Guterres acredita na vontade genuína dos EUA e Coreia do Norte num acordo de paz
No Conselho de Estado, o secretário-geral das Nações Unidas insistiu na defesa do multilateralismo e de uma “maior união e cooperação internacional”. (...)

Guterres acredita na vontade genuína dos EUA e Coreia do Norte num acordo de paz
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.4
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: No Conselho de Estado, o secretário-geral das Nações Unidas insistiu na defesa do multilateralismo e de uma “maior união e cooperação internacional”.
TEXTO: António Guterres deixou uma mensagem de esperança no Conselho de Estado que se reuniu nesta segunda-feira no Palácio de Belém. O secretário-geral das Nações Unidas afirmou estar convencido do empenho genuíno dos Presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte em fazer um acordo de desnuclearização da península coreana, apurou o PÚBLICO. Na semana passada, quando foi conhecido o cancelamento da cimeira de Singapura de 12 de Junho, António Guterres afirmou em Genebra estar “profundamente preocupado” com a decisão de Donald Trump, e apelou a todas as partes para “encontrarem um caminho para a desnuclearização pacífica e verificável da Península da Coreia”. Passados quatro dias, o secretário-geral das Nações Unidas disse em Lisboa, aos conselheiros do Presidente da República, estar convicto de que são genuínas as preocupações tanto do Presidente norte-americano como do congénere norte-coreano em fazer um acordo. Foi uma das poucas mensagens de esperança em relação à situação mundial que atravessaram esta nona reunião do órgão de consulta do Presidente da República do consulado de Marcelo Rebelo de Sousa. A denúncia do acordo nuclear com o Irão representa, ao contrário, uma grande preocupação de Guterres. Para além da questão nuclear, o antigo primeiro-ministro e também ex-conselheiro de Estado manifestou apreensão com as consequências das sanções que os EUA estabeleceram àquele país porque considera que vão incidir, sobretudo, sobre empresas europeias, cujo investimento no Irão é substancialmente maior do que o norte-americano. Fazendo jus ao tema do Conselho de Estado – a situação internacional –, Guterres passou em revista todos os dossiers fundamentais – Médio Oriente, Coreia do Norte, relações transatlânticas –, fez uma análise da evolução política do mundo bipolar na Guerra Fria ao mundo multipolar actual em que faltam mecanismos de regulação e instrumentos de diálogo. Falou ainda de outras preocupações globais, como o aumento das desigualdades sociais, as alterações climáticas e os riscos dos avanços tecnológicos. E deixou um elogio à presença de Portugal nas operações de paz, sobretudo na República Centro-Africana, dizendo que os portugueses são adorados internacionalmente porque são os únicos que têm capacidade de gerir conflitos. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Do lado dos conselheiros, verificou-se uma preocupação generalizada com a falta de influência política europeia no contexto internacional, em contraste com a sua força económica. A um mês da reunião prevista com o Presidente dos Estados Unidos da América, Marcelo Rebelo de Sousa registou as opiniões dos conselheiros. A reunião, uma das mais rápidas das nove do consulado de Marcelo, durou pouco mais de três horas e terminou com um curto comunicado. “A permanente defesa de uma abordagem multilateral e de respeito pelo direito internacional para os enormes desafios globais que surgem permanentemente, em particular nas questões de paz, da segurança e dos direitos humanos, bem como do desenvolvimento sustentável e do clima, realça o imperativo de uma maior união e cooperação internacional, de forma a criar condições de entendimento e diálogo que permitam ultrapassar os desbloqueamentos que se colocam a nível mundial”. Uma formulação suficientemente genérica para incluir os temas debatidos e não especificados nesta nota informativa, que também realça a “relevância” e “papel fundamental” que o secretário-geral das Nações Unidas “tem desempenhado num contexto internacional tão complexo, difícil e exigente”.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Pedro Nuno ganhou nos aplausos, mas as alianças dividem
O debate sobre estratégia de alianças pós legislativas de 2019 atravessou todo o congresso. De um lado Pedro Nuno Santos com a defesa da aliança com o BE e o PCP, do outro os que preferem a autonomia estratégica do PS. (...)

Pedro Nuno ganhou nos aplausos, mas as alianças dividem
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O debate sobre estratégia de alianças pós legislativas de 2019 atravessou todo o congresso. De um lado Pedro Nuno Santos com a defesa da aliança com o BE e o PCP, do outro os que preferem a autonomia estratégica do PS.
TEXTO: Pedro Nuno Santos foi ontem consagrado no 22. º Congresso do PS como o putativo candidato a líder no futuro, pelo menos no que toca à intensidade de aplausos que recebeu no final da sua intervenção. O momento foi tão simbólico que terminou com um abraço a António Costa perante os delegados. Mas se Pedro Nuno conseguiu marcar lugar na pole position para a sucessão no futuro, o que ficou claro ao longo das intervenções de todo o dia de ontem é que as suas posições estão longe de ser unânimes, já que foram vários os dirigentes que se distanciaram da tese de que o PS tem de manter a estratégia de alianças e renovar desde já a intenção de prosseguir os entendimentos com o BE e o PCP. Na sua intervenção, Pedro Nuno Santos foi frontal na defesa das suas posições: é com a esquerda que se faz o Estado social, que classificou como a “maior realização da humanidade política”, afirmando que o que defende “não é populismo, não é radicalismo, é ser socialista”. Deixando para a apresentação das moções sectoriais, hoje de manhã, a sua percepção do que deve ser o papel do Estado no desenvolvimento económico, Pedro Nuno fez questão de defender que o PS não foi criado “para representar a elite” e que “quem esteve na origem e criação” dos partidos sociais-democratas foi o “povo”, formado hoje pelos que “trabalham 40 ou mais horas e ganham mal”. A sua estratégia de alianças foi secundada por dirigentes que lhe são próximos, como Duarte Cordeiro, segundo subscritor da sua moção, por Pedro Delgado Alves e até por Ana Gomes. Mas o maior apoio que recebeu foi a legitimação histórica que lhe foi oferecida por Manuel Alegre, o líder da ala esquerda do PS a quem sucede. Alegre foi cristalino a desejar o prolongamento dos acordos à esquerda. “Espero que continue a acontecer”, disse, advogando que a “viragem à direita representaria um risco de morte para o PS”. Chegando ao ponto de considerar que o “PS não deve ter medo de pedir a maioria absoluta”, Alegre sustentou que, “se tal acontecer”, Costa “deve manter política de convergência”, argumentando que o “PS é um partido democrático e não a ala esquerda do neoliberalismo ou a bengala da direita”. De forma menos veemente e por vezes até subtil, a demarcação das teses de Pedro Nuno Santos foi feita por vários dirigentes não só em relação à política de alianças, mas também quanto ao papel do Estado. Logo ao início da tarde, Augusto Santos Silva, que tem protagonizado a defesa da autonomia estratégica do PS, afirmou que não combate “nenhum socialista de nenhuma tendência”, mas “a direita”. E de forma peremptória garantiu: “Combato também todas as tentativas de retirar autonomia ao PS, de negar a natureza de espaço central, de diminuir a capacidade de afirmar-se como progressista e europeísta. ”Vários dirigentes com peso e história alinharam na mesma tese — Ferro Rodrigues e Carlos César, passando por Vasco Cordeiro e Porfírio Silva, defenderam a seu modo a autonomia estratégica. Isto, enquanto Daniel Adrião, que se candidatou a líder para apresentar uma moção de estratégia global, afirmou, sem nunca mencionar o nome de Pedro Nuno Santos, que não aceitava “o jogo táctico e apresentar moções globais como sectoriais para não ir a votos”, concluindo que “o PS não tem donos”, nem “vencedores pré-determinados”. Coube a Francisco Assis o reafirmar frontal da sua oposição às alianças à esquerda. “Disse-o em nome da minha concepção do PS que sou contra esta solução. Acho que a solução é má”, lembrou logo de início. E concluiu: “O PS deve governar sozinho com disponibilidade para falar à esquerda e à direita. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Mais subtil, foi Fernando Medina, que é visto como um possível futuro líder do PS. Assumiu a defesa do pragmatismo político, elogiando a acção de António Costa e demarcou-se assim de Pedro Nuno Santos, sem nunca referir sequer que estava também a falar de debate ideológico. Logo a começar afirmou que o “ideário sem acção é um vazio”; daí a necessidade de o PS saber compatibilizar estas duas dimensões da política. E tratou de deixar a primeira demarcação de Pedro Nuno Santos: “O PS tem de saber onde procurar alianças para transformar a sociedade. ”De seguida, agarrou na moção de António Costa para garantir que é o bom caminho para o PS fazer a “actualização” do ideário. Considerou-a “socialista”, “revolucionária”, “não proclamatória”. E destacando que o combate à xenofobia e ao racismo feito por Costa “tem liderado na Europa”, apelou a “energia renovada” e a uma “força mobilizadora” para as eleições europeias e legislativas.
REFERÊNCIAS:
Partidos PS PCP BE
Facebook proíbe campanhas estrangeiras sobre referendo do aborto irlandês
O sistema publicitário do Facebook tornou-se popular entre políticos, porque permite chegar a grupos de eleitores específicos. (...)

Facebook proíbe campanhas estrangeiras sobre referendo do aborto irlandês
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.06
DATA: 2018-05-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O sistema publicitário do Facebook tornou-se popular entre políticos, porque permite chegar a grupos de eleitores específicos.
TEXTO: O Facebook não vai permitir que pessoas fora da Irlanda criem campanhas relacionadas com o referendo do país sobre a legalização do aborto, marcado para o dia 25 de Maio. Em causa está a abolição de uma emenda constitucional que torna a interrupção voluntária da gravidez ilegal. “Faz parte dos nossos esforços para proteger a integridade das eleições e dos referendos de influência indevida”, escreve a equipa do Facebook, num comunicado publicado esta terça-feira. “Acreditamos que o espírito desta abordagem é consistente com a lei eleitoral irlandesa, que proíbe campanhas de aceitar donativos do estrangeiro. ”Ao longo do último ano, a rede social tem sido alvo de fortes críticas por ignorar o seu papel na interferência em votações em todo o mundo. Em 2017, o Facebook admitiu que encontrou milhares de anúncios facciosos com origem na Rússia a circular na rede social desde Junho de 2015, altura em que Donald Trump anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA. Concentravam-se em “amplificar mensagens políticas e sociais fracturantes”. Já este ano o escândalo com a consultora britânica Cambridge Analytica mostrou que dados de milhares de utilizadores foram indevidamente recolhidos e utilizados para criar campanhas de manipulação política nos EUA, Reino Unido e Nigéria. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. As restrições agora impostas à campanha irlandesa sobre o direito ao aborto devem expandir-se a outros assuntos de natureza política. “A nossa táctica é criar ferramentas que aumentam a transparência em torno de campanhas políticas para que as pessoas saibam quem é que está a pagar os anúncios, ” lê-se no comunicado do Facebook. Além de proibir campanhas oriundas do estrangeiro, a empresa quer introduzir um motor de busca para se conhecer o âmbito demográfico dos grupos que uma campanha, seja publicitária ou política, quer atingir. O sistema publicitário do Facebook tornou-se popular entre grupos políticos, porque permite chegar a grupos de eleitores específicos (por exemplo, é possível seleccionar os interesses, idade, línguas e localização dos alvos). A equipa da rede social diz ainda que está a trabalhar de perto com as campanhas de ambos os lados do referendo irlandês e vai usar sistemas de “inteligência artificial” para identificar anúncios que têm de ser retirados do Facebook o mais rapidamente possível.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Procurador faz errata de 15 páginas à acusação da Operação Marquês
O Ministério Público apresentou uma errata de 15 páginas à acusação da Operação Marquês, provavelmente o maior despacho final de uma investigação de sempre, com mais de 4000 páginas. (...)

Procurador faz errata de 15 páginas à acusação da Operação Marquês
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Ministério Público apresentou uma errata de 15 páginas à acusação da Operação Marquês, provavelmente o maior despacho final de uma investigação de sempre, com mais de 4000 páginas.
TEXTO: Uma errata, assinada pelo procurador Rosário Teixeira, deu entrada no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) no final de Novembro, perto de um mês depois do juiz Ivo Rosa ter sido seleccionado, por sorteio, para liderar a fase de instrução deste megaprocesso de corrupção que tem o ex-primeiro-ministro José Sócrates como figura central. O documento assume que a acusação “enferma de alguns lapsos de escrita” que “podem ser corrigidos por não implicarem qualquer modificação essencial” das imputações. Pede, por isso, ao juiz de instrução Ivo Rosa para “autorizar/determinar a rectificação dos lapsos”, o que este aceitou, já que as defesas não levantaram obstáculos às correcções. O documento elenca um total de 85 itens a corrigir, a esmagadora maioria relacionada com lapsos na identificação de escutas telefónicas, provas que surgem a sustentar determinadas partes da acusação. Os erros estão associados à identificação dos visados pelas intercepções telefónicas e da conversa específica que comprova determinada imputação do Ministério Público, ambos traduzidos em números. Nalguns casos faltam números, noutros há números a mais e noutros trocaram-se algarismos. "No artigo 6697 da acusação, onde se faz referência ao 'alvo 60058040' deve passar a constar a referência ao 'alvo 60085040'”, lê-se numa das rectificações mais repetidas. O lapso decorre da existência de dois algarismos trocados, mas podia impedir as defesas de perceberem qual a escuta em concreto que o Ministério Público considera servir de base a uma determinada acusação. Mais de um ano após sete procuradores assinarem o despacho final da investigação, percebe-se que o Ministério Público teve o cuidado de reanalisar o documento e verificar as provas associadas a cada um dos mais de 13 mil artigos da acusação. E a fama do juiz Ivo Rosa, que é considerado persona non grata por muitos procuradores talvez não seja alheia ao facto. Criticam o juiz madeirense de 52 anos tanto por não autorizar muitos dos seus pedidos de diligências, como por ter absolvido suspeitos com base numa análise, que consideram deficiente, da prova ou ter aplicado penas demasiado brandas. A avaliar pelas decisões que Ivo Rosa tomou nos quase dois meses em que teve o processo nas mãos, percebe-se bem a diferença relativamente ao juiz Carlos Alexandre, que acompanhou o caso durante os mais de quatro anos de investigação, e, por regra, validou os pedidos dos procuradores. Já são várias as decisões de Ivo Rosa contrárias ao Ministério Público, pelo menos uma das quais levou os magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal a recorrer para o Tribunal da Relação de Lisboa. Isso mesmo aconteceu com o levantamento da caução de 300 mil euros que o ex-ministro socialista Armando Vara foi obrigado a prestar em Outubro de 2015, após três meses em prisão domiciliária - o que fez hipotecando um imóvel em Paço D'Arcos de que é proprietário. O pedido de levantamento da caução foi apresentado pela defesa do antigo governante, que considerou a manutenção desta medida de coacção "manifestamente excessiva e desproporcional”. Os advogados de Vara lembravam que dos inúmeros arguidos do processo, alguns acusados de crimes de maior gravidade, todos, com excepção de um, encontram-se apenas sujeitos a termo de identidade e residência. Apesar da oposição do Ministério Público, que considerava manter-se o risco de fuga e de perturbação da prova, o juiz Ivo Rosa levantou a caução, o que levou o procurador Rosário Teixeira a recorrer para a Relação. Já antes o Ministério Público sustentara que havia perigo de fuga, ainda que diminuto, o que justificava com a prática do comércio internacional levado a cabo pelo arguido e pela capacidade financeira e conhecimentos de que dispunha. Ivo Rosa também declarou extinta a proibição de ausência para o estrangeiro sem autorização do antigo banqueiro Ricardo Salgado. Na sequência de um pedido deste para se deslocar a Genebra, no final de Outubro, o juiz constatou que já tinha sido ultrapassado o prazo máximo da medida de coacção e, por isso, a mesma caducara, determinando a devolução do passaporte ao ex-banqueiro. O Ministério Público também viu serem contrariadas as suas pretensões no que diz respeito às diligências autorizadas para a instrução, uma fase que pretende avaliar se há indícios suficientes para levar os 28 acusados deste mediático processo a julgamento. O empresário luso-angolano Hélder Bataglia, por exemplo, pedia que as autoridades angolanas esclarecessem quais os factos que foram objecto de arquivamento num processo que decorreu naquele país africano, o que poderia inviabilizar que fosse julgado em Portugal devido a um princípio penal que impede que uma pessoa seja condenada duas vezes pelos mesmos factos. O procurador Rosário Teixeira defende que não se justificava fazer esse pedido às autoridades angolanas - que podem demorar meses a responder - já que esse processo só foi instaurado em Angola na sequência do facto das autoridades daquele país terem tido conhecimento que no âmbito da Operação Marquês fora emitido um mandado de captura internacional. Isto porque a Constituição angolana tem uma norma que determina que os tribunais angolanos devem julgar os factos de que sejam acusados os cidadãos cuja extradição não seja permitida, o que acontecia com Bataglia que possui nacionalidade angolana além da portuguesa. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. No processo angolano, chegou a ser feito um pedido de cooperação a Portugal, que foi dado sem efeito após o Ministério Público ter informado Angola da data a que se reportavam os factos. Isto porque os eventuais ilícito estariam abrangidos por uma amnistia, publicada em Agosto de 2016. O Ministério Público português recordava igualmente que o arguido podia sempre juntar ao processo o referido despacho de arquivamento. O juiz Ivo Rosa teve um entendimento diferente e emitiu uma carta rogatória dirigida à Procuradoria-Geral da República de Angola, pedindo cópia do despacho de arquivamento e da indicação dos factos objecto daquele processo e da data dos mesmos. Mas o Ministério Público não foi o único a ver contrariadas algumas das suas pretensões. Sócrates, por exemplo, viu o juiz aceitar ouvir cinco testemunhas (quatro deles antigos governantes), mas recusar a audição de outras cinco. Neste último grupo incluía-se o juiz Carlos Alexandre e a presidente da comarca de Lisboa, Amélia Almeida, que seriam inquiridas sobre a alegada distribuição da Operação Marquês em Setembro de 2014, quando arrancou uma nova organização dos tribunais e que a defesa insiste que violou as regras legais. Quanto enviou o processo para o TCIC, o procurador Rosário Teixeira pedia ainda que José Sócrates assumisse a função de fiel depositário de seis quadros que lhe foram apreendidos durante as buscas. A defesa opôs-se argumentando que apenas um, um óleo de Júlio Pomar, constava da acusação, sendo o único que o Ministério Público pedia que fosse dado como perdido a favor do Estado. O juiz Ivo Rosa aceitou os argumentos e devolveu os restantes cinco quadros a Sócrates.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Madjer considera que Portugal pode vencer na Rússia
Seleccionador da Argélia quer ganhar o último jogo à frente da selecção, mas não sabe como parar Ronaldo. (...)

Madjer considera que Portugal pode vencer na Rússia
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.8
DATA: 2018-06-26 | Jornal Público
SUMÁRIO: Seleccionador da Argélia quer ganhar o último jogo à frente da selecção, mas não sabe como parar Ronaldo.
TEXTO: O seleccionador da Argélia, Rabah Madjer, considerou esta quarta-feira que Portugal tem "possibilidades" de vencer o Mundial 2018 e assegurou que a equipa argelina quer ganhar o particular desta quinta-feira, no Estádio da Luz, em Lisboa. "A equipa de Portugal é uma boa equipa, tem jogadores excelentes. Pode ir muito longe no Mundial da Rússia. Uma equipa que ganha o Europeu tem possibilidades de ganhar o Campeonato do Mundo. No futebol tudo pode acontecer. Desejo boa sorte para a equipa de Portugal", afirmou, em conferência de imprensa. Madjer, que representou o FC Porto enquanto futebolista na década de 80, falava na antevisão do encontro de preparação entre Portugal e Argélia, que será o último da selecção portuguesa antes do Mundial e também o derradeiro de Madjer à frente da selecção africana, cujo comando tinha assumido em Outubro de 2017. "Portugal tem excelentes jogadores. Tive oportunidade de ver o jogo com a Tunísia, no qual se destacaram jogadores como João Mário, Bernardo Silva ou Quaresma. Vamos ter uma missão muito difícil, face ao campeão da Europa. Estou muito satisfeito por regressar a Portugal, vivi aqui grandes momentos", frisou. A presença de Cristiano Ronaldo na partida foi, obviamente, tema de conversa e levou o técnico a levantar uma questão, de forma bem-disposta: "Se os outros defesas não conseguem travar o Cristiano Ronaldo, não sei como nós o conseguiremos fazer". Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "É um grande jogador. Vamos preparar um bom plano para tentar fechar os espaços aos jogadores de Portugal. Desejamos ganhar, os jogadores querem ganhar, depois do jogo com Cabo Verde" [derrota da Argélia, por 3-2], referiu. No primeiro teste de preparação para o Mundial 2018, Portugal empatou 2-2 com a Tunísia, em Braga, antes de registar nova igualdade com a Bélgica (0-0), em Bruxelas. No sábado, a equipa lusa viaja para a Rússia, onde tem estreia marcada frente à Espanha, no dia 15 de Junho, em Sochi.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave igualdade
Recuperação económica de Angola e Moçambique vai tirar os projectos de investimento da gaveta, acredita Sofid
Presidente da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento admite novas oportunidades para as empresas portuguesas. (...)

Recuperação económica de Angola e Moçambique vai tirar os projectos de investimento da gaveta, acredita Sofid
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.2
DATA: 2018-12-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Presidente da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento admite novas oportunidades para as empresas portuguesas.
TEXTO: A presidente da comissão executiva da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (Sofid) considerou esta segunda-feira, em entrevista à Lusa, que a recuperação económica em Angola e Moçambique vai fazer os projectos de investimento saírem da gaveta dos empresários. "Muitas empresas tinham os projectos na gaveta, eles até já existem e estão hoje a ser actualizados e com certeza irão aparecer, até porque com novos instrumentos de cobertura de riscos, de que a Comissão Europeia também é protagonista, estou certa que haverá novos projectos em vários sectores", disse Marta Mariz em entrevista à Lusa, quando questionada sobre o impacto da recuperação económica prevista em Angola e Moçambique no próximo ano. Os investimentos em várias áreas da economia, acrescentou, "são o desejo destes países, de haver diversificação da economia e as empresas portuguesas serão protagonistas [desta diversificação] pela sua capacidade de fazer nestes países", acrescentou a responsável, que na semana passada assinou um memorando de entendimento com o Banco Europeu de Investimento que contempla 12 milhões de euros para as pequenas e médias empresas portuguesas investirem nos países africanos de língua portuguesa. "O BEI viu, e bem, a capacidade portuguesa nesses países, e a Sofid é só uma facilitadora e um meio de transporte para essas grandes multilaterais financeiras", explicou a presidente desta entidade maioritariamente estatal cujo principal objectivo é apoiar financeiramente os investimentos das empresas portuguesas no estrangeiro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. "A SOFID tem como missão apoiar os investimentos das empresas portuguesas, do sector privado, no países em desenvolvimento, e como tal a prioridade é desenvolver uma série de protocolos com várias instituições financeiras multilaterais internacionais e, também desta forma, permitir às empresas portuguesas aceder ao financiamento para o desenvolvimento, por um lado, e a novos instrumentos mitigadores de risco, seja político, de país ou cambial", explicou Marta Mariz. "Queremos colocar-nos como facilitadores de novos financiamentos destes novos actores do financiamento ao desenvolvimento, quer com o BEI, quer com o Compacto Lusófono [assinado com o Banco Africano de Desenvolvimento], temos muitos instrumentos financeiros, agora estamos à espera de novos projectos", salientou a presidente da comissão executiva da Sofid. Esta sociedade, que também tem como accionistas minoritários os quatro maiores bancos privados em Portugal, para além da CGD, já assinou protocolos com outras entidades multilaterais vocacionadas para financiar o desenvolvimento, com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o Banco de Desenvolvimento Inter-Americano ou a Sociedade Financeira Internacional, o braço financeiro do Banco Mundial para o apoio ao investimento do sector privado.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Lagarde aterra em Luanda com piores previsões e promessa de apoio aos mais pobres
Economia angolana deve recuar 1,7% este ano, quando em Abril a previsão do FMI era a de um crescimento de 2,2%. (...)

Lagarde aterra em Luanda com piores previsões e promessa de apoio aos mais pobres
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento -0.4
DATA: 2018-12-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Economia angolana deve recuar 1,7% este ano, quando em Abril a previsão do FMI era a de um crescimento de 2,2%.
TEXTO: A directora-geral do FMI, Christine Largarde, aterrou esta quinta-feira em Luanda com um cenário macroeconómico revisto em forte baixa (projecta-se agora um recuo de 1, 7% do PIB, quando em Abril se apontava para um crescimento de 2, 2%) e com uma promessa: o apoio, por via do Programa de Financiamento Ampliado (EFF, na sigla inglesa), terá em consideração os mais pobres. Em declarações aos jornalistas na conferência de imprensa que realizou ao lado do Presidente de Angola, João Lourenço, Lagarde defendeu que o acordo que vai ser colocado agora em prática, com um financiamento de 3, 7 mil milhões de dólares (a três anos), é diferente de outras acções do passado. Segundo a agência de notícias local, a Angop, Lagarde sublinhou que antes da adopção de qualquer medida que exija muitos sacrifícios, como a redução de subsídio aos combustíveis, deverá assegurar-se que há um apoio aos mais pobres que os proteja dos impactos negativos. De acordo com as próprias estimativas do FMI, há 1, 3 milhões de famílias pobres em Angola. No documento disponibilizado terça-feira, e que dá conta de detalhes do programa de apoio oficializado poucos dias antes, o FMI explica a forte revisão em baixa do PIB com a queda do sector petrolífero: se antes via uma variação positiva de 2, 3%, agora vê-se um recuo de 8, 2% (devido a factores como falta de investimento no passado, que provocou uma quebra na produção). Ao mesmo tempo, o sector não petrolífero deverá estagnar, quando antes se previa um crescimento de 2, 1%. Entre os grandes objectivos da intervenção do FMI está a consolidação orçamental “gradual” no médio prazo, o que implica medidas de austeridade no horizonte, com cortes na despesa. Isto para que a dívida pública entre numa trajectória descendente, mais sustentável. Ao mesmo tempo que se avança com a introdução do IVA (no ano que vem) e com a redução progressiva de subsídios, o FMI enfatiza a necessidade de se introduzirem medidas desenhadas especificamente para minimizar o impacto junto dos mais vulneráveis economicamente. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Outros aspectos cruciais do EFF são uma maior flexibilidade cambial “para recuperar competitividade”, maior actuação ao nível da política monetária para reduzir a inflação (que se tem mantido nos dois dígitos), reforçar a resistência do sistema financeiro (analisando a fundo os oito maiores bancos) e melhorar o ambiente de negócios e a governação. Neste último caso inclui-se o combate à corrupção e a necessidade de diversificar a economia além do petróleo, com mais investimento privado (nomeadamente estrangeiro) e menos presença do Estado (o que inclui privatizações e o emagrecimento da Sonangol). Da mesma forma, aposta-se num quadro legislativo que reforce o combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo com reconhecimento global. Estes são aspectos que já têm centrado a atenção do executivo de João Lourenço, mas para os quais pode agora receber o apoio do FMI a nível técnico e financeiro. O suporte desta instituição, simbolizado pela presença de Lagarde (que está num périplo por outros países africanos, como o Gana), serve também, conforme sublinhou esta quinta-feira João Lourenço, para dar outra dimensão às mudanças em curso. De acordo com a Angop, o Presidente de Angola afirmou que "o programa do Governo fica mais credibilizado e, com certeza, espera-se em breve a chegada dos investidores internacionais". Esta sexta-feira, João Lourenço, que substituiu também José Eduardo dos Santos na liderança do MPLA, vai dar uma entrevista colectiva aos órgãos de comunicação social presentes em Angola, onde falará certamente do que fez ao longo deste ano e do futuro, no qual se insere agora o FMI. Para 2019, já se espera que a economia volte a crescer (a previsão é de 2, 5%), depois de três anos a encolher.
REFERÊNCIAS:
Entidades FMI
A geração da distopia
Não gostando do que vê à volta, disso Pepetela vem dando conta de modo crescentemente satírico. (...)

A geração da distopia
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: Não gostando do que vê à volta, disso Pepetela vem dando conta de modo crescentemente satírico.
TEXTO: Literariamente, a morte sempre foi um bom lugar de onde observar a vida. A vida própria e a alheia. Quase sempre com efeitos cómicos e críticos devastadores, como nos seminais (sem ironia) Diálogos dos Mortos, de Luciano (século II). Em língua portuguesa, o modelo foi estampado e registado sem imitação possível por Machado de Assis, com as Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). O que não quer dizer que o produtivo filão se tenha esgotado aí. Muito recentemente, em O Fiel Defunto, o escritor cabo-verdiano Germano Almeida também matou logo no início o protagonista do romance, sem dúvida para mais livremente satirizar os usos e costumes político-literatos nas ilhas (e não só). Autoria: Pepetela D. QuixoteO protagonista e narrador de Sua Excelência, de Corpo Presente, o novo romance de Pepetela (n. Benguela, 1941), encontra-se igualmente morto desde o início do livro. E dessa condição não escapará no final do romance, que a ficção não pode tudo (informação que adiantamos para benefício dos leitores mais supersticiosos). Sua Excelência está morta, mas não enterrada: “Estou morto. […] estou deitado dentro de um caixão, num salão cheio de flores, as quais, em vida, me fariam espirrar. ” (p. 9) Nem tudo é mau, na morte. A posição é confortável, mas restringe um tanto o campo de visão (chamemos-lhe assim) do morto, que disso lavrará adiante conformado protesto. Mero pormenor que não impede o defunto, consumado ditador absoluto de um país africano não nomeado, de nos relatar as danças de cadeiras que já se preparam no palácio presidencial, replicando aquelas que no passado o levaram ao poder e que eram já réplicas de outras que… Enfim, e como tão bem sabemos, nunca um elo se perdeu na infindável cadeia de indignidades, traições, falta de escrúpulos e outros crimes, a que habitualmente chamamos História. Depois de, em Mayombe e A Geração da Utopia, haver contado o tempo heróico das lutas independentistas, a ficção de Pepetela há muito que começou a olhar para o “presente” à sua volta e, não gostando do que via e vê, disso vem dando conta de um modo crescentemente satírico. Mas creio que nunca, como neste livro, foi o autor tão sarcástico, tão escarnecedor e tão cáustico. Nada parece capaz de redimir o desencanto desta narrativa, na qual até mesmo a rara virtude (de certo ministro, de uma filha do ditador) se torna perigosa e contraproducente: “Só Isilda mesmo para me enrascar com sua honestidade. [. . . ] Todos perdem quando querem dar lições de integridade […]. ” (p. 198) A tal ponto que chegamos mesmo, por vezes, a simpatizar com a cínica honestidade do defunto protagonista — “Subir tão depressa na hierarquia com tão poucos feitos até me dava vertigens. ” (p. 208) —, quando a medimos pelo contexto: um país de recorrentes guerras civis, vampirizado pelo nepotismo de uma elite político-militar predatória, corrupta até à náusea e ostensivamente incompetente e prepotente. “Um bando de chupistas” — resume o ditador defunto deitado no seu caixão, diante do qual desfilam poderosos e ‘populares’ numa simétrica farsa de enganos: “[…] entre os presentes, quem não mete bens do Estado no bolso? Só as crianças, inocentes. Por enquanto. Basta crescerem um pouco…” (p. 18). O morto vai intercalando na narrativa observações e comentários sobre as circunstâncias e os circunstantes com a rememoração da sua inesperada e parabólica ascensão desde a base até ao vértice da ‘pirâmide’ social, método que bem se apresta a ilustrar como se fabricam — à medida das ‘necessidades históricas’, dir-se-á — biografias de ‘heróis nacionais’ e de ‘salvadores de pátrias’. A imagem final, com o caixão soterrado numa monumental lixeira a céu aberto e às portas do palácio presidencial na capital do país, além de nos proporcionar um aceleramento burlesco da narração, consegue ainda ser a metáfora mais adequada à distopia viva do presente. Em África e em outras partes.
REFERÊNCIAS:
Étnia Africano
Nápoles e Tenerife são os novos destinos da TAP
A companhia promove as rotas com preços desde 61 e 65 euros por ida. (...)

Nápoles e Tenerife são os novos destinos da TAP
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.136
DATA: 2019-06-24 | Jornal Público
SUMÁRIO: A companhia promove as rotas com preços desde 61 e 65 euros por ida.
TEXTO: Depois de nas últimas duas semanas ter estreado três rotas para os EUA, a TAP começou esta semana a ligar Lisboa a Tenerife (Canárias, Espanha) e Nápoles (Itália). Com a inauguração da ligação Lisboa-Nápoles, que tem direito a voos diários, a companhia passa a somar seis destinos em Itália, incluindo-se Florença, Milão, Roma, Bolonha e Veneza. No site da companhia, a rota está em promoção com voos desde 65 euros a ida. Já Tenerife é a décima rota da TAP em Espanha e a segunda nas Canárias (a empresa voa para a Gran Canária desde 2017). Haverá sete frequências semanais e Lisboa-Tenerife está em promoção, desde 61 euros a ida. São mais duas novidades de Junho, mês de estreias na companhia, depois de ter inaugurado ligações de Lisboa a Chicago, São Francisco e Washington. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Entre as novidades recentes da TAP para Lisboa contam-se ainda rotas para Telavive, Dublin e Basileia. Para o Porto, a empresa já tinha confirmado voos a partir do Verão para Lyon, Bruxelas e Munique e o aumento de ligações aéreas a Nova Iorque. Nas rotas africanas, também há novidades para breve, com voos para a Gâmbia a partir de Outubro e para a Guiné-Conacri a partir de Julho.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
VIH-2 é mais mortal do que se pensava
Cientistas acompanharam 4900 doentes na Guiné-Bissau durante mais de 20 anos e defendem que o tratamento com anti-retrovirais deve estender-se a todas as pessoas infectadas com o vírus, e não apenas para doentes com VIH-1. (...)

VIH-2 é mais mortal do que se pensava
MINORIA(S): Africanos Pontuação: 2 | Sentimento 0.044
DATA: 2018-12-31 | Jornal Público
SUMÁRIO: Cientistas acompanharam 4900 doentes na Guiné-Bissau durante mais de 20 anos e defendem que o tratamento com anti-retrovirais deve estender-se a todas as pessoas infectadas com o vírus, e não apenas para doentes com VIH-1.
TEXTO: Um estudo publicado na revista The Lancet HIV mostra que o VIH-2 é mais patogénico do que se pensava. O trabalho inédito, que envolveu 4900 pessoas acompanhadas durante 23 anos com exames anuais que incluíram análises de sangue, demonstra que as pessoas infectadas com VIH-2 desenvolvem infecções associadas ao vírus e à sida de uma forma idêntica aos doentes com VIH-1. Até agora, o VIH-2 sempre foi associado a uma variante mais branda, menos agressiva do vírus. Mas, ao que tudo indica, apenas se manifesta de forma mais lenta. Os resultados do estudo levam os seus autores a defender que o tratamento precoce com anti-retrovirais deve ser aplicado a todos os doentes com VIH. “Os nossos dados indicam que a maioria das pessoas infectadas com o VIH-2 irá desenvolver e morrer de sida, algo que estudos anteriores não foram capazes de determinar”, diz Joakim Esbjörnsson, professor e investigador em microbiologia médica na Universidade de Lund, na Suécia, e um dos autores do artigo. O estudo de uma população de indivíduos infectados na Guiné-Bissau é “o primeiro a apresentar estimativas confiáveis do tempo entre a infecção pelo VIH e a sida ou a morte relacionada com este vírus”, adianta ainda um comunicado de imprensa. O objectivo desta investigação, especificam os autores no artigo, foi comparar o tempo para a sida e a mortalidade, e, por outro lado, avaliar a dinâmica dos linfócitos T (células do sistema imunitário) e, especificamente, do principal receptor do vírus nestas células (CD4). Estudos anteriores indicaram que uma grande proporção de pessoas com VIH-2, mesmo sem tratamento anti-retroviral, teria uma expectativa de vida normal sem complicações, ao contrário daquelas com HIV-1 para quem a ausência de tratamento leva ao desenvolvimento da doença e manifestação em mais de 98% dos casos, argumentam os investigadores. Aliás, notam, “nem mesmo nas recomendações de tratamento da OMS é explicitamente referido que o tratamento deve ser oferecido a pacientes com VIH-2”. Joakim Esbjörnsson espera que este trabalho ajude a “desmantelar a crença” que existe no campo da investigação e da saúde pública e que se baseia no facto de o VIH-2 não levar à doença da mesma forma que o VIH-1. As duas variantes do vírus têm obviamente diferenças, nomeadamente na forma como afectam o sistema imunitário, mas os especialistas acreditam que reuniram provas suficientes para suportar a decisão de incluir o VIH-2 nas recomendações internacionais de tratamento. Para a amostra deste estudo foram recrutados todos os polícias “com emprego regular em esquadras de áreas urbanas e rurais da Guiné-Bissau” desde 6 de Fevereiro de 1990. O acompanhamento dos indivíduos com VIH-1 positivo e VIH-2 positivo continuou até 2013. Foram recolhidas amostras de sangue no momento da “inscrição” neste programa bem como nas visitas de acompanhamento anuais programadas e foram ainda incluídos dados de um grupo de 2984 indivíduos não infectados pelo VIH da mesma população, para efeitos de comparação e para avaliar o efeito da mortalidade natural. Resultados? Os autores referem que 872 participantes tiveram um resultado de VIH positivo durante o período de estudo de 23 anos, dos quais 408 foram infectados com VIH-1 e 464 com VIH-2. O tempo médio entre a infecção pelo VIH e o desenvolvimento de sida foi de 6, 2 anos para a infecção pelo VIH-1 e 14, 3 anos para o VIH-2. O tempo mediano de sobrevivência após a infecção pelo VIH-1 foi de 8, 2 anos e 15, 6 anos para infecção por VIH-2. Conclusão? “Os nossos resultados mostram que tanto os indivíduos infectados pelo VIH-1 como os indivíduos infectados pelo VIH-2 têm alta probabilidade de desenvolver e morrer de sida sem tratamento anti-retroviral. ”Uma das principais vantagens desta investigação realizada na Guiné-Bissau está no facto de ter sido possível acompanhar o longo processo da progressão da infecção, já que os 4900 doentes foram seguidos durante 23 anos. “Joakim Esbjörnsson acredita que a dificuldade em estudar o VIH-2 ao longo do tempo é uma das razões para a incerteza geral sobre quão agressivo é o VIH-2, e também para a visão predominante de quando o tratamento deve ser iniciado”, refere o comunicado. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Para Hans Norrgren, professor de doenças infecciosas na Universidade de Lund e médico consultor na clínica de infecção do Hospital Universitário de Skåne, também em Lund, uma das barreiras que o VIH-2 enfrenta está na incerteza de quanto e quando se deve iniciar um tratamento. “Além disso, o VIH-2 ocorre principalmente na África Ocidental, que é a região mais pobre do mundo, caracterizada por baixos níveis de investimento e instabilidade política frequente. Isso dificulta não apenas a investigação e o desenvolvimento na região, mas também contribuiu para que o interesse comercial no desenvolvimento de diagnósticos e tratamento do VIH-2 não tenha sido igualmente forte”, acrescenta Fredrik Månsson, investigador na Universidade de Lund e outro dos autores do artigo. “Está na hora de rever a noção de que o VIH-2 é benigno?”, sugere o título do comentário que acompanha o artigo publicado na revista The Lancet HIV. Os dois especialistas que assinam o texto, Christian Wejse e Bo L Honge, não respondem directamente ao desafio que eles próprios colocam, mas apresentam uma série de argumentos para demonstrar que sim, é altura de nos começarmos a preocupar mais com o VIH-2. Ao contrário da epidemia do VIH-1, a variante do VIH-2 tem sido menosprezada, constatam. Trata-se de uma infecção que afecta menos pessoas e que está presente sobretudo em países da África Ocidental, como a Guiné-Bissau, Cabo Verde, entre outros, que, como se sabe, é uma das regiões mais pobres do mundo. As estatísticas mostram que Portugal é o país da Europa com maior número de casos de infecção por VIH-2, devido às relações históricas com alguns destes países (Cabo Verde e Guiné-Bissau) do continente africano. Estima-se que este outro vírus da sida, identificado pela primeira vez na década de 80 por uma equipa que incluía a investigadora portuguesa Odette Ferreira (1925-2018), infecte cerca de dois milhões de pessoas. O VIH-2 afecta menos pessoas (que vivem em países mais pobres) do que o VIH-1 e, segundo este estudo, está longe de ser algo benigno, apenas mata de forma mais lenta.
REFERÊNCIAS:
Entidades OMS