terrenos camarários e outros privados; recebeu ameaças de expropriação por parte da Câmara Municipal de Cascais (CMC), mas, apesar das anomalias, o município e o Estado acabaram por promover e suportar, com o Erário Público, obras de vulto no circuito para corresponder às exigências da Fórmula 1. Através de um intitulado Acordo Global, celebrado em 1997, acabou por transitar para a esfera pública, por dação em pagamento, para liquidar dívidas do Grupo Grão-Pará ao Fisco, Segurança Social, Fundo de Turismo e Tesouro. Estes são alguns dos ingredientes da conturbada história do AE. Para a contar é necessário recuar a 1966-67, quando a luso-brasileira Fernanda Pires da Silva, fundadora do Grão-Pará, grupo empresarial centrado na construção e no turismo, acordou com o também empresário e amigo Lúcio Tomé Feteira a compra de uma área de terreno, de cerca de 75 hectares, conhecida por Santo António da Ribeira da Penha Longa. Radicada no Brasil durante muitos anos, a empresária participara na construção dos autódromos internacionais de Brasília e do Rio de Janeiro, que serviriam de inspiração para projectar um equipamento idêntico em Portugal. Um autódromo que estaria integrado num ambicioso empreendimento turístico-desportivo de grande dimensão, o maior do país, que garantiria a rentabilidade da exploração do circuito. O projecto incluía um drive-in, clube de lazer, aldeia olímpica, pavilhões para exposições, hotel e aparthotel, restaurantes, bares, campos de ténis, boîtes, shopping center, lojas, escritórios e um museu do automóvel. Quase nada saiu do papel, para além do próprio autódromo. Já em 1968, face aos entraves burocráticos, Fernanda Pires da Silva decidiu avançar com a construção do circuito, sem as necessárias autorizações. Um dos primeiros problemas foi a insuficiência do terreno disponível para a construção das pistas, o que levou a Grão-Pará a anexar outras parcelas que não lhe pertenceriam. Finalmente, em Junho de 1972, o AE seria oficialmente inaugurado pelo Presidente da República Américo Tomás, acompanhado por vários membros do Governo de Marcello Caetano. O regime apadrinhava um equipamento que prometia colocar Portugal no mapa dos maiores eventos motorizados mundiais e aliviar um pouco o ostracismo internacional a que o país estava vetado. Para a construção e gestão do circuito foi constituída a empresa Autodril – Sociedade do Autódromo do Estoril. Em Maio de 1971 arrancou a empreitada, que seria concluída em apenas 11 meses. Após a inauguração, o então presidente da CMC José Guedes Pinto Machado, num ofício dirigido à Autodril, reconheceu o interesse do complexo desportivo, salientando “a excepcional importância” da obra para o concelho, sem nenhuma referência ao facto de mesma ter sido construída sem licença. Se, por um lado, a autarquia reconhecia o interesse público do empreendimento, por outro, os serviços camarários levantavam a questão do mesmo ter “ocupado terreno municipal”, como revela um documento emitido logo a 18 de Março de 1972, consultado pelo PÚBLICO no Arquivo Histórico Municipal da CMC. Uma circunstância que impediu sempre que o município emitisse as respectivas autorizações de construção. Já em Julho de 1972, poucos dias depois da inauguração, o presidente da CMC expôs directamente a situação à Autodril, por carta. “Tem esta Câmara conhecimento que essa sociedade construiu uma pista de automóveis do autódromo do Estoril em parte de terreno baldio municipal da Ribeira da Penha Longa e ainda que nas instalações do autódromo foi englobado um outro baldio municipal”, revela a missiva, exigindo a regularização da situação “o mais rapidamente possível”. Em resposta, a própria Autodril, a 19 de Dezembro do mesmo ano, assumiu a necessidade da “ocupação dos terrenos propriedade da Câmara” para a construção da pista, com uma área de “aproximadamente 12. 065 m2”, solicitando ao presidente da autarquia as condições para a sua cedência. O município mostrou-se disponível para estudar a hipótese de uma permuta de terrenos, mas o processo não avançou e a situação de ilegalidade do equipamento iria manter-se. Os agitados dias que se seguiram à Revolução de Abril de 1974 trouxeram novos desenvolvimentos ao processo. Logo no final de Maio, uma carta enviada pela administração da Autodril ao presidente da Comissão Administrativa da CMC, sintetiza o historial do equipamento. Admitindo ter iniciado as obras sem os devidos licenciamentos e de ter ocupado “um baldio municipal”, ressalvava que a obra “iniciara-se e prosseguira com o conhecimento e anuência” dos anteriores responsáveis camarários e “fora inaugurada na presença das mais representativas autoridades do país”, mostrando-se disponível para regularizar a situação. Em suma, admitia a ilegalidade do AE, mas sublinhava que esta não era uma obra clandestina, pela visibilidade pública que a rodeou. Paralelamente, a 14 de Junho de 1974, mais de três anos após o início das obras e dois depois da inauguração, a Autodril (representada por Abel Pinheiro e João Paulo Teotónio Pereira, filhos de Fernanda Pires da Silva) e a empresa Ribalonga – Empreendimentos Urbanísticos (através do empresário luso-brasileiro Lúcio Tomé Feiteira), formalizam a escritura de compra e venda dos terrenos, com uma área de 500 mil metros quadrados, junto do 12. º Cartório Notarial de Lisboa, por um preço global de 20 milhões de escudos (100 mil euros). Na referida escritura, consultada pelo PÚBLICO, Tomé Feteira deixa algumas ressalvas, salientando a necessidade da Autodril negociar algumas áreas existentes no perímetro da propriedade que vendia e que não pertenciam à Ribalonga: “A sociedade vendedora não assume qualquer responsabilidade no que se refere aos enclaves pertencentes a terceiros e compreendidos no referido perímetro, mas reconhece à compradora o direito de proceder a todas as diligências que entenda, quer com a Câmara Municipal de Cascais, quer com particulares ou com outras entidades, com o fim de as adquirir. ”A partir de Dezembro de 1974, o processo junto da CMC conhece uma travagem brusca, quando as empresas do Grupo Grão-Pará, nomeadamente o AE, são ocupados e intervencionados, com Fernanda Pires da Silva e familiares a partirem para o exílio. Durante este período conturbado, logo em 1975, a Comissão Administrativa da Autodril, nomeada pelo Governo, chega a propor a venda do circuito ou a sua demolição “para aproveitamento dos terrenos”. Nenhuma das hipóteses avança, mas o autódromo fica ao abandono e alguns dos seus equipamentos acabam por ser destruídos e saqueados. A “intervenção” irá durar até Maio de 1978, quando todas as empresas do grupo são devolvidas aos seus accionistas originais. Iniciam-se, então, as obras de recuperação do AE. A partir de 1980, a Autodril volta a tentar junto da CMC a aprovação do projecto do Complexo Turístico-Desportivo, mas o processo será sempre reprovado pela autarquia. Uma das principais razões continuava a prender-se com a ocupação de terrenos baldios. “Não deverá ser apreciada qualquer iniciativa no complexo do Autódromo do Estoril, enquanto não estiver regularizada a ocupação indevida de terrenos baldios e municipais, pelo autódromo”, pode ler-se num ofício enviado pela autarquia à Autodril, em Fevereiro de 1982. Num outro documento, também dirigido à Autodril, em Março de 1984, a CMC volta a apresentar condições para deferir qualquer projecto apresentado pela empresa do Grupo Grão-Pará relacionada com o AE. Em primeiro lugar, insiste na regularização da situação dos terrenos, admitindo que a mesma estaria em curso, para encerrar o litígio que impediu “o levantamento da licença do projecto inicial”; em segundo, exige a apresentação de um “novo projecto com todas as construções existentes no Autódromo, a fim de merecerem despacho conjunto da CMC e de vir a legalizar, definitivamente, todo o processo”. A possibilidade de um Grande Prémio (GP) de Fórmula 1 (F1) vir a realizar-se no circuito vai, entretanto, trazer novos desenvolvimentos. A promoção turística do país passou a ser um desígnio assumido pelos sucessivos Governos e a prova automobilística com maior expressão internacional servia como uma luva a esses propósitos. A circunstância da ilegalidade da obra e a ocupação indevida de terrenos camarários passou, por momentos, para um plano secundário. Após negociações, a 12 de Junho de 1984, a Autodril assinou um protocolo com a CMC, então presidida por Helena Roseta (1982-85), no qual a autarquia seria autorizada a utilizar as instalações do AE, no máximo de quatro vezes por ano, durante 25 anos, para a realização de provas de F1 e de mais três eventos desportivos, entre os quais o Rali de Portugal. As obras de adaptação e melhoramento para a realização destes eventos ficariam a cargo do município, que avançou com 70 milhões de escudos (350 mil euros), provenientes da Comissão de Obras da Zona do Jogo do Estoril. A 20 de Outubro de 1984, realizou-se o primeiro GP de F1 no circuito, que iria acolher a competição ininterruptamente até 1996. Durante estes 12 anos, o Erário Público irá investir cerca de 2, 1 milhões de contos (aproximadamente 10, 5 milhões de euros) em obras no AE, para dar resposta às crescentes exigência dos promotores e organizadores do GP de F1. Mas, rapidamente, as relações entre a autarquia e a Autodril iriam deteriorar-se. Ainda em Dezembro de 1984, Helena Roseta pedia publicamente a expropriação e municipalização do AE, alegando a necessidade de sanar uma situação desequilibrada, “em desfavor do interesse público”. De acordo com a autarca, a Autodril não estaria em condições de cumprir as cláusulas do protocolo assinado seis meses antes. “Há um compromisso com a Fórmula 1 por dez anos, que nos obriga a ter a pista operacional. Perguntamos: que sentido faz investir ali milhares de contos todos os anos sem termos contrapartidas equitativas?”Helena Roseta entendia que a impossibilidade da Autodril cumprir o acordo relacionava-se com uma velha dívida da empresa à CMC, avaliada em 11. 472 contos (57 mil euros), fruto do não pagamento dos terrenos baldios e municipais, indevidamente ocupados. A autarca apontava ainda o facto de a Autodril protelar “deliberadamente” a regularização da situação dos terrenos baldios, posteriormente passados ao domínio privado municipal, “ao arrepio do protocolo assinado entre as partes”, reiterando que o AE “fora construído sem licença da câmara”. O cenário da expropriação acabaria por cair, apesar de ter sido aprovado pelo executivo municipal. O diferendo em relação aos terrenos municipais irá permanecer inalterado até Fevereiro de 1998, após a assinatura do Acordo Global, estabelecido entre a Autodril e o Estado, a 8 de Julho do ano anterior. O acordo previa que o Grupo Grão-Pará entregasse bens ao Estado, por dação em pagamento (no âmbito do Plano Mateus), para liquidar dívidas ao Fisco, Segurança Social e Apoio ao Turismo e Tesouro ao Estado, concluindo um contencioso judicial com mais de 20 anos e um processo negocial que se arrastava desde 1991. Entre os bens entregues pelo grupo empresarial de Fernanda Pires da Silva (avaliados em 20 milhões de contos: cerca de 100 milhões de contos), contava-se 51% do capital da recém-constituída Sociedade Gestora (SGA) do Autódromo Fernanda Pires da Silva. Mais tarde, já em Junho de 2002, o Estado passaria a controlar a totalidade do capital da SGA, após a Grão-Pará ter cedido os 49% das acções que ainda detinha na sociedade à Caixa Geral de Depósitos, para liquidar uma dívida de 10 milhões de euros. O equipamento passou então para a esfera da Parpública (empresa gestora das participações do Estado), onde ainda permanece, depois do Tribunal de Contas ter vetado a compra do equipamento pela CMC, no final de 2015, por 4, 9 milhões de euros. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Nos termos do Acordo Global, a Autodril comprometeu-se a adquirir à CMC os terrenos municipais, acabando por pagar pelos mesmos 612 mil contos (aproximadamente três milhões de euros), enquanto a autarquia iria adquirir os terrenos desta empresa, que ocupara desde 1975, por 101 mil contos (503 mil euros). Resolvia-se a questão dos terrenos ilegitimamente ocupados, mas permaneceria o problema da falta de licenciamento e legalidade do equipamento, que permanece até aos dias de hoje. Entretanto, começaram também a surgir privados a reivindicar a posse de terrenos dentro do autódromo, que teriam sido ocupados ilegitimamente pela Grão-Pará. Segundo o PÚBLICO apurou, dois desses proprietários terão feito diligências junto da CMC para reivindicar os seus direitos, quando surgiu a possibilidade do equipamento passar para a esfera municipal, em 2015, antes do chumbo do Tribunal de Contas. Um dos casos, envolvendo os herdeiros de Manuel da Conceição Reis, que reclamava três lotes de terreno, localizados junto da Curva 3 do circuito, viu o tribunal de primeira instância dar-lhes razão, em 2013. Mas um recurso interposto pela Autodril acabou por conseguir anular a sentença na Relação, no início de Março deste ano. Os herdeiros já interpuseram um recurso para o Supremo Tribunal de Justiça, aguardando-se a decisão.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos tribunal social ilegal
No país do baile, o fado é música para escuchar
A Colômbia é o país da salsa, não está para nostalgias. Há sempre excepções. O fado corre no sangue de uma pasteleira colombiana. (...)

No país do baile, o fado é música para escuchar
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: A Colômbia é o país da salsa, não está para nostalgias. Há sempre excepções. O fado corre no sangue de uma pasteleira colombiana.
TEXTO: Uma música de acordeão atravessa as ruas vazias da zona norte de Bogotá na quinta-feira à noite. “Moralito, Moralito se creíaaa que él a mí, que él a mí me iba a ganar” Qualquer colombiano conhece a canção, um vallenato composto em 1938 que é uma espécie de hino não-oficial do país. Mas acontece que no carro onde se escuta La gota fría só há portugueses. Desde que chegou à capital colombiana, há uma semana, a fadista Katia Guerreiro está a tentar memorizar as letras da canção. Dois dos músicos que a vão acompanhar no concerto que vai dar este sábado à noite no Teatro Jorge Eliécer Gaitán escutam La gota fría pela primeira vez mas captam a melodia instantaneamente, como quem fotografa. “Lá maior. . . Mi menor”, diz Francisco Gaspar, baixo acústico. “Há momentos em que ele vai a sol e vai a dó”, nota, segundos depois, Pedro Castro, guitarra portuguesa. “E isto não vai acontecer. ”Katia Guerreiro gosta de citar uma frase que uma vez ouviu do maestro António Victorino d’Almeida: “Tudo pode ser fado, mas fado não pode ser tudo”. A fadista tem feito por provar a primeira parte desse veredicto. Há cerca de um ano, cantou Não me toca, de Anselmo Ralph, num programa de televisão (“Tu disseste que eras inocente, baby / E não eras esse homem que dizias ser. . . ”). Recentemente, numa digressão pelo México, fez audições a grupos de mariachis que actuam nas ruas para tocarem Cielito lindo nos seus concertos. “Era o final do espectáculo: entravam os mariachis a tocar e eu cantava com eles”, conta a fadista. Katia Guerreiro, que integra a comitiva portuguesa presente na Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo), vai cantar La gota fría esta noite de sábado, no final do seu concerto, o primeiro na capital colombiana. “Quando chego a um país pela primeira vez gosto de fazer isto: cantar uma música emblemática, tradicional, desse lugar. Um pouco como uma retribuição do carinho que recebemos do público. Como quem diz: Nós também estamos convosco. E isto aprendemos com a Amália, evidentemente. ”Fado no sangueDois dias antes, Katia deu uma masterclass sobre fado na Universidade de Los Andes. Em vez de sublinhar a identidade nacional do fado, insistiu em apresentá-lo com uma música do mundo. “Tem uma força que consegue abrir os corações de um povo tão formal como o são os japoneses”, disse. “O fado tornou-se uma canção pelo mundo e de todo o mundo. Cantamos em salas com dois mil, três mil espectadores. ”O panorama mudou muito nos últimos anos. “As pessoas em Portugal não fazem ideia. Devem achar que cantamos para as comunidades portuguesas”, nota Katia Guerreiro, já depois da sua aula de fado. Há quem aprenda português por causa do fado, diz. Uma japonesa procurou-a no final de um concerto, trazendo as letras dos seus fados com a fonética japonesa anotada por cima: será que Katia podia ajudá-la a articular melhor os sons? Uma mezzo-soprano espanhola, intérprete de Rossini, Mozart e Bizet, pediu-lhe que a ensinasse a cantar fado (antes de, aparentemente, concluir que não era capaz). Um irlandês viajou para Berlim para vê-la cantar. “Fado, para mim, é algo de que uma pessoa se apropria. Não é uma coisa a que simplesmente assistes enquanto espectador”, diz Julia Sosnitsky, uma colombiana de 33 anos que esteve presente na masterclass de Katia Guerreiro. “Creio que tem a ver com a genética e a história de cada um. Gosto muito de música africana, mas não a sinto no meu sangue. O fado, sim. ”Na Colômbia, a música é para bailar. “A Colômbia não é um país triste e não entende a nostalgia”, diz Julia, mas ela é filha de argentinos, e a Argentina, “sí, es muy nostálgica”. Descobriu o fado com o pai, amante de tango, a quem mandou um sms durante a masterclass, citando Katia Guerreiro: “O fado é uma música que cura almas por todo o lado”. O pai confirmou: “Seguro!!!”Julia estudou artes plásticas e música na Universidade de Los Andes. Depois foi para a Argentina aprender cozinha. Hoje é uma das sócias de uma pastelaria cosmopolita na zona norte de Bogotá, Les Amis Bizcochería. “Não me tornei música porque não quis. Não queria fazer do que mais gostava uma obrigação”, explica. A Colômbia não tem uma canção nacional: cada região tem a sua música, da mesma forma que cada região tem o seu clima e a sua paisagem. E as diferenças de classe, num país visivelmente “sectorizado”, como diz Julia, manifestam-se nas preferências musicais dos colombianos. O vallenato, por exemplo, é um género muito popular entre os estratos mais baixos (de origem indígena, rural), mas é desprezado pelas classes mais altas (brancos, de ascendência europeia). Os colombianos terão sempre a salsa. “Talvez seja a menos estratificada. Em todas as partes do país se ouve salsa. Há grupos muito jovens, que a estão a modernizar”, explica Julia. É, então, a música nacional da Colômbia?“No sentido de que toda a gente gosta, mas não que as represente. ”O vallenato também é música para bailar. Mas esta noite de sábado há-de ser fado. Música para escuchar. O PÚBLICO viajou a convite da agência Invest In Bogotá e da Embaixada de Portugal em Bogotá
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave filha homem género espécie
O regresso de Tiger, o líder Kisner e o “peido cerebral” de Spieth
147.º Open Britânico, terceiro ‘major’ do ano, começou hoje no Carnoustie Golf Links, Escócia (...)

O regresso de Tiger, o líder Kisner e o “peido cerebral” de Spieth
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: 147.º Open Britânico, terceiro ‘major’ do ano, começou hoje no Carnoustie Golf Links, Escócia
TEXTO: Pelos seus recorrentes problemas nas costas, em 2016 e 2017 TIger Woods não jogou qualquer um dos quatro torneios do Grand Slam. Este ano já participou em dois (Masters Tournament, em que foi 32. º empatado; e Open dos EUA, eliminado pelo cut) e hoje começou o terceiro, o 147. º The Open Championship, a decorrer no Carnoustie Golf Links, Escócia, e também conhecido por British Open, que ele já ganhou três vezes – em 2000 e 2005, em ambos os casos no Old Course de St. Andrews, e em 2006, no Royal Liverpool. Woods soma 14 majors no seu palmarés, o segundo melhor registo da história neste capítulo, apenas superado pelo compatriota Jack Nicklaus (18), já há muito reformado. Partindo sob os bons auspícios do seu melhor registo do ano, obtido a 1 de Julho com o 4. º lugar no Quicken Loans National, em Maryland, o antigo dominador da modalidade, hoje já 71. º mundial depois uma descida aos fundos do ranking, começou muito forte com dois birdies nos primeiros quatro buracos de jogo -- e assim seguia, com duas abaixo do Par, após 12 buracos, mas os restantes seis foram jogados em +2, com bogeys no 13 e no 15. Com 71 (Par) a abrir, coloca-se nos 33. ºs entre 156 jogadores e mantém tudo em aberto para as restantes três voltas. Num campo de superfícies extremamente firmes e rápidas, mas sem a inclemência do vento, o líder, com 66 (-5), é Kevin Kisner, um norte-americano da Carolina do Sul, de 34 anos e 33. º no ranking mundial. Precisou apenas de 22 putts ao longo dos 18 buracos, embora tenha batido outras pancadas com o putter em algumas ocasiões em que falhou o green-in-regulation (falhou metade dos greens). No seu cartão de jogo ficaram registado quatro birdies, um eagle e um bogey. Esta é sua quarta participação no The Open, sendo que nas três primeiras o melhor que conseguiu foi o 54. º lugar empatado em 2017. “Se eu fizer 22 putts nos próximos três dias, aposto que tenho boas chances”, afirmou Kisner. “Hoje acho que só bati quatro drives todo o dia, talvez cinco. Só quero a bola no fairway porque não é um campo de golfe excessivamente longo. Amanhã prevê-se chuva mas julgo que não é por isso que o campo vai ser jogado diferentemente. ”Um trio de sul-africanos está nos lugares cimeiros – e não são aqueles que se esperariam, visto que todos eles estão fora do top-100 mundial: Erik Van Rooyen, Zander Lombard e Brandon Stone, este, no entanto, o vencedor, no último domingo, do Open da Escócia. Os dois primeiros marcaram 67 pancadas e estão no trio dos segundos classificados, juntamente o norte-americano Tony Finau; o terceiro fez 68 e está nos 5. ºs empatados com os americanos Ryan Moore e Brendan Steele. O detentor do título, o jovem norte-americano Jordan Spieth, n. º 6 mundial, estava a fazer uma boa exibição até ao momento em que, no buraco 15, decidiu puxar do saco um ferro 6 em vez de um 5. O shot ficou curto e a bola foi parar a um pot bunker, o que resultou num duplo bogey que descarrilou a sua volta. Chamou a este contratempo um “peido cerebral”. Acabaria com 72 (+1) para se posicionar no grupo dos 50ºs (no limite do cut provisório), no qual se encontram mais três jogadores do top-10 mundial, dois ingleses – Justin Rose (n. º 3) e Tommy Fleetwood (n. º 10) – e um compatriota americano, Brooks Koepka (n. º 4), que em Junho cometeu a rara proeza de revalidar o título no Open dos EUA. O n. º 1 mundial Dustin Johnson (76) e o n. º 12, Patrick Reed (75), foram as maiores desilusões, parecendo estar já fora da corrida. Johnson era o favorito nas bolsas de apostas e Reed, vencedor do Masters em Abril, nunca terminou abaixo dos quatro primeiros nos últimos três torneios do Grand Slam. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Veja mais em www. golftattoo. com
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Israel acusado de tornar constitucional discriminação de quem não é judeu
Associações como a Human Rights Watch, políticos da União Europeia e organizações que representam a minoria árabe expressaram preocupação com efeitos da lei que declara Israel o “Estado do povo judaico” e no qual apenas este tem “direito de autodeterminação”. (...)

Israel acusado de tornar constitucional discriminação de quem não é judeu
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Associações como a Human Rights Watch, políticos da União Europeia e organizações que representam a minoria árabe expressaram preocupação com efeitos da lei que declara Israel o “Estado do povo judaico” e no qual apenas este tem “direito de autodeterminação”.
TEXTO: Após oito horas de debate no Parlamento (Knesset), e sete anos após ter sido proposta pela primeira vez, a Lei do Estado-nação, ou melhor a “Lei básica: Israel como o Estado-Nação para o povo judaico”, foi aprovada com 62 deputados a favor e 55 contra. Houve duas abstenções, uma delas de Benny Begin, filho do antigo primeiro-ministro Menachem Begin que foi fundador do Likud. A lei, promovida precisamente pelo Likud, diz que “Israel é a pátria histórica do povo judaico e, nela, ele tem um direito exclusivo à autodeterminação nacional”, segundo a tradução para inglês do diário hebraico Ha’aretz. Consagra Jerusalém “unida” como capital – ignorando a pretensão dos palestinianos a Jerusalém Oriental – e define que o hebraico é a única língua oficial, diminuindo o estatuto do árabe, que de oficial passa a ter um estatuto protegido. A lei, que tem valor constitucional (Israel não tem uma constituição, mas sim uma série de leis básicas) também define a bandeira e a menorah (candelabro de sete braços) como símbolo do Estado, decreta que o Shabbat e as festas judaicas são feriado (os não-judeus terão direito a descanso nos seus dias santos), e define que o Estado irá trabalhar com a diáspora para preservar a afinidade entre Israel e o povo judaico e a tradição e cultura histórica e ideológica dos judeus na diáspora. Também declara que o Estado dá “valor nacional” ao “estabelecimento de comunidades judaicas” e irá “encorajar e promover o seu estabelecimento e consolidação”. Na proposta de lei, que levou meses a ser discutida, chegou a ser proposto que o Supremo Tribunal avaliasse as leis tendo como primeiro critério o carácter judaico do Estado e depois o democrático, mas esta cláusula foi das primeiras a cair. A última a cair foi a que dizia que a lei judaica seria usada como precedente em casos em que não houvesse precedentes na lei civil, e a cláusula sobre as comunidades foi alterada – antes a proposta previa que fosse possível o estabelecimento de “comunidades homogéneas” de religião ou nacionalidade, o que levou a avisos de que a lei seria revertida pelo Supremo por permitir discriminação. Mas críticos da lei dizem que mesmo sem esta cláusula a lei continua a permitir discriminação. “A Lei do Estado-nação codifica com mandato constitucional o que guiou a política israelita durante anos: a supremacia judaica sobre os palestinianos, que são 50% da população entre o Rio Jordão e o Mediterrâneo [território que inclui Israel e os territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza] e 20% em Israel”, declarou Omar Shakir, representante da Human Rights Watch em Israel. “Esta é a lógica por trás de um regime de discriminação institucional e de abuso sistemático dos direitos. ”A organização Adalah, de defesa dos direitos dos árabes israelitas, disse que a lei é uma tentativa de “conseguir superioridade étnica” através de “medidas racistas”. Os árabes israelitas são a maior minoria, representando cerca de 20% da população de Israel. Muitos são descendentes dos que se mantiveram no recém-criado Estado de Israel em 1948 – muitos outros fugiram ou foram levados a sair das suas casas. A lei responde ao medo de que Israel possa ver ameaçado o seu carácter judaico à medida que a solução de dois Estados, em que seria criado um Estado palestiniano ao lado do hebraico, pudesse levar os judeus a ficar em minoria. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu (Likud), declarou que este é um dos momentos chave do país. “Viva o Estado de Israel”, disse, acrescentando que “122 anos depois de [Theodor] Herzl ter divulgado a sua visão, esta lei determina o princípio fundador da sua existência; Israel é o Estado-nação do povo judaico e respeita os direitos de todos os seus cidadãos”. A lei estabelece “a supremacia judaica e diz-nos que seremos sempre cidadãos de segunda”, enunciou o deputado árabe israelita Ayman Odeh, da Lista Árabe Unida. O académico Mordechai Kremnitzer declarou no Ha’aretz que a aprovação desta lei “faz com que a discriminação seja constitucional” e lança o país no caminho da aplicação em Israel de políticas já seguidas nos territórios ocupados. Já o colunista do mesmo jornal Abed L. Azab disse que “enquanto árabe” apoia esta lei pois ela “não tenta fazer com que Israel pareça um país democrático normal”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O árabe, apesar de língua oficial, explica Azab, não é usado nos serviços públicos, onde é raro quem o fale com fluência, e os árabes israelitas são alvo de discriminação sistemática no acesso a bolsas de estudo, empregos, e até habitação. As comunidades de maioria árabe recebem sistematicamente menos verbas para saúde ou educação, sublinhou. A associação Adalah compilou no seu site uma lista de 65 leis que discriminam os árabes israelitas ou os palestinianos nos territórios ocupados. Há alguns meses, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional lançou um site para denúncia destas discriminações, classificando-as como sistemáticas. A aprovação da lei do Estado-nação motivou críticas também de fora do país. A União Europeia expressou preocupação, que já foi transmitida "às autoridades israelitas", disse uma porta-voz da responsável pelas relações externas Federica Mogherini. Na diáspora, uma série de organizações judaicas americanas também tinham pedido ao Parlamento para não aprovar a lei.
REFERÊNCIAS:
Étnia Árabes
Programa Top Gear da BBC foi suspenso
Apresentador Jeremy Clarkson envolveu-se numa “discussão violenta” com um produtor. (...)

Programa Top Gear da BBC foi suspenso
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.5
DATA: 2015-03-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Apresentador Jeremy Clarkson envolveu-se numa “discussão violenta” com um produtor.
TEXTO: O Top Gear, um dos mais importantes e rentáveis programas da estação britânica BBC, não vai ser emitido no próximo domingo, depois de o apresentador Jeremy Clarkson ter sido suspenso nesta terça-feira pela estação pública britânica. “Na sequência de uma discussão violenta com um produtor da BBC, Jeremy Clarkson foi suspenso e decorre uma investigação”, disse um porta-voz da estação pública britânica. “Mais ninguém foi suspenso. O Top Gear não será emitido no domingo. A BBC não fará mais comentários por agora”, acrescentou o mesmo porta-voz, citado pela BBC e pelo Guardian. Os contornos da discussão não são conhecidos - o Guardian diz que o apresentador terá dado um murro no produtor -, mas esta não é a primeira vez que Clarkson se envolve em polémicas. O próprio apresentador confessou que lhe foi feito um aviso no ano passado, depois de ter sido divulgado que Clarkson teria usado a palavra nigger (“preto”) durante as filmagens de um episódio do Top Gear, um dos mais conhecidos programas de automóveis do mundo. Segundo o Guardian, o Top Gear rende anualmente mais 150 milhões de libras (cerca 200 milhões de euros) à BBC, sendo o programa mais visto da BBC2, com cinco milhões de telespectadores ao domingo. Nos últimos anos, Jeremy Clarkson, que é conhecido por fazer testes de carros atrevidos e politicamente incorrectos, acumulou uma série de polémicas: catalogou como “egoístas” as pessoas que se suicidam debaixo de comboios; disse que os trabalhadores grevistas deviam ser abatidos; usou um termo racista num programa filmado na Birmânia; e acabou o ano de 2014 a conduzir um Porsche na Argentina com a matrícula H982 FKL, o que muita gente entendeu como uma referência ao conflito nas Malvinas/Falklands que opõe a Argentina e o Reino Unido. A diferença é que desta vez Clarkson não foi protegido por ninguém (em 2014, o director-geral da BBC intercedeu por ele) e a estação pública britânica suspendeu mesmo a sua estrela mais bem paga.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave racista
Em 2014 foram menos os países que aplicaram a pena de morte
Os EUA continuam a ser o único país da América a aplicá-la. Países como o Paquistão recomeçaram a executar, com o argumento do combate ao terrorismo. A AI fala em pequenos progressos e relembra que está provado que a pena capital não é arma dissuasora. (...)

Em 2014 foram menos os países que aplicaram a pena de morte
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-05-02 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os EUA continuam a ser o único país da América a aplicá-la. Países como o Paquistão recomeçaram a executar, com o argumento do combate ao terrorismo. A AI fala em pequenos progressos e relembra que está provado que a pena capital não é arma dissuasora.
TEXTO: Não é um cenário perfeito — longe disso —, mas 2014 foi um ano positivo para os activistas que combatem a pena de morte. Os números baixaram, diz o relatório anual da Amnistia Internacional, que tira uma conclusão que já não é nova: a pena capital não é um factor de dissuasão na redução do terrorismo ou da criminalidade. No ano passado, diz o relatório do grupo que se opõe à pena de morte em qualquer circunstância, independentemente do crime, foram executadas pessoas em 22 países, o mesmo número do que em 2013. No total, foram executadas 607 pessoas, menos 22% do que no ano anterior. Uma ressalva em relação à estatística: não foram contabilizados os números da China nem foi possível contabilizar os dados na Síria. Na China, as execuções são matéria confidencial mas sabe-se que aumentaram as execuções de separatistas uigures; na Síria, a contabilidade não se fez devido à presença do Estado Islâmico (cujos números não podem ser registados com veracidade) em parte do território. Apesar de na generalidade os números de executados retrocederem, no capítulo das condenações aumentaram. Diz a Amnistia que em 2014 foram condenadas à morte 2466 pessoas, um aumento de 28% em relação ao ano anterior. Dois países contribuíram para esta subida, o Egipto, onde centenas de membros e simpatizantes do grupo islamista Irmandade Muçulmana foram condenados, e a Nigéria, onde está activo o grupo islamista Boko Haram, que se juntou ao Estado Islâmico e controla partes do território Nordeste. A ameaça terrorista, a segurança pública e a necessidade de garantir a estabilidade interna foram os argumentos usados nestes dois países — mas também noutros — para aumentarem o número de condenações à morte. Outro país que contribuiu para as estatísticas foi o Paquistão, que depois do ataque contra uma escola levantou a moratória à pena de morte que já durava há seis anos. Em Dezembro do ano passado, os taliban entraram numa escola frequentada por filhos de militares em Peshawar, no Noroeste do país, e mataram mais de 140 pessoas, a maioria crianças e adolescentes entre os 12 e os 16 anos de idade. Quem estava no corredor da morte começou a ser executado. "O mundo continua a fazer progressos em direcção à abolição" da pena de morte, diz o relatório da Amnistia Internacional, que como vem sendo hábito sublinha que a pena capital não é uma arma dissuasora para o terrorismo ou para a criminalidade em geral, apesar de haver governos que continuam a manter estes argumentos. Um deles é o dos Estados Unidos, o único país do continente americano onde a pena de morte é aplicada, inclusivamente quando os réus são jovens ou pessoas com suspeitas de perturbações mentais. Na região Europa/Ásia Central só a Bielorrússia aplica a pena de morte. A região subsariana foi aquela onde se registou o maior progresso no caminho do abolicionismo, com 46 execuções em três países, quando em 2013 tinham sido 64 em cinco países.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave crime morte escola ataque
A mais injusta das mortes
Charles Bradley, génio da soul tardiamente revelado, partiu cedo de mais. Esperou uma vida inteira para chegar à música e deixou-nos clássicos imediatos. Em cada canção encontramos a sua paixão, a sua sabedoria e, acima de tudo, o seu perdão. (...)

A mais injusta das mortes
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-07-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Charles Bradley, génio da soul tardiamente revelado, partiu cedo de mais. Esperou uma vida inteira para chegar à música e deixou-nos clássicos imediatos. Em cada canção encontramos a sua paixão, a sua sabedoria e, acima de tudo, o seu perdão.
TEXTO: Quando no final de 2016 o músico soul norte-americano Charles Bradley, cancelou a sua digressão à conta de um cancro no estômago, a maior parte dos seus fãs pensou que nunca mais voltaria a ouvir aquela voz poderosa ao vivo. Mas já no início deste ano, como com tantas outras situações da sua atribulada vida, Bradley parecia ter dado a volta e regressou aos palcos. O milagre não durou: há cerca de 15 dias foi anunciado que o cancro passara do estômago para o fígado, concertos foram de novo cancelados (incluindo em Portugal) e ontem chegou a notícia que os seus admiradores mais temiam: Charles Bradley, músico soul norte-americano, morreu. Pode dizer-se, sem cair em exagero de monta, que foi a mais injusta das mortes. Muitos artistas ou profissionais do entretenimento tiveram carreiras curtas mas ninguém teve uma carreira curta como a de Bradley: após uma vida inteira que não raras vezes caiu na indigência, Bradley conseguiu ser finalmente editado aos 63 anos. A editora que o acolheu, a Daptone, foi a mesma responsável pela descoberta e consagração da igualmente veterana Sharon Jones. Há quem veja a Daptone como um veículo de revivalismo, que se limita a criar discos soul que imitam os grandes êxitos do passado. Mas Bradley está para lá dessas querelas: Changes, editado em 2016, e que é apenas o seu terceiro disco, é um clássico instantâneo; e No Time for Dreaming, a sua estreia de 2011, idem. A aclamação foi imediata: a sua voz sentida, capaz de traduzir toda a dor mas também toda a esperança que um ser humano pode sentir, ressoou numa multidão de fãs de soul mas não só. Era a voz de um homem vivido, grave, esquinada, impura, cheia de gravilha, mas simultaneamente indomável. Porque é que a dor dos outros nos dá prazer? Impossível responder, mas as novas gerações de melómanos acolheram-no não como uma ave exótica com uma história inesperada mas quase como um sábio que sobreviveu ao mundo e, acima de tudo, a si próprio. E no fim escolheu o amor. É uma marca que importa realçar, tanto nas canções como no discurso de Bradley: “Um grande artista aprende, com todas as mudanças que sofre, a ser uma pessoa melhor. Um grande artista continua a dar amor e a crescer com honestidade e a olhar para o mundo e a não se deixar encher pelo ódio”, dizia, o ano passado, em entrevista à publicação online PopMatters. Era uma ideia que repisava constantemente. Charles Edward Bradley precisou de 14 anos para dar com a epifania que mudou a sua vida. Nascido a cinco de Novembro de 1948, na Florida, mudou-se, com a mãe, para Brooklyn quando tinha oito anos. Aos 14 a sua irmã levou-o ao Teatro Apollo, onde tantas estrelas negras despontaram – foi aí e então que assistiu a um desempenho de James Brown que se tornou uma obsessão durante décadas, ao ponto de, mais tarde, ter ganho dinheiro a imitá-lo sob o nome Black Velvet (começou a fazê-lo quando tinha 19 anos). Esse espectáculo valeu-lhe alguma boa reputação, pelo menos na zona de Nova Iorque. Anos mais tarde, em entrevista, diria que é muito mais fácil ser James Brown do que ser Charles Bradley: "Com o James Brown, subo ao palco, canto aquelas palavras e divirto-me. Mas as palavras que o Charles Bradley canta são verdadeiras e têm muita dor. ”Bradley saiu da casa da mãe mais ou menos na mesma altura da epifania Browniana e durante algum tempo viveu na rua – algo que seria regular na sua irregular vida. No documentário Charles Bradley: Soul of America, editado em 2012, o cantor confessava uma relação atribulada com a progenitora: “Tinha medo que ela me magoasse – foi por isso que saí. Ela culpava-me de tudo, era muito amarga. ”Nos anos subsequentes Bradley acumulou doses massivas de sofrimento, entre as quais a perda do irmão, assassinado por um sobrinho seu (de Bradley). O desemprego foi uma constante na vida deste homem iletrado e azarado; por consequência, a pobreza e a subnutrição também o foram. Entre os seus múltiplos empregos consta o de cozinheiro num lar para pessoas com problemas mentais. O racismo também foi uma constante: um homem que não conhecia, um branco, bateu-lhe e, quando a polícia chegou, esta encostou-lhe uma arma ao rosto e prendeu-o, deixando o homem branco livre. Bradley ficou atrás das grades durante 30 dias. Depois, e como se isto não bastasse, esteve às portas da morte à conta de lhe injectarem penicilina, à qual era alérgico. Foi nesta altura que se deu o assassinato do seu irmão. A sua vida é, em parte, exemplar do descuido com que a comunidade afro-americana sempre foi tratada. A morte do irmão Joseph está retratada numa majestosa canção de 2011, Heartaches and pain. Na melhor linha soul clássica, metais sumptuosos e uma voz vinda do fundo da alma humana sobem em direcção à beleza enquanto a maior das dores é cantada. Mas Bradley, o rei da catarse, o homem cuja garganta sabia tudo de purgas emocionais, tinha de homenagear o irmão, pois fora ele que, após Charles perder o emprego como cozinheiro, lhe dissera para fazer aquilo que lhe dava prazer: cantar. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. E nisto surgiu o produtor Tom Brenneck, que assistiu a um dos espectáculos de Bradley e ficou encantado ao ponto de ter produzido todos os três discos que o cantor viria a lançar. Uma boa parte das canções incluídas nesses discos têm “love” no título. As restantes são sobre dor: em The world (is going up in flames) Bradley cantava “Don’t tell me how to live my life/ When you never felt the pain”. Todas, e repetimos, todas são absolutamente extraordinárias, todas são emocionalmente investidas de uma vontade arrasadora de pôr tudo cá para fora, perdoar, perdoar, perdoar e amar, amar e amar. “Todas as canções têm de ser honestas”, disse um dia Bradley, para quem, acima de tudo, era fundamental perdoar a quem lhe havia feito mal, de modo a poder sentir a felicidade. Charles Bradley demorou 63 anos a encontrar o seu lugar – e depois teve apenas cinco anos para fruir do amor que o mundo lhe deu de volta, como agradecimento pela sua voz, a sua paixão, a sua sabedoria e, acima de tudo, o seu perdão. Talvez esses cinco anos tenham sido os necessários para Bradley criar uma obra de uma intensidade que não só iguala os maiores da soul como (mais importante ainda) ressoa em cada pessoa que alguma vez sentiu alguma dor ou amou um pouco. Bradley deu muito em pouco tempo – e talvez por isso algures alguém tenha escrito que foi “a mais injusta das mortes”.
REFERÊNCIAS:
Partidos LIVRE