A Guerra dos Tronos e os Direitos Humanos: lições em seis atos [alerta spoiler!]
Que o manto de cinzas (ou de neve) não nos cubra a perceção do mundo real. É caso para dizer: “The real world is dark and full of terrors.” (...)

A Guerra dos Tronos e os Direitos Humanos: lições em seis atos [alerta spoiler!]
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento -0.2
DATA: 2019-07-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Que o manto de cinzas (ou de neve) não nos cubra a perceção do mundo real. É caso para dizer: “The real world is dark and full of terrors.”
TEXTO: Quanto do mundo ficcional de A Guerra dos Tronos espelha o mundo real, no que respeita a violações dos Direitos Humanos? Revisitemos alguns dos momentos mais acutilantes e que jamais olvidaremos. 1. º ato: Da pena de morteA série é inaugurada com uma decapitação pela espada de Ned Stark, auspiciando o seu fado pelas mãos do despótico Joffrey. Em 2018, executaram-se, oficialmente, 690 sentenças de morte, em 20 países, com a China, Irão e Arábia Saudita a ocupar o pódio – acredita-se que o número de facto será triplamente mais elevado. A Bielorrússia é o único país do Conselho da Europa (ao todo 47 Estados) que mantém a pena de morte, apesar do reiterado esforço desta organização internacional na sua abolição – veja-se a discussão no recente Congresso Mundial contra a Pena de Morte. 2. º ato: Do casamento (infantil) forçadoSansa Stark tropeça em três casamentos, sem nunca autonomamente consentir. Com expressiva predominância em África, mas também na Ásia e na América Central e do Sul, uma em cada cinco raparigas é forçada a casar. Esta prática encontra fatores impulsionadores vários, como a desigualdade de género, a pobreza, as tradições, os conflitos armados e as emergências humanitárias, segundo uma resolução da ONU. 3. º ato: Da torturaNunca esqueceremos os perturbantes episódios em que Theon Greyjoy é cruelmente torturado, com sequelas irreversíveis, ou de como Jamie Lannister perde a mão. Em muitos países, a amputação de membros, apedrejamento, chicotadas, choques elétricos constituem práticas punitivas correntes. No mês passado, o Brunei aprovou, na sua perniciosa legislação penal, a amputação de membros corporais como punição do crime de roubo, ou 40 chicotadas no caso do crime de relacionamento sexual entre mulheres. 4. º ato: Da mutilação genital (MG)A castração dos Unsollied ou de Lorde Varys não passou despercebida. Centenas de milhões de mulheres são vítimas destes atos perversos, em 50 países – veja-se o artigo do Dia Internacional da Tolerância Zero à MG Feminina. Já os dados quanto à MG masculina não parecem contabilizados, talvez porque a prática, pelo menos quanto à circuncisão, não é, equivocamente, tida como invasiva da autodeterminação genital. Ainda ignorada permanece, encoberta pela veste de cirurgia de normalização, a MG que se pratica nas crianças intersexo – que nascem com características sexuais ambivalentes. A recente resolução do Parlamento Europeu reprova esta última prática, aplaudindo as legislações de Portugal e Malta (as únicas da Europa que preveem a sua proibição)Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. 5. º ato: Dos crimes contra a Humanidade e crimes de guerraA Khaleesi, que libertou a Slaver’s Bay, dizimou milhares de civis em King’s Landing. Num tweet, a Amnistia Internacional comparou a devastação desta cidade ficcional com a de Raqqa (Síria): “Não são precisos dragões para destruir uma cidade. ” E falaríamos ainda de Idlib ou Alepo, Gaza na Palestina, Rakhine em Myanmar, de Áden a Sanaa no Iémen. 6. º ato: Da ausência de participação políticaA série encerra com uma ténue nota democrática, quando Sam Tarly propõe que Westeros passe a escolher o seu ou a sua governante. Apesar do passo visionário, sabemos que não é Westeros quem decide, mas os Senhores e as Senhoras ali reunidos. Respiramos de alívio, pois por cá o sufrágio é universal. Mas não devíamos. O direito ao voto não é reconhecido aos cidadãos com funções mentais limitadas ou alteradas, sujeitos a internamento psiquiátrico ou mediante declaração médica – opção legislativa discriminatória e reprovada pelo Comité sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Que o manto de cinzas (ou de neve) não nos cubra a perceção do mundo real. É caso para dizer: “The real world is dark and full of terrors. ”
REFERÊNCIAS:
Entidades ONU
“Somos encorajados a preocupar-nos com as nossas aparências, dietas, status, popularidade”
O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos é o mais recente livro do escritor britânico Matt Haig. O impacto da Internet e do ritmo acelerado em que vivemos na saúde mental deu o mote para o livro e para as perguntas que lhe fizemos. (...)

“Somos encorajados a preocupar-nos com as nossas aparências, dietas, status, popularidade”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-06-18 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos é o mais recente livro do escritor britânico Matt Haig. O impacto da Internet e do ritmo acelerado em que vivemos na saúde mental deu o mote para o livro e para as perguntas que lhe fizemos.
TEXTO: Escrevia Matt Haig no arranque de Razões para Viver, em que relata de forma leve e bem-humorada a crise profunda de ansiedade e depressão em que mergulhou em 1999, quando tinha apenas 24 anos: “Lembro-me do dia em que o meu velho eu morreu. ” Em 2015, o escritor britânico já tinha mais de uma dezena de títulos publicados, como os romances A Família Radley e Os Humanos, mas foi o livro de não-ficção que o transportou para as luzes da ribalta: esteve entre os dez mais vendidos do Reino Unido durante 46 semanas e chegou ao topo da tabela. Depois de, nos últimos anos, se ter dedicado à ficção para crianças – Um Rapaz Chamado Natal, editado em 2016, foi traduzido em mais de 25 idiomas e está a ser adaptado ao cinema –, e para adultos, Matt Haig regressa à não-ficção com O Mundo à Beira de Um Ataque de Nervos. Tal como o seu antecessor do género, foi editado pela Porto Editora. Desta vez, o escritor volta-se de “dentro para fora” para explorar o impacto do caos tecnológico e do ritmo acelerado que caracterizam a vida moderna na deterioração da saúde mental. Partindo da ideia de “uma mente stressada num mundo stressado”, Matt Haig aborda temas como a Internet como motor de conexão e desconexão, o excesso de informação que recebemos diariamente ou as inseguranças cultivadas pela cultura capitalista. Recentemente, o escritor andou em digressão pelo Reino Unido com o novo livro, mas fez questão de parar para responder às perguntas do PÚBLICO, por escrito. Este livro é uma espécie de sequela de Razões para Viver, que focava uma crise pessoal de ansiedade e depressão. Em que altura deu conta do impacto que o mundo externo tinha na sua saúde mental?Em 2015 e 2016 passava demasiado tempo na Internet, envolvia-me em discussões desnecessárias com pessoas que não conhecia, trabalhava demasiadas horas por dia, e estava a começar a entrar numa nova crise de depressão e ansiedade. Trata temas como o excesso de informação, o capitalismo ou as expectativas sociais através do relato de experiências pessoais, dados científicos e um estilo quase de guia. Como é que essa dinâmica pode atrair o leitor da era digital?Eu acho que escrevo de uma forma que faz com o que o público possa mergulhar nos meus livros por onde lhes apetecer. Podem começar pelo início, meio ou fim. [Durante o processo de escrita], tento não me focar muito no “tipo” de livro que estou a escrever, porque isso é bastante limitador. Apenas me guio por uma série de questões que tenho e divirto-me a explorá-las. O eixo temático do livro é “a mente stressada num mundo stressado”. De que forma é que o mundo se alimenta dos nossos medos e como podemos combatê-lo?A economia está dependente da nossa insatisfação. Somos encorajados a preocupar-nos com as nossas aparências, dietas, status, popularidade, da mesma forma que a comunicação social quer que estejamos preocupados e divididos para conseguir obter mais cliques e visualizações. Quanto mais consciência tivermos de que as nossas inseguranças têm causas culturais externas, mais facilmente poderemos fazer-lhes frente. A sua escrita normalmente faz-se de capítulos pequenos, espaços largos e parágrafos fortes, mas houve quem a caracterizasse como cliché. Como é que encontra o equilíbrio entre a mensagem que quer passar e as palavras que usa?Não é propriamente um equilíbrio. Não faço esse tipo de compromisso. Para mim, as palavras que têm mais impacto são as mais simples. São palavras como “casa”, “céu” e “amor”. Na cultura do meu país [Inglaterra], a inteligência é muitas vezes vista como sendo equivalente à dificuldade [de compreensão], mas eu acho que também é uma questão de emoção e verdade. Eu escrevo para o meu “eu” mais novo, quando estava doente e precisava de ter o acesso mais directo possível a essa verdade. Já tinha um corpo de trabalho sólido antes do sucesso de Razões para Viver. Alguma vez sentiu o peso de ser tão aberto sobre a saúde mental?Sim. Razões para Viver tornou-se o meu livro mais bem-sucedido na altura – um bestseller e em primeiro lugar na tabela – e naturalmente sempre quis ter um livro que fosse tão popular, mas foi uma altura muito difícil porque falava do aspecto mais pessoal e sombrio da minha vida. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Além da saúde mental, fala de questões como as alterações climáticas, o feminismo e a masculinidade tóxica. Sente a necessidade de estar presente no mundo como cidadão e não apenas como escritor?Há algumas questões que são difíceis de ignorar. O ambientalismo, por exemplo, é uma preocupação de grande proporção e urgência. Além disso, está intimamente relacionado com a saúde mental, porque muitas das coisas que [fazemos que] são más para o planeta são igualmente más para nós. Boa parte da interacção que mantém com os leitores é online. Quando aborda a masculinidade tóxica – um tema ainda pouco falado –, qual é a reacção que obtém?Acho que os homens que me seguem online e lêem os meus livros já estão predispostos a ter uma ideia mais ampla de masculinidade. Posto isto, alguns sentem-se, de facto, ameaçados. A Internet é caótica, mas também pode trazer conforto. É uma questão de fazer uma curadoria dos espaços online e offline que visitamos?Sim, completamente. E estar atento à forma como [a Internet] nos faz sentir e ao tempo que passamos nela, e se isso nos faz sentir melhor ou pior.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave homens humanos cultura ataque social género espécie corpo feminismo ansiedade
Maratona para nomeação de cargos na UE adiada após 18 horas de negociações
Numa revolta inédita contra a autoridade da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, os membros do PPE bloquearam o “pacto” acertado em Osaka. (...)

Maratona para nomeação de cargos na UE adiada após 18 horas de negociações
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-07-10 | Jornal Público
SUMÁRIO: Numa revolta inédita contra a autoridade da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, os membros do PPE bloquearam o “pacto” acertado em Osaka.
TEXTO: O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, acaba de anunciar a suspensão dos trabalhos da cimeira extraordinária para a selecção dos dirigentes das instituições europeias, depois de mais de 18 horas de negociações contínuas que não produziram ainda um resultado. Os 28 chefes de Estado e de Governo da UE regressam ao conselho na terça-feira, às 11h (hora em Bruxelas, 10h em Portugal continental), para retomarem a discussão. O Parlamento Europeu marcou para dia 2 de Julho a sessão inaugural da nova legislatura, que inclui a tomada de posse dos novos eurodeputados eleitos em Maio. Na quarta-feira avançam com a votação para a escolha do seu presidente e vice-presidente. Visivelmente cansados, alguns líderes não esconderam a sua desilusão pelo prolongamento do impasse. Para o Presidente de França, Emmanuel Macron, o “falhanço” em fechar o processo depois de 18 horas de negociações é “o resultado das divisões do bloco político europeu”. “Terminamos esta jornada com aquilo que poderão chamar um fracasso, porque não foi alcançado um compromisso. Penso que é uma péssima imagem que damos tanto do Conselho como da União Europeia. Ninguém pode estar satisfeito com o que se passou durante tantas horas, e penso que este desfecho levanta problemas extremamente profundos. A nossa credibilidade foi profundamente abalada com esta reunião demasiado longa que não conduziu a lado nenhum”, criticou o líder francês, que não poupou o presidente do Conselho, Donald Tusk. Igualmente desiludido, o primeiro-ministro português, António Costa, classificou o resultado do encontro como “muito frustrante”. “Tudo correu mal”, lamentou o primeiro-ministro, que reservou palavras duras para as forças políticas e os membros do Conselho que sucessivamente rejeitaram as propostas e “os acordos que sucessivamente foram estabelecidos”. Resultado: os trabalhos vão ser retomados sem qualquer plano em cima da mesa. “Qual plano? Neste momento não há plano nenhum porque todas as soluções propostas não têm encontrado qualquer maioria”, admitiu. Quando os trabalhos foram interrompidos, havia um rascunho a circular para a distribuição dos cargos de topo pelas três maiores famílias políticas europeias que não se desviava muito da solução de compromisso fechada à margem da cimeira do G20, no Japão, pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e os negociadores dos socialistas e liberais, Pedro Sanchéz e Mark Rutte, respectivamente. Esse “acordo de Osaka”, como passou a ser designado, mereceu feroz oposição dos aliados de Merkel dentro do Partido Popular Europeu, que entraram a matar contra a proposta, que passava por uma mudança da presidência da Comissão Europeia das mãos do centro-direita para o centro-esquerda. Mas não só. Uma vez que previa a nomeação do cabeça-de-lista (Spitzenkandidat) apresentado pelos socialistas, Frans Timmermans, a proposta contava também com a oposição dos líderes do chamado grupo de Visegrado — Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia. Porém, e depois de horas e horas de consultas, reuniões bilaterais e multilaterais, a facção Merkel-Macron-socialistas-liberais parecia ter sido capaz de ultrapassar as resistências dos democratas-cristãos, que estariam resignados a perder a liderança da Comissão, depois de quase 15 anos. Uma possível maioria de apoio à sua indicação parecia ter-se formado ao início da manhã, mas quando a cimeira foi suspensa, os países do Leste no PPE (Croácia, Letónia, Hungria e Roménia) permaneciam entrincheirados na sua posição de bloqueio e não aceitavam de maneira nenhuma um voto em Timmermans. As fracturas não auspiciavam um desfecho simples para o processo, mas ainda assim a chanceler da Alemanha acredita que na terça-feira será possível chegar ao consenso. Merkel não se alongou em comentários sobre a postura dos seus aliados, que foi entendida por todos como um desafio inesperado à autoridade política da chanceler. Menos diplomático, Macron saiu em sua defesa, saudando publicamente “o trabalho que a chanceler desenvolveu ao longo da noite”, informando que Merkel fez tudo o que podia para “convencer a sua família política a fechar um acordo”. “Houve infelizmente algumas forças que se deixaram capturar por aqueles que querem dividir a Europa, a partir do grupo de Visegrado, e do senhor Salvini”, completou António Costa, que nitidamente não gostou de ver Merkel ser posta em causa pela sua própria família política. “Há membros do Conselho que insistem em ser contra os Spitzenkandidaten — uns porque estão contra o processo e outros porque estão contra as pessoas. Nem sempre é fácil discernir qual é a verdadeira motivação por detrás das posições, e assim é difícil encontrar o ponto de equilíbrio necessário”, considerou. Antes de partir de regresso a Paris, o Presidente francês saudou o espírito de boa colaboração com que se desenrolaram as negociações com os socialistas e os liberais. “É claro que este falhanço está relacionado com as divisões políticas no seio do PPE, em alguns casos motivadas por ambições pessoais que não deveriam estar sobre a mesa”, atacou, lamentando que alguns líderes tenham dado o dito por não dito, “discordando do que foi previamente acordado”. Ao mesmo tempo que se opunham, os conservadores não prescindiam de manter um dos seus à frente do Conselho Europeu, e na hipótese que circulou até à suspensão dos trabalhos até já havia alguns nomes para o cargo, com a búlgara Kristalina Georgieva, antiga comissária europeia do Orçamento, ex-candidata a secretária-geral da ONU e actual presidente executiva do Banco Mundial a surgir como a mais provável. No entanto, e uma vez que os líderes se comprometeram a escolher para a presidência do Conselho um primeiro-ministro europeu, a sua nomeação ficou comprometida — o primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borisov, confirmou que “o nome de Georgieva está fora da corrida”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. A chave de distribuição que estava em consideração apontava ainda para uma repartição do cargo de presidente do Parlamento Europeu pelos democratas-cristãos (provavelmente o seu cabeça-de-lista e líder da bancada parlamentar, Manfred Weber, avançaria para o lugar) e pelos liberais, com o veterano Guy Verhofstadt perto de cumprir o seu desejo de dirigir o plenário europeu. Os liberais assegurariam também a condução da política externa da UE, tendo sido apontado o nome do belga Charles Michel e da dinamarquesa Margrethe Vestager para o cargo de Alto Representante para a Segurança e Política Externa. Mas se se falava num acordo de princípio nestes termos, também se admitia que este sofresse alterações, com acertos de nomes ou mesmo outras combinações possíveis para a ocupação dos lugares pelas diferentes famílias políticas. Quando o primeiro rascunho foi divulgado, logo se notou que não estavam cumpridos os objectivos de igualdade de género e de equilíbrio demográfico e regional. O quebra-cabeças está ainda mais difícil de resolver esta terça-feira.
REFERÊNCIAS:
Partidos Partido Popular Europeu
ModaLisboa: sonhos que se transformam em roupa e colecções que nos trazem imaginários
A 51.ª edição da ModaLisboa terminou este domingo, com desfiles de criadores como Gonçalo Peixoto, Filipe Faísca e Dino Alves. (...)

ModaLisboa: sonhos que se transformam em roupa e colecções que nos trazem imaginários
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-27 | Jornal Público
SUMÁRIO: A 51.ª edição da ModaLisboa terminou este domingo, com desfiles de criadores como Gonçalo Peixoto, Filipe Faísca e Dino Alves.
TEXTO: O último dia da ModaLisboa viveu dos novos talentos. A Imauve e Duarte abriram as hostes num desfile em conjunto no Lago Botequim do Rei, e ao longo do dia outros quatro criadores, nos primeiros anos de carreira, levaram as suas colecções de Primavera/Verão ao Pavilhão Carlos Lopes, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. Já no final da tarde, apresentaram nomes mais conhecidos: Filipe Faísca encheu a casa e Dino Alves fechou a edição. Não houve falta de imaginários de tempos quentes e de férias. Ana Duarte (criadora da marca Duarte) manteve o seu registo de sportswear com uma colecção saída das corridas de Fórmula 1 no Mónaco, juntando o lado mais desportivo, com impermeáveis e peles, ao glamour (das pessoas que assistem dos seus iates), com peças leves de linho. Carolina Machado mostrou-nos uma versão nostálgica de Cuba nos anos 1950, em tons de sépia, e Andrew Coimbra mergulhou na ideia de um Verão passado na cidade. Foi no início de 2017 que Gonçalo Peixoto se estreou na ModaLisboa, mas o criador já começa a solidificar o seu nome. Com uma colecção que interpreta o feminismo à sua maneira — sempre com algum streetwear à mistura —, o jovem criador juntou tecidos mais delicados, como as rendas e os florais, com outros mais impactantes e coloridos. Com um percurso igualmente curto, de ano e meio, e grandes ambições, a Imauve abriu o último dia de desfiles. “Quero que seja uma marca global”, afirma a sua criadora, Inês de Oliveira. As colecções costumam partir de algum tipo de manifestação artística e, nesta estação, foi da escultura neoclássica. Filipe Faísca pôs a toalha, não na mesa mas na sua colecção. As silhuetas em forma de bico de algumas saias e vestidos remetiam imediatamente para este objecto. Nesta estação, o criador voltou a trabalhar com os bordados da Madeira, em colaboração com o Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, como havia feito na colecção anterior. Mas, desta vez, acrescentou fauna (borboletas, abelhas e libelinhas) à flora que tradicionalmente serve de motivo. Apostou nas transparências e terminou o desfile com um vestido de noiva. A palavra do dia foi de Olga Noronha, que há alguns anos apresenta na ModaLisboa as suas “esculturas usáveis”. "Hipnopompia" foi o nome que usou para referir ao estado hipnopômpico, o período entre o sono e o momento em que estamos totalmente acordados. “Fui buscar uma coisa que acontece quase todas as noites quando estou em processo criativo”, explica a criadora. “A minha altura de criação é durante a noite. Há muitos anos que durmo com um bloco, uma caneta e um gravador de voz ao lado da cama. ”Esses momentos de inspiração materializaram-se numa série de esculturas que envolvem o corpo, jogando entre a rigidez do material e a fluidez das formas. A escolha da celulóide — que, conta a criadora, é usada para forrar concertinas e acordeões — como material principal foi um aspecto essencial da colecção. “Só existe um fornecedor em Portugal. Na altura, comprei-lhe o stock todo e ainda mandei vir mais”, conta. Também Lidija Kolovrat foi buscar inspiração aos sonhos. “Passaporte”, o nome que deu à colecção, “é o estremecer desse consciente” e “uma porta simbólica de contágio entre o que é sonhado e o que é real”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O dia terminou com Dino Alves, que veio de malas feitas para o desfile, literalmente. No final da apresentação, o criador — que ao longo dos anos já nos habituou a algum tipo de espectáculo — enviou os manequins para a passerelle carregados com sacos de xadrez e de trouxa ao ombro. Uma cena que fez lembrar uma espécie de êxodo, ao som de uma música penosa. O próprio criador abandonou recentemente o espaço de atelier que tinha na rua da Madalena, em Lisboa. Depois de alguma hesitação, resolveu fazer a sua colecção, num espaço que lhe foi emprestado. “Decidi fazer a ModaLisboa precisamente para não acharem que me estava a fazer de vítima”, justifica.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave espécie corpo feminismo
A campanha deles é pelo teu voto: “Não podemos deixar essa decisão nas mãos dos outros”
Jovens que se unem em várias plataformas têm organizado eventos e incentivado as pessoas à sua volta a votarem nas próximas eleições europeias, a 26 de Maio. Em 2014, apenas um em cada cinco jovens até aos 24 anos votou. A menos de duas semanas das eleições, falamos sobre o que andaram a fazer. (...)

A campanha deles é pelo teu voto: “Não podemos deixar essa decisão nas mãos dos outros”
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2019-05-23 | Jornal Público
SUMÁRIO: Jovens que se unem em várias plataformas têm organizado eventos e incentivado as pessoas à sua volta a votarem nas próximas eleições europeias, a 26 de Maio. Em 2014, apenas um em cada cinco jovens até aos 24 anos votou. A menos de duas semanas das eleições, falamos sobre o que andaram a fazer.
TEXTO: “Vai ser fácil encher uma sala”, pensou Pedro Ferreirinha quando foi desafiado a organizar um evento no âmbito da campanha europeia Desta vez eu voto. Esta plataforma, criada pelo Parlamento Europeu (PE), tem recrutado voluntários nos últimos meses para organizarem eventos em diferentes cidades ou simplesmente divulgarem, nas suas redes sociais, informação sobre a União Europeia (UE). E foi fácil? “Não”, desabafa, a rir, o jurista de 22 anos. Talvez por ter apostado num território diferente daquele onde passa a maior parte do tempo. Pedro Ferreirinha trabalha e estuda no Porto, mas decidiu organizar uma sessão em Mirandela, sua cidade de origem, promovendo o debate no interior do país: “Decidi não ser parte do problema, mas contribuir para a solução. ” Passou a palavra, chegou a ponderar um auditório grande, acabou por apostar num menor. Apareceram cerca de 30 pessoas. Não necessariamente o que estava à espera, mas considerou o evento um sucesso. “Quem foi, aprendeu”, diz, salientando ainda a cobertura televisiva que permitiu fazer chegar a mensagem a ainda mais pessoas. Quando falou ao P3, rematava os últimos preparativos para um evento em Macedo de Cavaleiros. A União Europeia tem-se esforçado para convencer os cidadãos da importância destas eleições, que se realizam entre 23 e 26 de Maio por todos os Estados-membros (para as pessoas que votam em Portugal, estão agendadas para 26 de Maio, domingo). Segundo dados do gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa, houve um investimento de 36 milhões de euros em campanhas institucionais para os 28 Estados-membros — uma média de oito cêntimos por eleitor. O apelo torna-se quase uma urgência, face à ascensão de forças eurocépticas, nacionalistas ou soberanistas, ou mesmo as que defendem valores contrários aos que nortearam a fundação da União Europeia, em particular no que toca aos direitos humanos. A abstenção é um problema crónico das europeias. Em 2014, a abstenção em Portugal foi de 66, 2%: dos cerca de 9, 7 milhões de eleitores, apenas um terço foi às urnas. Nesse ano, apenas 28% dos eleitores europeus entre os 18 e os 24 anos votaram. Em Portugal, a média foi ainda mais baixa: 19%. No Eurobarómetro divulgado em Abril de 2019 pelo PE, apenas 3% dos jovens já tinham decidido ir às urnas a 26 de Maio. É neste caldo que surgem diversas campanhas de apelo ao voto, em particular dirigidas à juventude. A campanha Desta vez eu voto tem pontos focais que organizam eventos por Portugal, mas também por toda a Europa. Julia Fernández, de 19 anos, estuda Direito e Política na Universidade Autónoma de Madrid e é uma das voluntárias do Desta vez eu voto na sua cidade. Encontrámo-la em Bruxelas, em Março último, num evento sobre a participação das mulheres na política. Uma das estratégias escolhidas pelo grupo de Julia foi pensar em locais além das universidades — “porque sabíamos que era um espaço elitista” — e ir para os lugares onde estão pessoas com um perfil mais diverso. “A nossa ideia foi organizar coisas nas ruas, nos centros públicos, onde todas as pessoas possam ir. ” Têm sido sensíveis aos horários, por exemplo: “Não temos organizado eventos durante o dia porque sabemos que as pessoas trabalham e a essas horas não conseguem estar presentes. ”São os mais jovens que respondem com mais frequência que sim (76%), pertencer à UE é “uma coisa boa” — e que Portugal beneficia em ser um Estado-membro (85%). Entre os 25 e os 39 anos, 84% concorda que ser membro traz benefícios para o país. Gostarias de ver o PE ter um papel mais importante do que tem? Os mais jovens (15 aos 24 anos) são os menos entusiastas: apenas 55% acha que sim, enquanto a geração seguinte, entre os 25 e os 39 anos, é mais firme a defender essa ideia (74%). “A minha voz conta na UE?” Apenas 22% dos jovens entre os 15 e os 24 anos disseram que sim, a faixa etária que se sente menos valorizada. Entre os 25 e os 39 anos, 44% dos inquiridos deu uma resposta afirmativa. Conseguiu convencer apenas 14 pessoas a aderir à plataforma Desta vez eu voto, onde os inscritos escolhem as áreas em que estão mais interessados e podem receber informação sobre políticas ou eventos nessa temática. Mas não tem sido esse o seu foco. “Para mim, foi mais importante organizar eventos e envolver-me na parte logística. Para outras pessoas, é trazer outras pessoas [para a plataforma]. E é tudo importante. ” Mas os eventos são apenas um complemento de uma campanha com uma forte componente de redes sociais, onde é mais fácil difundir a mensagem. “Desde o início, demo-nos conta de que uma campanha que se centrasse só em actividades presenciais, como workshops ou eventos, conferências, não seria suficiente. Para atrair a juventude também tínhamos que estar em plataformas online. ”E que temas têm atraído a atenção dos mais jovens que aparecem nos eventos? “As alterações climáticas, sem dúvida. Toda a gente está a falar sobre as alterações climáticas, é incrível. ” Fala-se também sobre migrações, “um tema quente” em Espanha, mas também de igualdade de género e desemprego, “temas que afectam directamente a juventude”. O último Eurobarómetro confirma algumas destas percepções: o combate ao desemprego jovem está no topo das preocupações da fatia do eleitorado dos 18 aos 39 anos, assim como a economia e crescimento e a protecção social dos cidadãos europeus. Depois das preocupações económicas, seguem-se outras prioridades: o combate às alterações climáticas, para pessoas entre os 15 e os 24 anos, e a promoção dos direitos humanos e democracia, entre eleitores de 25 a 39 anos. Alguns estudos realizados em Portugal sugerem que o problema dos jovens não é necessariamente com a política — entendida como o campo das decisões relativas à vida em conjunto, em sociedade —, mas sim com as formas tradicionais de participação. Veja-se o envolvimento dos estudantes portugueses na Greve Climática Estudantil, a 15 de Março último. E para 24 de Maio, vésperas das eleições, está agendado novo protesto, mesmo a tempo de provar a políticos e cidadãos que o tema importa a nível europeu. Para mostrar aos cidadãos onde há um “dedo” das instituições europeias nos assuntos que os preocupam, foi criada a plataforma O que a Europa faz por mim — uma ferramenta que tem sido útil tanto para Julia Fernández como para Pedro Ferreirinha. É possível pesquisar sob diferentes perspectivas, das geografias às identidades, passando por perfis de consumo e emprego ou preocupações com áreas como a saúde, a segurança, o ambiente. Aqui, Pedro encontrou exemplos concretos para apresentar na sessão em Mirandela, como a operação “Castelos a Norte”, financiada em cerca de 85% pelo Fundo de Desenvolvimento Regional Europeu, e que prevê restaurar cinco castelos na região. Cruzou-se, também, com exemplos de “pequenas coisas” em que a Europa conta, como a legislação sobre segurança alimentar que afecta a forma como importamos e consumimos produtos como. . . chocolate. O que motiva estes jovens a dedicar tempo a uma causa que, para tantos da sua geração, é perdida? Pedro Ferreirinha conta que começou a interessar-se mais por assuntos europeus durante a licenciatura, nas aulas sobre Direito da UE. É director do Jornal Universitário do Porto (JUP). No Verão de 2018 participou num summer camp organizado pela Comissão Europeia, em Marvão, onde ouviu falar pela primeira vez da campanha Desta vez eu voto. Foi no mesmo summer camp que Jorge Félix Cardoso, de 23 anos, percebeu como “as próprias instituições europeias estavam receosas” com as europeias. Já então acumulava os estudos com a participação em fóruns de estudantes de Medicina e a colaboração com o site Shifter (onde insistira em criar uma secção sobre assuntos europeus e hoje escreve a newsletter Qu’Ouves de Bruxelas), o JUP e mesmo algumas crónicas no P3. No início do ano, decidiu suspender os estudos em Medicina, na Universidade do Porto, e Filosofia, na Universidade do Minho, para se tornar editor de conteúdos do portal ID-Europa, projecto do Conselho Nacional da Juventude apoiado pelo Parlamento Europeu. O ID-Europa tenta mostrar mais claramente de que forma as decisões europeias afectam o quotidiano dos jovens. Reúne uma equipa de seis embaixadores que têm desfeito nós à volta de diferentes temas — ambiente, direitos humanos, direitos sociais, futuro da UE, migrações e inclusão, tecnologia e ciência —, sob a batuta do editor que tem por sua conta o noticiário quotidiano da campanha. Pelo meio, promove debates nas universidades (cerca de uma dezena até agora), procurando espaços mais informais, como associações de estudantes. “Não tem sido fácil, o desinteresse é muito grande”, desabafa Jorge Félix Cardoso. Acredita que não é um desinteresse exclusivo dos jovens, mas da sociedade em geral. Jorge fala numa “maioria silenciosa” que não é eurocéptica — pelo contrário, é a favor da participação de Portugal na UE e reconhece as vantagens —, mas não sente que tem que participar. “É quase como se fosse apolítica”, lamenta Jorge. Alguns dias após a primeira conversa, voltámos a falar com Pedro Ferreirinha para saber como correu o encontro do Desta vez eu voto em Macedo de Cavaleiros. Cerca de 20 pessoas estiveram presentes, balanço “muito positivo”. Pedro conta que uma senhora de 88 anos pediu a palavra para lamentar que não se falasse mais sobre a Europa e não houvesse mais iniciativas como aquela. E disse ainda que na aldeia de Grijó, onde vive, “era ela que estava a fazer a campanha e o apelo ao voto, pessoalmente e porta a porta”. “É chato ir votar, estraga o teu domingo”, ironiza Maria Carvalho, da Vote Together, lembrando que é preciso algum planeamento em particular das pessoas que estudam ou trabalham longe da localidade onde votam. Motivar as pessoas a organizarem-se para participar — como ajudar amigos a descobrir onde fica a sua mesa de voto, planear boleias, combinar um almoço que comece ou culmine com a ida às urnas — é um dos propósitos da plataforma Desta vez eu voto. Para Pedro, “chega a ser paradoxal” que a “geração Erasmus” seja também a que menos se interessa pelas eleições europeias. O jurista sugere algumas causas que podem estar por detrás do distanciamento da participação cívica a nível comunitário: a natureza das eleições europeias, referentes a uma instituição que vêem como desligada da realidade quotidiana (“Vêem Bruxelas como algo lá longe”); algum desconhecimento sobre o papel das próprias instituições (“às vezes pergunto ‘O que te interessa na Europa?’, uma pequenina ideia basta!”); e também algum “alheamento”, uma certa ideia de que “não é preciso mesmo votar”. Um dos argumentos a que recorre para convencer os pares a votar é o “Brexit”, relembrando que os eleitores cujos votos determinaram o resultado foram os de faixas etárias mais velhas, aqueles cujas vidas não serão alteradas pela saída do Reino Unido da União Europeia. “Não podemos deixar essa decisão nas mãos dos outros. ”Uma eleição sem a palavra dos jovens é um risco que Maria Sá Carvalho, de 28 anos, não quer correr. Faz parte da Vote Together, uma plataforma pan-europeia que reúne artistas e profissionais das indústrias criativas para despertar “consciência cívica e democrática”. Parte do grupo que compõe o Vote Together conheceu-se em Amesterdão, num programa artístico sobre cultura europeia. Com o apoio da Between Bridges, uma organização sem fins lucrativos fundada pelo fotógrafo Wolfgang Tillmans. Um grupo de fotógrafos, realizadores, produtores, publicitários (como é o caso de Maria) e outros criativos emprestaram o seu talento e alguns recursos para a criação desta campanha de incentivo ao voto. “Há uma espécie de desencanto da nossa geração com os políticos”, ainda difícil de desmontar, explica. Mas é preciso que estes tragam “ideias claras e sobre as quais possam prestar contas”. “Somos uma geração que procura compromisso por parte dos nossos dirigentes, propostas concretas, ética, resultados visíveis. E não encontramos. ”Julia Fernández, do Desta vez eu voto, nota também um certo fosso geracional. “Em Espanha estamos a receber uma educação muito igualitária, a desenvolver uma sensibilidade muito grande para os temas de direitos humanos, igualdade, sustentabilidade”, explica. Para a estudante, os millennials poderão fazer a diferença, em particular no momento em que estiverem em causa privilégios concretos conquistados com a integração europeia. “Há limites que a sociedade estabeleceu e nós, jovens, já incorporamos no nosso mindset, não vamos deixar que mudem de nenhuma maneira. ”Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O que a Europa fez por Julia? “Muitíssimo!” Desde o nível educativo até a questões de igualdade de género, passando pelo “acesso aos mesmos direitos e oportunidades” para todas as pessoas, a segurança e unidade a nível comunitário e, acima de tudo, a estabilidade, que permitiu “uma vida mais fácil e mais feliz para todos”. “É inegável que [a entrada na UE] tenha tido um efeito muito positivo. Especialmente nós, jovens que já nascemos na UE, não podemos cometer o erro de nos esquecermos disso. ”Para Maria Sá Carvalho, a chave é falar mais sobre a relação dessa Europa com o quotidiano. A começar por desconstruir os discursos dos políticos a nível nacional, que colocam a UE como um bode expiatório em determinadas questões — o There is no alternative das contenções orçamentais, por exemplo —, mas que chamam a si os louros de “ganhos conseguidos com financiamento europeu”, como fundos para obras públicas ou projectos de desenvolvimento local. Em tempos de fake news, a informação que divulgam é “fortemente verificada, factual”, recorrendo a fontes diversas — mas confiáveis.
REFERÊNCIAS:
Partidos PAN
Chegou a vez de as vítimas terem voz
Ir para as ruas pode ser um primeiro passo para que essa coragem seja contagiosa. Para que as vítimas não tenham de viver décadas sob o peso do medo e da vergonha. E para que a violência sexual e sexista deixe definitivamente de ser banal. (...)

Chegou a vez de as vítimas terem voz
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Ir para as ruas pode ser um primeiro passo para que essa coragem seja contagiosa. Para que as vítimas não tenham de viver décadas sob o peso do medo e da vergonha. E para que a violência sexual e sexista deixe definitivamente de ser banal.
TEXTO: Nova Iorque, EUA. — Enquanto escrevo estas linhas uma professora universitária e investigadora em psicologia, mulher de 51 anos, presta testemunho perante o Senado dos EUA e, indiretamente, perante milhões de espectadores colados aos ecrãs no país e em todo o mundo para relatar uma tentativa de violação que sofreu há trinta e seis anos. Não está ali, como ela diz, porque quer. Está aterrorizada, e isso sente-se na sua voz, que está sempre à beira de lhe falhar. Não tem nada a ganhar, e tudo a perder — o sossego, a segurança da sua família, o tão precioso anonimato —, por estar ali a dar a cara. À sua frente, a maioria dos senadores não tiveram a mesma coragem. Onze deles, os que representam o partido republicano, todos homens, esconderam-se atrás de uma procuradora que mandaram vir para a ocasião. A diferença é abismal. De lado, uma vítima de agressão sexual dá a cara e vem do outro lado do país para falar pela sua voz. Do outro lado, onze homens que ocupam um dos cargos mais privilegiados do mundo, sentados nas cadeiras do local de trabalho onde são pagos para falarem, e sem terem de rebuscar nas suas memórias mais desconfortáveis ou nos seus traumas mais profundos, escolhem a distância e o silêncio. Sendo assim, é para admirar que as vítimas escolham o silêncio? Se cerca de uma mulher em cada três — e um homem em cada seis — é objeto durante a sua vida de violência sexual, e se para além do medo e da vergonha têm de encarar uma cultura que vai voltar a fazer delas vítimas se se atreverem a dizer que foram vítimas — não, não é para admirar que muitas vítimas escolham o silêncio. Não as culpo. Não sei se teria a coragem para fazer de outra forma. A não ser que — como foi mencionado durante a sessão no Senado dos EUA — a coragem seja contagiosa. Se a enorme coragem das primeiras vítimas a tomar a palavra der apoio e conforto às restantes vítimas, então talvez finalmente possamos ter a conversa que é necessária sobre como andamos a tratar metade da população que é de forma quase banalizada vítima de violência sexista (sem esquecer as vítimas de violência sexual entre os homens, que vivem sob uma camada também espessíssima de medo e de vergonha). Se a coragem for contagiosa, talvez tenhamos uma hipótese de fazer alguma justiça e de erradicar esta cultura nefasta. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Permitam-me saltar de país. Amanhã, no Brasil, muitos milhares ou milhões de brasileiros irão para as ruas para protestar contra um candidato presidencial, Jair Bolsonaro, que entre muitas outras malfeitorias e aleivosias, em pleno Congresso brasileiro discursou dizendo que só não violava uma mulher, sua interlocutora, porque supostamente ela seria “demasiado feia”. Sob a bandeira #EleNão, a coragem das brasileiras e brasileiros contra Bolsonaro pode criar a massa crítica de que aquele país precisa para começar a mudar, sistematicamente, decidamente, a sua cultura sexista. E assim chegamos ao nosso próprio país. Infelizmente, não precisaríamos de mais uma retrógrada decisão do Tribunal da Relação do Porto para nos apercebermos da displicência com que as vítimas de violência sexista são ainda frequentemente tratadas pelo sistema judicial no nosso país — sejam elas vítimas de violência doméstica ou, como neste mais recente caso, uma vítima de violação por dois homens quando inconsciente. A leitura do processo é penosa, mas o que mais me impressionou foi a tenacidade e perseverança com que ela desde o início decidiu que iria apresentar queixa e nunca desistir de procurar justiça. Ir para as ruas pode ser um primeiro passo para que essa coragem seja contagiosa. Para que as vítimas não tenham de viver décadas sob o peso do medo e da vergonha. E para que a violência sexual e sexista deixe definitivamente de ser banal.
REFERÊNCIAS:
Entidades EUA
Viva o #MeToo! (A não ser que atinja CR7)
Onde estão a CIG e as Capazes quando mais precisamos delas? Quando o acusado se chama Cristiano Ronaldo, o machismo mais desbragado já tem ordem de soltura. (...)

Viva o #MeToo! (A não ser que atinja CR7)
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.060
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Onde estão a CIG e as Capazes quando mais precisamos delas? Quando o acusado se chama Cristiano Ronaldo, o machismo mais desbragado já tem ordem de soltura.
TEXTO: Quem se dê ao trabalho de ler a investigação do Der Spiegel sobre aquilo que se passou num hotel de Las Vegas entre Cristiano Ronaldo e a americana Kathryn Mayorga, em Junho de 2009, não terá a menor dificuldade em concluir que a acusação é séria e que é impossível despachar este caso como o de uma simples oportunista que está à procura de sacar mais umas massas ao melhor jogador do mundo. Sim, Mayorga aceitou dinheiro para se calar em 2010, mas há boas razões para concluir que o fez em posição de fraqueza, e vários factos fragilizam a posição do futebolista português: o telefonema de Mayorga para a polícia de Las Vegas horas depois do que aconteceu (no qual se recusou a nomear o agressor); a carta pessoal que a jovem fez questão que fosse anexada ao acordo com a exigência de que ela fosse lida a Cristiano Ronaldo no período de duas semanas (o que, não tendo acontecido, é uma violação do acordo); e, sobretudo, a troca de correspondência entre advogados portugueses, onde está escrito, no que parece ser uma primeira versão dos factos, que Cristiano admitiu que Mayorga disse várias vezes “não” e que lhe pediu para parar, ainda que, segundo ele, se tenha mantido “disponível”. (A versão que surge em inglês no Spiegel online, e que pode revelar-se o maior problema para CR7, diz exactamente isto: “She said she didn’t want to, but she made herself available. ”)Ronaldo respondeu ontem, dizendo: “Não vou alimentar o espectáculo mediático montado por quem se quer promover à minha custa. ” É uma péssima resposta. E, no entanto, ela tem sido alegremente aceite por quase toda a gente em Portugal, porque o #MeToo é um movimento excelente e necessário, sim senhor, desde que não se meta com o nosso menino bonito da Madeira, porque esse é um herói nacional. E, assim, uma jovem americana que em situação normal seria apresentada como pobre vítima, neste contexto não passa de uma desavergonhada oportunista. Onde estão a CIG e as Capazes quando mais precisamos delas? Ah, já sei: estão entretidas a ler cadernos de exercícios da Porto Editora e a apresentar queixas do economista Pedro Arroja e do taxista Jorge Máximo por dizerem idiotices. Quando o acusado se chama Cristiano Ronaldo, o machismo mais desbragado já tem ordem de soltura. Querem exemplos? José Cabrita Saraiva no editorial do jornal i de terça-feira: “A queixosa diz ter sido vítima de violação, o que é pouco consistente com o facto de ter acompanhado voluntariamente o jogador a um quarto de hotel. ” Teoria 1: se sobes até ao quarto, aguentas o que lá se passa. Vítor Rainho no editorial do jornal i de quarta-feira: “Ninguém tem o direito de obrigar outra pessoa a fazer sexo só porque essa pessoa aceitou ir ao quarto de hotel. Mas que esta história é muito estranha, lá isso é. ” Teoria 2: podes não aguentar o que lá se passa, mas lá que isso é estranho, é. Cereja em cima do bolo, Nuno Eiró, Filipa de Castro e Maya no programa Manhã CM: “vê-se que é uma rapariga muito tímida”; “ela achava que ia para um sarau de poesia”; “parece que depois lá naquelas coisas, com o Cristiano Ronaldo a mostrar-lhe as tácticas, houve assim uma situação que ela já não queria, que era sexo anal”. Conclusão de Maya (e teoria 3): “Quem vai para a guerra, vai para a guerra. ” Não consigo conceber comentário mais machista e atentatório dos direitos das mulheres do que este. Mas como é para proteger Ronaldo, está OK. #MeToo, em português, lê-se “mito”. Não deve ser por acaso.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos guerra violação sexo mulheres rapariga agressor
Os factos de uma história que se conta por aí
Esta história é sobre um juiz desembargador do Porto que se passeava num carro sem matrículas e fugiu à polícia. (...)

Os factos de uma história que se conta por aí
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-10-19 | Jornal Público
SUMÁRIO: Esta história é sobre um juiz desembargador do Porto que se passeava num carro sem matrículas e fugiu à polícia.
TEXTO: A possibilidade de construir verdades com opiniões sobre coisas que não se conhecem é um luxo que não está ao alcance de todos. Mas, infelizmente, há histórias tão bem contadas que os factos nunca mais desmentem. Esta história é sobre um juiz desembargador do Porto que se passeava num carro sem matrículas e fugiu à polícia. Foi apanhado e tentou safar-se com o cartão de juiz mas não deu. Por vingança, pôs um processo contra os polícias. Na primeira instância foram absolvidos e fez-se justiça. Só que, numa reviravolta suspeita, o recurso foi parar às mãos de um amigo e os polícias foram condenados a indemnizar o desembargador do Porto. Fiquei intrigado e fui investigar. Para uma pessoa razoável e de boa-fé, os factos apurados no tribunal são a reconstituição mais aproximada que se pode ter da verdade histórica. Certamente mais fiável do que relatos dos interessados a “puxar a brasa à sua sardinha”. Como desconfiava, as coisas não foram bem assim. Em 2012, o desembargador do Porto conduzia o carro sem chapas de matrícula, que tinham sido furtadas, e dirigia-se para a oficina, com uma declaração da PSP a certificar que tinha apresentado queixa. A GNR fazia uma operação stop do outro lado da rotunda, deu-lhe ordem de paragem, mas ele não se apercebeu e prosseguiu. Umas centenas de metros mais à frente viu a GNR atrás de si e parou. A acção subsequente demorou quase uma hora, com alguma crispação de parte a parte. Quase no fim, quando a GNR ia passar o serviço à PSP, para apreender o carro, o juiz desembargador exibiu o seu cartão profissional e pediu a identificação dos polícias todos. No dia seguinte, o militar mais graduado da GNR denunciou o juiz ao Conselho Superior da Magistratura, por desobediência intencional à ordem de paragem e fuga. No inquérito disciplinar, todos os elementos da patrulha confirmaram a denúncia, sob juramento. O inquérito foi arquivado. O desembargador do Porto apresentou queixa-crime contra os militares da GNR, por denúncia caluniosa e falsidade de testemunho e pediu uma indemnização. Em primeira instância, por dúvidas sobre a intencionalidade, os militares da GNR foram absolvidos. Houve recurso e os juízes da Relação de Lisboa analisaram as provas e concluíram que os militares tinham mentido intencionalmente, quer na denúncia, quer nos depoimentos. Por isso, foram condenados em penas de multa pelos crimes e em indemnização. O acórdão da Relação de Lisboa foi decidido por dois juízes desembargadores. É verdade que um deles, o que relatou a decisão, tinha sido colega de trabalho do desembargador do Porto há quase dez anos. Como é verdade, também, que, noutro processo, relacionado com os mesmos acontecimentos, não lhe deu razão na queixa que ele tinha apresentado contra o agente da PSP que apreendeu o carro. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Agora o fact checking é mais fácil. E quem tiver dúvidas pode ler o acórdão em www. asjp. pt. O juiz circulava sem matrícula por alguma razão esquisita? Não. O juiz desobedeceu e fugiu à polícia? Não. Os militares da GNR apresentaram uma denúncia falsa e mentiram sob juramento, para que o juiz fosse punido disciplinarmente? Sim. O juiz da Relação de Lisboa tinha sido colega de trabalho do juiz queixoso? Sim. Neste caso, deu-lhe razão? Sim (em conjunto com outro juiz). Num caso anterior, que resultou dos mesmos acontecimentos, também lhe tinha dado razão? Não (em conjunto com outra juíza). Este caso tem alguma coisa a ver com o caso do acórdão muito comentado sobre violência doméstica, do mesmo juiz? Nada. Falta a minha declaração de interesses. Não conheço o juiz desembargador do Porto. Trabalhamos no mesmo tribunal mas em secções diferentes. Trocámos palavras de circunstância no máximo meia dúzia de vezes. O desembargador de Lisboa, julgo que nem o conheço. Contactei-o para ter acesso ao acórdão e nada mais. Do outro caso que referi tive conhecimento também pela decisão a que tive acesso. Acredito nas virtudes de um sistema em que é absolutamente legítimo e saudável criticar as decisões e procedimentos dos juízes. Mas prefiro que os críticos leiam primeiro as decisões que criticam. Concedo, no entanto, que para isso é urgente criar um mecanismo de divulgação imediata das decisões que suscitem o interesse público.
REFERÊNCIAS:
Entidades GNR PSP
Homem que sequestrou três pessoas em Lagos fica em prisão preventiva
Medida de coacção aplicada após primeiro interrogatório judicial no tribunal de Portimão. (...)

Homem que sequestrou três pessoas em Lagos fica em prisão preventiva
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2015-10-08 | Jornal Público
SUMÁRIO: Medida de coacção aplicada após primeiro interrogatório judicial no tribunal de Portimão.
TEXTO: O homem que na segunda-feira sequestrou três pessoas e feriu a tiro um polícia nas instalações da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Lagos, no Algarve, ficou em prisão preventiva, disse nesta quinta-feira à Lusa fonte policial. De acordo com a oficial de relações públicas do comando da PSP de Faro, a subcomissária Maria do Céu Viola, o homem foi ouvido durante a manhã desta quinta-feira e em primeiro interrogatório judicial no tribunal de Portimão, "tendo-lhe sido aplicada a prisão preventiva como medida de coacção". O homem, desempregado, de 40 anos, armado com uma caçadeira de canos serrados, uma pistola de calibre 7. 65 milímetros e um punhal de mato, barricou-se na passada segunda-feira, pelas 9h15, nas instalações da CPCJ, onde manteve três pessoas reféns durante cerca de oito horas, e acabou por se entregar às autoridades por volta das 18h. Os primeiros elementos da esquadra da PSP de Lagos que acorreram ao local foram recebidos a tiro, tendo o disparo de caçadeira sido efectuado através do vidro, ferindo ligeiramente um polícia na cabeça. Os reféns, uma psicóloga e um professor, ambos funcionários da CPCJ, e um militar da Guarda Nacional Republicana saíram ilesos, desconhecendo o sequestrador a presença do militar, uma vez que este se encontrava à civil. Ao longo do sequestro, o homem exigiu falar com os filhos menores, que lhe tinham sido retirados, no âmbito de um processo de violência doméstica e que estão inseridos no programa de protecção à vítima. As negociações da polícia duraram oito horas, "com muitos avanços e recuos, mas acabou por não ser necessária a utilização da força", referiu na altura o comandante distrital da PSP de Faro, o superintendente Viola da Silva, que comandou a operação policial. Além das armas municiadas, o sequestrador tinha alegadamente na sua posse 29 cartuchos de calibre 12 (caçadeira) e 24 munições de 7. 65 milímetros.
REFERÊNCIAS:
Entidades PSP
Comentários "machistas" mancham encontro de dirigentes associativos do superior
Comentários foram publicados na página electrónica do encontro e visavam as representantes da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas. (...)

Comentários "machistas" mancham encontro de dirigentes associativos do superior
MINORIA(S): Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.7
DATA: 2017-06-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Comentários foram publicados na página electrónica do encontro e visavam as representantes da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas.
TEXTO: Aconteceu no último Encontro Nacional de Direcções Associativas do ensino superior, que se realizou em Viana do Castelo no passado fim-de-semana. De repente, na parte reservada da página electrónica do evento multiplicaram-se publicações anónimas de ”comentários machistas e discriminatórios”, segundo a descrição feita pela direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), da Universidade Nova de Lisboa, num comunicado, divulgado nesta quarta-feira, em que repudia o modo como as suas representantes foram tratadas em Viana do Castelo. Publicações com dizeres como “Comissão das Violadas”, acompanhadas por fotos das representantes da AEFCSH, ou “Alguém que mande as gajas da AEFCSH ir fazer o jantar” são exemplos do que a Federação Académica de Lisboa também já classificou de acções “inqualificáveis”, numa nota de repúdio tornada pública nesta terça-feira. “A exortação de comentários e posturas machistas e sectárias, lançados sob a cortina do anonimato, não deveria ter lugar num espaço de democracia, discussão política e melhoria das condições dos estudantes do ensino superior”, afirma-se nesta nota, onde se convida todos os dirigentes associativos “a combater a intolerância e o sectarismo”. Já a direcção da AEFCSH fez saber, nesta quarta-feira, que remeteu a situação para a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género por considerar que os acontecimentos de Viana do Castelo “constituem uma forma grave de e discriminação do género e que vão contra o art. 26. º da Constituição da República Portuguesa que reconhece o direito à imagem, à palavra e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação”. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Segundo o PÚBLICO apurou junto da direcção desta associação, alguns dos conteúdos já foram removidos, mas outros continuam a poder ser vistos pelos delegados ao encontro, que são os que têm acesso à parte reservada da página electrónica criada para o encontro de Viana do Castelo. O PÚBLICO tentou em vão obter esclarecimentos por parte da organização do encontro, entre os quais figura a Associação de Estudantes da Escola Superior de Saúde de Viana do Castelo. No comunicado divulgado nesta quarta-feira a direcção da AEFCSH refere que os conteúdos de carácter “sexista” se multiplicaram depois de uma intervenção de uma representante da associação propondo que se garantisse representação feminina numa comissão proposta pela Federação Académica de Lisboa para a sensibilização quanto aos crimes sexuais no ensino superior. Ainda segundo a mesma nota, verificou-se uma nova escalada de publicações depois de outra representante da AEFCSH ter conseguido declarar o seu voto de repúdio pelo que estava a suceder. O que só conseguiu, acrescenta-se, ao fim de três tentativas. Nas duas primeiras não lhe foi dada a palavra pela mesa do encontro, o que só aconteceu quando evocou a defesa de honra. A Federação Académica de Lisboa também apresentou na ocasião um voto de repúdio.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave escola igualdade género feminina discriminação