Helena Costa, apresentada em Clermont, pede um tratamento normal
A apresentação da primeira treinadora de uma equipa profissional de futebol na Europa levou mais de cem jornalistas à cidade francesa. (...)

Helena Costa, apresentada em Clermont, pede um tratamento normal
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.15
DATA: 2014-05-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: A apresentação da primeira treinadora de uma equipa profissional de futebol na Europa levou mais de cem jornalistas à cidade francesa.
TEXTO: Não deve ter havido muitas apresentações de treinadores que tenham motivado tanto interesse mediático como a de Helena Costa no Clermont-Foot, esta quinta-feira. A mensagem daquela que é, agora oficialmente, a primeira treinadora de uma equipa profissional europeia foi clara: “Quero que se julgue o meu trabalho como se eu fosse um homem”. O pequeno clube da segunda divisão francesa recebeu mais de uma centena de pedidos de acreditação de 65 órgãos de comunicação para a primeira conferência de imprensa da portuguesa que se tornou pioneira no mundo do futebol. A treinadora de 36 anos fez uma breve apresentação e quis, desde logo, definir o seu estilo. “Sou uma pessoa exigente comigo mesma e com a minha equipa, mas sobretudo comigo mesma”, afirmou Helena Costa, citada pelo Twitter do clube. — Clermont Foot (@ClermontFoot) May 22, 2014Helena Costa queria mesmo era falar de futebol e utilizou o português, o francês e o inglês para se exprimir perante os jornalistas presentes. Disse que já esteve reunida com a restante equipa técnica e aferiu os pontos a melhorar no Clermont. “É preciso trabalhar no sector da defesa à zona, mas também ao nível da criação de jogo”, observou Helena Costa, que passou pelas selecções femininas do Qatar e do Irão. Descrita como uma treinadora ambiciosa, Helena Costa quis vincar isso mesmo no primeiro contacto ao serviço do novo clube: "Ganhar é a palavra que o Clermont Foot vai ter a partir de agora. "Ao seu lado, o presidente do clube do segundo escalão, Claude Michy, reiterou a confiança na portuguesa, uma escolha "inteiramente" dele. A decisão de contratar uma treinadora é vista por muitos como uma manobra de marketing para dar visibilidade ao emblema, pouco conhecido fora do hexágono francês, e que, até ver, está a dar resultados. No entanto, Michy fez questão de garantir que, "apesar de toda a efervescência à volta da nomeação, o clube vai manter os seus valores e não cair no superficial". Para que a equipa melhore o 14. º lugar desta época, Helena Costa apelou mesmo ao apoio da comunidade portuguesa na região. E tudo indica que os emigrantes portugueses da cidade vão responder à chamada. "Ela vai ter muitos apoiantes porque há muitos portugueses aqui e queremos que a nossa comunidade mostre que somos capazes de fazer grandes coisas", garantiu, em declarações à Lusa, Fernando Pinto, treinador do clube regional Portugal Football Club Clermont. Mas a grande questão não a abandonou. Helena Costa é a primeira mulher a tornar-se treinadora principal de uma equipa profissional na Europa. “O impacto da minha nomeação foi enorme”, reconheceu. “Mas eu gostaria que me olhassem como uma pessoa normal e quero que se julgue o meu trabalho como se eu fosse um homem”, afirmou a treinadora, citada pelo jornal L’Équipe. Afastada por Helena ficou logo a ideia de a sua contratação se tratar de uma questão de marketing. "Não encaro isto como uma aventura, mas como a minha profissão, conhecendo todos os desafios que isto envolve e gostava que não olhassem para isto como uma aventura nem uma jogada de marketing", disse aos jornalistas. A ideia não devia ser difícil de aceitar, segundo Helena Costa. “Como os homens, se eu não tiver bons resultados, serei demitida como qualquer treinador. ” “É normal”, concluiu. Esta semana, o treinador da equipa feminina sueca do Tyreso - que está presente na final da Liga dos Campeões em Lisboa - alertou para a possibilidade de Helena Costa sofrer uma pressão extra por ser mulher. "Talvez seja um pouco injusto, porque ela poderá sofrer um pouco mais de pressão para ter um bom desempenho, em vez de ser apenas mais um treinador", observou Tony Gustavsson, citado pela Lusa. Ainda assim, Gustavsson considera que Helena Costa "não aceitaria o convite se achasse que não estava preparada". Mais do que conjecturas, será a prestação em campo dos homens de Helena que vai mostrar até onde pode ir a treinadora portuguesa, já apelidada de "Mourinho de saias".
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Palavras-chave homens campo mulher homem comunidade feminina
Julia Gillard apostou na vitória fácil mas a Austrália pode virar à direita
Sondagens não descansam líder trabalhista, há apenas dois meses no poder. Campanha fértil em intrigas e ataques sem quartel dos conservadores tornam resultado imprevisível. (...)

Julia Gillard apostou na vitória fácil mas a Austrália pode virar à direita
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.359
DATA: 2010-08-20 | Jornal Público
SUMÁRIO: Sondagens não descansam líder trabalhista, há apenas dois meses no poder. Campanha fértil em intrigas e ataques sem quartel dos conservadores tornam resultado imprevisível.
TEXTO: Tudo parecia sorrir a Julia Gillard, a primeira mulher a chefiar o Governo australiano, quando em Julho decidiu convocar eleições antecipadas. Coroada por um partido que não hesitou em destronar o em tempos popularíssimo Kevin Rudd, a nova líder trabalhista herdou uma das poucas economias mundiais a escapar ilesa à crise e as sondagens confirmavam-na como a preferida dos eleitores. Mas uma campanha fértil em ataques pessoais e intrigas - "própria de um enredo de novela", na descrição da Economist - tornou imprevisível o desfecho das legislativas que este sábado levam 14 milhões de australianos às urnas. A Austrália não gosta de instabilidade e isso joga a favor de Gillard. Há 80 anos que um governo em primeiro mandato (Rudd foi eleito em 2007, pondo fim a 11 anos de poder conservador) não é reeleito e é preciso recuar até à II Guerra Mundial para encontrar um executivo sem maioria no Parlamento. As últimas sondagens, porém, dão pouca margem de conforto à primeira-ministra. O Labor tem 52 por cento das intenções de voto, a apenas três pontos da coligação liberal encabeçada por Tony Abbott - números que se podem traduzir numa maioria escassa para os trabalhistas na Câmara dos Representantes ou mesmo num empate entre as duas formações, o que colocaria o poder nas mãos de um punhado de independentes, mais próximos dos liberais. A oposição "fez uma campanha impiedosa" contra as políticas económicas e de imigração do Governo - dois dos temas mais caros aos australianos - disse ao Financial Times o jornalista David Marr. "Houve uma feroz campanha de manipulação da realidade. "Campanha torpedeadaMas a maioria dos obstáculos foram criados pelos próprios trabalhistas. A saída de Rudd era considerada inevitável, face ao colapso da sua popularidade depois de ter abandonado os planos para a redução das emissões de dióxido de carbono - o seu grande desígnio - e de se ter envolvido numa guerra com as todo-poderosas empresas mineiras, às quais pretendia impor um imposto de 40 por cento sobre os lucros. Gillard, a determinada vice-primeira-ministra, era a escolha natural para o seu lugar. Só que o "regicídio" - consumado numa eleição interna em Junho - soou a traição para muitos australianos, em especial no estado de Queensland, o bastião de Rudd na costa leste, onde (ironicamente) serão decididas estas eleições. E o pior estava para vir. Gillard foi acusada de ceder aos lobbies mineiros ao baixar para 30 por cento o valor da nova taxa. Fugas de informação, que as más-línguas dizem ter tido origem no ex-primeiro-ministro, revelaram que Gillard se opôs a medidas que agora promove. E, num país onde os homens estão em maioria, a primeira mulher a chefiar o Governo foi criticada por viver em união de facto, não ter filhos, mas também pelo seu penteado ou escolha de vestuário. Tony Abbott é a sua antítese e fez disso um trunfo na campanha. Protegido do ex-primeiro-ministro John Howard, este antigo seminarista católico, casado e com três filhas, cultiva a imagem de conservador e pai de família. A sua campanha não foi isenta de embaraços (ex-dirigentes do partido acusaram-no de falta de preparação económica), mas escapou às gaffes que o tornaram conhecido e atacou sem descanso o legado trabalhista. Se vencer, garante, deitará para o lixo o anunciado imposto ao sector mineiro, mas também os planos para limitar as emissões de CO2 ou para dotar o país de uma rede de Internet de alta velocidade. A sua prioridade é garantir que a Austrália regressa rapidamente a uma situação de superavit e, sobretudo, barrar a entrada aos imigrantes ilegais. Para tal, quer reactivar os polémicos campos de detenção no Pacífico Sul, criados por Howard.
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Palavras-chave homens guerra imigração mulher
Marine Le Pen é a nova líder da extrema-direita francesa
Em 2012, Nicolas Sarkozy pode ter de enfrentar um Le Pen nas eleições presidenciais. Mas não será o velho tribuno da extrema-direita francesa e sim a sua filha Marine Le Pen, (...)

Marine Le Pen é a nova líder da extrema-direita francesa
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.074
DATA: 2011-01-15 | Jornal Público
SUMÁRIO: Em 2012, Nicolas Sarkozy pode ter de enfrentar um Le Pen nas eleições presidenciais. Mas não será o velho tribuno da extrema-direita francesa e sim a sua filha Marine Le Pen,
TEXTO: Um estudo de opinião publicado pela revista Marianne revela que ela pode ter 18 por cento dos votos. O primeiro passo para isso será dado este fim-de-semana se, como tudo indica, Marine for designada a nova líder da Frente Nacional (FN), no congresso de Tours. O seu nome só será anunciado no domingo, mas já hoje, fontes do partido disseram à BBC que a escolha já está feita. Marine Le Pen, uma soixante-huitarde, como gosta de se intitular (porque nasceu em 1968), traz uma nova estratégia: a da "desdiabolização" do partido de extrema-direita, introduzindo novas temáticas. Entre elas a defesa da laicidade e a luta contra a "islamização" de França, em vez da simples luta contra a imigração, ou a defesa de liberdades inéditas num partido que tem sido sobretudo masculino: direitos das mulheres, contracepção e uniões de facto. "O que muda com ela são as posturas ideológicas: sobre a Segunda Guerra Mundial, a herança pétainista, o passado colonial de França. É uma ruptura geracional", disse ao jornal Libération Sylvain Crépon, investigador do Laboratório Sophiapol na Universidade Paris-Ouest-Nanterre. "Sobre o islão, ela está mais em linha com um Geert Wilders, da Holanda, do que com a velha guarda xenófoba e colonialista da FN. "Islão ao contrárioDurante a campanha para as eleições internas, frente a Bruno Gollnish, o outro vice-presidente, que durante muito tempo foi considerado o delfim de Jean-Marie, Marine gerou indignação ao comparar as orações dos muçulmanos nas ruas com a ocupação de França pela Alemanha nazi. "É uma ocupação de bairros em que se aplica a lei religiosa. Não há blindados, não há soldados, mas é uma ocupação e pesa sobre os habitantes", disse. Em consequência destas palavras, Marine Le Pen está a ser alvo de um pré-inquérito policial, para determinar se há motivos para proceder judicialmente por incitamento ao ódio. Mas o estudo de opinião feito para a Marianne revela que 24 por cento dos franceses, independentemente da sua cor política, concordam com as posições dela sobre o islão. E 30 por cento apoiam a sua oposição à tolerância da imigração. O barómetro TNS Soufres, publicado pelo jornal Le Monde, apontava como temas comuns da FN e da UMP, o partido da direita no poder, do Presidente Sarkozy, a defesa dos valores tradicionais e a insuficiente severidade da justiça face à pequena delinquência. E esse é um dos temas-bandeira de Marine Le Pen - e de que Sarkozy se apropriou, o que lhe permitiu ganhar as eleições de 2007. O resultado é que 46 por cento dos franceses concordam com as posições radicais da herdeira Le Pen sobre a segurança, segundo a sondagem de Marianne. Logo a seguir, como possíveis unificadores da direita, vêm os temas como "há demasiados imigrantes em França" ou "o islão e os muçulmanos têm direitos a mais". 21 de Abril ao contrárioEsta combinação de interesses e preocupações produz um caldo que satisfaz as ambições da benjamim da família Le Pen, que nunca escondeu que a disputa da liderança da FN constituía uma espécie de primária para designar o candidato do partido às presidenciais de 2012. "Em causa está igualmente pronunciar-se sobre o projecto político que trago", disse ela. As suas possibilidades como candidata presidencial, pelo que mostram as sondagens, não são más. Segundo o estudo da Marianne, oscilam entre 18 por cento (se o candidato socialista for Dominique Strauss-Kahn) e 17 por cento (se o socialista a ir às urnas for Martine Aubry), com um potencial de crescimento até 20 por cento. São previsões mais elevadas do que os valores obtidos pelo seu pai a 21 de Abril de 2002 (16, 86 por cento), quando conseguiu passar à segunda volta das eleições presidenciais, juntamente com Jacques Chirac, e eliminado o candidato socialista, Lionel Jospin.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos guerra lei imigração estudo espécie mulheres
Nascidos no pós-25 de Abril juntam-se contra risco de "retrocesso civilizacional"
Indignados com o Portugal de hoje, nascidos no pós-25 de Abril de 1974 juntaram-se num manifesto contra o risco de "retrocesso civilizacional" no País, perante a "precariedade no trabalho" e o "desinvestimento" em direitos adquiridos com a Revolução. (...)

Nascidos no pós-25 de Abril juntam-se contra risco de "retrocesso civilizacional"
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-04-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Indignados com o Portugal de hoje, nascidos no pós-25 de Abril de 1974 juntaram-se num manifesto contra o risco de "retrocesso civilizacional" no País, perante a "precariedade no trabalho" e o "desinvestimento" em direitos adquiridos com a Revolução.
TEXTO: A poucos dias das comemorações dos 37 anos da Revolução dos Cravos, mais de 60 subscritores do documento consideram que muitas das conquistas, com as quais se identificam enquanto "filhos de Abril", estão a diluir-se. "O Inevitável é Inviável", assim se designa o manifesto, é assinado, nomeadamente, por artistas, estudantes, desempregados, activistas de direitos das mulheres e dos imigrantes e organizadores do protesto "Geração à Rasca". O escritor José Luís Peixoto, a compositora Celina Piedade, a jurista Marta Rebelo ou o humorista Jel, dos Homens da Luta, e Tiago Gillot, do movimento Precários Inflexíveis, são alguns dos nomes que dão voz ao manifesto. Um "grito de alerta" contra a ideia de que "só há uma saída" possível, a das políticas de austeridade, para os problemas que Portugal enfrenta, assinala à agência Lusa Lídia Fernandes, desempregada, uma das subscritoras do documento. E que problemas Portugal enfrenta? "Tendência para 'precarizar' as relações de trabalho, diminuir o investimento no emprego, enfraquecer e desmantelar o Estado social, com cortes na saúde, educação e protecção social", enumera. Os subscritores do manifesto reclamam alternativas, que, para a activista dos direitos das mulheres e dos imigrantes, "não podem ser no sentido de um retrocesso civilizacional e democrático" em que o País está "em risco". É que, segundo Lídia Fernandes, existe em Portugal o perigo, "dificilmente reversível", de "um recuo grande" em termos de direitos económicos, cívicos e sociais. Uma opinião partilhada por Miguel Cardina, outro dos subscritores do "grito de revolta" contra a situação actual do País, onde "as pessoas vivem mal". O historiador, que integra o movimento anti-austeridade Portugal Uncut, fala num "ataque constante, muitas vezes subliminar", a "conquistas de Abril" como o emprego, a escola pública e o Serviço Nacional de Saúde e teme o "agravamento das desigualdades sociais", o "perigo de alterações constitucionais", o "desmantelamento" da saúde gratuita para todos. Por isso, defende uma "mudança política e social", que envolva toda a sociedade, porque "a democracia não é compatível com a inevitabilidade" da crise e da intervenção externa do Fundo Monetário Internacional. João Labrincha, um dos organizadores da manifestação "Geração à Rasca", que juntou em Março milhares de portugueses nas ruas, advoga "uma renovação do espírito do 25 de Abril", até porque "muitas das coisas pelas quais as pessoas lutavam na altura continuam a ter muita actualidade" e, nalguns casos, ressalva, "tem havido alguns retrocessos", dando como exemplo a "precariedade laboral". Licenciado em Relações Internacionais mas desempregado, Labrincha sustenta que a democracia alcançada em 1974 só ficará "completa" com "uma participação cívica mais activa". E isso, critica, tem faltado ao longo de 37 anos.
REFERÊNCIAS:
Palavras-chave direitos homens escola educação ataque social mulheres
Marinho Pinto critica aplicação da prisão preventiva a jovens envolvidos em caso de agressão
O bastonário da Ordem dos Advogados criticou este sábado a aplicação da prisão preventiva aos dois jovens envolvidos no caso de agressão de uma menor, considerando tratar-se de uma medida de um sistema judicial "da Idade Média”. (...)

Marinho Pinto critica aplicação da prisão preventiva a jovens envolvidos em caso de agressão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.1
DATA: 2011-05-29 | Jornal Público
SUMÁRIO: O bastonário da Ordem dos Advogados criticou este sábado a aplicação da prisão preventiva aos dois jovens envolvidos no caso de agressão de uma menor, considerando tratar-se de uma medida de um sistema judicial "da Idade Média”.
TEXTO: “Estou estupefacto. É terrível. Isto é um sistema judicial da Idade Média”, disse Marinho Pinto, durante uma conferência em Sintra, organizada pelo grupo 19 da Amnistia Internacional. O bastonário da Ordem dos Advogados discursava para duas dezenas pessoas sobre a evolução dos direitos humanos em Portugal após a revolução de 1974 e na actualidade. Marinho Pinto criticou o sistema judicial português, adiantando que é um sistema “medieval, de poder ilimitado, de poder pelo poder” que não respeita as pessoas. “O sistema judicial não evoluiu. As vestes são as mesmas, os discursos são os mesmos e o imobilismo é característico”, disse o bastonário. Uma das agressoras da adolescente vítima de violência e o alegado autor de um vídeo que mostra as agressões na Internet ficaram em prisão preventiva, informou hoje Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa. O Ministério Público (MP) fez hoje a apresentação dos arguidos ao juiz de instrução criminal para determinação das medidas de coação a uma das agressoras da adolescente e ao alegado autor do vídeo colocado na Internet. O vídeo, que já foi retirado da página do Facebook, mostra duas jovens a agredirem uma terceira, de 13 anos, à chapada e ao pontapé perante a passividade de outros adolescentes. A vítima chega mesmo a ser deitada ao chão e aí são-lhe dados pontapés em várias partes do corpo, incluindo na cabeça. A agressora detida tem 16 anos, enquanto a outra tem 15, pelo que foi extraída certidão para ser enviada ao Tribunal de Família e Menores de Lisboa, para instauração de inquérito tutelar educativo. A PSP efectuou na sexta-feira a detenção dos alegados autores do crime. Marinho Pinto traçou um balanço negativo da evolução dos direitos humanos em Portugal com maior incidência na última década. “Temos violações de direitos humanos com particular incidência nas prisões, nos imigrantes e na violência doméstica, mas também nos postos de polícia”, afirmou. O bastonário adiantou que as violações de direitos humanos nas esquadras se devem “ao frenesim da investigação criminal com a necessidade de apresentar culpados para os crimes que são anunciados pela comunicação social”. No final da conferência, o responsável disse à agência Lusa que os tribunais são também um local onde se viola diariamente os direitos humanos. “Veja-se o que ocorreu hoje ao decretarem a prisão preventiva a uma jovem de 16 anos por causa de uma situação daquelas. É terrível quando temos aí crimes, assassinatos, assaltos a ourivesaria, a caixas multibanco permanentemente. Podemos ter uma ideia dos nossos tribunais e da nossa justiça”, reiterou.
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Entidades PSP
Programa de Potencial Humano já aprovou projectos no valor de 5,8 mil milhões de euros
O Programa Operacional de Potencial Humano (POPH) já aprovou 17.500 projectos, que abrangem mais de dois milhões de pessoas, em diversas áreas, para um investimento de 5,8 mil milhões de euros, afirmou hoje o seu gestor. (...)

Programa de Potencial Humano já aprovou projectos no valor de 5,8 mil milhões de euros
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 6 | Sentimento 0.099
DATA: 2010-06-28 | Jornal Público
SUMÁRIO: O Programa Operacional de Potencial Humano (POPH) já aprovou 17.500 projectos, que abrangem mais de dois milhões de pessoas, em diversas áreas, para um investimento de 5,8 mil milhões de euros, afirmou hoje o seu gestor.
TEXTO: Em declarações à agência Lusa, Rui Fiolhais avançou que o programa, para vigorar entre 2007 e 2013, já tem mais de 2, 1 mil milhões de euros de despesa executada, ou seja, uma taxa de 23, 6 por cento. As aprovações “ultrapassam a casa dos 5800 milhões de euros, o que significa 64 por cento da dotação global do programa, que tem um volume de 8800 milhões de euros”, especificou. “O balanço é bastante positivo. O POPH tem por missão qualificar Portugal e está a cumprir plenamente” o objectivo, considerou. Os indicadores acerca do desenvolvimento do programa, apoiado pelo Fundo Social Europeu (FSE), são apresentados hoje em Lisboa a responsáveis europeus e nacionais. Aprovação de candidaturas nos 49 por centoO POPH recebeu até agora cerca de 35. 600 candidaturas e aprovou aproximadamente 17. 500, “o que significa que temos uma taxa de aprovação de 49 por cento, um bom sintoma relativamente àquela que é uma das prioridades do programa e do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional], que é a selectividade”, apontou Rui Fiolhais. Aliás, o gestor faz questão de frisar que também a taxa de execução “está em linha com as expectativas, e coloca Portugal, em termos de FSE, na primeira linha do pelotão”, revelando uma capacidade de execução que se distingue “em circunstâncias difíceis”. O POPH integra 40 tipologias de intervenção distribuídas por dez eixos temáticos, que cobrem áreas tão diversas como qualificação inicial dos jovens, recuperação da qualificação dos activos e dos empregados, melhoria das qualificações das empresas e integração de jovens na vida activa, mas também intervenção na área da inclusão social, formação para pessoas com deficiência, integração social de imigrantes ou iniciativas numa perspectiva de igualdade de género. O programa socorre-se de 23 organismos intermédios, públicos e privados, como as escolas ou o Instituto do Emprego e Formação Profissional, através dos quais chega aos destinatários finais. Metade na região NorteAs candidaturas vieram de “todos os quadrantes da vida social, das empresas, das entidades de formação, das universidades e das organizações não governamentais” e “quase diria que não há qualquer sector da vida social que não conheça directa ou indirectamente os efeitos do POPH”, salientou Rui Fiolhais. Assim, entre as pessoas que beneficiaram do POPH estão 1, 7 milhões de adultos e 357 mil jovens, em acções de dupla certificação, 729 mil trabalhadores em formação para inovação e gestão e 181 mil estudantes do ensino superior, com bolsas, ou 53 mil formandos na área da inclusão social. Em termos de investimento, o POPH está concentrado em 50 por cento na região Norte, enquanto o Centro tem 25 por cento e o Alentejo dez por cento, o que “está em linha com o programado”, garantiu Rui Fiolhais. O POPH tem uma dotação global de 8, 8 mil milhões de euros, dos quais 6, 1 mil milhões de comparticipação de FSE, e representa 37 por cento dos apoios estruturais do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).
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Palavras-chave social igualdade género
A matéria-prima que pode fazer um país
Escreveu sobre a fronteira americana nos anos de expansão como nunca antes se havia escrito. Quis afirmar-se longe do imaginário feminino da época em que viveu, mas as mulheres foram as suas heroínas. Caso de Ántonia, a protagonista Minha Ántonia, livro que marca a edição — espera-se agora com regularidade — da sua obra em Portugal. (...)

A matéria-prima que pode fazer um país
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 5 Homossexuais Pontuação: 6 | Sentimento -0.23
DATA: 2018-08-03 | Jornal Público
SUMÁRIO: Escreveu sobre a fronteira americana nos anos de expansão como nunca antes se havia escrito. Quis afirmar-se longe do imaginário feminino da época em que viveu, mas as mulheres foram as suas heroínas. Caso de Ántonia, a protagonista Minha Ántonia, livro que marca a edição — espera-se agora com regularidade — da sua obra em Portugal.
TEXTO: O nome Ántonia evoca um país, ou melhor, a matéria-prima que pode fazer um país. E isso, por sua vez, é também a matéria de que é feita a obra de Willa Cather (1873-1947), escritora que explorou a fronteira de um país ainda em construção. Ántonia (assim mesmo, grafado na primeira sílaba) é uma “rapariga boémia” [da Boémia] que, como Willa, cresceu na pequena cidade de Red Cloud, Nebraska, e é a protagonista de um dos seus mais celebrados romances, Minha Ántonia, original de 1918 só agora publicado em Portugal, cem anos depois, quando a sua criadora continua a ser por cá pouco mais do que uma desconhecida. Cather deu a Ántonia a bravura e a nostalgia, a perseverança e o sentido de sobrevivência, bem como a coragem para o desafio de costumes que a transforma numa metáfora. Não estamos em território autobiográfico, mas a autobiografia está presente. Crescer nas vastas planícies, ou pradarias, da América do Norte moldou o carácter e a literatura de Cather. Na introdução a Minha Ántonia há uma conversa sobre isso: o que é estar, por exemplo, sujeito “a estimulantes extremos climatéricos”, “verões abrasadores em que o mundo fica verde e encapelado debaixo de um Sol brilhante, em que ficamos praticamente soterrados sob vegetação, com uma cor e odor a ervas daninhas pungentes e a colheitas fartas; invernos ventosos com pouca neve, em que toda a região fica despida e cinzenta como o ferro laminado”. Neste mundo, povoado por índios e imigrantes europeus que chegavam para trabalhar a terra e conquistar território a Oeste, Willa Cather encontrou a matéria-prima para a sua literatura. Autoria: Willa Cather (Trad. Marta Mendonça) Relógio d’Água Ler excertoNesse mundo, a que se chegava de uma longa viagem de comboio, vindo de Leste, no final de mil e oitocentos, início de novecentos, o Nebraska continuava a ser “o dia inteiro” o Nebraska, lê-se em Minha Ántonia sobre o dia em que Jim Burden chega a Red Croud vindo da Virginia onde vai viver com os avós numa quinta no sopé das montanhas Blue Ridge. É então que depois do comboio muda para uma carroça e os 30 quilómetros seguintes lhe mostram a evidência onde se sustenta todo o livro, que é também sobre a construção de um país: “Não havia nada excepto terra: não era uma região, mas o material a partir do qual se formam regiões. ” Ali, pensa o pequeno Jim, não havia nem lei nem Deus e “o que tivesse de ser, seria”. Eis o universo literário desta mulher que escreveu o que nenhuma outra escrevera: sobre os desperados, os agricultores que chegavam da Europa pobres e dispostos a tudo em troca de um pedaço daquela muita terra; os pioneiros de um novo país, os lugares de fronteira com tudo o que isso representa ainda na mitologia americana. Como Jim, também Willa um dia chegara da Virgínia, onde nasceu em 1873, a filha mais velha de uma família de oito irmãos descendentes de imigrantes galeses, e foi viver com os pais para uma quinta junto às montanhas Blue Ridge. “Ao olhar em redor, tive a sensação de que a erva era a região, da mesma maneira que a água é o mar”, sentiu Jim, certamente como terá pensado Willa, a rapariga que seria professora e depois colunista de uma revista e mais tarde editora de outra, em Nova Iorque, até se despedir para escrever um romance como Henry James, o seu herói literário. O livro chamava-se Alexander’s Bridgetown e foi um falhanço. Ela tinha 39 anos e decidiu seguir o conselho que lhe deram: que não escrevesse sobre a alta sociedade e os seus casos de paixão e traição, mas sobre o que conhecia. E ela sabia melhor do que qualquer escritor o que era a vida na pradaria americana. Viveu em Blue Ridge só o tempo de o pai se cansar de cultivar terra. Um ano e meio. A família mudou-se então para a cidade mais próxima, Red Cloud, junto à fronteira que agora separa os estados do Nebraska e do Kansas. É uma cidade de menos de mil habitantes onde mais nada de importante parece ter acontecido desde que lá viveu — e aprendeu a ler já adolescente — Willa Cather antes de se mudar, primeiro para Pittsburgh, Pensilvânia, e depois para Nova Iorque. Era uma mulher independente, formada em inglês pela universidade do Nebraska, capaz de se sustentar, um feito, tendo em conta a ruralidade de onde era originária o que complicava qualquer tipo de ambição feminina que não fosse ser mãe de família, religiosa, professora de colégio interno ou tia. Era uma pioneira nas letras como muitas das mulheres que criou foram na vida dos lugares onde viveram. Fosse Alexandra Bergson, a dona da quinta em O Pioneers! (1913) — livro que, a seguir ao fracasso da estreia, lhe mostrou o seu caminho; Thea Kronborg, a soprano de The Song of Lark (1915) ou esta Ántonia Shimerda, de Minha Ántonia, livro que completa a trilogia de fronteira de Cartier e com o qual a Relógio D’Água dá sequência a um projecto iniciado em 2007, mas que esperou mais de dez anos para ter continuidade: a publicação em Portugal da obra de uma escritora admirada por William Faulkner, por exemplo. Minha Ántonia é o terceiro livro de Cather por cá, depois de Uma Mulher Perdida (2007) e de O Meu Inimigo Mortal, pequena novela já publicada este ano onde a escritora fala mais uma vez do contraste desses dois universos que aprendeu a conhecer muito bem: a ruralidade do interior Oeste e a ostentação da grande cidade que era Nova Iorque. Neles está a diversidade social, geográfica, religiosa, de mentalidade que faz parte do que se pode chamar a identidade americana. “Havia então, nos Estados das pradarias, dois estratos sociais bem distintos: por um lado, os colonos, operários e artesãos que estavam ali para ganhar a vida e, por outro, os banqueiros e rancheiros abastados que vinham da costa atlântica para investir dinheiro e ‘desenvolver o nosso magnífico Oeste’, como então se dizia”, escreve em Uma Mulher Perdida. Percebe-se que a família de Willa está mais perto desta segunda classe, enquanto a de Ántonia se encaixa na dos servos. Percebe-se também a ironia e a crítica social na prosa de Cather, que ao longo da sua obra iria reflectir também a babel linguística de uma América interior povoada de colonos de toda a Europa, o convívio com os índios. E, a esse momento, num crescendo de criatividade literária da escritora. Uma Mulher Perdida seria descrito como uma Madame Bovary americana, tendo como centro uma mulher num duelo com as convenções em que vive. Foi o romance que se seguiu ao sucesso de One of Ours, de 1922, com o qual Willa ganharia o Pulitzer e se afirmava com um dos grandes nomes da literatura americana. Era uma mulher que trazia para os livros outras mulheres e apresentava-as como personagens principais de um país que vivia fixado no conquistador masculino do Oeste. Elas são personagens inquietas, inteligentes, que, quando silenciosas, encerram uma bravura que encontra paralelo na paisagem. Era gente que “vinha de um país velho para um país novo”, seres quase sempre estranhos a esse ambiente que foram domando, domando-se a si mesmas ou aculturando-se. São mulheres como as via Willa, seres pouco cor-de-rosa, com traços de personalidade que à época eram vistos como masculinos num escrita também mais próxima dos padrões masculinos. Ela admirava sobretudo os homens escritores. Além de James, Charles Dickens, Flaubert, correspondia-se com Scott Fitzgerald e desdenhava de autoras como Jane Austen, por exemplo. Bastante reservada quanto à sua vida pessoal, especula-se que tenha sido homossexual. O mistério manteve-se mesmo após a publicação da sua correspondência, facto que só aconteceu em 2013. Antes de morrer, destruiu muitas cartas, apontamentos, livros completos e deu instruções para que nunca se publicasse a correspondência. Mortos todos os seus herdeiros, a correspondência saiu e, pessoalmente, revelou apenas que os seus primeiros interesses afectivos foram mulheres. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Conhecendo o seu perfil não se estranha que tenha escolhido escrever muitas vezes a partir de uma perspectiva masculina para quebrar com o que então se entendia como livros escritos por mulheres. Em Minha Ántonia, para sublinhar o statement político que o livro contém, o narrador também é um homem. É através dele que sabemos de Ántonia mesmo antes de o livro propriamente começar. Admirava-a, conhecedor do contexto social em que viveriam. Ela era uma rapariga do campo e ele sabia que “as raparigas do campo eram consideradas uma ameaça para a ordem social”; como também conhecia a fama das três Marias, “heroínas de um ciclo de histórias escandalosas que os homens mais velhos gostavam de relatar, sentados ao balcão dos charutos, na drogaria”, também elas raparigas do campo; e desprezava os “empregados de escritório e contabilistas de mãos brancas e colarinhos altos” incapazes de assumir a paixão por uma dessas mulheres, preferindo fugir para o abrigo de um casamento amorfo e bem visto. Neste olhar Willa está mais próxima do narrador do que de Ántonia. Esse narrador é Jim Burden, o tal que chegou ao Nebraska no mesmo comboio em que chegaram Ántonia e a família. Ele encaminhado para o interior da casa da quinta, eles para servir essa casa e depois daí todos para a cidade, mas ocupando a mesma hierarquia social. E o leitor conhece Jim na introdução, quando ele, num comboio a fazer o percurso entre Nova Iorque e aquele estado, confessa a admiração pela rapariga e diz que que escreve os os seus pensamentos acerca dela. Assim nasce o livro que põe fim à trilogia da planície, conjunto de romances que funcionam isoladamente mas traçam um panorama do que foi a colonização e revelam a escrita depurada de Cather que ainda escreveria livros de nota nessa década de vinte, entre eles Death Comes From the Arcebishop (1927). A década seguinte seria de declínio junto da critica que a considerava conservadora. Pelos temas, politicamente, literariamente longe do experimentalismo de Gertrude Stein ou James Joyce, por exemplo, com uma escrita contaminada, diziam muitos, pelo jornalismo que exerceu durante anos. Recolheu-se desse mundo até à morte, em 1947, aos 73 anos.
REFERÊNCIAS:
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Os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem
Os direitos humanos tal como estão plasmados na Declaração são uma aspiração longínqua para centenas e centenas de milhões de homens e mulheres. (...)

Os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2018-12-11 | Jornal Público
SUMÁRIO: Os direitos humanos tal como estão plasmados na Declaração são uma aspiração longínqua para centenas e centenas de milhões de homens e mulheres.
TEXTO: A Declaração Universal dos Direitos do Homem é um marco na longa marcha da Humanidade em direção a um mundo melhor. Consagra direitos como tendo caráter universal, o que equivale a dizer que os direitos que constam na Declaração aplicam-se em todo o lado, não são para serem exercidos em função de fronteiras. É, pois, uma nova Magna Carta que abraça a Humanidade. A Declaração resulta, por um lado, dos ensinamentos retirados da barbaridade da guerra mundial levada a cabo pelo nazi-fascismo e, por outro lado, constitui uma aspiração de toda a Humanidade, que vem do fundo dos tempos, à liberdade, à democracia, ao progresso social, à paz e à segurança. Emanando da Assembleia-Geral da ONU, a sua aplicação/cumprimento depende sempre da boa vontade dos Estados e da capacidade de os cidadãos se mobilizarem para defender os direitos aí consagrados. Hoje, nenhum Estado às claras coloca em causa a Declaração, o que mostra o seu impacto dentro da comunidade internacional. O que não significa que não haja Estados que violem grosseiramente algumas normas, impedindo o exercício do direito de criar associações ou partidos políticos, o livre exercício da religião ou a liberdade de não praticar qualquer religião, o direito de sair ou regressar ao país de origem; não impedindo situações de verdadeira servidão, de discriminações religiosas, chegando mesmo a incentivá-las, de prisões arbitrárias, antes praticando-as, o livre exercício do direito de expressão e reunião livre sem quaisquer constrangimentos. As forças mundiais hoje dominantes têm como objetivo desmantelar direitos, enquanto há 70 anos o mundo movimentava-se para afirmar o primado de um conjunto de direitos que fazem parte da Declaração. Nos nossos dias proclama-se urbi et orbi a existência de direitos a mais, sendo necessário restringi-los. Vale a pena recuar no tempo até à revolução francesa de 1789 de onde surgiu pela primeira vez a ideia. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão adotada pela Assembleia Constituinte em 20, 21, 23, 24 e 26 de agosto de 1789 é constituída por 17 artigos que incidem sobretudo sobre o conjunto dos direitos e liberdades individuais e não contém praticamente direitos de caráter social. Essa Declaração teve como principal objetivo dar corpo às aspirações da burguesia triunfante, enterrando o ancien régime monarca/feudal em que a nobreza detinha um conjunto de privilégios que já não faziam sentido face à evolução do processo produtivo e das relações sociais, de onde emergia o peso da burguesia. Esta nova classe necessitava da liberdade de se poder consolidar e aprofundar no domínio das relações da produção; não aceitava as prerrogativas atribuídas à nobreza e daí a aprovação da Declaração. Os 149 anos que medeiam entre a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na revolução francesa e a Declaração Universal dos Direitos Humanos na Assembleia-Geral da ONU dão conta dos avanços de um texto para o outro. Enquanto no primeiro a ênfase era colocada nos direitos individuais, no segundo mantêm-se esses direitos, mas aparecem já todo um conjunto de direitos novos que se pretendem universalizar. Estão neste caso os direitos ao ensino e à educação, ao emprego, à saúde, à habitação. Entretanto, à medida que a globalização se tornou dominante e o sistema financeiro cercou o mundo, as questões em torno dos direitos humanos assumiram crescente relevo na cena internacional. Foram explorados até à náusea na questão do direito de ingerência que permitiria a um conjunto de países agrupados na NATO intervir em certas situações e segundo determinadas conveniências. Como se sabe, esteve muitas vezes em cima da mesa a opção de intervenção militar para impedir a violação de direitos humanos, sobretudo durante o consulado de George W. Bush (filho) que ameaçou os países do chamado “eixo do mal” ou países párias. Todos recordarão a vergonhosa intervenção militar capitaneada pelos EUA no Iraque que levou à destruição do país, sendo que assentou numa cruel mentira e, quando desmascarada, Bush e Condoleezza Rice logo agulharam alegando que estavam a defender os direitos humanos naquele país. Com o novo ciclo politico aberto com Donald Trump na presidência dos EUA, este enfoque parece ter mudado radicalmente. Trump diz colocar a América “first”. Como todos os líderes das potências em declínio, faz da reafirmação da grandeza da América um objetivo capaz de dar resposta à crise que o país vive, sobretudo em setores profundamente afetados pela crise industrial e agrícola. O retorno ao grande país dos sonhos é contraditoriamente martelado por Trump pela demagógica campanha em defesa dos americanos e em detrimento e até da repressão aos emigrantes, como se não fosse, ele mesmo, filho de emigrante. É como se a América não fosse um país de emigrantes que arrasaram praticamente os nativos. Com Trump, os EUA fecham-se ao mundo numa visão nacionalista fundamentalista em que o que conta é a América; tudo o resto são ameaças a essa grandeza. Para tanto, Trump escolheu parceiros como Netanyahu de Israel, deslocando a embaixada para Jerusalém, e o príncipe Mohammed Bin Salman, o carniceiro de Khashoggi, declarando um relacionamento com a Arábia Saudita à prova daquele monstruoso crime. O confronto do nacionalismo exacerbado com o multilateralismo, ou seja, o confronto entre os interesses egoístas de um Estado com os interesses multilaterais e globais de todos os Estados que constituem a comunidade internacional, está hoje em pleno na atualidade internacional. Mesmo quando alguns, no plano interno, se servem do nacionalismo e, no plano externo, defendem o multilateralismo, talvez quiçá por tática. Concomitantemente, a nível global prossegue a política de austeridade impondo sacrifícios aos de baixo e grandes benefícios a uma minoria. É contra este estado de coisas que a revolta tomou conta das ruas de França. É este o mundo que vivemos. Um mundo em que as 225 maiores fortunas somam um total de mais de um bilião de dólares, o que equivale aproximadamente aos rendimentos anuais de dois mil e quinhentos milhões de pessoas mais pobres do mundo e que representam cerca de 42% da população mundial. A seca deste ano no Afeganistão é tão dura que as famílias vendem os filhos para minguar a fome. Os direitos humanos tal como estão plasmados na Declaração são uma aspiração longínqua para centenas e centenas de milhões de homens e mulheres. Estes 70 anos corresponderam a grandes avanços, mas à nossa frente perfilam-se desafios gigantescos. O primeiro é impedir que as forças retrógradas destruam estes direitos conquistados. O segundo é impedir que os fanáticos do império da força conduzam o mundo para uma terceira guerra mundial. A paz é o direito dos direitos, o supremo direito a viver. O terceiro é erradicar a pobreza extrema que impede que mais de metade da Humanidade possa ter uma vida com o mínimo de dignidade. A quarta é diminuir as desigualdades que levam a que uma ínfima minoria de pessoas tenha mais rendimentos que 50% da Humanidade. Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. O quinto é dar força ao direito internacional e às Nações Unidas, impedindo que os conflitos saiam desse quadro como pretendem as potências mais fortes. Muitos outros desafios haverá. A conciliação entre os direitos e as liberdades individuais e os direitos sociais, económicos, culturais e ambientais é o caminho para um mundo melhor e mais humano. O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
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Partidos LIVRE
Possível retirada das acusações contra Strauss-Kahn geram tensão
Letitia James, vereadora democrata de Brooklyn e afro-americana, é uma das várias pessoas que já confirmaram a sua presença, esta tarde, num protesto que vai decorrer diante do tribunal que vai decidir sobre a ilibação ou não de Dominique Strauss-Kahn da acusação de abuso sexual de uma funcionária de hotel. (...)

Possível retirada das acusações contra Strauss-Kahn geram tensão
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento 0.0
DATA: 2011-08-22 | Jornal Público
SUMÁRIO: Letitia James, vereadora democrata de Brooklyn e afro-americana, é uma das várias pessoas que já confirmaram a sua presença, esta tarde, num protesto que vai decorrer diante do tribunal que vai decidir sobre a ilibação ou não de Dominique Strauss-Kahn da acusação de abuso sexual de uma funcionária de hotel.
TEXTO: O advogado de Nafissatou Diallo, a empregada do Hotel Sofitel de Manhattan que afirma ter sido vítima de violação por Strauss-Kahn, acredita que a Procuradoria vai comunicar hoje o desfecho do processo penal. Várias organizações feministas e de defesa das minorias criticam o que consideram ser um final abrupto do caso sem oportunidade de julgamento. Já no fim de Junho, um mês e meio depois de ter apresentado queixa contra Strauss-Kahn, a Procuradoria de Manhattan assegurou que a acusação não tinha sustentabilidade devido à incoerência das declarações da vítima. A imigrante guineense mentiu na sua petição de asilo nos Estados Unidos e falou com um amigo que se encontra detido sobre o dinheiro de Strauss-Kahn. A Procuradoria adiantou à imprensa que Diallo disse ter avisado de imediato o hotel sobre o que tinha sucedido, mas que depois mudou a versão dos factos e assegurou que, na realidade, tinha continuado a fazer limpezas antes de dar o alerta. “Existem contradições de ambas as partes e também por parte da Procuradoria, a qual tem um problema de credibilidade”, disse Letitia James numa entrevista ao jornal El Mundo. James afirmou que, assim como outras colegas democratas, não queria “entrar em política” neste caso porque a prioridade deve ser a vítima, convertida em “objecto de debates tertulianos”, sem oportunidade de apresentar as provas médicas de agressão perante um juiz ou um júri. “A vítima está a ser submetida a um escrutínio nunca visto. Não existe uma vítima de violação perfeita”, explica James. “Tem direito a um julgamento. Não deve ser julgada pelo público, mas sim por um júri, que analise as evidências”, acrescentou. A principal preocupação da vereadora é a mensagem que a decisão judicial de retirar as acusações a Strauss-Kahn enviará às vítimas de violação que tenham dúvidas em denunciar este tipo de agressão. O exame médico feito a Diallo confirmou a existência de lesões que indiciam a ocorrência de uma violação, cinco horas depois do encontro que o ex-director do FMI descreve como “consentido”, enquanto a vítima diz ter sido “violento e brutal”. Nafissatou Diallo vai de seguida tentar a via cível e o seu advogado já afirmou que vai chamar a testemunhar outras mulheres que tenham sofrido agressões pelo político. Notícia corrigida às 13h40
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Entidades FMI
Portuguesa condenada a dois anos de prisão por envolvimento em casamentos falsos
Uma portuguesa foi hoje condenada por um tribunal em Londres a dois anos de prisão por ter participado num casamento falso e colaborado na organização de outros quatro entre mulheres portuguesas e homens do Bangladesh. (...)

Portuguesa condenada a dois anos de prisão por envolvimento em casamentos falsos
MINORIA(S): Migrantes Pontuação: 6 Mulheres Pontuação: 5 | Sentimento -0.40
DATA: 2012-01-09 | Jornal Público
SUMÁRIO: Uma portuguesa foi hoje condenada por um tribunal em Londres a dois anos de prisão por ter participado num casamento falso e colaborado na organização de outros quatro entre mulheres portuguesas e homens do Bangladesh.
TEXTO: Ao declarar a sentença hoje no tribunal criminal de Snaresbrook, no norte da capital britânica, o juiz Inigo Bing considerou, todavia, que Maria Marques, de 47 anos, teve um "papel secundário por não falar inglês". Ainda assim, considerou-a cúmplice de "exploração fraudulenta da lei de imigração [britânica] que permite aos homens do Bangladesh adquirir um visto de residência se casarem com cidadãos de países da União Europeia". O "papel principal" na organização dos casamentos pertenceu ao marido, de 22 anos, também ele do Bangladesh, um "homem de negócios, experiente, bem-educado e persuasivo", descreveu o juiz. Mohamed Tanin foi assim condenado a quatro anos de prisão, após os quais arrisca, segundo a legislação britânica, a ser deportado. Ambos já cumpriram cerca de quatro meses de prisão preventiva, que irá contar para o tempo que irão passar na prisão, e podem pedir a liberdade condicional após concluída metade da sentença. O caso remonta a Julho de 2010, quando Marques e Tanin trouxeram para Londres quatro mulheres portuguesas para o Reino Unido de propósito para casarem com quatro jovens do Bangladesh. As autoridades britânicas desconfiaram das declarações para realizar o matrimónio porque tinham a mesma data, poucos dias antes de as portuguesas chegarem ao Reino Unido. Os alegados noivos eram quatro jovens do Bangladesh com vistos de estudante prestes a expirar enquanto das quatro mulheres, uma estava já numa gravidez avançada e outras duas eram "muito mais velhas". A inabilidade na preparação dos documentos levou o juiz a classificar tudo como um "esquema ridículo" e mesmo os advogados de defesa admitiram que o processo estava destinado a fracassar. Hoje soube-se no tribunal que o par, que está casado desde Novembro de 2009, chamou a atenção das autoridades depois de os nomes terem aparecido nos documentos de um facilitador de casamentos por conveniência entretanto detido. São considerados casamentos falsos quando um imigrante não europeu casa com um nacional da União Europeia para tentar obter o direito de residência e trabalho no país europeu em causa, neste caso o Reino Unido. As autoridades consulares portuguesas em Londres dizem ter registado um aumento crescente de portugueses envolvidos neste tipo de esquemas ilegais. No ano passado, o número de casos em Inglaterra e no País de Gales (934) aumentou, segundo o serviço de fronteiras britânico, 66 por cento em relação aos 561 de 2009.
REFERÊNCIAS:
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