Realojamento do 6 de Maio quase no fim mas protestos não param
Câmara da Amadora e Governo vão realojar últimos moradores do Bairro 6 de Maio, mas quem foi desalojado há mais tempo queixa-se de não tido qualquer apoio para encontrar uma nova casa. (...)

Realojamento do 6 de Maio quase no fim mas protestos não param
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Câmara da Amadora e Governo vão realojar últimos moradores do Bairro 6 de Maio, mas quem foi desalojado há mais tempo queixa-se de não tido qualquer apoio para encontrar uma nova casa.
TEXTO: A voz de Avelino foi uma das que se ouviu numa “acção de protesto” à porta do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) que juntou, na quarta-feira, moradores e antigos moradores das barracas do 6 de Maio que reclamavam pelo direito à habitação. A câmara da Amadora e o Governo vão realojar os últimos moradores, mas associação Habita diz que há quem tenha sido esquecido. “Esta casa vai abaixo agora”. No dia 7 de Fevereiro de 2017, Avelino Soares, 52 anos, soube que a casa que tinha no Bairro 6 de Maio, na Amadora, há 18 anos ia ser destruída. Assim, sem qualquer aviso, a polícia bateu-lhe à porta e disse-lhe para sair. Bateu o pé, pediu para, pelo menos, tirar lá de dentro as suas coisas, mas “a polícia não deixou”. E os ânimos acabariam por se extremar tanto que Avelino acabaria por ser levado para a esquadra e agredido, tendo ficado hospitalizado três dias. O caso corre agora na justiça. Avelino saiu de Cabo Verde em 1999 para vir para Portugal à procura de uma vida melhor. Instalou-se no 6 de Maio, que acolhera já muitos africanos. Os filhos nasceram-lhe no bairro. Como só chegou em 1999, acabou por ficar excluído do Programa Especial de Realojamento (PER), criado em 1993 para realojar “pessoas residentes em barracas” nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, dando apoio financeiro para construção ou aquisição de habitações. Hoje, vive de biscates. Ficou com sequelas da agressão que o impedem de trabalhar e tem, por isso, um rendimento incerto. Vive em casa do enteado no Bairro do Zambujal, sem compreender a razão pela qual ficou de fora de qualquer programa de realojamento. Segundo explicou Rita Silva, do colectivo Habita, não está a ser cumprido nem pela autarquia, nem pelo IHRU, o que havia sido acordado em reuniões que a associação e a Comissão de Moradores do Bairro 6 de Maio têm tido com ambas as instituições. A associação diz que fez chegar a ambas as entidades uma lista de moradores e pessoas que já foram desalojadas, mas a quem não foi dada qualquer alternativa habitacional. No total, contabilizam, são 117 pessoas e cerca de 40 agregados. “Alguns estão a viver em barracas, outros estão a viver em garagens, sem casas de banho. Estas eram as prioridades”, sublinha Rita Silva. São os casos de Farin Baldé, de 80 anos, que saiu da Guiné-Bissau em 1988 e foi para o Estrela de África contíguo ao 6 de Maio. Vive no bairro desde 1992 e não entende porque foi excluído do PER uma vez que sempre ali viveu. Terão sido as deslocações, como trabalhador da construção civil, que o levaram a ter de se ausentar para obras fora do concelho, fazendo-o o passar longos períodos fora do bairro. Em Novembro de 2016, num dia “às sete da manhã”, bateram-lhe à porta de casa para o tirar de lá. Dois dias antes tinha sido operado, estava a recuperar ainda, mas nada travou a demolição da sua barraca. Hoje vive com a esposa, que “tem diabetes, asma, tensão alta”, num quarto pelo qual paga 175 euros, fora as despesas de gás, luz e água. Por mês, os dois governam-se com 244 euros. Braima Gano, guineense de 62 anos, chegou a Portugal há 30 anos e instalou-se também no Estrela de África. Acabou por ser despejado por duas vezes. Uma em 2005 e outra há dois anos. Hoje, parte do dia é passada no hospital a fazer hemodiálise, e outra no quarto que arrenda por 150 euros. Paga esta despesa, restam-lhe mais 125 euros para o resto do mês, tentando ainda ajudar no sustento de três filhos que estão na Guiné. “Prescindiram de contactar todas as pessoas que foram despejadas. Só as pessoas que vivem no bairro é que receberam carta”, acusa Rita Silva, explicando que nas últimas semanas, alguns moradores começaram a receber cartas para serem realojados. Só que de foram de fora ficaram os casos que a associação considera como mais “prioritários”. Questionada pelo PÚBLICO, a câmara da Amadora explicou que a 29 de Junho, celebrou com o IHRU “um protocolo para a disponibilização de soluções habitacionais para 24 agregados familiares residentes no Bairro 6 de Maio”. No âmbito deste protocolo, o IHRU irá afectar casas que são sua propriedade situados na Área Metropolitana de Lisboa que se encontrem desocupadas “e com condições de habitabilidade” para acolherem os agregados identificados, que não se encontram abrangidas pelo PER, porque foram para o bairro após “o levantamento efectuado para efeito do PER”. As 24 famílias incluídas no âmbito deste protocolo são “as únicas que a câmara, o IHRU e a Secretaria de Estado de Habitação, após análise individual dos processos, comprovou factualmente a sua situação de carência e a impossibilidade de terem alternativa habitacional”, acrescenta. Nesta fase, a autarquia diz que está a recolher os processos das famílias para os reencaminhar ao instituto que celebrará depois os contratos de arrendamento. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. As cartas já começaram a chegar a algumas casas, como a de Cátia Silva, 28 anos, que foi construída pelos pais quando a mãe a tinha na barriga. Ainda emigrou para França, mas voltou quando fez 21 anos. Para o bairro. Nessa altura, as primeiras casas começavam a ser demolidas. Cátia, que pensava estar abrangida pelo PER, acabou depois por saber que tinha sido excluída. Ainda levou o caso aos tribunais, mas acabou por perder. “Foi-nos dada a boa notícia de que tinham feito este protocolo”, diz Cátia, que faz parte da comissão de moradores. Mas o problema agora é que poderão ter de ir morar para zonas que não querem. “Agora vamos ser realojados na Moita ou em Almada. A minha filha anda na escola na Amadora, eu sempre vivi na Amadora, não queria sair dali”, diz. Do protesto no IHRU, apesar de não terem arredado de lá pé durante horas, não conseguiram mais respostas. O PÚBLICO questionou o instituto sobre o assunto, mas não obteve respostas em tempo útil. A câmara diz que no bairro, além das 24 famílias, ainda residem outras cinco, enquadradas no PER, cujo processo de realojamento está a decorrer.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave trabalhador filha escola
Presidente da FIFA não vê obstáculos ao videoárbitro no Mundial 2018
Infantino considera que a experiência na Taça das Confederações deu resultados positivos embora admita que o uso possa ser melhorado. (...)

Presidente da FIFA não vê obstáculos ao videoárbitro no Mundial 2018
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.025
DATA: 2017-07-01 | Jornal Público
SUMÁRIO: Infantino considera que a experiência na Taça das Confederações deu resultados positivos embora admita que o uso possa ser melhorado.
TEXTO: O presidente do organismo que rege o futebol mundial, a FIFA, dá luz verde à utilização do videoárbitro no próximo Campeonato do Mundo, agendado para 2018, na Rússia. O italiano Gianni Infantino considera que o recurso auxiliar, na Taça das Confederações, a imagens vídeo para apoiar a equipa de arbitragem durante o jogo deu resultados positivos. Porém, admite que o sistema necessita de ser melhorado. "No que me toca, não vejo obstáculos à utilização do VAR [no Mundial]", declarou Infantino, aludindo ao videoárbitro na sigla inglesa (VAR, de video assistant referees), durante uma conferência de imprensa em São Petersburgo, na véspera da final da Taça das Conferedações, entre Alemanha e Chile, que se disputa na Rússia. "Até agora tem sido um sucesso. Estamos a aprender e a melhorar e vamos prosseguir com mais experiências", sublinhou. A mesma opinião tem o presidente do comité de arbitragem da FIFA, o também italiano Pierluigi Collina: "É uma ferramenta muito útil", disse Collina, "mas sabemos que podemos fazer melhor. É normal que assim seja. "Nas contas da FIFA, o recurso ao videoárbitro permitiu corrigir seis decisões com influência no resultado, durante a prova em que Portugal foi eliminado nas meias-finais pela referida selecção sul-americana. "Sem o vídeoárbitro, teríamos tido outro torneio", insistiu o líder da FIFA. "E uma competição que teria sido menos justa. "Ainda assim, ao fim de 74 jogos com videoárbitro experimental, há aspectos a melhorar. "Temos de afinar detalhes, como na comunicação e na rapidez com que se tomam decisões", exemplificou Infantino, respondendo assim a uma das críticas feitas ao longo da prova, a lentidão. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Um dos momentos controversos do videoárbitro foi no jogo da fase de grupos entre o campeão do mundo, Alemanha, e o campeão africano, Camarões. O árbitro Wilmar Roldan necessitou de rever as imagens duas vezes para acertar na expulsão de um dos jogadores africanos. A selecção europeia ganhou por 3-1 e é uma das finalistas. Outra questão levantada refere-se ao tipo de situações em que deve haver recurso ao videoárbitro, dado que houve jogadas e momentos que deixaram dúvidas e que tiveram decisão em campo por parte da equipa de arbitragem designada para a partida. Noutro encontro envolvendo os Camarões, o Chile viu ser-lhe anulado um golo que parecia regular, depois da consulta ao videoárbitro. Na mesma partida, os chilenos veriam depois o árbitro validar-lhes um golo no final do encontro, depois de verificar nas imagens vídeo que o árbitro auxiliar se enganara ao assinalar um fora-de-jogo no lance.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Cada vez mais pessoas vão trabalhar em acção humanitária e o ISCTE quer formá-las
Um ciclo de conferências iniciado na sexta-feira vai marcar o arranque de novos programas com uma Escola de Verão e uma Pós-Graduação já em 2019. Uma maneira de tentar “tornar o mundo um bocadinho melhor”. (...)

Cada vez mais pessoas vão trabalhar em acção humanitária e o ISCTE quer formá-las
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.325
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um ciclo de conferências iniciado na sexta-feira vai marcar o arranque de novos programas com uma Escola de Verão e uma Pós-Graduação já em 2019. Uma maneira de tentar “tornar o mundo um bocadinho melhor”.
TEXTO: A completar 46 anos de vida, o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa vai lançar-se numa nova área de formação que tem crescente procura e pouca oferta – a acção humanitária. “Infelizmente, tendo em conta o mundo que aí vem, cada vez mais vamos precisar de iniciativas destas”, diz o coronel Nuno Lemos Pires, que aqui fez o seu doutoramento. “É algo que se enraíza naquilo que o ISCTE sempre fez”, começa por dizer a reitora, Maria de Lurdes Rodrigues. Por um lado, a instituição “já recebia pedidos de recrutamento de profissionais para todo o mundo nesta área e percebemos que tínhamos todas as valências, da gestão de projectos e de equipas à logística, mas também as tecnologias de informação, a arquitectura, os serviços sociais, as relações internacionais, a gestão de conflitos. . . ”, enumera. Por outro, nota, o processo para criar estes programas parte da mesma lógica que fez crescer o ISCTE: “O início ficou muito marcado por dois cursos, Sociologia e Gestão, com três anos em comum. Em qualquer dos dois estudávamos Economia, Psicologia, Antropologia ou História, e foi destas disciplinas que acabaram por nascer todos os outros cursos. ”Para além de uma Escola de Verão de duas semanas e uma Pós-Graduação em Acção Humanitária já em 2019, o objectivo é lançar um Mestrado Internacional no ano seguinte. Entretanto, arranca já nesta sexta-feira um ciclo de conferências onde, como no conjunto destas formações, também se pretende “revelar este lado que se conhece mal, de tantos portugueses que tiveram experiência em acção humanitária e podem dar o seu testemunho”, diz a reitora. Lemos Pires iniciará o ciclo com uma sessão dedicada “à importância das acções humanitárias” em duas missões das Forças Armadas. Primeiro, a participação numa missão da NATO a pedido do Governo do Paquistão para auxiliar na resposta ao terramoto que assolou o Nordeste do país, em Outubro de 2005, uma operação puramente humanitária; depois, o acompanhamento (equipa de mentores e oficiais de ligação, em termos militares) das forças afegãs no âmbito da ISAF (Força Internacional de Assistência à Segurança) em 2009 e 2010 (Portugal tem integrado a ISAF desde 2001 com diferentes capacidades). Os dois exemplos vão servir a Lemos Pires para sublinhar “a necessidade de coordenação permanente entre todas as forças presentes” tanto num caso como noutro e a importância enorme da “vertente humanitária” na segunda missão, de carácter militar. Para as Forças Armadas, “a acção humanitária não é a linha fundamental mas é tão importante como as outras”, seja a “abrir estradas” durante o combate aos incêndios em Portugal ou a “auxiliar os afegãos a distribuir comida em lugares onde as ONG não chegam”. Outros conferencistas que passarão pelo ISCTE são portugueses com experiências em instituições civis que muitas vezes actuam em situações de crise, como Nuno Mota Pinto, director executivo do Banco Mundial para Portugal, Itália, Grécia e Timor; ou Nelson Olim, especializado em Medicina de Catástrofes e a trabalhar actualmente para a Organização Mundial de Saúde, depois de muitos anos no Comité Internacional da Cruz Vermelha. “Estou muito entusiasmada. Não há nada desta natureza e tenho grandes expectativas. Acredito que o curso de Verão, modelo em que temos grande experiência nas mais diversas áreas, vai ser muito bem-sucedido. Vai servir para testar as nossas capacidades e o mercado”, diz a professora, ex-ministra da Educação (2005-2009). Aqui, neste primeiro degrau, o ISCTE vai oferecer “módulos relativos aos conceitos envolvidos na acção humanitária, à análise sobre esses conceitos, à compreensão das relações internacionais e geostratégicas, e das razões que podem suscitar a necessidade deste tipo de acções, no fundo, acrescentando à dimensão técnica – da saúde, por exemplo – a capacidade de reflexão e entendimento das especificidades destas acções e das situações em que se está a interferir”. Para além de parcerias com universidades do Norte da Europa, as únicas no continente que já oferecem formações comparáveis e “têm tradição e trabalho consolidado” nesta área, o ISCTE já estabeleceu parceiras com uma universidade em Moçambique e outra em Cabo Verde, num campo em que “o domínio das línguas é fundamental e o português também é uma vantagem”. E de regresso ao início, à oferta do próprio ISCTE, Maria de Lurdes Rodrigues conta que à primeira “chamada interna” surgiram docentes de todas as áreas e escolas a oferecer disciplinas – difícil vai ser decidir as que ficarão de fora. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outro objectivo é “dar um contributo para revalorizar a acção humanitária no sentido de combater melhor as situações de emergência quando elas ocorrem, acorrer a aliviar o sofrimento no momento”. Num contexto de tantos conflitos e tragédias, a professora teme que estejamos a viver uma “espécie de banalização dos males”. Isto enquanto o debate académico se tende a incidir mais sobre a fase posterior, da ajuda ao desenvolvimento. Pelo meio, sublinha a reitora, joga-se a vida das pessoas, em guerras terríveis e sem fim à vista como a da Síria, na República Centro-Africana, ou “no Mediterrâneo, e perguntamo-nos como é que se pode dormir descansado?”. A verdade é que, afirma Lemos Pires, estas situações só tenderão a multiplicar-se, “com cada vez mais pessoas com acesso a menos recursos, sobretudo água, a viver no mesmo planeta”. Por tudo isto, diz Maria de Lurdes Rodrigues, “as instituições públicas e privadas precisam de bons profissionais dedicados” e oferecer esta formação também é tentar “tornar o mundo um bocadinho melhor”.
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Entidades NATO
Trump preparado para anunciar retirada total da Síria
Conselheiros do Presidente norte-americano tentam reverter a decisão, apontando para o reforço da influência da Rússia e do Irão na região. (...)

Trump preparado para anunciar retirada total da Síria
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: Conselheiros do Presidente norte-americano tentam reverter a decisão, apontando para o reforço da influência da Rússia e do Irão na região.
TEXTO: O Presidente dos EUA, Donald Trump, poderá estar prestes a ordenar a retirada total das tropas norte-americanas na Síria, avançou esta quarta-feira o Wall Street Journal. Não é claro se o país vai continuar envolvido na guerra através de bombardeamentos ou outras operações pontuais, mas a declaração de Trump no Twitter aponta para uma retirada total: “Nós derrotámos o ISIS [Daesh] na Síria, que era a minha única razão para estarmos lá durante a minha presidência. ”Segundo o jornal New York Times, o anúncio oficial pode ser feito ainda esta quarta-feira, mas por enquanto alguns conselheiros da Casa Branca estão a tentar demover o Presidente. Numa declaração feita esta quarta-feira, o coronel Rob Manning, porta-voz do Pentágono, disse que as forças armadas norte-americanas (uma força com cerca de 2000 pessoas) continuam a “trabalhar ao lado, em conjunto e através dos parceiros na região”. Um dos senadores que mais defendem a presença norte-americana na Síria, o republicano Lindsey Graham, disse no Twitter que “a retirada da pequena força americana seria um enorme erro típico de Obama". “Com todo o respeito, o ISIS [Daesh] não foi derrotado na Síria e no Iraque e, tendo acabado de regressar da região, posso dizer que certamente não foi derrotado no Afeganistão”, escreveu o senador do Partido Republicano. Graham salientou o facto de que uma retirada norte-americana iria reforçar a influência da Rússia, mas particularmente do Irão: “O presidente Donald Trump está certo ao querer conter a expansão iraniana. No entanto, uma retirada das forças da Síria prejudica imenso esse esforço e põe em risco os nossos aliados curdos. ”“Uma retirada das tropas seria também vista como um incentivo ao desejo do ISIS de regressar [à Síria]”, concluiu o senador. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Os media norte-americanos dizem que o secretário da Defesa, Jim Mattis, tem tentado convencer o presidente Trump a não ordenar a retirada da Síria, salientando que quem ganha com essa decisão é a Rússia e o Irão, que estão no terreno a apoiar as tropas do regime de Bashar al-Assad. Para além do reforço da influência da Rússia e do Irão, uma retirada norte-americana da Síria significa o abandono das forças curdas, o que pode provocar o fim da confiança nos EUA por parte de outros grupos de combatentes locais em países como o Afeganistão, o Iémen e a Somália.
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Entidades EUA
A nova estrela do jazz britânico Nubya Garcia viaja até Braga
Tida como um dos nomes cimeiros de uma cena jazzística com escaldante epicentro em Inglaterra, a saxofonista é a primeira confirmação do festival Julho É de Jazz, que terá lugar no GNRation, em Braga. (...)

A nova estrela do jazz britânico Nubya Garcia viaja até Braga
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.068
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Tida como um dos nomes cimeiros de uma cena jazzística com escaldante epicentro em Inglaterra, a saxofonista é a primeira confirmação do festival Julho É de Jazz, que terá lugar no GNRation, em Braga.
TEXTO: Num momento especialmente saudável e recomendável do jazz britânico, em que elementos de hip-hop, afrobeat, grime, música indiana, africana, caribenha ou oriental contaminam uma linguagem desempoeirada e pouco interessada em purismos, Nubya Garcia destacou-se no último par de anos como um nome imprescindível da cena local. Após uma fulgurante passagem pela última edição do Milhões de Festa, a saxofonista tem regresso marcado a Portugal para dia 12 de Julho, com concerto garantido no ciclo Julho É de Jazz, no GNRation, em Braga. Com a edição do seu primeiro registo, Nubya’s 5ive, a saxofonista e flautista rapidamente colheu os devidos louvores da imprensa inglesa mas também mundial, tendo sido apontada pela revista Rolling Stone como “o nome do jazz a seguir” em 2018. Antes disso, facto importante, tinha também caído já nas boas graças do influente radialista e editor inglês Gilles Peterson. Filha de pais caribenhos, Nubya Garcia é hoje um nome de proa deste jazz-caldeirão britânico em que tudo cabe, em que a linguagem se mostra elástica sem preocupações de respeitar códigos e em que tudo volta a parecer possível. Por estes dias, empresta o seu som ao colectivo Maisha, que acaba de lançar o álbum There Is a Place, numa clara filiação nas aventuras afro-futuristas de nomes como Pharaoah Sanders ou Sun Ra.
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Palavras-chave filha
Um pai, um país
Apesar de uma certa retórica, inclusive visual, que se instala, trata-se de uma proposta de cinema indubitavelmente simpática. (...)

Um pai, um país
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Apesar de uma certa retórica, inclusive visual, que se instala, trata-se de uma proposta de cinema indubitavelmente simpática.
TEXTO: Djon África é uma aproximação à diáspora cabo-verdiana (tema frequente no cinema português dos últimos anos) que se segue, com relativas liberdade e desenvoltura, algumas premissas herdeiras da melhor tradição do cinema documental de raiz antropológica ou etnográfica (um pouco de Rouch) e das agoras chamadas “ficções do real”, quer dizer, elaborações profundamente ancoradas em personagens e situações reais mas com uma “dobra” ficcional que acaba por funcionar, acima de tudo, como elemento estruturante. Impossível saber, portanto, quão “real” é a história de Miguel Moreira, dito “Djon África”, jovem de origem cabo-verdiana nado e criado nos arrabaldes de Lisboa (e já “protagonista” de um anterior filme da dupla de cineastas), que Filipa Reis e João Miller Guerra seguem na sua primeira visita ao arquipélago africano, em busca do pai que nunca conheceu. Impossível ou, apenas, irrelevante: o fundo dramatúrgico é apenas uma forma de pôr as coisas a mexer, e de ficar com algo que exala autenticidade por todos os poros, o contacto de um rapaz com a terra dos seus antepassados, num misto de reconhecimento e estranheza sempre um tanto difusos. Realização: João Miller Guerra, Filipa Reis Actor(es): Bitori Nha Bibinha, Isabel Muñoz Cardoso, Miguel Moreira, Patricia SosoO próprio filme se encarregará de desvalorizar a importância do fundo narrativo, e do encontro com aquele pai mais ou menos “mítico”, tornando evidente que, do ponto de vista simbólico, não há diferença nenhuma entre essa figura paterna e o país, Cabo Verde. O que conta, portanto, é a viagem. E assim, apesar de ser um filme “escrito” (num argumento em que trabalhou Pedro Pinho, realizador de Fábrica de Nada), descobrimos que Djon África vibra mais plenamente quando tudo parece espontâneo, quando os encontros parecem evoluir livremente a partir de um improviso autêntico, quando os diálogos parecem dar-se sem preocupação de “substância”, quando ficamos ali, entre o sol e a boémia nocturna (sempre com muito grogue, mesmo ao sol), perante um jovem desenraizado que encontra, de forma às vezes embrulhada numa névoa onírica, a materialização palpável de uma possibilidade de “raiz”. Mesmos com os seus limites e desequilíbrios (que têm a ver com o tom menor em que se coloca deliberadamente, mas também com uma certa retórica, inclusive visual, que por vezes se instala), trata-se de uma proposta de cinema indubitavelmente simpática.
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Étnia Africano
Lourenço responde a Dos Santos: a Angola dos intocáveis "pertence à História"
Presidente de Angola não falou em nomes no discurso ao Comité Central do MPLA. Mas falou nos que se fazem de vítimas, nos "gananciosos", nos que querem a instabilidade e quem sabe a estejam a "financiar". (...)

Lourenço responde a Dos Santos: a Angola dos intocáveis "pertence à História"
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente de Angola não falou em nomes no discurso ao Comité Central do MPLA. Mas falou nos que se fazem de vítimas, nos "gananciosos", nos que querem a instabilidade e quem sabe a estejam a "financiar".
TEXTO: João Lourenço abriu a reunião extraordinária do Comité Central do MLPA ?nesta sexta-feira com uma mensagem dirigida aos “poucos privilegiados que mergulharam no pote de mel com insaciável apetite”. Não disse um único nome, mas o discurso nada teve de subtil — o presidente do partido no poder em Angola, que é também chefe de Estado, prometera responder às críticas que lhe foram feitas pela família Dos Santos quando estava em visita a Portugal. Duas linhas condutoras percorreram esta parte do discurso: as reformas que começou são “irreversíveis” e cabe ao partido ser o primeiro agente da campanha anti-corrupção, não abrindo excepções ou deixando ninguém cair em tentações. O MPLA, disse, tem que “fiscalizar as acções do presidente do partido, do Presidente da República e do Executivo”. “Quando tivermos a coragem de assumir esta postura, o país sairá a ganhar, porque se o exemplo vier de nós, temos a certeza de que toda a sociedade nos seguirá”, disse Lourenço. Na semana passada, mal o avião de João Lourenço levantou voo com destino a Lisboa, para uma visita de Estado de três dias, o seu antecessor, José Eduardo dos Santos, reuniu os jornalistas para prestar esclarecimentos. O Presidente angolano, numa entrevista ao semanário Expresso, tecera críticas ao processo de passagem de testemunho e disse que encontrou os cofres vazios. “Não deixei os cofres do Estado vazios. Em Setembro de 2017, na passagem de testemunho, deixei 15 mil milhões de dólares no Banco Nacional de Angola como reservas internacionais líquidas a cargo do um gestor que era o governador do BNA sob orientação do Governo”, disse na sessão sem direito a perguntas. No discurso desta sexta-feira ao Comité Central, Lourenço falou na vitimização dos que eram “intocáveis”. “Neste combate contra a corrupção, aqueles que vêm perdendo privilégios auto-adquiridos ao longo dos anos deviam ter a sensatez e humildade de agradecer a este povo generoso por lhes ter dado essa possibilidade, e não se fazer de vítimas, porque a única vítima do seu comportamento ganacioso foi o povo angolano”, afirmou, citado pelo Novo Jornal. A Angola das “oportunidades restringidas a uns quantos indivíduos intocáveis, que tudo podiam, gente que se julga no direito de continuar a manter o estatuto indevidamente adquirido, pertence à História”. Coincidência ou não, o dia em que José Eduardo dos Santos quis passar a sua mensagem foi também o escolhido pela sua filha Isabel dos Santos — exonerada da administração da empresa petrolífera estatal Sonangol — para criticar as decisões e as reforças de Lourenço. No Twitter, escreveu que “a situação está a tornar-se cada vez mais tensa” em Angola, “com a possibilidade de se juntar à crise económica existente uma crise política profunda”. João Lourenço também não mencionou o nome da empresária. “Só mesmo a falta de patriotismo pode levar um cidadão nacional a desencorajar o investimento privado estrangeiro no seu próprio país. Surpreende-nos o facto de cidadãos angolanos invocarem, quem sabe mesmo desejarem e até financiarem uma provável instabilidade política num país como Angola, já bastante martirizado por anos de conflito”, disse. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A chegada de Lourenço à chefia do Estado e do partido significou o fim do domínio da família Dos Santos, que controlava as empresas económicas e financeiras estatais. Outro filho do ex-Presidente, José Filomeno, que era presidente de administração do Fundo Soberano de Angola, está preso preventivamente, acusado de associação criminosa, tráfico de influência, burla e branqueamento de capitais, tendo desencadeado o processo de transferência ilícita de 500 milhões de dólares. O tempo em que um clã dominava as fontes de riqueza do país, disse Lourenço, acabou. E, sublinhou, o MLPA deve ser o primeiro a levantar a voz sempre “que surjam sinais preocupantes de constituição de um império económico de uma família ou de uma pessoa, não importa quem, sobretudo quando são usados comprovadamente fundos públicos ou de empresas públicas que depois aparecem registados com privados”.
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Palavras-chave filha filho
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa prepara alunos para mercado de trabalho
As VII Jornadas da Empregabilidade voltaram a juntar alunos e possíveis empregadores com o intuito de preparar o futuro profissional dos licenciados em Direito. (...)

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa prepara alunos para mercado de trabalho
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: As VII Jornadas da Empregabilidade voltaram a juntar alunos e possíveis empregadores com o intuito de preparar o futuro profissional dos licenciados em Direito.
TEXTO: O Gabinete de Saídas Profissionais (GSP) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa organizou de 23 a 25 de Outubro uma nova edição das Jornadas da Empregabilidade. O evento, que já vai na 7. ª edição, tem como principal missão fomentar “a conexão dos estudantes com o mercado de trabalho”, fornecendo ajuda “na procura de oportunidades de estágio e de emprego, possibilitando assim o contributo dos licenciados em Direito para a sociedade através do exercício de suas funções”, explica o Professor Doutor Rui Pinto, presidente do GSP. Para atingir esse objectivo, o GSP contou com o apoio de vários parceiros que marcaram presença nas Jornadas, com destaque para a Associação Académica da Faculdade (AAFDL), o Núcleo de Estudo Luso-Brasileiro (NELB) e o Núcleo de Estudantes Africanos (NEA). A estes juntaram-se mais de 36 entidades, desde escritórios de advocacia, consultoras e entidades públicas, entre as quais a Autoridade da Concorrência e a Autoridade Tributária. Na sessão de abertura do evento marcaram presença o Professor Doutor Pedro Romano Martinez, director da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o Professor Doutor Rui Pinto, presidente do GSP e Francisco Sant’Ana, Presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa (AAFDL). O programa prosseguiu com duas sessões com vista a preparar o futuro dos estudantes. Na primeira sessão, dedicada ao tema “Simulações de Entrevista”, representantes da Abreu Advogados e da KPMG simularam o momento de uma entrevista de recrutamento com alunos finalistas, que se voluntariaram entre o público presente. Este exercício foi pensado com o intuito de preparar os alunos para a entrada no mercado de trabalho, onde as entrevistas têm um peso determinante na avaliação dos candidatos. Decorreu ainda um Workshop de Curriculum Vitae, ministrado por João Maciel, da Michael Page. No segundo dia, decorreu a já tradicional Feira do Emprego das Jornadas da Empregabilidade, onde cerca de 500 alunos contactaram com as entidades presentes, sobretudo durante o Networking Lunch, que aconteceu pela primeira vez. O último dia do evento foi inteiramente dedicado à internacionalização, em virtude do crescente número de alunos internacionais que se encontram a completar a formação na Faculdade de Direito, assim como de alunos nacionais que demonstram cada vez mais vontade de abraçar experiências profissionais fora do país. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Neste contexto, decorreu a palestra “Inscrição de Advogado Brasileiro na Ordem Dos Advogados Portuguesa”, com Miguel Reis. O advogado partilhou com a audiência, constituída por um grande número de alunos brasileiros, a sua experiência enquanto advogado português a exercer no Brasil. Neste âmbito, foi lançada outra das novidades desta edição: a Feira Internacional do Emprego. Nesta iniciativa estiveram presentes mais de uma dezena de entidades que despertaram interesse num número muito significativo de alunos. Em jeito de balanço dos três dias das Jornadas, o Professor Doutor Rui Pinto sublinhou que “o rigor, em conjugação com a aproximação ao público, fez deste evento um sucesso por mais um ano consecutivo”, muito por força do empenho de alunos e parceiros que permitiram ao encontro cumprir “com êxito a sua função primordial, que é contribuir para a inserção dos alunos no mercado de trabalho”.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave ajuda estudo
Com menos mistérios por deslindar, This Is Us cria novas incertezas e vai até ao futuro
A série dramática já cruzava várias linhas temporais, mas junta agora uma dimensão proléptica à receita de sucesso da série, cuja terceira temporada arrancou esta quinta-feira. Este artigo contém spoilers. (...)

Com menos mistérios por deslindar, This Is Us cria novas incertezas e vai até ao futuro
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.01
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: A série dramática já cruzava várias linhas temporais, mas junta agora uma dimensão proléptica à receita de sucesso da série, cuja terceira temporada arrancou esta quinta-feira. Este artigo contém spoilers.
TEXTO: Chegou a terceira temporada do drama familiar This Is Us e com ela chegaram novos mistérios. A terceira temporada chegou firme, mas com uma queda de 20% das audiências na estreia dos EUA (comparando com a première da segunda temporada, exibida na NBC há um ano) – o que talvez possa ser explicado pelo final morno da segunda temporada, em que grande parte dos mistérios que apoquentaram a narrativa começada em 2016 tinham já sido revelados. O que não significa que a série, minuciosamente tecida para surpreender, fazer rir e chorar, não se consiga reinventar. O primeiro episódio da terceira temporada foi exibido esta quinta-feira na Fox Life; com um novo episódio às quintas (22h20), This Is Us prolongar-se-á durante 17 semanas. A série criada pelo norte-americano Dan Fogelman – que realizou recentemente a longa-metragem romântica Life Itself, arrasada pela crítica por ser irrealista e por lhe faltar alguma da diversidade que existe em This is Us – gira em torno da família Pearson, focando-se no casal Rebecca (Mandy Moore) e Jack (Milo Ventimiglia) e nos seus três filhos: Kate (Chrissy Metz), Kevin (Justin Hartley) e Randall (Sterling K. Brown). E, como vem sendo habitual, a acção do arranque da temporada começa precisamente no dia de aniversário dos três irmãos. A receita de sucesso junta aos problemas mundanos a temas como a obesidade, o racismo, a adopção ou a maternidade. Os principais segredos que regiam o enredo ficaram resolvidos durante o último ano, conforme iam sendo reveladas as circunstâncias que levaram à morte de Jack. Mas a terceira temporada arranja espaço para arriscar e tenta colmatar esse vácuo com novos enigmas e incertezas: é caso disso a introdução da narrativa sobre a guerra do Vietname, o passado buliçoso de Jack e Rebecca, a infertilidade de Kate, ou a “ela” desconhecida. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. This Is Us já se dividia entre linhas temporais, mas passa agora a ter uma nova dimensão proléptica: Randall é visto com a sua filha mais velha num tempo futuro, anos à frente da narrativa principal, e com referências constantes à tal “ela”. O híbrido de comédia e drama familiar, descrito como “catártico”, mostra que a vida é como um jogo de PacMan, como comparava Randall num episódio da segunda temporada – o cenário e os fantasmas são os mesmos, só mudam os jogadores. Apesar da queda nas audiências, a série continua a contar com cerca de dez milhões de espectadores só nos Estados Unidos e soma mais de 34 vitórias em prémios como os Emmy Awards ou os Golden Globes. E foi precisamente esse êxito que permitiu que os protagonistas tivessem um aumento de salário que faz com que ganhem 250 mil dólares por cada episódio da terceira temporada (cerca de 213 mil euros), revela a revista The Hollywood Reporter – o que perfaz um total de 4, 5 milhões de dólares por temporada (3, 8 milhões de euros).
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
O preconceito também se aprende entre algoritmos
Um estudo da Universidade de Cardiff e do MIT mostra que a inteligência artificial pode aprender a ser preconceituosa e a discriminar algoritmos diferentes sozinha. (...)

O preconceito também se aprende entre algoritmos
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-11-30 | Jornal Público
SUMÁRIO: Um estudo da Universidade de Cardiff e do MIT mostra que a inteligência artificial pode aprender a ser preconceituosa e a discriminar algoritmos diferentes sozinha.
TEXTO: Ser preconceituoso e olhar de lado para o que é diferente não requer um grande nível de intelecto ou sequer neurónios — um estudo recente sugere que pode ser uma característica que a inteligência artificial desenvolve naturalmente. Um grupo de investigadores em programação e psicologia da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, e do MIT, o conceituado instituto de tecnologia em Massachusetts, EUA, demonstrou que os algoritmos podem aprender, sozinhos, a pôr “o outro” de lado. A existência de programas de computador racistas ou sexistas não é novidade. Em 2016, a Microsoft criou um programa de inteligência artificial que aprendia ao falar com pessoas nas redes sociais, mas apenas aguentou 24 horas antes de se transformar num clone de pessoas mal-intencionadas na Internet (os chamados “trolls”, na gíria da Internet) que repetia comentários preconceituosos. Desde então, os programadores têm tido mais cuidado na criação de sistemas inteligentes, mas o estudo de Cardiff e do MIT mostra que o preconceito das máquinas não vem só dos humanos. Os investigadores organizaram vários agentes virtuais em diferentes comunidades em que se podiam trocar recursos entre si com o objectivo de obter o maior número possível de bens. O objectivo era ver com quem é que os agentes virtuais decidiam partilhar. Surgiram duas tendências: era mais comum agentes virtuais ajudarem algoritmos semelhantes (codificados com um valor numérico aleatório parecido), e quanto menos um agente virtual específico recebia de outros, mais marginalizado este se tornava. Com o avançar do tempo na simulação, o preconceito contra grupos de algoritmos mais isolados era evidente, porque os algoritmos mais bem-sucedidos copiavam comportamentos entre si. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. De acordo com os investigadores, trata-se de uma forma abstracta do preconceito que se vê no mundo real. “Decidimos fazer esta simulação porque a cooperação é um problema complexo que as máquinas autónomas podem ter de decifrar no futuro ao tornarem-se mais comuns”, diz ao PÚBLICO Roger Whitaker, o investigador da Universidade de Cardiff que liderou o estudo. Whitaker admite que a equipa se surpreendeu com a rapidez com que o preconceito aparecia nas comunidades virtuais. Os investigadores propõem algumas soluções. Ao obrigar os agentes em estudo a interagir com outros agentes, repararam que estes eram capazes de aprender mais e que a existência de preconceito entre diferentes grupos diminuía. “Quando os algoritmos viam que aprender com outros grupos era benéfico, a difusão do preconceito era mais complicada”, explica Whitaker, que diz que se trata de uma táctica semelhante a expor diferentes pessoas a novas perspectivas. “Os resultados demonstram que o preconceito não está dependente de uma cognição humana sofisticada e que pode ser manifestado em agentes com uma inteligência limitada”, ressalva, no entanto, a equipa de investigadores no relatório. “Isto traz implicações complicadas para o futuro dos sistemas autónomos e para a interacção entre humanos e máquinas. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA